FFOBS - 06. Competition, por M-Hobi

Finalizada em: 22/04/2021

Prólogo

Rússia, São Petersburgo; The SA Circle, 2:33am.
O capuz não a deixava ver para onde era levada, sendo arrastada por um chão que podia sentir ser de concreto, e pela primeira vez temeu o que aqueles, que um dia foram seus colegas de trabalho, poderiam fazer.
O poder que eles tinham e que um dia usaram em outras pessoas foi voltado contra ela mesma. Não queria admitir nem para si que estava com medo de morrer, o que era engraçado para ela, uma pessoa que encarou e riu da morte diversas vezes.
Karlova era a melhor agente que a SA Circle tivera em todos os seus anos de criação e para ela ter caído na masmorra daquele império de assassinos, só podia ter sido muito burra ou superestimada demais – pelo ponto de vista externo. Mas ninguém queria acreditar naquilo, para todos os outros, ela se meteu em uma roubada ou fora desde o início uma espiã da base inimiga infiltrada. A The SA Circle era a maior instituição de poder da Rússia, até mesmo maior que o governo do país, e estava acima de qualquer lei. Eles eram a lei e, obviamente por ser uma instituição de agentes secretos, a população russa não sabia de sua existência; para tal situação, só se nascesse no ramo ou fosse, de alguma maneira inexplicável, convocado para fazer parte dela.
“SA” é a sigla para “Secret Agents”, logo era The Secret Agents Circle*. Foi fundada por Bóris Yeltsin em 1987, três anos antes de se tornar presidente do país; entrou no comando da Rússia com seu primeiro mandato em 1991 e ficou até 1999, tendo sido duas vezes presidente. A sua ideia inicial era juntar os melhores agentes do mundo e torná-los secretos; forjou a morte de alguns e mudou suas identidades para que pudessem prosperar em seu projeto, e foi o que aconteceu. Durante seu mandato como presidente, não teve problema quanto à proteção de seu segredo.
Com a chegada dos anos 2000 e muitas mortes de agentes depois, ele teve que começar um programa de treinamento, o que trouxe muitas pessoas para suas mãos. O anúncio foi feito dizendo que era um concurso para participar de uma propaganda. Criou-se uma marca, coisas fictícias para parecer real e muitas das pessoas que negaram entrar sofreram algum tipo de ataque tempos mais tarde. Em 2007 Yeltsin morreu e deixou a presidência da SA Circle para Gonzalo García, um espanhol, e isso deixou muitos agentes e membros da liderança chocados.
Mitchells Karlova faz parte da equipe especial e foi escolhida a dedo pelo fundador, antes mesmo de sua morte, quando ela tinha 23 anos em 2007 e era uma policial de muito destaque em Kazan. Estava de férias na Jordânia com seu então noivo e ambas as famílias, quando fora brevemente sequestrada pelos homens de Yeltsin para um bom papo, no qual ele iria lhe apresentar a SA Circle e tentaria a convencer de que era o melhor lugar para que ela crescesse. É claro que ele sabia pelo o que ela estava passando para ter certeza de que somente um pedido a faria aceitar; seu noivado estava indo de mal a pior, sua dificuldade financeira estava na mesma merda e seus pais não eram dos melhores do mundo, só sabiam sugar as coisas boas que ela conseguia para si.
Então, seu sim foi fácil.
Mas Bóris morreu por um ataque cardíaco quando estava voltando da Jordânia para a Rússia e não teve tempo de ver sua escolhida brilhar. Talvez, se estivesse vivo, ele pudesse tirar da enrascada em que estava e ela não precisaria ser arrastada daquela maneira bruta, provando de seu próprio veneno, ou talvez ela não estivesse naquela posição sendo jogada no chão e tendo seus braços soltos para poder tirar por conta própria o capuz preto.
Ela estava um pouco fraca, não podia fazer nada. Por mais forte e estratégica que fosse – e fora treinada para –, ela estava debilitada demais para se proteger. Olhou bem para os quatro homens com os rostos cobertos por toucas no estilo espião, vestindo seus impecáveis ternos Armani e com os braços cruzados.
Se queriam colocar medo nela, eles estavam fazendo aquilo de uma forma patética.
Ela riu mostrando os dentes com sangue devido aos vários socos que havia levado, seu rosto estava com várias escoriações e sujo da poeira preta que tinha no porta mala do carro a qual fora levada, o cabelo todo desgrenhado completava a aparência de louca. Quando tentou ficar em pé se apoiando na parede, levou um chute na barriga, na região de seu estômago, o que a fez cair no chão cuspindo sangue. Por dentro ela estava enfurecida com tudo aquilo e juntando sua força interior levantou-se novamente, porém com as pernas tremendo. Ao fechar os olhos para receber mais um golpe em sua face, ouviu a voz daquela pessoa que havia passado a odiar tanto e os abriu novamente.
– Deixem-na... – disse de uma forma que ela sabia que ele estava zombando. Estreitou os olhos e ficou olhando-o enquanto vinha pelo imenso corredor de luz cinza, chegando até ela e lhe dando um soco em sua face.– ...pra mim – completou sua fala com um sorriso patético no rosto enquanto a via cair no chão.
Ele recebeu um pano estendido por um de seus homens ali parados e se sentou em uma cadeira que fora colocada próxima de uma caída de bruços no chão. Observou sua dor com prazer e sorriu de orelha a orelha vendo seu sofrimento. Havia sonhado com aquilo, o fim da tão cobiçada e superestimada Mitchells Karlova, ou melhor, Karlova. Todos tinham inveja de suas atitudes, queriam ser como ela, a única que teve culhões para muitas missões e também, manter seu nome de registro, apenas preferindo que a chamassem por uma diminuição dele.
Mas não sentia nada disso por ela desde que a vira chegar no território que ele dominava, então instintivamente começou uma competição de quem era melhor. Eles se apaixonaram, ficaram juntos por um tempo até, tanto que a fizera gritar seu nome pelo prazer quando dormia em sua cama. Diferente de agora que só sabia gritar seu nome para lhe xingar ou amaldiçoar. Do amor foram ao ódio, contudo, diferente dela, ele ainda manteve a competição, mil vezes pior. Sendo que ela não ligava mais, por mais que ainda fizesse questão de sempre lhe mostrar que ele poderia tentar até a morte, mas ela sempre seria a primeira.
podia criar forças e dar pelo menos um soco nele bem dado antes de levar um tiro, em resposta a tudo o que passara por ele, mas seu plano era outro. Então manteve sua posição de indefesa.



Parte 1

Rússia, São Petersburgo; The SA Circle, 10:00am. 5 dias antes.
O salto da bota preta cano alto de fazia um barulho tão gostoso para se ouvir, como todos os dias, e todos ali presentes naquela imensa sala cheia de computadores se sentiam bem por saberem que ela estava de volta de mais uma missão, e o melhor, viva. Em especial tinha , seu parceiro para todas as missões e ocasiões, que devido complicações em uma missão anterior ficara de repouso por dois dias, o tempo da missão dela, mas ele não estava na sala de Gonçalo, o chefe, quando ela entrou a passos largos e colocou a maleta de puro couro e fechaduras de ouro em cima da mesa de madeira dele.
Tirou seu óculos preto, exibindo o olho roxo, fazendo com que seu chefe se sentisse mal ao imaginar o que acontecera com a pessoa que deixou a marca em seu rosto. era bem conhecida por sua maneira cruel e fria de trabalhar. Ela não brincava em missões, se fosse designada para matar ela matava, se fosse para não matar ela não o fazia, e era isso o que a tornava excepcional. Além, é claro, de todos os seus feitos e missões ganhas com êxito. Assim como essa da qual ela acabara de voltar somente com aquele olho roxo.
podia ser bem ágil e boa de briga, mas ainda assim fora feita de carne e osso como todos os outros seres humanos no planeta, então era inevitável os hematomas. Lutava com homens e em sua maioria eram brutamontes também tão bem treinados quanto ela, mas o que a fazia ganhar era a cobrança que tinha sobre si mesma em ter que ser vitoriosa. Por isso ganhava, com o uso de estratégia. Sempre fora treinada com isso na cabeça: não adianta força e diversos treinos para conhecimento de luta, sem estratégia ninguém vence.
– Da próxima vez que me enviar para a Eslováquia sem , mande alguém que pelo menos saiba como escapar vivo – disse entre dentes e vestiu o óculo novamente.
– Me desculpe, ... – Gonçalo ficou nervoso por um momento. – está melhor, não precisa se preocupar que não teremos mais que o substituir.
Ela fez um aceno positivo com a cabeça antes que ele sumisse de sua vista com a maleta, indo para a salinha que tinha dentro daquela enorme sala para guardar o que ela trouxera, e se virou para caminhar batendo seu salto no chão com força.
Ao abrir a enorme porta revestida de madeira deu de cara com , ele vinha comendo uma maçã bem vermelha e deixou seu pedaço da fruta mordido cair quando viu em sua frente. Para ele, a mesma estava morta.
Ela não disse nada e passou esbarrando por ele, indo embora pelo mesmo caminho que viera. a observou um pouco, como sempre simpática com todo mundo, exceto ele, não que fizesse questão de um “oi” sequer vindo dela, mas ainda assim mostrava seu repúdio à Karlova.
Fechou a porta e se virou para encontrar Gonzalo dentro da pequena sala de arquivos falando no telefone, então se aproximou e deixou seus ouvidos bem abertos para o que pudesse escutar de valioso.
– Eu sei... – Gonzalo repetia isso diversas vezes e já estava cansado de ouvir a mesma coisa. – A lista está em um lugar seguro... – fez um pequeno movimento que causara um barulho com um volume suficiente para Gonzalo ouvir e finalizar a chamada.
Antes que ele fosse pego ouvindo, fez o contorno na mesa que ficava de frente com a porta da pequena salinha e voltou para a porta principal, dando a entender que estava entrando naquele mesmo momento na sala.
! – O mais velho disse, um pouco receoso. – Está tudo bem? – perguntou enquanto se sentava em sua enorme cadeira.
– Sim... – Ele se jogou no pequeno sofá marrom de couro ali no meio da sala e acendeu um cigarro. – Na verdade eu queria saber quando vou poder passar por esse corredor na frente da sua sala, depois de uma missão, assim, cheio de mim.
Gonzalo se levantou de sua cadeira incomodado com a presença de seu agente, caminhou até o armário de arquivos e abriu um que falava sobre a última missão de : outro fracasso. Ele teve que ser salvo por em última hora.
Leu o decreto de que o agente estaria afastado por tempo indeterminado até segunda ordem, acreditando que o mesmo se tocaria e desistiria de uma vez de aparecer em sua sala todas as manhãs pedindo uma missão.
Isso era o fim de qualquer agente, ele pensara enquanto caminhava até um desgostoso, tirando o cigarro da mão do jovem adulto não tão jovem e o jogando no lixo, então procurou o melhor tom de voz e disse:
– Você precisa aprender que as coisas não são tão fáceis assim, .
O rapaz se sentiu um tanto quanto humilhado e se levantou caminhando para a porta em passos largos. Antes de sair, virou-se e o respondeu:
– E vocês precisam enxergar mais as coisas que estão causando nesse lugar, Gonzalo.
Ele bateu a porta e caminhou pelo meio de mesas diferentemente de , antipático e com seu tom egocêntrico de sempre. Pegou seu rumo até a sala de treinamentos, era hora de dar aula para os adolescentes novatos.
Não estava com paciência para exercer aquela “missão” que lhe fora designada após o seu fracasso na que deveria ser seu ápice na SA Circle: caçar quem roubara e devolver o quadro da Monalisa ao museu do Louvre sem ser pego. Era uma coisa tão simples, aliás, ninguém havia notado que o quadro tinha sido trocado por uma cópia. Somente um funcionário, o vigilante que viu pela câmera, e para não causar muito alarde o governo francês – um aliado – optou por recorrer à SA Circle. Encontrar o quadro foi moleza, mas colocar no lugar foi um fracasso. fora pego e taxado como se estivesse tentando roubar; a polícia francesa não tinha ideia de todo o “esquema” armado com o governo para aquela ação, apenas fizeram seu trabalho de deter alguém que achavam ser inimigo. Descuido fora o de de ter sido pego.
Com isso, foi decretado que se ele não estava apto para, pelo menos, não ser pego e se proteger, proteger a instituição, deveria ser afastado por tempo indeterminado e ser observado de perto para terem uma conclusão se o dariam ou não uma segunda chance. E isso o irritava a cada dia que passava, ficar na frente de Karlova era como deixar seu inimigo sambar em sua cara com um salto que as dançarinas usam nos desfiles das escolas de samba no carnaval no Brasil.
Por sua vez, não se incomodava nem um pouco com Collins. Havia percebido sua mudança de comportamento, ele sempre quis implantar certa competição de quem é o melhor, mas ultimamente – desde seu fracasso – ele estava mais provocativo. Ela estava desconfiando que, em algumas de suas missões, poderia estar sendo sabotada, pois sempre aparecia alguém para atrapalhar. Ela não conseguia pensar em ninguém além de , ele passara a nutrir um ódio imenso por ela depois que se separaram e ele percebera que sempre estava atrás de , em tudo.
Todavia, no momento em que ela entrou em seu quarto e viu sentado em sua cama, sem nenhum risco de machucado, usando seu melhor sorriso, que contrastava perfeitamente com o que ele sentia por dentro, feliz por ver bem viva, parou de pensar naquilo.
Alguns rumores de que ela havia morrido na Eslováquia se espalhavam como os ares naquele lugar; por ter complicações e perder o contato com a base sem recuperação posterior, pensara que ela tinha ido para sempre e vê-la ali, intacta, o fez soltar o maior sorriso que já conseguira na vida.
Sentiu-se confortável ao vê-la tirando o sobretudo preto e caminhando em sua direção, mas estranhou que ela não tirou o óculos preto.
se sentou em seu colo, deixando uma perna de cada lado do corpo dele, deixou seu corpo ereto ficando um pouco mais alta e pegou em seu rosto com as duas mãos, uma de cada lado também. Olhou para os dois enormes olhos de e o beijou intensamente, recebendo em troca o carinho de seu beijo cheio de boas e “más” intenções, suas mãos subindo das coxas grossas dela, puxando a saia preta para cima revelando o coldre desarmado. Ainda sem parar o beijo, ele não reparou nisso e fechou seus olhos novamente, continuando o caminho de suas mãos e as deixando um pouco na cintura fina e bem desenhada dela, até finalmente subir para o rosto e ir direto no óculos, o tirando de uma vez.
Isso fez com que parasse o beijo e de olhos fechados encostou sua testa na dele, sabia que ele estava olhando seu olho roxo e teve certeza da preocupação por parte de quando sentiu sua pele roxa sendo tocada pelo polegar dele. Ela deitou a cabeça na curvatura do pescoço dele enquanto recebia um afago na nuca.
– Soube que acharam que eu tinha morrido dessa vez. – respirou fundo ao terminar de proferir as palavras, era incrível como tinham pessoas que a odiavam sem ela nunca ter feito algo intencionalmente.
– Você ficou um dia a mais fora, ninguém conseguia comunicação com Logan...
– Não me fale nesse idiota – subitamente, ela levantou a cabeça e parecia irritada, com o tom de voz alto. – Eu teria me fodido se fosse depender daquele imbecil, mereceu morrer. – Ela disse, se levantando.
– Você não fez nada para ajudar ele? – sabia a resposta, mas quis arriscar mesmo assim.
– Fiz, afinal trabalhamos para a mesma droga de lugar. – Ela revirou os olhos e prosseguiu. – Ele só tinha que dirigir e eu atirar, era só isso. Mas o idiota nos jogou dentro de um rio. Quando olhei para o lado debaixo da água, o corpo dele tinha virado peneira – bufando, ela se jogou de costas no colchão, olhando para o teto. – Ele pegou a rota errada, perdi tudo e tive um atraso de um dia na missão. Não iria deixar a encomenda lá, Gonzalo precisava daquilo intacto e eu o trouxe.
não disse nada, apenas se deitou ao lado dela e a aninhou em seus braços. Ele queria na verdade fazer sexo loucamente com ela, mas reconhecia seu cansaço e respeitou isso, fazendo-a dormir em seus braços.


Rússia, São Petersburgo; The SA Circle, 04:10am. 4 dias antes.
vasculhava o computador de Gonzalo em busca de alguma pista de onde poderia encontrar alguma informação sobre o grande tesouro da The SA Circle, mas estava cansado de tanto procurar e nada encontrar.
Desligou o computador e apagou a tela, se debruçou na mesa e levantou a cabeça, que estava apoiada na mesa, para olhar a porta. Foi então que se deparou com o quadro de uma pintura retratando Bóris Yeltsin em cima da porta, ao lado de um mesmo retrato de Gonçalo, embaixo dos dois tinham seus nomes e a posição que ocupavam.
Entortou os lábios e encarou aquela pintura de uma forma cética, nunca havia reparado naquele quadro emoldurado no lugar que ocupava. Se acomodou na cadeira ereto, ainda encarando o mesmo ponto.
Em sua cabeça, ele ficou imaginando porque aqueles quadros estariam ali e não atrás da mesa, onde todos que entrassem pudessem olhar e admirar os homens enquadrados. Foi como se tivesse um estalo de desconfiança e ele se levantou da cadeira, indo em direção à escada que tinha na sala, que Gonçalo usava para alcançar os livros de registros que ficavam na última prateleira do enorme armário, e quando começou a arrastar ela até a porta, ouviu o barulho das sirenes de incêndio e as luzes brancas se apagaram, dando lugar às vermelhas de emergência.
– Merda! – murmurou irritado e deixou a escada no mesmo lugar. saiu da sala andando de forma apressada e terminou de atravessar o enorme espaço, que usualmente estaria cheio de pessoas ocupando as diversas mesas e que ele percebeu estar vazio daquela vez. Voltou metade do caminho e foi em uma das mesas que estava mais para o meio, se abaixou para pegar uma arma que provavelmente poderia estar anexada na parte de baixo da madeira, e quando estava prestes a se levantar ouviu vozes.
Se ergueu minimamente para não ser notado e viu pelo menos uns vinte homens vestidos de preto por completo, com os rostos cobertos e armados até, o que parecia para ele, a alma. Olhou para sua pistola carregada e abaixou os ombros, nunca teria chances contra eles.
Continuou prestando atenção enquanto os mesmos iam se espalhando e três deles caminhavam em direção a sala de Gonzalo. Entraram sem precisar arrombar, porque estava aberta, e minutos depois saíram com uma maleta em mãos, uma maleta de couro marrom que ele nem sequer tinha visto quando chegaram. Devagar foram saindo dali e ele ficou sozinho novamente.
Quando se levantou foi direto para a sala, com cautela para se certificar que estava sozinho. Entrando, ele olhou dos lados e não detectou nada de estranho, então se virou de frente para a parede que deveria ter o quadro de Gonzalo e Bóris, ambos estavam lá. Pegou a escada e a posicionou certo para subir, alcançou os quadros e tirou primeiro o de Gonçalo, nada havia atrás dele e nem mesmo criptografado; depois pegou o de Bóris e ao tirar da parede se certificou da mesma coisa.
desceu rapidamente da escada e a arrumou no lugar, escutou barulho de passos novamente, porém desta vez já bem próximo da porta, não lhe dando chance de fuga. Segurou bem a arma em frente ao seu peito e apontou para frente, ficando na lateral apenas esperando. entrou com cuidado, tendo atrás de si. Ela entrou calma e quando colocou seu corpo inteiro dentro da sala foi nocauteada por ele, foi para cima e levou uma cotovelada na altura da jugular, o que o fez cair. , que ainda estava no chão, aproveitou que o rapaz que a atacara estava de costas e deu uma rasteira nele, lhe fazendo cair de bruços, logo em seguida imobilizando-o com uma chave de braço.
A luz vermelha ainda estava um pouco escura e, por isso, eles estavam atacando uns aos outros. não atacaria e se soubesse que eram eles ali, então quando a luz branca voltou e os três observaram quem estavam atacando ficaram confusos.
soltou e se levantou para arrumar sua roupa, ofereceu a mão para ele e o mesmo pegou ainda relutante.
– O que foi isso? – foi o primeiro a falar enquanto massageava seu pescoço.
– Isso? – riu. – Você me atacou e eu me defendi – respondeu, com deboche.
– Não, eu tô falando do alarme... – Ele revirou os olhos.
– Alguma quadrilha muito qualificada invadiu o prédio e Gonzalo acredita que eles roubaram algo muito, mas muito, valioso. – respondeu, sabendo que se recusaria a dar qualquer informação para .
ficou quieto por um momento, encarando a porta e se lembrando do que viu. Por pouco, não percebeu que Gonzalo entrava na sala como um furacão, se sentando em sua cadeira com certa irritação. Ele pediu para que todos esperassem do lado de fora por alguns minutos enquanto conversava com seu braço direito: Johan.
Meia hora depois ele mandara Johan chamar os agentes.
Devagar, a sala se encheu com os agentes mais qualificados para qualquer missão impossível às ordens de Gonçalo.
Sendo eles: Markus, Mirella, Zach e Orlando, junto com os outros três que já estavam ali. Muitos apresentavam marcas de lutas pelo corpo, cansaço e a desvantagem que tiveram ao terem sido pegos de surpresa naquela madrugada em que a maioria dormia, ficou clara. Haviam pelo menos cinco agentes envergonhados pela falha daquela missão surpresa de defender a The SA Circle, mas Gonzalo não estava preocupado com isso, não colocaria a prova a capacidade de seus agentes, sabia que eles tinham tentado. Esperou o último, Michelangelo, chegar para começar a reunião.
– Eu... eu... – procurou as palavras certas, tentando se concentrar e lembrar que deveria manter a postura mesmo que estivesse vestindo pantufas e pijama. – Eu não quero comentários sobre o que aconteceu. Vocês só irão ouvir claramente o que tenho a dizer. – Todos, em um gesto uniforme, fizeram aceno positivo com a cabeça. – O que aconteceu foi um... Um ataque. Há muitos anos que a máfia italiana de Ambrogio Leone está atrás de uma lista que a The Secret Agents Circle guarda. Se trata de uma lista dos nomes de todos os que contribuíram para a criação desta instituição, sendo os primeiros agentes, e alguns, em sua maioria eram ex-integrantes da máfia. Eu não sei o que eles querem com a lista, mas precisamos dela de volta. Trata-se de proteger aqueles que um dia lutaram por nós, que hoje têm a oportunidade de viver suas vidas sem precisar estar nesse meio. Alguns até já chegaram a falecer, entretanto suas famílias ainda são nossa obrigação.
e se entreolharam em concordância. Ambos sabiam que seriam mandados atrás da máfia mais perigosa do mundo, e se eles tiveram colhões para invadir o prédio da SA Circle, eles também eram tão poderosos quanto. Sempre houve rixa entre os dois extremos.
Seria uma guerra e ambos sentiam que poderia ser o fim para um dos lados.
– Vou mandar alguns de vocês para a Itália e outros ficam aqui. – Gonçalo se sentou novamente. – e vão com Orlando e Markus, e mais uma equipe de reserva; Zach e Mirella vão apenas auxiliar daqui. Fiquem em modo stand by, se alguma coisa acontecer vocês dois entram em ação.
olhou para Markus de braços cruzados e com os olhos estreitos. Usaria o amigo para conseguir que a missão de e desse certo, a seu favor. Ele sabia muito bem do que se tratava aquela lista e a queria muito mais do que qualquer outro ali dentro. Foi o primeiro a sair depois que Gonzalo liberou todos e levou Markus e Orlando para um canto, os convencendo sem nenhuma dificuldade a grampearem e , dando informações sobre tudo da missão e a tal lista.
Itália, Veneza; Hotel Metropole, 08:06pm. 3 dias antes.
saiu do banheiro com o corpo enrolado na toalha e usava uma segunda para secar o cabelo. Estava sozinha e aproveitou para tomar um banho de banheira com todos os sais que pudesse e lhe fosse oferecido.
Precisava relaxar a tensão de seu corpo.
Ela e estavam no mesmo hotel, porém não juntos. Ele ocupava um quarto menos caro e menos provido de luxo, pois ali estava na posição de seu motorista. Orlando e Markus eram seus seguranças pessoais, não era Mitchells Karlova na Itália e sim Gisela Blanc, dona de uma franquia de lojas que vendiam joias extremamente caras pelo mundo, e que estava na Itália para representar pessoalmente sua marca em uma reunião com Ambrogio Leone.
No dia anterior, o dia do “assalto” à SA Circle, Gonzalo ficou a tarde toda planejando como iria infiltrar sua equipe no meio da máfia. Conseguiu informações de que Ambrogio queria dar uma jóia cara e rara para sua esposa e havia convidado Gisela Blanc para lhe mostrar sua coleção, que podia atender às exigências dele. Imediatamente, Gonzalo ordenou a captura de Gisela.
Para sua sorte ela tinha o mesmo porte físico de . Então Gisela e toda sua equipe estavam presos em cativeiro. Ajudava o fato de que a dona da marca francesa Le’Blanc Jowel não aparecia para a mídia, seu rosto era incerto para muitos e só havia apresentado sua marca pessoalmente para poucos clientes em todos os seus dez anos de criação.
Depois de se trocar e colocar uma camisola fina de seda misturada com renda, foi até a cômoda de madeira que tinha de frente com sua enorme cama de casal king size e se olhou no espelho que tinha pendurado na parede em uma altura elevada. Ela pegou o envelope que estava em cima do móvel e abriu durante seu percurso até a cama – que não era muito longo, claro –, se sentando com as pernas cruzadas para ler o arquivo e as orientações enviadas por Gonzalo da Rússia, inclusive a imagem da maleta que eles deveriam resgatar.
aproveitou e pegou o chá que estava em uma bandeja em cima do divã localizado nos pés da cama. Jogou seu corpo contra a cama e continuou lendo o arquivo até pegar no sono, sem nem perceber. Ela não era do tipo que tinha sonhos usualmente, sonhava ou tinha pesadelos apenas eventualmente e aquela noite era parte da sua pequena lista de sonhos. Mas aquele sonho era um pequeno fio das memórias que tinha arquivado em sua mente.
– O que faz aqui? – Ela sussurrou para , que vinha com um sorriso no rosto.
– Shh... Vão nos pegar.
Ele estava com uma metralhadora em mãos e se escondeu junto com ela atrás da mesma pilastra. Ambos estavam sujos por causa do pó da explosão do prédio em que estavam e com machucados no rosto, era a primeira missão que fariam juntos depois de assumirem o relacionamento para Gonzalo. Tudo estava indo bem entre os dois até o final daquela missão; havia ganho os devidos créditos por ter sido excepcional e conseguido fazer os dois voltarem vivos sem nenhum outro apoio. Ela era sempre estimada como melhor porque trabalhava duro para isso, mas não entendia.
Ele sempre quis ser o número um em tudo e muitas vezes passou na frente de arriscando a vida dela só para receber um singelo parabéns de seus superiores. A sua ganância acabou com o romance dos dois e todo o sentimento de “amor” se tornou ódio. Agora, para ele, tudo o que importava era superar Karlova e a eliminar para ser reconhecido. Mas ele não trabalhava limpo e duro como ela, fazia jogos sujos e no final das contas ela conseguia ser mais que ele.
Ela não tinha um sono pesado, então sentindo alguém lhe observar, acordou assustada.
Livrou seus pensamentos do sonho que tivera com e se levantou silenciosamente. Mesmo descalça foi até a sua mala no guarda-roupas e pegou a arma já com o silenciador de um compartimento falso. Fechou as portas e quando estava prestes a se virar foi agarrada por trás com força, em seguida seu corpo foi jogado contra a cama. Sua arma havia sido arremessada longe e a pessoa encapuzada – que pela silhueta ela jurara ser uma mulher – veio para cima dela, a imobilizando.

se levantou no meio da noite com o corpo totalmente suado pelo pesadelo que tivera e, do tanto que havia se debatido contra o colchão um pouco duro, deixou a cama bagunçada. Foi até a janela do quarto e a abriu olhando a madrugada fresca e calma que estava do lado de fora daquele prédio. A rua estava um pouco vazia e o rio que cortava as ruas se encontrava cheio de barcos atracados.
Um em especial chamou sua atenção, não se destacava no meio dos outros, o que era um pouco estranho em sua visão de espião. Normalmente o que não se destaca é algo camuflado. Porém decidiu ignorar aquilo, estava em solo italiano não fazia nem 24 horas, não tinha como ter sido descoberto ainda. Gonzalo sempre cuidava para que nenhum de seus agentes sofresse com esse erro logo em primeira instância.
Se pegou pensando em por um curto tempo e imaginando que ela poderia estar dormindo na sua suíte com uma camisola de seda que era seu tecido favorito para dormir, relaxada e com seu cheiro de framboesa, pelo creme corporal que ela usava. Vestiu uma camiseta branca e colocou sua calça de moletom cinza, calçou os chinelos e antes de sair do seu quarto verificou se tinha algo fora do normal no corredor.
Seguiu para o elevador que o levou para o andar do quarto de e quando estava saindo viu três homens parados na porta do quarto dela, eles estavam preparados para arrombar e agiu com estratégia. Sabia que não precisava se preocupar tratando de , ela sabia se virar, ele só precisaria a ajudar a bater naqueles caras até nocautear. Assim que eles entraram no quarto ele foi atrás. Entrou a tempo de ver sendo arrastada por dois homens e uma outra pessoa toda coberta por um uniforme preto sendo levada pelo terceiro homem para o banheiro, vez ou outra deferindo golpes nele.
, usando a força do corpo dos dois que a seguravam pelos braços – os deixando abertos –, deu um impulso com as pontas dos pés para dar um giro de 360 graus, fazendo as mãos deles torcerem ao segurarem o braço dela. Assim ela se esquivou e foi para cima de um deles, que imediatamente apontou a arma para ela, com um golpe acertando as juntas do braço do mesmo, a arma caiu no chão, então ambos travaram uma luta corporal. deferia socos e chutes no segundo que a segurava e que parecia ser o mais palerma de todos, só se defendendo.
Cansada dele, ela apenas lhe deu um golpe na cabeça que fez com que ele caísse apagado no chão. Virou-se para trás, vendo nocautear o outro homem, porém com um tiro em sua cabeça, fazendo seu crânio ficar estourado e depois olhou para o banheiro onde a outra pessoa enforcava o terceiro homem com o braço.
– E... morreu. – A pessoa disse quando o homem caiu no chão, tirando o capuz e revelando seu rosto feminino angelical.
– Quem é você? – ficou enrijecida no lugar, esperando uma resposta, não reparando no sangue que escorria pela lateral de seu rosto.
. – A mesma caminhou alguns passos e parou de frente com e , estendendo a mão e esperando um deles cumprimentar, mas vendo que não o fariam recolheu e prosseguiu: – Giordano.
Imediatamente avançou para cima dela e a empurrou contra a cama, tateou o corpo dela e retirou a faca e a arma que estavam presas em sua roupa. Analisou bem o rosto da moça italiana procurando vestígios de mentira e ou ameaça e saiu de cima dela quando não detectou nada.
– Agora podemos conversar – disse depois de descarregar a arma dela.
– Eu estou aqui pelo mesmo motivo que vocês: a lista. – se sentou na cama olhando para as unhas. – Mas a minha lista é outra.
– Qual? Só existe uma – desta vez, foi quem abriu a boca para falar, recebendo um olhar recriminatório de .
– Vocês foram enganados direitinho pelo próprio chefe e nem sabem. Ela riu e se levantou, andando pelo quarto. Os dois ficaram apenas à espera de algum ataque dela.
– Em 2001 Bóris Yeltsin decidiu que deveria armazenar toda a sua fortuna ganha pela The SA Circle em contas separadas, era muito dinheiro em uma conta só e logo ele seria questionado por isso. – Se aproximou do guarda-roupas e abriu uma gaveta enquanto falava, fuçou e tirou um pequeno objeto quadrado, menor que seu dedo, e pisou nele. Prosseguiu depois de alguns segundos em silêncio, procurando por mais objetos como aquele. – Ele criou uma lista de todos os bancos no mundo de menos importância; bancos que não tinham a menor hipótese de serem investigados e distribuiu por eles partes da sua fortuna bilionária – encontrou mais um na mala de e fez o mesmo ato para quebrar. – Então, para ninguém descobrir, ele fez uma lista criptografada numa pintura que ganhara retratando ele mesmo e escondeu. Não demorou para que Leone e Scarpini, os mandantes das respectivas máfias Cosa Nostra e Camorra, que fizeram parte da primeira pequena equipe da SA Circle, descobrissem o segredo. Os dois já estavam fora da instituição por terem sido expulsos e suas vidas poupadas, mas na época já haviam ingressado nas máfias que estão até hoje.
se agachou e, com uma lanterna pequena, que tinha no bolso, verificou se tinha alguma coisa embaixo da cama, encontrou algumas escutas lá também e quebrou tudo. e ficaram confusos e então ela disse:
– Eram escutas. Provavelmente deve ter muito mais nesse quarto. Ao que parece tem um quarto nas escutas, vamos assim dizer. – Ela se sentou na cama novamente. – Aqui está – jogou um pequeno pen drive em cima da cama para eles. – Tem tudo aqui, todas as informações e conversas grampeadas de Ambrogio Leone e Lorenzo Scarpini.
fez um gesto para que pegasse o pen drive enquanto ela pegava seu notebook. Ligou o aparelho e conectou o pen drive.
Pouco tempo depois, estavam com todas as provas de que o que ela dizia era real.
– E por que Gonçalo mentiu para nós? – refletiu. – Ele não queria que ninguém descobrisse a verdadeira preocupação dele: perder o dinheiro e ficar pobre. – disse com desdém.
– Como você sabe de tudo isso?
Antes que pudesse terminar, ouviram alguém bater na porta. fez um sinal de silêncio para os dois, digitou na barra de escrita do computador portátil “Inimigos” e pegou o pen drive do notebook para prevenir.
levantou da cama e alcançou sua arma no chão, e fizeram o mesmo pegando as outras armas espalhadas. Se dividiram no quarto e quando os que estavam do lado de fora notaram que ninguém abriria a porta, arrombaram, revelando Markus com Orlando e mais dois homens que eram da SA Circle, das equipes secundárias. Eles estavam armados.
O que veio a seguir poderia ter a trilha sonora mais divertida de um filme de ação possível, e contra os dois principais e esfaqueando divididamente os outros dois. Logo havia quebrado o pescoço de Orlando e desmaiado Markus, precisariam dele vivo depois. Os três fizeram uma pilha com os corpos dos mortos e, com a arma silenciada, atirou novamente, garantindo que estavam todos sem pulsação.
Enquanto isso vasculhava tudo e tirava as escutas e prendia Markus, jogando água fria nele para poder acordar e extrair informações. Enquanto ele acordava, e se aproximavam.
Então depois de ele estar totalmente atento, começaram as perguntas. Markus, cansado, resolveu soltar tudo.
está por trás disso tudo, as escutas são dele. E tem uma câmera no seu quarto também. – Cuspiu sangue sorrindo em deboche. tinha visto ela nua depois do banho, enquanto se trocava; acompanhou tudo desde a chegada dela. – Ele quer essa lista, convenceu metade da SA Circle secundária e está se sentindo o Hitler com seus discursos. Ele quer a lista e não disse o porquê.
cansada de ouvir aquilo atirou nele por fim, sabia que à essa altura já sabia que ela sabia sobre ele e sobre a lista, sabia que ele sabia do real conteúdo de tal. se sentiu incomodado com o fato das câmeras, mas ficou quieto. Sabia que significava apenas uma velha disputa de para provar que ela era boa. Enquanto ele se matava para ganhar créditos, ela usava ele para provar que era melhor que qualquer mané.
ajeitou o corpo de Markus em cima dos demais e desceu para seu quarto para buscar sua mala e se trocar, enquanto fazia a mesma coisa. e procuraram pela câmera e depois de encontrar uma no banheiro, resolveu provocar . Tirou a camisola na frente da câmera e também a calcinha, ficando completamente nua, prendeu seu cabelo em um coque com alguns fios soltos e colocou um grampo para reforçar, foi para baixo do chuveiro que escorria água quente e tomou um banho, tocando suas partes íntimas com um pouco mais de intensidade.
Quando terminou, se vestiu com lentidão e abusou na escolha da roupa, começando pela calcinha fio dental, um macacão de couro que dispensava o sutiã, com um decote ‘v’ profundo. Calçou um coturno preto e amarrou o cadarço apertado, curvada na banheira para se apoiar de costas para a câmera. Ao finalizar, mandou um beijo para a câmera antes de atirar contra ela. Voltando para o interior do quarto fez o mesmo com a outra e viu que e já estavam com a saída preparada.
– Vamos queimar esse lugar. Lá embaixo tem muitos homens da Camorra que devem estar atrás de nós.
ajustou a “corda” de lençóis improvisada e amarrou bem na grade da varanda do hotel, por sorte eles estavam no quarto andar e não era muito alto. Sairiam na rua de trás e, segundo o que ela dissera, teria um carro para eles fugirem. foi o primeiro a descer, seguido de . demorou um pouco porque queria colocar fogo no quarto.
Quando as primeiras chamas apareceram a porta foi arrombada mais uma vez naquela noite, um grupo de homens entrou sem atirar, porém, armados. sabia que a Camorra queria eles vivos para torturá-los. Ela escorregou pelo lençol e conseguiram fugir dali despistando algumas BMW que vinham atrás. era boa no volante enquanto e atiravam sem parar.
Chegando no galpão, eles começaram a planejar o que seria feito.

Nesse meio tempo , na Rússia, conseguia convencer mais uma grande parte dos agentes a se juntarem a ele para derrubar a SA Circle, convencendo-os de que os superiores estavam ganhando bilhões às custas de colocarem em risco a vida deles. Ordenou que prendessem aqueles que se opusessem à sua liderança e muitos alienados aceitaram, o que também levara Gonçalo para uma cela.
sempre foi melhor que você por isso, . – O mais velho disse enquanto era trancado. – Ela sabe competir, sabe jogar. Você perde porque só quer ser rei, mas não sabe como liderar. Bóris odiaria o que você se tornou.
lhe deu um soco na face e limpou a mão. Ordenou que ninguém alimentasse ou interagisse com ele. Subiu novamente para a sala que estava ocupando de Gonçalo e abriu seu notebook já conectado ao vídeo da última filmagem de tomando um banho para provocar ele. Talvez se ela se rendesse e confessasse que ele era quem ela queria, os dois tivessem uma trégua e ele desistiria de matar a ela e seu namoradinho idiota.
Enquanto via o vídeo, não pôde deixar de tombar sua cabeça para trás, fechando os olhos ao se lembrar dos gemidos dela em seu ouvido quando passavam mais de horas em cima de uma cama, se amando com luxúria, e não se negou a masturbar-se pensando nela. Fazia os movimentos com sua mão pensando em , em todas as vezes que a invadiu fortemente, causando gritos de prazer. Foram poucos minutos que para ele pareciam horas reais, até que então chegou ao ápice lembrando de como ela suspirava quando chegava nele também. Mas que droga Karlova, tinha que o fazer querer gritar?

Itália, Veneza; Hotel Milano, 03:04pm. 2 dias antes.
recebia a ajuda de para ficar parecida com Gisela Blanc, enquanto terminava de montar os equipamentos dentro da minivan.
Ficou decidido que eles prosseguiriam com o plano inicial usando o disfarce de Gisela Blanc. ficaria do lado de fora e se infiltrariam no meio dos possíveis homens da Camorra que chegassem, confundindo-os ao começar o ataque aos homens da Cosa Nostra, que estariam fazendo a segurança de Leone.
A ideia era fazer Camorra estragar tudo e se distrair em uma batalha contra Cosa Nostra. surpreenderia Leone depois de o seduzir, enquanto ficaria do lado de fora para ter um tipo de confiança.
Então, por fim, pegariam a lista.
Mas eles não tinham certeza sobre a lista estar com ele no momento; se não estivesse, eles fariam com que pegasse em forma de plano B – matar ou morrer. havia conseguido com um antigo parceiro três carros para caso precisasse da fuga, eram três Ferrari do modelo LaFerrari na cor vermelha que estavam estacionados na garagem subterrânea do hotel.
estava em uma sala separada terminando de se preparar para sair quando sentiu a presença de alguém perto dele, olhou para trás e viu se aproximar, desfilando em cima do scarpin de salto fino, tendo os detalhes de seu corpo realçados; o quadril um pouco largo em realce pela saia grafite totalmente justa, a cintura marcada pelo cós alto da saia, e o busto mais chamativo pelo decote profundo. Toda aquela combinação a fazia ficar perfeita aos olhos dele; seu cabelo preso em um alto rabo de cabelo o fazia imaginar puxando o mesmo com ela de quatro em sua frente, totalmente exposta.
E nada no mundo o faria querer, naquele momento, tirar o batom vermelho que ela usava. O batom era a única maquiagem que acompanhava seus cílios compridos por causa do rímel e as joias que usava a deixavam com os olhos cobertos por luxo. poderia dizer que estava totalmente hipnotizado pela imagem dela, acreditava em Afrodite agora, mas ele ainda estava com uma coisa perturbadora em sua cabeça: ter visto pelas câmeras, sabia que ele tinha visto coisa até demais – não que nunca tivesse visto antes, ele sabia do passado dos dois, mas não queria que ele tivesse o privilégio do mesmo.
Karlova ficou um pouco desconcertada com o olhar profundo que recebera do homem parado em sua frente. Ele era o único que conseguia fazê-la ficar daquela maneira, abaixar sua guarda e sorrir como uma menininha indefesa, o único com quem algum dia sonhou em formar uma família. Talvez fosse o fato de serem iguais com tantas diferenças, pode ser que o destino os juntou justamente por serem o Yin e Yang, um completando o outro. E ela retribuiu o olhar, bem no fundo temia a batalha que estavam prestes a enfrentar.
Eram apenas três contra duas máfias e, provavelmente, muito mais homens envolvendo até a polícia italiana, as chances de tudo dar certo eram praticamente uma em um bilhão. Queria aproveitar para dizer coisas para ele, que ela nunca dissera, naquele momento, podia ser que não o visse novamente, contudo ainda não estava preparada para; então somente o abraçou forte, segurando em sua nuca como quem quisesse dizer para que ele não partisse. retribuiu de uma maneira menos intensa e quando se afastaram, ainda em silêncio, percebeu que ele continuava estranho desde que amanhecera naquele dia.
– Quer me contar o que está acontecendo? – Ela perguntou olhando-o diretamente nos olhos, ainda segurando em sua nuca. Sua voz era um sussurro.
– Nada, estou apenas concentrado. – Ele tentou se esquivar, mas o segurou pelo punho dessa vez. Os dois se encararam mais um pouco, abriu a boca algumas vezes sem dizer nada, se recusava a acreditar na cena de ciúmes de . Ele se soltou e foi até a mesa pegar um dos micros pontos de comunicação que era para colocar nela, se aproximou e colocou. Tudo o que fez foi rir e lhe abraçar de novo.
sempre vai ser um merda, . – Ela disse, colocando um braço em cada ombro dele, apoiando-se. – Eu estou com você, não estou? – Levantou uma sobrancelha enquanto esperava pela resposta dele.
– Na maioria das traições em histórias de TV e livros, a personagem principal sempre fala isso para o cara que usa como segunda opção... – Ele falou ao tirar os braços dela de seus ombros e se afastar.
– Ahhhh! – revirou os olhos e levou a mão ao rosto. – Você só pode estar-
– Gente, tá na... hora.
Como se fosse um sinal divino, entrou na sala, sem bater ou se auto anunciar, interrompendo a possível discussão que poderia vir a seguir. Pela entonação fraca de sua voz ao terminar sua frase, eles sabiam que ela tinha percebido o clima estranho, então saiu da sala primeiro. o segue para terminar de discutir alguns detalhes de toda ação e fica um tempo parada no mesmo lugar, ainda sem acreditar no que acabara de acontecer.
ainda pagaria por cada detalhe de sua vida que ele se intrometeu, aquele era só mais um pequeno dentre tantos. Respirou fundo e, quando saiu da sala, viu que só estava ali. Não pôde esconder sua decepção. As duas esperaram a limusine chegar, havia cuidado de detalhes como esse. Contrataram uma limusine com um chofer para fazer a condução delas até o hotel. Disse a ela, o que certamente já sabia, sobre a escuta. conseguiria lhes ouvir com até três quilômetros de distância, mas ele não estaria tão longe.
Ao mesmo tempo que a limusine chegou, mandou uma mensagem para avisando que ele estava com o controle das câmeras de segurança de todo o hotel. Ele não roubara e fizera o hotel perder o acesso, isso causaria desconfianças, apenas fez uma cópia e tudo o que era visto da sala de segurança ele conseguia ver na van.
As duas entraram no automóvel e apertou firme contra seu corpo a maleta cheia de joias que estava carregando, passou a noite estudando o tipo de “cliente” que ela enfrentaria. Estava preparada para enfrentar o melhor papel de sua vida. Matariam um por um ali dentro se fosse necessário, colocariam suas vidas à prova, somente para destruir a The SA Circle, que, ironicamente, um dia fora tremendamente um bom lugar para se viver. Ainda seria, se não fossem as mentiras e corrupção. Assim que o carro parou na frente do hotel, um dos homens parados ali na frente, prontos para receber seus hóspedes, abriu a porta e desceu, já na postura de Gisela, com atrás de si fazendo o papel de sua assistente carregando mais duas maletas de joias raras. Apenas uma das maletas da segunda estava com joias, a outra estava com coisas que as duas precisariam mais tarde. identificou-se com o nome da assistente de Blanc e logo as duas estavam sendo guiadas por um funcionário até a sala de negócios que tinha em um andar próprio para reuniões.
No caminho, elas receberam muitos olhares dos vários homens espalhados pelos corredores e evitaram ao máximo fazer careta quando ouviram um barulho estridente no ouvido causado pelo micro ponto que possivelmente estava sendo ligado por .
– Estou vendo vocês. – Sua voz ecoou pelo ponto. – São muitos homens. Eu vi Leone chegar sem nada, vocês terão que dar o melhor para conseguir a confiança dele para tirar todos os homens da sala e fazer o resto… – aconselhou, relembrando o combinado.
Elas se entreolharam e continuaram seguindo o homem alto e bem arrumado, até que finalmente chegaram na sala. Leone estava sentado em uma cadeira de couro marrom, tinha duas maletas cheias de dinheiro abertas na mesinha que ficava entre a cadeira que ele ocupava e a outra vazia, possivelmente à espera de Gisela. Foram recebidas com cordialidade pelo homem e seus diversos homens nem sequer esboçaram alguma reação; então ela vestiu duas luvas pretas, dando um par para ele também, para poder pegar nas joias e introduziu seus produtos, vez ou outra recebia algum elogio de Leone antes dele entornar um pouco do champanhe.
sentia-se enjoada por dentro, ele era um velho patético. A única coisa que ela conseguia pensar era se sairia dali conforme o planejado, podendo dizer a tudo o que ele queria ouvir.
– Bom... – Ela pegou de dentro da maleta a última pedra: um diamante vermelho. – Este é o Moussaieff Vermelho, um diamante vermelho. É o maior diamante vermelho no mundo, e raro.
Os olhos de Leone brilharam para a pedra e sorriu convencida de que estava fazendo um bom trabalho, ele estava interessado nas joias e totalmente entregue aos seus encantos. Não demorou muito para que o chefe da máfia mandasse seus homens para o lado de fora. saiu da sala para deixá-los “a sós” dando a desculpa de que iria andar pelo prédio, conhecer o hotel ou algo do tipo.
esperou Leone estar completamente vulnerável, quando estava sentada em cima dele distribuindo beijos pelo seu pescoço, e, quando ele fora colocar suas mãos nas coxas dela, ela empurrou as mãos dele para cima juntas, e sutilmente pegou de dentro do seu decote a algema que se dobrava em milhares de pedaços, o prendendo com as mãos atrás da cadeira.
Leone sorriu e se sentiu mais excitado ainda, também percebeu a excitação dele e fora deslizando de seu colo devagar, ele murmurou alguma coisa em italiano e ela ignorou. Deslizou suas mãos pelas pernas dele e abriu seu zíper, com a ajuda do velho ela tirou sua calça, o deixando exposto. Depois tirou os sapatos dele e suas meias.
Encarou a ereção que tinha por baixo da cueca branca e sentiu um pouco de enjoo, ajudara pensar em no lugar dele, e ela conseguiu prosseguir voltando para o colo dele, movendo seu quadril devagar enquanto puxava sua camisa para cima, iniciando um strip. Quando estava somente de calcinha e sutiã, se levantou novamente negando um beijo que o velho queria lhe dar. Ao mesmo tempo ouviu o recado de , no ponto transparente, escondido em seu ouvido.
– Tem um homem indo em direção à sala de Leone. Na base de dados da The SA Circle diz que ele é um ex-agente que se voltou contra nós e passou a fazer trabalhos para a Cosa Nostra. – Sua voz era distante, sabia que ele estava ouvindo tudo o que fazia naquela sala. – É melhor se apressar na informação.
Ela se virou de costas para o velho e se agachou para pegar no fundo falso da maleta uma silenciadora. Se virou novamente para ele e sorriu. Já tinha percebido que o panaca facilmente influenciado não teria nada consigo, então o apagaria de uma vez. Se não ia recuperar a lista, pelo menos voltaria para a Rússia e acabaria com a SA Circle depois de dar uma surra em Gonzalo – este por mentir – e matar – por ser apenas .
Pegou do chão as meias de Leone e colocou uma dentro da outra. Antes de colocar dentro da boca dele, ouviu algo em italiano como “O que faz com essa arma vadia? Achei que iríamos foder”, a julgar pelo seu italiano um pouco fraco – era preguiçosa para aprender algumas línguas, por mais que fosse o ideal em sua profissão.
Enquanto ele estava mordendo a meia, se aproximou e atirou em sua cabeça, fazendo escorrer muito sangue pela cadeira.
... – falou novamente na escuta. – Luigi tem a lista. Ele está em uma das salas no mesmo corredor. Deduzi que ele estava na lista de reuniões de Leone, era para ele que iria entregar. – Ele ficou mudo um pouco, procurava o seu ponto na sua roupa jogada no chão, mas não encontrava, queria responder a ele. – Eu vou entrar... Vou até Luigi e você dá um jeito de sair daí. – Ela ouviu o barulho de carros, ele estava entrando no hotel. E ainda nada do ponto. – está voltando para te ajudar. – respirou fundo e completou: – Não se esqueça dos carros na garagem, se a coisa apertar você já sabe: matar e correr.
queria dar um tiro em sua própria cabeça quando terminou as informações, não conseguia encontrar o micro ponto, então desistiu. Pegou suas roupas no chão e se vestiu, calçando o scarpin também. Se precisasse correr com aquele salto alto ela não teria problemas, sempre treinava pra isso e já o fizera em muitas outras missões; só precisava da hora certa para tirar e ficar descalça. Carregou suas armas escondidas vendo entrar na sala, a mesma assobiou ao ver o estado de Leone.
– Já pensou como vamos sair daqui? – Perguntou se aproximando e pegando uma arma oferecida por .
– Você vai sair comigo como se nada tivesse acontecido – pegou o coldre da mesma maleta que tinha tudo guardado e colocou na coxa da perna direita, seria mais fácil se precisasse tirar uma arma dali quando estivesse em movimento. Em seguida pegou o coldre que usaria na parte de cima de seu corpo e o vestiu colocando mais duas armas, uma em cada lado, vestindo um blazer por cima. – Você com certeza sabe a linguagem deles, irá pedir para lhe darem um minuto. Com sorte seremos pegas somente quando estivermos nas escadas para a garagem – terminou de falar e fechou as maletas, vendo que também já tinha escondido suas armas. – Fica mais fácil dar fuga em tudo isso de homem na posse de uma Ferrari blindada.
– Isso me parece loucura – deu de ombros. – Mas vamos lá.

entrou na sala que tinha somente um homem, sem seguranças, sem nada. Firmou a postura de garçom que estava carregando, caminhou até a mesa no fundo da sala e parou ao lado do cliente do hotel.
Ele mantinha sua arma embaixo de um pano branco que estava em seu braço, pois carregava uma bandeja com uma garrafa de Chandon já aberta e uma taça. Quando fosse a hora iria render Luigi. Serviu o homem e esperou alguma ordem, quando recebeu a liberação para sair, virou seu corpo e fingindo que ia até a porta, deu um passo falso e parou atrás do homem, com a arma em sua cabeça e a bandeja jogada no chão.
– Só me dá a maleta e eu te deixo sair vivo – disse entredentes
– Achei que a SA Circle demoraria para mandar alguém atrás de mim. Qual foi a desculpa de Gonzalo para enfiar vocês nessa? – Ele disse enquanto se levantava com as mãos para cima, em forma de rendição.
Luigi, ainda de costas, pegou a maleta e lentamente se moveu para o lado externo da mesa. Em um golpe que não esperou, por vacilo, Luigi bateu em seu braço armado com a maleta, fazendo a arma ir parar longe, em seguida ele tentou correr, mas o agente fora rápido ao se recuperar e conseguiu dar uma rasteira no fugitivo antes que ele chegasse à porta, fazendo-o cair de bruços no chão, deixando a maleta um pouco distante. deu um chute nela e a fez ficar mais longe ainda de Luigi, dando em seguida um chute em sua barriga. No terceiro chute Luigi segurou a perna dele e o derrubou, logo em seguida se levantando e indo para cima de , não a tempo o suficiente para pegar ele ainda no chão.
se levanta e os dois se encaram por segundos antes de começarem a desferir socos um no outro, vez ou outra Luigi acertava, mas ainda tinha a vantagem porque seu inimigo estava mais atordoado e, um tanto quanto, enferrujado. foi jogado contra a parede e quando Luigi vinha em sua direção ele lhe deu uma cabeçada, o fazendo parar no lugar, segurou em seu ombro e lhe deu três socos cruzados no estômago.
Quando Luigi finalmente caiu no chão ele foi em cima e o enforcou, até que não pudesse mais ver sinais vitais no mesmo. Se levantou e pegou a maleta de um lado da sala, abriu e tirou de dentro a tal pintura, colocou-a contra a luz e viu a criptografia que formava a lista. Dobrou o papel e guardou dentro do bolso de seu blazer, indo pegar sua arma.
Logo em seguida, se dirigiu para a porta, arrumando seu blazer, a tempo de ver e andando calmamente em passos largos entre o mar de seguranças de Leone. Ele deixou elas passarem, caminhando atrás delas, e quando entraram no saguão em direção à saída que dava até a garagem subterrânea, abaixo do andar que eles estavam, viram alguns homens lotarem a entrada de carros.
Voltaram pelo mesmo lugar de onde saíram a fim de pegar a saída de emergência até a garagem.
Os três se entreolharam e, ao mesmo tempo que os homens da Camorra entraram naquela direção, os capangas de Leone entraram na sala. Foi então a hora de correr, pois em segundos de silêncio os homens que estavam atrás deles e os homens que estavam fazendo a segurança do mafioso, ligaram os pontos e então começaram a caçada.
– Temos dois minutos para sair daqui. – disse mostrando um pequeno controle que tinha.
– O que é isso? – franziu o cenho, ainda andando.
– Daqui a dois minutos tudo vai pelos ares. – Ela sorriu. – Instalei bombas aqui, junto com Nigel. Vamos nos livrar de grande parte desses idiotas, pelo menos. e se surpreenderam e olharam um para o outro, sorrindo. Então eles se apressaram.
– Você não sabe se virar sem precisar explodir alguma coisa? – resmungou, sem se conter. Assim que fecharam a porta da saída de emergência, colocando o cano do extintor de incêndio na maçaneta para prender, jogou a maleta que estava vazia pra qualquer canto na escada e pegou uma direto das mãos de , elas abriram as duas que estavam cheias de pedras e jogaram conforme iam descendo os degraus.
Quando entraram na garagem foram recebidos a tiros, deu cobertura às duas enquanto elas iam para os carros, foi fácil por serem três veículos iguais e era só pegar a chave na roda. Assim que ligou o seu motor deu uma ré para cobrir enquanto ele entrava no carro dele. No mesmo instante que tomou a frente para sair dali passando por cima dos homens que fechavam a saída da garagem, os que vinham pela saída de emergência entraram no subsolo, porém em vão.
Assim que , estando no último carro, passou pela saída, o prédio começou a explodir do primeiro andar para o último. Eles comemoraram vendo pelo retrovisor.
Quando os três carros estavam nas ruas de Veneza, a lista de quem eles deveriam fugir aumentou para mais um: a polícia.
Seguindo o GPS do carro estava fácil, por mais que fossem muitos homens, as levara para uma rua que dava para a beirada do rio, os carros estavam em uma velocidade média devido ao fluxo de outros veículos e pessoas alheias aquilo tudo, não tinha como atingir a velocidade máxima.
Vendo que mais carros da polícia se meteram no meio, deu a ideia de eles se espalharem para chegar até o outro lado do rio. entrou na primeira rua que viu, sendo essa contramão, ficando com três carros em sua cola, um da polícia, um da Camorra e outro da Cosa Nostra. Assim sendo com e .
entrou em uma viela e ao entrar com rapidez pelo meio de alguns carros em um cruzamento, conseguiu fazer com o que os três que o seguiam freassem e causassem uma batida do segundo no primeiro e do terceiro no segundo.
, por sua vez, foi mais rápida ao levar os três até uma avenida e costurar pelos outros carros, entrando até na calçada para cruzar uma viela que a levava para uma rua que voltava para o rio, assim deixando os três que estavam atrás de si enrolados, fazendo um deles bater num hidrante e outro entrar em uma loja. Porém, era a única com problemas, uma vez que mais carros chegaram em sua cola. Ela não podia chamar por ajuda porque estava sem um ponto para falar, mas não foi preciso quando resolveu voltar para a rua que beirava o rio.
e esperavam por ela na ponte que estava prestes a fechar para a passagem de um barco. Eles tinham apenas dois minutos para passar pro outro lado. e conseguiram capotar cinco carros, fazendo assim sobrar apenas mais um. Os dois se posicionaram na frente de , iriam passar a ponte apenas e o outro ficaria para trás. Porém, quando passou, a ponte começou a fechar mais rápido e assim que estava para fazer a curva e passar, viu pelo retrovisor um carro chegar pela rua lateral com uma velocidade maior que a de e bater no carro dela. A Ferrari rodou na rua e capotou muitos metros à frente.
, por instinto, deu ré em cima do carro que a acertou, o jogando para dentro do rio. Olhou a ponte fechada de um lado e o carro de capotado em outro, viu o carro preto da Camorra estacionar e desceu de seu carro, pegando a metralhadora que estava no banco de trás, no mesmo instante que os homens do carro desciam.
gritava o nome de , mas ela não respondia.
– Vai , deixa que eu cuido daqui. – disse pela escuta e percebeu que ele ainda continuava parado do outro lado, fora do carro. – , vai embora! Ela vai ficar bem – posicionou a arma e chamou a atenção dos homens: – Vederti in inferno, stronzo.*
Ele não queria, mas entrou no carro e mesmo manobrando para sair dali pôde ver pelo retrovisor mexendo os lábios dizendo algo antes de metralhar os homens que estavam rodeando o carro de . Pela escuta, ele ainda conseguia ouvir o barulho dos tiros, até que pegou a estrada e perdeu totalmente o contato, contra sua vontade interior.

Itália, Veneza; Casa Di Cura S. Marco, 00:04am. 1 dia antes.
Como se estivesse acordando da morte, abriu os olhos com rapidez excessiva e sentiu sua cabeça latejar por isso, não estava acostumada com a luz que lhe cegara imediatamente.
Sentia seu corpo todo doer, nunca tinha sido atropelada ou algo do tipo, mas se aquela fosse a sensação, pois bem, sentia-se como se tivesse sido atropelada. Suas pernas estavam formigando e seus sentidos dos braços foram tomados por dores latejantes. Sentia sua região abdominal de uma forma contraída e era a parte que mais doía em todo o corpo e como em um gesto instintivo levou a mão imediatamente àquela, em seguida ouviu a voz de e a viu pela primeira vez ali naquele quarto que ela reconheceu ser de um hospital.
– Você sabe que está morto, não sabe? – Ela disse com um tom tanto quanto cauteloso.
ignorou e desviou o olhar para cima. Se lembrou do motivo que a levou até aquela cama e matou o bebê que carregava dentro de seu ventre, fruto das noites que passava com fazendo coisas que contribuem para esse tipo de coisa, um filho. Não tinha tido tempo de contar a ele de que estava grávida, havia descoberto antes da sua última missão que antecedera a que estava no momento e quando voltou não teve o tempo suficiente para se preparar. merecia algo muito bem planejado do que ficar sabendo que seria pai no meio de uma fuga, ele merecia muito mais do que qualquer coisa que ela tivesse planejado. Sempre esteve ao seu lado como um bom amigo e quando ela sofreu – mesmo que por pouquíssimo tempo – a separação de , fora o único que lhe fez ver que o idiota citado era mesmo um merda, não demorando para se envolverem mais do que grandes amigos.
A gravidez não era algo com que ela tinha se acostumado, eram dois meses se olhando todos os dias depois de um bom banho na frente do espelho de corpo inteiro de seu quarto, vendo as mudanças que só ela percebia começarem a se fazerem presentes. E mesmo assim, aos trinta anos, não tinha ideia de como seria aquilo, ser mãe. Não tinha uma boa referência de maternidade para se espelhar, mas no fundo sabia que podia aprender, como se fosse algo instintivo.
Ela sabia que , por outro lado, seria diferente dela e abraçaria essa causa com muito mais rapidez e aceitação. Nunca escondera dela sua vontade de ser pai antes que fosse tarde demais. Não pôde evitar a vontade de chorar, queria dar uma felicidade daquele tamanho à ele porque ele merecia, mas falhara naquela missão.
Decidiu não contar nada a ele sobre aquilo, o pouparia daquele sentimento cruel que ela estava saboreando. Sentiu uma lágrima cair involuntariamente e levou um braço, com muita força de vontade de sair dali e ignorando as dores, à altura do rosto para limpar.
Se sentou com rapidez na cama e sentiu uma fisgada na costela. se levantou da cadeira que estava e foi lhe ajudar a ficar ereta, lhe dando seu diagnóstico. Tinha quebrado uma costela e perdido o bebê, de mais grave, de resto seriam somente alguns cortes no rosto por causa dos cacos de vidros do carro e as dores no corpo por ter sido jogada para fora do veículo com bastante intensidade.
saiu do quarto para chamar um médico, pois precisava ser examinada após acordar de seu desmaio. Porém, ela voltou segundos depois e trancou a porta, com a respiração pesada. Foi até a janela e olhou para ver aonde dava.
– Nigel está lá fora nos esperando, mas não tem como sair pelo corredor, está cheio de homens da Camorra com a Cosa Nostra – disse, andando de um lado para o outro, se assustando quando ouviu em seguida uma batida na porta. As duas se encararam e fez um gesto com a cabeça para que ela abrisse a porta. o faz depois de se certificar que estava armada o suficiente. Ao abrir a porta, ela revelou a figura de uma enfermeira com uma cadeira de rodas que estava ali a mando do médico, para levar para fazer alguns exames. Subitamente desarmou a mesma mulher e olhou sugestiva para , ambas tendo a mesma ideia.
retirou de todo o seu corpo os fios que estavam ligados a ela, se levantando da cama e pressionando a região da costela quebrada. Ela caminhou devagar, negando ajuda. Se sentou na cadeira de rodas enquanto terminava de colocar a roupa da enfermeira e prendia seu cabelo em um coque igual ao dela.
, quando terminou, respirou fundo e destrancou a porta, saindo do quarto em seguida, totalmente na surdina. Foi em direção ao elevador que a levaria até o subsolo, onde Nigel esperava por ela, quando as portas se fecharam e só abriram na garagem e ela percebeu que tinha conseguido, ficou aliviada. Evitando perder tempo, Nigel foi em direção à ela e guiou a cadeira de até um carro parado ali perto. Assim que o rapaz entrou no veículo, sendo o último a tomar seu lugar na direção, uma movimentação de policiais apareceu na garagem. agradeceu o insulfilm escuro da Land Rover, impedindo que qualquer um do lado de fora visse o lado de dentro do carro.
Não demorou para estarem longe dali.
Nigel parou um pouco o carro para que sua amiga pegasse as duas malas de roupas no porta malas e voltou a se mover pelas ruas, em direção ao aeroporto. , junto com no banco de trás, se trocou, enquanto contava a ela o que tinha planejado naquele meio tempo que ela estava desmaiada.
já sabe que você está bem e ele já está na Rússia, acredito nisso pelo menos.
Vendo a expressão confusa de , que até então tinha ouvido sem proferir nenhuma palavra para evitar as dores na costela, ela especificou:
– Nigel e eu nos conhecemos no orfanato em que fomos largados, tivemos a mesma história: pais mortos pela Cosa Nostra. Crescemos e entramos na máfia por vingança, fugimos depois de desviar uma carga milionária que Leone receberia.
Ela ajudava a vestir as mangas da camisa preta de botões, a deixando finalizar, e sorriu para Nigel, que lhe olhava pelo retrovisor, ao se lembrar do feitio.
– Estamos sendo caçados para morrer e também queremos algo dessa lista de vocês. Minha intenção é ajudar você a acabar com a The Secret Agents Circle em prol de, ao mesmo tempo, ajudar a mim mesma e pegar pelo menos os dados de uma conta bancária. – Deu de ombros e pegou a calça preta, estendendo para . – Tem um voo que sairá para São Petersburgo daqui quarenta minutos, iremos nele e, chegando lá, iremos para o hotel e a segunda parte do plano... Bem, você já sabe. A segunda parte do plano era se deixar ser pega pelos capangas de no hotel, deixando que eles lhe deem uma surra e a levem para a SA Circle. com certeza iria matá-la, mas daria um jeito de se esquivar – mais uma vez – da morte e encontraria no hotel novamente.
Nesse meio tempo, estaria escondido. Quando as duas se encontrassem, iriam para a SA Circle, onde iria implantar as bombas relógio com a ajuda de e alguns homens de quem ele conseguiria apoio para destruir o lugar.
estava responsável por cuidar de pessoalmente, lhe prendendo em algum lugar para enfim sair e deixar o prédio pegando fogo. Encontraria com e numa montanha a dois quilômetros dali, para verem juntos a explosão.
Eles só teriam quarenta minutos depois de as bombas serem ligadas, dando a deixa para agir.
Se algo desse errado, seria matar ou morrer.

Rússia, São Petersburgo; Mr. Hudson Hotel, 08:37pm. Algumas horas antes.
estava sentada na cama do hotel tirando a faixa que estava em volta de seu tronco, iria ficar sem.
Se sentia um pouco melhor, mas o fazia por odiar curativos e por pura teimosia. Sentiu uma pontada enorme quando se levantou, já sem o pano cobrindo a pele dolorida, e movimentou-se para frente e para trás, pressionando a costela. Aquilo doía, era a pior parte do corpo para machucar, a que ela mais odiava. Doía até quando respirava e isso a incomodava. Tomou um banho e cuidou de sua pele com os produtos oferecidos pelo hotel, colocou uma roupa confortável e decidiu se deitar um pouco. Nem percebera quando suas pálpebras pesaram, pelo efeito do remédio que havia tomado, e dormiu um sono profundo.
Mais uma vez, tivera um sonho em meio aqueles dias conturbados, mas com desta vez e um sonho mais picante, alimentando a saudade que ela sentia do corpo dele colado ao dela, suando por tantos movimentos.
Cansados, porém satisfeitos.
– Oh ... – Ele gemia seu nome com tanto prazer que passava essa sensação a ela sem precisar de muito.
estava de joelhos em sua frente, fazendo um trabalho que ele julgava fenomenal, o masturbando com as mãos, alternando vez ou outra para a boca.
segurava firmemente em seu cabelo, pressionando-a a continuar, mesmo que não fosse preciso, ela o faria por conta própria. Cansado da vontade de a ter completamente vulnerável, a puxou para cima pelo cabelo, lhe beijando fervorosamente e sendo obrigado a sentir o gosto de si mesmo que estava na boca dela. Brincou com sua língua até a empurrar para a cama, lhe penetrando intensamente, não lhe dando nenhuma moleza. Ia e voltava com o movimento de seu quadril e lhe tirava urros de prazer, pressionando seu seio, alternando chupões com mordidas na região de seu pescoço simultaneamente.
Entretanto, como tudo o que nos agrada dura pouco, com ela não foi diferente. A mulher abriu os olhos assustada quando sentiu seu corpo ser tocado de verdade e, ao se alarmar por ver homens que eram seus colegas de trabalho parados prontos para levá-la, se sentiu tonta com tanta dor. Não evitou, por instinto, entrar em briga com alguns deles, mas devido ao plano e sua fraqueza se deixara ser levada e apanhar, piorando suas dores. viu desmaiar, com um capuz preto cobrindo seu rosto e imediatamente mandou mensagem para .

“A competição começou.”


Enquanto os dois se preparavam, era jogada em um porta malas e tinha seus braços amarrados. Ela podia estar debilitada, mas quem garantiria para os sujeitos que a pegaram que eles tinham realmente nocauteado a melhor agente da SA Circle?
Eram estratégias, assim como a arrastar do carro até a “masmorra” do prédio da instituição e lhe deferir golpes no caminho. Era um jogo sujo, mesmo sendo contra o inimigo.



Parte 2

Rússia, São sburgo; The SA Circle, 2:40am. Agora.
se sustentou nos braços fracos e se ajoelhou, recebendo um chute de que a fez cair novamente. O mesmo então a pegou pelos cabelos, puxando-a pra cima e disse:
– Você vai morrer pelas minhas mãos hoje, Karlova, vou provar que sou melhor do que você em tudo – sorri amargo vendo o olhar fixo de , acreditando nas lágrimas que ela derramava silenciosamente. – Eu sei que você tem medo, bem aí no fundo você tem medo de morrer... – A soltou, continuando a falar: – Poderíamos ter dominado tudo isso juntos, mas preferiu ficar contra mim.
Para ela era patético ele falar em competição, sendo que fora o primeiro a começar.
Ela não disse nada, desviou o olhar para o chão na sua mais bela encenação. Teria de convencer ele de que estava mesmo com medo de morrer pelas suas mãos.
Observou-o ir até um dos homens, que ela reconhecia e tentava não acreditar que fosse capaz de fazer aquilo, que até então não tinha reparado que segurava uma garrafa de água e uma caixinha preta em uma das mãos. pegou a garrafa e a abriu, tomando um pouco do líquido e em seguida usou a costa de sua mão direita para limpar o suor escorrendo pela lateral de sua testa.
Tirou seu paletó e deu para o mesmo homem segurar, caminhando lentamente até novamente e se agachando, deixando seus rostos bem próximos. A face dela totalmente machucada e suja o deixara por um instante com pena, com vontade de parar e lhe socorrer, mas fora apenas por um instante, coisa mínima. Ergueu o rosto dela pelo queixo e lhe encarou sorrindo, se olhares fossem o suficiente para transpassar os sentimentos de um para outro, entenderia que ele estava dizendo que ainda a amava.
Lhe deu um beijo forçado, não sendo correspondido e isso o fez ter mais certeza de prosseguir com o que começara, chamando com um estalo de dedos o rapaz que segurava a caixinha preta e a garrafa. Pegou a caixinha e a abriu revelando dentro dela um comprimido preto.
se assustou por um instante, de verdade, sem encenação; conhecia aquele comprimido fornecido pela SA Circle e sabia os seus efeitos, que eram, em suma, rápidos até demais. Imaginara qualquer tipo de tentativa de morte vindo dele, menos aquele comprimido maldito. Lembrava de Gonzalo lhe dizendo que ele causava uma morte rápida, mas dolorosa.
Enquanto ela era amarrada novamente pelos pulsos, sendo segurada pelos cabelos e colocada de joelhos, posicionada na frente de , ele abria a garrafa de água novamente, tirando o comprimido preto da caixinha, segurando-o com leveza entre o indicador e o polegar direito. Sorriu para e se aproximou, enfiando dentro de sua boca, que estava aberta, forçadamente, o comprimido sem nenhuma dó ao empurrar com o indicador, o fazendo ir direto para sua garganta.
Em seguida a fez beber água e ela se sentiu como se estivesse se afogando cuspindo um pouco, com sangue. Mas mesmo assim era tarde demais, ela tinha engolido.
– Te vejo no inferno, talvez, meu amor. – se aproximou, lhe dando um beijo e dois tapinhas em sua bochecha.
Rezou mentalmente naquele momento para que e conseguissem um plano B e terminassem com a missão de detonar o lugar, enquanto era jogada ao chão, já sentindo suas pálpebras pesarem e seu estômago arder. Em questão de segundos ela apagou, vendo se afastar pelo mesmo corredor de onde viera.

virou o rosto quando viu que, mesmo apagada, os homens continuaram a bater na mulher que ele sabia ser a única em sua vida.
Estava na sala de segurança do prédio, sentado na cadeira da mesa cheia de telas, envolto pelos corpos desacordados dos que cuidavam da segurança, observando pelas câmeras que davam acesso às imagens da sala onde os prisioneiros eram levados e surrados até a morte, naquele lugar. Vira tudo o que pôde, sentindo repulsa por ter deixado naquela posição, mas se sentia confortável em alimentar sua certeza de que ela estaria bem pouco tempo depois, já que ele havia cuidado disso pessoalmente.
Assim que recebeu a mensagem de , falando sobre ter sido pega, ele entrou no prédio escondido – já que aguardava as instruções em um lugar escondido por ali – e se infiltrou, em busca de agentes que pudessem o ajudar.
Não foi fácil chegar até pelo menos seis homens que o ouviram, depois de uma briga, é claro, mas conseguira uma quantia que pudesse lhe auxiliar no que iria fazer ali dentro: adiantar as coisas para que desse certo.
era boa em agir, mas seu maior defeito era não pensar antes. Se ela estivesse em uma batalha e precisasse pensar sobre pressão para livrar o seu da reta, ela o faria estrategicamente, mas se fosse preciso planejar os detalhes para agir conforme, ela não conseguia. E era isso o que ele fazia ali, garantindo que os detalhes que ela não cuidara fossem perfeitos.
O rapaz que segurava a caixinha preta para era Zach. Ele era o responsável por cuidar do laboratório e depois que recebeu a visita de , lhe ordenando que os comprimidos que ele mandara fazer ficassem prontos logo, viu entrar pela mesma porta com cautela. Lhe contou tudo o que acontecera pelos dias que haviam passado e que precisava de um comprimido com certa urgência.
não precisou de muito para convencer Zach e eles trocaram as cápsulas pretas por uma de morte súbita. teria seu coração parado por uma hora inteira, o suficiente para mandar que a levassem dentro de um caixão para ser jogada em um rio qualquer.
Tudo o que precisava ser feito era Zach levar a caixinha com a pílula errada e deixar que desse para , depois que ele saísse do local iria ajudar a colocar no caixão e desafrouxaria a corda em seus pulsos. Zach o fez e ainda, de bônus, garantiu que o caixão estaria fácil para ela abrir, mesmo que estivesse mergulhando dentro de um rio; também ajudou a atrasar os homens que fariam o transporte, para que desse o tempo exato de ela ser jogada no rio e conseguisse acordar antes de afundar, evitando morrer afogada.
Ao que Zach lhe contou sua proeza, ele se sentiu agradecido por ter encontrado alguém realmente afim de ajudar e fazer o que parecia ser melhor. Lhe deu instruções de como prosseguir a partir dali, assim que visse Karlova entrar no prédio, deveria ir até as celas com os outros agentes que estavam ao seu lado e soltar todos os outros agentes que estavam presos por se opor à . Deveria ser rápido, pois assim que visse entrando, significava que a bomba teria iniciado sua contagem. Zach recebeu as instruções sem nenhuma dúvida e concordou. Antes que pudesse sair da sala e deixá-lo monitorando tudo, ouviu o colega dizer:
– Você não pretende tirar Gonzalo daqui?
– Gonzalo não merece piedade, mentiu para todos nós... – sacou a arma e a destravou. – Merece morrer, assim como . Eu tenho outra coisa mais importante para fazer aqui – colocou a arma na cintura novamente e disse antes de sair de vez: – Seja rápido, Zach, não perca os detalhes.

Rússia, São Petersburgo; Canal do Rio Neva, 3:53am.
Como na primeira vez que acordou no hospital, assustada, acordou novamente, porém dentro de um caixão preto.
Sentia seu corpo sacolejar e a cabeça doer, a respiração estava acelerada por dois motivos: seus batimentos cardíacos acelerados e o susto que levara. Não entendia, se ela tinha engolido o comprimido deveria estar morta, certo?
Ainda sem acreditar que poderia ter sido salva pelo gongo, continuou um tempo com os olhos fechados. Seu corpo todo doía e a costela quebrada ainda dava sinal de estar presente nela, a fazendo reprimir um gemido de dor quando tentava se mexer um pouco. Percebeu que a corda que amarrava seus pulsos estava fraca e não a desfez, aquilo seria bom depois, ergueu um pouco os braços com dificuldade pelo espaço ser quase nulo e viu que o caixão estava aberto.
De repente o sacolejar parou e ela entendeu que aquele seria o momento que seria enterrada viva. Sentiu um pouco de ar entrando quando abriram o porta malas e a tampa do caixão para verificar se ela estava mesmo morta, e ela deu seu melhor para os enganar. Sentiu seu caixão se mover e segundos depois o impacto de cair em algo que parecia ser sólido a princípio, fora precipitada ao pensar que seria enterrada, quando na verdade a jogaram no rio.
Travou uma batalha dolorosa com as cordas e sua dor, sentindo a água entrar pelos furos que deviam ter sido feitos propositalmente na madeira.
A dor aumentava conforme seu desespero.
Quando estava coberta por água e segurando a respiração, conseguiu abrir a tampa de madeira e subiu mergulhando, mas com a ajuda da luz viu que ainda tinham corpos, talvez os homens esperavam para ter certeza de que ela havia afundado. Olhou para o lado e viu uma ponte, foi mergulhando até debaixo da mesma e quando saiu pela superfície para respirar, o fez com o maior desejo do mundo. Nunca quisera tanto como naquele momento sentir- se viva.
Era mais uma prova para de que ela riria sempre na cara da morte e que sempre estaria um passo à frente, naquela competição que ele mesmo criara.
Levou um susto ao, depois de segundos inerte, ouvir o barulho do carro se afastando. Quando percebeu estar sozinha, saiu definitivamente da água fria, quase congelando. Estava com sua camisola de dormir ainda, toda rasgada. Abraçou seu próprio corpo e começou a andar descalça pela rua que era lateral ao rio. Sentia seu pé queimar com o asfalto gelado, chegando a pisar em alguns cacos de vidro, e se abraçou mais intensamente quando um vento frio bateu em seu corpo.
Levantou a cabeça e prosseguiu, se localizando quando viu uma placa de informações turísticas e concluiu que, se andasse mais um pouco, chegaria até o hotel onde estava. Aguentando mais o frio e seu corpo quase fraquejando, ela se apoiou em uma parede e depois prosseguiu.
Finalmente estava dentro do saguão do hotel porcaria em que estava algumas horas antes, deu um susto nos funcionários por sua aparência. Não ligou e prosseguiu até chegar no interior do elevador.
levou um susto quando ouviu batidas na porta do quarto que ocupava. Estava sentada na ponta da cama de casal olhando incansavelmente no relógio de pulso, esperando chegar. Levantou com a arma na mão e foi até a porta, olhou pelo olho mágico e viu que era a mesma.
Imediatamente, abriu a porta e a ajudou quando a viu vacilar e cair no chão. Lhe segurou pelo braço e a puxou para cima, fazendo-a se apoiar nela. Levou até a cama e lhe olhou cair no colchão soltando um urro de dor, sentindo-se mal por ela.
... – a chamou, vendo ela se virar de bruços, ficando meio torta e pressionando a costela. – Você... você... – Não conseguiu terminar.
– Onde está ? – Ouviu-a falar com a voz abafada, por estar com o rosto virado para o colchão.
– Ele está escondido na The SA Circle – respondeu, mordendo o lábio. – Vem, vamos cuidar de você... Vou te levar pra um hospital. Você está tremendo. – Se aproximou.
– Não quero.
se arrastou na cama e foi direto para o banheiro.
Fez uma listagem de coisas que precisava arrumar para ela em alguma farmácia e minutos depois a mesma aparecera com sacolas, com tudo que ela tinha pedido.
Tomou um banho de chuveiro gelado, como sempre fazia para “acordar” seu corpo, passando o sabonete de coco que pedira, para limpar os ferimentos e não os deixar inflamar. Por isso tinha tanta resistência, vivia se provando. Pediu para que arrumasse gelos, muitos, na cozinha do hotel e ela o fez.
Depois de se limpar no banho, encheu a banheira pequena de água e derramou os cubos de gelo por cima, mergulhando seu corpo logo em seguida. Ficou submersa por um minuto e voltou para cima, gastou um certo tempo relaxando na banheira de gelo e já não sentia mais seu corpo queimar com o frio. Saiu da banheira e sem se enxugar, foi em direção à pia, sem desgrudar seu olhar do próprio reflexo pegou a toalha que estava no pequeno balcão, se enxugou com cuidado para não sentir as pontadas da costela ainda fraturada. Depois de seca vestiu uma calcinha e um sutiã, pegos por no quarto que ela estava ocupando horas antes.
Cobriu seu supercílio cortado e todos os outros ferimentos abertos com curativo, nos ralados ela apenas passou um anti inflamatório. Secou o cabelo com a toalha e pegou a tesoura grande para cortá-lo à altura de seu maxilar, deixando os fios bem curtinhos. Abriu a embalagem da faixa que trouxera e fez uma compressa com a própria, enrolando ela fortemente em seu corpo, o que poderia ser mais perigoso, lhe causando alguma outra doença como infecção pulmonar ou pneumonia. Aplicou por si só a injeção de corticosteroide, depois tomou comprimidos de ibuprofeno para aliviar a dor.
Ficou por um tempo apoiada no balcão da pia com o corpo levemente curvado para frente, fazendo exercícios de respiração.
Por fim, vestiu-se com uma calça preta legging e uma camiseta também preta, calçou a bota com cano curto preta e com sola tratorada – colocando dentro dela a famosa algema que se dobra em mil pedacinhos, desenvolvida pela própria agência – de sempre e vestiu uma jaqueta com um pouco de dificuldade.
Ao abrir a porta do banheiro, deu de cara com uma pronta e totalmente armada, terminando de arrumar a mala cheia de fios e bombas. Andou até ela e recebeu um olhar curioso, devido ao corte de cabelo.
– Você não vai armada? – tentou não a questionar pelo cabelo.
– Não. – procurou pela mesinha o maço de cigarros que tinha pedido à e o recebeu em mãos. Só fumava quando estava extremamente tensa. – Obrigada. saiu antes de , a deixando com a chave de um carro, um Porshe preto. levaria como prova para a lista, que estava dentro de uma maleta no carro.
havia mandado o veículo por meio de um agente. Assim que eles tivessem terminado a instalação das bombas, poderia ir. E fora assim, duas horas depois, recebeu a mensagem de lhe dando a deixa. Ela foi a uma velocidade que a fez chegar em menos de quinze minutos no local.
Zach avisou a sobre a chegada de no prédio, dando início então à contagem das bombas. , e Zach evacuaram o local sem muito alarde, deixando apenas os “aliados” de no lugar e seguiram para a montanha que dá visão panorâmica do prédio, ficando a 2 km de distância dali.
se sentou na grama olhando de minuto a minuto no relógio. teria apenas quarenta minutos para agir.

Ela se apressava, sob efeito dos remédios para a dor da costela e a injeção, ela caminhava com a maleta pelo corredor que daria acesso à sala que estaria, que um dia fora de Gonçalo.
Andava com a pose de uma modelo da fashion week, seu rosto firme levemente inclinado para cima, lhe dando o ar de superioridade de sempre. Estava desarmada e usaria a sua maior arma contra : ela mesma. Sabia que aquela era a única fraqueza dele, se ver em uma briga com ela. Diria verdades e sabia que elas o corroeriam de dentro para fora e é claro que retribuiria cada golpe que ela recebera na surra que levara de seus capangas, e o soco que ele mesmo lhe dera ela retribuiria de uma forma melhor.
gostava de ver quem era o melhor, mas no jogo dele era ela quem dava as cartas, ela quem comandava e vencia sempre.
sempre seria o segundo lugar. Não precisou ser anunciada, a vira chegar pela câmera que tinha dentro da sala. Quando parou na entrada da enorme sala que um dia fora ocupada por agentes da inteligência da SA Circle, viu abrir a enorme porta de madeira no fundo, sorrindo galanteador para ela. Era o sorriso que ele dava quando estavam nas preliminares de um sexo selvagem, como ela gostava – no passado distante. Ela parou por uns instantes e tirou os óculos de sol. Seu olho roxo estava coberto por uma camada de base e outra de pó compacto de sua cor. Voltou a caminhar em direção a ele e quando chegou perto lhe estendeu a maleta.
– Está aqui... – disse sorrindo. – Nossa vitória.
não entendeu, se aproximou e tirou a maleta de suas mãos. Abriu e viu a lista que tanto queria, a posicionou na luz para ter certeza de que a criptografia em russo estava ali, mesmo que ele não entendesse muito a língua. Guardou a maleta e puxou pela cintura, a fazendo morder o lábio para conter o grito de dor na costela, o deixando acreditar que ela mordia o lábio por tesão.
Ele a beijou, passando a mão em seu corpo e sendo correspondido por uma fervorosa, a que ele conhecia da época que faziam amor. Verificou se ela estava realmente desarmada e não perguntou como ela ainda estava viva. Sabia que Karlova era amiga íntima da morte, àquela altura de sua vida.
foi lhe empurrando para dentro da sala até chegar na mesa enorme de madeira. Voltou a beijá-lo e, em seguida, foi jogada no sofá que tinha ali, para ter por cima de seu corpo, acariciando-a enquanto colocava uma mão em seu peito por cima da camiseta preta que vestia. Brincava com a língua dela em sua boca causando arrepios inevitáveis. Mas contornou a situação e o empurrou, sentou-se no braço do sofá e o deixou percorrer seu pescoço com a língua molhada e um pouco gélida, revirando os olhos quando ele colocou uma de suas mãos por dentro da sua calça, pressionando sua intimidade por cima da calcinha. Então prosseguiu com os beijos na região da mandíbula dele, rodeando a sua região da pélvis com as pernas, o pressionando contra si até conseguir alcançar a algema dentro de sua bota.
Mas foi pega de surpresa quando ele a jogou no sofá novamente, fazendo sua algema ser arremessada para longe. Soltou um urro de dor por causa da colisão da sua costela fraca com a madeira e viu perceber a intenção dela com a algema, imediatamente se jogando no chão e indo em direção à mesinha que tinha ao lado, para pegar alguma arma que estivesse presa na madeira por baixo, porém, não encontrou nada e sentiu a puxar pelo cabelo curto, lhe arrastando pelo chão.
– Você sempre foi uma vadia calculista mesmo, Karlova. – Ele disse entredentes. – Até pensei que haviam te superestimado demais quando vi que em nenhuma das suas missões fracassadas você não percebeu que era eu quem estava te sabotando. Londres, Nova York, Eslováquia... Era eu, Karlova, querendo fazer você entender que existe alguém melhor sim.
cravou suas unhas no braço dele, descendo-as para arranhá-lo e o fez soltá-la imediatamente. Sentindo uma fisgada na costela, ela virou o corpo e o acertou com um chute na altura do maxilar, o fazendo cambalear e cair na mesa.
Foi em direção a ele e o pegou pelo colarinho da camisa o puxando de volta, desferiu dois socos seguidos nele e quando foi acertar o terceiro teve seu braço parado. a girou e jogou em cima da mesa com força, fazendo-a cair no chão quando se chocou com a madeira. Ele foi para cima e, quando ergueu o pé para lhe dar um chute, ela o segurou, torceu seu tornozelo para o lado contrário e o puxou para cair do seu lado. Se levantou e deu chutes nele, caído no chão.
fez o mesmo e segurou sua perna, fazendo-a cair em cima dele, se levantando com a mão no pescoço dela, porém, o aperto das mãos dele estava fraco e ela se esquivou, lhe dando uma rasteira e em seguida um chute em sua cabeça.
correu segurando na costela, mordendo o lábio pela dor, para o lado da sala onde estava a mesinha que tinha uma arma, quando ia se abaixar fora pega de surpresa por novamente, porém desta vez ele a dera uma chave de braço e a empurrou com um chute para que ela batesse as costas na parede próximo a porta.
Viu cair no chão de bruços, respirando forte pela dor na costela. Ela segurava o tornozelo e ele pensara que havia feito com que ela torcesse aquela parte do corpo. Se aproximou e a puxou pelo cabelo, deslizando seu corpo pela parede para cima, segurou em seu pescoço com uma mão e com a outra livre ele limpou o suor de sua testa, vendo o sangue sujar sua pele.
– Quem diria que eu seria a morte para você, ? – riu amargo. – Alguma última palavra? Quer que eu diga a que eu te fodi loucamente antes de te matar, assim o ódio dele substitui a dor pela sua perda?
olhou para o relógio do outro lado, ela só tinha mais vinte minutos até a bomba explodir. Estava sendo sufocada pela mão dele e não aguentava mais ouvi-lo falar. Aproveitou a oportunidade e com a mão direita, que segurava o canivete que tinha guardado dentro de sua outra bota, o esfaqueou na barriga três vezes. Ele soltou a força de sua mão no seu pescoço e ela lhe deu um golpe com a cabeça, fazendo-o ir para trás, caindo no chão sentado e a deixando meio atordoada. Se apoiou na parede com a lateral do corpo, sentia a falta do ar pesar seu pulmão e a sua costela doía como um inferno sobre terra.
– Olha só para você... Collins, no seu lugar de sempre. Aos meus pés – fez uma careta, sentindo outra fisgada e deu um soquinho na parede. – No começo um cavalheiro, “Não , deixa eu te ajudar...” – riu, lembrando de como ele costumava ser com ela. – Mas era tudo uma farsa, queria saber e ter uma chance de como acabar comigo. – Se virou de frente ainda apoiada na parede e se agachou para pegar a arma, em seguida se levantando e olhando para ele novamente. – Você tentou demais. Tanto que não percebeu a hora de parar, . Eu gostei de você, mas não do que se tornou pelo seu ego – apontou a arma para ele e o viu tremer, pressionando a região esfaqueada que jorrava sangue. – Nunca houve competição, isso foi criado por você e te trouxe de brinde o seu próprio fim, querido. E você deveria ter entendido que não há uma Mitchells Karlova em segundo lugar, porque esse é seu e longe de mim roubar o lugar dos outros – respirou fundo e finalizou o vendo sorrir em deboche: – Eu estou rindo na cara da morte novamente e você pode mandar lembranças a ela por mim. Talvez iremos nos reencontrar um dia, quem sabe no inferno, ? Mas creio eu que até lá você ocupe um lugar abaixo de mim. Porque esse é seu destino e eu, bem, eu sou o seu carma.
Sem hesitar, ela atirou, porém nos dois pés dele, o que o deixou confuso mesmo sentindo uma dor do inferno. Abriu os olhos e a viu rindo.
– Primeiro você vai sentir a dor, depois sua pele vai derreter e, por último, dirá olá para o diabo. – Se encaminhou para a porta e se virou uma última vez: – O segundo lugar sempre foi o melhor para você.
Faltavam apenas dez minutos para que cruzasse o prédio inteiro e saísse a tempo de não estar no meio da explosão. Ela correu pelos corredores, vez ou outra parando para pressionar sua costela, um tanto quanto fraca.
Quando percebeu que estava perdendo mais tempo, usou um celular que tinha conseguido para ligar para . No segundo toque, ele atendeu.
– Antes de tudo, me escuta.
Ela estava ofegante pela dor e corria, já ouvindo as explosões das bombas pequenas vindo de lugares afastados.
– Foi você desde o início, eu sempre soube. Sou o que sou porque você me ajudou, , e eu sempre serei grata à você por isso – parou para respirar e pressionou a costela mais uma vez para continuar a correr. – Eu posso estar no carro da minha amiga morte agora e não sei se vou sair, então escuta: quero que vá embora com a agora mesmo, sei que você trocou as listas e está com a original, use-a. Se depois da explosão eu não aparecer, não quero ninguém atrás de mim, mesmo que a poeira abaixe.
– Shhh... Sem chance de eu te deixar para trás. – disse. Ele já estava em movimento com , iriam resgatar mesmo que fosse uma missão suicida entrar no meio daquele fogo.
– Cala a boca, ! – Ela disse virando o corredor à sua direita que dava acesso a saída. – Eu nunca estive sozinha nessa e nem em nenhuma outra missão, mas desta vez o final pode ser diferente – parou mais uma vez e se apoiou na parede, respirando fundo, continuou andando quando viu a saída, vendo o brilho do carro parado ali mesmo.
... Eu.. – viu parar ao ouvir a explosão da primeira bomba com mais intensidade.
, me desculpa. – já estava dentro do Porsche automático e soltava lágrimas silenciosas, ainda estava em uma zona de risco e não tinha certeza se sairia a tempo.
... – parou de correr e decidiu entrar na dela, olhando da montanha o prédio com algumas partes cobertas pelas chamas. – Eu te amo e sei que vamos nos encontrar de novo e ter mais uma chance de ter outro filho, não desista assim. Não desista de mim.
não respondeu, ela não conseguiria, sabia que tinha contado a ele sobre o bebê. Quando finalmente achou as palavras certas, ela não sentiu nada além de um apagão. viu tudo sumir com a explosão e precisou se jogar no chão com para não serem atingidos por pedaços de estilhaços. Chamou por no telefone, mas ela não respondeu. A probabilidade de ela ter morrido sem ao menos dizer que o amava era grande.



Epílogo

Inglaterra, Liverpool; Carta deixada por M. Karlova . 03:55pm.
O céu estava lindo, o jardim da mansão com aquelas flores lindas florescendo e vivas davam um ar mais harmonioso para a entrada da casa, parando para quem chegasse que aquilo já era o suficiente e dando a surpresa de quando atravessassem o terreno e passassem para os fundos, encontrando o imenso jardim cuidado pelo senhor Thirlwall. Era tudo minimamente organizado para que desse aquele ar de calmaria, paz e de uma natureza tão bem respeitada.
Nem mesmo a ansiedade de Bonnie ao ver, da janela de seu quarto, o carro dos pais vindo ao fundo na estrada de terra que levava até a residência naquela zona afastada da cidade, fazia com que aquele ar único se perdesse. Os gritos dela ecoando pelo corredor no caminho que fez ao sair do quarto em direção a escada, descendo os degraus com cuidado para não cair, ao mesmo tempo que queria chegar na porta o mais rápido possível, eram a trilha sonora mais agradável para qualquer um que estivesse ali.
estava com dificuldades para andar, sua barriga enorme de oito meses a privava de fazer o caminho da área de lazer até a entrada principal da mansão de forma rápida. Mesmo que tivesse o auxílio do filho mais velho, afinal, as pernas continuavam sendo dela e o garoto de oito anos não tinha muito o que fazer a não ser por segurar sua mão e auxiliar para que não tropeçasse em algum brinquedo – fosse este de um dos cachorros ou das crianças.
Mas ela conseguiu, alcançou Bonnie, não compreendendo muito bem o que a menina de dez anos dizia eufórica, mesmo que não precisasse que ela dissesse exatamente o que estava acontecendo. E quando parou ao lado dela na escadaria da entrada da casa, viu o portão se abrir e o carro luxuoso passar por ele, fazendo a curva na fonte no meio da entrada da mansão, para parar a poucos metros de onde estavam.
Enquanto o motorista, senhor Wood, saiu do carro e deu a volta para abrir a porta de trás, ouviu Bonnie dizer:
– Será que Skylar é parecida comigo, tia Bec?
Ela olhou para a criança, com uma mão apoiada no topo de sua barriga. – Tenho certeza que sim, meu bem, ou com sua mãe. Melhor do que ser parecida com seu pai.
– Mas meu pai é lindo! – Bonnie protestou.
No mesmo instante, o casal que saía do carro ouviu a voz estridente dela.
– Mais uma vez demonstrando seu amor por mim à minha filha, ?
– Sim, .
– Então é melhor você guardar as mentiras para o primeiro de abril! – retrucou, levando um apertão no braço.
– Ela acabou de dormir, se acordar você é quem vai dar peito pra sua filha! – , a criança tá mais apagada que seu marido depois do almoço de domingo. Calma.
olhou torto para a amiga na ponta da escada, caminhando lentamente com a recém nascida em seu colo.
– Você vai ver quando Breno sair. Eu vou ser a primeira a dizer: eu avisei.
– Deixa eu ver ela! Mãe, deixa eu ver ela! – Nenhuma das duas pôde continuar o papo, com Bonnie querendo pular em cima da irmã.
– Oi meu amor, vamos entrar, está muito forte o sol.
Bonnie parou, totalmente ignorando o que a mãe lhe disse, olhando o rostinho da criança e em seguida para o pai, com um bico formando em seus lábios.
– Bonnie? Tá tudo bem, filha? – Ele questionou.
– Ela parece um joelho igual o papai.
O casal se encarou por um tempo, em seguida olhando para que segurava um riso.
– Fala para sua filha esperar o primeiro de abril agora, . – Ela disse, fazendo o silêncio se quebrar uma gargalhada conjunta.


*The Secret Agents Circle traduzido para o português fica: O Círculo Secreto dos Agentes.
*“Vederti in inferno, stronzo” é “Te vejo no inferno, idiotas.”




FIM



Nota da autora:Olá! Obrigada por ler e, se possível, não esqueça de comentar. É muito bom saber o que você achou da história.
Espero mesmo que tenham gostado!
Por último, aqui tem o link onde você consegue acompanhar a autora pelo instagram e entrar no grupo dos Leitores da May 🎈

Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.






Nota da beta: Que ficstape incrível! Fiquei animada do início ao fim, e meu Deus, que personagens maravilhosos! Espero poder ler outros trabalhos seus ;)
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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