06. Every Single Time

Finalizada em: 30/12/2019

Capítulo Único

— Alô? — atendi o telefone e respirei fundo ao ouvir a voz daquela que há meses não ouvia.
Liam? Oi, é a Christine. Eu preciso de você.
Esfreguei a nuca, sentindo aquele sentimento estranho no peito de novo que meses antes havia guardado em um lugar profundo do meu interior.
E lá vamos nós de novo…
Liam? Está aí? Eu estou ouvindo sua voz.
— Sim, Christine, estou te ouvindo. O que você quer que eu faça?
Podemos nos ver? Ainda mora naquele seu apartamento?
— Sim, ainda moro nele. Desculpe, mas você acha realmente uma boa ideia nos vermos?
Claro que sim. Pelos velhos tempos, Liam! Olha, nem adianta dizer nada que já estou na frente do seu prédio. Anda, libera o portão.
E desligou.
Suspirei, já cansado do que poderia vir.
Logo lá estava ela, com o mesmo estilo de roupa de sempre.
— Da última vez que ouvi de você, você estava em Hong Kong. O que aconteceu? — perguntei depois de entrarmos, ela se acomodar na bancada da cozinha e eu focar no fogão.
— Longa história, nem queira saber. Mas e você?
— Nada mudou muito — dei de ombros.
— Anne ligou pra mim. — virei pra ela, alarmado com o que minha irmã pudesse dizer. — Ela estava preocupada com você.
— Comigo? O que eu fiz?
— Ela acha que você é gay. Se ela soubesse… — ela riu.
— Mas qual o mal se eu fosse gay? Com o mundo evoluindo, não… — até que eu me toquei. — Espera, o quê?
— Não disse nada. — ela levantou os braços pro alto como se não tivesse dito nada. Para mudar de assunto, preparei um prato pra ela da macarronada que havia acabado de fazer. Ela aceitou de bom grado.
— Aliás, vou dormir aqui. Com você. — engasguei instantaneamente.
— Porra, Christine, que merda! — falei, ainda tentando me recompor. — Só você tem esse poder de fazer isso comigo. — E então eu olhei pra ela. Ela estava roxa e as lágrimas escorriam nas laterais de seu rosto. Até que não aguentou e começou a gargalhar.
— Ai, Liam. — ela limpava as lágrimas — Você é impagável. Eu quis dizer que vou dormir no conforto de sua sala. Fique tranquilo. Está tarde e difícil de se pegar táxi a essa hora da noite.

XXX

Enquanto ela tomava banho, eu enchia o colchão inflável reservado para ocasiões de minha irmã aparecer de surpresa e não ter hora para voltar. Estava uma noite fria, logo esquecida com a imagem da mulher saindo do meu banheiro, com uma camiseta e calça moletom minha. Chacoalhei a cabeça, me concentrando em finalizar o trabalho enquanto ela se aproximava e olhava a minha estante de livros.
— Uh, não sabia que lia Crepúsculo. Adoro homens que gostam de romances vampirescos, embora ache que você seja team Jacob — fiquei vermelho.
— Peguei isso emprestado com a Anne e esqueci de devolver. Não me pergunte o porquê. Bem, de qualquer forma, terminei. Naquele armário tem mais panos, caso sinta frio de noite. E…
— Liam, eu conheço muito bem aqui, não se preocupe comigo.
Ela se aproximou de mim e me deu um beijo na bochecha. Sorri e enfim fui até meu quarto, me preparando pra dormir.

XXX

Senti algo molhado me dando beijos, indo da boca até… Aquilo era um sonho, não era? Não… Mas parece tão real… Epa!
Segurei o rosto da pessoa antes que prosseguisse com o processo e a puxei, dando de cara com a pessoa que atormentava meus pensamentos há meses, desde a última vez que nos reencontramos no casamento de Anne em Amsterdã.
Ficamos nos encarando por alguns segundos, até que ela sorriu e começou a me beijar e a partir dali parei de ser tão racional e continuar o que quer que seja que aquilo levaria. A segurei pela cintura e rodei nossos corpos, ficando agora por cima. Tirei minha camiseta pela cabeça e fiz o mesmo com a dela, depositando beijos em seu peito por cima do sutiã. Queria, de alguma forma, demonstrar todo o meu amor por ela, que a amaria incondicionalmente apesar de saber que logo pela manhã as coisas mudariam e ela sumisse de novo por mais uma semana, um mês, um ano… Quem sabe? Eu só tinha a certeza de que a amava, mas sabia que ela não nutria o mesmo por mim. Incontáveis vezes dissemos um ao outro que aquilo não poderia se repetir, mas ao nos vermos nossos corpos nos traíam. Ao mesmo tempo que era gostoso sentir aquele sentimento, ela doloroso também. Então, naquela noite, ia fazer meu máximo e ter ela e esse momento em minha memória por mais algum tempo, até ela reaparecer de novo. Eu torcia para que ela voltasse, mas era um risco ela não o fazer. Christine era contraditória em tudo que fazia.
E naquela noite, a fiz a mulher mais amada em Manhattan.
No dia seguinte, quando acordei, havia um bilhete dela ao meu lado, onde ela estava ontem à noite.
Obrigada pela noite inesquecível. Precisava disso. Nos vemos em breve.
Beijos,
Sua Christine ❤

Deixei o papel cair de minha mão e esfreguei o rosto, sorrindo.
Mal podia esperar para vê-la novamente.




Fim.



Nota da autora: Oi, foi curtinha, mas espero que tenham gostado. Nos vemos por aí no FFOBS. Não se esqueçam de comentarem o que acharam de cada personagem.




Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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