Última atualização: 05/07/2020

abriu os olhos, sentindo a claridade o incomodar de imediato. Piscou algumas vezes até acostumar-se, logo virando ao redor do quarto em que se encontrava. Paredes de cores claras e móveis brancos, não precisou de muito para notar que estava em um hospital, embora saber daquilo não o fizesse se sentir muito melhor.
Virou-se ao ouvir um barulho na porta, vendo uma mulher de cabelos compridos entrar pela mesma, segurando um pequeno arranjo de flores, murmurando o que ele imaginou ser a música que ela escutava em seus fones de ouvido.
A viu deixar a bolsa na cadeira ao lado, ainda parecendo um tanto distraída, antes de trocar as flores no vaso próximo a parede. Ela virou-se sorrindo em sua direção, até notar que o homem estava acordado, olhando-a com o cenho franzido.
Deixou o celular cair ao chão, piscando duas vezes antes de aumentar ainda mais o sorriso em seus lábios, aproximando-se dele e abraçando-o apertado;
— Meu Deus, nem acredito que estou vendo esses olhos azuis de novo! Como você tá? Meu Deus, ! Estávamos todos desesperados, você tinha que ver o número de promessas que sua mãe fez! O pessoal tá vindo todo dia para ver como você tá! Caramba, senti tanto a sua falta!
franziu o cenho, cada vez mais confuso, ainda sendo abraçado por ela, embora não retribuísse.
— Eu te conheço? — Perguntou, sentindo os braços dela afrouxaram-se ao seu redor, afastando-se minimamente.
Ela o encarou por alguns segundos, sorrindo de canto;
— Muito engraçado, , estou morrendo de rir! — Respondeu, rolando os olhos.
passou a língua pelos lábios secos, mantendo a expressão confusa.
— Desculpe, mas não faço ideia de quem você seja. Se você não tivesse dito meu nome, acharia que está me confundindo com alguém...
A mulher abriu e fechou a boca, afastando-se por completo, ainda parecendo em dúvida se ele falava ou não a verdade. Ao notar que a expressão desorientada dele não era uma brincadeira, disse com a voz falha;
— Sou eu, .

A mulher continuou sentada na cadeira do corredor ao lado de fora do quarto, sentindo-se incapaz de qualquer coisa. Os pais de estavam no quarto, junto ao filho, enquanto o doutor contava sobre sua situação atual; Ele talvez nunca mais recuperasse suas memórias.
não se lembrava de nada dos últimos seis anos, sua última memória era do primeiro ano da faculdade. só o conheceu dois anos depois, por causa de umas fotos que postou de um show de sua banda favorita.
Sentiu o coração apertar e a vontade de chorar crescer em seu peito.
Seu olhar caiu sobre sua mão direita, o brilhante parecendo piscar em sua direção, a lembrando de uma data que talvez não viesse mais.
precisaria cancelar todos os planos; desmarcar com a banda, cerimonialista e, principalmente, convidados. Contudo, embora doesse pensar naquilo, não era o cancelamento do casamento que a preocupava.
E se nunca mais se lembrasse dela? E se ele não gostasse mais dela? Como era possível que ele não se lembrasse de nada, nem mesmo que a amava?
Deixou as lágrimas caírem, o vazio em seu peito crescendo.
Parecia que seu mundo estava desabando ao redor, e ela nada poderia fazer para impedir.
Naquele momento ela percebeu que sua vida e seus planos eram tão frágeis quanto um castelo de areia, o qual só precisava de uma onda para desmoronar.

— Você fez o que garota? — Foi a primeira coisa que ouviu ao atender o telefone, após enviar um áudio para , contando o que tinha acontecido.
— O que mais eu poderia ter feito? — Replicou chorosa, abrindo a porta de seu apartamento. No fundo queria uma resposta, uma solução que em sua cabeça só a amiga teria.
— Eu não sei, - começou irônica — "Oi eu sou , a pessoa com quem você vai casar em quatro meses, muito prazer!" Literalmente qualquer coisa seria melhor que se apresentar como uma AMIGA.
, — suspirou, largando suas coisas na mesa antes de jogar-se no sofá, quase caindo por cima de sua gata, que nem mesmo se mexeu ao vê-la chegar — ele não sabe meu nome, ele não lembra de mim. Como acha que reagiria a isso? — Perguntou, ao tempo que tirava os sapatos — Você tinha que ter visto a cara dele, . não faz a mínima ideia de quem eu sou.
— Por isso mesmo, contar que vocês estão noivos faria com que ele soubesse que te ama e pode confiar em você! — Insistiu, rindo em seguida — Amiga, você pode arrastar o até o altar, ninguém vai se importar, eu muito menos. Só porque eu foquei na dieta não vai ter mais casamento?
riu por alguns segundos, antes de passar a mão em sua gata, puxando-a para seu colo.
— Não quero que ele saiba que me ama, quero que ele sinta. E talvez ele lembrasse de mim se me amasse tanto quanto eu achava...
— Aí, você não começa com esse drama pra cima de mim, ok? Já me basta o macho desmemoriado! — Bufou, logo amenizando o tom de voz — Não tem nada que possa ser feito para ajudar com isso?
— O médico disse que podemos contar alguns momentos ou levá-lo para alguns lugares marcantes, tentar reativar a memória por outros sentidos, mas não é nada certo...
— E o que você vai fazer? Bancar a BFF e fingir que nunca se pegaram?
— Gostaria de dizer que não, mas acho que é exatamente isso que vou fazer!

Never really ever felt this strange and beautiful

olhou ao redor do quarto, enquanto seus pais esperavam próximos à porta, esperançosos que ele talvez se lembrasse de algo;
— Eu continuo morando com vocês após todos esses anos?
— Não, não — sua mãe negou, sorrindo pequeno — mas achamos que seria melhor você voltar para o local do qual se lembra, pelo menos por um tempo. E o Dr. Peterson disse que você poderia precisar de ajuda nessas primeiras semanas…
Ele concordou com um aceno, sentando no canto de sua cama.
— Não é assim que eu me lembro desse quarto…
O casal se entreolhou e Richard deu um passo em direção ao filho, sentando ao seu lado;
— Nós achamos que você poderia usar mais suas coisas atuais, afinal não é mais o garoto de dezoito anos que morava aqui, não é? Nem suas roupas cabem mais em você…
sorriu pequeno, vendo alguns objetos em cima da mesa de canto, próxima a janela.
— Vamos deixar você sozinho, querido, se precisar de algo é só nos chamar, ok?
esperou os pais saírem do quarto para jogar-se contra a cama, respirando fundo e olhando para o teto. Sua cabeça parecia um turbilhão e, ao mesmo tempo, vazia.
Tentava se esforçar para lembrar de coisas que lhe diziam, sempre sem sucesso. Seus pais talvez tivessem razão; ele poderia relembrar de algo ao ver alguém ou alguma coisa comum no seu dia-a-dia.
Levantou-se em um pulo, começando a mexer nas coisas ao redor do quarto; na escrivaninha abriu os cadernos cheios de anotações sobre projetos, reuniões e vários contatos. Abriu seu notebook e encarou a tela, a qual pedia por sua senha. Tentou o nome de seu time, sem sucesso. Tentou sua data de aniversário, nada. Sua terceira tentativa era com a sequência de número que costumava ser sua senha do banco, nem mesmo sabia se continuava com a mesma, mas ao notar mais um erro de acesso, desistiu, suspirando frustrado. Girou na cadeira, vendo o celular no criado mudo, pegando-o e, novamente, se frustrando ao notar que tinha senha. Digitou sequências aleatórias, mas não adiantou.
Jogou-se na cama mais uma vez, como poderia se lembrar de algo se nem mesmo sabia suas senhas?
Ouviu uma batida na porta e, pouco depois, apareceu, sorrindo pequeno em sua direção;
— Ei, como vai?
Ele deu de ombros, mal se mexendo na cama. Vendo-a entrar e olhar ao redor, parecendo tão sem jeito quanto ele;
— Qual a possibilidade de você saber minha senha do celular? — Questionou após alguns segundos, a riu;
— 8123.
tentou no mesmo instante, olhando surpreso em sua direção ao ver que tinha funcionado;
— Muito bem, então eu realmente confio em você, não?
— Talvez isso soe estranho, mas… — Deu de ombros, rindo pequeno antes de sentar no canto de sua cama — Eu sei praticamente tudo sobre você, . Isso inclui todos os seus gostos e senhas.
O homem passou a língua pelos lábios, arqueando a sobrancelha, sentando-se na cama, olhando-a curioso;
— Qual meu sabor favorito de pizza?
— Lombo com abacaxi.
Ele fez uma careta, concordando em seguida;
— Pra eu ter revelado esse segredo, tenho que confiar muito mesmo.
riu, concordando com a cabeça;
— Você chegava toda terça-feira com uma pizza, depois do trabalho… — Contou, sorrindo tristemente ao ver a cara surpresa dele.
— Éramos assim tão amigos?
concordou, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha, antes de começar a contar como haviam se conhecido, embora seguisse omitindo todas as partes que pudesse levá-lo a saber que eram um casal. Ainda não era hora para saber daquilo.
Never really, really ever felt so at home before


abriu à porta de casa, piscando duas vezes antes de dar espaço para o , surpresa com sua visita;
— Atrapalho?
— Claro que não, só não achei que você fosse aparecer tão cedo… Aliás, como você soube chegar aqui? — Questionou ao fazer sinal para ele segui-la pelo corredor em direção a sala.
— Perguntei aos meus pais, — deu de ombros — e então peguei um táxi. O que faz zero sentido, porque eu poderia muito bem dirigir, ainda me lembro disso.
Os dois riram baixo.
— Quer beber alguma coisa?
— Você tem cerveja? — Pediu esperançoso, vendo-a concordar e andar em direção a cozinha, enquanto ele sentava-se no sofá. olhou ao redor, vendo o apartamento espaçoso e bem decorado — Você tem um lugar bem legal, ein? — Elogiou ao vê-la voltar com uma cerveja em mãos.
— Obrigada, na verdade você me ajudou com um pouco da decoração. — Contou, vendo-o parecer surpreso com o próprio bom gosto. — Ao que devo essa honra?
— Ah… — Sorriu sem graça, passando a mão pelos cabelos — Há algumas semanas você estava me contando algumas coisas, queria saber se poderia te pedir um favor… Vou entender se não quiser… — Arriscou olhar para a mulher, vendo-a concordar animada — Poderíamos dar uma volta juntos? Ir em algum lugar que eu frequentava? Já faz quase um mês que eu saí do hospital, queria tentar fazer algo diferente ao invés de ficar em casa esperando ter algum vislumbre da minha vida, entende?
— Claro, podemos sim. Tem algo que você queira fazer em especial? — Perguntou sorrindo, feliz que ele tivesse lhe procurado, talvez não fosse muito para ele, mas para mostrava que, mesmo aos poucos, voltava a confiar nela.
— Bem, não sei… Podemos só passear por aí? — Pediu incerto, tomando um gole de sua bebida para disfarçar o constrangimento.
— É claro que sim, você espera eu tomar um banho? Coisa de uns quinze minutos para sairmos.
— Com certeza, vai lá!

aproveitou quando a mulher entrou no banheiro para olhar ao redor, aproximando-se da parede, vendo alguns porta-retratos;
junto a outra garota que ele não conhecia, as duas riam com o rosto todo sujo de tinta. Na seguinte a estava com um vestido social abraçada a , o qual usava um terno escuro, no que parecia uma festa. O pegou aquela foto, os dois de braços dados, sorridentes. Acabou sorrindo junto, mesmo sem lembrar-se de ou da amizade que tinham, ficava feliz em saber que tinha, de fato, alguém tão próximo com quem pudesse contar.
Continuou a olhar o apartamento, distraindo-se com algumas das fotos que estavam espalhadas pelo local, antes de andar em direção a varanda, olhando a rua movimentada por alguns instantes. Ouviu um miado, logo sentindo algo encostando em seu sapato. Baixou o olhar notando um gato branco esfregar a cabeça contra suas pernas, em busca de carinho. Fez uma careta pequena, tentando afastá-lo, mas o bicho parecia determinado em receber atenção, o homem querendo ou não.
— Xô! — Disse em voz baixa — Passa!
— Boa sorte, — ouviu , rindo na sala, secando os cabelos com a toalha — Milk não vai te deixar em paz enquanto você não fizer carinho na cabeça dela e, de preferência, dar um petisco.
— Como é?
— Ela te associa a comida e a culpa é inteiramente sua. Você começou a dar toda vez que a via, desde que eu a adotei. Tá aí o resultado!
— E eu gosto de gatos? — Perguntou, visivelmente chocado com a informação. sempre preferiu cachorros.
— Não, mas nem você foi capaz de resistir aos olhos esverdeados dela. O petisco está dentro daquele armário — apontou para o móvel —, não dê mais de três.
O homem deu-se por vencido ao ouvir um novo miado do felino, terminando sua cerveja antes de voltar para dentro da sala, ao tempo que tornava a entrar no banheiro, terminando de se arrumar. Agachou-se, abrindo a porta de vidro do armário, encontrando vários DVD’s, e, ao canto, dois potinhos de petiscos. Foi instantâneo, assim que abriu o primeiro, a gata só faltou pular em seu colo, miando sem parar atrás do alimento. riu, tirando três, conforme a mulher tinha avisado, deixando-os no chão para que a gata comesse.
Passou a língua pelos lábios, olhando de canto para o corredor, antes de virar mais um punhadinho na mão, colocando no chão e torcendo para que o animal comesse antes da dona ver que ele havia dado muito mais do que a quantia informada.
— Vamos? — Chamou pouco mais de um minuto depois, enquanto assistia a gata lamber as patas e passar pelos bigodes compridos.
— Claro! — Sorriu, acariciando por poucos segundos a cabeça do bicho, antes de levantar-se.

We're on fire, let us burn
As the outside world, it turns


esperou a terminar de cortar os tomates, ainda pensando na melhor maneira de abordar o assunto sem parecer um adolescente virgem, embora fosse exatamente daquele jeito que se sentisse, já que nem mesmo era capaz de lembrar com quem ou com quantas mulheres havia saído.
? — Chamou baixo, vendo-a jogar os tomates picados junto a cebola na frigideira. — Você... hmm... Você sabe se eu estava saindo com alguém?
A mulher o encarou no mesmo instante;
— Lembrou de algo? — Perguntou esperançosa, sentindo o coração acelerar.
— Não, não — negou frustrado, passando a mão pelos cabelos. — Lembra que ontem eu fui na agência, né? Bill me apresentou ao pessoal, foram todos bem legais. John vai me ajudar com os programas, me mostrar o que fazer e essas coisas...
— E...? — Incentivou, vendo-o olhar para baixo, cruzando os braços.
— Teve essa mulher, ela veio conversar comigo e me mostrar algumas coisas, parece que estávamos trabalhando juntos em um projeto... — Explicou, passando a língua pelos lábios antes de continuar, tímido — Ela disse que estávamos saindo escondidos... — arriscou olhar para a amiga, notando os olhos arregalados e a expressão surpresa — Eu não comentei sobre isso com você?
sentiu o ar faltar em seu peito, abriu e fechou a boca algumas vezes, incapaz de encontrar as palavras.
— É assim tão irreal me imaginar saindo com alguém, é? — Riu sem graça ao perceber o estado da outra. riu forçado, obrigando-se a desviar o olhar, tornando a mexer na frigideira. Sentiu suas mãos tremerem e uma súbita vontade de chorar. — Então você também não sabe sobre ela?
— Não, — pigarreou — não sei.
— Hm... Achei que você pudesse me ajudar com isso, não faz muito sentido eu não ter te contado, não? — Comentou confuso — Mas, ao mesmo tempo, não é como se Scarlet fosse mentir sobre isso, né? Por que você acha que eu não te contei?
— Não faço ideia. — Respondeu, forçando-se a pensar no que fazia, e não nas implicações daquela informação.
Esperou dois minutos, nos quais começou a tagarelar sobre seus colegas de trabalho e como era estranho precisar aprender algo que ele, supostamente, era muito bom, antes da mulher dizer que precisava ir ao banheiro.
Trancou-se no cômodo e fechou os olhos, sentindo as lágrimas caírem com rapidez, colocou as mãos na boca, abafando o barulho do choro.
Mais uma vez sentiu como se uma grande mão esmagasse seu coração; a ideia de que talvez estivesse sendo traída pelo homem que amava levou mais um pedaço de si.

, você tem dois segundos para parar de chorar ou eu serei obrigada a te bater antes de ir matar o ! — disse exasperada, antes de tomar um gole do seu café.
! — A senhorinha chamou a atenção da ruiva, antes de dar palmadinhas nas costas de . — Querida, não fique assim! Você nem sabe se isso é verdade… não faria isso, ele era tão apaixonado…
— Será que era mesmo? — Fungou, passando o lenço que a mais velha ofereceu no rosto, tentando conter as lágrimas. rolou os olhos, bufando;
— Eu já disse pra você não vir com esse drama de filme clichê pra cima de mim, viu? Sou sua amiga e te amo, mas tudo tem limites. — Apontou com o dedo na cara da outra — Agora, sobre o macho desmemoriado, eu também acho improvável que ele estivesse te traindo. Lembra que foi ele mesmo quem te falou que a peituda lá o chamou pra sair? Por que ele falaria isso pra você? Acorda mulher! — Estalou os dedos na frente de seu rosto, querendo chamar sua atenção.
— Poderia ser um álibi, assim eu não desconfiaria de nada!
— Não me venha com termos jurídicos que você não é advogada, lembra? — Resmungou.
— O que a está querendo dizer, — Kim continuou, negando com a cabeça — é que conhecemos o , vimos vocês dois juntos. Quantas vezes ele não veio aqui depois de formado só para te ver? Aproveitava os intervalos de almoço só para passar uns minutos com você, querida. Você não confiava nele antes? Ele algum dia te deu motivos para imaginar uma traição?
negou, respirando fundo;
— Não, mas…
— Longe de mim querer por mão no fogo por homem, — cortou — mas eu também duvido que ele fosse capaz disso. Até pela cara de sonso dele, amiga.
! — Kim chamou sua atenção, segurando a risada com o jeito da outra.
— Trabalho com verdades, Sra. Goldfish, todos sabem disso! — Deu de ombros, tornando a virar-se para a — O que você vai fazer sobre isso?
— O que eu poderia fazer? Não posso cobrá-lo por uma coisa que ele nem mesmo lembra. — Respondeu, ainda mais frustrada com a situação toda, embora se acalmasse aos poucos, tomando um gole de seu café.
— Eu ainda acho que você deveria contar toda a verdade, ele que lide com isso.
— Não é tão fácil,
— Ele nem mesmo desconfia? — Kim perguntou curiosa — Como foi que você fez para esconder tudo?
suspirou, passando a mão pelos cabelos soltos;
— Aproveitei os dias que ele ficou no hospital para falar com todo mundo e mexer no celular e no notebook dele, para apagar fotos e mensagens…
— Apagou os nudes amiga? — perguntou, rindo baixo. — Aposto que se tivesse deixado e ele visto, não teríamos esse problema todo!
!
— Estou só brincando, calma!
We are here and alive


manteve um sorriso tranquilo nos lábios, o qual não passou despercebido pela .
— O que aconteceu?
deu de ombros, mas não conseguiu segurar por muito tempo, sentindo a necessidade de compartilhar aquilo com alguém;
— Lembra daquela mulher que eu falei que supostamente estava saindo antes? — Perguntou animado, vendo-a concordar com a cabeça, embora não tivesse reparado no sorriso amarelo que ela deu — Saímos ontem!
— Você teve um encontro? — Perguntou boquiaberta, vendo-o concordar sorridente.
— Algum problema?
— Não, nenhum… Só achei que talvez demorasse um pouco mais… — Sorriu pequeno, antes de voltar a olhar para frente, vendo as pessoas caminhando no parque com seus cachorros.
— Ah, bem… — Começou, coçando a nuca — Não é como se eu lembrasse de quantas pessoas eu saí antes, não é? Achei que seria bom pelo menos aproveitar as oportunidades que eu tenho agora!
— Claro, claro.
— Enfim, o encontro foi legal — contou empolgado — fomos em um restaurante, e depois acabamos indo para a casa dela… — Parou de falar, embora sua vontade fosse contar tudo o que tinha acontecido nos mínimos detalhes.
Talvez fosse hora dele realmente começar a conversar mais com John para momentos como aquele, pois tinha certeza que não gostaria de saber tanto assim sobre sua noite. fechou os olhos, respirando fundo, tentando parecer o mais neutra possível com aquela informação, ao mesmo tempo que sentia que poderia morrer.
— Vocês vão sair mais vezes? — Indagou, olhando-o de canto.
deu de ombros, passando a mão pelos cabelos, o sorriso de canto ainda presente em seus lábios;
— Não sei ainda, falei que não me lembrava das coisas que aconteceram antes, não é? Mas talvez… Bem, quem sabe…
— Sim, quem sabe… — Concordou, suspirando.
não sabia quanto tempo mais seria capaz de aguentar tudo aquilo, ao mesmo tempo em que achava que precisava tentar ajudá-lo, com a tola esperança de que ele pudesse se lembrar dela em algum momento, tinha a plena consciência que sairia cada vez mais machucada.

Never really ever felt this type of vulnerable


O homem escovava os dentes enquanto procurava uma camisa para vestir, a toalha escura ao redor de sua cintura, parou em frente ao espelho do quarto, passando a mão pelos cabelos, ajeitando-os. Seu olhar recaiu sobre o calendário fixado ao lado, puxando a página de julho e jogando-a fora com a mudança de mês. Franziu o cenho ao tornar a olhar para o dia primeiro; “Meet at 6pm”.
Puxou o calendário procurando alguma outra anotação na página, mas não encontrando nenhuma. Segundos depois ouviu o celular apitar, recebendo uma notificação com o mesmo lembrete, deixando-o ainda mais confuso. O que poderia ser tão importante para ele anotar no calendário e em seu celular com tamanha antecedência?
Terminou de se vestir e saiu do quarto, descendo as escadas e encontrando os pais tomando café;
— Bom dia, filho!
— Bom… — Sorriu, beijando-lhe a bochecha antes de sentar ao lado do pai, aproveitando para pegar uma xícara de café — Por acaso vocês sabem o que eu tinha planejado para hoje?
— Como assim? — Richard perguntou, encarando-o com um fio de esperança na voz.
— Eu tenho anotado no meu calendário e um lembrete no celular, dizendo para encontrar às seis horas, mas não faço ideia do que poderia ser… Mas deveria ser importante, não?
Notou o casal se entreolhar, antes de sua mãe pigarrear, sentando-se enquanto o oferecia uma torrada;
— Talvez você devesse perguntar para ela, filho…
— Sim, vou passar lá à noite, tenho um encontro após o trabalho.

Don't have to hide, don't have to fear

tocou a campainha, mas logo notou a porta aberta e foi entrando;
? — Chamou, tirando a jaqueta e colocando-a sobre o sofá da sala. Passou a mão na cabeça da gata, que miou fraco em sua direção, antes de voltar a se aconchegar para um cochilo dentro de uma caixa de papelão, claramente pequena demais para o felino. — ? — Tornou a dizer, ao virar-se, logo notando a garota sentada no chão da varanda, com uma taça de vinho em mãos e duas garrafas vazias ao lado. — Você teve coragem de ficar bêbada sem mim, mulher? — Começou colocando as mãos na cintura, só então notando os olhos vermelhos e inchados dela. — O que aconteceu?
— Chegou atrasado, . — Ouviu a voz de vindo do corredor, ao sair do banheiro, secando as mãos na calça — Eu já estou resolvendo tudo. Pode dar meia volta, não precisamos de você hoje.
— Sutil igual um elefante, como sempre. — Respondeu, cumprimentando-a com um beijo no rosto, antes de sentar-se ao lado da , passando o braço por seus ombros. — O que aconteceu com você?
— Eu já disse que resolvi o problema, . Vaza.
— É claro que resolveu, — respondeu irônico, tornando a virar-se para — é sério, me fala. O que foi?
— Eu só tive uma semana difícil, não se preocupe.
rolou os olhos, mordendo a língua para evitar falar algo que piorasse a situação, embora sua vontade fosse de pegar o homem pelos ombros e chacoalhá-lo. Faria sua memória voltar nem que fosse na base da porrada, com certeza seria muito mais eficiente do que o plano de “vamos ser amigos” de . Por fim suspirou, passando a mão pelos cabelos ruivos, antes de andar em direção a cozinha, a procura de outra bebida; só muito bêbada para aguentar aquele drama.
aproveitou que a outra se afastou, antes de puxar o rosto de , encarando-a nos olhos;
— Não vai me contar?
— Não tenho nada para contar, . Já falei que tive uma semana difícil, é só.
Suspirou, concordando por um instante, passando a língua pelos lábios, puxando um assunto para distraí-la;
— Você sabe que dia é hoje? — Perguntou com a sobrancelha arqueada.
Você sabe?
— Não exatamente, mas tive dois lembretes de te encontrar às seis horas. O que tínhamos de tão importante agendado?
virou o resto do conteúdo de sua taça, talvez devesse ter ficado com o álcool encomendado para o casamento, mas nem todos aqueles litros seriam suficientes para fazê-la se sentir melhor. Não naquele sábado.
— E então?
— Se você vai ficar aqui, — foi interrompido por , que voltava com mais uma garrafa e uma taça — pelo menos seja útil e abra pra gente, obrigada.
rolou os olhos, rindo leve antes de pegar a garrafa e o saca-rolhas ao lado.
— Pronto, será que agora eu posso saber ao menos qual era o compromisso de hoje?
A suspirou, esfregando o rosto com as mãos;
— Você acompanharia em um show do The Maine — respondeu, não aguentando. franziu o cenho — foi assim que vocês se conheceram, não foi? Pois bem, eles teriam um show aqui, mas acabou que foi cancelado. É por isso que ela está triste, era a banda favorita dela. Esperou por meses esse show. Não é verdade, ?
— Sim, é verdade sim.
— É por isso que você está chorando? — Questionou no mesmo instante, quase sorrindo com a situação.
— Eu juro que se você rir eu vou te empurrar dessa sacada, e quando eu for a julgamento vou gritar na frente do júri: Não, não me arrependo. — avisou, antes de encher a própria taça.
All you have to be is here

encarou a televisão, sem realmente prestar atenção no que que estava acontecendo em Grey’s Anatomy, pensando nas palavras de .
A amiga tinha razão, e sabia que não era a única que pensava daquela forma; vários de seus amigos e parentes achavam que já estava mais do que na hora dela seguir em frente. já estava em outra há muito tempo, só ela continuava parada, esperando por alguma espécie de milagre para resolver sua situação amorosa.
Parte de si achava que seria impossível encontrar alguém que ela pudesse amar tanto quanto , mas ela nunca descobriria se nem mesmo estivesse aberta aquela possibilidade.
Já havia se passado quase um ano desde o acidente, estava na hora de voltar a ter uma vida, não poderia esperar trinta anos se passarem para, só então, perceber que desperdiçou mil oportunidades esperando por uma pessoa que nem mesmo a amava mais.
Puxou seu celular do outro lado do sofá, enviando uma mensagem rápida para , antes que se arrependesse do que estava prestes a fazer.
— Sorte tem você, que só come, dorme e ganha carinho o tempo todo! — Murmurou para sua gata, que piscava preguiçosamente ao seu lado, mal movendo as orelhas ao ouvir a voz da dona.
Tamborilou os dedos algumas vezes no braço do sofá, esperando a resposta da amiga, que demorou muito mais do que ela imaginou a princípio.
“Finalmente um momento de lucidez na sua cabeça!”
“Estou até emocionada!!!!!”
“E como sou muito útil, já estou procurando o macho que te falei!!”


roía a unha, olhando para as roupas sobre sua cama, em dúvida de qual deveria escolher. Ouviu a campainha tocar e, por um momento, sentiu o coração parar, olhando para o relógio no celular e suspirando aliviada ao notar que estava cedo demais para que Daves estivesse ali.
— Ah, é você! — Sorriu sem graça, ao ver parado do lado de fora.
— Nossa, que bom que você ficou feliz em me ver! — Ironizou, entrando no apartamento e fechando a porta.
— Desculpe, achei que seria … — Fez uma careta, apontando para a cozinha — Tenho cerveja e comida, fique à vontade.
— É por isso que eu gosto desse lugar! — Sorriu, abrindo a geladeira e pegando uma latinha de cerveja, antes de andar até a sala, sentando-se no sofá. Tomou um gole da bebida e deixou-a de lado, antes de puxar a gata, que dormia em cima de uma almofada, ignorando os protestos do felino, esmagou-a por alguns instantes, antes de começar a acariciar seu pelo macio. — Vai sair? — Questionou ao reparar na maquiagem e no vestido bonito que ela usava.
pareceu constrangida por um momento, antes de concordar com um aceno, mordendo o lábio inferior;
— Tenho um encontro…
piscou surpreso, antes de sorrir forçado, curioso;
— Com quem?
— Ah… É um amigo da
— Você está indo em um encontro às cegas? — Perguntou boquiaberto.
— Não, não. Já o vi umas duas vezes, ele tinha me chamado para sair há um tempo atrás, mas acabei recusando… — Explicou-se, nervosa, estralando os dedos.
— E agora mudou de ideia? — Tornou, olhando-a desconfiado. — Não sabia que estava querendo um namorado…
— Não estou. — Negou no mesmo instante — Não exatamente, não estou procurando um namorado, mas também não vou mais recusar convites como esse. — Suspirou, encarando-o pela primeira vez.
concordou com um aceno, respirando fundo;
— E você vai assim?
— Na verdade, eu não sei… — Rolou os olhos, negando com um aceno — Foi por isso que eu pensei que poderia ser a , talvez ela me ajudasse a escolher uma roupa, sabe? Faz tempo que eu não vou em um encontro…
— Posso te ajudar com isso! — Avisou, finalmente soltando a gata, a qual correu para baixo da mesa, antes de começar a se lamber. — Qual é, eu tenho bom gosto, ok? — Sorriu pequeno, levantando-se e pegando sua cerveja.
pensou por um instante no quão errado aquilo poderia ser, mas por fim concordando, virando-se em direção ao quarto, sendo seguida pelo .
encarou os dois vestidos que estavam estendidos sobre a cama, arqueando a sobrancelha, antes de dar um gole em sua bebida.
— Você não pode ir de vestido, — disse em seguida, atraindo o olhar da mulher — está frio.
sorriu irônica, apontando para as roupas que ele usava; uma bermuda e camiseta. — É diferente, sabe que eu não sinto frio com facilidade. Você vai acabar com uma pneumonia.
— E o que você sugere, meteorologista.
deu outro longo gole em sua bebida, antes de responder em voz baixa;
— Calça jeans e uma blusa de gola alta. Talvez uma jaqueta, para garantir.
— Você só pode estar brincando! — Exasperou-se. — Se for esse o tipo de ajuda que você tem, pode dar meia volta.
— Estou falando sério, — ele tornou a encará-la, apontando para o vestido que usava — não pode sair com ele com um vestido aberto nas costas, menos ainda com um que tem um decote no seu peito ou é curto. Você não vai querer que ele pense que vocês vão transar, não é?
— Está insinuando que eu me visto como uma garota de programa? — Cruzou os braços, encarando-o com raiva.
— O que? Claro que não! — Negou, passando a mão pelos cabelos, suspirando — Só estou dizendo que você não conhece esse cara, é melhor tomar cuidado. o empurrou para fora do quarto, segurando a vontade de xingá-lo. — Ei! — Reclamou, voltando para a sala e jogando-se contra o sofá, frustrado.

— Você ainda está aqui? — Ouviu a voz de , quase uma hora depois. O publicitário saiu da varanda, pronto para fazer uma piada, mas parou no meio do caminho, ao olhar para a amiga.
— Você vai assim? — Questionou em voz baixa. usava uma saia longa estampada e uma regata preta.
— A última coisa que eu preciso de você agora é uma crítica ao meu visual. — Respondeu, irritada, antes de checar os documentos que precisava para colocar em sua bolsa.
— Eu não… — Começou, mas foi interrompido ao ouvir o barulho da campainha.
Viu a mulher respirar fundo, antes de andar em direção a porta;
— Se for ficar aqui, não faça bagunça! — Pediu, antes de abrir uma fresta da porta, cumprimentando quem quer que fosse.
esticou-se, tentando enxergar o cara com quem ela sairia, mas há havia fechado à porta quando ele conseguiu ter um pequeno vislumbre dos cabelos escuros do homem. Correu de volta para a sacada, encarando a entrada do prédio, esperando que o casal saísse. Quase um minuto depois, viu “o amigo de ” passar a mão pela cintura da , antes de abrir à porta do carro para que ela entrasse.
Esperou até o Audi prata dobrar a esquina para suspirar frustrado, passando a mão pelos cabelos. Nem mesmo sabia o motivo de estar tão irritado, mas definitivamente não tinha gostado daquele cara, não precisava ver mais que suas costas para saber que ele não era bom o suficiente para .

Quando o filme acabou, suspirou, olhando no relógio de pulso, bufando antes de procurar outra coisa para passar o tempo. Ouviu um barulho e logo viu a gata correndo por todo o apartamento, com um ratinho de borracha. Sorriu pequeno ao vê-la brincando distraída, sem importar-se que sua dona havia saído há mais de três horas com alguém desconhecido.
E se alguma coisa tivesse acontecido? Será que ele deveria ligar para e garantir que ela estava bem? Talvez devesse chamar a polícia. Três horas e meia era mais do que suficiente para o amigo desconhecido de fazer algo que pudesse colocar em perigo, mas era claro que não pensava assim.
Sentia vontade de xingá-la só de lembrar do áudio de trinta segundos que ela havia lhe mandado, gargalhando por sua preocupação “exagerada”.
Bufou uma quarta vez em menos de dois minutos, deitando-se no sofá e fechando os olhos por alguns instantes. No fundo nem mesmo sabia o motivo de estar tão irritado com a situação inteira; Era claro que em algum momento sairia com alguém.
Já achava uma surpresa realmente grande ela não ter um namorado e, mais ainda, saber que a mulher estava há meses sem sair com ninguém.
Uma pequena parte de si gritava que ele só estava preocupado com sua segurança, seria diferente se a tivesse saído com alguém conhecido, mas o tal Daves era amigo de , e nem mesmo confiava muito no julgamento da ruiva. era avoada demais para saber quem seria ou não uma boa pessoa para .
Contudo, sua consciência o fazia considerar o motivo de tamanha irritação; em sua cabeça a palavra “ciúmes” piscava com luzes fluorescentes, o que, sinceramente, achava ridículo.
Não tinha ciúmes de , talvez um pouco.
Única e exclusivamente por conta de sua amizade; E se a começasse a namorar e o excluísse por completo? E se parassem de ser amigos?
Resmungou sozinho, tornando a olhar no relógio, entretanto, ouviu um barulho na porta e, segundos depois, entrou por ela. Demorou alguns instantes para que a mulher notasse que o amigo ainda estava em sua casa, parecendo surpresa ao fazê-lo;
— Estava só fazendo companhia para Milk, — disse, apontando para a gata que rolava no chão com o brinquedo — não quis deixá-la sozinha, não sabia que horas você voltaria….
A mulher concordou com um aceno, não se importando com nada daquilo.
Deixou sua bolsa em cima da bancada e seguiu em direção ao quarto, sem dizer nada.
passou a língua pelos lábios, sabendo que tinha algo errado. Levantou-se andando lentamente até o outro cômodo e batendo na porta, antes de esgueirar-se para dentro. estava sentada no canto da cama, olhando para baixo.
— Ele te fez alguma coisa? — Pediu preocupado, sentando ao seu lado e passando o braço por seus ombros, puxando-a para seu peito. A negou com um aceno, sem responder — O que aconteceu? Seu encontro foi assim tão ruim?
— Não, não foi… — Sussurrou, fechando os olhos e respirando fundo.
— E então? O que aconteceu?
— Daves foi incrível, — começou no mesmo tom, travou a mandíbula, sentindo o peito apertar — ele é muito legal, engraçado e inteligente, além de ser muito bonito também…
— Uhum, não precisa me falar que está apaixonadinha no primeiro encontro, ok? — Comentou a contragosto, sentindo uma vontade enorme de rolar os olhos ao ouvi-la elogiar tanto um cara que mal conhecia.
afastou-se, encarando-o nos olhos por um segundo, antes de negar triste;
— Meu problema é justamente o contrário, não consigo me interessar por ele, nem por outras pessoas. — Suspirou, levantando-se para pegar roupas mais confortáveis.
a encarou de canto, franzindo o cenho;
— Esperava se apaixonar no primeiro encontro?
— É claro que não, — negou sem olhá-lo, pegando uma camiseta em seu armário — mas esperava ter o mínimo de atração, e não tive. Foi muito legal, mas eu só conseguia pensar o tempo todo que não tinha vontade nenhuma de beijá-lo ou ter um segundo encontro…
— Vocês se beijaram? — Perguntou com a voz uma oitava mais fina, tranquilizando-se ao vê-la negar.
— Não acho que foi uma boa ideia, sabe? Talvez tenha me enganado sobre voltar a ter encontros. — Contou baixinho, antes de andar em direção ao banheiro para trocar de roupa.
quase sorriu ao saber que a amiga estava reconsiderando a ideia toda de encontros e não pretendia sair novamente com aquele cara, mas sentiu-se mal no momento seguinte ao reparar no quão triste ela parecia. Passou a mão pelos cabelos, frustrado com si mesmo e com toda aquela situação; ele deveria ficar feliz por , querer que coisas boas acontecessem com ela, e ele realmente desejava aquilo, porque ela merecia. Entretanto, a simples ideia de saber que ela poderia estar saindo com outros caras o fazia querer bater em alguém. Nem em sua cabeça aquilo tudo fazia sentido: Ele poderia sair com outras pessoas, mas deveria se manter ao seu lado sendo uma boa amiga sem sair com ninguém? Aquilo era ridículo.
Bufou mais uma vez, levantando-se e andando para fora do quarto.
— Eu sinto muito, — disse parado em frente a porta do banheiro, sem saber mais o que poderia dizer — quer que eu vá comprar sorvete? — Sorriu pequeno, sabendo que talvez a animasse.
— Eu preciso ficar sozinha agora, — falou assim que abriu a porta, vendo o sorriso se desfazer nos lábios do mais velho — conversamos depois, tudo bem?
— Tem certeza que vai ficar bem sozinha?
concordou com a cabeça, sorrindo minimamente. concordou, aproximando-se para um abraço longo, não notando quando ela fechou os olhos, impedindo-se de chorar em sua frente. O beijou-lhe a bochecha, saindo de seu apartamento momentos depois.


Semanas depois
Ouviu o celular vibrar, tateando a mesa ao lado para pegá-lo, sem se desconcentrar do que fazia, precisava terminar aquelas fotos para poder entregá-las na manhã seguinte;
— Alô? — Atendeu, colocando-o no viva-voz.
, querida, como vai?
— Oi, Steve! — Sorriu, olhando para o nome do homem no visor do telefone, antes de voltar sua atenção para as fotos do aniversário de 3 anos que havia tirado dias antes — Tudo bem e você?
— Certo, certo… Eu pensei em passar direto no seu estúdio, mas achei que você poderia estar ocupada, — começou o senhor, parecendo sem jeito — e não queria tomar muito o seu tempo…
— Algum problema? — Questionou, estranhando o tom de voz do homem, deixando as fotos de lado e pegando o telefone, tirando-o do viva-voz antes de colocá-lo contra sua orelha.
— Bem, entende… Com essa crise… — Suspirou o senhor, demorando um pouco para voltar a faltar — Precisamos fazer alguns cortes, , infelizmente você precisa ser um deles.
A mulher demorou alguns instantes para entender o que ele queria dizer, sentindo uma súbita falta de ar;
— O que… O que quer dizer?
— Eu sinto muito, , sabe o quanto eu gosto do seu trabalho…
— Então por que quer acabar com nossa parceria? Eu fiz algo errado? — Tornou, sentindo a voz sair falha.
— Não, é claro que não, gosto muito de trabalhar com você, . Sempre tivemos um ótimo relacionamento durante esses anos… É só que as coisas não tem estado fáceis ultimamente, a crise está realmente nos pegando nesses últimos meses, eu tentei segurar o máximo possível…
— Steve… — Pediu com a voz fraca, sentindo a vontade de chorar.
— Eu sinto muito, , mas conseguimos fotógrafos mais baratos… Posso contratar dois iniciantes com o que eu te pago… A qualidade não será a mesma, mas neste momento preciso fazer escolhas difíceis.
— Steve, por favor… Meu maior contrato é com vocês, não posso perder isso…
— Eu entendo, querida, mas no momento não posso fazer mais nada… Talvez daqui alguns meses quando as coisas melhorarem… Se você estiver disponível…
A mulher fechou os olhos, respirando fundo, sentindo todo o peso que aquela notícia trazia consigo.
— Vou depositar seu pagamento deste mês e um pequeno extra pelos anos de parceria, espero que você fique bem, ok? Eu sinto muito.
desligou o telefone, passando as mãos pelo rosto e limpando as lágrimas que já caíam de seus olhos. Já não bastasse tudo o que estava acontecendo em sua vida, agora havia perdido sua maior fonte de renda.
Não conseguiria manter seu estúdio e o apartamento, já estava pesado o suficiente desde que começou a pagar tudo sozinha, sem para dividir as contas de casa, mas perder o contrato com a M&G parecia ser o golpe final. Toda vez que achava já ter atingido o fundo do poço, lá vinha mais uma notícia para dar-lhe outra rasteira.

We're on fire, let us burn



respirou fundo, fechando os olhos quando desligou o telefone. Sabia que era a decisão correta, mas precisar admitir aquilo doía.
Não tinha mais nada para ela naquele lugar.
Valência não era mais sua casa, não era mais o lugar que queria morar. Tudo na cidade a lembrava dele; o parque no qual costumavam caminhar, o restaurante que frequentavam todo mês, até a padaria próxima do apartamento. Sentia como se mais nada ali fosse dela, era tudo deles. E não existia mais eles.
E agora ela havia finalmente se dado conta daquilo; Não teria como voltar no tempo, seus caminhos estavam separados e era hora dela aceitar aquilo, mas sabia que não conseguiria seguir em frente se o visse o tempo todo. Precisava se afastar para ter a chance de um recomeço.
Ouviu o barulho na porta e, pouco depois, a voz de preencheu o local. Não demorou muito para que o aparecesse em seu quarto, franzindo o cenho ao encontrá-la ainda de pijamas, deitada na cama, com o travesseiro sobre a cabeça;
— Não me diga que vai assim ao cinema? — Perguntou aos risos, antes de se aproximar, sentando-se ao seu lado — Está tudo bem? — Tornou ao notar a falta de resposta.
resmungou algo que ele não foi capaz de compreender, mas soube que o filme já estava fora de cogitação. Tirou os sapatos e jogou-se ao seu lado na cama, colocando os braços atrás da cabeça, encarando o teto.
— Não vai me contar o que aconteceu? — Pediu mais uma vez, a voz baixa.
A mulher tirou o travesseiro de seu rosto, mas não teve coragem de encará-lo;
— Vou me mudar em um mês.
virou-se lentamente em sua direção, a língua passando pelos lábios, processando aquela informação;
— O que quer dizer?
— Estou voltando para Chicago no dia cinco. Acabei de reservar minha passagem.
O piscou, detestando-se por um instante ao notar o quão lento estava seu raciocínio aquela tarde, mas nada do que dizia fazia sentido em sua cabeça.
— Como assim? Você vai ficar fora por quanto tempo?
— Estou voltando em definitivo, . Ou pelo menos até ter um novo plano, Valência não é mais lugar pra mim. Não tem sido há meses.
— Você está brincando comigo? — Questionou afoito, virando-se por completo em sua direção — O que quer dizer com isso? E tudo o que você tem aqui? Vai simplesmente abandonar?
sorriu pequeno, ainda sem olhá-lo;
— E o que tem pra mim aqui? Um apartamento que vou perder por ter um aluguel muito alto, um emprego de freelancer, porque perdi meu emprego fixo. Um estúdio que não poderei mais manter... O que está me prendendo?
— Seus dois melhores amigos, talvez? E lembre-se que um deles ainda sofre de falta de memória!
A mulher o encarou por um instante;
está bem, muito bem empregada e com um novo namorado, ela já sabe disso e até concordou comigo, disse que eu preciso respirar novos ares…
não sabe o que está falando! — Protestou no mesmo segundo.
— E meu amigo desmemoriado seguiu com sua vida, — continuou, fingindo não escutar o que ele havia dito — está feliz e sua falta de memória não é mais um problema. Você vai ficar bem, . Na verdade, você já está bem, só vai melhorar. — Passou a mão por seus cabelos — O que acha de pedirmos alguma coisa para comer? Estou morrendo de fome.

Never really, really ever felt so adored before


levantou-se da cama, puxando-a para um abraço antes de passarem pela porta do quarto, apertando-a contra seu peito.
— Eu sei que as coisas não estão boas agora, mas você não pode abandonar tudo, . Eu preciso de você aqui, sabe?
retribuiu o abraço, não privando-se de deixar as lágrimas caírem por seus olhos, sentindo aquele peso enorme em seus ombros e o nó em sua garganta.
continuou abraçado com a , ouvindo-a chorar baixo contra seu peito. Sentiu-se mal por saber que não conseguia ajudá-la; esteve ao seu lado desde que havia acordado no hospital, e agora que era ela quem precisava de ajuda, não tinha muito que ele pudesse fazer. Ofereceu-lhe dinheiro, mas ela negou no mesmo instante, como ele sabia que ela faria antes mesmo de sugerir.
Sentiu-se ainda pior ao perceber como ela sempre tinha priorizado os problemas dele. Sempre falavam de e como ele estava com tudo, não lembrava-se de ter escutado, ou mesmo perguntado, sobre como ela estava com tudo aquilo. havia perdido o emprego, estava com problemas financeiros, e ainda gostava do ex-namorado do qual todos eram proibidos de falar sobre, ainda assim ajudava com sua falta de memória.
Apertou-a em seus braços, sentindo o próprio peito doer.
Gostaria de poder ajudá-la, de passar o mesmo conforto e segurança que ele havia encontrado nela todas as vezes que precisou.
Passou uma mão por seus cabelos bagunçados, pensando em algo que pudesse dizer, mas nada parecia bom o suficiente. Fechou os olhos, soprando baixinho a única coisa que chegou a seus lábios, embora soubesse que não era muito;
— Vai ficar tudo bem, . Você não está sozinha, ok? Eu tô aqui, sempre que você precisar eu vou estar bem aqui.
Ouviu a risada nasalada dela, e aquilo pareceu machucá-lo ainda mais: não confiava nele.
— É sério, eu prometo pra você. — Repetiu em voz baixa, querendo de alguma forma transmitir o que sentia. Afastou-a minimamente, encarando os olhos avermelhados e inchados, ainda molhados das lágrimas. — Qualquer coisa, a qualquer hora.
A suspirou, desviando o olhar.
então sentiu a necessidade de provar aquilo de alguma forma.
— Você é incrível, sabia? De verdade. Você é uma das melhores pessoas que eu conheço. Você é inteligente e corajosa, . Tenho certeza que sempre foi, e se eu conseguisse lembrar dos últimos anos, tenho certeza que te provaria isso com mil exemplos. — Começou, passando a língua pelos lábios, ainda preocupado com a falta de confiança dela, não apenas nele, mas em si mesma. — Você não largou tudo o que tinha para conquistar suas coisas sozinha? Não veio para uma cidade que não conhecia, sem nenhum amigo por perto? Acha que todo mundo faz isso, ? Acha que eu faria isso? Você é uma mulher incrível, deveria lembrar disso mais vezes.
sorriu pequeno, ainda sem encará-lo;
— Não é como se tivesse dado muito certo, no final.
— Quem foi que te disse que acabou? — Questionou com a sobrancelha arqueada — Pode ser apenas um episódio ruim, tal qual aqueles de Friends que tem o rolo de Ross e Emily. Não significa que acabou, é só você esperar a próxima temporada!
A mulher riu baixo, fungando.
— Você não faz ideia do quão incrível é, qualquer cara seria extremamente sortudo de ter você do lado. Na verdade, eu nem sei se existe alguém bom o suficiente para você! — Tornou a dizer, vendo-a rolar os olhos e negar. colocou as duas mãos sobre o rosto delicado dela, prestando atenção em cada detalhe; — Estou falando sério, . Você não faz ideia do quão maravilhosa você é: engraçada, inteligente, linda, sexy. Você é a porra do pacote completo! Pode conseguir qualquer cara no mundo.
o encarou por um instante, e surpreendeu-se ao notar que ela parecia ainda mais triste do que antes;
— Talvez nem todos.
O continuou a encará-la, sentindo um comichão nas pontas dos dedos.
— Nenhum cara seria burro o suficiente para te dizer não, .
No instante seguinte foi tomado por um impulso. Sem nem pensar, colou seus lábios aos dela. Por um segundo era apenas aquilo; seus lábios juntos com uma pressão mínima. Momentos depois, sem que eles soubessem quem começou o que, suas línguas se encontraram.
sentiu uma corrente elétrica passar por todo seu corpo, apertando-a contra si e aprofundando ainda mais o beijo. Era como se aquilo fosse o que estava faltando em sua vida, sem que ele nem mesmo soubesse, pelo menos até aquele instante.
o empurrou com força, afastando-se;
— É melhor você ir embora — Pediu com a voz baixa.
abriu e fechou a boca, sem saber ao certo o que dizer, mas sentindo a necessidade de falar algo;
, eu…
— Vai embora, — pediu, dando-lhe as costas e fechando os olhos com força, tentando acalmar as batidas de seu coração — não preciso disso agora, nem você. Só vai embora.
O deu um passo em sua direção, estendendo a mão para tocar-lhe o ombro, mas desistiu no meio do caminho. Virando-se para sair do apartamento.
precisou de vários minutos para se acalmar e não ter mais vontade de chorar. Um misto de confusão com seus sentimentos.
Esperou por tanto tempo para poder estar junto de mais uma vez, quis beijá-lo tantas vezes durante aqueles meses, contar-lhe a verdade e torcer para que ele voltasse a sentir o mesmo… Mas agora aquilo parecia não fazer sentido em sua cabeça.
Justamente quanto estava decidida a largar tudo e seguir em frente, sabendo que ele não a amava, aquilo tinha acontecido. No fundo sabia que tinha sido apenas momentâneo, a via apenas como uma boa amiga e, por mais que sentisse seu coração querer devolver-lhe as esperanças, sua cabeça a alertava que não era aquele o caminho que deveria seguir. Não poderia perder outro ano esperando por migalhas, aguardando um lampejo de uma memória que o homem talvez nunca mais recuperasse.

And I said, "I wanna feel like this forever"


esfregou o rosto com as mãos por incontáveis vezes, sem saber o que deveria fazer. Achava que talvez não devesse ter saído do apartamento de , não até conversarem propriamente. Agora não iria saber como agir na frente dela na próxima vez que se encontrassem, e a pior parte era nem mesmo saber se voltaria a falar com ele: Ela poderia simplesmente achar que ele tentou se aproveitar de um momento em que ela estava fragilizada.
Ele deveria tê-la assegurado que aquilo não era verdade, que ele nunca tentaria tirar vantagem dela. Ao invés, ele deu as costas e correu como uma criança assustada, e continuava tão sem reação quanto duas horas antes.
Precisava tentar clarear as ideias antes de tomar uma atitude, para não correr o risco de piorar a situação toda.
era sua melhor amiga, ele poderia não se lembrar das coisas de anos atrás, mas nos últimos treze meses desde que acordou no hospital ela havia estado ao seu lado sempre que precisou. E agora pensar que ele não tinha sido o amigo que ela merecia o fazia se sentir mal, porque sabia que ela não confiava inteiramente nele. Por mais que não o cobrasse e soubesse que não era sua culpa, sabia que ficava chateada por ele não se lembrar dela.

Even if forever's just for now


E realmente gostaria de lembrar, de ao menos recuperar todas as memórias que tinha com ela para saber se havia sido um bom amigo antes do acidente. Passou a mão pelos lábios, fechando os olhos por alguns segundos, sentindo o coração bater apertado contra seu peito, sabendo exatamente o que aquilo significava.
Respirou fundo, soltando o ar lentamente.
Será que já se sentia daquela forma antes do acidente? Será que em algum momento havia pensado em se declarar para ? Será que ela sabia sobre aquilo?
E, principalmente, será que ela poderia sentir o mesmo?
Pensou na forma que ela o afastou, no olhar surpreso e confuso que ela tinha. Talvez eles já tivessem passado por aquilo anteriormente; poderia ter se declarado e ela o rejeitou e agora faria aquilo mais uma vez.
Sentiu como se tivesse levado um soco no estômago ao pensar naquela possibilidade.
Pegou seu celular, pensando em ao menos mandar-lhe uma mensagem, mas nem sabia o que dizer. Abriu a foto de no aplicativo, riu sozinho ao ver a selfie dela, sorridente com a gata aparecendo no fundo.
Respirou fundo mais uma vez, deixando o celular de lado e levantando-se para um banho, precisava esfriar a cabeça antes de pensar no que fazer, a única coisa que sabia naquele momento era que estava completamente apaixonado por sua melhor amiga.
For now, for now, for now


O encarou o computador à sua frente, os panfletos da campanha que deveria impulsionar jogados em sua mesa, mas nada vinha a sua cabeça. Fazia dias que não conversava com e aquilo era tudo o que ocupava sua mente, embora ainda não fizesse ideia de como resolver as coisas com ela.
Havia enviado duas mensagens e até ligado, mas foi ignorado todas as vezes; estava afastando-o e sempre que pensava sobre aquilo sentia o coração apertar, considerando o motivo dela fazê-lo. não estava interessada nele, não daquela forma.
Esfregou o rosto, bufando frustrado com a situação toda, até ouvir uma batida na porta de seu escritório;
, você está com os cartazes daquela propaganda de cerveja? — Bill perguntou ao entrar.
— Sim… — Olhou ao redor, pensando por alguns instantes, antes de levantar da cadeira e abrir o armário ao canto — Mas só tenho os esboços que não foram aprovados…
— Tudo bem, estamos pensando em adaptar para uma nova campanha, depois quando você puder passar na minha sala eu te explico melhor, mas estamos considerando usar em um novo contrato e... Algum problema? — Virou-se curioso ao notar o olhar perdido do colega, olhando confuso para o armário.
— Não, não, estão aqui — balançou a cabeça, entregando-lhe o material —, só preciso organizar esse armário, nem sei mais o que tem dentro, talvez tenha mais alguma coisa útil para depois…
— É por isso que eu sempre digo para nunca jogarmos nada fora, sempre podemos reaproveitar alguma coisa! — Sorriu, agradecendo antes de voltar para a própria sala.
olhou para sua mesa, sem ideia alguma de como começar uma campanha para a empresa de fast food, e então suspirou. Bill talvez estivesse certo, quem sabe mexendo naquele material ele não conseguiria pensar em algo? Além de poder ocupar sua cabeça com outras coisas.

Quase duas horas depois, estava finalmente terminando de organizar tudo. Ficou realmente surpreso ao notar o tanto de material que tinha perdido em sua sala, nem mesmo reconhecendo a maioria das coisas que estavam ali. Pegou uma última caixa de papelão mais ao fundo, para ver o que tinha dentro e poderia ser reutilizado. Alguns papéis e panfletos de campanhas anteriores, um pendrive e um porta-retratos com uma foto dele abraçado a , com Milk no colo da .
Suspirou, passando a mão pelos cabelos. Nem mesmo fazia sentido para ele ter aquela foto em seu local de trabalho, já começava a considerar que talvez tivesse alguma obsessão na mulher.
Colocou a foto de volta na caixa, devolvendo-a para o armário, mas ficou curioso com o material do pendrive. Talvez fossem algumas músicas antigas ou material de outras campanhas. Pegou o objeto e o conectou ao notebook, tomando um gole de água enquanto esperava os arquivos carregarem.
Havia ali uma pasta de músicas e outra de fotos. Abriu a de música primeiro, deixando-as tocarem aleatoriamente, antes de abrir a pasta de fotos, curioso.
Não demorou ao ouvir os acordes um tanto desconhecidos, mas gostando do começo da música; “The Maine - Miles Away”. Riu sozinho, impressionado com a coincidência.
Franziu o cenho por alguns instantes, olhando as primeiras fotos da pasta.
Passou a língua pelos lábios, ainda um tanto confuso, mas então imaginou que o pendrive pertencesse a e ela pudesse tê-lo emprestado em algum momento. Olhou as primeiras fotos, a maioria eram de Milk dormindo de forma fofa ou vídeos curtos dela fazendo algo engraçado. Riu baixo, logo vendo selfies de com a gata, e depois com , as duas sempre muito sorridentes em diferentes momentos, às vezes, bebendo. Logo depois começaram as fotos em que aparecia, e ele sorriu largamente ao ver os dois juntos em diferentes ocasiões, embora não fosse capaz de lembrar de nenhum desses casos, era bom saber que haviam passado por tantas coisas juntos.
Franziu um pouco mais o cenho numa foto em que ele e estavam abraçados e estava com John, seu colega de trabalho. Analisou com cuidado aquela imagem e a seguinte, talvez eles tivessem tido algum rolo que ele não lembrava. Na terceira ele teve certeza, pois o casal estava aos beijos enquanto seu eu da foto colocava a mão no rosto, não querendo ver aquela cena.
Os quatro pareciam estar em uma praia, haviam algumas fotos de e juntas, algumas de John e bebendo ou fazendo um churrasco e, até então, nada que realmente lhe chamasse a atenção. Não tinha nada demais ter várias fotos abraçado com , eles eram melhores amigos, não? Contudo, a imagem seguinte fez algo em seu peito aquecer; Ele vestia apenas uma bermuda e usava um biquíni azul, com uma saída de praia ao redor da cintura, ele a abraçava por trás beijando-lhe o pescoço enquanto ela ria. Na próxima sentiu o coração parar uma batida antes de acelerar rapidamente; Os dois estavam abraçados, aos beijos.
Piscou algumas vezes, olhando agitado para aquela foto, antes de procurar por outras:
Várias dele sem camisa no apartamento da , algumas ele fazia careta ou estava dormindo, outras estava com a gata em seu peito ou sobre seu ombro.
Então viu uma selfie que ele mesmo parecia ter tirado, sentada em seu colo segurando a gata, a mulher usava uma camisa que ele tinha certeza que o pertencia. Encontrou outras fotos dos dois juntos aos beijos e, cada vez que via uma daquelas, sentia algo esquentar em seu peito, mas foi a última que lhe tirou o fôlego: Os dois usavam roupas sociais, segurando suas taças de champagne, enquanto a mulher sorria mostrando sua aliança de noivado para a câmera.

I wanna feel like this forever


passou pela porta aberta do apartamento, olhando confuso para os lados, ao ver o número de caixas espalhadas e duas malas mais ao canto. Ouviu o miado desesperado de Milk, logo vendo-a presa dentro da caixa de transporte. Passou os dedos pela gradinha, para ela cheirar, ainda olhando atônito ao redor.
Ouviu a voz de vindo do quarto, andando até lá;
— Tudo bem, mãe. Até mais tarde! Beijo.
— Você está se mudando agora? — Perguntou no mesmo instante, vendo-a desligar o celular, colocando-o no bolso da calça. A pareceu surpresa ao vê-lo ali, mas disfarçou, cruzando os braços e dando de ombros.
— Conversei com o Sr. Smith, ele disse que se eu saísse até o final desta semana não precisaria pagar o aluguel… .
— Obrigado por se despedir. — Ironizou, sorrindo de escárnio.
suspirou, passando a mão pelos cabelos;
— Eu iria te ligar mais tarde…
— Certo, porquê você realmente me conta tudo, não é mesmo? — Replicou com desdém. o encarou com o cenho franzido — Por que não me disse que estávamos noivos?
viu a expressão confusa da mulher mudar para uma descrente, a boca ligeiramente aberta, enquanto negava com a cabeça, incerta.
— O que… Quem…?
— Ninguém me contou nada, o que é ainda pior. Nem mesmo sei em quem eu posso confiar, porque ninguém foi capaz de me dizer que estávamos para nos casar, muito menos você. — Replicou nervoso, sentindo-se cada vez mais confuso com a situação inteira. Simplesmente não fazia sentido para ele a mulher não tê-lo contado sobre aquilo — Eu vi fotos nossas, . Em um pendrive que estava no meu escritório.
A mulher suspirou, passando a mão pelos cabelos ao olhar para o lado. esperou por uma explicação, a qual não veio.
— Por que não me contou? — Insistiu após alguns segundos.
— O que eu deveria ter feito? — Questionou, virando-se para encará-lo — Você nem mesmo sabia quem eu era, . Nem meu nome você lembrava. O que acha que teria acontecido se eu tivesse me apresentado como sua noiva? Oh, eu sei que você não lembra de mim, mas vamos nos casar em quatro meses, então seria legal você não se atrasar! — Ironizou, bufando em seguida, tornando a desviar o olhar ao cruzar os braços.
— Talvez não de imediato, mas… — Começou, interrompendo-se por um instante, franzindo o cenho — Quatro me…? — Fechou os olhos, passando a língua pelos lábios — Primeiro de agosto, encontrar às 18h. — Sussurrou, vendo-a concordar com um aceno, sem olhá-lo. — Eu sinto muito.
— É, eu também. — Disse em voz baixa, ainda sem ter coragem de voltar a olhá-lo.
— Por que não me disse depois? Você teve diversas chances e…
— Ah, é? — Tornou no mesmo segundo, começando a irritar-se. Ele realmente achava que aquilo tudo tinha sido fácil para ela? — Quando seria uma boa hora? Você passou dias sem falar comigo depois que saiu do hospital, demorou semanas para sequer conversar, mesmo eu te procurando e tentando te ajudar como podia. — Bufou, frustrada — Talvez quando você começou a me contar sobre os vários encontros que tinha? — Questionou com a sobrancelha arqueada, um sorriso irônico no cantos dos lábios — Quando apareceu na sua festa de aniversário com uma mulher que tinha acabado de encontrar? — Relembrou — Ou, talvez, quando você me falou que estava me traindo com aquela mulher do seu trabalho, a qual você saiu algumas vezes depois.
abriu e fechou a boca, negando com um aceno, embora não soubesse o que fazer;
— Eu… Eu nunca te trairia… Eu tenho certeza…
— Não, você não tem — ela negou, olhando-o triste — porque você nem mesmo se lembra de nada disso, . Como pode saber se fez ou não alguma coisa?
— Eu não faria isso… — Negou nervoso, sentindo o desespero se apossar de seu corpo.
— Eu também achei que não, — respondeu em voz baixa — mas você mesmo disse, por que ela mentiria sobre isso?
O homem abaixou a cabeça, ainda duvidando que aquilo pudesse ser verdade.
— Não faz mais diferença — disse, passando a mão pelo rosto.
, eu…
se você ainda quiser que eu te leve até o aeroporto é melhor mexer essa bunda! — Ouviram a voz de vindo da sala — Mas, por mim tudo bem se você não quiser ir.
A mulher fechou os olhos, respirando fundo antes de virar-se para a cama, pegando sua bolsa. Aproximou-se de , beijando-lhe a bochecha;
— Se cuide, ok?
a segurou pela mão, antes da se afastar por completo, olhando-a de lado:
— Não me deixa, por favor. — Sussurrou, sentindo o peito arder.
sorriu triste, olhando-o por poucos segundos.
— Foi você quem me deixou, antes mesmo do seu acidente.
Andou para a sala, sem olhar para trás uma segunda vez, com medo de que sua emoção vencesse mais uma vez.
— Eu não acredito que não vou mais poder te ver toda semana, coisa fofa! — dizia, esmagando a gata na sala — Tudo por culpa da ridícula da sua mãe, — então virou-se para a amiga, vendo-a puxar as malas — deixa eu ficar com ela? Precisarei de alguma coisa para lembrar de você. E olha para nós duas! É óbvio que a Milk me ama! — Dizia, apertando-a contra seu rosto.
A gata miou baixo, quase como um pedido de socorro, o que fez negar com a cabeça, colocando-a de volta na caixinha.
— Mal agradecida! Pronta? Você está bem? — Perguntou ao ver a expressão triste da , a qual concordou com um aceno.
— Estou bem sim, vamos?
— Já que você insiste… — Deu de ombros, ajudando-a com as malas, enquanto a outra pegava a caixinha de Milk, saindo do apartamento instantes depois — Você deixou anotado o endereço para mandar suas coisas, não é?

olhou para o quarto vazio, apenas com a cama e o armário. Fechou os olhos, sentindo aquele turbilhão de emoções tomarem conta de si, não evitando as lágrimas quando elas chegaram a seus olhos.
Sentia seu peito apertar e a vontade de chorar aumentar, ao ponto dele começar a soluçar instantes depois, sentado no canto da cama.
Nem mesmo havia dito que estava mais uma vez apaixonado por ela, mesmo sem se lembrar de nada do que havia acontecido anteriormente.
Sentia que se tivesse feito aquilo, talvez tivesse reconsiderado, mas ver o quão triste e machucada ela estava com a situação inteira, o tanto que havia sofrido durante aquele ano por sua causa, o fez apenas querer se desculpar.
Saber que ele poderia realmente tê-la traído antes do acidente parecia tão irreal. Como ele poderia trair a mulher que amava? A mulher que havia pedido em casamento?
Aquilo simplesmente não fazia sentido algum em sua cabeça, mas era o que tinha acontecido. E por mais que não se lembrasse de nada daquilo, se era mesmo verdade, então ele não a merecia. deveria encontrar alguém muito melhor para se ter ao lado.

Even if forever's just for now


Não fazia ideia do tempo que estava ali, mas ao olhar pela janela notou o céu escuro do lado de fora. Levantou-se, esfregando o rosto com as mãos, saindo do quarto para a casa silenciosa e escura. Olhou para a porta ao lado, a qual estava sempre fechada “Tudo o que tem aqui é caro, e você estabanado, melhor evitar” ela tinha dito quando ele perguntou o motivo do segredo, respirou fundo abrindo a porta e acendendo a luz, olhando ao redor.
Uma mesa de canto e algumas caixas amontoadas, uma das paredes não estava terminada, talvez ela não tivesse tido tempo de finalizar a pintura antes de se mudar; a escada, pincéis e até a lata de tinta estavam mais ao canto.
aproximou-se, olhando o tanto de trabalho que teria para terminar a pintura, talvez aquilo o ajudasse a se distrair. Pegou o pincel de canto e colocou a lata em cima da mesa, franzindo o cenho por um momento, parecia um dejavú. Negou com a cabeça, antes de abrir a tinta roxa.

— Poderíamos poupar tempo e dinheiro e chamar logo alguém para pintar, ao invés de esperarmos você fazer uma bagunça, . — dizia, escorada na batente da porta.
— Pois fique sabendo que quando eu terminar você vai me pedir para pintar o apartamento todo, ok? — Respondeu mal humorado, abrindo a lata de tinta e misturando-a antes de despejar em outro recipiente.
— Claro que vou, Picasso — ironizou, antes de virar-se para sair — Vou é procurar um pintor para refazer seu trabalho.
rolou os olhos, bufando. Agora sim ele pintaria aquele lugar nem que fosse a última coisa que fizesse na vida, teria que engolir aquelas palavras e admitir a sorte que tinha ao ter um homem como ele ao lado!
Riu sozinho, antes de forrar o chão com os jornais e puxar a escada, começando a pintura.
Distraiu-se cantarolando a música que a mulher tinha colocado para tocar na sala, achava que estava fazendo um bom tempo, já estava na segunda parede e até então tudo certo.
— Uhm, nada mal. — A ouviu dizer ao abrir a porta.
— Eu falei, sou um talento nato! — Sorriu, piscando em sua direção, escutando-a rir.
— Estou indo ao mercado, precisa de alguma coisa?
— Cerveja, — respondeu rápido, vendo-a concordar, já sabendo que ele pediria aquilo — ah, você pode pegar também alguns snacks, hoje à noite tem jogo e John vem aqui para assistirmos.
— John? — A outra desmanchou o sorriso no mesmo instante. — , eu te avisei que vem aqui hoje… — Suspirou, passando a mão pelos cabelos.
— Eu sei, foi por isso mesmo que ele quis vir… — Deu de ombros, virando-se para a noiva — Qual é, fazem semanas que eles terminaram. São adultos, podem conviver em paz quando se encontram...
— Desculpe, estamos falando do mesmo casal? — Perguntou divertida, cruzando os braços. riu, concordando:
— Meu amor, nós dois sabemos que eles vão brigar por uns trinta minutos e depois vão inventar alguma desculpa ridícula para irem se pegar no carro ou, quem sabe, nas escadas de emergência de novo!
fez uma careta, lembrando-se do incidente no qual o síndico foi bater no apartamento multando-os por causa dos amigos.
— Talvez, — concordou a contragosto — tudo bem, mais alguma coisa?
— Acho que só… — Pensou por alguns instantes, antes de voltar a pintar — Ah! Os petiscos da gata acabaram.
, se essa gata tiver pedra nos rins pelo tanto de petisco que você está dando, é você quem vai pagar a cirurgia! — Reclamou, antes de voltar para a sala.
O homem riu, negando com a cabeça, descendo da escada para pegar mais um tanto de tinta, antes de começar a parte final da parede. Ouviu-a gritar que estava saindo e logo voltaria, e, então, o miado de Milk se fez presente no quarto.
— Mas não posso nem falar de petisco que você vem, ein? — Comentou com a gata, vendo-a sentar-se no canto da porta, olhando-o com os olhões verde. — É melhor você ir dormir em outro canto, se ficar mal pelo cheiro, vai brigar comigo. — Tornou a dizer, antes de voltar a prestar atenção em seus afazeres.
Instantes depois ouviu novamente o miado do felino, a qual estava sentada logo abaixo da escada.
— Xô! Sai daí! Se eu derrubar tinta roxa no seu pelo, me joga pela varanda! — Dizia, tentando afastá-la com a mão, sem efeito. Tentou mexer o pé, para assustá-la, e conseguiu na terceira tentativa, mas acabou se desequilibrando ao fazê-lo. A escada mexeu-se, e o homem tentou colocar o pé no chão, mas não foi rápido o suficiente, caindo da mesma e batendo forte a cabeça na parede, desmaiando de imediato.


levou a mão até a nuca, sentindo os pontos já cicatrizados do seu acidente. Fechou os olhos por um momento, o coração bateu acelerado, a expectativa crescendo dentro dele. Esfregou o rosto com as mãos, em um gesto nervoso, tentando lembrar-se do que fazia antes de decidir pintar o quarto; estava reclamando do branco a semana inteira, dizendo que chamaria alguém para pintá-lo, mas ainda não sabia a cor. Ele havia se oferecido, brincando que cobraria outro tipo de pagamento após terminar.
Forçou um pouco mais a cabeça, pensando sobre o casamento; Já haviam reservado o local e escolhido as comidas e bebidas, já tinham a lista de convidados. Os pais de insistiram em pagar quase tudo, e após um tempo eles concordaram, sabendo que não poderiam fazer uma festa sem se endividarem. Eles compraram as passagens e reservaram o hotel para a lua de mel no Caribe. havia conseguido que a banda favorita deles tocasse no casamento, já que sua empresa agenciava o The Maine em todo o estado da Califórnia.
Respirou fundo, passando a língua pelos lábios, tentando pensar em outros acontecimentos; Faculdade, formatura, trabalho… tentava controlar a respiração ao mesmo tempo que forçava-se a lembrar do máximo de coisas que podia. Lembrou-se com perfeição do dia que foi comprar o anel de noivado e de como pediu em casamento. Lembrava-se de estar com ela no dia que a mulher adotou a gata, ele quem havia escolhido o nome e, no mesmo dia, beijaram-se pela primeira vez.
Tentou então buscar em sua memória qualquer lembrança que tivesse com Scarlet ou qualquer outra mulher, qualquer indício de que realmente havia traído . Respirou fundo mais algumas vezes, lembrando-se de quando conheceu a colega de trabalho, deles terem conversado algumas vezes durante os happy hour da empresa… Lembrou-se da vez que ela o chamou para sair e ele disse estar namorando. Pensou mais um pouco, passando a língua pelos lábios, mas nada veio. Lembrou-se de vários acontecimentos aleatórios, mas em nenhum momento havia sequer considerado sair com a mulher, menos ainda beijar-lhe.
Scarlet havia mentido sobre aquilo e ele havia sido idiota o suficiente para acreditar e, o que era ainda pior, também acreditava.
Abriu os olhos ansioso, olhando para o relógio de pulso. Já eram mais de oito horas, já deveria ter chego em Chicago. Puxou o celular do bolso, buscando o numero da mulher, mas chamou até cair. Ligou então para , a qual atendeu na terceira chamada;
— Alô?
— Chatona, qual era o horário do voo da ? — Pediu de imediato.
— Chatona é teu c… Do que foi que você me chamou? — A mulher questionou confusa, não há chamava daquele jeito há mais de um ano. riu, ao tempo que saia do apartamento, descendo as escadas rapidamente, não querendo esperar o elevador, tamanha a adrenalina no corpo.
— Chatona, mas se preferir pode ser insuportável! — Sorriu, ouvindo-a xingar alto, antes de rir.
— Eu não acredito nisso, mas é muito filme adolescente esse dramalhão de vocês!
— Concordo, mas e aí? Qual era o horário do voo dela? — Perguntou mais uma vez, antes de entrar em seu carro.
— Às quatro e meia, já deve estar quase pousando.
— Ela foi para a casa dos pais?
— Sim, vai ficar com eles por um tempo, antes de achar outro canto para morar. — Contou apressada, rindo sozinha com o desenrolar da coisas — Imagina a vontade de te socar que o pai dela vai ficar se você, de novo, for o responsável por ela não ficar em Chicago?
— Não foi minha culpa da primeira vez. — Protestou, virando o carro na esquina.
— Mais ou menos, a ideia era ela voltar depois da formatura, mas preferiu ficar com o bonitão, não?
— Acho que ela quis ficar mais por você do que por mim — riu, vendo-a gargalhar ao concordar.
— Eu sempre soube disso, só não queria machucar seu ego sensível de macho.
— Ah, cala a boca! — Rolou os olhos, então lembrando-se de algo importante. — Preciso de um favor seu.
— Diga!
— Consegue reservar um voo para mim? E de preferência contar aos meus pais que estou indo para Chicago? E não contar para sobre nada disso?
— Olha, vocês dois não me merecem mesmo, eu sempre tenho que fazer tudo! Acho bom me trazerem um ótimo presente de volta!
concordou rindo antes de virar mais uma rua, sentindo o coração bater acelerado.

olhou o quarto ao redor, a decoração ainda era a mesma desde que havia se mudado. Deixou Milk sair da caixinha, vendo-a esticar-se toda, parecendo aliviada por finalmente ter um pouco de liberdade, não demorando para começar a explorar o cômodo, cheirando cada canto
Ouviu uma batida na porta e logo sua mãe entrou, logo sentando-se ao seu lado na cama. Audrey parecia realmente feliz com a volta da filha, mesmo sabendo que o motivo de seu retorno não era dos melhores;
— Você sabe que no começou foi realmente difícil para nós aceitarmos que você não seguiria os nossos passos, não é? — Começou a dizer, com o tom de voz baixo — Mas estamos realmente orgulhosos de tudo o que você conquistou durante os últimos anos, , mesmo que neste momento as coisas não tenham saído como você planejou.
— Obrigada, mãe. — Sorriu pequeno na direção da mulher, deixando-se ser abraçada pela mais velha.
— Tenho certeza que logo você encontrará outra coisa que faça seus olhos brilharem tanto quanto antes, é só uma questão de tempo. — Garantiu, tentando passar alguma segurança para a mais nova — Só te peço um favor, — afastou-se alguns centímetros da filha, vendo-a encará-la com curiosidade — não deixe sua gata estragar todos os meus móveis!
— Não posso prometer nada! — Riu, logo vendo Milk preparar-se para pular na cômoda, xeretando em tudo o que tinha ali.
— Deve estar faminta, não? Esperamos você para o jantar! — Audrey sorriu, passando a mão pelos cabelos da filha, antes de sair do quarto.
— Vou só tomar um banho rápido e já desço!

acordou no meio da madrugada, pensando por um momento se havia sido sua gata a responsável por aquilo, mas Milk parecia ainda mais sonolenta do que ela, deitada próxima a seus pés. Ouviu o barulho da campainha tocando seguidamente, e então soube que havia sido aquilo o que a acordou.
Levantou-se bocejando, passando a mão pelos olhos e cabelo, saindo do quarto e dando de cara com seus pais, os quais pareciam ao mesmo tempo curiosos e apreensivos com a situação;
— Quem poderia ser uma hora dessas? — Ouviu seu pai resmungar, descendo as escadas rapidamente — Nenhum respeito… — Dizia, logo vendo a empregada aparecer apressada, prendendo os cabelos, antes de abrir à porta.
— Sinto muito senhor…
O homem abanou a mão no ar, não se importando com aquilo, olhando curioso para o visitante.
?
entrou na casa, cumprimentando Raquel e sorrindo sem graça para Erick e Audrey;
— Sinto muito, sei que não é o melhor horário mas… — Então seu olhar caiu em , parada alguns degraus acima, parecendo tão confusa e surpresa quanto os pais. — Eu precisava falar com você!
— E não poderia esperar algumas horas? São três da manhã, rapaz! — O sr. reclamou, cruzando os braços.
— Sinto muito, mas não poderia esperar mais nem um minuto.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou apreensiva, aproximando-se.
— Aconteceu. Podemos conversar sobre isso?
Erick rolou os olhos, acenando com a mão para que o casal fosse logo para algum canto.
— Depois dessa bagunça, é bom que seja importante. — Resmungou, antes de dispensar Raquel e voltar para seu quarto, junto da esposa.
— São por coisas assim que ele não gosta muito de mim, não é? — perguntou em voz baixa, antes de segui-la para a sala. — Lembra do dia que ele estava lá em casa e eu cheguei falando que não tinha achado o teste de gravidez que você pediu?
riu, negando com a cabeça ao pensar naquilo;
— Você tem o dom de ser inconven… — Interrompeu-se ao prestar um pouco mais de atenção ao que ele havia dito. — Você lembra disso?
concordou com um aceno, sorrindo em sua direção;
— Assim como lembro que os últimos quatro anos que passei com você foram os melhores da minha vida, — começou em voz baixa, dando um passo em sua direção — e que mal posso esperar para passar o resto dela ao seu lado, se você ainda quiser. — Passou a língua pelos lábios, vendo-a negar, parecendo fazer força para não cair no choro — Eu sei que muita coisa aconteceu nesse último ano, e que eu te magoei vezes demais. Mas se você me der mais uma chance eu vou passar o tempo que for necessário tentando me redimir de tudo isso, . A única coisa que eu não posso fazer nesse momento é imaginar minha vida sem você. Eu nunca tive outra pessoa, . Eu amo você.
Buscou o olhar da mulher com o seu, e quando ela finalmente olhou em seus olhos, pela primeira vez em anos ele não soube definir o que viu;
— E se amanhã você não lembrar de nada, ? Eu não posso passar outro ano como esse, rezando para que você talvez lembre de mim e do que a gente tinha…
sorriu pequeno, colocando as mãos em seu rosto;
— Mesmo que eu não tivesse lembrado — começou a explicar-se —, eu já tinha me apaixonado por você mais uma vez, . Sempre vai ser você, .
Inclinou-se alguns centímetros, juntando seus lábios mais uma vez. Demorou alguns instantes, mas logo a mulher passou os braços por seu pescoço, beijando-o com toda a saudades que sentia.
e , ambos sentiram o coração bater acelerado, o corpo aquecer e aquela velha sensação de pertencer a algum lugar. Era como voltar para casa depois de uma longa viagem, eles se sentiam completos.

I wanna feel like this forever
Even if forever's just for now





FIM.



Nota da autora: Olá!
Maneic como sou não poderia deixar de participar de um ficstape de mais um albúm incrível dessa banda maravilhosa!
Se eu existo é pra panfletar THE MAINE!
No mais é isso!
Beijão e espero que tenham gostado!





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