06. How Come You're Not Here
Finalizada em: 30/09/2018

Capítulo Único

Where have you been?
Where have you gone?
And have I done something wrong?


Meu corpo parecia pesar uma tonelada e minha garganta estava seca ao ponto de me fazer questionar quanto tempo eu estava sem beber água. Abri os olhos com dificuldade e pisquei algumas vezes até conseguir me acostumar com a claridade que irritava meus olhos.
Olhei ao meu redor e entrei em estado de alerta ao perceber que a claridade era devido ao fato de eu estar em uma sala de hospital. Fechei os olhos fortemente e forcei minha mente o máximo para lembrar o motivo de eu estar ali, mas nada parecia fazer sentido.
- Oi, amor. - escutei o tom de voz carinhoso e encontrei minha mãe parada na porta, encarando-me com um sorriso fechado nos lábios.
- O que aconteceu? - murmurei sentindo minha garganta queimar pelo esforço.
- Querida, nós precisamos conversar. - minha mãe adentrou rapidamente no quarto e sentou-se na beirada da cama, segurando minhas mãos entre as suas.
- Você está me assustando, mãe. - murmurei.
- , você se lembra do motivo pelo qual você está aqui? - neguei com a cabeça e vi a mulher respirar fundo.
- Fazia muito tempo que você e não se viam por causa do trabalho, vocês finalmente conseguiram uma folga ao mesmo tempo e vocês foram comemorar. - assenti com a cabeça. - te pediu em casamento nesse jantar, você estava tão feliz com isso que me ligou no exato momento em que saíram do restaurante.
Sorri verdadeiramente enquanto lembrava de todos os detalhes que minha mãe narrava, mas o sorriso sumiu assim que lembrei do final da noite.

FLASHBACK ON
Eu já namorava com há um bom tempo, mas mesmo assim eu sempre ficava surpresa com suas ações. Eu jurava que nossa relação estava começando a esfriar e que terminaria tudo, pois estava cada vez mais difícil termos tempo um para o outro, e então ele propôs que morássemos juntos e casássemos o mais rápido possível.
- Mãe, eu preciso te contar uma coisa. - murmurei animada logo após ouvir um resmungo do outro lado da linha.
- Pode falar, filha.
- me pediu em casamento. - falei rapidamente enquanto encarava meu futuro marido.
- Mas eu pensei que vocês já estivessem noivos. - murmurou confusa e eu ri.
- Sim, mãe, nós já estávamos noivos. - afirmei e escutei a risada de .
- Não estou entendendo, minha filha.
- No jantar de hoje ele propôs que nós fôssemos morar junto. - pousei a mão na coxa do homem, sorrindo enquanto ele acariciava minha mão com a sua.
- , isso é maravilhoso. - minha mãe quase gritou do outro lado da linha e eu ri.
- Ele também disse que nós vamos nos casar ainda esse ano. Talvez em três meses. - comentei como quem não quer nada e ouvi um grito histérico do outro lado da linha.
- Filha, eu estou tão feliz por você. - o tom choroso estava presente em sua voz.
- Eu também, mãe. - sorri fraco e encarei . - Esse é o melhor dia da minha vida, e sempre será.
Antes que minha mãe pudesse responder, um clarão branco cegou minha vista e eu larguei o celular enquanto tentava tampar os olhos. A última coisa que eu lembro foi o olhar aterrorizado que me deu antes do carro rodar na pista e capotar.
FLASHBACK OFF

- Mãe, cadê o ? - eu tentava pensar o melhor, mas minha voz já estava embargada e meus olhos marejados.
- Querida, eu sinto muito. - minha mãe aproximou-se ainda mais e me abraçou.
- Me diz que isso é mentira, por favor. - murmurei fraca, com o rosto pousado em seu ombro e as lágrimas rolando por meu rosto. - Nós íamos começar uma vida juntos.
- Eu sei, meu amor. - afagou meus cabelos e eu abracei-a ainda mais forte. - Se eu pudesse, eu te pouparia de toda essa dor.
- Só me diz como aconteceu. - funguei e afastei nossos corpos, secando as lágrimas enquanto minha mãe me encarava.
- Você estava em ligação comigo, até que você parou de me responder e eu ouvi uma buzina muito alta, mas o que mais me preocupou foi quando eu escutei o barulho da batida.
- Você sabe o motivo? - questionei e ela apenas concordou com a cabeça. - Me diga, por favor.
- O motorista de um caminhão estava bêbado e saiu da pista dele, para que vocês não colidissem com o caminhão, rodou o carro, mas o lado dele acabou chocando-se com outro carro. - fechei os olhos fortemente, permitindo-me chorar novamente.
- Ele tentou me proteger, como sempre. - falei após fungar. - Se ele não tivesse feito isso, ele estaria aqui.
- Não, amor, se ele não tivesse feito isso, era capaz de nem você estar aqui. - minha mãe segurou minha mão fortemente.
- Não vejo problemas em não estar aqui. - resmunguei. - Não vejo sentido em viver sem ter ao meu lado.
- Querida, você sabe que ele não ia querer que você vivesse assim.
- Por mim, eu não quero nem mais viver.

You're the tooth fairy
You're like Santa Claus
You're like white noise
When I want my favorite song


Peguei o álbum de fotos de datas comemorativas e sentei-me no chão, sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto no primeiro momento em que eu abri o álbum e vi uma foto minha e de se beijando embaixo de um visco.

FLASHBACK ON
Era o primeiro Natal da família inteira junta após muito tempo e eu não conseguia conter o sorriso enorme pela felicidade que era ter todos eles ali, até mesmo , que pela primeira vez estava ali conosco junto de sua família.
- Sabe, você fica linda de vermelho. - o homem disse com um sorriso nos lábios enquanto me abraçava pela cintura.
- Eu fico bem de qualquer jeito. - sorri e aproximei nossos rostos, franzindo o cenho ao ver afastando seus lábios dos meus. - O que foi?
- Não estamos debaixo de um visco. - sorriu brincalhão e entrelaçou nossos dedos, levando-me para debaixo do visco e sorrindo enquanto pousava suas mãos em minha cintura. - Acho que nós devemos nos beijar.
Passei os braços pelo pescoço do homem e selei nossos lábios, nos afastando rapidamente ao notarmos um clarão em nossa direção. Olhei para o lado e minha mãe nos encarava com um sorriso culpado nos lábios, enquanto segurava a câmera digital em uma das mãos.
- Eu não sabia que o flash estava ligado. - sorriu sem graça e eu ri.
- Sem problemas, estávamos apenas realizando a tradição. - diz e beija minha testa. - Preciso ir me arrumar.
- Se arrumar? - questionei ao encará-lo devidamente vestido e franzi o cenho. - Você já está arrumado.
- Não para o que eu preciso fazer.

(...)


Faltava um pouco mais de dez minutos para a meia-noite quando a música do quintal foi trocada por uma típica música natalina. A porta de correr que dava para a área exterior foi aberta e um vestido de Papai Noel saiu de lá, fazendo-me rir enquanto ele caminhava para perto da grande árvore de natal.
- Quem aqui quer presentes? - ele colocou o grande saco vermelho no chão e sorriu para as crianças que se aproximaram rapidamente.
- Esse Papai Noel está anêmico, mas ele tem muitos presentes. - um dos meus tios comentou, fazendo todos os presentes ali rirem.
- Você está sendo um menino muito mau, não ganhará presente esse ano. - falou enquanto imitava uma voz de velho.
Faltando poucos minutos para a meia-noite e com todas as crianças já presenteadas, caminhei até , que continuava sentado próximo a arvore.
- Tem algum presente para mim? - questionei de brincadeira e o homem apenas concordou com a cabeça, tirando uma caixinha vermelha de veludo do bolso do macacão vermelho.
Peguei a caixinha da mão do homem e a abri, sentindo meus olhos marejarem ao ver o anel prata com uma simples pedra de diamante no topo. Voltei o olhar para e agora ele estava ajoelhado no chão, enquanto me encarava com expectativa.
- Isso é...? - questionei sem terminar a frase e apenas concordou com um aceno de cabeça, abaixando a barba branca falsa que usava.
- Pavon, você quer se casar comigo?
Eu não conseguia falar, então o máximo que eu consegui fazer foi colocar o anel no meu dedo e jogar-me nos braços do homem que ainda estava ajoelhado na grama, fazendo-nos cair no chão.
- Isso é um sim? - questionou após se levantar.
- Claro!- segurei em sua mão e levantei, selando nossos lábios rapidamente. - Quem em sã consciência negaria um pedido de casamento do Papai Noel?!
FLASHBACK OFF

Fechei o álbum de fotos e chorei até que não existisse mais qualquer resquício de lágrimas ou de tristeza, mas parecia algo impossível. Levantei do chão e guardei o álbum no guarda-roupa, sentindo um aperto ainda maior no peito ao ver um moletom de ali.
Peguei rapidamente a peça de roupa e vesti por cima da regata de pijama que eu usava. Não estava frio para que eu usasse um casaco, mas eu não me importava com a temperatura, pois a única coisa importante no momento era que o perfume de estava impregnado no casaco.

Just come on back
And come on home
It ain't super smart to leave me alone
Light a flare, pick up the phone
I'm like a stoner babe without my bong


Tinha se passado um pouco mais de uma semana que eu não tinha ao meu lado, mas sempre que eu fechava os olhos, eu lembrava do dia em que recebi a notícia de que ele não voltaria mais.
Mesmo quando eu não o via, nós conversávamos por chamada de vídeo ou até mesmo por ligação, e agora eu só podia tê-lo ao meu lado quando eu fechava os olhos.
Eu não sabia há quanto tempo estava sem dormir direito ou a ver a luz do sol, mas isso não era algo que me fizesse falta, principalmente se eu comparasse com a falta que fazia.
Peguei o celular, ignorando todas as mensagens e ligações perdidas da família e disquei o número que eu conhecia melhor que o meu. Respirei fundo e coloquei o aparelho no ouvido, não conseguindo conter as lágrimas ao escutar a voz que sempre me acalmara.
"Hey, você ligou para , se eu não atendi é porque eu estou te ignorando, ou porque eu estou com a minha noiva. Tente mais tarde ou ligue para ".
Eu perdi a conta de quantas vezes liguei para o número de enquanto abraçava fortemente seu casaco, que já não possuía o mesmo aroma de antes. Era como se aos poucos ele me abandonasse após ter sido arrancado brutalmente de meus braços.
Mesmo com o conflito de agendas, eu estava acostumada em ter do meu lado sempre que eu precisasse. A única coisa rondava por minha mente era: se quando eu não estava legal eu o procurava para ficar bem, mas se eu não estou legal por causa dele, eu procuro quem?!
Foram tantos anos vivendo junto de , tendo-o sempre ao meu lado, que agora eu não conseguia me imaginar sem ele. Era como se eu fosse uma viciada em abstinência.

Quick come back
Or I might just die
How come you're not here?

Nessa altura eu já estava sem emprego, mas eu não via sentindo em ter um se eu não queria viver. Foram anos tão bons ao lado de , que eu duvidava que um dia pudesse ser feliz novamente. Eu o amei tanto, que eu tinha plena certeza que jamais conseguiria sentir algo por outra pessoa.
Minha mãe ficou feliz ao saber que eu comecei a sair de casa, mas a felicidade não durou muito ao saber que eu só saía para ir até o cemitério. Eu não sentia vontade de fazer nada, muito menos de conversar com alguém, então a única coisa que eu fazia era ir para o cemitério, sentar ao lado de sua lápide e lembrar dos momentos que já vivemos, enquanto eu lia repetidas vezes as palavras escritas: amado filho, amigo e noivo.
Minha alimentação estava precária e quase nenhuma roupa dava em mim, eu não sentia mais vontade de comer ou até mesmo de pentear o cabelo. Eu já não via motivos para continuar ali vivendo um dia após o outro enquanto todos me direcionavam olhares de pena, eu não queria mais essa vida.
Entrei na banheira após enchê-la de água e segurei fortemente a lâmina fria entre meus dedos enquanto uma lágrima solitária rolava por minha bochecha.
Abri os olhos, encarando a água da banheira vermelha e arregalei os olhos ao ver parado a minha frente.
- Você não sabe o quanto eu estava com saudades de você. - levantei o braço e fiz um carinho em seu rosto.
- Eu te amo, , mas você não deveria estar aqui. - selou nossos lábios e acariciou meu rosto enquanto eu fechava os olhos, sendo tomada por uma sensação de leveza e uma escuridão tremenda.

Quick come back
Or I might just die






Fim.



Nota da autora: Eu mesma me prometi que não faria mais histórias tristes, mas acho que eu não consigo fugir disso. Essa é minha segunda história para esse ficstape e eu posso afirmar que elas possuem vibes bem diferentes. Espero que vocês tenham gostado dela, se gostaram, não percam a chance de ler a continuação 10. Home.
Eu tenho um grupo no facebook para minhas histórias, então se quiserem entrar vocês serão bem-vindas!


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Are You The One?
Adiós Colombia
O Namorado da Minha Namorada
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13. Runaway Love




Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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