Finalizada em: 11/10/2019

Capítulo 1

O salão estava cheio. Não tanto quanto no início da noite, pois o que interessava a maioria já não estava mais lá. Porém, era possível encontrar homens bem vestidos com seus ternos perfeitamente ajustados e mulheres ostentando joias caras; todos eles reunidos com o objetivo de poder contemplar por pelo menos um pequeno instante a mais nova aquisição do proprietário do local.
Uma pedra preciosa raríssima, encontrada depois de anos de esforços e investimentos. Muitos haviam se deslocado de seus países para a capital da nação sul Coreana, indicando o quão valiosa era a gema e que seu dono havia tirado a sorte grande.
Ao fundo do salão, recostada a uma parede, uma jovem mulher fitava o centro do salão onde anteriormente se encontrava o expositor. Seus olhos escuros brilhavam e o delineador preto realçava ainda mais a intensidade de sua admiração. Em uma mão tinha uma pequena bolsa preta sem alça; na outra segurava uma taça de champanhe. Bebericou um pouco do líquido no exato momento que um homem de terno e gravata pretos se aproximou. Ao percebê-lo ao seu lado, baixou o copo, mas continuou a manter o olhar à frente.
- Já faz um longo tempo que a senhorita está aqui, sozinha. – o rapaz se pronunciou com um ar levemente despreocupado. – Algo me diz que achou tudo isso entediante.
- Me desculpe se essa foi a impressão que passei. – a mulher finalmente o encarou. – Eu apenas não aprecio locais com muitas pessoas.
- Se não a companhia das pessoas, o que a trouxe aqui? – ergueu as sobrancelhas.
- Sabe que ninguém veio aqui para socializar, senhor . – deu um meio sorriso.
- Então está pela joia. – ele disse após deixar um riso anasalado escapar. – Deve ter sido uma viagem cansativa.
- Valeu à pena. – sorriu outra vez.
- É uma colecionadora? – o rapaz questionou.
- Apenas uma curiosa. – respondeu, voltando a fitar o centro do recinto. – Não é todo dia que se encontra um diamante rosa, especialmente um maior do que o Pink Star.
- Pelo que parece, hoje o salão está repleto de curiosos. – o homem ressaltou, olhando para o mesmo lugar que ela. – Não esperava tantos estrangeiros.
- O senhor tem uma das pedras mais raras e preciosas do mundo. – a moça voltou seus olhos para ele. – Acha mesmo que pessoas do mundo todo não viriam?
- E você, senhorita curiosa, de onde veio? – ele a encarou nos olhos.
- O Brasil é um dos únicos lugares onde essa variação de diamante é encontrada. – ela sustentou sua conexão. – Eu precisava ver com meus próprios olhos.
- Espero que não tenha se decepcionado. – o jovem sorriu de canto.
- Nem um pouco. – imitou o gesto.
Ficaram segundos se encarando, até que o homem a analisou de cima a baixo sem deixar o sorriso morrer. Os olhos correram do decote em formato de coração do vestido preto de alças finas, passando pelas pernas expostas, até chegar aos pés calçados com um salto finíssimo também escuro. Quando voltou a encará-la, pensou em dizer algo, mas um homem de meia idade se aproximou e falou em seu ouvido. Imediatamente seu semblante se transformou, deixando a descontração de lado, assumindo seriedade.
A mulher não conseguiu ouvir o que o outro dizia, mas não se importou, pois não era um assunto que lhe dizia respeito. Apenas quando o homem mais velho se afastou é que conseguiu a atenção do senhor outra vez. Mas não como gostaria.
- Desculpe, mas preciso resolver um assunto. – falou um pouco mais formal do que antes. – Espero que continue aproveitando a festa.
- Se é o que deseja. – ela sorriu e ergueu um pouco a taça.
Apesar da visível tensão, o rapaz retribuiu seu sorriso e se inclinou respeitosamente antes de deixá-la. Enquanto o via se afastar, suspirou e bebeu mais um gole do champanhe agora quente. Entregou a taça a um garçom que passava e passou a mão no vestido, para ajeitá-lo ao corpo. Tocou o colar com um pingente de diamante para ter a certeza de que continuava lá e então seguiu pelo salão com passadas lentas, mas decididas. A confiança de sua caminhada era nítida, atraindo vários olhares, mas não se importou com nenhum deles, seguindo seu caminho.
Passou pelo centro do local, justamente onde o expositor antes ficava e sem dificuldades, abriu alas entre os homens e mulheres aglomerados. Sem que ninguém percebesse, adentrou um corredor que a levaria a um banheiro. Sem pressa, encontrou o cômodo e entrou, trancando a porta atrás de si. O lugar era grande, com uma banheira dourada redonda ao fundo.
O espelho ficava sobre uma grande bancada de mármore. Ao parar de frente para ele, pôde ver mais uma vez que havia caprichado na produção. A maquiagem marcada e os cabelos modelados em cachos bem definidos. Os brincos e o colar de diamante. Era quase como uma rainha. Como Cleópatra. E agora seria ainda mais.
Com calma abriu o botão da bolsa e tirou de lá um batom, retocando os lábios avermelhados num tom quase vinho. O colocou de volta e então seguiu para o pó compacto.
- Ele já sabe. – disse num tom relativamente baixo, continuando a espalhar uma quantidade suficiente de produto em seu rosto.
Em instantes pôde ouvir uma estática atingir seu ouvido e não demorou a reconhecer a voz que veio logo em seguida.
- Já era de se esperar. – a voz masculina resmungou. – É melhor sair logo daí e me encontrar onde combinamos.
- Já estou indo. – guardou a maquiagem na bolsa. – Me dê cinco minutos.
- Três. – o homem disse apenas e então a conexão se encerrou.
Suspirando contrariada, colocou luvas pretas nas mãos e pegou sua bolsa. Após se encarar uma última vez no espelho, deixou o recinto. Olhou para os lados do corredor e ao perceber que ninguém estava ali, seguiu na direção oposta do salão de festas. Sabia exatamente aonde ir, pois conhecia cada metro quadrado da mansão pertencente ao senhor .
Como uma serpente, caminhou pelos largos corredores até se deparar com uma grande escadaria. Apesar dos saltos, subiu os degraus sem dificuldades, alcançando o topo em segundos. Com os olhos bem abertos, avançou agora mais apressada que antes. Entretanto, ao adentrar um corredor, se deparou com o que menos gostaria. Um rapaz, provavelmente um empregado, perambulava sem se dar conta de nada. No primeiro segundo, pensou em regressar, mas já era tarde. Quando seus olhos se cruzaram resolveu continuar, assumindo sua melhor expressão confusa.
- Graças a Deus! – levou uma mão ao peito.
- Senhora... Posso ajudá-la? – o rapaz perguntou com o cenho franzido.
- Achei que estaria perdida para sempre. – continuou a cena.
- Como chegou até aqui? – ele questionou.
- Nem eu sei como cheguei aqui, apenas queria encontrar um banheiro. – deu um meio sorriso. – Será que poderia me ajudar?
- Senhora, acho melhor voltarmos. – o empregado indicou o caminho de volta. – Essa é uma área restrita.
- Ah, eu sinto muito. – balançou os ombros e se aproximou mais dele.
O rapaz permaneceu paralisado ao ter uma mulher como aquela tão perto. Podia ver claramente como seus olhos era profundos e transmitiam um ar enigmático que nunca tinha visto em nenhuma outra. Quando a mão dela tocou seu ombro delicadamente ficou ainda mais confuso, todavia, não conseguia reagir. Era quase como se ela o hipnotizasse.
Quando os lábios vermelhos se aproximaram dos seus, não teve como recuar. Apenas sentiu o toque macio e quente, mas não durou mais do que dois segundos e então ela finalmente se afastou.
- Infelizmente... Creio que ninguém ficará sabendo. – fez uma leve reverência.
Ainda confuso com o que acabara de ocorrer, pensou em questioná-la sobre o assunto mais uma vez, porém antes que abrisse a boca sentiu o ar fugir dos pulmões. Assustado, levou a mão ao pescoço, tentando buscar oxigênio, mas em vão. Olhou para a mulher que apenas assistia a cena sem esboçar nenhuma reação e logo percebeu que ela era a causadora do seu mal-estar. Ao perceber que ele notara, sorriu de canto e então o viu cair ajoelhado. Lentamente, parou em sua frente e se abaixou até estarem da mesma altura.
- Me desculpe por isso, querido. – tocou seu ombro outra vez. – Mas já me fez perder muito tempo.
Encarou descreditado os olhos profundamente delineados e então perdeu os sentidos. No mesmo segundo, ela o segurou para que não fizesse barulho e o recostou numa parede. Após ter certeza de que o empregado não acordaria, se levantou e ajeitando o vestido, seguiu para o ponto de encontro.
Logo estava lá e abriu a porta com cautela, adentrando o cômodo escuro. Pisando tão leve a ponto de não causar ruídos, seguiu até um abajur que estava no fundo da sala e então o acendeu. Logo identificou o escritório com uma mesa de madeira escura e suas estantes repletas de livros. Perto de onde estava havia uma mesa de vidro com vários frascos de bebidas e também uma poltrona onde o encontrou sentando e descontraído.
- Achei que tinha dito três minutos. – foi a primeira coisa que disse.
- Tive um imprevisto. – revirou os olhos.
- Como sempre. – estalou a língua.
- Você faz a sua parte e eu faço a minha. – a mulher foi até ele.
- Combinado. – disse num tom debochado. – Mas agora é hora de irmos.
- Conseguiu pegá-la? – perguntou, ainda meio desacreditada.
- Como você mesma disse, faça a sua parte e eu faço a minha. – respondeu, pegando uma maleta preta ao lado da poltrona.
Se levantou e então a abriu, revelando o anel preso numa pequena estrutura ao centro. Mesmo com a pouca luz, era possível ver o brilho magnífico que o diamante rosa produzia. E agora estava em suas mãos. Ao fechar a maleta, a deixou no chão e se aproximou mais dela, passando uma das mãos enluvadas em seus fios soltos. Os colocou atrás da orelha e tocou seu rosto de maneira gentil. Ela o encarava com um meio sorriso.
- Sabe que é a melhor no que faz, não é?! – correu os dedos até seu ombro, descendo pelo braço desnudo.
- Como não saberia... – continuou a olhá-lo nos olhos. – Faz questão de sempre me lembrar.
Ele riu abafado e a puxou para perto de si pelo pulso, abraçando sua cintura com o braço livre. Seus rostos estavam próximos, mas ele levou os lábios até seu ouvido.
- Saiba que nunca vou me esquecer disso. – sussurrou, depositando um beijo ali.
Antes que pudesse responder a aquela repentina demonstração de reconhecimento, ele voltou a encará-la. Com um meio sorriso a beijou com vigor, apertando sua cintura ao mesmo tempo em que caminhava. A conduziu até se recostarem a uma parede, a imprensando com o corpo. A mulher não conseguiu sequer raciocinar e apenas se deixou levar pelo calor do momento. Quando seu companheiro desceu os lábios para seu pescoço é que finalmente recobrou os sentidos.
- Não dá pra fazermos isso agora... – murmurou quase sem ar. – Temos que sair daqui.
- Eu sei disso, querida. – disse, depositando mais um selinho em seu pescoço.
Abrindo os lábios para dizer algo, foi pega de surpresa ao ouvir um som familiar; como o ruído de uma trava metálica. Franziu o cenho e então sentiu o peso extra no próprio pulso, olhando para lá. O homem ainda segurava seu braço que agora era envolvido por uma algema grossa e preta. O fitou perplexa ao perceber o que ele pretendia fazer, porém, à primeira menção de movimento ele forçou seu membro contra uma estrutura de metal na parede.
Era uma algema magnética e fixou-se no mesmo instante, mas sua mente não se importava com aquele detalhe. Não naquele momento. Gostaria apenas de entender o que estava acontecendo, pois costumavam usar aquele tipo de aparato apenas em inimigos ou pessoas inconvenientes.
- O que está fazendo? – apesar da confusão sua voz saiu firme.
- Eu sinto muito, mas foi o que precisei fazer. – caminhou até a maleta.
- Que brincadeira é essa? – soltou um riso sem humor. – Me tira daqui.
- Encontrei compradores muito melhores do que os antigos. – explicou, enquanto tirava uma corda da larga jaqueta e a prendia a uma fivela fixada ao cinto. – Mas eles querem apenas um de nós.
- Quê... – murmurou sem acreditar.
- Não querem chamar muita atenção. – balançou os ombros, indo até uma das janelas, a abrindo. – Sabe como esses ricos excêntricos são.
Ao perceber que ele se preparava para fugir, tentou escapar forçando o braço para poder se soltar; mas era em vão. O magnetismo era extremamente poderoso e apenas uma chave poderia livrá-la. Fitou a própria bolsa onde o objeto estava e praguejou ao vê-la longe, sobre a mesa de bebidas. Sem ter muito o que fazer, voltou a atenção para o parceiro.
- Não pode me deixar aqui. – assumiu sua melhor expressão comovente, que faria qualquer voltar atrás de suas decisões. – Por favor...
O rapaz parou por um segundo e a encarou em silêncio; os olhares conectados. Então soltou um riso abafado, sacudindo a cabeça negativamente.
- Realmente, você é a melhor. – ressaltou ironicamente.
Ao perceber que sua tentativa não surtira efeito, grunhiu em frustração e tentou escapar novamente. Parou apenas quando ouviu várias vozes se aproximando pelo corredor. Os dois jovens olharam para a porta, surpresos e então se encararam.
- Não faz isso. – mordeu o lábio inferior.
- Parece que seus dias de Cleópatra chegaram ao fim. – foi a resposta que recebeu. – Espero que nos encontremos por aí algum dia.
Fixando a outra extremidade da corda no parapeito da janela, sentou-se ali, colocando as pernas para fora. Com cautela, virou o corpo de frente para o interior ao mesmo tempo em que apoiava os pés na parede de fora. Então, após uma breve reverência, se lançou, confiando que a corda lhe auxiliaria.
Após segundos da fuga, a garota tentou mais uma vez escapar, usando um dos pés apoiados à parede para empurrar o próprio corpo. Todavia, quando ouviu o som da chave sendo girada na maçaneta, prendou o ar com os pulmões e se endireitou. Foi o exato segundo para que a porta se abrisse e a luz de fora clareasse o ambiente precariamente iluminado.
A primeira pessoa que viu foi o homem que viera falar com o senhor mais cedo, quando ainda estavam no salão. Ele a analisou e então disse algo para quem estava atrás, lhe dando passagem. Então o senhor adentrou a sala sem nenhuma hesitação. Parou apenas quando a avistou do outro lado do recinto, correndo seus olhos sobre ela como da primeira vez, apenas sem o sorriso.
Encararam-se por longos segundos e a mulher não proferiu uma única palavra. Na realidade, nenhum deles ousou falar, mantendo seus olhares fixados um ao outro. Apenas quando o senhor se voltou para o outro homem e lhe disse algo é que o silêncio foi rompido.
- Eu assumo a partir daqui. – disse sem vacilar.
- Senhor?! – o outro franziu o cenho.
- Não se preocupe, senhor Lee. – o tranquilizou. – Sei o que estou fazendo.
Sem muita escolha, o homem finalmente cedeu e balançou a cabeça uma vez de forma positiva. Antes de sair, porém, lançou um último olhar ameaçador para a garota, que ergueu o rosto para mostrar que não se intimidava. Ao perceber sua atitude determinada, finalmente saiu, fechando a porta.
O local voltou a mergulhar na quase completa escuridão, recebendo apenas a luz do abajur aceso e o rapaz não fez questão de acender nenhuma lâmpada. Com as mãos nos bolsos da calça social caminhou a passos calculados até estar a poucos metros dela. Parecia que continuaria ali, parado e quieto, mas logo mudou a cena.
- Eu deveria ter desconfiado. – começou a falar, deixando um riso incrédulo escapar. – Deveria saber que ninguém vem de tão longe apenas por curiosidade. Mas você foi tão convincente, que me fez reparar apenas em seu charme e em sua suposta ingenuidade.
- Acredite, eu não me esforcei tanto. – o provocou.
- Creio que não é o melhor momento para esse tipo de comentário. – ergueu as sobrancelhas de forma sugestiva.
Dando mais dois passos, tirou as mãos dos bolsos. Em uma delas, agora segurava um celular que tratou de desbloquear. Encarou o visor por breves instantes, analisando o que havia escrito e então o virou para ela, iluminando seu rosto com o brilho artificial. Pega de surpresa, não conseguiu esconder o espanto que sentiu ao ver todos os seus dados ali, junto com uma de suas fotos mais antigas.
Havia os nomes que usou em diferentes trabalhos, inclusive o seu verdadeiro. Data de nascimento, familiares, nível de escolaridade e até mesmo seus codinomes. Sua vida estava ali e ela sabia que ele poderia ter mais.
- Então você é . – baixou o aparelho. – Ou deveria chamá-la de Cleópatra, Joana D´arc, Rainha de Copas?
- E que diferença faria? – inclinou a cabeça levemente para o lado, reassumindo a postura indiferente.
- Com certeza faria. – guardou o celular e caminhou até estar frente a frente com ela. – Envenenou um dos meus empregados e isso é motivo suficiente para se preocupar.
- Vai mandar que me prendam? – falou de maneira debochada. – Fique à vontade, senhor , mas isso não trará seu valioso diamante de volta.
- Não vai... – continuou a encarar os olhos marcados.
Então, num movimento rápido apoiou os dois braços na parede atrás dela, obrigando-a a se recostar no sólido frio. Estava tentando conter a raiva e a frustração de ter perdido algo tão valioso, mas aquela mulher não ajudava. Além de ladra, era dissimulada e o enfrentava como se não tivesse ideia de quais seriam as consequências.
Apesar de pouca luz ela viu em seus olhos o quão furioso estava. Sua respiração descompassada açoitava seu rosto e a proximidade era suficiente para que o perfume amadeirado impregnasse suas narinas. Por um segundo, se sentiu intimidada por estar encurralada. Mas assim como o sentimento veio, ele se foi e continuou a mirá-lo com firmeza.
- Vai me dizer onde o seu... Amigo foi. – a voz do homem era quase um murmúrio, todavia, havia uma pitada de ameaça nela. – E o que ele pretende fazer com o Dream Glow.
- Esse é nome do seu diamante? – riu abafado. – Poderia ter se esforçado um pouco mais.
- Garota... – respirou fundo.
- Não adianta tentar me ameaçar. – o cortou no começo da frase. - Eu não sei onde ele está.
- Achei que forcem parceiros. – franziu a testa.
- Eu também achei. – estalou a língua, apontando para o próprio pulso.
Confuso, olhou para onde ela indicava, encontrando a algema preta fixado na porta do seu cofre que, por acaso, deveria estar ocultado. Imediatamente ligou os pontos e se afastou dela, balançando a cabeça negativamente enquanto um sorriso sarcástico surgia em seus lábios.
- Então, a deixou para trás. – fez questão de observar. – Parece que a formidável manipuladora foi pega no próprio jogo.
- Creio que não é o melhor momento para esse tipo de comentário. – repetiu o que ele havia dito antes e sorriu de lado quando o homem voltou a ficar sério.
- Nenhum de nós dois está em vantagem. – ajeitou a manga da camisa social que agora estava dobrada até os cotovelos.
Pensativo, caminhou até a poltrona, onde se sentou. Sem opção, continuou no mesmo lugar, apenas o observando. Aquele tal de senhor era diferente de todos os outros proprietários com quem teve contato. Não era um velho excêntrico, cheio de manias e que gostava de ostentar suas posses as mostrando para o mundo. Era apenas um jovem que teve a sorte - ou azar - de herdar o império do pai. Por uma questão de honra, decidiu continuar investindo na busca do Dream Glow, porém, se interessava por coisas muito diferentes.
No dia-a-dia era apenas , um amante da arte, que aplicava parte de sua fortuna na área. Vivia da forma mais simples possível, tentando livrar-se dos holofotes que estavam apontados para um herdeiro de um legado tão grande. Era tão discreto que teve trabalho ao coletar suas informações, levando meses para chegar até ele. Quando soube da exposição, ficou surpresa, mas logo discerniu que aquela era uma forma de honrar o falecido pai. O que realmente importava não era o valor material da gema, mas sim o peso emocional que ela levava.
Saber de coisas assim era o seu trabalho. Antes de poderem avançar, era encarregada de descobrir o possível sobre o que pretendiam roubar e como chegar lá. Entretanto, o primordial era conhecer seu alvo. O proprietário de sua mercadoria, pois só assim poderia distraí-lo enquanto fazia a sua parte. Eram como uma equipe, se complementavam. Bem, pelo menos foi o que achou pelos anos que trabalharam juntos.
Ao relembrar do parceiro, uma pontada de raiva lhe atingiu em cheio e, de forma inconsciente, soltou um grunhido baixo ao mesmo tempo em que forçava a algema para escapar. Ao perceber mais uma tentativa fracassada, bufou visivelmente irritada. Não conseguia acreditar que, depois de tudo que passaram juntos, ele simplesmente lhe virava as costas. Poderiam ter resolvido as coisas às claras, mas não. Ele preferiu prejudicá-la e agora estava naquela situação humilhante.
A repentina demonstração de fúria despertou de seus devaneios. Seus olhos voltaram à mulher que, ao perceber que ele a encarava com um meio sorriso, tratou de recompor.
- Deve ser muito divertido, não?! – jogou uma mecha do cabelo para trás do ombro. – Você perde o precioso diamante rosa que seu pai levou anos para encontrar, mas pelo menos ganha uma distração para não pensar tanto no fracasso.
- Já chega... – murmurou, após respirar fundo. – Você fala demais.
- Só com pessoas divertidas. – piscou para ele.
- Talvez ache os policiais que vão interrogá-la divertidos. – rebateu, se levantando e virando para ir até a porta.
- Mas já? – fingiu surpresa. – Nem chegamos à melhor parte ainda.
- Que seria... – continuou de costas para ela.
- Eu fazer uma proposta e você aceitar. – disse como se aquela fosse a coisa mais simples do mundo.
Não precisou esperar mais do que alguns segundos para saber que agora tinha a atenção de . Abriu um sorriso vitorioso assim que se virou em sua direção com a expressão perplexa. Agora, precisava apenas fazer o que sabia melhor.


Capítulo 2

continuava a sustentar o sorriso triunfante, pois sabia que tinha jogado a isca certa. Apesar de manter a postura ereta e o rosto levemente erguido, havia na íris do homem um brilho que ela conhecia bem. A curiosidade estava lá, mas forte do que pensou que estaria.
- Eu não costumo resolver as coisas dessa forma, mas... Que alternativa temos. – balançou os ombros.
- Acha mesmo que eu aceitaria uma proposta vinda de alguém como você? – ergueu as sobrancelhas.
- Está sendo precipitado, senhor . – imitou seu gesto. – Não... Vou chamá-lo de . É assim que prefere, não é mesmo?!
- É muito confiante, garota. – caminhou até ela.
- Faz parte. – riu abafado. – Afinal, tenho uma solução para nós dois.
O rapaz a encarou por alguns instantes antes de se afastar e caminhar vagarosamente até, novamente, sentar-se em sua poltrona marrom. Paciente, recostou-se à parede, apoiando a mão livre na cintura. O herdeiro voltou a pensar e então suspirou cansado.
- Estou ouvindo. – apoiou os cotovelos nos joelhos e esperou.
- Muito esperto, . – sorriu abertamente.
- Por favor... – fez um sinal de impaciência com uma das mãos.
- Como quiser. – endireitou a postura, continuando. – Posso ajudá-lo a ter o Dream Glow de volta.
- Me desculpe, mas a alguns instantes havia me dito que não sabia onde seu parceiro estava. – franziu o cenho.
- E não sei. – ressaltou. – Porém, e eu somos muito mais do que parceiros e eu o conheço bem. Sei o que ele vai fazer antes de sumir definitivamente.
- O quê? – questionou.
- Vamos com calma, querido. – ergueu uma mão, lhe pedindo paciência e então apontou para a algema. – Poderíamos começar com isso.
- O quê? – deu de ombros. – Não faço ideia de como abrir isso.
- Mas eu faço. – sorriu, apontando para a bolsa sobre a mesa de bebidas.
A contragosto, o homem se levantou e foi até o objeto, o pegando. O entregou a ela e aguardou. Sem pressa, abriu a pequena bolsa, tirando um aparelho de metal dourado semelhante a um batom e pressionou o fundo dele num círculo cinza escuro quase imperceptível do lado direito da algema. No mesmo segundo o magnetismo foi anulado e a trava aberta, a libertando. Guardou a algema e o cilindro na bolsa e a fechou, voltando a fitar o rapaz.
- E agora? – abriu os braços.
- Seria uma ótima chance para escapar, mas eu não ganharia nada com isso. – despreocupada, foi até a poltrona, se acomodando nela. – Enfim vamos continuar.
Revirando os olhos, permaneceu de pé, com as mãos nos bolsos. Ela o observou andar até estar em frente e mordeu o lábio inferior. Não podia negar que, desde o primeiro momento que o vira conversando com os convidados da exposição foi fisgada pela sua simpatia e elegância. Praticamente todos estavam aos seus pés, bastava um cumprimento de sua parte. Pensou que talvez em outra situação eles poderiam estar fazendo coisas muito mais interessantes.
Divertindo-se com os próprios pensamentos, riu abafado e cruzou as pernas. puxou uma das cadeiras e se sentou de frente para ela, a fitando de forma sugestiva. Ao entender, a mulher continuou de onde haviam parado.
- Como eu disse, conheço o e sei onde ele vai estar antes de vender o diamante. – deixando o tom debochado de lado, assumiu a postura um pouco mais profissional. – Eu posso conseguí-lo de volta se me deixar ir.
- ... – murmurou seu nome sem deixar de encará-la. – Acha mesmo isso justo?
- Cada um tem seus motivos para fazer o que faz. – descruzou as pernas, chegando mais para a ponta do assento. – Não foi uma escolha minha estrar nessa vida, mas aqui estou. Caçar diamantes não era a sua escolha, mas sim do seu pai, então continuou por ele.
- Algo me diz que deseja mais do que apenas que eu a deixei ir. – a analisou com cautela. – Uma vida nova seria o ideal.
- É uma pena que isso não possível. – completou com um sorriso de lado.
retribuiu o gesto e então se levantou. Olhando por cima do encosto da poltrona, viu quando abriu uma das gavetas da mesa de madeira e tirou de lá um aparelho semelhante a um bipe. Voltando, o mostrou para ela e era prateado com um pequeno visor.
- Deve saber o que é isso. – se sentou enquanto dizia. – É o sonho de todo criminoso, afinal.
- É um eliminador de dados. – engoliu em seco ao reconhecer o aparelho.
- Com um comando você pode acessar qualquer informação dos bancos de dos mundiais e alterá-las ou apagá-las. – explicou, fitando o bipe.
- Sei bem como funciona. – revirou os olhos. – Por que está me mostrando isso?
- Se encontrar o meu diamante posso oferecê-lo a você. – abriu os braços. – Se cumprir sua missão vai poder ter uma vida nova, como uma nova pessoa.
- Está sendo muito generoso, senhor . – inclinou a cabeça para o lado.
- Apenas um incentivo para ter certeza de que vai mesmo fazer o que está propondo. – balançou os ombros. – Não é justo para você?
- Tudo bem, eu aceito. – sorriu.
- Assim tão fácil? – falou desconfiado.
- O que eu tenho a perder? – riu pelo nariz. – Apenas vou precisar que me disponibilize alguns aparelhos para que eu possa encontrá-lo.
- Em quanto tempo vai achá-lo? – quis saber.
- Me dê 24 horas. – se levantou.
- Muito bem. – também se ergueu. – Vou pedir que a levem até um quarto onde vai poder trabalhar em paz.
- Quanta gentileza. – apoiou uma mão no peito e riu quando ele revirou os olhos.
- Apenas não pense em escapar, pois vai estar sendo bem vigiada. – ressaltou.
Mantendo sua educação, fez um sinal com a mão para que ela passasse em sua frente e a conduziu até a saída. Abrindo a porta, eles saíram passando a caminhar pelo largo corredor iluminado. Lado a lado, viu quando ele andou uma mensagem com o celular, que logo foi respondida. Após isso, ele a levou por outro caminho onde ficavam os quartos. Parando na frente de uma das portas brancas, ele a abriu, dando-lhe passagem.
- É aqui que vai ficar. – disse, colocando a chave do quarto para o lado de fora. – Aguarde alguém vir falar com você e lhe diga o que precisa.
A mulher adentrou o recinto se deparando com a beleza e amplitude do local. Virou-se para uma última vez e lhe lançou um leve acenar de cabeça. Imitando seu gesto ele fechou a porta em seguida, a deixando sozinha naquele lugar tão grande.
não soube quanto tempo ficou ali. Não havia porque tentar fugir, pois sabia que a mansão estaria cercada e não iria longe. Além disso, a proposta de poder ter uma nova vida era algo a se considerar. Primeiro esperou sentada numa cadeira de madeira estofada que ficava em frente a uma penteadeira. Ao se cansar, foi até a cama e deitou sobre os lençóis brancos extremamente macios. Permanecia a fitar o lustre aceso quando finalmente ouviu a chave ser girada na maçaneta. Logo a porta foi aberta e deu de cara com o senhor Lee. Era ele que sempre estava ao lado de o ajudando a administrar toda aquela fortuna, então sabia que o mais jovem confiava plenamente nele.
- Boa noite, senhorita. – disse formalmente. – O senhor disse que precisava de algumas coisas e estou aqui para ajudá-la.
- Ah, obrigada. – sorriu de lado. – Gostaria de entrar?
O viu adentrar o recinto e sentou-se no colchão. Ele segurava um tablete e, sem muitas enrolações, logo começou a dizer o que necessitaria.
- Daqui a alguns minutos um dos empregados virá até aqui lhe trazer roupas para que possa tomar um banho e trocar. – ele disse sem tirar os olhos do aparelho. – O senhor deseja que possa estar completamente focada em seu trabalho.
Não demorou a que uma batida na porta fosse ouvida e o homem deu autorização para que a pessoa entrasse. Uma mulher que parecia ser uma pouco mais velha do que logo estava entre eles, deixando alguns pertences pessoais para a outra sobre a penteadeira. Após pedir licença e fazer uma reverência, se retirou. O senhor Lee terminou suas anotações e então a encarou.
- Aguarde algumas horas e terá o que precisa. – então lhe lançou uma breve reverência e foi até a porta, saindo.
demorou a reagir. Estava realmente exausta e agradecia mentalmente o fato de poder tomar um banho. Pegou suas novas peças de roupa e caminhou para a porta ao fundo do quarto, onde ficava o banheiro. Não demorou mais do que o necessário e logo estava pronta. Agora usava uma calça jeans clara e uma blusa branca simples. Havia removido a maquiagem e os cabelos permaneciam presos num rabo de cavalo.
Sentada em frente à penteadeira, fitou a própria imagem no espelho lembrando-se de sua aparência comum, quando não precisava ser quem era agora. Os traços eram os mesmos, o olhar, os lábios. A diferença é que podia enxergar a verdadeira que ficava escondida por trás de toda a produção que costumava fazer para as missões. Suspirou, removendo o grampo que prendia o cabelo, permitindo que os fios caíssem sobre os ombros cansados.
Não teve muito mais tempo para comtemplar sua aparência, pois a porta foi aberta e dois homens entraram, trazendo os materiais que havia pedido. Sem dizer nada, deixaram as coisas ao lado da cama e então se retiraram. Suspirando, se levantou e foi até lá para conferi-los. Não demorou a iniciar sua busca por .
. Só de recordar seu nome, seu estômago se revirava e o coração parecia que saltaria para fora do peito. Agora, porém, precisaria se concentrar. Iria encontrá-lo ou não se chamava . Não a haviam denominado Cleópatra por nada. Era muito mais do que uma mulher que usava de charme ou beleza para conseguir o que queria. Ela tinha suas próprias habilidades e iria provar que não precisava de ninguém para fazer aquilo por ela.
As horas passaram depressa. já havia perdido a noção do quanto havia tentado encontrar informações sobre , mas ele era esperto. Todos os métodos que ela usava para coletar dados ele também conhecia e, provavelmente, deu um jeito de se proteger dela. O tempo que tinha não seria suficiente para burlar seus sistemas.
Seus olhos estavam focados na tela de um notebook, no entanto, pesavam a ponto de não conseguir mais se concentrar em nenhuma palavra. Sentada na escrivaninha que havia no quarto não teve mais forças para mandar o sono embora e debruçou-se sobre a madeira escura e cochilou.
~o~

estava impaciente. Sabia que a garota havia dito 24 horas, mas o quanto mais rápido fosse, agradeceria. Sabia que ninguém em sã consciência recusaria a chance de ter um eliminador de dados em mãos e que essa era uma motivação mais que suficiente para que ela cumprisse a parte do acordo, ainda assim sabia que não deveria confiar em alguém como .
Não a chamavam de Cleópatra apenas por conta da beleza. Ela sabia usar as palavras e convencer qualquer a fazer o que queria. E os olhos. Sim, os olhos eram profundos e intrigantes, quase hipnotizadores. Todavia, havia muito mais nela e ele conseguia perceber.
Suspirando, pegou uma pequena maleta sobre a mesa do seu escritório e a abriu, revelando um dispositivo transparente, semelhante a uma seringa. Era menor que a convencional e feita de metal, mas ideal para seu propósito. A guardou no bolso e se levantou, seguindo para o quarto onde estava. Caminhava com os pés descalços e as mãos nos bolsos da calça de moletom tentando não demonstrar o nervosismo diante das circunstâncias.
Não demorou a estar lá, avistando os dois seguranças, cada um de um lado da porta. Pareciam até estátuas de tão imóveis, mas o rapaz apenas parou em frente a eles e pediu que abrissem a porta. Sem demora, um deles se virou e o fez.
- Estão dispensados por enquanto. – disse, adentrando o local. – Qualquer coisa eu irei chamá-los.
Após vê-los se afastando, finalmente fechou a porta e a procurou com os olhos. franziu o cenho ao vê-la dormindo sobre as teclas do notebook. Balançou a cabeça negativamente e se aproximou a passos lentos, parando ao seu lado. Uma parte do rosto estava coberto pelos cabelos soltos e, antes que pensasse, seus dedos já estavam lá. Tirou os fios com cuidado, revelando seu rosto sereno. Se surpreendeu com a aparência dela sem toda a maquiagem de mais cedo. Não que estivesse diferente, apenas conseguia enxergar uma mulher comum.
Não soube por quanto tempo a observou, apenas saiu do seu transe quando a viu se remexer e abrir os olhos lentamente. Por um segundo o brilho vindo deles emanava certa leveza. Mas ela logo o reconheceu e se recompôs, erguendo o corpo e se endireitando na cadeira.
- Desde quando está aí? – questionou, levantando-se.
- Não tem muito tempo. – pigarreou, levemente constrangido. – Vim saber como está o progresso da missão.
- Está, digamos... Lento. – deu de ombros e apontou para a tela do notebook. – Tudo o que eu fizer para encontrá-lo, ele vai interceptar.
- Disse que conseguiria. – suspirou contrariado.
- E vou. – ergueu as sobrancelhas. – Preciso só de mais algumas horas.
- Como quiser. – abriu os braços e então foi até a cama, deitando-se nela e cruzando as pernas.
Com a cabeça apoiada nos braços a encarou com um meio sorriso, que logo foi retribuído. A mulher percebeu o quão confortável ele estava com aquelas vestes que o faziam parecer bem mais jovem do que antes. A regata deixava seus braços à mostra e deveria admitir que era uma boa visão. Mantendo o sorriso, voltou para a escrivaninha e com atenção redobrada, continuou sua pesquisa.
Após mais algumas horas, desistiu de procurar pelo homem, decidindo tentar outra forma. Usou alguns códigos para reativar a segurança da maleta onde estava o diamante. Em alguns minutos o rastreador estava ativo, indicando sua localização. Sabia que ele não tardaria a perceber, mas seria o suficiente.
Satisfeita, se levantou e pegou o notebook, o levando até . Ele estava distraído com o celular, mas ao senti-la sentar ao seu lado a encarou om atenção.
- Eu o encontrei. – anunciou, apontando para um ponto que brilhava no mapa.
- Ainda está em Seul. – observou.
- Deve estar confirmando a compra antes de sair dessa zona. – digitou um novo código e o mapa aproximou-se consideravelmente do local exato. – Está nessa casa noturna, na periferia da cidade.
- Nunca ouvi falar desse lugar. – se aproximou mais para enxergar melhor.
- Me admiraria se soubesse. – riu abafado, deixando o aparelho sobre o colchão. – Então, o que pretende fazer agora?
- Vou mandar meus homens até lá. – disse como se fosse o óbvio.
- É mesmo tão ingênuo assim? – lhe lançou um olhar desacreditado. – Se pessoas diferentes aparecerem por lá, eles nunca vão conseguir entrar.
- O que sugere? – quis saber.
- Se eu chegar lá, não terei problemas. – colocou o cabelo para trás dos ombros. – Além do mais, faço questão de ir até ele. É meio pessoal, sabe?!
- Tudo bem. – concordou com um aceno. – Mas eu irei com você.
- Você? – franziu a testa.
- Disse que pode entrar sem problemas. – apontou para ela. – Não dever um problema me colocar lá também.
- Certo, apenas faça o que eu disser. – revirou os olhos. – Eu resolvo o resto.
- Ah e mais uma coisa. – enfiou a mão no bolso da calça, retirando de lá a seringa de metal.
Diferente da convencional, ela era de pressão e bastava pressionar o topo sobre uma superfície para acionar o mecanismo. observou o aparelho e não demorou a saber do que se travava: um fixador de rastreador. Manteve-se parada quando se aproximou, a ponto de ficarem quase cara a cara. Apoiou uma mão em sua nunca e com a outra, encostou a seringa gelada em seu pescoço. Apertou a trava de uma só vez e a mulher pôde sentir a pressão contra a pele no local exato onde o rastrear fora fixado.
- É apenas uma precaução. – se afastou, deixando o aparelho ao lado do notebook.
- Sempre tão desconfiado. – balançou a cabeça.
- Eu tenho meus motivos. – falou num tom óbvio.
- Deveria me dar um voto de confiança. – fez a melhor cara de inocência possível, fazendo o homem rir.
- Muito convincente, se eu não soubesse quem é, é claro. – se recostou na cabeceira, cruzando os braços.
- ... – se ajoelhou sobre o colchão e foi até ele.
Sem hesitar, sentou em seu colo, ficando com uma perna de cada lado. Imediatamente sentiu quando seus músculos se enrijeceram, não deixando de notar que ele estava quente.
- O que está fazendo? – manteve-se estático, como se fazer qualquer movimento fosse fatal.
- Só estou te deixando mais relaxado. – apoiou as mãos nos seus ombros. – Se quiser me acompanhar não pode estar assim tão tenso.
Sem esperar uma resposta, se aproximou mais, praticamente colando seus corpos. Aproximou seus lábios e as respirações agitadas se misturaram. Apesar de não conhecê-lo, admitia que morria de vontade saber o que ele poderia fazer com ela naquele momento. Impaciente, finalmente o beijou. Não demorou a ter o gesto retribuído, arfando ao sentir as mãos firmes apertando suas coxas.
Deslizou os dedos para seus fios e quando ele apertou sua cintura, os puxou com força. Ao partirem o beijo, imediatamente removeu sua blusa branca, a jogando em qualquer lugar. Agora queria aquele homem a qualquer custo. Ofegante, dessa vez ele a puxou para mais um beijo e grunhiu quando a mulher rebolou sobre seu membro. Com um movimento rápido, inverteu a situação e a deitou no colchão, deixando seu corpo sobre o dela, apoiando-se com um braço.
- Está mais relaxado agora? – perguntou com um sorrisinho.
- Não... – balançou a cabeça, sorrindo com malícia. – Ainda não.
mordeu o lábio inferior quando ele se livrou da regata, voltando a estar sobre ela. Seu peito subia e descia em ansiedade, pois sabia que aquilo só poderia ser muito bom. Por um momento esqueceram a situação e aproveitaram o breve momento em meio a toda aquela turbulência.


Capítulo 3

Fazia mais de 20 horas que a havia deixado. Pensou que choraria ou que no mínimo estaria deprimida graças ao ocorrido, porém, a noite havia sido generosa com ela. Só de se lembrar do suor escorrendo pelo corpo e da respiração pesada de contra seu pescoço, sentia o estômago borbulhar. Havia sido melhor do que imaginara.
Sentada no banco de motorista do carro sem identificação que dirigia, olhou de soslaio para o homem sentado ao seu lado, que usava um terno preto e calças da mesma cor. Não sabia se ele a encarava também, pois estava com óculos escuros. Mordendo os lábios, voltou a atenção para o caminho que deveria seguir.
- Está com sua parte do combinado aí, certo? – perguntou para ele.
- Não se preocupe. – tirou o eliminador de dados do bolso interno do terno e depois o colocou de volta.
Após um tempo, ajeitou a alça do novo vestido branco e justo, com alças finas e um decote profundo. Mantinha os cabelos presos num rabo de cavalo alto para que os olhos delineados fossem o destaque. Quem a visse saberia imediatamente quem era. Dirigia com os saltos prateados sem problemas e apenas tirou a atenção do trânsito quando olhou mais uma vez para o GPS.
- Estamos chegando. – anunciou quase num sussurro.
Em minutos pararam perto da casa noturna onde deveria estar. O rastreador da maleta permanecia ativo e indicava o mesmo lugar. Após breves instruções, desceram, seguindo para dentro do local. havia conseguido colocar seu nome e um nome falso para na lista para que pudessem entrar.
Do lado de fora a lua iluminava o ambiente. Entretanto, dentro da casa noturna tudo era escuro, iluminado apenas por luzes avermelhadas. Entraram como um casal, seguindo de braços dados pelas pessoas que conversavam ou dançavam ao som das batidas frenéticas. Pararam no bar e após pedir duas bebidas, se levantou.
- Aonde vai? – ele perguntou em seu ouvido.
- Não se preocupe, eu já volto. – respondeu da mesma forma e então piscou para ele.
Com passos calculados, seguiu até a pista de dança, abrindo alas entre as pessoas. Recebeu olhares curiosos e até alguns de inveja, mas sabia que não poderia ser diferente com aquele vestido. Parou bem no meio da pista e se deixou levar pelo ritmo da música que começava. De forma sensual rebolada, deslizando as mãos pelo próprio corpo. Não tardou a ter ainda mais olhares sobre si, mas não se importava.
Continuou dançando sob a luz vermelha até seus olhos caírem sobre , que a encarava vidrado. Mordeu o lábio inferior e, sem deixar de encará-lo voltou a dançar, descendo os dedos pelo decote. Quando ele se levantou, fazendo menção de que viria até a pista, ela foi até ele. o segurou pelo braço e o levou até o banheiro, trancando a porta.
Não foi preciso dizer nada. O homem a puxou contra si, iniciando um beijo frenético. Se deixando levar, jogou seus braços sobre os ombros dele, sentindo as mãos segurarem sua cintura com firmeza, colocando-a sentada sobre a pia. Entre suas pernas o beijo se partiu e desceu os lábios para seu pescoço, depositando selinhos ali.
- Não deveria me provocar desse jeito. – disse ofegante.
- Deveria sim. – riu, passando os dedos nos fios sedosos. – Consegui achar o que queríamos.
Surpreso, o herdeiro se afastou e a fitou com as sobrancelhas erguidas. Ainda ofegavam, com os corpos relativamente próximos, mas agora o assunto era outro.
- Quer dizer que... – murmurou.
- Sei exatamente em que lugar daqui ele está. – abriu os braços. – Tem apenas um segurança na porta, mas ele me conhece, o que pode ser bom ou ruim. Apenas fique do meu lado e não diga nada, entendido.
- Sim. – respondeu e a ajudou a descer do mármore.
Se ajeitaram e juntos seguiram para um dos corredores do local, que levaria a algumas salas isoladas. Lá dentro era praticamente impossível ouvir o que acontecia do lado de fora e vice-versa. Seguiram juntos e então a mulher parou em frente ao homem alto que guardava a entrada de uma delas, deixando um pouco mais afastado.
- Olá, Suk! – abriu um largo sorriso. – Há quanto tempo não nos vemos?
- Olá, senhorita . – respondeu formalmente. – O que deseja?
- Eu só queria falar com o , sabe onde ele está? – perguntou como quem não queria nada.
- O senhor disse que não deveria deixar ninguém entrar hoje. – o homem ajeitou a postura.
- Mas eu não sou ninguém, não é mesmo?! – apoiou uma mão cintura.
- Me desculpe, mas ele também incluiu a senhorita. – inclinou levemente a cabeça para frente.
- Ele é sempre tão imprevisível. – suspirou, fingindo estar cansada. – Deve estar assim por conta da briga que tivemos ontem. Sabe como são os negócios, ainda mais feitos entre casais.
- Eu sei, mas... – o segurança tentou dizer, mas ela o interrompeu.
- Sei que esse é o seu trabalho, mas preciso resolver logo essa questão, não posso ficar brigada com o meu bolinho. – encheu o olhar de tristeza. – E não precisa se preocupar, ele não vai saber que foi você quem me deixou passar.
O segurança Suk permaneceu indeciso por um tempo, mas ao ver a impaciência e a aflição da mulher que sempre estava tão segura de si, não conseguiu resistir.
- Está bem, mas só a senhorita. – disse derrotado. – Esse cara não pode passar.
- Ele é meu novo informante, mas tudo bem, eu o deixo em outro lugar. – balançou os ombros e então foi até .
- E então? – perguntou baixinho.
- Eu consegui passe, mas você vai ter que me esperar aqui. – respondeu e então apontou para a saída. – Me espere no estacionamento e... Leva isso pra mim.
A mulher lhe deu para segurar a bolsa onde guardava os pertences. Ele pensou em questionar o fato, mas sabia que não teria escolha, assim fez o que ela disse. Enquanto o via se afastar, voltou para o segurança, que abriu a porta para que passasse. Apressada, passou pelo segurança que abriu a porta, logo a fechando. Imediatamente, o som externo foi vedado e podiam apenas ouvir um ruído abafado. A sala não era tão grande, mas suficiente para o que faziam. Porém, como já deveria ter imaginado, ele não estava lá. Apenas a maleta jazia sobre a mesa preta ao centro. A mulher caminhou apressada até ela, a abrindo e grunhiu ao ver seu interior vazio.
- Mas que... – o palavrão ficou engasgado na garganta e apenas teve forças para pegar a maleta, a lançando para longe, derrubando alguns quadros da parede.
Pensou em quebrar em mais alguma coisa, entretanto, o papel caído a seus pés lhe chamou atenção. S abaixou, o pegando e lendo que o que havia escrito.
- “Estou bem atrás de você”. – murmurou as palavras que conhecia tão bem, praticamente ouvindo a voz de dizê-las.
Não precisou se esforçar para entender o código. Foi até uma estante repleta de discos musicais e trocou alguns deles de posição, colocando-os em lugares específicos. Ao terminar, a estante se moveu para o lado, revelando uma abertura na parede. Sem hesitar, seguiu pelo pequeno corredor que a levou a uma nova sala.
Era uma sala quase do mesmo tamanho, apenas com objetos diferentes e a iluminação um pouco precária. No centro, uma mesa grande de metal estava e sobre ela vários recipientes com diferentes pedras preciosas. Anéis de rubi, colares de pérolas, pulseiras de esmeraldas. Até mesmo pedras recém lapidadas sem finalidade ainda. Luzes de abajures as iluminavam.
No outro lado do recinto, de frente para a entrada, segurava a mais valiosa delas. O diamante rosa fixado a um anel de prata passeava entre suas mãos. o encontrou assim que pôs os pés ali e sentiu o sangue ferver. Ainda assim, achou que estaria bem mais furiosa.
- Finalmente me encontrou, amor. – disse, se aproximando da mesa, colocando o anel dentro de uma caixa de vidro. – Confesso que achei que não escaparia.
- Sabe que sempre dou um jeito. – deu de ombros e caminhou até ele.
- Vamos mais devagar. – ele disse e ela interrompeu os passos. – Não queremos deixar as coisas mais complicadas do que precisam ser.
- Não se preocupe, não estou armada. – ergueu as mãos na altura da cabeça. – Mas se quiser conferir.
riu abafado e chamou para perto de si com um gesto de mão, que ela logo obedeceu. Parou em sua gente e ele logo pós as mãos em seu corpo, as deslizando pelas curvas dela para ter certeza de que estava limpa. Ao chegar à barra do vestido, o subiu um pouco de propósito e então a encarou com malícia. apenas sorriu de volta.
- Está mesmo limpa. – se endireitou ajeitando a camisa social que usava. – Achei que viria aqui me matar.
- Eu deveria, não é. – engoliu seco. – Depois de tudo o que passamos juntos, simplesmente me deixou lá como se fosse qualquer uma.
- Não entenda mal, mas é assim que esse mundo funciona. – coçou a nuca.
- É só isso o que tem a dizer, ? – foi até ele, o segurando pelos ombros. – E o que disse que sentia por mim, era mentira?
O homem encarou a tristeza dos olhos delineados e ergueu uma mão, segurando seu queixo de leve. Com um sorriso, a beijou ternamente. Quando se afastaram permaneceram com os olhares fixados, até que ele riu.
- Você... É mesmo a melhor. – acariciou sua bochecha. – É uma pena perde-la assim.
- É mesmo uma pena. – mordeu os lábios com força.
Num movimento rápido, virou-se na direção da mesa, pegando a caixa de vidro onde o Dream Glow estava e, sem pensar duas vezes a chocou contra a têmpora de . O objeto estilhaçou-se em mil pedaços e o rapaz cambaleou para trás com o impacto. Com a adrenalina tomando suas veias, procurou pelo diamante e o encontrou no chão, quase debaixo da mesa. O pegou e preparou-se para fugir.
- Para! – o grito de encheu o ambiente e a fez parar de supetão. – Nem mais um passo.
Quando virou-se para ele, encontrou uma arma apontada em sua direção. Apesar do sangue que escorria pela pele, o homem não parecia se importar. Seu dedo estava bem firme no gatilho.
- A brincadeira acabou, meu bem. – apontou a mesa com o cano da arma. – Coloque o diamante aí... Agora.
Lentamente ela se aproximou a estrutura de metal e colocou a gema sobre ela, se afastando com as mãos erguidas.
- Você nunca facilita as coisas, não é?! – disse entredentes.
- Qual seria a graça? – rebateu.
- É uma pena que tenha que ser assim. – destravou o gatilho.
- Pra mim não. – não balançou a cabeça negativamente. – Mas pra você, com certeza é.
franziu o cenho diante daquela sentença, porém, não teve tempo para dizer mais nada. O formigamento nos lábios começou leve, mas logo foi como se tivesse recebido um soco nos pulmões. Levou a mão ao pescoço tentado respirar, mas era em vão. Sabia que ela o havia envenenado.
Tentou usar a arma, mas perdeu as forças e caiu de joelhos, apoiando as mãos no chão. permaneceu parada por mais alguns segundos e então foi até o anel e o pegou, guardando no decote do vestido. Pegou mais uma peça e em seguida se virou para ele.
- Você é bom no que faz, , mas existe algo que nunca soube. – ergueu o rosto. – Eu sou ainda melhor e não preciso de nenhum homem ou quem quer que seja para me lembrar disso.
Quando ele finalmente tombou desfalecido, lhe deu as costas e deixou o esconderijo, reposicionando os discos. Pegou a maleta e colocou o outro anel para não levantar suspeitas. Despreocupada, foi até a porta e a abriu, saindo. Encontrou Suk no mesmo lugar.
- E então, senhorita, já se resolveram? – o segurança quis saber.
- Com certeza, Suk. – sorriu para ele.
- E essa maleta? – ele apontou para o objeto.
- Ah, não é nada demais. – a abriu, revelando um anel dourado com uma pequena esmeralda. – Encontrei um novo comprador e vou fazer a entrega.
- Ah, claro. – balançou a cabeça. – Boa sorte, então.
- Obrigada! – piscando para o segurança, seguiu seu caminho e caminhou triunfante pela casa noturna.
Não demorou a estar do lado de fora e seguiu para o estacionamento, onde havia combinado de se encontrar com . Se equilibrando sobre os saltos finíssimos, o viu recostado a uma parede com as mãos nos bolsos. Sorriu e foi até ele.
- Parece que temos uma missão cumprida. – disse, erguendo a maleta.
- Não tão rápido. – foi até ela e pararam próximos a alguns carros.
- É claro. – entregou-a para ele.
lhe devolveu a bolsa e abriu a maleta, encontrando um anel com uma esmeralda lapidada. Riu abafado e a fechou, deixando-a de lado sobre o capô de um carro qualquer.
- A piada foi muito engraçada, mas não creio que seja a melhor hora. – disse sugestivo.
- Tudo bem. – mordeu o lábio inferior.
Então apontou para o próprio decote, indicando onde ele deveria procurar. Admirado com sua audácia, se aproximou e a abraçou pela cintura. não perdeu tempo e uniu seus lábios, logo sentindo os dedos dele adentrando sua roupa. O contato com a pele a fez estremecer, mas ela sabia bem onde ele queria chegar. Correu suas mãos pelo peitoral até chegar aos ombros e quando apalpou seus braços, ele foi obrigado a parar o que fazia.
Aquele foi instante suficiente que precisava. Com destreza segurou o pulso dele e prendeu a algema magnética, fixando-a ao carro ao lado deles. levou alguns segundos para assimilar o que havia acabado de ocorrer, mas logo compreendeu. Havia sido enganado mais uma vez pela mesma pessoa.
- Não pode fazer isso. – forçou o braço para tentar escapar. – Temos um acordo.
- Eu sinto muito, mas não é pessoal. – se afastou, tirando o Dream Glow do vestido.
- Se o problema são joias, eu possa dar as que você quiser. – ressaltou. – Menos esse diamante.
- Eu não preciso que me dê anéis. – inclinou a cabeça para o lado. – Eu mesma faço isso.
A mulher colocou o anel no dedo anelar e sorriu ao ver como ficava perfeito. Fitou o herdeiro que a encarava perplexo.
- Sabe que posso rastreá-la aonde quer que esteja, não é?! – disse entredentes.
- Talvez. – fingiu estar pensativa.
- Mesmo que fuja não poderá ter uma nova vida. – rebateu.
- Digamos que eu tenha sido mais rápida que você. – ergueu a mão esquerda, segurando o eliminador de dados entre o indicador e o polegar.
- Sua... – respirou fundo. – E agora o quê? Vai me envenenar também?
- Apesar de tudo, você não merece isso, querido. – sorriu de canto. – Além disso, o veneno só funciona uma vez.
- ... – murmurou o nome dela ao perceber a desvantagem em que se encontrava.
- Eu preciso ir. – suspirou triste. – Mas foi um prazer conhecê-lo, . Quem sabe não nos encontremos por aí.
Piscou para ele que ainda não conseguia acreditar na situação. Forçou o braço novamente quando ela lhe deu as costas e saiu andando calmamente pelo estacionamento vazio e escuro. Quando a perdeu de vista teve vontade de gritar a plenos pulmões por ter sido tão burro. No fim, era mesmo o que merecia por ter confiado numa ladra. Apalpou os bolsos em busca do celular para que pudesse achar ajuda e sentiu algo diferente num deles.
Confuso, retirou de lá o que parecia ser um batom dourado. Só então se lembrou de sua função. Era o anular de magnetismo que abria a algema. Riu com incredulidade, pois aquela mulher era completamente imprevisível. Quando achava que começava a entendê-la, lhe era presentada uma nova faceta de sua personalidade. E, com aquela atitude de sua parte, não fazia ideia do que ela queria dizer.
caminhou por mais algumas ruas até encontrar um carro que não chamasse tanta atenção. Com facilidade, o invadiu e após fazer uma ligação direta, ligou o motor. Antes de partir, abriu a bolsa, tirando de lá o bipe. Respirando fundo, seguiu todas as instruções corretas e então apagou todos os dados de sua antiga vida. Agora era uma nova pessoa.
Após guardar o objeto, retirou outro de lá. Não adiantaria ser uma nova pessoa se pudesse ser encontrada. Sem hesitar, pressionou a seringa contra o lugar onde havia inserido o rastreador e o removeu.
Após guardar o aparato, voltou sua atenção para o volante. O diamante rosa cintilava em seu dedo, mas sabia que deveria ter cuidado. Ainda assim, não permitiria que mais ninguém lhe dissesse o que fazer. Não era mais Cleópatra, era apenas . Ou melhor, era Joan. E a partir daquela noite, só ela importava.




Fim



Nota da autora: Sem nota.

Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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