Capítulo Único
- Eu acho que nunca vou conseguir um emprego, sabe. Não como confeiteira, muito menos sendo uma chef renomada.
- Calma . Você tá indo agora pros Estados Unidos e pode ser que consiga.
- Tem chão até eu conseguir.
- Só não seja pessimista. Promete pra mim.
- Tá, prometo.
- Isso aí. Vai lá e arrasa. Amo você, pra sempre. Mesmo nosso relacionamento tendo acabado, espero que você brilhe muito.
- O mesmo pra você, .
e namoravam desde o ensino médio. A despedida não foi nem um pouco dolorida porque bem, preparou o coração dos dois para esse momento tem anos. Eles apoiavam um no outro, viviam um pelo outro. Os dois nasceram em Campinas, interior de São Paulo e desde uma tarde de carnaval eles estavam juntos. é sagitariana com ascendente em touro e lua em gêmeos. é.… o oposto. Nem eles sabem como o relacionamento durou por tantos anos, mas agora que se separaram, passariam a viver cada um por si e não pelo outro. Na cabeça expansiva de , ela não achava que fosse errado, mas também não achava que fosse certo. queria fazer engenharia, mas acabou indo para a matemática - com 26 anos está fazendo um doutorado e sua inteligência é extremamente notável. queria fazer tudo. Queria fazer psicologia, mas também queria cursar biologia e flertava com engenharia ambiental nas horas vagas. Porém, nada ganhava do grande amor da vida dela: a cozinha. Cozinhar, o que fosse, era o amor mais forte que ela sentia. Ela amava fazer macarrão, fazer a própria massa. Amava fazer bolo e seu preferido era o red velvet. Ela pensava que indo pros Estados Unidos conseguiria mais oportunidades. Ah, o sonho brasileiro de querer pisar no exterior e morar por lá... se ela soubesse o que estava por vir, talvez nunca fosse. Ou talvez escolheria nunca ter demorado tanto para ir. era inconstante e inquieta: não dava para ficar muito tempo na mesma, o relacionamento com foi algo a parte na cabeça de 26 anos da menina. Ela sempre escolhia tudo. Sua cor favorita? Todas. Sua cidade favorita? Todas as que ela já foi. E quanto a sua sexualidade... bem, era bissexual desde que se entendia por gente. Nunca tinha sido um problema porque nunca teve outra opção. Seus pais e sua irmã sabiam. sabia e entrou no relacionamento sabendo que escutaria algumas merdas sobre isso. Mas eles não se importavam, afinal, viviam no mundinho deles e nada ao redor interessava. Porém, ela achou melhor terminar o relacionamento de quase dez anos porque não planejava voltar para o Brasil e muito menos voltar para . Ela sentia que o mundo era grande demais para se prender. Ela sentia que precisava caminhar, a passos lentos, vivendo o mundo e se entendendo.
Pisou em Los Angeles e pensou três coisas:
A primeira foi que ela estava sozinha, totalmente por conta própria e que não tinha nenhum para ela se apoiar. Ela chegou à conclusão de que precisava disso, precisava se sentir sozinha pra poder se encontrar, ser dela, se descobrir e se desconstruir. Olhou para as palmeiras ali e pensou alto “caralho, o mundo é tão grande!” Atraindo olhares curiosos.
A segunda foi um pensamento de que a qualquer momento podia dar um terremoto e ela podia morrer. Então, ela jamais deixaria as coisas para o amanhã. Fez uma nota mental: viver tudo hoje, e amanhã... O amanhã estaria ali só para pagar boleto.
A terceira coisa que passou pela cabeça da sagitariana foi que ela precisava urgentemente de um emprego e que estava pronta para dar a cara à tapa. A vontade de realizar seu sonho e também abrir uma ONG que pudesse oferecer algum tipo de ajuda para a comunidade lgbtqi+ gritava dentro dela. Era a única meta que ela tinha para cumprir.
conseguiu algo como atendente em um Starbucks e a menina fanfiqueira dentro dela pensava “será que eu vou encontrar algum famoso por aqui?” E também “será que algum famoso vai se apaixonar perdidamente por mim e daí a gente vai casar e adotar um monte de criança, igual a Angelina e o Brad Pitt fizeram?” E de vez em quando ela também pensava “será que um dia a Brie Larson vai me notar? Imagina só” e ria em seus pensamentos. Achou um apartamento minúsculo que mal cabia ela dentro, mas era o que o salário permitia. Resolveu dividir com uma amiga do trabalho, que fazia faculdade durante a manhã e trabalhava de tarde com ela no café. O nome da menina era Gia e elas viraram melhores amigas bem rápido.
Gia apresentou tudo pra : lugares legais, lugares perigosos, lugares que poderiam ocasionalmente esbarrar em algum famoso sem querer querendo e também lugares que poderia ir para pensar na vida e em tudo que acontecia. Gia tinha alguns amigos legais e apresentou todos para a brasileira: Tolkien - sim, igual o escritor - um menino de Boston que mudou pra Califórnia sozinho quando fez 21 anos; Jasmine, uma menina delicada e meiga que gostava bastante de comer framboesa e fazer exercício físico; Andrea - que mudou pra Andrew quando foi para o continente norte-americano - um italiano animado que fazia faculdade de filosofia junto com Gia. E por último e mais importante, Gia apresentou , uma menina que chamou atenção de desde o primeiro segundo.
esperou meses para convidar para sair. Ela se conheceu primeiro, desconstruiu ideias e só assim percebeu que todo esse tempo ela se fez em cima de outra pessoa, em cima de . Precisava se perder pra se encontrar e foi nos trancos e barrancos de começar uma vida nova em um país completamente novo que a obrigou a amadurecer. Se conheceu. Descobriu que ela tinha uma paixão por escrever e planejou publicar um livro um dia. Descobriu que ela amava kiwi e que só não comia antes porque dizia ser ruim e ela concordava, sem nem ter experimentado. Quando ela se sentiu confortável e pronta para exalar tudo que ela era, resolveu chamar a menina. , como gostava de ser chamada, era uma menina que amava The Maine - podia o mundo estar desabando, se tivesse um show da banda, ela iria. nunca achou que ia gostar de um show de uma banda que não conhecia antes, mas arrastou ela para um show deles e nunca se sentiu tão... em casa. fazia ela se sentir em casa - quando elas estavam juntas, tudo podia dar errado que elas resolveriam. Poderia vir o presidente que fosse para falar que o amor delas era errado. poderia perder o emprego de professora de educação infantil que ela tanto amava que estenderia a mão e as duas procurariam outra coisa juntas. As duas sempre dariam um jeito e foi assim que o relacionamento foi se fortificando. queria tudo e também.
As coisas foram tão naturais e tão fortes que em um ano e meio, com oito meses de namoro, as duas resolveram se casar. Se casaram no civil primeiro, as duas vestiam terninhos que compraram em alguma loja de departamento. Depois, passaram a planejar uma cerimônia juntas. Quando fez um ano do casamento, a cerimônia aconteceu: e foi a coisa mais linda. Até conseguiu ir, foi padrinho. Ele via no olhar de o quanto ela estava feliz e... completa. Coisa que ele nunca tinha visto.
Na verdade, achava que era perdida no mundo, até se encontrar. Ela nunca achava que ia sossegar, mas sossegou: fez faculdade de gastronomia, arrumou um estágio em um restaurante de comida árabe. Resolveu juntar todo o dinheiro que conseguiu, e com uma pequena ajuda de – por insistência da mesma – conseguiu abrir seu tão sonhado restaurante italiano. O menu contava com comidas típicas da Itália – mesmo visitando a Itália uma vez na vida – e alguns pratos brasileiros que eram “especiais e gostosos demais para não estarem no cardápio”, dizia . Elas fizeram uma tatuagem juntas – um aviãozinho de papel pequeno que ficava no tornozelo de cada uma.
A certeza que a brasileira tinha, de que não pertencia a nada nem a ninguém foi embora quando ela permitiu se conhecer e conheceu . E se chegar perto... agora é só folia. Se vê de longe a alegria, tanto da brasileira quanto de . Entendeu que o tempo não para – o tempo é agora.
- Calma . Você tá indo agora pros Estados Unidos e pode ser que consiga.
- Tem chão até eu conseguir.
- Só não seja pessimista. Promete pra mim.
- Tá, prometo.
- Isso aí. Vai lá e arrasa. Amo você, pra sempre. Mesmo nosso relacionamento tendo acabado, espero que você brilhe muito.
- O mesmo pra você, .
e namoravam desde o ensino médio. A despedida não foi nem um pouco dolorida porque bem, preparou o coração dos dois para esse momento tem anos. Eles apoiavam um no outro, viviam um pelo outro. Os dois nasceram em Campinas, interior de São Paulo e desde uma tarde de carnaval eles estavam juntos. é sagitariana com ascendente em touro e lua em gêmeos. é.… o oposto. Nem eles sabem como o relacionamento durou por tantos anos, mas agora que se separaram, passariam a viver cada um por si e não pelo outro. Na cabeça expansiva de , ela não achava que fosse errado, mas também não achava que fosse certo. queria fazer engenharia, mas acabou indo para a matemática - com 26 anos está fazendo um doutorado e sua inteligência é extremamente notável. queria fazer tudo. Queria fazer psicologia, mas também queria cursar biologia e flertava com engenharia ambiental nas horas vagas. Porém, nada ganhava do grande amor da vida dela: a cozinha. Cozinhar, o que fosse, era o amor mais forte que ela sentia. Ela amava fazer macarrão, fazer a própria massa. Amava fazer bolo e seu preferido era o red velvet. Ela pensava que indo pros Estados Unidos conseguiria mais oportunidades. Ah, o sonho brasileiro de querer pisar no exterior e morar por lá... se ela soubesse o que estava por vir, talvez nunca fosse. Ou talvez escolheria nunca ter demorado tanto para ir. era inconstante e inquieta: não dava para ficar muito tempo na mesma, o relacionamento com foi algo a parte na cabeça de 26 anos da menina. Ela sempre escolhia tudo. Sua cor favorita? Todas. Sua cidade favorita? Todas as que ela já foi. E quanto a sua sexualidade... bem, era bissexual desde que se entendia por gente. Nunca tinha sido um problema porque nunca teve outra opção. Seus pais e sua irmã sabiam. sabia e entrou no relacionamento sabendo que escutaria algumas merdas sobre isso. Mas eles não se importavam, afinal, viviam no mundinho deles e nada ao redor interessava. Porém, ela achou melhor terminar o relacionamento de quase dez anos porque não planejava voltar para o Brasil e muito menos voltar para . Ela sentia que o mundo era grande demais para se prender. Ela sentia que precisava caminhar, a passos lentos, vivendo o mundo e se entendendo.
Pisou em Los Angeles e pensou três coisas:
A primeira foi que ela estava sozinha, totalmente por conta própria e que não tinha nenhum para ela se apoiar. Ela chegou à conclusão de que precisava disso, precisava se sentir sozinha pra poder se encontrar, ser dela, se descobrir e se desconstruir. Olhou para as palmeiras ali e pensou alto “caralho, o mundo é tão grande!” Atraindo olhares curiosos.
A segunda foi um pensamento de que a qualquer momento podia dar um terremoto e ela podia morrer. Então, ela jamais deixaria as coisas para o amanhã. Fez uma nota mental: viver tudo hoje, e amanhã... O amanhã estaria ali só para pagar boleto.
A terceira coisa que passou pela cabeça da sagitariana foi que ela precisava urgentemente de um emprego e que estava pronta para dar a cara à tapa. A vontade de realizar seu sonho e também abrir uma ONG que pudesse oferecer algum tipo de ajuda para a comunidade lgbtqi+ gritava dentro dela. Era a única meta que ela tinha para cumprir.
conseguiu algo como atendente em um Starbucks e a menina fanfiqueira dentro dela pensava “será que eu vou encontrar algum famoso por aqui?” E também “será que algum famoso vai se apaixonar perdidamente por mim e daí a gente vai casar e adotar um monte de criança, igual a Angelina e o Brad Pitt fizeram?” E de vez em quando ela também pensava “será que um dia a Brie Larson vai me notar? Imagina só” e ria em seus pensamentos. Achou um apartamento minúsculo que mal cabia ela dentro, mas era o que o salário permitia. Resolveu dividir com uma amiga do trabalho, que fazia faculdade durante a manhã e trabalhava de tarde com ela no café. O nome da menina era Gia e elas viraram melhores amigas bem rápido.
Gia apresentou tudo pra : lugares legais, lugares perigosos, lugares que poderiam ocasionalmente esbarrar em algum famoso sem querer querendo e também lugares que poderia ir para pensar na vida e em tudo que acontecia. Gia tinha alguns amigos legais e apresentou todos para a brasileira: Tolkien - sim, igual o escritor - um menino de Boston que mudou pra Califórnia sozinho quando fez 21 anos; Jasmine, uma menina delicada e meiga que gostava bastante de comer framboesa e fazer exercício físico; Andrea - que mudou pra Andrew quando foi para o continente norte-americano - um italiano animado que fazia faculdade de filosofia junto com Gia. E por último e mais importante, Gia apresentou , uma menina que chamou atenção de desde o primeiro segundo.
esperou meses para convidar para sair. Ela se conheceu primeiro, desconstruiu ideias e só assim percebeu que todo esse tempo ela se fez em cima de outra pessoa, em cima de . Precisava se perder pra se encontrar e foi nos trancos e barrancos de começar uma vida nova em um país completamente novo que a obrigou a amadurecer. Se conheceu. Descobriu que ela tinha uma paixão por escrever e planejou publicar um livro um dia. Descobriu que ela amava kiwi e que só não comia antes porque dizia ser ruim e ela concordava, sem nem ter experimentado. Quando ela se sentiu confortável e pronta para exalar tudo que ela era, resolveu chamar a menina. , como gostava de ser chamada, era uma menina que amava The Maine - podia o mundo estar desabando, se tivesse um show da banda, ela iria. nunca achou que ia gostar de um show de uma banda que não conhecia antes, mas arrastou ela para um show deles e nunca se sentiu tão... em casa. fazia ela se sentir em casa - quando elas estavam juntas, tudo podia dar errado que elas resolveriam. Poderia vir o presidente que fosse para falar que o amor delas era errado. poderia perder o emprego de professora de educação infantil que ela tanto amava que estenderia a mão e as duas procurariam outra coisa juntas. As duas sempre dariam um jeito e foi assim que o relacionamento foi se fortificando. queria tudo e também.
As coisas foram tão naturais e tão fortes que em um ano e meio, com oito meses de namoro, as duas resolveram se casar. Se casaram no civil primeiro, as duas vestiam terninhos que compraram em alguma loja de departamento. Depois, passaram a planejar uma cerimônia juntas. Quando fez um ano do casamento, a cerimônia aconteceu: e foi a coisa mais linda. Até conseguiu ir, foi padrinho. Ele via no olhar de o quanto ela estava feliz e... completa. Coisa que ele nunca tinha visto.
Na verdade, achava que era perdida no mundo, até se encontrar. Ela nunca achava que ia sossegar, mas sossegou: fez faculdade de gastronomia, arrumou um estágio em um restaurante de comida árabe. Resolveu juntar todo o dinheiro que conseguiu, e com uma pequena ajuda de – por insistência da mesma – conseguiu abrir seu tão sonhado restaurante italiano. O menu contava com comidas típicas da Itália – mesmo visitando a Itália uma vez na vida – e alguns pratos brasileiros que eram “especiais e gostosos demais para não estarem no cardápio”, dizia . Elas fizeram uma tatuagem juntas – um aviãozinho de papel pequeno que ficava no tornozelo de cada uma.
A certeza que a brasileira tinha, de que não pertencia a nada nem a ninguém foi embora quando ela permitiu se conhecer e conheceu . E se chegar perto... agora é só folia. Se vê de longe a alegria, tanto da brasileira quanto de . Entendeu que o tempo não para – o tempo é agora.
Fim.
Nota da autora: Oi gente! Mais um ficstape meu andando por aí. Esse aqui eu fui escrevendo e as coisas foram fluindo de uma forma tão leve, tão de boa! Por mais que tenha ficado curtinho, eu sinto que escrevi tudo que queria (e eu realmente não sou fã de ficar enchendo linguiça só pra crescer o número de páginas). O tempo é agora é bem pessoal pra mim. A tem MUITO de mim. Eu só não achei meu lugar no mundo ainda, mas quem sabe um dia. Enfim, espero que gostem. Beijo! <3
Outras Fanfics:
A Walk In The Sun
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