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Última atualização: 19/01/2020

Capítulo Único

— Adivinha quem conseguiu mais de quinhentas curtidas? — berrei para que Harry me ouvisse, já que ele estava no banho ainda. Ouvi ele rir daquele jeito que me dizia que ele já sabia e já imaginava o que ele diria:
— Eu disse que era só você colocar seu corpão pra jogo que as curtidas viriam e com isso… — ele saiu do banheiro com a calça jeans escura e a camisa de seda azul em um tom de marinho, a estampa de margaridas pequeninas pela camisa toda e ela era linda. — Os crushes também vêm junto. — ele finalizou, abrindo um sorriso insinuante, enquanto balançava as sobrancelhas. Dei uma risada alta e fiz uma dancinha em comemoração quanto à isso.
— Mas você sabe o que eu penso sobre postar fotos seminuas só pra atrair macho, né? — aquele mesmo tom de irmão mais velho, apesar dele ser meu melhor amigo desde vidas passadas, sei lá, era amizade de outro mundo.
— Eu preciso mesmo te responder? Você só pode estar chapado se acha que eu postei aquela foto por causa de macho, fala sério. — rolei meus olhos, eu bem sabia que era brincadeira dele, mas rir dela estava fora de cogitação. Mas ele riu demonstrando que era isso que ele queria mesmo: me irritar. Joguei uma almofada nele, sua risada aumentou e ele jogou de volta acertando em cheio.
— Te odeio, Styles. — resmunguei, levantando da cama e arrumando meu shorts jeans por cima do body. Ele me mandou um beijo e voltou a se arrumar, acabei me deixando assistindo ele se arrumar porque eu adorava o estilo dele. Harry sempre se arrumou muito bem, diferente de todos, inventando algumas coisas, combinando algumas peças que nunca imaginaria que daria certo, mas talvez só nele mesmo que dessem certo. Harry Styles era o cara mais bonito daquela cidadezinha pacata e pequena, inteligente, esperto, astuto, misterioso e fascinado por clássicos e poesias. Quase um Shakespeare moderno. Aqueles garotos que poderiam perfeitamente ter saído de um livro. A pergunta é: Como eu podia ser apenas amiga dele? A resposta era bem simples, bem bem bem simples mesmo.
— Espero não ver a cara do George naquela festa. — ouvi ele dizer de uma ríspida ao terminar de colocar o colete aberto por cima da camisa. George era o ex namorado de Harry, isso mesmo, meu melhor amigo vulgo o garoto perfeito era gay sim. Nunca fora um problema pra mim, adorávamos ver meninos que tinham crush em mim e depois acabavam por ter crush nele. Nunca brigaríamos por garotos, era uma regra e praticamente uma lei estabelecida por nós e nunca quebramos ela. Amizade sempre é mais importante do que qualquer amor passageiro.
— E se ver? Quem perdeu foi ele. — ele sorriu com minha resposta e me puxou pela cintura para que saíssemos juntos.
— E quem você pretende fisgar com essas costas de fora, senhorita ? — notei ele erguer uma sobrancelha e sorri de lado.
— Quem quiser ser fisgado por mim. — jogo meus cabelos para trás ao dizer isso, tirando uma risadinha dele.
— Então me fisga, gata. — ele provocou, o empurrei levemente e dei uma boa risada.
— Não me provoca, Harry Styles! — apontei o dedo para ele, semicerrando meus olhos. Ele abriu os braços em sinal de desculpas, mas manteve o sorriso safado nos lábios, abrindo a porta de sua casa para sairmos.

Harry tinha perdido seus pais uns dois anos atrás e foram tempos difíceis onde tive medo de perdê-lo também, Harry sempre que tinha problemas ele se fechava, não queria conversar, não queria demonstrar e guardava pra si, mas eu conseguia sentir a bomba que existia dentro dele prestes a explodir e eu tive medo de não conseguir juntar todos os pedaços quando isso acontecesse. Mas eu nunca saí do lado dele e isso me fez sentir o quanto nossa amizade se intensificou mais. Ele herdou a fortuna de seus pais e parece até que ficou mais rico, ele cuida dos negócios do pai dele, porém, ainda tem o problema que ele nunca compartilha, mas eu sei qual é, ele queria poder estudar e seguir sua própria carreira. Era complicado e ao mesmo tempo fácil demais ser Harry Styles. Rico, talentoso, lindo e problemas que nem eu mesma saberia solucionar.
Fomos para a social da Marjorie com a moto de Harry, pra variar ele tinha uma moto foda e uma Ferrari prata. Qual era a parte complicada da vida de Harry mesmo? Tive vontade de rir desse pensamento, mas apenas senti o vento fresco bater contra meu rosto durante a trajetória.
Assim que chegamos, deu pra notar que a festa estava bem lotada e pela expressão no rosto de Harry vi que aquilo o incomodou um pouco, mas mesmo assim decidimos entrar já que viemos até aqui.
— Da próxima vez eu escolho o passeio. — ouvi ele resmungar, mostrei o dedo do meio para ele e caminhei na frente dele para dentro da casa que estava aberta, tinha uma galera na entrada fazendo maior zona. Marjorie acenou para nós de longe mesmo e fez um sinal para ficarmos à vontade, ri disso e já peguei dois copos que estavam em cima do balcão e pelo cheiro era cerveja mesmo.
— Festa de universidade, pessoas bêbadas fazendo merda e cerveja barata. — ouvi Harry ironizar e o encarei com os olhos semicerrados.
— Você é muito esnobe, sabia disso? — empurrei a cerveja para que ele a bebesse logo sem reclamar.
— Sabia sim e sei que você adora. — ele piscou o olho e sorriu se achando, mas eu rolei meus olhos com isso e não disse mais nada. — Sabe, , quando meus pais eram vivos era tudo mais fácil. Eu podia ser o garoto que ia para festas beber e transar com alguém sem preocupações, sabia que quando eu chegasse eu teria o carinho e o amor da minha mãe com suas panquecas de chocolate com banana. Sabia que teria os conselhos sábios do meu pai e até seus puxões de orelha. Hoje em dia eu não tenho mais isso, hoje em dia eu sou apenas o garoto órfão que vem estragar suas festas. — apesar de terem sido ditas com um tom de comédia, elas eram melancólicas e me fizeram ficar tristes, ainda me sentir infantil por insistir que ele viesse comigo em festas.
— Quer ir embora? — perguntei gentilmente, eu iria embora se ele quisesse, não seria egoísta com ele, já não me bastava ter feito ele vir. Ele me olhou e bebeu toda a cerveja que tinha no copo, colocou o copo vermelho em cima do balcão e puxou minha mão.
— Quero dançar. — ele abriu um lindo sorriso ao dizer isso, segurei sua mão com firmeza e bebi minha cerveja para o acompanhar até a sala onde pessoas dançavam a música da Julia Michaels com o Maroon 5.
'Cause I don't wanna do this on my own. Help me out, out — ele cantarolou, me rodando assim que chegamos na sala, abri um largo sorriso e entrei na dança.
Help me out, 'cause I need something up to calm me down. Help me out, out — cantei a parte da Julia, tocando seu peito com meu indicador, o empurrando um pouco e jogando os quadris de um lado para o outro. Ele riu com isso e fez uns movimentos com os braços antes de pegar minha mão de novo e me puxar contra ele.
I don't mean to bother you but there's something that I want from you — sorri ao ouvir ele cantar essa parte com uma encenação ótima de que precisava mesmo de algo.
Distract me from thinking too much loose ends all tied up with a touch — respondo junto com a Julia, jogo meus braços ao redor de seu pescoço, rindo junto com ele por sempre fazermos algo assim em festas sem nem ligar para olhares alheios.
Mais bebidas chegaram, acabei percebendo que ele bebeu mais do que o normal e mais do que eu, não disse nada para ser a chata e já que eu insisti de trazê-lo nessa festa, ele podia beber o quanto quisesse, mas não era muito do feitio dele. Harry tinha uma certa fixação em ser fitness também, então encher a cara realmente não era dele porque ele mesmo dizia que engordava e coisas do tipo. Mas eu tinha que confessar que tinha ficado muito feliz em vê-lo todo solto, se divertindo e rindo daquela forma. Desde quando seus pais morreram ele nunca mais tinha se divertido daquela forma e então eu me deixei levar, rindo, dançando, fazendo doideiras junto dele.
E na hora de embora tive que praticamente rezar para que ele não nos matasse enquanto dirigia bêbado pelas ruas que ainda bem que estavam vazias pela hora da madrugada. Nenhuma polícia fiscalizando também, mas a adrenalina dele fazendo ziguezague com a moto era quase a mesma sensação de pular de bungee jumping, aquela sensação de que eu poderia morrer.
— Sabia que a gente poderia morrer? Dirigir daquele jeito, gente! — solto, rindo por ainda não estar crendo que ele dirigiu naquele estado e eu subi na moto com ele mesmo. Ele gargalhava com o meu espanto, com as chaves de sua casa na mão e eu apostava que ele não conseguiria nem abrir a porta.
— Dá esse molho de chaves aqui ou a gente vai acabar dormindo aqui na varanda mesmo. — tomei as chaves da mão dele que logo reclamou e tentou pegar de volta, me empurrando contra a porta.
— Devolve as chaves, . — ele sussurrou, deixando aquele sorriso brincalhão no canto dos lábios. Um sorriso que molharia muitas calcinhas e cuecas também.
— E se eu não devolver? — ele vivia me provocando, acho que talvez alcoolizada eu poderia retribuir. — Vai fazer o quê?
Ele abriu os olhos pela surpresa das minhas palavras, isso me tirou um sorrisinho vitorioso, mas ergui ambas sobrancelhas ainda o questionando. Ele mordeu seu lábio inferior rapidamente, descendo o olhar por mim e grudou seu corpo no meu que agora estava preso contra aquela porta de madeira. Senti suas mãos na lateral do meu corpo, ele mal me tocava, mas eu sentia o calor de seus dedos tocando suavemente a curva do meu quadril. Ele colocou uma de suas pernas no meio das minhas e deixou seu ar sair pesadamente contra meus lábios até que seus olhos subiram até encontrar os meus onde eu tive absoluta certeza de ver faíscas. Não era possível, era zoeira com a minha cara mesmo. Harry nunca pensaria em me beijar, éramos amigos desde crianças e nunca tinha rolado nada. Nunca tinha pensado nele desse jeito e ele ter se assumido gay só fez as coisas ficarem mais fáceis pra nós dois. Sem interesses e vida que seguia. Mas o que ele estava fazendo naquele exato momento? O que tinha naquela cerveja que tinha deixado meu amigo hétero?
— Eu vou apenas pegar a chave, minha doce . — ele sussurrou e eu consegui sentir seus lábios rasparem nos meus, então antes que eu notasse senti ele tomar as chaves da minha mão mesmo. Ele soltou uma risadinha e abriu a porta quase me fazendo cair pra trás por eu estar encostada nela ainda. Acabei rindo também e disfarcei o que provavelmente entregaria que eu tinha quase acreditado que ele me beijaria mesmo. Qual é, eu estava maluca mesmo.

Abri meus olhos e estava quase amanhecendo, olhei para o lado e Harry dormia feito um anjo. Ele estava com um semblante leve no rosto e mesmo depois de ter bebido todas ele ainda estava lindo enquanto dormia. Injustiça com meros mortais como eu que parecia que tinha sido atropelada por um trator. Sorri ao ver ele abrir seus olhos e me olhar, ele devolveu o sorriso no segundo seguinte e passou as pontas de seus dedos nas costas da minha mão onde tinha uma tatuagem de rosa ali.
— Minha rosa preferida. — ele sussurrou, meu sorriso aumentou automaticamente.
— Pra sempre? — perguntei, seu olhar se fixou nos meus e ele respondeu um “sim” sincero que aqueceu meu coração.
He's got a thing for flowers, but only certain kinds and by certain kinds I mean, only if it's mine — canto baixinho, virando meu corpo para frente onde eu tinha uma visão do teto.
— E essa é a nossa música então, ? — ouvi sua pergunta, mas não olhei pra ele, apenas sorri e deixei que ele mesmo pensasse em alguma resposta. Um talvez estava estampado em meu rosto.
There's no innuendos, it's exactly what you think, believe me when I tell you that he loves the color pink — sussurrei essa parte, tirando uma risadinha gostosa dele que me fez olhá-lo e sorrir junto.
— Ai ai se você não fosse minha melhor amiga, . — então franzi meu cenho com essa frase e o olhei com um ponto de interrogação enorme na testa.
— Só isso? Não tem outro fator aí nisso não? O fato de você só gostar de caras, por exemplo. — ele riu disso e se levantou, ainda rindo como se tivesse mesmo brincando com a minha cara.
— Um cara partiu meu coração, . E uma mulher o reconstruiu. — ele disse, encostado no batente da porta, olhando diretamente pra mim. Engoli o ar que eu deveria ter soltado, aquilo tinha me pegado de jeito mesmo. O que Harry Styles pensava que estava fazendo comigo? Não sabia o que era, mas estava funcionando totalmente errado.
— E ela reconstruiria quantas vezes precisasse. — respondi, lambendo meus lábios quando recuperei o fôlego. Ele abriu um sorriso lindo ao encostar seu rosto da madeira clara do batente.
— Eu sei que sim, minha menina. — ele piscou um olho pra mim e saiu do meu campo de visão, me deixando com meus pensamentos perigosos.

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— Pra quem não gostava de festas e agora irmos em outra, é um progresso ou retrocesso? — brinco com ele, terminando de colocar meus brincos e olhando pra ele para ver se ele aprovava. Esperei ele sorrir em aprovação pra calçar a sandália.
— Progresso, não é? Desde quando ir em festas é retrocesso? — semicerrei meus olhos ao ouvir sua resposta, mas ele pareceu não gostar da sandália que eu tinha escolhido. — E esse maiô te deixou com um corpão mesmo. Foi naquela loja que fomos aquele dia? Da vendedora maluca?
— Essa loja aí mesmo. A vendedora maluca por você! — adicionei esse bônus, ele soltou uma risadinha.
— Ciúmes, ? — ele balançou as sobrancelhas pra me zoar mesmo, o empurrei levemente.
— Eu sou a única mulher da sua vida. — jogo meus cabelos ao dizer aquilo e passo por ele rebolando, ouvindo sua risada logo atrás. Saímos da cabine do navio, Harry tinha conseguido uns convites do próprio capitão para esse final de semana. Parecia que a empresa de Harry cuidava dos negócios dele fazia anos e o capitão e seus pais eram amigos de longa data. O que era ótimo! Era um navio maravilhoso, bem ao estilo Titanic.
Olhei rapidamente a nossa volta para babar na paisagem incrível de todo aquele deck de piscinas e ainda com vista para o mar que nos rodeava. Tocava Bad Guy da Billie Eilish, isso me fez olhar para Harry que balançava a cabeça conforme a batida da música e acenava para o capitão que estava dentro da cabine.
— Será que o Capitão tem um filho? — pergunto de zoeira, fazendo Harry me olhar feio.
— Está mesmo pensando em um casamento vantajoso? — ele parou na minha frente com os braços cruzados, me olhando por cima de seus óculos escuros.
— Eu não disse casamento, Harry. — dei de ombros, era claramente uma zoeira minha. Mas que mal tinha eu querer pegar uns carinhas nesse navio? Ué. — Quem está com ciúmes agora? — o provoquei de volta, ele sorriu um tanto orgulhoso e surpreso por eu ter devolvido sua provocação mais depressa que o costume.
Peguei um drink que passava, bebericando e sentindo o sabor do abacaxi misturado com o que eu acreditava ser vodca e das boas. Batuco meus dedos na madeira do balcão do bar, cantando baixinho a letra de Bad Guy, olho disfarçadamente para Harry que olhava para as pessoas que tinham ali como se ele tivesse caçando alguma vítima, eu bem sabia que estava mesmo. Meus olhos caíram por ele e por ele ser meio obcecado por exercícios físicos e ser fitness, seu corpo estava perfeitamente escultural. Já tinha dito que era injusto ele ser tão bonito né? Ah bom, gostaria de comentar isso de novo. Era mesmo injusto.
Terminei de beber meu drink e assim começou nosso final de semana, mais drinks chiques misturados com frutas deliciosas e eu mal estava notando o álcool subindo. Piscina, músicas boas, pessoas lindas com a gente. Harry estava mais solto que o comum, ele ria e conversava normalmente e isso aquecia meu coração. O que eu mais queria era que ele ficasse feliz, tinha cansado de ver meu melhor amigo triste o tempo todo. Ele tinha um coração lindo e bom, merecia o mundo todinho se o mundo não fosse tão podre.

Já nem sabia quantos drinks eu tinha virado, mas eu acabei deitada em uma cadeira próxima à uma das piscinas. Um carinha extremamente gato estava ao meu lado, contando alguma coisa que eu já não prestava atenção fazia um bom tempo. Meus olhos passaram pela festa, vendo muitas delas já se pegando, um cenário bem diferente do começo dela e isso era até engraçado. Festas sempre tem etapas e parecia que já estávamos na etapa final. Fui puxada pelo braço e quando me dei conta vi que era Harry que estava me salvando do tédio daquele cara, o abracei rapidamente por aquele salvamento. Fomos para a pista de dança, onde podemos rir da situação como sempre fazíamos.
— O que seria de você sem mim para te salvar? — ele questionou, fingi pensar e fui empurrada de leve.
— Não vou alimentar seu ego não. Ele já é bem inflado! — toquei em seu peito com meu indicador, ele mostrou a língua pra mim no segundo seguinte.
— E se ele fosse o filho do capitão? Perdeu sua chance. — dei risada desse comentário.
— Eu ainda tenho você pra fisgar. — olhei em seus olhos como se fosse sério, então ele transformou a risada em um largo sorriso.
— Ufa, finalmente pareceu me notar, . Achei que esse momento nunca ia chegar. — passo a língua em meus lábios e faço uma expressão de desculpas para ele.
— Eu só estava esperando ser fisgada primeiro, Harry. — rebati, piscando meus olhos e notei ele chegar mais perto como se estivesse levando aquilo tudo a sério. Odiava à maneira como ele parecia estar falando sério quando claramente não estava. Aquilo era improvável e impossível.
— Então… — ele me puxou para mais perto, encostando a ponta de seu nariz no meu, raspando-os lentamente e suavemente. Conseguia sentir sua respiração quente bater em minha bochecha e isso me fez engolir a seco. Por que eu estava pensando em beijar meu melhor amigo que claramente sempre fora gay? Aquilo estava tão errado em inúmeras formas. — Posso te fisgar aqui e agora?
Isso me fez olhar diretamente em seus olhos, procurando algum indício de que ele estava só curtindo com a minha cara, mas ele parecia estar falando tão sério, não tinha sorrisos, insinuações de que era zoeira. Era o Harry usando todo seu charme comigo, claramente se esforçando para me conquistar e ele mal sabia que ele não precisava fazer tanto pra isso. Droga, droga, droga. Eu o odiava por estar fazendo aquilo e me odiava por estar caindo perfeitamente naquela armadilha.
— Acredito que você esteja mais interessado em fisgar aquele cara que não para de te olhar. — aponto com o olhar para o rapaz que o comia com os olhos desde quando chegamos. Ele me soltou na mesma hora como se alguém tivesse jogado um balde de gelo, e tinham mesmo, eu tinha jogado. Ele assentiu com a cabeça rapidamente para mim, fechando a cara no mesmo instante.
— Você está certa. Ele é uma delícia mesmo e faz mais o meu tipo. — ele respondeu friamente, se afastando de uma vez e seguindo até o carinha. Fiquei o olhando incrédula, frustrada e magoada, pra ser bem franca. Tudo bem que eu tinha mesmo dito para ele ir fisgar o rapaz, mas não esperava que ele iria mesmo e ainda mais me tratando daquela forma. Qual era a droga do problema dele? Revirei os olhos ao ver os dois se pegando segundos depois. Já tinha visto o Harry beijar tantas bocas, tantos meninos e até shippado horrores ele com seu ex namorado que é um bosta, mas dessa vez, nesse exato momento eu estava odiando. Por isso, me virei e voltei para a nossa cabine onde eu passaria a noite toda tentando apagar esse gosto amargo que eu estava sentindo e sabia perfeitamente que estava errado eu sentir aquilo. Era incabível depois de tantos anos eu estar tendo sentimentos pelo meu melhor amigo dessa maneira.

Terminei de arrumar minha bolsa e saí da cabine, fui até o restaurante do navio para o café da manhã. E, minha nossa, que mesa espetacular! Estava me sentindo em um episódio de Gossip Girl com aquela mesa farta de coisas deliciosas e a galera quase não comendo porque parecia que gente rica não comia, incrível. Peguei algumas frutas e sentei em uma mesa, mas meus olhos logo encontraram com os de Harry assim que ele chegou lá. Ele pegou uma xícara de café e se sentou na minha frente, tentei sorrir como se nada tivesse acontecido.
— Pelo jeito alguém aqui se deu bem noite passada. Como foi? — perguntei, sentindo que tinha soado estranho mesmo que eu estivesse tentando meu máximo não ser estranha ou indiferente.
— Quer que eu fale o tamanho do pênis dele também? Detalhes explícitos? Eu posso começar agora mesmo aqui na mesa do café da manhã. — larguei o garfo no mesmo segundo que ele me respondeu daquela maneira.
— Claro, você adora ser inconveniente mesmo. — usei o mesmo sarcasmo que ele havia usado primeiro.
— Você começou perguntando sobre como foi minha noite como se me perguntasse o que eu gostaria de comer no café da manhã. — notei algumas pessoas nos olharem por causa do tom de voz.
— Pega esse seu sarcasmo e enfia no … — parei ao ver como eu seria baixa ao dizer aquilo na frente daquelas pessoas todas. — Esqueci que você ia adorar mesmo fazer isso. Então, foda-se. — joguei o pano de prato em cima dele e sai dali batendo os pés. Não seria obrigada a ser tratada daquele jeito porque ele tinha decidido soltar alguma merda que ele estava sentindo em mim. Tinha cansado de ser usada para ele descarregar as merdas dele.
Peguei minha bolsa na cabine para esperar a parada do navio pra descer e ir pra casa. Mas quando saí da cabine, o vi parado no corredor com uma cara pior que a minha.
— Eu não quero ouvir mais do seu sarcasmo e da sua falta de educação. — já deixei bem claro, mas ele impediu que eu passasse, travando meu caminho ao se colocar na minha frente.
— Você começou a me xingar, . Não vem com essa de menina certinha e princesinha pra cima de mim não, tá? Você quase me mandou tomar no cu e ainda soltou um palavrão, depois eu sou mal educado. Irônico, não é mesmo? — ele abriu os braços ao questionar isso, fazendo eu empurrá-lo para eu tentar passar, mas novamente ele não deixou.
— Eu tentei ser legal ao perguntar pela sua noite, Harry. Estou cansada de você descontar seu humor de lixo em mim sempre que não estiver bem. — apontei o dedo para ele ao jogar isso nele.
— Você sempre soube que o Harry Zbank era um fodido, . E mesmo assim você foi minha amiga e a única pessoa que me entendeu e me aceitou assim. — fingi não ter me importado com aquilo porque ele não podia brigar comigo e depois soltar coisas profundas pra mexer comigo. Tinha cansado disso também.
— É, eu fui mesmo. Mas eu cansei de ser essa pessoa. — o empurrei com força para a parede, passando por ele e seguindo apressadamente aquele corredor.
— Ótimo, . Talvez seja melhor assim mesmo! — ouvi sua voz mais distante, mas não virei para olhar, apenas segui para longe dele. Segurando as lágrimas que queriam sair e o arrependimento que já tinha chegado. Nunca tinha brigado com o Harry e poderia dizer que tinha odiado brigar agora e que já sentia falta dele. Mas, infelizmente, eu era orgulhosa sim e meu orgulho era uma virtude e praticamente uma muralha. Uma bosta que eu deveria conviver.

SEMANAS DEPOIS:

Mandei a mensagem para o Lucas de que eu iria sim com ele na festa ou ele nunca me deixaria em paz. Lucas tinha sido um cara que eu tinha conhecido em uma festa passada, mas tinha dispensado porque o Harry não tinha ido com a cara dele. Mas ele era gato e eu estava precisando sair de casa mesmo, ficar chorando mágoas passadas não iria me fazer ir pra frente e só ficar no passado mesmo. Terminei de vestir o vestido preto rendado, gostando de como ele marcou minhas curvas e até as que eu achei que eu nem tinha. Por que os homens não poderiam ser como essas roupas que nos entendiam? Aff.

Batucava o salto no chão conforme as batidas da música, Lucas tinha dado uma cerveja e agora conversava com uns amigos dele. O assunto era um tédio e eu cheguei à conclusão de que talvez héteros tinham uns papos chatos mesmo, sei lá. Harry e eu nos dávamos muito bem, mas eu não queria pensar nele naquele momento. Suspirei baixinho, bebendo mais da minha cerveja e quase engasguei ao ver meu ex melhor amigo ali na mesma festa. Só podia ser brincadeira com a minha cara mesmo, puta que pariu. Ele estava de mãos dadas com o ex dele, o babaca que o fez sofrer pra caralho tempos atrás.
Rolei meus olhos bem dramaticamente por conta daquela cena, odiando não sermos mais amigos porque se fôssemos ele me ouviria, oh se ouviria! Absurdo ele ser trouxa de novo.
Seu olhar se encontrou com o meu, não disfarcei nada em demonstrar o quanto eu estava desapontada com ele que notou rapidamente. Ele piscou os olhos rapidamente, desviando do meu e fingindo que nada tinha acontecido.
Tentei fazer o mesmo, dar atenção ao meu boy da noite que estava uma delicinha naquela camiseta preta que marcava seus músculos definidos e realçava a cor de seus olhos que eu particularmente adorava. Tocava “Into you” da Ariana Grande, assim que começou o toque da música os olhos de Harry e os meus se encontraram mais uma milésima vez, costumávamos dançar e cantar essa música juntos várias vezes. Desci meu olhar por ele, apreciando só um pouquinho a beleza daquele ser humano, mas não deixei que prolongasse. Seu olhar era fixo em mim e parecia não querer parar de me encarar até que o babaca do seu ex o agarrou, começando um beijão. Soltei um muxoxo de desaprovação e Lucas me olhou.
— A cerveja desceu ruim, relaxa. — disfarcei, ele riu e tirou meu copo da minha mão colocando-o em cima de uma mesinha junto com o copo dele. Então segurou minhas mãos com as suas e me puxou para mais perto dele, colando nossos corpos.
— Já te disse o quão linda você está hoje? — abri o sorriso com o elogio que por mais sem graça me deixasse, eu adorava ouvir.
— Disse? Não lembro, mas pode falar de novo… — aponto meu ouvido para ele falar bem ali, ouvi ele rir gostosamente e se aproximar logo em seguida. Seus lábios tocaram suavemente meu lóbulo e consegui sentir aquele arrepio bom percorrer meu corpo todo em resposta ao toque.
— Eu sou muito sortudo mesmo pra estar com uma gata dessas. — mordi meu lábio ao ouvir seu sussurro e em seguida seus lábios rasparem minha orelha, onde ele beijou docemente meu lóbulo e em seguida desceu para minha nuca e pescoço, parando na curva. Nem preciso dizer que me derreti toda, né? Pescoço é covardia com qualquer um. Agarrei sua camiseta, querendo sentir ele ainda mais perto e por mais que estivesse mesmo uma delícia ter um cara gato daqueles lambendo e chupando meu pescoço, meus olhos me traíram e seguiram para Harry que chocantemente me olhava de volta. Joshua se esfregava nele e o beijava também, mas Harry não tirava os olhos de mim e poderia ser coisa da minha cabeça lotada de cerveja, porém, parecia muito que Harry estava incomodado demais com aquela situação. Não aquele incômodo de que não estávamos nos falando, mas aquele olhar de ciúmes. Subi minha mão até a nuca de Lucas, entrelaçando meus dedos em seu cabelo, puxando levemente e isso o incentivou a continuar com aquelas carícias deliciosas em meu pescoço.
Harry semicerrou os olhos para mim e isso me fez sorrir de lado, um sorriso que mal dava pra ver, mas Harry veria. Ele apertou a bunda de Joshua e isso me fez arquear uma sobrancelha para ele, o questionando se iríamos mesmo fazer aquilo, mas pareceu que iríamos só por ele ter retribuído agora o beijo de Joshua, mas sem fechar os olhos porque eles ainda estavam em mim. E o mais engraçado era que a música que tinha acabado de começar era “Dancing with a stranger” do Sam Smith com a Normani. Notei Harry piscar seu olho pra mim assim que a música começou a tocar. Passei a língua em meu lábio superior e deixei que Lucas me beijasse, retribuí da mesma maneira, mas sem conseguir fechar meus olhos também. Eu geralmente não costumava jogar, mas já que eu tinha começado eu iria terminar e não abaixaria a cabeça para Harry.
Vi ele começar a ficar irritado por causa do beijo começar a esquentar mais do que eu mesma tinha notado, pois a mão de Lucas estava na minha bunda naquele momento. Ver Harry reagir daquela forma só me incentivou a permitir o toque, não sabia o porquê e nem queria descobrir, mas eu estava gostando de ver ele ficar incomodado com a cena. Sabia que isso iria além da nossa amizade, porém, naquele momento nada mais já estava me importando. “Look what you made me do I’m with somebody new…” A voz de Sam Smith preenchia a festa e só parecia intensificar mais aquele momento, até parecendo estar em câmera lenta ou somente nós quatro ali naquele lugar, mas só como se eu e Harry estivéssemos acordados. “Oh baby, baby I’m dancing with a stranger...” Engoli a seco ao sentir a língua de Lucas passar desde a curva do meu pescoço até minha nuca onde consegui sentir também uns leves chupões, e que se ele tivesse deixado marcas ele estava morto, claro.
Pareceu que a nossa brincadeira tinha chegado ao fim e eu tinha sido a vencedora, pois Harry empurrou seu par e saiu dali às pressas para outro cômodo. O acompanhei com o olhar e depois vi o babaca do ex dele parecer bem puto pela situação. Ops!
Consegui me separar de Lucas e pedi para ele me dar um tempinho, graças a Deus ele não me questionou muito e nem veio atrás de mim. Com um pouco de receio fiz o caminho que Harry tinha feito e isso me levou até um quarto, ele parecia vazio até que me deparei com uma porta encostada. Algo me dizia para ir embora e não ir atrás dele, mas era um parte pequena e a qual eu amava ignorar quase todas as vezes. Fui até a porta e a abri vendo meu melhor amigo na sacada, olhando para a vista lá fora. Assim que ele notou a minha presença, ele virou rapidamente para conferir quem era, mas assim que me viu virou para a vista novamente. Suspirei fundo com isso e me aproximei dele, parando ao seu lado pra poder apreciar o que ele olhava, tudo bem só fingir apreciar então.
— O que te fez vir atrás de mim, ? — ouvi sua voz que apesar de estar mais baixa e rouca que o normal, conseguiu me afetar em cheio.
— Amizade? — questiono mais a mim mesma do que qualquer outra coisa, ele solta uma risadinha abafada que queria dizer que duvidava muito disso.
— Foi a amizade que te fez brigar comigo no navio também? — essa pergunta me fez franzir o cenho e o encarar um pouco brava e incomodada com aquele questionário.
— O que você quer que eu responda, Styles? — cruzo os braços e fico de frente pra ele. Ele faz o mesmo e se aproxima de mim como se quisesse me intimidar.
— A verdade apenas. — seus olhos verdes, ainda mais intensos que o normal se aprofundam mais nos meus como se ele conseguisse ler minha alma através deles.
— O que foi que rolou agora pouco? — resolvo responder com outra pergunta, eu não iria deixar ele me pressionar contra a parede sem fazer o mesmo. Ele riu daquela maneira tensa de que estava querendo sair correndo.
— Eu perguntei primeiro, . — semicerrei os olhos com essa resposta e suspirei alto, rolando meus olhos e desviando do olhar inquisidor dele.
— Não vamos obter respostas algumas pelo jeito. — murmuro, bem inconformada com aquela situação. Ele se aproxima mais um pouco e consigo sentir ainda seus olhos em mim, em cada centímetro meu e meu corpo todo se enrijece quando seus dedos gelados toca levemente a lateral do meu rosto.
— Sabemos que nenhum de nós dois quer resposta alguma porque temos medo delas. — engoli a seco com o que ele disse, porque era a verdade mesmo. Abaixei a cabeça ao concordar com isso.
— Olha pra mim, . — ele pede como se a sua vida dependesse daquilo e o ar pareceu faltar dentro de mim, fechei meus olhos por alguns segundos antes de me virar para ele e fazer o que ele tinha pedido. Conseguia sentir a respiração dele falhar apenas pela maneira como ela batia contra meu rosto e isso só confirmava o quanto estávamos perto um do outro. Sua mão que ainda estava no meu rosto desceu até minha nuca, onde consegui sentir nitidamente seus dedos se enrolarem com as mechas dos meus cabelos. Sem a minha permissão as minhas mãos agarraram seu casaco pelo colarinho e sua outra mão segurou minha cintura com tanta delicadeza e segurança como nenhum outro cara tinha feito. Harry era diferente de todos os outros, eu sabia bem disso porque ele era meu melhor amigo, mas também nunca tinha gostado de beijar meninas, mas agora aqui estávamos nós e eu deveria ter medo do que estava por vir, mas o desejo dentro de mim era maior do que o medo. Foda-se o medo.
— Não quero perder você, minha garota. — ele sussurrou com pesar, apertei ainda mais seu casaco o puxando ainda mais contra mim, encostando nossas testas.
— Nunca! — sussurrei, sem ter a certeza de mais nada. Quem conseguiria pensar em uma situação daquelas, hein? Não dava pra me julgar, mas que eu queria beijar Harry Styles, eu queria. Observei o sorriso dele nascer e as covinhas que apareceram em suas bochechas só fez o ar que me restava faltar mais ainda. Rocei a ponta do meu nariz na lateral do dele apenas pra ver aquele sorriso aumentar, sua mão em minha cintura me puxou delicadamente mais para perto dele, consegui sentir como suas mãos tremiam e eu sabia que era de nervoso e tensão. Quando tentávamos nos controlar ao máximo e nosso corpo não suportava, era o que estava acontecendo com nós dois ali. Raspei meus lábios nos dele e quase fui a loucura com o suspiro que ele soltou ao sentir eu fazer isso.
— Para de se controlar. — praticamente implorei, vê-lo tenso daquele jeito estava só piorando toda a situação. Ele soltou uma risadinha baixa e me jogou contra a parede que estava atrás de mim, fazendo eu ficar surpresa e encarar seus olhos que naquele momento estavam em chamas.
— Você que pediu. — foi como um aviso e daqueles tipos de avisos que qualquer um iria adorar. Suas duas mãos agarraram minha cintura e não foi nada como antes, elas me apertavam contra o corpo dele e automaticamente eu agarrei seus cabelos. Seus lábios tomaram os meus como ele deveria ter feito há um bom tempo, não tinha sido um beijo calmo, fofo, aquele beijo que melhores amigos dão e depois dão risada. Esse beijo não era nada desse tipo, esse beijo era o resultado de duas pessoas que tinham extremo tesão reprimido e estavam descontando todo ele nesse momento. Puxei seus cabelos com uma certa força, o fazendo arfar no beijo e chupar minha língua com vontade, impulsionando seu quadril contra o meu e me prensando ainda mais na parede. Desci uma de minhas mãos para seu ombro por dentro do casaco, conseguindo arranhar levemente sua pele macia e a mordidinha em meu lábio inferior foi a resposta de que ele tinha gostado.
Suas mãos desceram para minha bunda onde ele apertou levemente, deixei um suspiro escapar entre o beijo. Entreabri um pouco mais os meus lábios como se precisasse de ar, mas Harry não parou de me beijar, ele passou sua língua no céu da minha boca e contornou meus lábios com ela descendo para o meu queixo distribuindo beijos e leves mordidas. Suas mãos desceram mais até conseguirem segurar minhas coxas e puxá-las para cima, onde ele pode me pegar no colo, se encaixando melhor no meio delas. Apertei sua cintura com elas e abracei sua nuca ao sentir seus lábios descerem para o meu pescoço, obviamente meu ponto fraco, deixei minha cabeça cair para o lado dando-lhe mais espaço e liberdade. Já não sabia o que eram suas mordidas, sua língua, os leves chupões e até mesmo seus deliciosos beijos, meu corpo já estava absolutamente amortecido com seu toque.
Não consegui segurar o gemido baixo e ofegante quando seus lábios começaram a descer pelo meu decote, suas mãos apertavam minha coxas com força para que eu não desgrudasse dele. Por puro impulso e calor do momento eu comecei a roçar meu quadril nele, querendo senti-lo ainda mais. Pude ouvir um suspiro alto escapar de seus lábios e tinha sido espetacular eu faria de novo pra ouvir mais e mais. Porém, ele subiu suas mãos para minha cintura e se afastou, me colocando no chão. Fiquei um pouco confusa e o encarei sem entender, ele ainda estava com os olhos fechados e com a cabeça abaixada. Seus dedos passaram em seus cabelos e os jogaram para trás, ele deu mais uns passos para trás e então me olhou.
— Sinto muito, ...Sinto muito mesmo, não queria estragar tudo, mas se a gente continuar eu vou estragar. — engoli a seco com suas desculpas, eu meio que sabia que isso poderia acontecer, mas a bordoada foi dolorosa, mais dolorosa do que eu achei que seria.
— Eu sabia que isso ia acontecer. — murmurei, segurando o choro entalado na garganta. Ele tentou se aproximar de novo, mas o parei no mesmo segundo.
— Não encosta em mim. — pedi, sentindo toda aquela emoção em consumir em um sentimento de pura frustração e decepção, mas o pior de tudo é que era comigo mesma e não com ele. Eu não deveria ter permitido que isso chegasse a esse ponto, eu tinha sido fraca e caído nas armadilhas dele. — Fica longe de mim, Harry. — era sim uma ordem e eu sabia que ele obedeceria em respeito a nossa amizade. Dei as costas para ele e saí dali, fugi da festa, corri para longe de todas as pessoas porque precisava ficar sozinha com o meu fracasso, com o meu coração partido e a frustração que tomava conta do meu corpo inteiro.
Eu tinha cedido ao desejo e o desejo me fez perder meu amigo para sempre.

Um ano depois

Mais uma maldita caixa para esvaziar, como eu odiava mudanças! Tinha esvaziado umas trezentas caixas e parecia não terminar nunca. Lucas tinha ido buscar alguns móveis também e eu sabia que teríamos ainda mais trabalho pela frente. Depois do lance com o Harry, decidi dar uma chance de verdade para alguém e eu entendi que nunca tinha conseguido ficar em um relacionamento sério de verdade era porque eu tinha uma certa esperança com ele. Era burrice minha, mas eu precisava desapegar do Harry Styles para poder seguir em frente e ele também, de certa forma. Lucas e eu decidimos morar juntos depois de um tempo de namoro, ele e eu combinávamos demais e eu gostava dele da maneira certa, daquela maneira saudável e até tediosa como uns diriam. Fazia exatamente doze meses que eu não via Harry Styles, com o tempo eu parei de sentir falta e até tinha me esquecido dos seus traços perfeitos e tentava não ficar lembrando.
Naquela noite de quinta-feira, Lucas e eu assistimos Master Chef e The Voice juntos como era de costume, tomamos nosso chá de sempre e quando Lucas pegou no sono que fui meditar antes de dormir, como mais um costume meu. Depois de meditar, tomei meu banho e decidi pentear meu cabelo na varanda daquele novo apartamento que tinha uma vista incrível. Suspirei fundo ao ver como o céu estava lindo, todo estrelado e com uma lua nova absurdamente brilhante. Sorri disso e antes de entrar acabei olhando para baixo, espeficicamente para o outro lado da rua onde tinha uma figura fumando ali. Meu coração se apertou um pouco dentro de mim por reconhecer no mesmo instante. Seu cabelo estava maior, o casaco enorme com uma estampa de zebra, a roupa preta por baixo que só o deixava ainda mais único e sexy. Ele soltou a fumaça para cima e seus olhos se encontraram com os meus, aqueles mesmos olhos verdes, aquele mesmo olhar que poderia incendiar esse prédio todo. E por último aquele sorriso, um sorriso fechado, porém o bastante para eu conseguir ver suas covinhas.
E tudo aquilo que eu lutei para esquecer nesses últimos meses voltou no mesmo momento.

Harry Styles era minha cor preferida.

Use a física para se encaixar no nosso amor.





FIm!



Nota da autora: Olaaaa, queria agradecer a todos que leram e estou super aceitando críticas construtivas e comentários, vou adorar ler todos! E queria dedicar essa shortfic a Raphaella porque foi culpa total dela eu me apaixonar pelo Harry Styles e também por eu ter me baseado (só um pouco rsrs) em dois personagens nossos que amamos muitão. Te amo, mana!"

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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