Finalizada em: 17/08/2018

Capítulo Único

O garotinho, de um ano e cinco meses, olhou para a mãe e para a esposa do motorista do pai, confuso. Fez um bico e perguntou baixinho:
- Dois? – A mãe do garoto riu e acenou positivamente com a cabeça.
A trabalho do destino, Sabrina, filha de Maria Cecília e Robert, e , filha de Lua e Arthur, tinham nascido no mesmo dia, quase no mesmo horário.
Arthur era motorista particular de Robert, por isso vivia em uma pequena casa, no mesmo terreno do patrão, junto com a esposa. Apesar de ser subordinado de Robert, eles sempre tinham sido verdadeiros amigos, então a surpresa foi muito bem recebida quando Arthur o chamou para conversar que seria pai e Robert anunciou que sua esposa também esperava outro bebê. Ambas grávidas de meninas.
A gestação de Cecília era apenas 3 semanas a mais que a de Lua, fazendo com que as duas sempre ficassem juntas, lendo livros, comprando roupinhas e frequentando algumas aulas para gestantes. A única ideia diferente que as duas tiveram era em relação ao parto; enquanto Cecília esperaria a filha nascer naturalmente, assim como seu primeiro, Lua resolveu marcar uma cesárea. A ideia, no entanto, não foi acatada por , que resolveu nascer, prematuramente, no mesmo dia que Sabrina.
Lua estava sentada em uma cadeira de frente para Cecília, massageando seus pés super inchados para ajudá-la esquecer a dor das contrações, quando sentiu um líquido escorrer pelas suas pernas. A bolsa tinha estourado... antes do tempo e sem contrações.
A conclusão é que chegou ao mundo duas horas antes de Brie, por meio de parto natural.
saiu de perto da mãe e da irmã para olhar o embrulhinho na mão de Lua, ela se abaixou para ele ter uma visão melhor. O menino passou os dedinhos no rosto da neném e sorriu quando ela abriu a boca em um bocejo.
- É bonita. – Disse e olhou para a mãe.
- Sim, ela é. – Cecília respondeu afagando os cabelos dele.
- E sua irmã? É bonita também? – Arthur perguntou e o rapazinho balançou a cabeça em um sim frenético.
- Você vai cuidar delas? – Foi a vez de Robert se pronunciar e o menino respondeu um “vou” concentrado em olhar as duas meninas. – Direitinho, hein?! Promete?
- Plometo. – Respondeu sorrindo para o pai.

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3 ANOS

Lua tinha acabado de dar comida a filha, quando ouviu batidas insistentes em sua porta. Deixou a louça na pia e correu para abrir pensando ser alguma emergência, mas apenas se deparou com Sabrina e .
- O meu pai vai levar a gente no parquinho e a gente queria saber se a pode ir também. – A menina perguntou com as mãos na cintura.
A mulher riu, Sabrina tinha apenas três anos, assim como sua filha, mas era muito esperta para a idade, parecia uma adulta no corpo de uma criança.
- Ela acabou de almoçar, seu pai vai sair agora ou pode esperar ela se arrumar? – Lua se abaixou para ficar na altura das crianças.
- Ele espera. – que falou dessa vez. – A gente não vai sem a . – Deu de ombros.
- Tudo bem então. – A senhora Aguiar se levantou. – Eu vou arrumá-la e já levo ela lá.
- Ok. – Os dois responderam juntos e saíram correndo.
Lua arrumou a filha e a levou para Robert, pedindo para ele ter cuidado com a sua joia, o homem riu, respondendo que cuidaria dela como se fosse sua. Por precaução, deixou o endereço do parquinho com a mulher antes de partir.
Robert adorava ver o entrosamento dos filhos com , às vezes parecia que os três eram irmãos, e eles tinham aquela inocência gostosa de criança. sempre estava preocupado com as duas, defendendo-as de tudo e de todos, até mesmo dos pais, quando as meninas faziam alguma coisa errada.
- Pai, a gente quer sorvete. – chamou a atenção do pai o puxando pela blusa. Robert riu, ele tinha visto comentar que queria sorvete.
- Você ou a ? – Semicerrou os olhos para o filho. O menino revirou os olhos.
- Você vai comprar ou não?
- Muito abusado, senhor . – Respondeu caminhando em direção a sorveteria com o filho, sendo seguido por e Sabrina.

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5 ANOS

- Eu não sei, . – disse com um bico.
Alguns coleguinhas da escola dele e da irmã estavam em sua casa visitando, resolveram brincar de pular corda e adorou. Imaginando que ela iria gostar, já que geralmente tinham os mesmos gostos, o menino foi chamar para ensiná-la a nova brincadeira, mas após a menina ver como funcionava, ficou com medo de cair e resolveu que não brincaria.
- Eu vou te ensinar, ué. – Segurou a mão dela e a puxou para perto.
- É fácil, . – Sabrina incentivou e demonstrou.
resolveu tentar. Com de um lado e João, seu amiguinho, do outro para bater a corda para ela. Ela começou um pouco cabreira, mas com alguns pulinhos ganhou confiança, pulando como se já tivesse feito aquilo um milhão de vezes, o que a fez sorrir. Contudo, a buzina de algum carro na rua a assustou, fazendo-a errar o tempo de pular e acabar caindo. soltou a corda e correu até ela.
- Você está bem? – Se abaixou do lado dela.
- Estou. – Se ajeitou para sentar no chão. – Só arranhei um pouquinho. – Mostrou o joelho.
- Droga. – se levantou gritando pela mãe.
- O que foi? – Cecília apareceu na porta preocupada.
- A caiu. – Respondeu e a mulher chegou perto para ver a criança.
- Só ralou. – Assoprou o joelho da menina.
- É minha culpa. – Ele disse transtornado e a mãe o olhou. – Ela não queria pular e eu falei que não ia acontecer nada.
- Mas foi só um arranhãozinho. Eu estou bem. – disse o tranquilizando. Se aproximou dele e deu um beijinho em sua bochecha. – Não se preocupa, eu vou pedir minha mãe para botar mertiolate e já volto. – Avisou e correu até a própria casa.

🌈

13 ANOS

Era sexta-feira, tinha acabado de chegar da escola e correu para tomar banho, estava louca para ver o filme que tinha baixado duas semanas antes, porém ainda não conseguira assistir, pois logo em seguida entrou em semana de provas.
estudava no mesmo colégio de Sabrina e , através de Robert e uma bolsa de estudos. O patrão do pai tinha feito questão de pagar por seus estudos, já que sempre soube das excelentes notas da menina, por isso ela sempre se esforçava ainda mais para não o decepcionar por confiar nela.
Fez pipoca e colocou o filme para assistir. O filme já estava quase na metade, quando escutou o celular vibrar anunciando uma mensagem. Pegou o celular e viu que se tratava da melhor amiga.

Brie: Tenho que te contar uma coisa. Tá em casa?
: Sim, o que é?
Brie: Estou a caminho.

Instantes depois, Sabrina passou pela porta; a intimidade fazia com que ela não precisasse bater para entrar. Sentou-se ao lado da amiga, já pegando a pipoca com um sorriso no rosto.
- O que aconteceu? – semicerrou os olhos para ela. Sabrina estava alegrinha demais.
- Sabe o Thomas? Aquele garoto lá da escola?
- O amigo da Daphne? – Fez careta. Não suportava a garota, visto que a tal, sentia-se no direito de desfazer de devido suas condições financeiras.
- Ele não é mais amigo dela. Enfim, esse não é o foco. Você sabe quem é, certo? – Perguntou e a amiga assentiu. – Nós nos beijamos hoje. – Revelou cantarolando e mexendo no cabelo.
- Você perdeu o BV? – indagou surpresa.
- E o BVL, né. – Respondeu com um sorriso sem vergonha.
- E foi bom? – Brie confirmou com a cabeça. – Ele beija bem.
- Como você sabe que ele beija bem se você só beijou ele?
- Porque eu gostei ué. – Brie respondeu como se fosse óbvio e deu de ombros. – E você?
- O que tem eu?
- Quando vai perder o BV? – engoliu em seco.
A única coisa que escondia da amiga era aquilo... ela já não era mais BV, tinha deixado de ser há dois anos atrás. Enquanto assistia filme com , o garoto se aproximou e a beijou. Assim do nada. Apenas um selinho em seus lábios no meio do filme. Ela tinha gostado, no entanto, pois logo retribuiu e, desde aquele dia, eles viviam trocando selinhos escondidos. Ela tinha sido o primeiro beijo do garoto também.
Um ano após isso, eles resolveram que era a hora de aprender a beijar de verdade e o BVL também foi perdido.
- Não sei, Brie. – Ela respondeu após algum tempo.
- Aposto que o adoraria tirar seu BV. – Ela disse sorrindo sapeca e amiga tacou pipoca nela, mandando-a calar a boca. – Pelo que parece ele já está expert nisso.
- Como assim? – Vincou as sobrancelhas.
- Thomas me disse que ele já ficou com umas três meninas da sala deles. Com beijo de verdade. – piscou algumas vezes absorvendo a notícia.
- Deve ser mentira. – Rebateu.
- Não é. Eu perguntei a Ágata e ela disse que eles tinham se beijado mesmo. – sentiu o estômago embrulhar e ficou calada. – Você está com ciúmes? – Deu um sorrisinho.
- Claro que não. – Respondeu rapidamente. – Por que estaria?
- Fala sério, qualquer um vê que vocês se gostam.
- Nada a ver, Brie. Até porque se ele gostasse de mim mesmo, não teria beijado outras meninas. – Disse seca e Brie riu.
- Tudo a ver, . Eu vou perguntar a ele. – Disse se levantando de repente.
- Vai perguntar o quê? – Arregalou os olhos.
- Se ele gosta de você ué.
- Não. – Respondeu, mas não teve tempo de impedir a amiga que saiu correndo porta a fora.

🌈

Já estava deitada na cama quando ouviu o celular vibrar de novo. E de novo. E mais uma vez. Era uma ligação e ela não precisava olhar para saber quem era.
estava atrás dela desde cedo, quando descobriu que Sabrina tinha contado para ela de suas escapadas. E, desde cedo também, o estava evitando, ignorou todas as mensagens desde “você que mandou a Brie perguntar se eu gostava de você?” à “fala comigo, por favor”.
O celular parou de tocar, mas vibrou uma última vez alguns segundos depois, indicando uma mensagem, ela pegou para ler.

: Estou aqui na sua porta.

Ela pensou em continuar lhe ignorando ou responder que não ligava, mas essa não era a real situação... ela gostava dele e queria saber porque ele tinha beijado outras meninas, porém estava magoada demais para olhá-lo. Saiu de seu quarto, caminhou até a porta da sala e se sentou no chão, encostando a cabeça na porta e sussurrando:
- O que você quer? – Do outro lado, quase não ouviu o sussurro.
- Abre a porta. – Ele pediu do outro lado e ela negou com a cabeça, mesmo que ele não conseguisse ver.
- Fala o que você quer. – Ela foi incisiva.
suspirou. A menina era um doce quando queria, amorosa e companheira, mas ai de quem ousasse lhe desagradar. E sabia bem disso.
- Eu não sabia que você iria ficar chateada com isso, . – Ele choramingou.
- Então por que escondeu? – Ela arqueou as sobrancelhas de um lado da porta e ele mordeu os lábios de outro.
- Porque não era necessário te falar isso também. Eu não gostaria que você falasse para mim que ficou com outra pessoa.
- E por que não gostaria?
- Porque eu gosto de você e sinto ciúmes. – Revelou.
- Então por que ficou com outras meninas? – Perguntou com petulância na voz. Ele riu.
Ela sempre fazia ele perceber seus erros de maneira simples. Não precisava gritar, espernear, nem mesmo falar onde ele errou... no meio da conversa, ele sempre se tocava sozinho.
- Porque eu sou um idiota. – Respondeu sussurrando.
se levantou, destrancou a porta e a abriu. Se apoiando no batente com os braços cruzados, respondeu:
- Ainda bem que você sabe. – Ele sorriu para ela.
- Desculpa. – Disse baixinho e a puxou para um abraço.
- Ok, mas não faça de novo. – Se afastou dele para falar.
- Não vou.
- Eu estou falando sério, , - Cruzou os braços. – Se você fizer de novo, eu vou aceitar o convite do Igor. – O garoto fez careta. Igor era um moleque da sala de que não suportava, não só porque ele vivia chamando a garota para sair, mas porque, também, já tinha sido abusado o suficiente para falar para o treinador do time da escola que ele daria um melhor capitão que .
- Eu não vou fazer. Eu juro.
- Eu deveria aceitar o convite dele mesmo assim. Você já ficou com elas mesmo.
- ... – Ele choramingou e ela arqueou a sobrancelha.
- Você experimentou outros beijos e eu não posso? – revirou os olhos desistindo daquela conversa, ele sabia que agora ela aceitaria o pedido do garoto. E ele não tinha o direito de reclamar, mas também não era obrigado ouvir sobre isso.
- Faz o que você quiser, . – Sentou no banco que ficava na varanda da casa dela.
- Eu vou. – Ela sorriu e se sentou ao lado dele no banco, jogando as pernas por cima das do garoto.
Passou um dos braços por seu ombro e se aproximou para dar um beijo no pescoço dele. se arrepiou e virou para ela, levou a mão esquerda até a nuca da menina a puxando para um beijo cheio de vontade e enfiou a direita por baixo da blusa do baby-doll dela, apertando a cintura da garota.

🌈

15 ANOS

Posteriormente o incidente de com as meninas do colégio e de devolver saindo com o garoto que ele menos gostava da face da Terra, resolveu pedir a menina em namoro. Ele não queria mais ficar com alguém que não fosse ela e também não queria vê-la com outros garotos. Por tais motivos, pediu de presente de 15 anos para que ela namorasse com ele e, agora, já tinha mais de um ano que eles namoravam – escondidos.
A única que sabia do namoro, claro, era Sabrina. Eles precisavam de alguém para cobri-los para fazer coisas de namorados e confiavam na menina para isso, mas ela não tinha se agradado de saber apenas após anos que o irmão e a melhor amiga tinham um caso, o que os fez dever dois kg de Fini para ela em troca de perdão.
- Eu realmente acho que vocês deveriam se assumir. – Brie comentou com a amiga. Estavam no quarto de Sabrina conversando e comendo besteiras.
- Eu não.
- Por quê?
- Você sabe o porquê, Sabrina. – Respondeu fazendo a amiga morder os lábios.
- Eu não acho que meus pais sejam do tipo que vá discriminar o namoro de vocês só porque você não é rica, , eles são legais.
- Todo mundo apoia até ser na própria família, Sabrina. – respondeu com pesar. – Eu não gostaria que fosse assim, mas não posso arriscar. Não é só o meu namoro em risco, é a minha escola e o emprego do meu pai também. Fora que eu também não quero perder a visão que tenho dos seus pais, eles sempre me ajudaram muito. – Brie suspirou acenando com a cabeça, ela compreendia a amiga.
Trocaram de assunto ao ouvir batidas na porta.
- Entra. – Sabrina falou.
abriu a porta e entrou, fechando-a de novo logo em seguida. mordeu o lábio inferior ao observar o namorado sem camisa. Ele não era do estilo super definido, mas o futebol e a academia, que ele tinha começado no início do ano, tinham ajudado a manter um corpo que adorava, principalmente o V marcado no fim do tórax.
- Vai babar, ? – Sabrina implicou revirando os olhos. gargalhou sendo acompanhada de .
- Só conferindo o que é meu. – Ela respondeu fazendo a cunhada revirar os olhos novamente.
- Vocês são um saco. – Disse e fez cara de nojo vendo os outros dois se beijarem.
- Falou a que não beija. – debochou. – Não se preocupe, não vou roubá-la ainda. – Respondeu antes que a irmã perguntasse o que ele queria. – Vim apenas usar o computador, meu notebook deu ruim.
- Tá bom, o notebook tá ali. – Indicou com o dedo para que ele saísse da cama. – Cata e rala. – riu, abraçando a amiga e dando um beijo em sua bochecha.
- Ciumenta. – Sussurrou.
- Sou mesmo.
Após fofocar bastante com a amiga, resolveu ir para casa, tinha uns trabalhos da escola para terminar e tinha prometido a mãe que jantaria em casa. Se despediu da amiga e passou no quarto do namorado para lhe dar um beijo.
Chegando em casa, ela lembrou que não só tinha os trabalhos de história e de química para finalizar, como tinha também os exercícios de física. Suspirou cansada, a escola realmente exigia muito dela. Começou pelos exercícios de física, já que era sua pior matéria, sua sorte é que tinha Thomas – eles acabaram virando amigos por causa de Sabrina – e o garoto era um nerd total.
Não foi muito difícil terminar os exercícios, com algumas pesquisadas na internet e mensagens trocadas com Tom, e na hora que sua mãe lhe chamou para jantar, já estava terminando o trabalho de história.
Após a janta, e um pouco de conversa com os pais, retornou para terminar os trabalhos, tinha acabado de finalizar o de história quando recebeu uma mensagem:

: Posso ir aí?

Mordeu o lábio olhando a matéria do trabalho de química, não era muito difícil e o prazo era para dali a duas semanas. Abriu a porta de seu quarto para conferir se os pais estavam mesmo dormindo e voltou ao celular.

: Desde quando você pede?
: Eu sei que você não gosta que interrompam seu modo nerd 😒
: Você tem a vida feita, bebê, eu não!
: 😒 😒 😒 😒
:
Vem logo.

caminhou até a porta da sala calmamente, evitando fazer qualquer tipo de barulho, e abriu, agradecida por ela não ser o tipo de porta barulhenta, tendo tempo de observar na metade no caminho para chegar a sua casa. Assim que ele chegou, levou as mãos nos dois lados de seu rosto a puxando para um beijo.
- Shiu... – Ela disse quando ele riu, o puxando até o quarto. O garoto adorava essa coisa do namoro escondido. – O que você quer? – A garota perguntou logo que fechou e trancou a porta, arqueando uma das sobrancelhas e cruzando os braços.
- Ficar com a minha namorada, posso? – Sentou-se na ponta da cama.
Ela caminhou até ficar de frente a ele e colocou as mãos em seus ombros, ainda de pé, o que não durou muito, já que ele a puxou pela cintura fazendo-a sentar em seu colo.
- Você só quer saber de estudar e estudar e a gente quase não tem passado tempo junto. – Ele reclamou.
- Estou fazendo o que você deveria estar fazendo também, daqui a pouco a semana de provas chega e você vai ficar choramingando dizendo que não sabe nada. – Ele deu de ombros com um sorriso ladino. – Seus pais tinham que deixar você se ferrar, só assim você aprenderia.
- Eu não sei qual o motivo da chateação, . – Ele jogou o tronco para trás até encostar na cama e a menina continuou sentada em seu colo com os braços cruzados.
- Você tem tudo muito fácil, , por isso não sabe o motivo da chateação. Se as notas estão caindo, seus pais correm e pagam um cursinho, se quiser alguma bobeira, seus pais correm para comprar. – Ele arqueou as sobrancelhas não sabendo onde ela queria chegar com isso. – Se minhas notas caírem, eu perco minha bolsa, , e seu pai não vai querer pagar a mais na escola por mim porque eu relaxei. Eu não posso me dar esse luxo de só estudar na semana anterior a prova. – Ele suspirou com as mãos pousadas nas coxas da menina fazendo um leve carinho.
- Esquece isso, vai. – Ele levou as mãos até seus braços, puxando para que ela se deitasse por cima dele. – Eu vim aqui namorar, não ficar discutindo sobre desigualdades da vida. – revirou os olhos.
- Uma hora você vai ter que entender isso. – Disse pousando as mãos sobre o peito dele.
- Outra hora, outra hora. – Respondeu se virando para ficar por cima da garota.
Ele não deixou a namorada responder, a calando rapidamente com um beijo. Ela o apertou, trazendo-o para mais perto, também sentia falta de estar com ele, mas, infelizmente, tinha que ter prioridades. Se sentia nas nuvens quando estava com o namorado, com os beijos molhados, suspiros encantados, mãos e conversas bobas.
Em um ponto da noite, os beijos – quase – inocentes e mãos bobas evoluíram para peças de roupas sendo tiradas e beijos em lugares pouco decentes. suspirou sentindo os beijos do namorado em seu pescoço e os dedos dentro de sua calcinha, apertou as unhas no ombro dele chamando por seu nome algumas vezes enquanto se contorcia.
A situação era comum de quando ficavam juntos – e sozinhos –, assim como era comum o desejo para que as coisas esquentassem mais, o que não era nada comum era as coisas chegarem no ponto de realmente esquentar mais e foi por isso que parou, deixando a namorada confusa.
- O que foi? – Ela perguntou com a respiração descompassada, olhando para o namorado que estava deitado ao lado dela.
- Estou com medo de fazer besteira. – Ele respondeu olhando para qualquer coisa que não fosse ela, mas ela puxou o rosto dele em sua direção.
- Mas eu também quero. – Confidenciou baixinho olhando nos olhos dele.
- E se eu te machucar?
- Eu sei que não vai. – Jogou uma perna por cima dele e grudou seus narizes. – Qualquer coisa eu falo.
- Você promete? – Ele perguntou preocupado, posto que, assim como ela, nunca tinha feito sexo. A menina assentiu o puxando para um beijo.
foi perdendo o medo ao ver como a namorada estava entregue, recebendo com paixão cada toque dele e, no fim daquela noite, ele pôde dizer que tinha certeza que era a mulher da vida dele. Tudo na vida dos dois encaixava perfeitamente.
Infelizmente, ele teve que ir embora ainda de madrugada e, para não ter que acordar a namorada, apenas deixou um bilhete no criado mudo, dizendo:

Eu espero que você saiba o quanto eu te amo, você sabe que eu não sou muito bom com palavras, mas eu te acho a garota mais incrível desse mundo. Queria poder acordar do seu lado hoje, mas nessas horas eu entendo o seu lado... a vida nem sempre é do jeito que a gente quer.
Essa noite foi a melhor da minha vida e eu espero poder repeti-la infinitamente. Eu te amo demais
. ”

🌈
16 ANOS

- , vai ser só uma festinha. – Sabrina fez manhã, mas a amiga não comprou o drama.
- Nunca é só uma festinha, Sabrina. Eu não estou no clima.
- Todo casal briga, vocês têm que superar isso. Aliás, o super concordou com a festa, está todo animadinho.
- Problema é dele.
- Você vai perder a chance de ir toda maravilhosa e fazer ele se morder de ciúmes? – Deu um sorriso vitorioso, sabendo que tinha acabado de ganhar aquela batalha.
- Eu nem tenho roupa, Brie.
- É uma festa na piscina, amiga. Você só precisa de um biquíni e um vestidinho. – mordeu o lábio inferior. – Você pode usar aquele biquíni branco que compramos no shopping.
- Ele é muito indecente. – sussurrou. O biquíni tinha uma calcinha normal, contudo a parte de cima era de um véu transparente, com uma flor no meio que cobria apenas a parte do mamilo e conjuntura.
- Não é nada! E você fica gostosa nele... Vai ser perfeito.
- Não sei, Brie...
- Sabe, sim. Pode se arrumar. Eu vou te emprestar aquele meu kimono de praia azul. – Mordeu os lábios e sorriu para amiga. – Você vai ficar um arraso. E ainda vai fazer o boboca do meu irmão perder as estribeiras.
Sabrina foi embora em pouco tempo e suspirou indo se arrumar. Das duas, uma, ou realmente perderia as estribeiras e eles iriam fazer as pazes ou eles iriam brigar mais ainda. No momento, ela estava acreditando na opção da briga.
O relacionamento dos dois sempre foi tranquilo e sempre fora o namorado perfeito... até o início daquela semana. Ele tinha simplesmente começado a ser o mais ogro possível com um dos melhores amigos de , Thomas, e ela, obviamente, não tolerou isso. Não sabia de onde havia saído a atitude do namorado, mas a atitude dele para com Thomas, era a mesma de alguns colegas de para com ela, ignorância por conta de suas classes sociais. E ela não podia admitir isso.
Thomas não era filho de empregados como , seus pais tinham empregos considerado médios e com a inteligência do menino – coisa que eles tinham em comum –, ele tinha conseguido uma bolsa quase que integral no colégio deles. No início ele tinha se juntado com uma galera que não valia a pena, como Daphne, afim de socializar, mas quando virou colega de Sabrina fez questão de se afastar desse ciclo abusivo.
terminou de se arrumar em pouco tempo, já com o biquíni, o chinelo e a maquiagem leve – apenas um rímel para destacar os olhos e um batom para dar uma cor na boca –, ela mandou mensagem para a amiga pedindo o kimono. Pouco tempo depois escutou batidas na porta, estranhou – já que a amiga tinha perdido o hábito de bater à porta e simplesmente entrava – e caminhou até a sala para atendê-la. Se surpreendeu, porém, ao ver que não era a amiga ali e, sim, seu namorado.
- Brie mandou te entregar. – Entregou o kimono para ela com o olhar vidrado em seu corpo.
- Eu estou aqui em cima. – Disse sarcástica.
, no entanto, não gostou de ser pego no flagra, mesmo que não tenha feito nada para disfarçar o olhar sobre a namorada, e jogou o kimono na garota, virando as costas em seguida. Teve tempo de escutar ela sussurrar um: “babaca” e sua vontade era fazê-la engolir essas palavras contra a boca dele, mas ele estava muito puto no momento para tal.
Depois de meia hora escutando a música dentro de casa, recebeu uma mensagem de Thomas avisando que havia chegado, só após isso, saiu de casa. Como esperado, não era só uma festinha, tinha até DJ e garçom, mas já estava acostumada com isso vindo de Sabrina. Sentou-se em uma das mesas na beirada da piscina com o amigo para conversar sobre futilidades da vida acadêmica.
Seguido algum tempo, Brie roubou Thomas para dançar e aproveitou para entrar na piscina. Percebeu todos os olhares captando seus movimentos, desde o momento que tirou o kimono até o momento que apoiou o rosto na borda da piscina, observando um para lá de Bagdá se deitar na cadeira que ela estava antes.
Saiu da piscina, mordendo o lábio inferior, e caminhou até o namorado, sentando-se em seu colo sem se preocupar que namoravam escondido ou com que os outros pensariam. Ele levantou o tronco assustado, mas relaxou, voltando a deitar com os olhos fechados, ao ver que era ela, o que a fez sorrir.
- Você quer conversar? – Se inclinou para frente, apoiando as mãos nos ombros dele.
- Eu quero transar. – Ela riu com a resposta.
- A gente não pode fazer sexo de reconciliação antes de reconciliar. – Levou uma das mãos até a nuca dele e o arranhou.
- Então vamos fazer sexo de briga. – Apertou suas coxas e ela riu novamente. Esse era bêbado.
- . – O rapaz abriu os olhos notando a mudança de tom na voz da namorada. – O que está acontecendo?
- Nada, , você que surtou. Ai! – Parou de falar sentindo o beliscão que a namorada havia lhe presenteado.
- Eu te conheço desde que nasci, . Não me vem com esse papo de tentar dizer que eu estou maluca. – Ele ia falar, mas ela não deixou, levantou um dedo para mostrar que ainda não tinha terminado. – Você só vem com essa ladainha escrota quando está escondendo alguma coisa. Então eu vou perguntar pela última vez... Qual o problema, ? – Ele fez careta. Sentia que estava levando uma bronca da mãe.
- Eu não gosto dele. – Ele não precisava falar quem para que ela entendesse.
- Por quê? – Cruzou os braços indignada. – Por que ele não é rico que nem você? Eu também não sou. – Sustentava uma feição cada vez mais séria. – Ou sua afeição é só para quem você transa?
- Agora, de verdade, você está maluca. – Ele também ficou sério. – Ou então realmente não me conhece. – Sentou-se ereto com ela ainda em seu colo. – Você acha mesmo que eu não gosto dele por que ele é pobre? É sério isso, ?
- E por que mais seria? – Ele revirou os olhos.
- Você é idiota. – Ela abriu a boca indignada, mas ele foi mais rápido. – Ciúme, , ciúme. Você fica para baixo e para cima com ele, dando risinho e trocando olhares de um jeito que você só faz comigo e com a Brie. – Ele bufou voltando a se deitar e olhando para qualquer lugar que não fosse ela. Era uma mania de quando ficava envergonhado. – Às vezes parece até que você gosta mais dele do que de mim.
- Qual é o seu problema? – Ele levou outro beliscão.
- Qual é o meu problema? – Ele franziu a sobrancelha. – Eu que te pergunto isso. – Alisou o braço.
- , pelo amor de Deus, a gente está junto desde que nasceu praticamente, por que eu te trocaria agora?
- Justamente por isso, as pessoas enjoam.
- Você está enjoado? – Perguntou debochada e cruzou os braços de novo.
- Eu não sou você, . No fim, você parece ter muito mais em comum com ele do que comigo. – Ela revirou os olhos.
- A pobreza, né? – Riu da besteira do namorado.
- Não é só isso, , embora isso também acabe sendo um problema para gente, mas vocês têm muito mais em comum. Gostam de estudar, gostam das mesmas músicas, séries, passeios.
- Da mesma pessoa. – Ela continuou e o garoto franziu a testa. – Thomas gosta da Sabrina, . – Ela se permitiu gargalhar. – Você é impossível. – Se abaixou e deu um selinho nele. – Eu amo você. – Sussurrou com a boca grudada na dele. – E só você.
sorriu enterrando a mão nos cabelos dela e a puxando para um beijo, o beijo que ele queria dar desde a primeira vez que a tinha visto naquele dia. Se alguém perguntasse alguma coisa depois, eles usariam a desculpa de que estavam bêbados.
- Agora a gente já pode fazer o sexo de reconciliação, certo? – Ele sussurrou no pé do ouvido dela, fazendo-a morder o lábio inferior.
- Certo. – Respondeu manhosa sentindo os beijos do namorado em seu pescoço.

🌈

A vida, porém, não era mar de rosas e fez com que a noite de reconciliação rendesse... Apenas depois de acordar, já sem o calor do momento, se deu conta de que não tinham usado camisinha e surtou. tentou tranquilizá-la dizendo que as chances eram poucas, mas a única coisa que a menina conseguia pensar era que as chances existiam.
A situação ficou pior quando, algumas semanas depois, a Aguiar se deu conta que a menstruação estava atrasada. Justo sua menstruação que sempre fora certinha. E os irmãos se perderam em desculpas tentando tranquilizá-la novamente. E, novamente, sem sucesso.
começou a se preocupar junto com a namorada, vendo que já tinham se passado duas semanas da data marcada no aplicativo dela. A cabeça começou a girar com a possibilidade de ser pai. O problema não era só a criança antes da hora, o problema era o relacionamento deles escondido, como as pessoas lidariam com isso? Ele passou a se preocupar com o fato de que poderiam, bem comumente, dizer que a namorada tinha lhe dado um golpe da barriga e o sangue dele fervia só de imaginar pelas coisas que ela passaria. Isso sem contar como o trabalho do pai dela ficaria… ele não tinha a menor ideia de como seria a reação dos pais dele mediante a tudo.
Os três então, Sabrina, e , combinaram com Thomas para ele comprar testes de farmácia, dessa forma os pais dificilmente descobririam, saíram mais cedo da escola e foram para a casa de , já que os pais dela estavam trabalhando. Não contaram, no entanto, que Lua seria liberada mais cedo do trabalho.
tinha acabado de mijar nos palitinhos quando ouviu a porta da casa bater, arregalou os olhos olhando o namorado e os amigos. A casa só tinha um banheiro, então Sabrina recolheu os testes rapidamente e jogou dentro da mochila.
- O que vocês estão fazendo aqui a essa hora? - Lua perguntou vendo os adolescentes parados estáticos no corredor.
- Nada. – Responderam em uníssono.
- Nada? Vocês não deveriam estar na escola?
- Fomos liberados mais cedo, daí viemos assistir um filme. – respondeu e Lua arqueou uma das sobrancelhas. – Estávamos indo guardar as mochilas no quarto agora. – Completou e a mãe assentiu.
- Ok. Vou tomar um banho.
O coração de tranquilizou, o sentimento de que tudo ia ficar bem crescendo dentro dela, até que viu sua mãe aparecer na porta de seu quarto com uma caixinha na mão. O ar lhe faltar na mesma hora e antes que a mãe pudesse perguntar, ela respondeu:
- É meu. – Viu todas os rostos do quarto olharem assustados para ela.
- Cadê o teste? – Lua sentia-se a ponto de explodir. Tudo que a filha menos precisava era uma gravidez.
- Está aqui. – Puxou a mochila da cunhada e abriu. Buscou os testes, já sentindo o choro fechar sua garganta, e os mostrou a mãe.
Lua chegou perto dela e observou os 4 palitinhos, perguntando se já tinha dado tempo e a filha respondeu que não. A mais velha não era do estilo de ficar desesperada e gritar, principalmente vendo que a filha não estava bem com aquilo, ver as lágrimas escorrendo pelo rosto dela, cortava seu coração. Se ajoelhou de frente para a menina e sussurrou um: “me explica”.
- Esqueci, mãe. – Se derramou em lágrimas. – Esqueci da camisinha e minha menstruação não desceu ainda e, agora, se eu estiver grávida, eu estou ferrada. Eu não sei o que fazer. – Lua passou a mão pelo rosto da filha.
- A gente ainda não tem certeza, então fica calma. Vai dar tudo certo, tudo bem? – Segurou as mãos da filha e a mais nova acenou concordando.
Os dez minutos que se seguiram foram os mais demorados da vida de todos no quarto, sentia o suor escorrendo por sua nuca, enquanto Lua o olhava com um olhar que ele julgava aterrorizante, mesmo que ela só estivesse o olhando preocupada. Assim que deu o tempo, que estava sendo contato no relógio de Thomas, Lua correu os olhos pelos quatro testes.
- Deu negativo. – Sussurrou. – Brie, Tom, vocês podem nos dar licença, por favor? – Pediu se levantando do chão e passando as mãos pelos cabelos cacheados. Os dois assentiram saindo. – Por que você não conversou comigo? Eu nem sabia que você já transava, . Eu achei que você confiasse em mim.
- Eu confio, eu só… Mãe, é complicado.
- Por causa dele? - Apontou com a cabeça e a filha suspirou. – Você sabe que eu vou ter que conversar com seus pais, certo? – Se direcionou ao garoto.
- É por isso que eu não contei. – respondeu exasperada, mas a mãe lhe cortou.
- E o que vocês pretendiam? Namorar escondido pelo resto da vida? Você acha que assim daria certo, ? – Ela não respondeu.
- Eu sei quais são seus medos, . Eu passei por isso com seu pai, não passei? Por que você acha que Robert faria algo do tipo se foi ele que ajudou seu pai?
Era verdade, afinal. Arthur vinha de uma ótima família, tinha tudo na mão, mas tudo mudou depois que conheceu Lua, na época ela era atendente de uma rede de fastfood. Seus pais, porém, não aceitaram que ele ficasse com uma atendentezinha qualquer, como disseram, e o fizeram escolher entre continuar seu namoro e continuar com seu dinheiro.
O pai da menina não pensou duas vezes e se mudou de mala e cuia para a casa de Lua, que na época morava com seus pais, estes receberam Arthur de bom grado, pois perceberam que ele realmente gostava de sua filha.
Quem ajudou Arthur foi seu melhor amigo da escola, Robert, ele contratou Arthur como seu motorista e assim tinha ficado até os dias atuais.
- Porque todo mundo acha lindo até acontecer na própria família. – Foi o que respondeu fazendo a mãe suspirar.
- , vocês não são muito discretos na troca de olhares e com nunca aparecendo com alguém, não ficava muito difícil ligar uma coisa à outra. – Se virou para . – Se seus pais tivessem alguma coisa contra isso, vocês já teriam sofrido as consequências.
Basicamente, aquele: “mãe sempre tem razão”, funcionou e o único problema de Robert e Cecília, em relação ao relacionamento, foi a falta de confiança do casal neles, o que fez com que se sentisse super culpada e pedisse mil desculpas.
Depois daquele dia, fez questão de sair com publicamente e mostrar para todos que ela era sua namorada. Ele tinha orgulho de ter uma garota como ela.

🌈

- Fala. – respondeu ao atender ao telefone.
- Onde tu foi? – O namorado perguntou do outro lado da linha. – Estou aqui na tua porta e não tem ninguém.
- Dia de passeio com a família. – Ela respondeu rindo. – Estou no shopping com seus sogros. – O menino sorriu ao ouvir a resposta. – Aconteceu alguma coisa?
- Mais tarde tem uma reunião lá na casa dos meus avós, eu queria que você fosse comigo. Vai demorar muito aí?
- Um pouquinho.
- Então eu vou te esperar em casa e mandar meus pais irem.
- Vocês vão sair que horas?
- Daqui a duas horas, acha que já vai ter chegado?
- Acho que vou estar saindo daqui. Você quer mesmo que eu vá? Vou te atrasar.
- Não tem problema, eu espero. Eles precisam conhecer a mulher maravilhosa que eu arrumei para mim. – Ela sorriu boba.
- Você é um boboca. – Escutou ele rir. – Tudo bem então. Até mais tarde.
- Até mais. Te amo.
- Também te amo.
Com o olhar dos pais sobre si assim que desligou o telefone. Eles apoiavam totalmente o relacionamento das crianças, como chamavam ela e o namorado, mas faziam questão de deixá-los sem graça com piadinhas de pais.
- Te amo. – Arthur fez uma voz de menininha forçada e piscou os olhos repetidamente.
- Cresce, pai. – Lua riu.
Assim que chegou em casa correu para se arrumar, tomou banho, se maquiou e colocou um vestido florido de pano leve com decote coração. Saiu de casa e encontrou o namorado sentado no banco de sua varanda, ele sorriu para ela e comentou que ela estava maravilhosa.
- Chama logo o Uber. – Ela respondeu sem graça pelo olhar do namorado e ele se levantou para dar um selinho nela.
Não demorou muito para chegar ao destino, a casa dos avós de não ficava muito longe. No momento que pisou na casa, as bochechas da menina arderam de vergonha, todos a olhavam. Ela mordeu o lábio inferior e apertou a mão do namorado buscando confiança, sorriu para ela procurando tranquilizá-la. Cumprimentaram todos e a apresentou como sua futura esposa, o que fez com que todos rissem.
conheceu o único tio que tinha e seus dois filhos, assim como seus avós e alguns amigos da família. Ela estava se sentindo bem e acolhida, até que se sentaram à mesa para jantar. Fazendo uma careta, a avó de perguntou:
- Mas, Robert, essa não é a filha do seu motorista? – sentiu seu estômago afundar no mesmo momento.
Ela não se importava nem um pouco que seu pai fosse motorista de alguém, mas ela se importava que as pessoas a tratassem diferente por isso ou que fizessem careta por ela ser filha dele, que tinha um emprego tão digno quanto qualquer outro.
- Qual a relevância disso? – A prima de perguntou.
- É diferente, né. – A avó respondeu e pôde sentir um tom de deboche na voz dela.
- Diferente é ser astronauta, motorista é uma profissão bem comum. – Cecília respondeu e se serviu. – Agora acho melhor a senhora comer, boca fechada não entra mosca.
- Seus filhos têm essa tendência a se relacionar com esse tipo de gente, né, Robert. – A velha continuou e viu abrir a boca, mas apertou sua mão e o olhou em repreensão. – Sabrina com aquele tal de Thomas, agora co- Escutou uma cadeira se arrastar pesadamente e se interrompeu. Era Robert.
- Vamos embora, crianças. – O homem falou, tomando a esposa pela mão.
- O que houve, querido? – A mãe perguntou.
- O único tipo de gente que eu acho que meus filhos não devam se relacionar, é o tipo de gente com o seu pensamento.
Robert saiu rapidamente com a sua família, não deixando tempo para sua mãe falar nada. Depois que chegaram em casa, pediu para a namorada dormir com ele e ela aceitou. Se trocaram e deitaram, com o clima pesado pairando sobre eles.
- Desculpa. – Ele pediu a olhando, deitada de costas para ele.
- A culpa não é sua. – Ela respondeu com a voz fraquinha.
- Eu que te chamei para ir.
- De qualquer forma você não tinha como saber.
- De qualquer forma fui eu que te pus nessa situação. – Ele passou a mão pelos cabelos dela. – Eu sei que a gente vai escutar isso algumas vezes e que vai doer, mas eu não vou desistir da gente nunca. – Ela se virou para ele.
- Eu também não. – Sussurrou baixinho com algumas lágrimas nos olhos.

🌈

17 ANOS

- Por que a gente tem sempre que brigar por isso, ? – A menina perguntou com os braços cruzados. – É ano de vestibular, . Eu preciso estudar.
- Você não precisa ficar vinte e quatro horas por dia estudando, cara. Só faz isso, só estuda. Nos últimos tempos nem parece que a gente namora, porque tu nunca tem tempo para mim.
- Se eu não conseguir passar numa faculdade, eu vou fazer o quê, ? Você é incapaz de entender isso, porque você tem a merda da sua vida ganha. – Ela se exaltou. – Se você não passar numa federal, os seus pais vão lá e pagam uma particular para você. Eu não tenho essa opção. Às vezes eu acho que você não entende que temos mundos distintos, a nossa vida não tem como ser igual. – Ele ficou quieto por algum tempo.
- Eu acho melhor a gente terminar. – achou que tinha apenas imaginado aquilo saindo da boca dele. Não parecia certo.
- Como? – Ela gaguejou.
- É isso. Não está funcionando mais. – Ela sorriu cínica para ele, já sentindo as lágrimas escorrerem.
- Até o fim do ano passado, - Ela disse com a voz trêmula. – Você dizia que nunca ia desistir da gente e, agora, na primeira divergência, você me fala que quer terminar?
- Primeira? Olha o tanto de coisa que a gente já teve que suportar, , você esqueceu? De todas as vezes que eu deixei de ir nos compromissos da família, dos amigos que eu abandonei porque não te tratavam bem, das brigas que eu já arranjei... Tudo, , tudo. E eu fiz tudo isso, porque eu tinha você, eu suportava porque tinha você, mas agora nem você eu tenho mais.
- Vai embora, . – Ele arqueou as sobrancelhas. – Sai da droga da minha casa. – Ela gritou. – Mas sai sabendo que não é para voltar mais. E sabendo que foi você que desistiu. – Ele concordou, sentindo as lágrimas chegarem em seus olhos, também, e já se arrependendo de todo aquele dia.
Foi para casa, entrou correndo para seu quarto, não queria falar com ninguém, nem ver ninguém. Odiava que as pessoas o vissem chorando. Odiava o mundo bosta em que viviam. E odiava amar tanto aquela garota. No fim das contas, era difícil para ele também. Não da forma que era para ela, mas continuava sendo dolorido.
Olhou para a porta quando escutou ela ser aberta, por um momento fantasiou que seria , querendo conversar melhor e não continuar com aquela burrada que ele tinha começado, mas era apenas sua mãe. Ela sorriu terna e passou a mão em seus cabelos. Era óbvio que ela sabia o que estava acontecendo, voltar da casa de naquele estado, só tinha uma justificativa.
- Eu achei que a gente ia casar. – Ele disse baixinho. Ela sorriu novamente para ele, se abaixou e deu um beijo em sua bochecha.
- E quem disse que não vai? A gente nunca sabe o dia de amanhã.
- Ela deixou bem claro que não vai acontecer.
- Eu não acredito nisso. Até porque não aceito outra nora. – Continuou a fazer cafuné nele. – Ai de você! – Disse e deu um puxãozinho em seu cabelo, o que o fez rir em meio as lágrimas.

🌈

Depois daquele dia, e quase não se viram mais. Se evitavam ao máximo, encontrando-se apenas em casos extremamente necessários como aniversários, escola, ou quando se esbarravam pelo quintal que dividiam.
Os dois faziam questão de evitar o contato, se já doía sem se ver, imagine quando se encontravam. sentia o coração partir no meio toda vez que o olhava, brincando com os amigos, sem camisa na piscina e quando dava um sorriso, principalmente quando era para alguma menina. E ele sentia o estômago girar apenas por estar no mesmo ambiente que ela, apenas por saber que não poderia chegar por trás e dar-lhe um beijo molhado no pescoço ou sussurrar, alguma safadeza que lhe faria rir, em seu ouvido.
O trabalho de ter que se evitar passou com o fim do último ano letivo, quando foi para a faculdade. tinha passado para várias faculdades, mas escolheu uma de um outro estado, alegando que era a melhor no curso que ela queria, mas seus pais e Sabrina achavam que era para se afastar de tudo aquilo logo. E a apoiaram. A garota precisava espairecer, assim como .
Foram seis longos anos longe e ignorando toda a vez que a melhor amiga, e ex-cunhada, citava seu ex-amor – não tão ex assim. Ela não queria ouvir falar sobre ele, na verdade, o oposto disso, queria esquecê-lo e, para tal, desfez amizade com ele em todas as redes sociais possíveis e desligava o telefone se alguém insistisse em tocar no assunto.
Ao contrário de , fazia questão de saber como ela estava indo; se estava se saindo bem nas provas – ou se estava saindo com alguém –, o que pensava sobre o curso ou sobre o novo estado, se pretendia voltar e se comentava sobre ele. Confessava que o último tópico o machucava bastante, saber que a menina não queria ao menos tocar no nome dele era cortante, mas ele procurava se reconfortar pelas palavras da irmã que dizia que isso só acontecia porque ela ainda gostava dele.
se viu perdido no dia que a menina, agora mulher, voltaria para casa, Arthur chegara com a cara mais pesarosa possível para conversar com ele e ele já tinha imaginado todos os piores cenários. Inclusive o que ele falaria que a menina voltaria casada e com dois filhos ou que ela não queria nem mesmo passar em frente à casa dele de olhos abertos. Entretanto, o que ele lhe falou conseguia ser mais assustador – pelo menos no momento.
- Preciso que busque a no aeroporto para mim. – Ele arregalou os olhos.
- O quê?
- Vou ter que levar seu pai numa reunião e ficar lá esperando ele. A sua mãe vai sair com as amigas e não dirige, a Lua vai estar no trabalho e Sabrina no estágio. Você é a única opção. – As pernas de fraquejaram e a autoconfiança ficou na mesma de um moleque de quinze anos.
- Vocês estão fazendo isso de propósito. – Ele disse rindo desacreditado. – Por que não chama um Uber?
- Porque eu não vou gastar dinheiro à toa tendo você aqui, muito menos fazer minha filha voltar, depois desse tempo todo, sem um rosto conhecido.
Não adiantou o debate, no final precisou ir buscar o amor de sua vida, que não podia mais chamar de “seu”, no aeroporto. Sentia o corpo tencionar a cada passo dado, a respiração estava totalmente irregular quando se sentou na área de espera, observando que o voo da mulher não demoraria muito a chegar.
Segurou o coração na mão e o colocou no peito de novo ao assisti-la passar pelo portão de desembarque, era bobo, mas era como ele se sentia. E ver ali aquele mulherão, quase sete anos depois, fez ele ter certeza dos seus sentimentos por ela e de como ele faria o que fosse preciso para tê-la consigo para sempre. Ele se levantou sorrindo, esquecendo todas inseguranças, e partindo para abraçá-la.
perdeu o ar ao ver quem tinha vindo buscá-la, mas não teve muito tempo para o raciocínio, em questão de segundos se viu sendo levantada em um abraço apertado com gosto de saudade.

24 ANOS

- Droga, eu senti sua falta. – disse após colocá-la no chão, segurando sua face e a olhando de pertinho.
A mulher engoliu o seco, mordendo o lábio inferior e sentindo as bochechas esquentarem. Ele estava muito próximo.
- Eu também senti a sua. – Admitiu baixinho.
Quando reparou que estava realmente próximo demais, se afastou da menina. Tentando deixar o clima leve, perguntou sobre o voo e explicou o motivo de ter ido buscá-la e, em seu âmago, se sentiu desanimada por ele não ter ido lá por conta própria, mas deixou isso de lado. Caminharam até o carro e a ajudou com as malas, depois entraram e seguiram viagem.
- E aí, doutora. – Disse assim que entraram no carro. Ela riu.
- Não sou doutora ainda, . Apenas médica. – Ele deu de ombros.
- Para mim, você já é doutora. – Ela riu de novo. – Me conta as novidades.
- Que novidades?
- Todas ué. Você se fechou para mim, eu não sei nada, né. – Ela mordeu o lábio inferior e o olhou.
- . – A voz titubeou.
- Não quero brigar, , só quero saber como foi esse tempo que você estava fora.
- Foi bom. Eu conheci bastante gente, saí bastante também, chorei cada fim de semestre, mas isso você já deveria imaginar. Namorei por dois anos, - Ela olhou para ele nesse momento, mas o homem mantinha uma expressão normal. – E foi legal. Não deu muito certo no final, porque nós éramos mais amigos do que namorados. Sem ressentimentos. Eu curti bastante. Consegui um puta estágio e acho que, superficialmente, é isso. E você? Como foi esse tempo?
- Agora você quer saber? – Ele deu um sorriso sarcástico, mas logo depois gargalhou. – Eu estou brincando. Foi tranquilo. – Deu de ombros. – Obviamente eu fiz administração, não travei em nenhum período por incrível que pareça. Não saí muito, saia só quando a Brie ou o Thomas me obrigavam ou quando a galera da escola se reunia. Não fiz muita coisa, agora estou trabalhando na empresa do meu pai.
- E as namoradinhas? – Ela perguntou como uma velha e riu.
- Não tive. É claro que eu saí com algumas garotas, mas nada especial.
- Por quê?
- Hm?
- Por que não foi nada especial? – Ele sorriu de lado e a olhou.
- Você sabe porquê, .
Não demorou muito para que o ex-casal chegasse em casa, o que foi recebido de bom grado pelos dois, já que o clima no carro tinha mudado e eles não sabiam como reagir.
- Você vai ficar aqui em casa? – perguntou colocando as malas da menina no chão.
- Vou colocar as malas na varanda e já volto. – Ela respondeu e ele assentiu.
puxou as malas pelo gramado do quintal, que sempre dividiu com , até o fim, onde ficava sua casa. Colocou as malas ao lado da porta e tentou abrir, como sempre, ela estava destrancada, deu uma breve olhada na sala e sorriu, nada tinha mudado. Fechou a porta e caminhou até a porta de trás da casa dos . Abriu a porta de vidro e, passando pela cozinha, fez seu caminho para sala, onde estava sentado no sofá.
- Quer tomar um banho? – Se levantou caminhando até ela.
- Eu estou fedendo? – Fez uma careta engraçada se cheirando.
- Não, só perguntando. Eu pedi comida também. – Ela balançou a cabeça em concordância.
- Eu aceito, sim, o banho.
- Vou pegar roupa e toalha para você.
- Eu já vou indo para o banho, tu deixa lá? – perguntou e ele acenou com a cabeça enquanto subia a escada.
Ele buscou uma toalha em seu guarda-roupa e ficou com dúvida entre pegar uma roupa sua ou da irmã para emprestá-la, preferiu fazer os dois; pegou uma blusa dele e um short de Sabrina, elas provavelmente vestiam a mesma coisa. Caminhou até o banheiro que ela estava e entrou, olhando para o chão, deixando as coisas acima da bancada da pia.
Checou o tempo que demoraria para a comida chegar e aguardou-a sair do banho. Tinha tanta coisa que ele queria falar com ela, mas não tinha coragem. Eles estavam em clima bom, no fim das contas, e quando a menina fora embora, nem mesmo se olhavam. O homem definitivamente não queria voltar a esse estágio.
No banheiro, riu por ver que tinha separado sua própria camisa para emprestá-la. Aquilo era nostálgico. Vestiu e identificou o cheiro dele, mordeu o lábio inferior pela quadragésima vez naquele dia, ela tinha sentido mais falta dele do que conseguia admitir. Era estranho olhar para trás, agora, e ver como tudo tinha acabado da forma mais boba e infantil possível.
Enquanto se olhava no espelho, prendeu os dentes no lábio, mais uma vez naquele dia, decidida a mudar o que quer que tivesse acontecido nos últimos anos. Pelo que ela entendia, assim como os dela, os sentimentos dele não tinham mudado e ele lhe mostrar isso tão claramente lhe dava um pouco mais de confiança. Com passos firmes, caminhou até a sala e o viu sentado no sofá, com os braços apoiados no joelho e a cabeça entre as mãos.
Ele passou a mão pelos cabelos algumas vezes e bufou, antes de reparar que a menina já tinha voltado para a sala. Ainda com a cabeça apoiada nas mãos, virou o rosto para ela e sorriu, quase que infantilmente.
- Eu acho que a gente precisa conversar. – Ele começou. – Mas eu queria esperar a comida chegar primeiro, porque, se der merda, pelo menos a gente não vai ter que comer indigesto. – Ela riu das palavras dele.
- E quanto tempo falta para a comida chegar? – indagou despreocupadamente e se levantou para checar no celular que estava na bancada da cozinha americana.
- Uns vinte minutos, eu acho. – Respondeu e se virou, percebendo que ela estava mais próxima que antes.
não queria pensar muito, então, antes que ele falasse alguma coisa, caminhou a passos largos, selando a distância entre eles e juntando seus lábios. Suspirou numa mistura de desespero e satisfação, a boca de faria ela se sentir em casa, mesmo que estivesse na China e ela se perguntou como tinha aguentado tanto tempo longe dele. Ele, definitivamente, era quem a fazia transbordar. Não que ela tivesse ficado com tantos caras nesse meio tempo, mas nenhum sequer chegou perto de causar nela o que o causava.
não quis demonstrar a surpresa com o ato da mulher, não queria que ela se afastasse, então simplesmente embarcou no beijo como se fosse o último de sua vida – até porque poderia mesmo ser. Apertou-a contra si e passou a mão pelos cabelos cumpridos dela, pousando a mão na nuca e puxando os fios. Sentiu um leve desespero ao perceber que ela se afastava, mas se tranquilizou logo após, vendo que ela estava apenas tirando a própria blusa. Ele parou um pouco para admirá-la, o tempo fora tinha lhe feito bem, ela estava ainda mais maravilhosa.
, entretanto, não queria saber de enrolação e lhe puxou para um novo beijo, enquanto desabotoava os botões da blusa social dele; passou a blusa por seus ombros e as mãos por seus músculos, admirando o quanto ele estava bem definido. Desceu com os beijos para o pescoço dele e gemeu quando a mão dele apertou seu seio firmemente.
As mãos incansáveis do homem, que passeavam por todo corpo da mulher, se encaminharam até o fecho do sutiã dela, deixando o caminho disponível para o homem explorar seu busto livremente; e ele o fez.
Eles não saberiam explicar em quanto tempo as coisas aconteceram ou como aconteceram. A única coisa que estava clara é que ambos ansiavam por aquilo e estavam satisfeitos por estarem, depois de tudo, deitados, nus e com a respiração voltando ao seu normal, sobre a cama de .
olhou para a mulher ao seu lado, que lutava para manter os olhos abertos, e suspirou. Ela era linda, ela era com certeza a mulher da sua vida, mas as coisas ainda precisavam ser resolvidas.
- A gente ainda precisa conversar. – Ele disse olhando para o teto.
- Precisa? – A voz dela afinou, deixando claro que essa era a última coisa que ela gostaria de fazer.
- Sim. – Voltou a olhá-la.
- Eu achei que depois do sexo de reconciliação tudo ficasse numa boa. – Ele mordeu o lábio inferior prendendo o riso.
As coisas não estavam tão iguais assim, afinal. Há alguns anos atrás seria quem estaria implorando para uma conversa, enquanto ele estaria tentando fugir. Virou-se para ela e levou uma das mãos até seu rosto fazendo um carinho leve.
- Eu te amo. – Ele disse com a voz suave. – E queria que as coisas fossem fáceis, mas não são. Nós ainda temos nossas diferenças e ainda precisamos acertar elas. – Ela respirou fundo.
- Nós sempre fomos um do outro, . E sempre vamos ser. – Passou a língua pelos lábios antes de continuar. – Independente de qualquer coisa, eu sempre vou te amar. Eu não quero precisar conversar sobre isso, seria só perda de tempo. – Pausou para respirar fundo. – Nós dois sabemos onde erramos e só precisamos trabalhar para não voltarmos ao mesmo lugar. Agora, sinceramente, - Ela desviou o olhar dele para o teto. – Eu só quero ficar com você. – Sorriu e fez um bico, com o olhar ainda no teto. – Arrumar um cantinho só nosso, casar e ter dois filhos. – Suspirou. – Nosso relacionamento já foi complicado demais e eu não quero mais isso para a gente. Soa justo para você? – Voltou a olhar para o homem que agora sorria.
- Soa justíssimo. – Se aproximou para dar um beijo nela.


🌈

Não moravam numa mansão, nem tinham quatro carros ou um motorista para cada um. Não tinham uma governanta, nem um jardineiro, muito menos um cuidador, mas viviam bem, muito bem. Depois que terminou sua especialização, a levara na casa que já tinha comprado, desde o dia que se reconciliaram, e a pediu em casamento. E ela, óbvio, aceitou.
A casa era, tendo em vista o estilo de vida que levava, simples. Tinha dois andares, com três quartos no andar de cima, para o casal e para as crianças que pretendiam ter, e dois banheiros, um de uso comum e um apenas para os dois. Também tinha uma sala de leitura, para quando precisasse rever as papeladas da empresa ou quando as crianças precisassem fazer trabalhos da escola.
No andar de baixo, tinha uma sala – grande, diria – com uma cozinha americana, um lavabo e uma varanda, como a da casa de seus pais. O quintal era em um gramado bem verdinho e grande o suficiente para as brincadeiras que os filhos teriam futuramente.
Assim como a casa, o casamento também foi simples. Apenas uma cerimônia na igreja com os amigos e parentes mais próximos, não passou de 100 pessoas, e uma reunião no salão da empresa de Robert.

28 ANOS

entrou, sorrindo, no quarto e observou o marido pintando uma das paredes de azul celeste. Alisou a barriga protuberante e se fez notar pelo suspiro satisfeito que soltara.
- Você sabe que não pode ficar aqui. – a repreendeu. Mesmo que a embalagem da tinta dissesse que ela não era agressiva, o marido não apoiava que a mulher ficasse naquele ambiente.
- Eu quero ajudar. – Fez um bico e ele parou de pintar. Colocou o rolo de tinta no chão e cruzou os braços, fazendo seus músculos se definirem.
- Você me ajuda deitando na cama e colocando esses pés inchados para cima. – Ela fez outro bico e o imitou, cruzando os braços.
- Eu quero ver, não quero ficar deitada sozinha.
se aproximou dela, pousando as mãos em sua cintura e dando um beijo casto em seu pescoço.
- O cheiro dessa tinta não faz bem para você. – E antes que ela pudesse argumentar, ele completou. – E eu não ligo uma merda para o que diz na embalagem. Vai descansar. – Apoiou a mão no pescoço dela, enquanto acariciava seu rosto com o dedão.
- Eu não estou cansada. – Disse com um beicinho que ele fez questão de morder.
Ela suspirou e passou as mãos pelos braços dele sorrindo sem vergonha.
- Você é tão gostosinho. – Ele riu.
- Obrigado. Agora pode parar de tentar enrolar e vaza desse quarto. – A virou e deu um tapinha na bunda dela.
Não adiantou. Com menos de dez minutos a mulher se fez presente no quarto novamente e, dessa vez, com uma manha sem fim para que a acompanhasse na cama. Ele até tentou altercar com o fato de que o bebê nasceria sem quarto, mas ela disse que o importante eles já tinham, o berço. Tomou um banho – que foi invadido pela esposa -, e deitou com ela na cama.
- É estranho? – Ela perguntou do nada e ele franziu as sobrancelhas.
- O quê?
- Que tudo pareça tão em paz. – Ele sorriu mordendo o lábio inferior e acariciando o rosto dela.
- Tudo sempre me pareceu em paz enquanto eu estou com você. – Ela riu.
- Que piegas!
- É a verdade! – Sorriu para ela, olhando no fundo dos seus olhos.
Ela se sentia aquecida pelo jeito que o marido a olhava, se sentia a pessoa mais amada e querida do mundo. Sempre fora assim, mas agora, com ele sendo oficialmente seu, parecia ainda melhor.
Depois que pedira sua mão, eles não demoraram muito para casar, na verdade, o casamento aconteceu em menos de dois meses. tinha respeitado o espaço dela, sobre querer terminar sua faculdade antes de qualquer coisa, então, depois de terminada, eles não tinham mais motivos para adiar as coisas. Estavam casados há, apenas, oito meses e ela estava em seu sétimo mês de gestação. Eles realmente não queriam mais adiar as coisas.
Deitou-se com a cabeça acima do braço do esposo e levou a mão esquerda até o pescoço dele, o puxando para um beijo.
- Amo você de todo meu coração. – Sussurrou com a boca grudada na dele.
- Achei que coração fosse apenas um órgão que bombeia sangue. – Tirou sarro dela, já que, como uma verdadeira cardiologista, isso era o que ela falava toda vez que alguém fazia drama e citava o coração como: “meu coração agora está partido”.
- Eu odeio você. – Ela fez um bico se afastando, mas ele a puxou de volta enquanto ria.
- Achei que me amasse de todo o coração. – Continuou sorrindo para ela.
- Mudei de ideia.
- Realmente... o coração é só um órgão de bombear sangue e iludir maridos.
- Já pensou em seguir carreira de ator? Você tem esse quê de drama muito presente na sua vida. – Implicou.
- Verdade, sou até galã igual os de Hollywood. – Fez uma cara de convencido. – Até melhor! – Ela gargalhou e o mandou calar a boca. – Você não concorda? Por que casou comigo então, senão pelo meu corpo maravilhoso? – Ela gargalhou de novo e ele sorriu. Faria o que fosse preciso para vê-la rindo sempre, amava sua gargalhada estrondosa e seu riso frouxo.
- Você me engravidou.
- Caôzeira. A gente casou antes da gravidez.
Seguiram o resto da noite assim... conversando, implicando e gargalhando, até a hora que dormiu. E, como toda vez que ele a via dormindo serena em seus braços, teve certeza que ela era o amor da sua vida e que não seria alguém sem ela.





FIM!



Nota da autora: Antes de mais nada, eu preciso agradecer a Sabrina por ter me aturado durante a escrita desse ficstape – e de algumas outras histórias também. Eu não seria nada sem você para aturar meus surtos, amiga, espero que você tenha gostado da homenagem (muito chiquérrima e rica, pelo menos na fic) ❤
Então, gente, eu espero do fundinho do meu coração – que é só um órgão para bombear sangue – que vocês tenham gostado dessa fanfic, porque eu fiz uma pressão psicológica gigante em mim com medo de não entregar no prazo. Inclusive pensei em desistir da minha carreira de autora várias vezes KSDIHSDIHIH
No fim, foi legal escrever essa história, porque eu adoro escrever coisas fofas e melosas. Espero que vocês curtam Rainbow tanto quanto eu ❤ ❤ ❤





Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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