Última atualização: 18/01/2019

Prólogo


Setembro de 2010

Começava mais um período letivo na London High e estava aflita, pois seria seu primeiro dia em uma escola nova. Faltavam apenas dois anos para terminar o ensino médio e entrar na sonhada Academy of Arts e fazer seu curso de fotografia. Após ter que mudar de cidade devido ao trabalho de sua mãe, esperava que conseguisse se adaptar ao novo ambiente e que fizesse novas amizades.
Estava sentada em sua sala esperando o professor da primeira aula chegar, quando um menino se sentou ao seu lado e começou a puxar assunto com ela:
- Oi, eu sou o , mas todo mundo me chama de . Você é nova aqui, né? – disparou.
- Oi, prazer , eu sou a , mas pode me chamar de . Sim, acabei de ser transferida de uma escola em Manchester devido ao trabalho da minha mãe.
- Sério? Sua mãe trabalha com o quê?
- Ela é editora de uma revista de moda e ficava na sede de Manchester, aí agora nas férias a transferiram pra cá.
E com essa primeira pequena conversa de dois estranhos, acabou convidando para ir a uma festa de início do ano letivo na casa de um de seus amigos, iniciando uma bela amizade entre ambos.


Capítulo Único


Era mais um fim de semana qualquer na Academy of Arts. e estavam se programando para suas próximas férias, nas quais planejavam viajar para a América Latina e fazer um mochilão por lá. Qualquer um que passasse e visse a cena dos dois sentados, apoiado na árvore e sentada entre suas pernas com as costas apoiada em seu peito, pensaria que era só mais um casal descansando num sábado à tarde.
- A gente deveria passar uns dias no Brasil após passarmos pelos países da Cordilheira dos Andes, poderíamos ir para alguma praia, ouvi dizer que há praias maravilhosas por lá.
- Eu concordo, e acho que depois de vários dias de exploração, será bom descansarmos em uma praia.
- Que horas são, bebê? – perguntou, utilizando o apelido carinhoso que ela deu ao amigo por ele ser cinco meses mais novo que ela.
- São cinco da tarde. Acho que já tá na hora de voltarmos para os dormitórios, ne? A festa da Emily foi marcada para às oito, e como eu bem te conheço, você vai se atrasar se não formos agora.
- Amo como você me conhece tão bem.

A festa na casa da Alice, uma das meninas mais ricas da universidade, era algo comum nos fins de semana do ano letivo. Havia sempre uma desculpa pra elas ocorrerem, a de hoje seria como o tema tropical, devendo todos irem caracterizados. Essas festas eram conhecidas pela quantidade de bebidas, drogas e pegações entre os universitários, dificilmente alguém saia de lá sem beijar uma boca.
Ao chegar à festa acompanhada de , encaminhou-se direto para o bar, esperando encontrar Joana, uma de suas melhores amigas e responsável por fazer os melhores drinks das festas.
- Olha só se não é o meu casal não-casal favorito chegando! – Jô gritou e cumprimentou ambos.
- Jo! Que saudades que eu estava de você!!! – já foi logo abraçando a amiga.
- , você me viu ontem, não me venha com esse papinho só pra tentar me agradar e deixar você passar na frente de todo mundo na fila do bar. Tudo bem, ?
- Oi, Jo! Tô bem e você? Trabalhando muito?
- Não vou dizer que tô trabalhando pouco, mas amo isso que eu faço e faço por opção mesmo. – ela deu um sorriso contente e depois reparou na roupa dos amigos. – eu não acredito que vocês vieram com as roupas combinando!!!
- O que? Não viemos, não. – responderam ao mesmo tempo
- Claro que vieram! Olha só: camiseta branca lisa, eu sei que a sua é toda detalhada com renda, mas continua sendo branca, e bermuda verde escuro e saia do mesmo tom, porém florida!!! Vocês são muito um casal, só vocês não percebem.
- Amiga, para com esse papo, você sabe que entre nós realmente só rola amizade, você acha mesmo que eu ficaria com um cara como o ? – falou brincando.
- Exato! Pera, hey!!!! O que você quis dizer com “um cara como o ”?
E assim seguiu a festa, os amigos iam ora para a pista de dança, ora para a área da piscina, mas sempre voltando para o bar, certamente o local que eles mais passaram tempo. aproveitou a festa da maneira de sempre, beijando meninos e meninas e iludindo os primeiros passando um número de telefone que certamente não era o seu, enquanto que ficou mais na dele, ficando apenas com uma garota, com quem passou a noite inteira conversando.

A semana seguinte passou lentamente. e , apesar de todos os trabalhos e apresentações da faculdade, se encontravam todos os dias depois da aula para aperfeiçoar os detalhes de sua viagem e ficar jogando conversa fora. vivia enchendo o saco do amigo para que ele lhe tocasse a música nova que estava compondo e que, pela primeira vez, não havia permitido que ela participasse do processo de criação, o que a deixou irritada, pois sabia que ele estava aprontando algo e odiava ser deixada de lado.
Quando sábado finalmente chegou, os amigos decidiram tirar um momento apenas para eles. Seria um fim de semana longe das festas universitárias, mas o que não significaria um fim de semana puritano, pois todos os roles deles era sempre muito bem acompanhado de bebidas alcoólicas, e porque não dizer de maconha? Aproveitaram que os pais de haviam viajado no fim de semana e foram para a casa do garoto.
estava na cozinha preparando um risoto, que era sua especialidade, para jantarem. Quando apareceu dizendo que após a refeição ele tinha uma surpresa para a amiga, o que a fez ficar extremamente ansiosa, uma vez que naquele fim de semana estavam completando 8 anos de amizade, motivo pelo qual decidiram se afastar do ambiente universitário.
Comeram sem pressa e ao fim do jantar já haviam terminado uma garrafa do melhor vinho que achou na adega dos pais do garoto. Em seguida, chamou a amiga para sentar no chão da sala, porque era a hora da surpresa/presente de amizade. Ao notar que o violão se encontrava ali do lado, a garota teve a certeza de que seu melhor amigo passou todos esses dias trabalhando numa música que resumisse a amizade entre eles e sentiu que o seu porta retrato com uma foto deles na primeira semana que se conheceram não era nada perto daquele presente que receberia.
se preparou e tocou a música mais verdadeira que ele já havia escrito, nela dizia sobre um garoto ter encontrado a garota da sua vida, mas que ela não era sua paixão, e sim sua melhor amiga, que mesmo que todos falassem que eles eram um casal, o garoto sabia que o que existia entre ambos era uma verdadeira e gigantesca amizade genuína. Ainda pedia a Deus que nunca perdesse a amiga, pois desconhecia uma vida sem aquela que lhe ajudava em todos os momentos e lhe tirava o sorriso mais fácil.

Após mais uma garrafa e meia de vinho, eles já estavam bem alegres, dando risada sobre qualquer coisa e tocando as músicas mais estranhas que conseguiam lembrar, até que parou e ficou observando o homem que estava à sua frente. Sempre soube que o amigo era muito bonito e que mexia com o coração de qualquer pessoa que se sentia atraída por homens, mas pela primeira vez em oito anos de amizade, ela sentiu algo novo ao olhar os olhos castanhos do rapaz, sentiu-se atraída pelo amigo e ficou momentaneamente confusa.
percebeu a confusão nos olhos da amiga e se questionou o que passava na cabecinha maluca da mulher à sua frente. Sabia que havia visto um olhar que nunca lhe havia sido direcionado da parte de sua amiga.
A curiosidade de em saber se tudo o que diziam sobre seu amigo era verdade foi maior do que o resquício de sanidade que ainda lhe restava. Ao ver que o rapaz a sua frente também lhe observava atento, não cogitou em aproximar-se e beijá-lo.
No início foi estranho, ambos estavam muito chocados para acreditar que eles iam realmente atravessar aquela linha, mas o choque durou menos de cinco segundos, em seguida as línguas já estavam dançando nas bocas, num beijo ardente, curioso e com muito desejo. As mãos de passeavam pelo corpo da garota que logo se apressou em sentar-se em seu colo em busca de maior contato físico. Um explorava o outro de uma maneira que nunca se imaginaram fazendo.
Ficaram se beijando na sala por um bom tempo, até decidirem seguir para o quarto aos beijos e tropeços. À esta altura, ambos estavam sem suas camisetas e com os cabelos revirados. Estavam extasiados e perdidos no momento, nem ao menos cogitaram a possibilidade de parar o que estavam fazendo.
Ao chegarem no quarto, não perderam tempo e foram direto para a cama. O ambiente estava sendo inundado por gemidos e respirações ofegantes de ambas as partes. Charlie estava louca com os chupões que recebia no pescoço e na região do colo, estava completamente molhada e morrendo de tesão pelo homem que estava à sua frente. por sua vez estava com as costas toda vermelha, resultado dos arranhões de .
Conforme os beijos molhados de desciam pelo corpo da mulher, mais ansiosa ela ficava. A troca de olhares entre eles só deixava tudo mais intenso. Eles sabiam que tinham química, todos aqueles anos de amizade não deixam negar isso, mas, naquele momento, eles eram a pura reação de combustão, resultando numa explosão de sentimentos.
Foi com todo aquele clima instaurado e com os beijos e estimulações que recebia em sua intimidade, que teve o seu primeiro orgasmo da noite. Mal se recuperou do turbilhão de sensações que estava sentindo e já se preparou para retribuir tudo aquilo ao amigo, por isso não hesitou em se pôr de pé ao lado da cama, puxando pela mão para acompanhá-la.
Ao sentir a boca de em seu membro, tremeu. Estava extasiado com tudo aquilo acontecendo, por isso quando sentiu que estava quase chegando lá, puxou a mulher com tudo pra cima e a beijou como se nada mais importasse naquele momento, e realmente não importava. Os dois caíram na cama, o homem logo colocou a camisinha e os dois corpos finalmente se tornaram um.
Estavam em uma disputa para ver quem iria dominar a situação, o que tornou tudo mais intenso, estava se segurando para deixar o orgasmo invadi-lo, por isso intensificou as estocadas, fazendo com que atingisse seu segundo orgasmo e ele finalmente gozasse.
Ao fim de tudo, os dois caíram cansados na cama, se livrou da camisinha e logo depois puxou a amiga para o abraço, onde os dormiram muito confortáveis.

Ao acordar, não estranhou o fato de estar abraçada ao melhor amigo, mas ao perceber a falta de roupas tomou um susto, que ficou ainda maior ao se relembrar na noite passada.
- , acorda!!!! – ela começou a chacoalhar o homem.
- Ahn? Que foi ? Volta a dormir que deve estar cedo ainda.
- , porra! O que a gente fez ontem? – ela falou brava.
Ao finalmente se dar conta de que estava sem roupas, levantou assustado.
- Eita, caralho! – já foi logo procurando uma boxer para colocar.
- É disso que eu tô falando garoto! Eu não sei como a gente deixou isso acontecer! Nós somos e , os melhores amigos que nunca se envolveram. – falava desesperada.
- Calma, eu lembro vagamente de como isso aconteceu, e na hora a gente realmente tacou o foda-se!
- Eu sei, eu lembro também. Aliás, lembro de tudo! Parabéns, bebê! Se é que posso continuar te chamando de bebê, não é mesmo. – o desespero abriu espaço para o sorriso malicioso.
- Ah, cala a boca, ! – ele jogou um travesseiro na amiga que ainda estava deitada enrolada nos lençóis. – A gente precisa pensar o que vamos fazer daqui pra frente.
- Como assim o que vamos fazer? Nós temos duas opções. – a mulher deu uma pausa e ficou esperando para ver se o amigo iria perceber quais eram – Sério que não é óbvio, ? A gente pode fingir que isso nunca aconteceu ou então colorirmos nossa amizade, desde que a gente não coloque sentimentos nisso. – Ela falou preocupada com o amigo.
- O que você quer dizer com não colocar sentimentos?
- A gente vai ter mesmo essa conversa agora?
Eles sabiam que fingir que nada tinha acontecido não ia dar certo, se surpreendeu com o amigo e se pudesse, gostaria muito de manter um sexo casual com ele, mas também se preocupava com os sentimentos dele, sabia que o amigo era muito sensível e se envolvia facilmente com uma pessoa, este era um dos principais motivos para eles nunca terem tido nada que pudesse confundir os sentimentos.
Por isso, ao decidirem por colorir a amizade, ela precisava deixar muito claro que a amizade deles continuaria, que ela não tinha nenhuma pretensão de tornar aquilo em algo sério, ela o amava, sim, com toda a certeza do mundo, mas de forma fraternal e não romanticamente falando. Queria ter certeza absoluta de que não colocaria outro tipo de sentimento, senão o tesão, que ele não iria confundir as coisas.


Faziam três meses que e não eram mais os melhores amigos que nunca se envolveram, que eles decidiram por continuar a loucura que começaram na casa do garoto. Diversas vezes, uma simples noite de Netflix terminava com os dois sem roupa e suados. Mas uma coisa incomodava , ao acordar no dia seguinte, nunca encontrava , ela sempre escapava no meio da noite, o que dava a sensação de que ela preferia a fuga a ter de encarar o amigo.
Na semana seguinte. Alice estava dando mais uma de suas festas regadas a álcool, drogas e pegação. estava tão animada para essa festa e colocar um de seus planos de cupido em ação; desde que começou a transar com , percebeu que seu amigo parou de sair com outras pessoas, por isso, ao conversar com uma de suas colegas de sala, Ellie, e descobrir que ela tinha uma queda por , logo tratou de prometer que faria os dois se encontrarem na festa de Alice.
Como sempre, os amigos foram juntos para o local, encaminhando-se direito para o bar, onde encontrariam Joana e suas bebidas fantásticas. Assim que ficou sabendo do relacionamento dos dois, a bartender não perdia a oportunidade de zoá-los, dizendo que sempre sabia que isso ia acontecer.
Ficaram um tempo na área do bar conversando e depois seguiram para a área externa, estava ansiosa pela chegada de Ellie, então, assim que viu a garota chegar já foi correndo em sua direção para cumprimenta-la e puxá-la na direção que estava anteriormente. Logo fez a apresentação dos dois, e começou a dizer como Ellie era fantástica nas aulas, sobre os projetos da garota. Pediu licença assim que viu que seu plano estava começando a dar certo, parecia estar já estar minimamente interessado na garota.
Após achar que sua missão estava cumprida, foi curtir o restante da noite como há muito tempo não curtia, bebeu mais do que o recomendado, dançou como se o mundo fosse acabar amanhã, e qual não foi a sua surpresa quando estava a ponto de beijar Jake, um garoto que cursava artes plásticas, sentir um cutucão no ombro. Seu primeiro instinto foi ignorar, mas a pessoa parecia determinada a não a deixar em paz.
- O que foi cara... ? O que você tá fazendo aqui? Cadê a Ellie? – estava pronta brigar com quem quer que fosse, mas ficou chocada de encontrar o amigo, ainda mais porque ele nunca a interrompia no meio de um flerte.
- Ah, eu falei que ia te procurar e iria embora. Então, vamos embora? Eu queria te mostrar uma coisa lá em casa. – falou sem dar muita importância.
- Que? Como assim? Por que você não a chamou pra ir contigo? E por que você atrapalhou meu beijo? Sabe quanto tempo eu estava querendo beijar o Jake? – a este ponto, estava se irritando com o amigo, não conseguia acreditar que isso estava acontecendo, havia desperdiçado a oportunidade perfeita de ficar com um dos caras mais lindos que já havia visto naquela universidade.
- Porque eu não estava afim, ela até é legal, mas não rolou. E desde quando você se importa com o Jake? – nem deixou a garota responder e logo emendou a frase – A gente pode ir lá pro meu dormitório, eu te mostro algo que eu quero e a gente pode aproveitar o resto da noite, o que acha?
- , desculpa, mas hoje não vai rolar, e nem vou ter essa conversa contigo agora, não tenho condições. Vai pra casa que depois nos falamos. – disse em um tom cansado, e depois foi em direção ao bar, pediu a dose mais forte do que quer que tivesse lá, só precisava esquecer toda a situação.
ficou parado por uns 5 minutos olhando na direção que a amiga havia ido, sem entender o que tinha acontecido, será que havia feito algo errado? Tudo o que queria era ter curtido a festa com a sua melhor amiga, depois iriam para o seu dormitório, onde ele mostraria a música que escreveu para ela e terminariam como todas as noites que passavam juntos, transando muito, mas esperava que dessa vez não fugiria antes do amanhecer.
Seus planos foram por água abaixo no momento que saiu saltando em direção a uma garota, que depois ele ficou sabendo que se chamava Ellie. Ficou conversando um tempão com ela, tinham alguns assuntos em comum, como a paixão de viajar pelo mundo e espalhar seu trabalho por aí. No meio da conversa, percebeu que a mulher estava lhe dando umas investidas, por isso inventou uma desculpa qualquer para ir embora. Foi procurar , quando viu que ela estava quase beijando um garoto, decidiu que não queria ver essa cena e foi correndo chama-la pra ir embora junto dele. Seu espanto foi quando ela disse não, e aparentava estar mais preocupada em saber onde estava Ellie e explicar o quanto estava querendo beijar o tal do Jake, do que saber dele.
decidiu que o melhor no momento, realmente era ir para seu quarto e pensar no que pode ter acontecido de errado, esperava que no dia seguinte tudo se resolvesse, que ele e não tivessem problemas. Desejava também que a amiga não acordasse com ressaca no dia seguinte, sabia como ela ficava chata quando sofria os efeitos do álcool.

estava evitando ao máximo a conversa que teria com , mas as ligações e mensagens dele não estavam facilitando, além disso, a dor de cabeça insuportável não lhe deixava esquecer de tudo que havia acontecido ontem, queria simplesmente sumir no momento. Já era fim de tarde quando finalmente tomou coragem e atendeu uma das 500 ligações, inventou uma desculpa qualquer e disse que chegaria ao dormitório em meia hora.
estava ansioso pela chegada de , não via a hora de mostrar a música que escreveu, sabia que poderia arruinar tudo, mas ele precisava pôr para fora seus sentimentos, sabia que havia quebrado o acordo com a sua melhor amiga a partir do momento em que começou a se apaixonar por ela. Só esperava por um momento que fosse recíproco todo aquele sentimento.
Ao chegar no dormitório, hesitou antes de bater na porta, sabia que o que iria acontecer nas próximas horas seria algo pra além de complicado, não sabia nem se a amizade, que ela tanto se orgulhava, iria sobreviver com tudo o que ela tinha para falar. Já tinha um discurso pronto em sua cabeça: iria chegar, falar para que ela o amava como nunca amou alguém antes, mas apenas como um amigo, que eles nunca teriam algo sério, porque sua alma é livre, que ele mais do que ninguém deveria entendê-la; depois, se houvesse possibilidade, iria querer continuar sendo pra sempre amiga dele, e que esquecessem esses últimos meses, havia sido um erro colocarem o tesão no meio da linda amizade que tinham. Respirou fundo, contou até 5 e bateu na porta, já a estava esperando, então mais do que rápido ele a abriu, pedindo para ela entrar.
- , antes de você dizer qualquer coisa, eu queria que você ouvisse uma música que eu escrevi. – ele foi o primeiro a quebrar o silencio constrangedor que instaurou assim que a mulher se acomodou no pequeno cômodo.
- , não sei, acho melhor a gente conversar primeiro. – ela disse hesitante.
- Por favor, , é importante para mim. – ele fez o olhão pidão que ninguém resistia, e ainda usou o apelido mais carinhoso que tinha para a amiga.
- Tudo bem.
se preparou, pegou o violão e começou a dedilhar a música que escreveu, não sabia qual seria a reação da garota à sua frente, mas precisava arriscar. Precisava mostrar pra ela tudo o que estava sentindo, desde a primeira vez que eles transaram, até o fato de que ela nunca permanecia a noite inteira.

Put down your cigar and pick me up (pick me up)
(apague o seu cigarro e me pegue – me pegue)
Play me your guitar, that song I love (song I love)
(toque na sua guitarra aquela música que eu amo – música que eu amo)
Thirsty for your love, fill up my cup (up my cup)
(sedenta pelo seu amor, encha meu copo – encha meu copo)
I got only good intentions, so give me your attention
(e tenho apenas boas intenções, então me dê sua atenção)
You're only brave in the moonlight
(você só é corajoso à luz da lua)
So why don't you stay till sunrise?
(Então por que você não fica até amanhecer)

começou a ficar apavorada conforme o garoto ia cantando, sabia que estava fazendo certo de nunca passar a noite toda com ele, acreditava que isso faria ele perceber que o que eles tinham era algo casual, algo para que os dois pudessem sanar suas vontades, mas nunca imaginou como aquilo poderia ferir o amigo.


Your body's looking good tonight
I'm thinking we should cross the line
Let's ruin the friendship, let's ruin the friendship
Do all the things on our minds
What's taking us all this time
Let's ruin the friendship, let's ruin the friendship

Aquele refrão soou irônico demais no momento, parecia que era exatamente isso que eles estavam fazendo, acabando com toda amizade que eles tinham. A troco de quê? Charlie ficava cada vez mais arrependida de perder uma amizade por algumas fodas, mesmo que estas fossem uma das melhores que ela já teve em sua vida.

Baby, you and I got history (history)
(Amor, você e eu temos história – história)
And we can't deny our chemistry (chemistry)
(E não podemos negar nossa química – química)
So why the fuck are we a mystery? (mystery)
(E por que caralhos somos um mistério – mistério)
Let's just go with the connection, give me your affection
(vamos apenas seguir com a conexão, me dê sua atenção)

You're only brave in the moonlight
So why don't you stay till sunrise?

Your body's looking good tonight
I'm thinking we should cross the line
Let's ruin the friendship, let's ruin the friendship
Do all the things on our minds
What's taking us all this time
Let's ruin the friendship, let's ruin the friendship

tinha um ponto, isso ela não poderia ignorar, eles tinham história (e como tinham, anos e anos de amizade e aventura), tinham química o suficiente pra quem visse eles de longe, achar que era um casal por simplesmente um completar o outro. Mas ela sabia que não importava o quanto tentasse, nunca conseguiria corresponder pelo sentimento do amigo, por isso não o deixou terminar de cantar.
- , por favor, pare!
O garoto assustou-se, mas parou de tocar e cantar assim que a amiga pediu. Sabia que tinha algo errado, as coisas não estavam saindo como o planejado, era pra ele terminar de tocar, dizer como se sentia, esperar que retribuísse todo sentimento, e aí pediria ela em namoro.
- Olha, bebê, você sabe o quanto eu te amo e me preocupo contigo, não sabe? – começou a falar de maneira pausada e cuidadosa, não queria machucar a melhor pessoa que já conheceu em todos os seus 23 anos, por isso usou o apelido que tanto já causou briga quando mais novos. – E eu não sei como te falar o que eu preciso. – seus olhos começaram a lacrimejar – por mais irônico que pareça, você acertou algumas coisas nessa música, que se não fosse toda a nossa situação, eu amaria, porque, como sempre, ela é incrível!
- , por favor, acho melhor você parar de enrolar e dizer logo, eu já tenho uma noção do que você vai dizer. – já se encontrava chorando, mas precisava ser forte, precisava encarar a realidade que o estava cercando e que ele ignorava a todo momento.
- Tudo bem. – ela respirou fundo e começou a falar – não tem como ouvir essa música e não pensar em como tudo começou, se há três meses eu soubesse que nós estaríamos aqui, eu nunca teria me permitido que isso acontecesse, mas é que como você falou, o seu corpo parecia tão atraente naquela noite, na verdade toda aquela áurea fez com que tudo acontecesse, não tem como não associar o refrão da música com o que estamos, ironicamente, vivendo. Estamos acabando a nossa amizade a ponto de quê? – nesta altura ambos tinham os rostos completamente molhados, foi se sentar do lado do amigo, como forma de tentar amenizar tudo. – Você quer saber porque eu nunca fiquei a noite toda? Por mais que eu quisesse muito, você sabe como eu amo dormir abraçada contigo, mas eu não podia, eu precisava dar um jeito para que você não se iludisse com tudo o que estivesse rolando entre nós. – Ela queria continuar a falar o que precisava, mas não conseguia. Ao ver que o silencio ia se instalar, começou a falar:
- Você deve estar me achando um idiota agora né, eu, com 23 anos agindo como se fosse um adolescente de 15 anos que tenta arrumar a primeira namorada e acaba tomando um fora.
- Cala a boca, seu idiota! Nunca que eu acharia isso de você, até porque eu seria a primeira pessoa a falar mal dessa namorada que não quis um cara incrível como você. Porque é isso, bebê, você é e sempre será a melhor pessoa da minha vida, você foi meu tudo nesses 8 anos, e você não sabe o quanto me dói ter que te falar essas coisas. Céus, como eu gostaria de corresponder os seus sentimentos. Mas você sabe como eu sou, qualquer coisa que começa a ficar mais séria eu caio fora. Eu não fui feita pra ficar presa, mesmo que sabendo que um namoro ou qualquer coisa do tipo não é uma prisão. Mas isso não é pra mim.
- Você também foi a melhor coisa que me aconteceu nesses 8 anos! E eu deveria ter imaginado que isso nunca ia dar certo. Eu só não quero que nossa amizade acabe. Eu te amo, ! Não sei o que eu irei fazer sem você, caso você me deixe.
- É aí que começa o nosso segundo problema, . – começou a ficar nervosa com o rumo da conversa, conhecia muito bem seu amigo pra saber que o que diria em seguida iria quebrá-lo de uma forma que ninguém jamais o fez. – antes de tudo, eu devo dizer que eu deveria ter previsto que isso nunca ia dar certo, a gente se conhece há 8 anos, eu deveria saber que você iria se apaixonar, porque esse é o seu jeito, e é uma das coisas que me fazem te amar cada vez mais, você se entrega aos sentimentos. Mas, eu, infelizmente, não posso apagar o passado ou voltar até ele e evitar que tudo isso acontecesse. Como eu disse, eu te conheço há 8 anos, você sabe mais de mim do que minha mãe, assim como eu sei mais de você do que sua mãe, e é por isso que eu preciso te pedir que não me odeio pelo que eu irei dizer: eu preciso me afastar, bebê! – disse muito rápido.
- O QUÊ? – nunca nos seus piores pesadelos imaginou que isso poderia acontecer. – , por quê? Eu entendo que a gente vai ter que parar com todo o sexo e outras coisas por causa dos meus sentimentos e por você não os corresponder, mas se afastar? Você tá louca? Em que mundo isso seria aceitável?
- , eu te conheço! – ela falou desesperada – você não consegue superar alguém quando ela faz parte da sua rotina. Foi isso que aconteceu com a Liv, quando vocês terminaram, você só conseguiu esquecer-se dela depois de um mês de férias, o mesmo com a Jessie e com a Violet. Eu não posso ficar do teu lado sabendo que você está sofrendo.
- Elas eram só minhas namoradas, óbvio que eu precisava me afastar delas. Mas você não! Porra! Você é a minha melhor amiga! O que eu vou fazer sem você? Você diz que não consegue ficar do meu lado sabendo que eu estou sofrendo, mas pode se afastar sabendo que isso vai me deixar ainda pior? – falou exasperado, como poderia ter a coragem de cogitar que eles acabassem com toda a amizade que tinham?
- , acredite, eu não queria estar fazendo isso! Mas eu preciso que você confie em mim! Vai ser o melhor pra você. Por favor, tenta entender!
- Eu não quero entender, ! Eu achava que a gente era pra sempre, como você sempre gostou de frisar! Mas olha onde estamos agora, você querendo se afastar só porque eu me apaixonei. – Respirou fundo tentando controlar as lágrimas. – Eu preciso ficar sozinho! Por favor, vai embora. – Ele levantou e seguiu para o banheiro.
- Bebê! A gente precisa terminar nossa conversa, não dá pra ficarmos assim. – a garota tentou finalizar o assunto pendente, mas logo em seguida se arrependeu.
- , você já falou tudo o que tinha para falar. Agora, por favor, faça o que eu tô pedindo e me deixa ficar sozinho! Eu preciso pensar sobre tudo o que aconteceu. E não me procure, deixa que eu faço isso. – Com isso ele fechou a porta do banheiro, um claro sinal que não iria mais falar sobre aquilo e que era para a amiga ir embora.
ficou desolada com toda a situação, mas seguiu o pedido do amigo e foi para seu dormitório. Nem no seu pior pesadelo, imaginou que tudo aquilo poderia acontecer. Iludiu-se achando que o amigo (ou será que agora seria ex-melhor amigo?) a entenderia e seguiria o que ela dizia ser o melhor para eles.

Os dias que se seguiram foram os mais estranhos da vida dos dois, sempre que se encontravam em algum lugar, agiam como se fossem dois desconhecidos que nunca se esbarraram. sempre desviava o olhar quando o encarava.
Nas semanas seguintes, até tentou uma aproximação do garoto, mas não sentia nenhuma abertura vindo da parte dele, pelo contrário, sempre que ela chegava perto, ele dava uma desculpa qualquer e saia de perto. Até que ela desistiu de somente ela tentar fazer aquilo dar certo e prometeu a si mesma que seguiria sua vida. Se não queria fazer parte, ela respeitaria.

O ano acabou e o mochilão que eles tanto planejaram nunca saiu do papel. Era exaustivo ter de repetir várias vezes para a família e amigos que a amizade deles havia chegado ao fim, ainda mais quando as pessoas insistiam em perguntar o porquê ou ficar dando palpites de como eles deveriam ir atrás um do outro.
No começo do ano seguinte, cada um tomou uma decisão: , finalmente, decidiu que iria começar a se apresentar. Tinha repertório suficiente para um show, poderia até começar uma banda, o que, talvez, o deixasse mais confortável; estava no seu último ano, iria se dedicar ao máximo para arranjar um trabalho em que pudesse dar seu coração e sua alma para, quem sabe, seguir os passos da mãe e trabalhar numa revista. Não importava como, mas faria o possível e impossível para atingir seu sonho de trabalhar em Nova Iorque.


Epílogo


estava finalmente voltando para seu país natal após passar cinco anos sem pôr os pés em terras inglesas. E como num passe de mágica, ao chegar na casa em que passou o fim da sua adolescência e começo da sua vida adulta, todos os sentimentos e lembranças a atingiram de maneira brutal, fazendo-a sentir uma nostalgia e uma saudades de toda aquela época.
Em todo esse tempo longe, acompanhou a carreira do seu antigo amigo. Estava orgulhosa até onde ele tinha chegado, numa banda mundialmente famosa. Amava ver pessoas das mais variadas idades cantando as músicas que ela sabia na ponta da língua. Ironicamente, a música que pôs fim na amizade deles, foi a mesma que deu ao homem o devido reconhecimento que ele merecia.
Nesse tempo, nenhum dos dois procurou o outro. não o fez porque seu orgulho não permitia, ela se lembrava de todas as vezes que tentou falar com e ele a ignorou; , por sua vez, sempre ficou ressentido de como tudo aconteceu, principalmente do afastamento da pessoa que ele mais confiava.

estava andando pelas ruas londrinas em busca de uma roupa que pudesse usar na festa de fim de ano de sua empresa. O natal estava começando a dar as caras nas decorações, o frio já dava sinais de que não iria ser ameno este ano. Ela amava essa época e como tudo parecia melhor no clima natalino, uma xícara de chocolate quente, um balde de pipoca e uma lista de filmes clássicos marcavam suas noites desde que voltou para Londres.
Estava saindo de uma das várias lojas que visitou quando esbarrou em alguém que estava entrando na mesma:
- ?
- ? – os dois perguntaram ao mesmo tempo espantados com a coincidência.


Fim?



Nota da autora: Oii, gente!!! Espero que vocês tenham gostado e não queiram me matar por este final! Eu sou completamente apaixonada por essa música da Demi e quando vi que não tinha nenhuma ficstape, eu decidi que precisava escrever algo. Ao longo da escrita fiquei morrendo de dó do pp, mas não podia mudar a essência da pp, até porque eu a acho maravilhosa. Mas quem sabe mais pra frente a gente não tenha uma continuação para esse casal?
Acho que é isso, quero agradecer por todo mundo que leu e pedir por favor que comentem porque é a primeira vez que eu publico algo então preciso de feedbacks!!! Obrigada mais uma vez!!
Beijos



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus