Última atualização: 02/10/2018

Capítulo Único

Maio de 2008

Abaixo da árvore frondosa, a brisa fresca passava chacoalhando as folhas e espalhando as pétalas pelo ar. Ali abaixo, estava sentado a beber seu café e sentir o momento de olhos fechados.
Uwa*! Aquela é a aluna nova? Ela é tão linda!
— Acho que estou apaixonado, Shao-Tian!
Babo*! Você sempre está apaixonado!
Os dois adolescentes passavam perto da árvore e riu discreto do diálogo. sempre era discreto, inclusive, até demais. E com a mesma discrição que sorriu, ele procurou a direção do olhar dos garotos. E não poderia negar, a nova aluna de sua classe era realmente, muito, muito bonita. Os dois adolescentes que a observavam surpresos se puseram a ir até onde a garota era recebida por outras meninas. Eles eram mais velhos, de uma classe acima, e achou interessante observar como ela se sairia. Todos os alunos quando entravam na escola, descobriam a fama de “desordem” para a recepção dos calouros. E certamente, nenhum aluno ou aluna de classe abaixo, se meteria naquilo.
Ele ajeitou sua postura no chão, recostando o ombro ao tronco e terminando de beber sua latinha de café. Os rapazes se uniram às moças que lotavam a novata com falas, das quais, àquela distância não poderia escutar. A garota sorria e gesticulava a cabeça com maneiras delicadas. Ele percorreu os olhos pelo corpo da jovem. Uma garota comum como tantas outras na escola, entretanto, mais bonita do que qualquer outra que houvesse lhe chamado a atenção. Ela tinha um sorriso largo, sua boca era grande e mesmo com aquela característica tão diferente das outras meninas, ela ainda assim era mais bela. sentiu-se estranho.
A feição tranquila e animada da menina foi murchando à medida que os garotos e as outras moças se aproximavam, intimidavam-na. E então ele observou Hyun se aproximar, a menina ainda mais baixa que a caloura, surgiu no meio de todos e pegou a mão da adolescente tirando-a dali. sabia que ela surgiria. Ele sorriu novamente discreto.
Os mais velhos começaram a gritar com Hyun, uma ação típica entre eles, principalmente por ser Hyun a jovem da classe abaixo mais atrevida daquela escola. E , riu ao ver a “tampinha” apontar os dedos para os mais velhos e gritar como uma garota pirracenta e cheia de razão. Ela deu às costas a eles e saiu apressada puxando a novata, que, percebia-se, nada compreendia. E estava ainda mais assustada do que antes.
Uma garota frágil. De uma fragilidade que fez querer proteger. Ele se levantou, jogou a lata de café na lixeira próxima e com as mãos no bolso da calça seguiu para sua sala de aula. E quando se aproximou de sua carteira, a amiga apareceu ao seu lado - como sempre escandalosa - e puxou a novata para se sentar à mesa da frente dele:
Hey, ! Está é a nossa nova amiga, ! Ela não é realmente, e invejavelmente linda?
Hyun não parava de falar e a outra sorriu envergonhada pelos comentários. Cumprimentou que, agora ali tão perto, não conseguia sorrir. Seus olhos estavam focados demais aos olhos, brilhantes, dela. Ela desfez seu sorriso, com receio pela reação de e só então ele sorriu de volta. E diferente de todas as suas ações sempre discretas, ele bagunçou o cabelo dela sorrindo e dizendo:
— Seja bem-vinda, ! Eu sou o , e não se preocupe com Hyun, eu sei controlá-la.
Ele sorria abertamente. Hyun levou as mãos à boca sabendo exatamente o que havia de estranho ali. Ela percebeu naquele exato momento, que havia se apaixonado por . Se é que era possível se apaixonar daquela forma tão instantânea.
*Uwa: “Nossa!”, “uau”.
*Babo: tonto, idiota, bobo.

Novembro de 2008

A professora saía da sala de aula, sem ao menos aguardar os dois últimos alunos que gargalhavam e juntavam seu material. Eles observaram a mulher sair tão impaciente, que jogaram as coisas de qualquer jeito na mochila e se apressaram antes que tomassem alguma punição por aquilo. Quando passaram do portão da escola, perguntou se ela gostaria de companhia para voltar para casa.
— Você me pergunta isso todos os dias, ! E todos os dias, eu digo que sim. – ela riu: — Minha mãe sempre aguarda você chegar comigo para entregar as verduras para a sua mãe.
— As verduras da horta de sua mãe são realmente deliciosas.
Eles seguiam o caminho, calmos e silenciosos. estranhou o silêncio do amigo. Ele sempre foi calado e discreto, e ela logo notou isso após um tempo de convivência desde que chegara à escola. A única ação “incomum”, segundo Hyun, foi a forma como recebeu em seu primeiro dia de aula.
Eles caminhavam e a garota logo o encarou, buscando sinais de algo que estivesse acontecendo sem ela saber. Ele apenas a olhou pelo canto dos olhos, um hábito muito próprio de , e sorriu sem mostrar os dentes, aquele sorriso de canto, só dele.
— O que foi, ?
— Por que está mais calado que o normal?
— Estou pensativo.
— Pode terminar a frase, não é como se eu tivesse sido respondida. – ela sorriu.
— Hyun te contou que ela tem um Oppa*?
— Sim! Ela contou para você também?
— O que Hyun não me conta? E sempre tão alto…
dissera com uma careta, como se lembrasse do grito que Hyun dera em seu ouvido mais cedo.
— Ela é tão mal-educada… – ele concluiu fazendo sorrir.
— Mas era sobre o Oppa de Hyun que estava tão pensativo, ?
— Não exatamente… Você tem um Oppa, ?
A pergunta que ele havia treinado tanto para fazer estava cada vez mais sufocando-o. E mal podia acreditar que a garota começara a rir em sua cara, após escutar aquilo, mesmo com todo o esforço dele em falar.
— Claro! Você está doido? Meu Oppa é você, !
Ele olhou-a com a sobrancelha erguida e um sorriso de canto. Ele já havia sido chamado várias vezes de Oppa por , porém o que a menina não percebeu é que não se referia apenas ao fato de ser amigo e mais velho do que ela.
A casa dela se aproximava e a garota assobiava qualquer música. Ao parar de frente à casa dela, ele viu a mãe da menina os aguardando com a sacola em mãos.
Ele segurou a mão de , a fim de que ela esperasse. Ela não entendeu, mas o olhou com uma cara curiosa e sorridente.
— Eu quero ser o seu Oppa, . Mas não porque somos amigos. Eu gosto de você, desde o dia que vi os seus olhos brilhantes sorrirem para mim.
A menina abriu a boca assustada e soltou sua mão e sorriu. O mesmo sorriso que dera a ela no dia que a conheceu. Bagunçou os cabelos dela, do mesmo jeito, e foi até a mãe da amiga pegar a sacola e agradecer.
continuava parada na calçada, com o rosto rubro e as mãos à boca. Quando passou por ela, beijou seu rosto e abaixou-se um pouco preocupado olhando o rosto dela, corar ainda mais.
— Dizem que as meninas ficam coradas quando encontram seu verdadeiro Oppa. Eu realmente espero que eu possa sê-lo, . E não quero que você mude por causa disso. Vamos juntos à escola amanhã?
Ela apenas acenou afirmativo e encarou o chão. se afastou e a menina entrou em casa correndo e subiu explosiva para seu quarto. Sua mãe cantarolava o nome dela pela casa, como se dissesse que havia entendido que a filha estava apaixonada por seu melhor amigo.

*Oppa: pronome informal de tratamento que uma menina direciona a um irmão mais velho, ou garoto mais velho que ela. Também é utilizado quando se trata de uma pessoa mais próxima, como um namorado ou amigo.

Maio de 2009

— Hyun-Ah! – correu até a carteira da amiga e a abraçou: — Ele pediu! Ele pediu! Meus pais deixaram!
— Não acredito!!! Mas é claro que eles deixariam, -Yah! Seus pais gostam mais do do que de você!
Ela pulava e abraçava sempre tagarela, a amiga que diante daquela frase fechou a cara para a melhor amiga, em seguida desfazendo-a e dando espaço para um largo sorriso.
Ela e estavam oficialmente namorando. A classe inteira esperava por aquela notícia, pois, desde que se conheceram o garoto nunca mais desgrudou de .
A maioria dos meninos mais velhos da escola ficou chateada com aquilo, e passaram, inclusive a tentar intimidar . Mas, ele sempre foi seguro o suficiente para não aceitar provocações. Naquele segundo ano de escola, e haviam se tornado o “casal real” da escola.

Dezembro de 2010

caminhava animado para encontrar e dizer que já havia comprado sua roupa das festas de ano. Passou pela biblioteca, local onde a namorada sempre estava vez ou outra. O estagiário informou que ela havia ido para o ginásio o esperar para vê-lo treinar. agradeceu e correu animado. Ele olhou para a arquibancada e não avistou . Sorriu confuso se aquela seria mais uma brincadeira dela. E procurou a menina, até encontrá-la perto dos vestiários.
— Eu não tenho nada a fazer aqui. – ela disse nervosa.
— Tem certeza?
ouviu aquela frase e a cena que viu apunhalou seu coração. Shao-Tian beijava sua namorada, e prendia-a contra a parede passando a mão pelo corpo dela, enquanto a outra prendia as pequenas mãos de na parede. Ele deu um grito e os dois notaram a presença dele ali. empurrou Shao-Tian com olhos arregalados e sentiu as lágrimas subirem. foi em direção a Shao-Tian e desferiu um soco em seu rosto, pegou sua mochila que havia jogado ao chão, e deu as costas à menina saindo apressado. foi atrás dele correndo e o chamando. nem olhou para trás. Quando a menina o alcançou, ela estava ofegante e chorava.
— Por favor, , me escuta!
— Eu não quero ouvir nada agora, !
— Mas, eu não tive culpa! Eu não fiz aquilo!
— E o que foi fazer no vestiário com ele?
— Eu não fui com ele!
— Isso faz muita diferença, não é? Foi sozinha então!
— Eu fui te procurar!
— Você sabe que eu sempre te procuro antes do treino!
, por favor, me escuta, me deixa explicar…
— Acabou, ! – ele gritou a fim de sair logo dali para que pudesse chorar.
— Não… Oppa
— Eu não sou mais seu Oppa, .
— Não, eu não aceito.
— Você não decide isso.
— E nem você! – ela gritou.
não era o tipo que chorava sempre. E nem era o tipo que escondia o choro se fosse preciso chorar, principalmente se tratando de . Ele sempre se sentiu confortável para ser genuinamente humano perto dela, mas, naquele momento, ele não queria chorar perto dela.
A garota continuou o seguindo para fora da escola. E quando ele notou que ela não desistiria de tentar falar com ele, neste momento também ele já ouvia os soluços de choro de junto com sua respiração descompassada.
! – ele falou mais enérgico para ela.
A menina o olhou, assustada, e diminuiu o choro.
— Acabou. Eu sabia que a gente teria que separar daqui para frente, mas, eu não imaginava que você ao menos não faria esforço… Mas, eu devia ter imaginado… Shao-Tian vai para a mesma faculdade que você, não é?
— Não, não, … Ele não, ele vai, mas isso não…
. – ele interrompeu a fala confusa dela: — Não irei ao Seolnal*.
— O quê…? ! – ela gritou: — Para com isso! Você precisa me escutar!
— Não me procura.
— É o nosso Seolnal! Depois tudo vai ser diferente! Você não pode fazer isso com a gente… – ela gritava o fazendo parar de andar e ouvi-la.
— Não fui eu que fiz isso com a gente. As coisas já são diferentes, não tem porque esperar o depois.

*Seolnal: festa de fim de ano, ou dia de ano novo.

Ele disse encarando-a com um olhar triste e seguiu andando firme. Ela queria correr. Queria gritar e abraçá-lo. Queria dizer que não poderia ter “depois” sem ele. Ele que foi seu primeiro amor. Seu primeiro namorado. Seu primeiro homem. E agora seu primeiro sofrimento.
Ao passo que queria correr para ele, também estava furiosa por ele ao menos tentar ouvir o que ela tinha a dizer. Parecia que era ele, quem procurava uma razão para antecipar a distância que eles se preparavam para enfrentar. Ela sacudiu os cabelos e abraçou seu corpo com dor. Agachou ao chão aos prantos, e quando sentiu uma sombra ao seu lado, viu Hyun abaixar-se para abraçá-la. A amiga havia presenciado aquela correria pelos corredores da escola, ouviu parte da discussão e foi atrás deles, mantendo-se escondida até onde pode. Hyun abraçou a amiga olhando na direção que havia seguido. Certamente, o amigo também estaria transtornado.

Abril de 2016

— Você chegou cedo. – a mulher falou para o homem que a aguardava no balcão daquele bar.
— Meu dia hoje não foi bom, estava ansioso para ver você.
— Vamos beber! Nada como uma boa bebida para relaxar. – ela sentou-se ao lado dele passando a mão em seus ombros.
— Sei de algo que relaxa muito mais do que álcool.
O homem respondeu de maneira sugestiva, acariciando a mão da mulher. Ela pegou a mão dele e a beijou.
— Não tenhamos pressa, querido.
A anfitriã do bar surgiu servindo ao casal e piscou para a mulher. Ela já a conhecia há muito tempo. Aquela noite os dois ficaram ali por pouco tempo. Beberam poucos drinques, jantaram e seguiram para o apartamento dele, onde sempre dormiam juntos. Já estavam naquela relação há cinco anos.
A rotina desgastante de trabalho dele era esquecida quando estava com ela, e por isso os dois se davam tão bem.
Ao amanhecer, ela girou na cama ciente de que ele não estaria mais ali. Levantou o tronco e apoiou-se nos cotovelos o observando se vestir. O homem a olhou pelo espelho e sorriu.
Ela levantou-se nua e foi escovar os dentes. Ao retornar vestida com o fino hobby de seda, ele caminhou até ela e beijou-lhe a boca com superficialidade.
Apontou para o criado mudo do quarto, e ela observou que o cartão de crédito estava ali.
— Para as suas despesas, troquei para o Platinum. – ele explicou-lhe e ela sorriu abertamente — Tenho que ir. Se cuide, e não apronte.
Ele saiu do quarto e ela pôs-se a tomar banho para ir embora. Não gostava de tomar café, sozinha e por isso telefonou para Joong-Ki. Trancou o apartamento antes de sair, e deixou a chave com o porteiro, como já era de costume.

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O telefone de já havia tocado pela terceira vez. Só poderia ser sua mãe. Ele esperou chegar no semáforo e colocou seu fone, discando a chamada para a mãe no dispositivo eletrônico do painel de seu carro.
— E então meu filho, como foi? – a mulher estava eufórica por notícias.
Ommoni*, eu já disse para a senhora não ligar quando estou trabalhando, afinal, eu estava em reunião e não podia atender.
Aigoo*! Estou ansiosa por você! Uma mãe não pode sentir preocupação pelo futuro do filho? Omo*! Quem está tornando meu filho este Babo egoísta?
— Desculpe, Ommoni! Eu sou um filho muito ruim. Bem, a notícia é que eu serei transferido para gerir a nova sede em Seoul.
— Oooooh! Jal haesseo*! Meu filhinho está sendo reconhecido!

*Ommoni: Mãe.
*Aigoo: “oh meu deus”, “putz”, interlocução de desaforo.
*Omo: interlocução de surpresa.
*Jal haesseo: “muito bem”, “bom trabalho!”.

escutou mais algumas vezes a euforia de sua mãe, e sorriu levemente. O mesmo sorriso sério e discreto, de sempre. Estava feliz por sua notícia, finalmente se mudaria para a capital e poderia seguir seu sonho. Estava a dois anos trabalhando na empresa e extremamente feliz por ter alcançado rapidamente a confiança de seus superiores. Como sua mãe dizia: “Go-saeng Ggeut-eh naki eun-da”*. Que significava: “No final das dificuldades vem à felicidade”.

*é um provérbio coreano utilizado quando se quer dizer que “com trabalho duro sempre virá o sucesso!”.

Ele dirigia de volta para a sua casa, e ansioso com a novidade daquele dia. Afinal, iria para a capital. E pensar na capital era automaticamente pensar nela. Sentiu um sorriso nostálgico surgir em sua face, mas, rapidamente este sorriso sumiu ao se atentar que teria de encarar Young-Joo. Sua namorada estaria o esperando, e por mais que já tivessem conversado sobre aquela possibilidade várias vezes e como agiriam, tinha certeza absoluta de que não seria fácil dar aquela notícia.
Guardou o carro na garagem e, antes de entrar já havia notado a mulher sorrindo para ele da janela. Assim que abriu a porta de seu apartamento, já sentiu a mulher saltar em seus braços. Young-Joo o abraçou tão forte, que o próprio não entendia o que estava acontecendo.
Oppa! – ela dizia alegre — Oppaaaa!
Young-Joo repetia aquela palavra com tanta alegria e emoção, que não sabia se ela sorria ou chorava.
— O que houve, Young-Joo? – perguntou atordoado.
Jal haesseo, Oppa!!!
A mulher o beijava, batia palmas e com pulinhos animados o abraçava. que sempre era tão discreto em seus afetos, apenas os recebeu com um falso sorriso. Estava contente também, mas, sabia que a felicidade da mulher deixaria logo, de fazer algum sentido.
Ele tomou banho, e quando retornou à sala, ela o chamava para jantar. Estava tudo pronto, como Young-Joo sempre fazia quando ia para a casa do namorado. Ele tinha certeza que ela evitava o inevitável. Não queria comer antes daquela conversa, mas a mulher estava tão arisca que imediatamente o serviu.
Comiam em silêncio, ele sério, ela com sorrisos eufóricos. observou-a um pouco e não suportando aquela cena toda, deixou seu hashis sobre a tigela e observou-a diretamente. Ela não notou, ou fingiu.
— Eu vou embora para Seoul.
Ele disse, sem expressão ou qualquer tipo de impedimento. E ela arregalou os olhos, encarando assustada à tigela a sua frente. Ergueu o olhar para ele, com um sorriso falso:
Oppa, não é hora para conversar. Coma, primeiro!
Ele continuou comendo, afinal, agora ela sabia que não adiariam aquela conversa com falsas comemorações. E ela mudou totalmente sua expressão, até o fim do jantar. Quando terminaram, ela retirava a mesa e a ajudava em silêncio. Depois que todas as louças estavam na pia, e ela iria começar a lavá-las, pegou sua mão. Young-Joo o encarou com um sorriso triste e cedeu, dizendo:
— Eu adoro quando cozinhamos ou fazemos este tipo de coisa juntos… – havia melancolia naquela fala.
— Você já sabia que isso aconteceria, Young-Joo. Já havíamos conversado sobre a possibilidade.
— Eu sei. Mas, não resolvemos ainda, não é?
— Minha mãe te contou tudo, e eu fui recebido com festa. Acho que você já sabe que está resolvido, Young-Joo. Eu vou embora para Seoul.
— Como assim, você? E eu? E nós?
— Young-Joo… Você tem seu trabalho aqui e nós já…
— E nós, !!!?? – ela gritou o interrompendo.
— Não grite, Young-Joo.
— Como você não quer que eu grite?! Você está desistindo de nós!
respirou fundo. Havia começado. A partir dali, Young-Joo seria apenas choro, drama e gritaria.
— Nós já havíamos conversado! Eu te avisei, que se eu fosse transferido, eu iria embora sozinho! O que você estava pensando?
— Em casar! – ela gritou aos prantos e despejou um tanto de frases, sem pontuação e com muitos soluços: — Eu achei que você me pediria em casamento, ! Eu me preparei para largar o meu trabalho esperando este dia! Eu planejei a casa em que iríamos morar! Eu planejei tudo, ! TUDO! Mas você… Você achou mais fácil me descartar…
a olhava assustado. Sentiu pena da mulher.
— Nunca. Nunca em toda a sua vida, abandone as coisas que você conquistar por causa de um homem. Por mais que o ame. – ele disse.
— É O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO, NÃO É? DESCARTANDO-ME POR SEUS SONHOS! NÃO ME INCLUINDO NELES! – ela gritou, e já se irritava com ela.
— PARE DE GRITAR! – ele gritou de volta.
Em toda sua vida, nunca gritou com uma mulher. Se quer aumentou o tom de voz. Ele nunca havia respondido Young-Joo, ou qualquer outra que gritasse com ele no mesmo tom. E não sabia o motivo daquele choro de sua namorada, estar o deixando tão perturbado. Aquelas palavras dela, o traziam um sentimento ruim. E ela calou-se apavorada pela atitude repentina dele. Abaixou a cabeça, e sem falar apenas chorava.
— Eu não estou descartando você. Eu fui extremamente decente quando deixei claro a você que não tinha intenções de me casar. E por mais que eu goste de você, eu sempre demonstrei que para mim, não estávamos destinados um ao outro. E nossas famílias também sempre souberam disso. Seu pai foi uma das pessoas à nossa volta que sempre dizia: “seja sincero com ela, nós todos sabemos que vocês não são prometidos um ao outro pelos laços do destino”. Você sempre soube, Young-Joo. Não somos como aqueles casais que se apaixonam, casam e tem filhos. Somos como casais que são separados no momento certo, quando a pessoa a quem estamos destinados surgir…
Ela calou-se. Sabia de tudo aquilo. Via seu pai surgir com candidatos ao casamento para ela, todos os dias. E todos os dias ela dizia para ele, que o melhor candidato era . Sabia de tudo aquilo. Sabia que não era ele. Mas, na verdade, para ela, era o homem de sua vida. Como num estalo ela o olhou, assustada. Reuniu as ideias tortas em sua cabeça, mais tortas do que já estavam.
— É ela, não é? Você não é decente, . Você está me abandonando, sobre uma desculpa ridícula, porque agora pode encontrá-la.
— Não fale dela. – ele disse enérgico — Meu passado não tem nada a ver com o nosso presente ou futuro.
— Fale o que quiser . Eu não vou mudar o meu pensamento.
Ela pegou sua bolsa e pôs-se a sair, mas, antes que alcançasse a porta deixou o anel de compromisso sobre o aparador da sala. foi atrás dela, a impedindo de sair e dizendo que a deixaria em casa. Mas ela recusou e ele obrigou-a aceitar ao menos que ele a colocasse no táxi de volta.
Young-Joo partiu aos prantos e entrou em casa com uma dor forte em seu peito. Não soube distinguir se era culpa e remorso, alívio ou simplesmente a dor de tê-la escutado jogar em sua cara a realidade: estava indo para o mesmo lugar em que estaria.

:::::: x :::::::


Hyun caminhava apressada pelas ruas de Paris, enquanto a melhor amiga do outro lado da linha telefônica andava calma e despreocupada pelas ruas de Seoul. Elas conversavam toda semana, e mesmo quando não conseguiam se falar, hora ou outra alguma das duas insistia em procurar à amiga.
— Por que não volta para Anyang*, ? Sua família está lá!
— Eu não volto para Anyang, nunca mais. Não depois de tudo o que passei por lá.
— Esquece o passado, … Olha como as coisas estão sendo para você aí em Seoul…
— Hyun… A minha vida agora é aqui.
— Há quanto tempo você não visita seus pais?
— Já faz algum tempo. Mas, não é como se eles não viessem me ver.
… Isso é por causa de ?


*Anyang: cidade sul-coreana.

Há muito tempo, não escutava o nome dele. Pelo menos não em voz alta, pois, no seu pensamento ela sempre ecoava o nome de seu ex-primeiro amor. Ela sorriu. Não sabia se por nostalgia, ou por achar engraçada a pergunta da amiga.
?
— Hyun-Ah… O que teria a ver com isso? Ele é só uma parte da minha história. Quão imatura eu seria por evitar voltar à cidade apenas por causa dele?
— É, tem razão. Mas, é que eu achei que se fosse por isso… Bem, agora…
Hyun fez silêncio, ponderando se deveria ou não falar.
— Agora o quê? – perguntava despretensiosamente, pagando um sorvete ao sorveteiro que passava no parque onde ela estava.
— Ele está indo para Seoul.
E não esperava ouvir algo do tipo. Não que ela acreditasse que nunca poderia existir essa possibilidade de reencontrá-lo um dia, mas, ainda assim era uma surpresa. O sorvete lhe escorreu pelos dedos, e atrapalhou-se na tentativa de limpar e responder Hyun:
— Você ainda tem contato com ele?
— Desculpe, , eu não contei porquê… Bem, ele e eu sempre fomos amigos.
— Não, tudo bem. Não faz sentido vocês não se falarem, não aconteceu nada para isso.
— Obrigada por entender.
— Aliás, ele era seu amigo muito antes de vocês me conhecerem. Mas, não Hyun. Eu não estou evitando . E você sabe bem, os motivos para eu não voltar à Anyang.
— Bem, então, você não vai mesmo voltar. Achei que se soubesse que ele estava indo para aí… Enfim! Esqueçamos este assunto.
As duas sorriram fraco pelo telefone. Hyun precisava ir, mas não conseguia não se preocupar com a melhor amiga. Antes de desligar a chamada, ela suspirou fundo e quem a visse saberia que estava preocupada com aquela ligação, ou com algo. Hyun entrou no táxi que havia chamado e despediu-se da amiga:
… Por favor… Se cuide, está bem? Eu realmente quero que você fique bem, e seja feliz.
— Eu estou feliz, Hyun. Não se preocupe com isso.
— Não minta para mim. E lembre-se que se precisar de mim, eu vou correndo para Seoul!
— Não se preocupe. Aigoo! Acaso não estou bem? Estou passando fome ou sem saúde por acaso?
— Não seja grosseira. Apesar de tudo o que você tem, eu sei que você também não tem muito.
— Hyun… Eu realmente estou ótima. Apenas com saudades da minha melhor amiga!
— Eu também sinto muito a sua falta! Muito, muito mesmo… Preciso desligar, por favor, se cuide.
— Eu te amo, Hyun. Se cuide também, francesinha.Saran’hae*. Qualquer coisa me ligue.

*Saran’hae: eu te amo.

assentiu e em seguida desligou. Terminou seu sorvete e jogou fora o palito. Ajeitou a bolsa no ombro e foi encontrar-se com Joong-Ki.
O rapaz a aguardava no café, que era habitual estarem juntos. Ele sorriu quando a viu chegar e levantou-se para que ela sentasse.
— Não gaste seu cavalheirismo comigo. – ela sorriu.
— Por quê? Você não é uma dama?
— Porque você precisará dele, para mulheres que realmente tenham algum interesse em você.
Omo! Rude, . Rude!
A mulher sorriu zombando da expressão descontente de Joong-Ki.
— Joong-Ki. Você sabe que eu não mereço o seu cavalheirismo.
— Claro que merece. Não se menospreze tanto. E não é como se, eu também tivesse algum interesse em você.
Ele falou a fim de fazer piada, mas, a maneira como o sorriso de desaparecera e sua expressão tristonha, antecedeu sua fala, o deixaram sem jeito:
— Claro que não tem. Como teria?
— Ei, ei, … Eu não quis dizer isso. Eu só joguei a sua piada de volta. Jogyo*! Por favor, não entenda mal.
— Tudo bem, Joong-Ki. Uwa! Como você é preocupado. Desfaça isso… – ela sorriu colocando um dedo na testa dele e fazendo movimentos circulares ali, para desfazer as rugas de preocupação: — Eu sei que somos amigos.
— Eu sei, mas, é que se não fôssemos, eu quero que saiba que não teria problema algum em me interessar por você. E é só por isso: somos amigos.

*Jogyo: desculpe.

Ela riu do jeito desconcertado que ele havia ficado, e abanou com a mão num gesto de “tanto faz” antes de chamar o garçom e fazerem seus pedidos. Joong-Ki olhou para o cardápio e pigarreou, estava muito constrangido pelo que a amiga pode ter interpretado de sua fala. Nunca tivera a intenção de ofendê-la como mulher.
Após pedirem, os dois continuaram ali conversando. Ele notou o quão distante, e calada ela estava naquele dia.
— O que houve?
— Hyun me ligou hoje.
— Que bom, e ela está bem?
— Sim, sim! Ótima na verdade. Quem não estaria bem em Paris? – ela sorriu.
— E por que você está preocupada?
— Não estou.
— Não minta para mim, . – ela não pode deixar de rir ao ouvir a mesma frase duas vezes seguida num mesmo dia.
— Não é preocupação, apenas… Nostalgia.
— E eu vou ter que implorar para você me contar?
Ela o olhou de modo malvado e sugestivo, colocou a mão no queixo e brincou:
— Hm… Quem sabe?
Aigoo… – Joong-Ki fugiu o olhar, com uma expressão contrariada e que julgava muito engraçada — Você… Fale logo, !
— Te irritar me faz feliz.
— De nada. Agora conte!
— Uma pessoa do meu passado está voltando a Seoul.
— Uma pessoa? Um ex-namorado?
Ela murmurou afirmativa, olhando calma nos olhos de Joong-Ki. Ele passou um tempo sustentando aquele olhar em busca de conseguir compreender algo nele.
— E você ainda tem algum sentimento por ele?
— Eu não sei definir que sentimento seria, mas, tenho um carinho especial. Ele foi o meu primeiro.
— Oh… – Joong-Ki sorriu após ouvir algo tão doce da sua amiga que era sempre tão frívola — E você vai procurá-lo?
— Não. Não há motivos para isso.
— Entendo…
Passaram mais algum tempo conversando ali e Joong-Ki deixou em sua casa. Ele nunca havia entrado na casa da amiga, e nunca tivera aquele tipo de necessidade de conhecer o lugar. recordava-se de convidá-lo para entrar quando estava bêbada, e Joong-Ki utilizava aquela informação para irritá-la. Zoava a mulher dizendo que ela sempre fora a fim dele, mas, só quando estava bêbada mostrava aquilo. E sempre revirava os olhos e ignorava. Naquele dia, ela acabou falando por falar:
— Quer entrar?
Mwo*? Jinjja*? está me convidando a conhecer a sua casa, depois de quatro anos e… Sóbria?

*Mwo: O que?
*Jinjja: é sério isso?

Ela ria da maneira como ele era um idiota divertido.
— Não vou repetir.
— Eu não posso.
— Tudo bem. Não é nada demais, mesmo. – ela abanou o ar com as mãos.
— Mas, você convidou! Agora está convidado, e algum dia eu vou entrar lá!
Babo! Já passou a oportunidade.
Ela beijou o rosto dele abrindo a porta do carro, e ele sorriu. Joong-Ki tinha uma facilidade absurda de sorrir. Sorria por tudo. O tempo todo. Ele gritou de dentro do carro para ela:
— Esta oportunidade não vai passar!
riu e, sem encará-lo, acenou se despedindo. Adentrou sua casa, sempre tão fria, e deixou os sapatos no lugar, dando espaço às pantufas. Caminhou rápida, abraçando os próprios braços, e ligou o aquecedor. Por que sua casa era sempre tão fria? Dizem que uma casa reflete muito da personalidade de seu dono, e aquilo fazia todo sentido para .
Ela tomou banho, vestiu seu pijama apesar de estar cedo demais para dormir e deitou no sofá. Ligou a televisão e assistiu ao dorama* que passava, até dormir sem notar.

*dorama: novelas asiáticas.

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despedia-se dos pais com um abraço forte. Sua mãe já estava chorosa, antes mesmo de vê-lo sair. Ela passava a mão no rosto do filho, e com a outra segurava um lenço no nariz.
Aigoo! O garoto não vai desaparecer… – seu pai, sempre lógico demais para dar espaço às emoções revirou os olhos enquanto consolava a esposa.
sorriu pela cena. Chamou sua gata para dentro da gaiolinha, e assim que a fechou escutou uma voz conhecida o chamando:
?
Era a mãe de . Ela e sua mãe ainda eram grandes amigas, e ele sabia que a cidade toda – se fosse possível – saberia de sua mudança, dependesse de sua mãe orgulhosa. Ele ergueu-se cumprimentando a senhora, que sempre fora tão boa para ele e sua família.
— Eu trouxe algumas verduras para você, . Sei que gosta delas.
— Obrigado, senhora .
— E também… – ela puxou de seu bolso um pequeno pacote — Este amuleto vai lhe dar sorte e sucesso em sua nova vida.
Ajumma*… – ele a encarou com muita estima: — Muito obrigado, por sempre cuidar de mim e de minha família. Eu irei tranquilo por saber que meus pais, tem a amizade de sua família.
— Você é um bom rapaz, .

*Ajumma: pronome de tratamento para se referir à uma mulher muito mais velha.

Ela ofereceu a ele, não apenas seus votos de felicidade como também de seu marido que estava trabalhando e não pode se despedir. Ele pegou as verduras com carinho e colocou-as no carro. Em seguida colocou Chigwa, a sua gata, no banco da frente. Despediu-se de todos e partiu.
Pensava se já sabia de sua mudança. E se sabia o que haveria pensado? Onde será que estava na grande Seoul? Espantou aquelas perguntas, afinal, não tinha intenção de procurar sua ex-amiga, e ex-namorada.
Quando chegou a Itaewon*, lembrou-se dos motivos que o fizeram querer tanto aquela oportunidade de trabalho. A própria casa onde moraria que foi alugada pela empresa, era modesta, mas muito bonita. Ele sorriu e falou para Chigwa:
— Vamos ser felizes aqui, huh?

*Itaewon: cidade da província de Seoul.

Como se o entendesse, a gata miou. A empresa de mudança chegou logo depois, e passou à tarde, imerso em organizar as suas coisas. Deixou as verduras da senhora em sua geladeira, e naquele dia, pediu comida por um restaurante de entrega.
Alguns meses haviam se passado, desde que chegara quando Hyun recordou-se de telefonar a ele.
— Hyun-ssi!
!! – ela o chamou como sempre fazia de modo arrastado e irritante — Como você está, ?
— Estou bem. E você, Hyun, já se cansou da França?
— Impossível me cansar de Paris. Você já está em Seoul, ?
— Sim, há três meses.
Aigoo! Eu pedi que me avisasse de sua mudança!
— Você não poderia estar aqui para carregar todo o peso, e organizar a minha casa, então para que falar?
— Eu queria te mandar um presente de boa sorte, babo!
— A ajumma fez isso por você.
— A ajumma ? – ela assustou-se com a notícia: — Claro… Ela e sua mãe ainda são melhores amigas, não é?
— Eu fico feliz por isso, de verdade. Sinto-me tranquilo sabendo que os estarão por perto deles.
— Claro… Eles sempre estão por perto… – ela falou com uma subliminaridade que não percebeu — Ei, ! Em que cidade você está?
Itaewon. E espero que venha me visitar logo!
Ita-ewon… – ela sussurrou pensativa.
— Onde está seu Namchin*? Ele anda se comportando bem com você?
! – ela disse envergonhada, o repreendendo — Ele sempre me cuida! Estou indo encontrá-lo agora.
— Tudo bem! Confio em você, Hyun. Eu vou entrar na empresa agora. Preciso ir. Sinto saudades, Hyun!
— Também sinto, !

*Namchin: noivo/namorado.

Eles despediram-se e chegou ao mesmo tempo em que seu amigo. O único que havia feito ali desde que chegara. Eles trocaram palavras e aceitou seu convite para conhecer um bar após o expediente daquela semana.
Quando terminou seu trabalho, desligou o computador do escritório e foi em direção ao estacionamento. Seu amigo já o aguardava. Eles entraram em seus respectivos carros.
estava animado para uma saída tranquila, após meses de adaptação e trabalho. Afrouxou a gravata, um pouco e ligou seu aparelho de som. Cantava e dirigia tranquilo, seguindo o carro à sua frente.
Quando chegaram, o lugar era confortável, e sofisticado. A meia-luz nas mesas denunciava o ar clássico e romântico do lugar. A senhora anfitriã os recebeu na porta, e cumprimentou como se conhecesse o amigo de .
— Você vem muito aqui? – perguntou.
— Não muito. Só quando quero um pouco mais de tranquilidade. É um lugar para beber sem preocupar se alguém vá incomodá-lo.
— É mesmo aconchegante.
— Uma amiga me apresentou este lugar anos atrás.
Eles sentaram-se no balcão e pediram suas bebidas. Conversavam aliviados, e notou que o amigo fazia daquele momento um verdadeiro ritual de “relaxamento”. Sorriu seu sorriso discreto de sempre.
— A julgar por você estar aqui… Posso ter certeza que foi um péssimo dia de trabalho, não é Joong-Ki?
Aquela voz trazia uma sensação estranha. olhou discretamente para a mão feminina ao ombro de Joong-Ki e aquela cena também lhe trouxera uma sensação estranha. Concentrou-se em sua dose de soju, enquanto percebia o amigo girar o corpo para a mulher.
— Você me conhece tão bem. – ele sorriu beijando a mão da moça.
Seria a namorada dele? Mas, que reação estranha notou em seu corpo. Sentiu-se tão atraído pela voz, pelo cheiro e pela pouca imagem que tivera. Quando percebeu Joong-Ki o observando estranho, fez uma expressão como se despertasse de seus pensamentos. Ele ajeitou sua postura e virou-se para o amigo.
— Esta é , minha…
A partir daquele momento, não ouviu mais nada. O nome da mulher pronunciado na voz de Joong-Ki soara como um estrondo. E pior ainda foi vê-la ali, tão linda, e tão perfeita como sempre. Os dois encaravam-se estranhos, e sorriu levemente:
— Como vai, ?
— Ahn… Vocês se conhecem? – Joong-Ki perguntou confuso.
Ela olhou para Joong-Ki como se dissesse algo, e então ele se lembrou da conversa que tiveram há algum tempo, sobre a pessoa de seu passado. Era ele? ? Joong-Ki que havia começado a relaxar, bufou por ver seus músculos voltarem todos a tencionar com aquela situação. E que diabos a mão de ainda fazia em seu ombro? Ele não acreditava que estava no meio daquilo: sua melhor amiga e seu novo amigo, eram ex-namorados um do outro.
— Estou bem, . E você?
— Surpresa em vê-lo. Mas, bem.
— É, é uma surpresa. Mas… “O rio sempre encontra o seu curso”, não é?
não acreditava no que estava ouvindo. Imediatamente a lembrança daquela frase dita anos atrás, numa despedida triste e amena de primavera tomou sua mente. Ela sentiu um bolo em sua garganta, mas, fez o que melhor fazia: fingiu. Sorriu para ele, de maneira simpática.
— É verdade. Joong-Ki! Por que não me contou que havia conhecido ?
— Ele é novo na empresa, nos conhecemos há pouco tempo. – fingindo confusão Joong-Ki perguntou: — E vocês se conhecem de onde?
— Fomos amigos na adolescência. – respondeu, sempre absurdamente discreto, com aquele sorriso quase imperceptível e bebeu outra dose de seu soju.
— Fomos namorados. – fez questão de falar para Joong-Ki.
Joong-Ki também virou sua dose de soju. Estava nervoso. “Droga, ! Que espécie de destino é este teu, que sempre me coloca em situações delicadas?”, era a pergunta na mente de Joong-Ki e que ele não poderia esquecer-se de fazê-la depois.
— Eu vou deixá-los. Joong-Ki, não beba demais porque não está acostumado com a sua chatice, e ele não faz o tipo muito falante.
— Como sabe? Nunca bebemos juntos. – respondeu.
— Pela sua personalidade habitual, mas, se quiser, podemos beber juntos algum dia e descobrir versões de nós mesmos que não conhecemos.
e mantinham o olhar fixo um no outro. E Joong-Ki observava aos dois, com o peso de toda aquela atmosfera entre eles. Ela se distanciou de onde estavam, e foi sentar-se ao final do balcão. Pediu sua bebida e a senhora anfitriã pôs-se a conversar com ela.
absorvia junto à sua bebida, as palavras e intenções que poderiam existir sob aquele convite de . Poderia não ser nada demais, como poderia. Ele olhou Joong-Ki concentrado a tentar relaxar novamente, bebendo calmo seu soju e comendo seus petiscos. Ao notar o olhar avaliativo de , o outro não se conteve:
Aigoo… – reclamou — Está depositando tensão sobre mim… E eu só queria relaxar.
olhou para Joong-Ki e riu. Não era comum rir facilmente, mas, fosse o soju ou não, a situação de Joong-Ki era um tanto quanto engraçada. não o respondeu, manteve seu sorrisinho de escárnio e seu olhar estreito, o que deixou Joong-Ki ainda mais apreensivo:
— Não. Eu já vou deixar claro: não.
abaixou a cabeça sorrindo. E olhou em dúvida para Joong-Ki. Estava divertindo-se em oprimir o amigo daquela forma.
Mwo? Estou falando sério. Nunca tive nada com ela.
— Por quê? – a pergunta de o pegou de surpresa.
— Porque somos amigos…
— Entendo.
Aishh… Pronto! Vocês conseguiram me deixar mais tenso. Vamos, ! Vamos para outro bar! Não dá para ficar no mesmo ambiente que vocês dois.
Joong-Ki levantou-se irritado e pagou a bebida dos dois, saiu puxando pela mão. O olhar entre ele e se cruzou uma última vez. E assim que os dois saíram do local, sorriu pela reação de Joong-Ki. Mas, mantinha-se focada em não pensar muito naquele reencontro. Não queria passar a noite com a mente em , e teria de agradecer a Joong-Ki depois, por tê-lo tirado dali o quanto antes.

:::::: x ::::::


Haviam saído algumas vezes. Algumas com Joong-Ki. E apenas uma vez sozinhos. Sobre o pretexto de beberem juntos, como nunca haviam feito, e foram a um karaokê. Desde o dia que se reencontraram os dois passavam a se ver esporadicamente e apenas quando Joong-Ki estava junto. Ele e se tornavam amigos cada vez mais. E Hyun, que estava do outro lado do mundo, já sabendo que os amigos haviam se reencontrado aconselhou a ambos, que agissem como se não houvesse um passado. E assim, eles tentavam serem “amigos” dentro do possível.
— Por que Joong-Ki não veio?
— Ele se enrolou um pouco com a nova namorada. – respondeu recordando-se da mulher invadindo a sala de Ki aos berros.
Aigoo… Ela descobriu?
— Você sabia?
— Não tem nada que Joong-Ki e eu não saibamos um do outro.
Ela sorriu e refletiu. O que será que Joong-Ki sabia sobre ela? Será que era muito mais do que ele achava saber? Queria perguntar a ela o que aconteceu na faculdade, no ano que retornou a Anyang e a garota teve que desaparecer por tanto tempo.
— O que houve com você, ?
— Você me deixou. – ela sabia exatamente qual era a pergunta, mas, por efeito do álcool não iria ser comedida nas respostas.
— O que nosso passado teve a ver com aquilo?
— Você me deixou sozinha.
— Eu sou o culpado de algo que nem mesmo sei se é verdade?
Eles olhavam-se sérios.
— Minha mãe não contou à sua mãe? Elas são amigas ainda, não?
— São, mas minha mãe nunca seria indiscreta com a vida alheia.
— Você quer saber tudo? Agora, depois de tanto tempo?
— Quero.
virou o soju no copo dele e no dela e depois de beberem aquela dose em silêncio, e ele os servirem novamente, ela contou. Precisava mesmo contar de uma vez por todas o que aconteceu depois que se despediram.
— Eu fui para a faculdade, e tudo ocorria como o imaginado. A única exceção é que você não estava mais comigo. E então, Shao-Tian surgiu na porta da república onde eu morei, um dia. Ele estudava lá, mas, nós nunca havíamos nos falado. Nem naquela época e nem antes...
Ela enfatizou a fim de que confirmasse o que todos lhe diziam: ela nunca havia o traído.
— Ele chorava muito e eu fiquei preocupada. Pedi para que ele se acalmasse. Ele contou que se arrependia muito de ter sido a causa do nosso fim. E eu estava sozinha em casa aquele dia, embora fosse proibido receber rapazes, eu sabia que as meninas e a senhoria não se importariam por eu ajudar uma pessoa naquele estado. Eu sempre fui ingênua, não é? Eram você e Hyun que sempre me defendiam.
ouvia a tudo atentamente. Ele já havia escutado a história por Hyun. E era a mesma até agora. Diferente de tudo o que ouvira por outras pessoas da cidade.
— Ele entrou e ficou cada vez mais desesperado, e eu assustada. Se eu soubesse o que viria… Teria o deixado chorando mesmo que ainda fosse verdade tudo o que dizia.
— O que ele fez com você? – não podia aceitar que era verdade a história de Hyun, sentia-se com raiva: — Hyun… O que ela me disse era verdade?
— Sim. – confirmou sem nenhum tipo de emoção: — E você decidiu acreditar nos boatos.
A raiva que sentia não era de Shao-Tian somente, mas, de si. Detestava-se por nunca ter escutado o que tinha a dizer. Por nunca ter perdoado, por mais que seu coração pedisse, ou já tivesse perdoado.
— Eu não conseguia acreditar que vocês nunca tiveram nada um com o outro. – ele afirmou envergonhado.
— Mas nunca tivemos. Tanto que Shao-Tian abusou de mim, para conseguir o que queria. – ela falou dura.
— E depois, ? Eu me lembro de você chegar à casa dos seus pais, assustada e depois desapareceu.
— Eu estava grávida.
Os olhos de arregalaram-se com o susto e seu coração se apertou de uma maneira tão dura, e forte que as lágrimas que desceram em seguida não puderam ser controladas. Não era como se nunca tivesse visto chorar. Na verdade, com exceção do dia em que terminaram, ele sempre se sentiu confortável para expor todos os sentimentos com ela.
O que mais deixava intrigado naquele momento, nem era a revelação, mas, o olhar impávido, opaco, escuro de a recontar aqueles fatos tão pesados.
— Seria um escândalo para minha família. Eu tive que voltar para cá, mas, não pude mais morar com as antigas amigas de faculdade. E tive que alugar um quartinho. Foi difícil para meus pais, até meu quarto mês. Quando perdi o bebê e então retornei para a casa deles, doente. Ninguém soube que eu estava lá, mas, a notícia de que a filha dos engravidou e perdera o bebê correu pela cidade. Recuperei-me e retornei para a faculdade. Desde então comecei a trabalhar, aluguei um lugar por conta própria, e as despesas de meus pais comigo cessaram. Eu pude me bancar com meu próprio trabalho, e há quatro anos quando conheci Joong-Ki, ele me ajudou a alugar um lugar melhor do que eu morava. Somos amigos, desde então.
… – não sabia o que dizer.
— Eu não quero que você diga nada, . Não sou eu quem vai apontar dedos a você, e culpá-lo. Eu só te culpo por nunca ter ouvido de mim o que aconteceu. Fora isso… Não me interessa mais, o que está feito, está feito.
Depois de um silêncio perturbador, observou silenciosa bebendo e ele decidiu falar o que nunca dissera:
— Eu te perdoei no minuto que lhe dei às costas. Eu sabia que era absurdo demais que você tivesse me traído com Shao-Tian, mas, eu não consegui enfrentar a realidade e correr o risco de estar certo. Eu achei que deixar nossas vidas acontecerem e te procurar depois fosse o melhor. Quando eu decidi te procurar, você voltou para a cidade, e as pessoas começaram a falar sobre o seu envolvimento com Shao-Tian na faculdade… Eu deveria ter ido até você, mas fui covarde. Eu agi tarde demais, quando fui à casa de seus pais procurá-la, eles contaram que você havia ido embora e não voltaria. Eu só poderia vir atrás de você. Mas, não vim. Lembrei-me do que eu havia dito no dia que nos falamos pela última vez: “O rio sempre encontra o seu curso”. E confiando naquilo, eu decidi deixar você livre de mim, das minhas fraquezas e… Seria hipócrita se eu não dissesse: deixar-me livre da culpa também.
— Por que não acreditou em Hyun?
— Eu acreditei. E te perdoei. E chorei quando ela contou tudo. Mas, eu não quis mais acreditar naquilo, quando ouvi que você estava muito feliz aqui em Seoul. Quero dizer… Como eu poderia acreditar que você estava feliz? Eu achei que você estava com outra pessoa. E pedi a Hyun para nunca mais contar nada sobre você. E um dia, ouvi escondido uma conversa entre sua ommoni e a minha. Ela falou de Joong-Ki, o amigo de que estava a ajudando a superar tudo o que aconteceu com Shao-Tian… E eu passei por momentos de… Enfim, eu precisava estar bem para se algum dia te encontrasse. Concentrei-me em mim, na minha faculdade e...
achou polido parar de contar. Não era necessário que soubesse exatamente tudo o que aconteceu a ele. Apenas, que ela soubesse o quanto ele se arrependeu.
— Quando conheceu Joong-Ki você já sabia quem ele era, então?
— Eu desconfiava. Podia ser, ou não… O fato é que, nunca imaginei que enfrentaria meu passado de novo. E de uma maneira tão…
parou de falar. O olhar de sobre si, desafiando-o a falar estavam mexendo com sensações em seu corpo diferentes demais. Ele sabia que era o álcool. Mas, vê-la ali, aquela mulher... Um mulherão, desde as ações, até ao físico. Onde estava a sua frágil ? O que lhe fizeram? De repente, só queria tê-la em seu abraço para nunca mais soltar. Ele se levantou, jogou o dinheiro na mesa e não entendeu aquele gesto. Ela olhou para ele num misto de susto e reprovação. O que ele estava fazendo? O que ele queria dizer com aquilo?
colocou a carteira de volta ao seu bolso, e encarou a mulher confusa. Abriu a boca para falar algo, mas, quando os lábios vermelhos dela pronunciaram seu nome, para ele ou saía correndo dali sem falar mais nada, ou a tomava para si imediatamente.
Ele saiu, mas levantou-se antes que ele passasse ao seu lado e se colocou à sua frente segurando o braço dele.
— Que maneiras são essas? Vai me deixar aqui, como se tivesse acabado algo de qualquer jeito? – ela perguntou.
Foi a gota d’água para . Ele puxou a mulher contra seu corpo e abraçou apertadamente. não entendia nada, mas, correspondeu. Sentir o corpo de novamente ao seu, era extremamente confortante, e ela sentia-se quente. Há seis anos não sabia o que era se sentir quente daquele jeito. Seu coração frio, parecia desgelar à medida que o corpo de a apertava mais contra o seu. Ele beijou o topo da cabeça da mulher, e aquele gesto para ela era tão irreconhecível. Mas, o beijo cálido em sua testa, logo deu espaço para um beijo avassalador em sua boca. sentiu falta daquele gosto. Sentiu falta de cada toque de . E sentiu uma pontada em seu peito.
… – se afastou dela, separando aquele beijo cheio de desejo e saudade.
— Vamos embora… – ela pegou a mão dele o puxando para fora dali.
Precisava pertencer a ele, sem desculpas, sem justificativas, sem passado, sem segredos ou traumas. Ela precisava ser dele, ainda que fosse a última vez que fariam aquilo. Ele, que havia sido seu primeiro homem em segredo. Ele, que foi o único a tocar o corpo dela com total permissão e entrega. E se todos aqueles boatos fossem entre eles, e se aquela gravidez fosse dele, sabia que tudo em sua vida teria sido diferente. Mas, não adiantaria pensar em nada. E justamente por não adiantar, não queria pensar. Queria apenas sentir. Senti-lo. E fazê-lo senti-la.

:::::: x ::::::


e estavam juntos há dois meses. E estavam felizes. se estabilizava ainda mais na empresa, e passava os dias a pensar como faria com sua vida. Hyun aconselhava-a e Joong-Ki também. Ela estava a caminho de seu trabalho relembrando as palavras de seus melhores amigos. Ela sabia que seria seu último dia ali. Queria dedicar-se inteiramente a , e embora ainda não soubesse bem como, ela se esforçaria para mudar tudo.
Entrou no restaurante e encontrou o homem que a esperava. Ele a beijou e deu espaço para ela se sentar. Jantaram e em seguida, foram para o apartamento dele.
— Achei que nunca mais iria me procurar, já faz tanto tempo…
— Estive ocupado. – ele dizia levantando-se e vestindo as roupas após terem feito sexo, como habitualmente — Sentiu minha falta?
— De certa forma…
— De certa forma? O que houve? O cartão Platinum que lhe entreguei foi pouco para te satisfazer, ou foi difícil encontrar algum homem realmente bom de cama? – ele perguntou com escárnio puxando o rosto da mulher para si.
— Acabou hoje. – ela falou de uma só vez.
Encarava-o fria, como estava acostumado. O que ele não sabia, é que aquela frieza era maior do que qualquer outra que a mulher tinha demonstrado todo aquele tempo.
— Como é? – se afastou dela, contrariado.
— Estou saindo deste negócio.
— Não pode. Onde vou encontrar alguém que saiba lidar com a minha rotina? Foram anos investindo em você.
— Te devolvo tudo se prefere. E eu tenho certeza que a senhora lhe encontrará outra, ainda mais nova do que eu…
— Não com a tua experiência… O que houve, ? Por acaso encontrou alguém que paga mais do que eu?
— Encontrei alguém que me ama. – ela disse dura.
Nunca aquela conversa cheia de verdades e interesses havia mexido tanto com ela. A mulher estava acostumada a levar aquela conversa com tanta naturalidade e estupidez quanto os homens com quem se deitava. Mas, algo mudou, e sentia-se com tanto nojo dele, e do que fazia que só queria acabar logo com a discussão. Ela já estava de pé, e vestida.
— E se eu disser que te amo? – ele perguntou analisando-a.
— Não vai adiantar, porque eu amo este homem também. E depois… – ela pegou sua bolsa se direcionando à saída: — Não é dizendo que me ama da boca para fora que me faria ficar, eu sou fria demais para isso… Adeus, senhor Hoon. E obrigada, eu devolverei tudo o que me deu.
Ela disse e saiu, deixando o homem visivelmente descontente, sozinho encarando-a sair. Na rua, frente ao condomínio, ela olhou para trás e suspirou aliviada. Abriu os braços para o sol e sussurrou sorrindo: “livre!”.
Caminhou alguns passos de olhos fechados e ao abri-los viu o carro de parado à sua frente. Ficou pálida no mesmo instante. Não poderia ser ele. O vidro do carona descendo e revelando o motorista já reconhecido por ela, fizeram-na ter vontade de chorar. Ela correu até o carro, e ele não disse nada. Esperou ela entrar e deu partida.
.
— Conversaremos em casa. – ele disse para ela.
sentiu pela segunda vez, as lágrimas caírem queimando seu rosto. Exatamente igual ao dia que ele a flagrou no vestiário. Era tão inútil assim, que destruía todas as suas chances de amar?
Quando entrou na casa de , ele sentou-se no sofá encarando o chão. E ela de pé, sem saber o que fazer, sentou-se ao lado dele.

Você não me disse nada
커져만 가는 게
Mas você cresceu

아무래도 이대론 안 되겠어
Não consigo evitar
어쩌다 내가 이렇게
Como é que eu
네게 빠진 건지
Me apaixonei por você

이유를 나도 모르겠어

— Eu sempre quis saber o que aconteceu com você desde que você foi embora. E eu soube, naquele dia em que você decidiu me contar. Mas, mesmo com toda a dureza daquela verdade, o que mais me intrigava era o seu olhar. Você havia perdido algo nele. Algo especial, e falava com tanta naturalidade das coisas horríveis pelas quais passou… Eu já havia te perdoado antes de você me contar tudo, … Porque inexplicavelmente, eu te amo de um jeito que não evitei e nem conseguiria. Um amor que só sabe perdoar, ainda que eu seja o maior prejudicado… O que aconteceu com você, que você não me contou ainda, ? Por que me deixar viver de novo esse fantasma da traição?

넌 왜 내게서 맴돌아
Por que você está sempre perto de mim?
뭘 해도 신경도 쓰이고
O que você faz me incomoda
뭘 해도 궁금해지고
E estou curioso, o que você está fazendo?


… Eu não… Eu precisei de um tempo para abandonar estes maus hábitos. Por favor, me escute.
— Estou escutando, – ele disse duramente: — Escuto, e quero a história inteira, desde o começo.
— Eu comecei a me prostituir pouco tempo depois que retornei… A senhora daquele lugar onde Joong-Ki te levou, onde nos reencontramos... Ela alicia moças e a vida dentro disto é muito fácil. Eu não precisava fazer tanto esforço e ganharia muito. Tudo o que construí aqui, foi com isso. Eu namorava este homem, todos estes anos eu fui a namorada de aluguel dele. Não é como dormir toda noite com um diferente. Tem… Os fixos… E, eu estava confortável com isso até você voltar, até o dia que ficamos juntos de novo… E estive buscando maneiras de te contar, e de me livrar disso, mas eu não sabia como…

넌 왜 내게서 맴돌아
Por que você está sempre perto de mim?
oh 어떡해 나
Oh, o que devo fazer?
자꾸만 생각이나
Eu não posso ajudar, mas penso em você...
말해! 뭐해? 말해! 뭐해?
Diga, o que você está fazendo, o que você está fazendo?

이러다가 바보처럼
Não me deixe desviar o olhar
한 눈 팔게 하지 말고
De você como um tolo
말해볼래 말해볼래
Diga-me, por favor, diga-me, por favor,

나의 맘에 담긴 사람
Aquela que vive em meu coração

You are my only one…
Você é minha única…


… Você ainda não entendeu? Eu te amo. E você é a única para mim. Independentemente do que aconteceu com você, eu só queria ajudar você, cuidar de você. Eu não queria apontar, ou julgar porque eu mesmo não fiz nada para evitar isso. Mas, desde que estamos juntos, por que não me contou? Como eu posso te ajudar agora?
— Eu tive medo de contar e você me desprezar. Decidi acabar por mim mesma, procurar um trabalho de verdade.
— Você nunca trabalhou em revista nenhuma, não é? O que houve com a sua faculdade, ? Você desistiu? E seus pais, eles sabem disso?
A mulher manteve silêncio enquanto as lágrimas caiam.
— Não, não é? Como saberiam e aceitariam algo…
— Você vai me deixar agora, não vai? – ela chorava baixinho, assustada e com medo.

너무나 사랑을 해도
Eu não conseguia entender

눈물 난다는 게
Quando as pessoas diziam que você ama

그런 말이 나 이해가 되지 않아
Mas quando eu te vi...

— Eu estava no restaurante. Cheguei com alguns executivos do trabalho. E eles disseram: “Chegou o dono das indústrias que devemos captar e sua namorada. Ela o ama para que a esposa o venere”. Eu não entendia o que eles diziam. E então eu vi você sentar-se com ele, e jantar. Naquela mesa afastada eu não conseguia acreditar que era a minha mulher com ele. E mesmo confuso com as informações, eu só conseguia pensar em quão linda você estava. Ouvi piadas, ouvi os homens dizendo o quão sortudo era aquele ao seu lado. E na verdade, o sortudo era eu. Mas, será que era? Será que você me amava como diz? Porque aquela cena só me mostrava que não. E então eu aguardei vocês irem embora, e os segui. Passei a noite, estacionado ali em frente, e acordado. Torcendo para sair dali outra que não fosse você. Provando que eu tinha na verdade, confundido tudo. Me diz : você acha que eu estou disposto a te deixar para outro após ter esperado para ouvir você aqui?
Ela chorava silenciosa, e o olhou surpresa ao ouvir sua pergunta.
O rio sempre encontra o seu curso. É este o curso que estou tentando entender, . Você é ou não o meu curso? Eu preciso saber, porque se for, eu farei o que puder e não puder, para sempre encontrá-la.

두 눈 가득 고인
Meus olhos se emocionaram

눈물이 사랑인 것 같아
Eu acho que isso é amor
넌 왜 내게서 맴돌아
Por que você está sempre perto de mim?

뭘 해도 신경도 쓰이고
O que você faz me incomoda

뭘 해도 궁금해지고
E estou curioso, o que você está fazendo

난 너 하나만 생각해
Eu penso somente em você

이렇게 난
Só assim

자꾸만 입 맞추고
Beijo você

(...)
이러다가 바보처럼
Não me deixe desviar o olhar

한눈팔게 하지 말고
De você como um tolo

말해볼래 말해볼래
Diga-me, por favor, diga-me, por favor,

나의 맘에 담긴 사람
Aquela que vive em meu coração

You are my only one…
Você é minha única…

(...)

사랑일까 사랑일 거야
Eu acho que é amor

너의 너의 남자 되고 싶어
Eu quero ser seu namorado.


— Eu te amo, . Mas será que mereço esse amor?
— Depois de tudo o que nós passamos, como não merecemos?
— Eu não quero te fazer sofrer, ... – ela dizia descrente, sem encará-lo.
— Então não faça. – ele beijou com suavidade os lábios dela: — Seja minha.
— Eu já sou!
sussurrou de olhos fechados sentindo o rosto do único homem que amou, colado ao seu rosto, num carinho desesperado.
— Não… Não é ainda… Você aceita ser minha, ? E deixar o passado para sempre?
brincava com os lábios pela pele do rosto dela, depositando beijos quentes, mas muito delicados por seu rosto, onde percorreram as lágrimas dela, e finalmente em seus lábios.
Saran’ah*… Eu só quero ser sua.

*Saran’ah: meu amor.

— Então… Se case comigo... – ele disse firme encarando-a, e ao ver os olhos dela se abrindo assustados, ele repetiu a pergunta: — Casa comigo, Saran’ah?
iniciou um choro de felicidade. E lembrou-se do dia em que os dois foram ao templo, e um monge lhes disse: “Seus destinos estão laçados nas linhas que amarrarem neste sino, e elas nunca se partirão”. Os dois sorriram para o velho e amarraram no sino, aquele cordão. As famílias de ambos se olhavam satisfeitas. Aquela união, ainda que não fosse aprovada pelo destino, era aprovada pelas famílias.
Um amor destes que, quando surgem, todos aguardam o momento em que seus protagonistas ficarão juntos para sempre. sorrindo abertamente beijou seu amado com extremo sentimento. E ela aceitou.





FIM



Nota da autora: Oii leitorxs!!! Nossa, eu preciso dizer que estou muito ansiosa para saber o que vocês acharam desta história, de verdade. Então, por favor, comentem. É rapidinho e isso ajuda às autoras a continuarem escrevendo – cada vez melhor – para vocês! Este é o começo da história de amor deste casal! A continuação dessa história está na música 05 deste ficstape!
E gente, eu simplesmente amo este dorama. Sério, foi o primeiro que assisti então podemos dizer que foi o meu debut neste universo de dramas, e desejos de arrancar meu coração do peito. (Pesado, pesado). Mas, é isso: se eu pudesse escreveria a OST todinha deste dorama, mas estou feliz demais de poder participar, ao lado de outras autoras incríveis e trazer a vocês esta história!
Apreciem! Com afeto, Ray.





Outras Fanfics:
Finalizadas, Music Videos e Shortfics:

A Garota da Jaqueta
All I Wanna Do
Conversas de Varanda
Deixe-me Ir
F.R.I.E.N.D.S
MV: Drive
MV: Me Like Yuh
MV: You Know
O Modo Mais Insano de Amar É Saber Esperar
Semiapagados

Andamento:

Entre Lobos e Homens
Intro: Singularity
No Coração da Fazenda
Pretend
Western Love

Ficstapes:

Nick Jonas: 07. Take Over
BTS: 07. House Of Cards
Taemin: 07. Love
Camp Rock 2: 07. Tear It Down
Descendants of The Sun: 05. Once Again

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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