07. Best Years

Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

PRESENTE

estava particularmente nervoso naquela noite. E o seu nervosismo nem ao menos estava relacionado à multidão de fãs que os aguardavam na arena, muito menos a presença da sua irmã – a qual finalmente tirara um pouco do seu tempo para assistir a sua banda ao retornarem à Londres. estava nervoso por conta dela.
Só por pensar que finalmente se encontrariam depois de meses, seus joelhos fraquejavam e ele sequer conseguia manter a atenção nas brincadeiras de e . Era óbvio que os seus parceiros de banda (e vida), perceberam o quão aéreo ele estava. Normalmente, seria um dos primeiros a escolher uma música animada para ouvirem antes do show, ou até preparar um drink, mas naquele momento, ele se encontrava sentado na poltrona mais afastada da bagunça da sala, sua mente imersa em pensamentos.
E se ela o ignorasse?
Não, ela é muito educada para isso, pensou. Porém, pensar que ela o cumprimentaria por educação o machucou mais do que a ideia de ser ignorado. Ele não queria que a história dos dois fosse reduzida a um mero cumprimento, um 'oi' dito às pressas, automático. Se ela estivesse com raiva, que demonstrasse. Se ela ainda o amasse, e estivesse disposta a perdoá-lo e tentar mais uma vez, que demonstrasse.
Com um suspiro, ele deixou que sua cabeça repousasse em suas mãos, fechando os olhos por um momento. Ele sentia falta de passar o tempo com ela, de ouvir suas histórias, seus sonhos… Droga, ele sentia falta de tudo.
— Hey, . - Ouviu o chamar. Devagar, ele ergueu a cabeça e o olhar para o amigo. — Vai dar tudo certo. Não tem porque se preocupar.
sorriu para ele e tentou fazer o mesmo, porém, em vão. Não tinha certeza se poderia confiar nas palavras de . Se ele ao menos soubesse o que havia acontecido entre eles, não estaria tão confiante assim. Ele tinha um plano, mas precisaria muito mais do que confiança para que desse certo.
Não foi apenas uma vez que errara, foram várias e inúmeras vezes.
Com um suspiro, apenas assentiu para o amigo e tentou concentrar-se para o show que faria em menos de 10 minutos. E como se fosse o destino copiasse seus pensamentos, um dos roadies entrou na sala e anunciou que eles tinham 5 minutos para entrar no palco. O grupo foi encaminhado para os corredores da casa de show, onde foram cumprimentados durante todo o trajeto até o palco. Várias pessoas da equipe os desejavam boa sorte e um bom show, fazendo com que o sorrisse para todos, pensando no quanto precisaria de boas energias naquela noite.
Ao se aproximarem do palco, foram distribuídos os instrumentos e o grupo ajustou o fone de retorno em seus ouvidos. Fizeram o seu habitual ritual antes de uma apresentação – reuniram as mãos e compartilharam palavras de incentivo –, e logo depois estão aguardando a contagem regressiva.
Cinco, quatro, três, dois, um.
Ao entrarem no palco, ouviram-se gritos e palmas. Ao ver a multidão de fãs à sua frente, não pode evitar de sorrir. Amava se apresentar e amava observar a reação de toda aquela gente ao trabalho árduo, e crescimento profissional da banda. Afinal, não eram mais os mesmos garotos de 2012. Haviam crescido, não apenas fisicamente, mas, também, como músicos.
Os acordes de Babylon logo encheram o local e todos foram à loucura. Enquanto tocava e cantava, corria os olhos pela multidão, mais precisamente no segundo piso da casa de shows, onde uma das varandas estava reservada para familiares e amigos. Conseguia enxergar sua irmã e os demais convidados, mas não conseguia encontrá-la.
Frustrado, continuou a apresentar-se e por instantes, esqueceu que ela não estava ali.
Foi durante a sexta música da setlist, que o lançou um olhar surpreso e apontou para o local reservado. seguiu o seu olhar e quando a viu, errou o acorde. Alguns fãs perceberam e gritaram em resposta. O deu um sorriso amarelo e engoliu em seco. Ela estava ali os assistindo, a meros metros de distância. Com os coração acelerado e as mãos suadas, foi quase impossível terminar a música. Errou a letra tantas vezes que acabou sendo motivo de piada ao final da mesma.
— Acho que o quebrou. - comentou, fazendo os fãs gritarem e rirem.
— Nah, eu estou bem. - Retrucou com um sorriso e, mais uma vez, a multidão gritou.
aproveitou a pausa para beber um pouco de água e olhar mais uma vez para ela. Com o cabelo um pouco mais curto, ele poderia afirmar que ela nunca esteve mais linda. Talvez fosse o tempo que não se viam, mas as memórias que ele guardava dela não faziam jus à mesma naquele momento. Novamente, sentiu-se nervoso. Em seu estômago, parecia que uma pedra de gelo havia se formado ao mesmo tempo em que se sentia enjoado.
Ela estava ali, portanto, ele deveria colocar o seu plano em ação. Lançou um olhar significativo para os seus companheiros de banda, e eles assentiram. foi em direção a um dos roadies e cochichou algo para ele. Segundos depois, a casa de shows estava em um completo breu.
As pessoas presentes não entenderam o que estava acontecendo. Durante o momento de confusão, trocou de instrumento e seus amigos deram espaço para que ele pudesse ficar no centro do palco, sozinho.
Nervoso, passou a faixa do violão pelo seu torso e dedilhou alguns acordes, confirmando se o mesmo estava afinado ou não. Por fim, ajustou algumas das cordas e as tocou em um ritmo acelerado, o que fez com que os fãs gritassem mais uma vez. Após confirmar para a equipe que estava pronto, um holofote se acendeu sobre ele e a plateia o ovacionou. sorriu, tentando focar em sua respiração e se acalmar. Porém, no momento em que o seu olhar cruzou com o dela, o nervosismo da situação o atingiu em cheio. Engolindo a seco, desviou o olhar e focou-se em seus fãs.
— Olá a todos. Meu nome é . Acho que vocês devem me conhecer, certo? - Começou de uma forma descontraída e todos gritaram um sonoro 'sim!' em resposta. - Ótimo, muito bom. Bem, estou aqui hoje, neste momento, porque eu gostaria de compartilhar algo novo com vocês, algo ainda inacabado e que apenas eu e os outros ali – apontou para os outros integrantes da banda que o observavam apreensivos e esperançosos do canto do palco. - ouvimos e tocamos.
Apenas pela perspectiva de que ouviriam algo inédito, foi o suficiente para que a plateia fosse a loucura. Porém, segundos depois de gritaria, levantou sua mão e pediu silêncio. Começou a dedilhar os acordes da música, porém, ainda não tinha acabado de introduzi-la.
— Eu escrevi essa música há algumas semanas. Essa música fala sobre tornar-se uma versão melhor de si, mais madura, e então perceber os seus erros e qual a melhor forma de aprender com eles. É sobre aprender a valorizar quem sempre esteve com você, o apoiando, cuidando, fazendo com que se sentisse amado. - Naquele momento, permitiu-se olhar mais uma vez para ela, sabendo que precisava ter certeza de que ela estava ouvindo enquanto proferia aquelas palavras. Quando a encontrou ao lado de sua irmã, pode perceber que estava paralisada. Ela sabia que a música era para ela. — É sobre perceber que as vezes parece ser tarde demais, mas que ainda vale a pena tentar novamente. Por fim, é sobre pensar sobre o futuro, com a esperança de que a pessoa certa estará com você.
Deu fim à introdução e a multidão gritou em apoio. Percebeu algumas pessoas chorando, mas acabou que não deu muita atenção. Ao tocar os primeiros acordes, ela era tudo o que conseguia ver. No momento em que começou a cantar, foi como um filme se passando em sua cabeça, fazendo com que ele retornasse a cada momento em que havia falhado com ela.

26 DE AGOSTO, 2018

You've got a million reasons to hesitate (Você tem um milhão de razões para hesitar)
But darling the future's better than yesterday (Mas querida, o futuro é melhor do que ontem)

não sabia como aguentaria o resto daquela semana. Tudo bem, já era quinta-feira, mas ela não via a hora que o final de semana chegasse. Estava na reta final da faculdade e tudo o que queria, após a preparação para as avaliações finais, era descanso.
Ela lia mais um capítulo de um livro de comunicação, o qual usaria para a defesa de sua tese, quando o seu celular começou a tocar. Com um suspiro, pegou o aparelho e viu o nome de no identificador de chamadas. Sem conter um pequeno sorriso, atendeu rapidamente.
— Hey! - O cumprimentou informalmente. Sempre que conversavam, ela tinha que se lembrar de ficar calma, e conter as ações involuntárias que a deixavam envergonhada na presença dele. Nem mesmo parecia que se conheciam por quase dois anos.
— Hey, . me convidou para passar a tarde na casa dele. Quer ir comigo? - Perguntou despretensiosamente.
Por um instante, seu coração errou a batida e sua respiração acelerou. Já havia saído com antes, mas aquele convite pareceu diferente dos anteriores.
— Bem, eu estou terminando de ler o capítulo de um livro para a minha tese. - Respondeu após uns segundos pensando. resmungou algo que não entendeu e falou:
— Parece bem chato. Chego aí em 20 minutos. Esteja pronta. - Sua voz era extremamente fofa e cordial, e antes mesmo que pudesse responder, ele encerrou a ligação.
Nervosa, levantou-se às pressas da cadeira de sua escrivaninha e tratou de se arrumar. Antes que pudesse terminar de passar o delineador, escutou o barulho da sua campainha e soube que era ele. Respirou fundo e terminou o traço, guardando o tubinho dentro de sua necessaire novamente. Colocou um pouco de perfume e pegou a bolsa com alguns de seus pertences – basicamente sua carteira, celular e o kindle com alguns dos livros que estava estudando. Apressou-se em direção a porta do seu apartamento e a abriu assim que ouviu a campainha tocar novamente.
— Finalmente. - Ele disse abrindo o sorriso que ela tanto amava.
Por um momento, sentiu suas pernas fraquejarem, mas tentou disfarçar o máximo que pode.
— Vamos? - Disse para ele, tentando soar confiante. assentiu e juntos saíram do seu prédio, pegando um Uber logo na entrada. A viagem até a casa de fora tranquila e animada. Não pararam de falar por nenhum segundo. Quando o carro parou em frente a casa, os dois saíram juntos e caminharam lado a lado até a entrada.
sentia-se extremamente consciente da presença de ao seu lado. A mera proximidade dos dois era suficiente para que o seu corpo ficasse quente, e a sua concentração em tarefas simples, como andar, fosse prejudicada. Sempre que se falavam ou se encontravam, perguntava-se se também se sentia como ela – como se a presença do outro fosse algo extremamente desconcertante. Porém, assim que colocaram os pés na casa de , ela chegara à conclusão de que a via apenas como uma amiga e nada além disso.
Quando percebeu que havia o convidado para uma festa, e não apenas uma reunião de amigos, como soou nas palavras de , sentiu que havia perdido a companhia do . De início, haviam ficado juntos conversando com e sua namorada; participaram de competições, como um time; além de terem comandado a playlist da festa por um tempo. Porém, a medida que o sol foi baixando e mais pessoas foram chegando, a deixou de lado aos poucos.
entendia que não fora proposital, ou era isso que ela tentava se convencer, afinal, ele conhecia várias pessoas no local, ao contrário dela. Portanto, observava a conversa que ele partilhava com os convidados do melhor amigo, sem ao menos participar.
O que antes fora divertido, não estava sendo mais.
Tentou chamar a atenção de por diversas vezes, onde o mesmo pediu para que aguardasse um instante. tentou não se sentir mal com o que havia acontecido, mas foi inevitável. Ser ignorada daquela forma fora algo inédito para ela.
Um tanto chateada, afastou-se do grupo e puxou o celular do seu bolso, pedindo um Uber logo em seguida. estava se divertindo, ocupado demais para notar algo além de seu grupo de amigos.
não queria atrapalhar.
Foi quando ela estava entrando no carro, que apareceu um tanto desesperado na entrada da casa de . estava prestes a abrir a porta do veículo, quando ele a alcançou.
! - Exclamou, fazendo com que ela virasse o corpo para o olhar. Ele respirava rapidamente, como se tivesse corrido todo o caminho até ela. — O que aconteceu? Porque está indo embora?
pensou em dizer a verdade, mas sabia que o motivo não era um dos melhores – nem mesmo o mais maduro deles.
— Preciso voltar a estudar. - Disse por fim, esperando que ele se desculpasse por convidá-la para uma festa e deixá-la de lado; ou ao menos pedir para que o esperasse para que fossem embora juntos (já que haviam chegado juntos na festa). Porém, nada disso aconteceu.
— Sério? Ok, então. Me liga quando chegar? - pediu calmamente.
A garota tentou disfarçar a tamanha decepção que sentiu com aquelas palavras, mas no momento em que percebeu a feição confusa de , soube que falhara. Acabou por assentir e entrou no carro logo em seguida.
observou o carro se afastar e, assim que o mesmo virou a esquina, ele retornou à festa, sendo abordado por .
— Onde está a ? Eu queria mostrar para ela as fotos e os vídeos da última turnê. Ela me contou que quer seguir a profissão no ramo musical e que, também, está fazendo um curso de fotografia. Achei que ela iria se interessar. - Comentou para , que ainda estava confuso pelo último acontecimento. No fundo, ele sabia que esperava que ele a levasse em casa, mas recusava-se a admitir que havia errado.
— Ela foi embora. - Disse após uns segundos.
o olhou confuso e fez a maldita pergunta, a qual espelhava-se com seus próprios pensamentos:
— E porque não foi com ela? Quero dizer, vocês vieram juntos, certo?


31 DE OUTUBRO, 2018

I wasted so much time on people that reminded me of you (Perdi tanto tempo com pessoas que me lembravam você)
Gave you a million reasons to walk away (Te dei um milhão de razões para se afastar)

Era Halloween.
Como já estavam morando em Los Angeles há um tempo, e o restante da banda já estavam acostumados com o entusiasmo Americano com a data. E como todo Halloween, festas estavam acontecendo por todos os lugares. Naquele ano, Halsey (ou Ashley, como a chamavam), havia os convidado para a sua e , por sua vez, havia convidado para acompanhá-lo. Ele estava hesitante no momento do convite, principalmente por se lembrar do que havia acontecido na última festa que haviam ido juntos - a de . Porém, assim que a garota aceitou, ele relaxou e pensou que ela não havia ficado tão chateada com ele.
A festa estava no ápice quando chegaram. Ele estava vestido com roupas comuns, mas ensanguentadas, enquanto estava fantasiada com um uniforme completo da Lufa-lufa. Dessa vez, passaram toda a festa juntos, e se certificou que estava se divertindo, sempre a incluindo na conversa com seus amigos. De certa forma, aprendera com o seu último erro e faria de tudo para não repeti-lo.
aproveitou que estava por perto e finalmente mostrou o material da turnê da banda para ela. não conseguia acreditar como o amigo conseguia falar de trabalho no meio de uma festa. Porém, e estavam tão entretidos que ele nem mesmo ligou.
— Quando você se formar, posso ver se conseguimos algum cargo para você trabalhar com a gente. O que você acha? - sugeriu e ficou momentaneamente sem palavras. sorriu e continuou a observar.
— Isso é sério, ? - Perguntou, sem conseguir acreditar na proposta do .
— Muito sério. me disse que você vai se formar em poucos meses. Ele também me mostrou alguns dos seus projetos e eu acho que você pode fazer bastante coisa legal com a nossa equipe. - O explicou e abriu um grande sorriso, trocando olhares com .
O sorriso de era tão genuíno e leve, que despertou algo no interior de , acompanhado de estranheza – porque estava se sentindo tão nervoso de repente? Porque parecia que ele estava prestes a pular de uma grande altura?
O engoliu a seco e bebeu um pouco do líquido presente em seu copo, passando a reparar coisas que ele nunca notara antes. Os olhos de sempre foram tão brilhantes? Seu cabelo sempre tivera aquele tom? Ela sempre tivera uma pintinha próxima à sua boca ou era parte de sua fantasia? Ela sempre fora tão bonita?
Ele estava extremamente distraído pela presença da amiga, que nem notara quando ela anunciou que ia ao banheiro. No instante que deu as costas para a dupla, virou-se para , confuso.
— O que aconteceu? - Perguntou.
riu e balançou a cabeça.
— Ela foi ao banheiro, . E tenta babar menos, ok? Acho que ela percebeu. - comentou, dando dois tapinhas no ombro do amigo. O deixou sozinho logo em seguida, indo reunir-se ao restante do grupo, que conversava animadamente com a anfitriã da festa.
balançou a cabeça e bebeu o restante de sua bebida, logo chegando à conclusão de que precisava de mais. Não hesitou em ir ao bar, sabendo que ficaria bem enquanto estivesse ausente – já que seus amigos se encontravam próximos ao local de onde estava anteriormente.
Decidiu por ficar alguns minutos no bar, tentando colocar seus pensamentos em ordem. Não conseguia compreender porque estava pensando em – sua amiga por tanto tempo – daquela forma. Sim, ela estava incrível, além do fato de ser uma das pessoas mais inteligentes e interessantes que já conhecera. Porém, não parecia certo.
Com um suspiro, bebeu o drink que pedira em questão de segundos. Estava pronto para pedir o próximo quando uma mulher encostou-se ao seu lado no balcão.
— Uma dose de tequila, por favor. A não ser que tenha absinto, sabe como é, para combinar com a minha fantasia. - olhou para ela e percebeu que a mesma vestia um uniforme de Hogwarts com a cor verde da Sonserina. Sorriu para si e pensou em no mesmo instante, já que a mesma desfilava as vestes da Lufa-lufa pela festa.
A estranha percebeu o seu olhar risonho para a sua fantasia e estendeu a mão em sua direção.
— Nia. - Apresentou-se.
. - Disse apertando sua mão em seguida. A garota pareceu satisfeita e sorriu.
— Sozinho? - Perguntou. Quando balançou a cabeça, ela apertou os olhos. - E porque não está com os seus amigos?
— Queria uns minutos para pensar. - Respondeu dando de ombros. Segundos depois, o drink de Nia havia sido posto à sua frente. Ela fez uma careta ao perceber que era tequila, mas logo sorriu.
— Quer ajuda? Dizem que um shot de tequila resolve tudo. - Disse em um tom que quase o convenceu e logo virou o copinho, bebendo o líquido em uma só golada. Fez uma careta e logo voltou a sorrir, olhando para ele em seguida. – E aí? Vai querer?
pensou por alguns segundos e acabou assentindo. Com um sorriso travesso, Nia não pediu outra dose da bebida, como esperava. Quando deu por si, a mão da garota estava em seu pescoço, o puxando em direção a ela, e logo compartilhavam um beijo. Ele pôde sentir o gosto da bebida forte em sua boca, mas não se afastou. Na realidade, nem pensara muito sobre – apenas retribuíra.
Quando se afastaram, Nia sorriu e piscou para ele.
— Nada mal, . - E assim foi embora, girando a capa de sua fantasia graciosamente, sem nem ao menos olhar para trás.
pensou no beijo por algum tempo, perguntando-se qual foi a razão do mesmo. Porém, assim que percebeu que não estava chegando a lugar algum, pediu uma cerveja e voltou para onde estava com seus amigos. Chegando lá, percebeu que parecia um pouco pálida e logo ficou preocupado. Foi até ela e colocou a mão em seu ombro, atraindo sua atenção para si.
— Aconteceu alguma coisa? - Perguntou. A garota apenas balançou a cabeça e abriu um sorriso forçado.
— Só não estou me sentindo muito bem. - Deu de ombros.
— Se quiser ir embora, é só falar. Eu posso te deixar em casa. - Assegurou e assentiu, voltando sua atenção para e .
bebeu um pouco de sua cerveja e observou a festa até sentir que alguém o observava. Olhou ao seu redor até que viu que o observava fixamente. Quando seus olhares se encontraram, o amigo balançou a cabeça e aproximou-se dele.
Ela viu. - Disse. A música impedia que outras pessoas ouvissem o que falava, permitindo que apenas conseguisse o entender. Confuso, apenas continuou olhando para o amigo, esperando que ele explicasse. - Caramba, , o viu beijando a Sonserina.
Pelo tom óbvio de , percebeu que havia feito outra besteira. De repente, o comportamento de fazia sentido. Ela estava surpresa por tê-lo visto beijando outra pessoa. Porém, isso deveria significar que…
— Ela…
Gosta de você! - disse antes mesmo que pudesse completar a frase. - Como você pode ser tão lerdo? A garota está dando todos os sinais possíveis e você não enxerga.
permitiu-se olhar para . Percebeu como ela não parecia mais emanar a mesma energia de antes, como se algo a chateara profundamente. Sem nem que estivesse tentando, sabia que a razão fora ele.


PRESENTE

As memórias daqueles dois dias rondavam sua mente durante todo o primeiro verso. se culpava por ter sido tão egoísta e desatento para não perceber como se sentia em relação a ele. Culpava-se por, mesmo depois de ter descoberto que ela nutria sentimentos por ele, saiu com Nia durante semanas após a festa – a mesma garota que havia beijado na noite de Halloween. Como se não fosse suficiente, chegara a sugerir que os três passassem um tempo juntos, pois algo (absurdo e irracional) em sua mente, dizia que gostaria de conhecer Nia.
Ele era mesmo um idiota.
Quando tornou a prestar atenção ao seu redor, cantou o próximo verso com vontade. A melodia que produzia com o violão era doce e lenta, combinando perfeitamente com a letra da mesma.

But I'll build a house out of the mess and all the broken pieces (Mas eu construirei uma casa com toda a bagunça e os pedaços quebrados)
I'll make up for all of your tears (Eu te recompensarei por todas as suas lágrimas)

Permitiu-se olhar para ela novamente, percebendo que ela estava com os braços apoiados na grade de contenção. O olhar estava vidrado nele e seu rosto parecia molhado. Questionando-se sobre o que ela estaria pensando, seguiu para o refrão, olhando-a diretamente nos olhos:

I'll give you the best years (Eu te darei os melhores anos)
Past love burned out like a cigarette (Amores passados queimaram como um cigarro)
I promise darling, you won't regret (Te prometo, querida, você não vai se arrepender)
The best years (Os melhores anos)

prometera a si, que faria de tudo para que aquela chance realmente valesse a pena para ambos. Não queria que ela sofresse mais.
Respirou fundo e seguiu para o segundo verso. Aquele era o mais recente e o mais difícil de todos. havia acabado de se formar na faculdade e esperava conseguir uma vaga na pós-graduação de seu curso na UCLA. Como havia se formado com honra, acabou sendo convidada para uma festa formal da universidade, onde poderia conversar com as pessoas certas e causar uma boa impressão na equipe da pós e reitoria. Faziam apenas alguns meses que haviam oficializado o relacionamento, portanto, acabou o convidando para acompanhá-la na festa.
Ele lembrava-se de ter se sentido importante e feliz com o convite. Porém, o que acontecera no final da noite ainda deixava um gosto amargo em sua boca toda vez que pensava sobre.


12 DE SETEMBRO, 2019

I wanna hold your hair when you drink too much (Quero segurar seu cabelo quando você beber muito)
And carry you home when you cannot stand up (Te carregar até em casa quando você não conseguir ficar de pé)
You did all these things for me when I was half a man for you (Você fez todas essas coisas por mim, quando eu fui metade de um homem para você)
I wanna hold your hand while we're growing up (Quero segurar sua mão enquanto crescemos)

segurava a taça de champanhe com certo interesse. A festa era formal demais para o seu gosto, mas sabia o quão importante era para . A maneira que ela conversava sobre o seu futuro projeto com os professores, era a única coisa que o distraía do tédio que sentia, claro, além da bebida.
Não se lembrava quantas taças havia bebido, mas assim que a sua visão tornou a embaçar, soube que haviam sido muitas.
, por favor, não exagere na bebida. As pessoas estão começando a olhar. - pediu em um sussurro. Seus olhos estavam suplicavam a que parasse. O apenas assentiu e prometeu-se que pararia de beber pelo resto da noite. Porém, assim que o reitor se juntou à , o mesmo ofereceu mais bebida e não pôde recusar.
Quando deu por si, estava rindo escandalosamente de uma piada sem graça que o algum convidado havia contado. o fuzilava com o olhar, pedindo mais uma vez que parasse com a bebida.
Foi quando decidiu ir ao banheiro, que o desastre aconteceu. Sem que visse, acabou esbarrando em um dos garçons, fazendo com que o mesmo derrubasse a bandeja repleta de taças de champanhe. O estrondo de diversas taças caindo ao chão foi audível em todo o salão, o que atraiu olhares para o rapaz.
— Me desculpe. - Foi tudo o que conseguiu dizer, ainda chocado pelo que havia acontecido.
sentiu-se envergonhado por estar naquela situação, e logo foi puxado pelo braço, sendo afastado da bagunça de vidro e bebidas no chão. Ele não precisava olhar para saber que era .
— Acho melhor dar um tempo na bebida, rapaz. Quem sabe um banho gelado não o faria bem. - A voz do reitor pode ser ouvida de qualquer lugar do salão. sentiu o seu corpo entrar em estado de alerta. Aquela sugestão não parecia nada boa.
— Sim, já estamos de saída. Obrigada pela agradável noite, Sr. Waldorf. - agradeceu em um tom cordial.
— Eu que agradeço pela presença, senhorita Moore. - Retrucou o reitor e em seguida se retirou, orientando a equipe de limpeza no local.
continuou a puxar até a saída em um ritmo acelerado, o que dificultava que ele a seguisse.
— Hey, , calma aí. - Pediu com a voz um tanto embolada. A garota diminuiu o passo e acabou por se apoiar nela, caminhando juntos até onde o carro dele estava estacionado. havia bebido suco a noite inteira, portanto, estava apta a dirigir naquela noite. Assim que chegaram no veículo, ela puxou a chave do carro de sua pequena bolsa e destravou o mesmo. Abriu a porta do carona e se soltou de , deixando que ele mesmo entrasse no carro.
Depois de entrar no carro e sentar-se no banco do motorista, fechou a porta uma força mais do que necessária. Colocou a chave na ignição, mas não a girou, onde ficou em silêncio olhando o volante do carro.
? - a chamou, esperando que ela ligasse o carro e que os dois pudessem sair dali e ir para casa.
— Você tem noção do que fez hoje? - Perguntou em um tom baixo, quase inaudível.

— Eu trabalhei tanto no meu projeto, almejei tanto a vaga na pós, e talvez no final desse noite, eles nem vão se lembrar do que eu falei. Você conseguiu pôr em risco tudo o que eu lutei para conquistar, . - Ela disse, dessa vez, mais alto.
Cada palavra dita por era como uma facada. Ele nem cogitou dizer algo, já que sabia que ela estava certa.
— Você sabia o quão importante esse evento era, sabia que eu precisava causar uma boa impressão… Você nem ao menos tentou. Caramba, eu falei tanto para você parar. - Disse e deu um sorriso sem humor, balançando a cabeça em seguida.
— Foi um acidente. - Ele disse.
— Sim, foi um acidente que poderia ter sido evitado, se você tivesse me ouvido. - Retrucou e voltou a ficar em silêncio.
deixou que as palavras de afundassem em sua mente e observou a mesma ligar o carro e sair de ré da vaga do estacionamento. Durante todo o caminho até em casa, ele sentira uma sensação de desespero e arrependimento.
— Eu sinto muito, . - Sussurrou para ela, porém não obteve resposta.


PRESENTE

Assim que finalizou a música, a plateia aplaudiu e gritou. Quando as luzes se acenderam, ele agradeceu e olhou para onde estava, apenas para encontrar seu lugar vazio. Os seus companheiros de banda retornaram ao palco e lançaram olhares nervosos para ele – eles também não sabiam o que havia acontecido.
O restante do show passou como um borrão. Ele ainda estava nervoso pela sua apresentação solo, e o fato de que sumira do seu lugar, piorava ainda mais a sua situação.
Para onde ela tinha ido? Será que havia abandonado o show?
Após terem se despedido da multidão de fãs, retornaram ao backstage, onde seus amigos e família já estavam lá, os aguardando. falou com algumas pessoas antes de ir até a sua irmã e a abraçar com vontade – já que não a via há meses.
— Vocês foram incríveis. Estou muito orgulhosa de vocês. - Mali disse e sorriu para o irmão que, apesar de ter amado o elogio, tinha um sorriso triste repousando em seu rosto.
— Obrigado, Mali.
A irmã deu um sorriso desanimado ao vê-lo triste.
— Ela não foi embora.
Aquelas simples palavras foram o suficiente para que uma chama de esperança se acendesse em . Ergueu os olhos para a irmã e perguntou:
— Onde ela está?
— Assim que a música acabou, ela disse que precisava de um pouco de ar e foi até o corredor das arquibancadas. Ela ainda estava lá quando saímos. - Mali explicou e aquilo fora o suficiente para que saísse praticamente correndo da sala.
Seus passos os guiava quase aos tropeços até ela, tamanha a velocidade que ele se movia. Quando chegou ao corredor, a encontrou sentada no chão com as costas apoiadas na parede. aproximou-se dela com o coração acelerado. De certa forma sabia que não era por conta da corrida até o local, sabia que era por causa dela.
Odiava a forma que haviam deixado as coisas após aquela noite – dois meses atrás. acabou por pedir um tempo para reorganizar sua vida acadêmica e ele entendera. No início, conversaram pouco, mas frequentemente. Porém, após algumas semanas, perderam o contato. Aquilo causou uma grande angústia em : não saber como ela estava, ou o que estava fazendo, era tortura.
Cansado, sentou-se ao seu lado e permaneceu quieto, esperando que ela dissesse algo. No entanto, ele não aguentava mais o silêncio – estava cansado de esperar, precisava dizer algo.
— Eu sei que me pediu espaço, eu sei que eu errei, mas por favor, eu não aguento mais . Diga alguma coisa. - Implorou, sentindo um nó se formar em sua garganta.
ergueu o olhar para ele e sentiu sua respiração ficar presa em seus pulmões. Ela parecia um pouco abatida, mas em paz. Sorriu um pouco e acabou por colocar sua mão sob a dele, entrelaçando os dedos de ambos.
— Eu gostaria de pedir desculpas, . Não fui nem um pouco justa com você nos últimos meses. – disse e ele foi pego de surpresa. – Me desculpe por ter esperado que retribuisse um sentimento, que ainda não era real para você. Também quero pedir desculpas por te ignorar pelo que aconteceu no evento da UCLA. Eu queria tanto que aquela noite fosse perfeita, que...
, não faz isso. – a interrompeu antes que terminasse a frase. – Eu fui o culpado por aquela noite. Eu deveria ter me comportado melhor, isso nem deveria estar sendo discutido. Você teve total razão por ter se afastado, e eu não a culpo por isso.
sorriu levemente e apertou a mão de que, por sua vez, mimicou o sorriso da garota.
— É verdade sobre o que disse na música? – Ela perguntou com uma voz baixa, mas audível.
O sorriso de aumentou.
— Cada verso dela. – Confirmou e a encarou com expectativa.
A garota desviou o olhar da mão dos dois e o olhou nos olhos, recitando um dos versos da música que dedicara a ela.
— I wanna hold your hand while we're growing up. – Sua voz era melódica e tranquila. não resistiu e a beijou. Um beijo repleto de saudades, promessas e amor.
— I'll give you the best years, . Sempre. – Disse no momento em que se afastaram, onde compartilharam o primeiro de muitos sorrisos dos melhores anos de suas vidas.


Fim



Nota da autora: Sem nota.


Nota da scripter: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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