Capítulo Único
— Senhoras e senhores — a professora com o sotaque francês chamou a atenção de todos —, nós temos uma convidada permanente importante — ela disse, batendo palmas de forma animada. — Conheçam .
Os burburinhos começaram por todo o salão assim que a garota de fita amarela entrou na sala de prática, não era como se nenhum que estava ali não conhecesse a lenda que quase não ia às aulas de dança da Seaside University desde que havia entrado para o cast da Broadway. começou a ter aulas em casa aos dez, então nunca havia voltado para uma escola além de dias de avaliação em matérias comuns, nesses dias ela era obrigada a se juntar a um grupo de pessoas que nunca via diariamente na mesma escola todos os anos. Às vezes, se imaginava no meio de todas aquelas pessoas e fazendo amizades que na realidade não estivessem interessadas em tirá-la do seu posto número um dentro dos membros quase oficiais da maioria dos espetáculos que aconteciam. Por isso, assim que ela definitivamente estava livre do ensino médio, decidiu que faria um acordo com os pais.
— A senhorita ganhou uma bolsa de estudos e está se juntando a nós para nossos futuros trabalhos já que decidiu dar um tempo em suas apresentações — a francesa disse, fazendo com que todos entrassem em choque com a notícia, o que fez com que risse.
— Não se preocupem, será apenas por um ano, depois eu volto para as performances só não será full time como antes — ela tranquilizou a todos. — Esse ano, o número de apresentações foi reduzida por conta das reformas no teatro, então eu decidi finalmente fazer algo por mim e espero que vocês me ajudem nesse processo, tenho muito que aprender.
Alguns reviraram os olhos — como as três garotas na fileira da frente —, outros olhavam com os olhos brilhando em direção a garota, ela estava acostumada, arranjaria inimigos e amigos onde quer que fosse.
— Bom, sem moleza hoje — a professora disse, sorrindo —, sabemos que ela é uma estrela, mas, de qualquer forma, ela agora é uma de vocês em classe e em treino, cuidem bem dela.
— Sim, senhora! — todos responderam.
de longe ainda não estava acostumada com toda a hospitalidade que estava recebendo, já que, no final da aula, todos pareciam amigáveis com ela, dizendo que poderia contar com eles para o que fosse preciso e até mesmo se fosse para se atualizar em coreografias passadas da aula de dança ou interpretação.
— Oh, droga! — ela disse, olhando para o horário do celular —, vou me atrasar para a aula da tarde se não sair para o bloco B nesse exato momento, mas muito obrigada pela hospitalidade e por estarem dispostos a me ajudarem, nós nos vemos nas próximas aulas.
sorriu para os garotos a sua frente que pareciam simpáticos, mas um pouco suspeitos com seus sorrisos de canto. Sua melhor amiga — e única — , lhe ensinou que ela deveria tomar cuidado com garotos da universidade já que existiam os “ruins” e os “piores ainda”. Claro que ela sabia que a amiga estava exagerando e protegendo-a, mas, se fosse o contrário, quem diria isso a ela sobre a maioria dos garotos que faziam parte dos castings oficiais e substitutos que ela participava, seria ela mesma.
correu o mais rápido que pôde até o prédio do outro lado do campus, sem se importar se a olhavam estranho, estava acostumada aos olhares aleatórios, mas ainda assim, odiava mais que tudo receber olhares por chegar atrasada em um lugar. Por isso, assim que chegou e viu a porta da parte de cima da sala 708 — que passou praticamente dez minutos procurando — fechada, praticamente se sentiu na obrigação de ter um ataque cardíaco. Ela estava pronta para girar a fechadura, mas uma mão interrompeu seu processo. Ela olhou para ver quem era, e o garoto de cabelos pretos, que por coincidência usava uma enorme jaqueta com o nome do time da universidade — e que sim, antes de começar a estudar, ela pesquisou a respeito — a olhou, sorrindo de forma simpática, balançando a cabeça positivamente enquanto abria rapidamente a porta, puxando a atenção da sala para si.
observou a cena de longe, o professor não parecia incomodado com o atraso, e os alunos o cumprimentavam silenciosamente, ficou pensando no melhor momento para entrar, enquanto procurava o melhor lugar para se sentar, deixando seus olhos caírem no rapaz mais uma vez, agora já sentado com seu grupo de amigos, buscando seu caderno na mochila. Por alguma razão, seus olhares se encontraram no mesmo momento, fazendo-o percorrer os olhos na sala, buscando por um lugar disponível, vendo um algumas fileiras à sua frente. Sua atenção se voltou à garota e ele fez um pequeno “ok” com os dedos, mostrando com o indicador em seguida o lugar a ela.
Ela agradeceu a Deus por estar sendo a preferida dele naquele momento e prometeu internamente nunca mais se atrasar.
— Obrigado — ela disse sem emitir som assim que se sentou no lugar vago e se virou rapidamente ao garoto.
Ele apenas sorriu, fazendo com que ela se virasse para frente no mesmo momento, passando o resto de sua aula apenas prestando a atenção no que o professor dizia.
***
— Você conheceu ? — disse, quase cuspindo o lanche que comia no mesmo momento.
— Quem? — perguntou, folheando seu caderno.
— , ! — ela quase gritou, assustando com o entusiasmo. — Capitão do time de baseball da escola, playboy do tipo bom, gato e solteiro.
— Faltou só acrescentar “magnata”, se você continuasse com essa lista de qualidades, eu com certeza me apaixonaria — disse, brincando. — Não foi você que disse que, entre os garotos da universidade, existem apenas os “ruins” e os “piores ainda”?
— Mas o não se encaixa nessa categoria, eu esqueci de falar dele, então você pode tirar ele e os amigos dessa lista — ela disse, rindo —, eles são legais. Bom coração, inteligentes e verdadeiramente úteis nas organizações dos eventos da universidade.
— Interessante — falou, voltando a folhear seu caderno.
— Não finja que está desinteressada, o cara é o maior interesse de 99% dessa universidade — disse, abaixando o caderno da mão da amiga e apontando discretamente com a cabeça para a entrada da cafeteria onde entrava com os amigos. — Todos os gêneros incluídos, por sinal.
riu, observando o grupo de quatro entrar e se sentar algumas mesas à sua frente, fazendo com que ele ficasse de frente para ela.
A única coisa que a garota conseguia pensar era em como ele ficava bonito com a jaqueta preta do time, se arrependendo logo em seguida já que a amiga a encarava com um sorriso perverso nos lábios.
— Ora, parece que você se juntou ao grupo de 99% das pessoas desse lugar — ela disse, rindo. — Não julgo, eu apenas não tenho uma quedinha por ele porque eu já tenho com quem me preocupar.
arqueou a sobrancelha direita.
— Falando em problema — respirou fundo —, se você tirar uma com a minha cara depois disso, eu conto para sua mãe que você fugiu pela janela quando eu estava na oitava série para ir ao cinema escondido ver um filme de terror e por isso teve pesadelos por uma semana seguida, e não pelos doces que eu te dei.
— Hey, olha só, minhas garotas reunidas outra vez! — conhecia aquela voz, muito bem por sinal: mesmo que não a tenha escutado por um tempo, continuava irreconhecível.
— Só pode ser brincadeira — disse, rindo, olhando para trás de si, onde o quinto garoto do grupo estava parado com um grande sorriso. — ?
— Surpresa? — ele disse, levantando as mãos.
— Você não estava na Inglaterra? — ela perguntou, se levantando e abraçando o amigo que não via ou até mesmo falava há alguns anos, desde que teve que sair da escola para estudar em casa.
— E você não estava por aí sendo uma estrela do teatro? — ele respondeu com uma pergunta.
— Ele voltou há alguns meses — disse, voltando a comer enquanto revirava os olhos para o rapaz a sua frente —, mais insuportável do quando éramos crianças.
— E ela descobriu isso quando me beijou na festa de três semanas atrás — ele disse baixinho no ouvido de , que quase cuspiu o suco que tomava. — Calma, princesa — ele disse dando tapinhas nas costas da garota —, eu não posso ser responsável pelo seu mal-estar, você é uma estrela agora…
— O cara que você beijou naquela festa e chegou em casa toda estressada foi o ? — perguntou, quebrando em risos. — Agora eu entendi a reação.
— Ela me ama — ele disse, mandando um beijinho para , que quase se engasgou também.
— Eu vou aproveitar e contar para o do seu mais recente crush se você…
— Porque ele se importaria com um…
olhou para o amigo que prestava a atenção curiosamente no que elas falavam, notando que ele usava a mesma jaqueta que .
— Ok, entendido, nunca mais tocamos nesse assunto — respondeu, voltando a tomar seu suco.
— Fiquei sabendo que você conheceu hoje — disse, pegando uma batatinha do prato de .
tossiu.
— Quem? — ela se fez de desentendida.
— Aquele ali. — apontou para o garoto de cabelos pretos que conversava animadamente com outra garota que estava sentada na mesa deles.
— Aquele com a namorada? Ele me ajudou de manhã com a vergonha de chegar atrasada no primeiro dia de aula na sala, só isso — ela respondeu, voltando a tomar o suco em mãos.
riu.
— Você esqueceu que eu te conheço mesmo depois de anos longe? — Ele riu mais uma vez.
— Certo, , você já pode se juntar a seus amigos — disse, interrompendo-o.
— Espero que vocês almocem com a gente amanhã, agora eu preciso ir para a reunião do time, mas quem sabe nos vemos mais tarde. — Ele se levantou, deixando um beijo na bochecha de cada uma.
— A cria um grupo para conversarmos mais tarde e marcamos alguma coisa — disse, fazendo com que a amiga a olhasse de forma mortal.
— Combinado — ele respondeu, sorrindo, indo em direção a sua mesa, onde os amigos estavam, mas parando no meio do caminho e colocando um sorriso perverso no rosto. — Ah, e — ele a chamou —, ele está solteiro, ela é a irmã de um amigo — ele disse um pouco mais alto, laçando uma piscada logo em seguida fazendo com que a garota quisesse se esconder de tão corada que havia ficado já que olhou em direção a eles no mesmo momento, confuso sobre o que estava acontecendo.
***
estava sozinha na sala de ensaios pela primeira semana em algumas semanas, mesmo sendo tarde, ela precisava de um tempo para si daquele jeito. Na verdade, andava estressada, pensando em como tentaria retornar à situação em casa.
havia proposto aos pais que daria uma pausa completa por um ano e começaria a faculdade, eles disseram não e saíram de férias com amigos para Maldivas, o que tecnicamente foi o momento perfeito para que ela aplicasse a bolsa e começasse suas aulas, bom, até sua mãe descobrir por outras pessoas e surtar dizendo que voltaria em uma semana para que fizesse a baixa.
O que claramente ela não faria.
— Droga! — Seus pensamentos foram dispersos no mesmo momento que escutou alguém falando no final do corredor da sala em que estava. Ela saiu de sua sala, deixando a música tocar para checar se estava tudo bem com a outra pessoa.
acabou encontrando fazendo algo inesperado, pelo menos pelo que havia contado sobre ele.
— Você está fazendo errado. — A voz dela ecoou, fazendo com que ele se assustasse. — Aqui, a perna direita fica aqui e a esquerda faz o movimento principal.
Ela já havia visto e até mesmo treinado a coreografia que ele estava vendo pelo iPad em suas mãos, mas como ela observou por alguns minutos, ele continuava errando o mesmo passo.
— O que faz aqui? — ele perguntou da melhor forma possível para não parecer grosso. — Digo, esta tarde…
— Eu entendi — ela respondeu, rindo. — Estava treinando, fazia um tempo que não tirava um tempo para mim. Vou voltar para minha sala, não se preocupe.
— Tudo bem você pode ficar se quiser, só não…— ele fez uma pausa — conta para ninguém sobre isso, por favor?
— Sobre isso o que? — ela perguntou, confusa.
— Sobre a dança, eu…
— Seus amigos não sabem — ela disse, rindo —, e provavelmente nem os seus fãs pelo campus.
— É só que eles esperam que eu seja outra pessoa, o capitão do time de baseball, o conhecido e inteligente , não quero que se decepcionem quando verem que eu não sou quem pensam que sou — ele disse, coçando a nuca, nervoso pela situação.
— Você é quem eles pensam que são, só que um pouco mais — ela disse, de forma simples, deixando ele pensativo. — Você não está mais em 1800, , as pessoas vão te aceitar porque você não gosta apenas de baseball, dane-se se você gostar de dançar ou cantar, se isso te faz se sentir bem, qual o problema? Você não pode sempre esperar que as pessoas aceitem tudo. Eu, por exemplo, iria te julgar amargamente se te visse comendo pão com presunto e leite condensado.
— Ew! quem faz isso? — ele perguntou fazendo careta.
— Acredite, existem pessoas que cometem esse crime — ela respondeu, rindo —, mas esse não é o ponto, o ponto é você se sentir bem com o que gosta.
sorriu e ele não conseguiu dizer mais nada, era uma situação estranha tanto para ela quanto para ele, então ela apenas respirou fundo e se retirou do lugar, indo em direção a sua sala outra vez.
— Hey. — Dessa vez foi que a interrompeu assim que ela estava pronta para soltar a música. — Tudo bem se eu ficar por aqui?
— À vontade. — Ela sorriu. — Você ainda quer aprender aquele passo?
— Se você ainda quiser me ensinar…
***
— We're soarin', flyin'; There's not a star in heaven; That we can't reach — começou a cantar, enquanto dava risada descontroladamente.
— Hoje nós vamos fazer a representação de Troy e Gabriella, é isso mesmo? — ela falou por cima da música, a garota riu e continuou a cantoria. — If we're trying; So we're breaking free.
— You know the world can see us; In a way that's different than who we are — ele disse; alcançando as mãos de assim como Troy fazia com Gabriella.
e haviam ficado próximos bem rapidamente, então tinham essa liberdade de toque, gostavam de sustentar as mãos uns dos outros quando estava frio, gostavam de abraços e de passar tempo juntos. Passar um tempo como aquele era algo comum há algumas semanas, eles se encontravam depois do final das aulas de dança que aconteciam no prédio de música, treinavam juntos ou apenas assistiam um ao outro.
— Creating space between us 'til we're separate hearts — dramaticamente foi se afastando dele enquanto suas mãos se separaram lentamente como no filme, ele segurava a risada enquanto ela parecia bem focada para não rir.
sabia High School Musical de cor, então cada um dos seus passos eram vindos do filme, mas com um toque a mais de dramatização, tudo para fazer com que desse risada.
A realidade era que gostava muito da franquia, desde “Breaking free” ate “Can I Have This Dance”, obviamente ela e Gabriella eram diferentes, afinal, a personagem era inteligente e digamos que sabia as tabuadas porque aprendeu com músicas — ensinadas pelo próprio quando eram mais novos, já que ele e viam que a garota e matemática não combinavam de forma alguma —, mas ao menos elas tinham algo em comum, um Troy, o famoso popular — capitão de algum time em questão — que escondia o que gostava porque pensava que iriam julgá-lo.
Não que Troy não tenha sido julgado, ele foi, mas ainda assim, ela tinha certeza que não seria a mesma coisa com .
— But your faith, it gives me strength; Strength to believe; We're breakin' free — eles cantaram juntos, enquanto giravam pela sala.
— Certo. — e pularam para longe um do outro pelo susto que levaram da voz que vinha da porta —, se vocês não quisessem ser vistos teriam fechado essa porta. — O sotaque francês fez com que eles arregalassem os olhos. — Vocês têm um mês para ensaiarem para a competição regional que teremos, não aceito “nãos”, até porque nunca imaginei um dançando ou cantando tão bem quanto você, , posso usá-lo a favor da faculdade. — Ela foi se retirando da sala, sendo seguida pelos dois.
— Senhorita Allaire, eu tenho um campeonato pela frente, não posso me comprometer com outras…
— Me poupe do seu complexo de capitão de time, a próxima temporada é apenas daqui a três meses. — Ela revirou os olhos. — Você é melhor que Troy Bolton nesses pensamentos, senhor — ela disse, se virando para ambos, estava alguns passos atrás, observando. — Veja isso como um castigo por usarem as salas fora de horário — a mais velha disse, rindo. — Não o deixe escapar, . — A professora jogou uma piscadinha para os dois, se retirando, fazendo com que a olhasse, incrédulo, e a menina desse risada.
— Foi você quem invocou o espírito High School Musical, não eu. — Ela riu, dando de ombros, entrando na sala em seguida.
— Será que você pode conversar melhor com ela depois? — ele perguntou, massageando as têmporas. — Eu não posso fazer isso.
— Eu posso tentar, mas eu tenho quase certeza de que ela não dá a mínima se você pode ou não — a garota respondeu, rindo. — Por que você não tenta? Sei lá, parece um sinal para mim.
Ele ficou em silêncio, não sabia o que responder, então apenas se sentou no chão pensativo, observando fazer algumas sequências da coreografia que ensaiava há algumas semanas.
***
— Ainda não entendo por que não participa da aula como um aluno normal, . — A voz da garota que vestia calças moletons e um top cinza ecoou no quarto escondido. — Sério, todos vão saber sobre seu segundo amor em poucos dias — ela disse, rindo —, não entendo o porquê de tanta resistência.
— Porque isso possivelmente vai destruir a reputação como principal jogador do time de baseball da faculdade, que eu construí com muita dificuldade — ele respondeu, brincando, enquanto colocava sua bolsa no chão. — E meus pais odeiam, lembra?
— Certo — ela disse, segurando o riso —, esqueci dessa parte. Se te consola, meus pais odeiam a ideia da minha pausa e eu estar na faculdade, então com certeza me ver participar de uma simples competição regional de dança vai deixar ambos com um ódio mortal.
— Não melhorou, mas também não piorou a situação — ele disse, rindo. — Sinceramente, eu não pensei que estaria fazendo isso.
— E eu acho que talvez seja um sinal para você quebrar isso de “eu não posso ser bom em outras coisas além do que eu já sou”. — Ela simplificou. — Você é bom em esportes? Sim, mesmo eu nunca tendo ido a um jogo seu, eu sei disso, mas qual é, você também é bom cantando, dançando e até mesmo desenhando — ela disse, mostrando o pequeno bloco de notas que ela tinha na bolsa e ele usava para passar tempo às vezes, mostrando pequenos desenhos feitos ali. — Quanto mais você negar, mais frustrado vai se sentir, ou mais perseguido, porque, , acredite, quando você tem um dom, ele e o universo vão fazer de tudo para serem revelados.
riu, fazendo com que ele também desde risada.
— Olha só, com isso eu concordo plenamente — ele continuou —, nós sempre fechamos a porta da sala quando estávamos aqui passando tempo, justo no dia em que a senhorita Allaire resolveu fazer uma ronda pelas salas, nós a deixamos aberta.
— Eu disse para você fechar — ela se sentou, arrumando algumas coisas em sua bolsa —, você que não quis ouvir.
— Eu estava distraído, está bem? — Ele se sentou ao lado dela.
— Com? — ela perguntou com a expressão tranquila.
— Com…
Seu celular disparou a apitar, fazendo com que o barulho os assustasse.
— Droga — ela disse ao ver o horário —, eu estou atrasada.
— Para onde você vai? — perguntou, se levantando junto dela.
— Para casa — ela fez uma expressão indecifrável para ele —, hoje é o dia em que eu encaro aqueles dois que estão de cara fechada há quase um mês.
— Posso te dar uma carona — ele disse.
— Seria ótimo. — Ela sorriu. — Claro, se não for te tirar do seu caminho habitual.
— Não se preocupe — ele disse, sorrindo —, isso já aconteceu de qualquer forma — sussurrou para si mesmo.
— Huh? — ela exclamou, confusa, não o havia escutado bem.
— Nada — ele sorriu amarelo —, vou apenas pegar algumas coisas no armário e te encontro no estacionamento, tudo bem?
Ela balançou a cabeça positivamente, seguindo em direção ao estacionamento.
***
— Você tem certeza de que ele vem? — perguntou a enquanto observava a amiga de longe. — Porque, se ele bagunçar tudo depois de mais de um mês que eles passaram juntos ensaiando, se aproximando, colocando as esperanças dela nele e fazer com que ela passe vergonha na frente dos pais que apenas deixaram ela continuar os estudos por conta dessa apresentação, eu mato ele com as minhas próprias mãos.
— Relaxa, ele disse que estaria aqui na hora — disse, olhando ao redor, preocupado —, mas está bem atrasado.
— E você acha que eu não sei? — disse, revirando os olhos.
Os amigos de não sabiam ainda, mas ele não conseguiu esconder de depois que este viu e ele entrarem juntos no carro de na noite em que ela enfrentou os pais. , por outro lado, já sabia, havia contado em detalhes desde o começo, ela não conseguia esconder nada da amiga.
— Certo, dois minutos para vocês entrarem — a professora com o sotaque francês disse. — Onde raios está ? Se ele não chegar, você terá que fazer esse número sozinha, você acha que consegue?
sacudiu a cabeça positivamente.
— Posso improvisar — ela respondeu.
— Certo, confio em você — Allaire respondeu.
estava se sentindo mal, ele realmente tinha desistido e sequer avisado, mesmo sabendo da importância daquele momento não só para ela, mas para ele também.
— Hey! — chamou —, se você quiser, nós podemos fazer aquele número de quando éramos crianças.
— O do panda? — ela perguntou, dando risada.
— Perfeito para uma competição regional, você não acha? — Ele riu junto. — Pelo menos eu te fiz dar risada. Olha, ele é meio complicado, sempre quer agradar todo mundo, escondendo muitas coisas, mas nunca vi ele tão feliz como quando vocês estavam juntos — ele sorriu, sincero —, você tem esse poder sobre as pessoas.
— Mas não sobre a menina que puxou meu cabelo na apresentação do panda — ela brincou.
— Aposto que ela era uma perdedora que não sabia lidar com seu brilho — ele respondeu, trombando seu ombro de leve com o dela. — Você consegue, você…
— Cheguei tarde demais? — A voz de ecoou do backstage enquanto ele tirava a jaqueta de frio no meio do caminho.
— — ela disse ,soltando o ar que não sabia que estava segurando.
— Eu estou atrasado, desculpe, teve um acidente no meio do caminho e as vias estavam interditadas, não consegui escapar de um engarrafamento — ele disse, dando um beijo na bochecha dela. — Cheguei muito tarde para nos apresentarmos?
— Nã…
“Os próximos a subir ao stage são diretamente da Seaside University. Uma salva de palmas para e ”
— Em tempo, na verdade — ela disse, olhando a plateia. — Você tem certeza disso?
— Mais do que nunca — ele disse, pegando a mão dela com segurança e puxando-a consigo.
Os burburinhos começaram por todo o salão assim que a garota de fita amarela entrou na sala de prática, não era como se nenhum que estava ali não conhecesse a lenda que quase não ia às aulas de dança da Seaside University desde que havia entrado para o cast da Broadway. começou a ter aulas em casa aos dez, então nunca havia voltado para uma escola além de dias de avaliação em matérias comuns, nesses dias ela era obrigada a se juntar a um grupo de pessoas que nunca via diariamente na mesma escola todos os anos. Às vezes, se imaginava no meio de todas aquelas pessoas e fazendo amizades que na realidade não estivessem interessadas em tirá-la do seu posto número um dentro dos membros quase oficiais da maioria dos espetáculos que aconteciam. Por isso, assim que ela definitivamente estava livre do ensino médio, decidiu que faria um acordo com os pais.
— A senhorita ganhou uma bolsa de estudos e está se juntando a nós para nossos futuros trabalhos já que decidiu dar um tempo em suas apresentações — a francesa disse, fazendo com que todos entrassem em choque com a notícia, o que fez com que risse.
— Não se preocupem, será apenas por um ano, depois eu volto para as performances só não será full time como antes — ela tranquilizou a todos. — Esse ano, o número de apresentações foi reduzida por conta das reformas no teatro, então eu decidi finalmente fazer algo por mim e espero que vocês me ajudem nesse processo, tenho muito que aprender.
Alguns reviraram os olhos — como as três garotas na fileira da frente —, outros olhavam com os olhos brilhando em direção a garota, ela estava acostumada, arranjaria inimigos e amigos onde quer que fosse.
— Bom, sem moleza hoje — a professora disse, sorrindo —, sabemos que ela é uma estrela, mas, de qualquer forma, ela agora é uma de vocês em classe e em treino, cuidem bem dela.
— Sim, senhora! — todos responderam.
de longe ainda não estava acostumada com toda a hospitalidade que estava recebendo, já que, no final da aula, todos pareciam amigáveis com ela, dizendo que poderia contar com eles para o que fosse preciso e até mesmo se fosse para se atualizar em coreografias passadas da aula de dança ou interpretação.
— Oh, droga! — ela disse, olhando para o horário do celular —, vou me atrasar para a aula da tarde se não sair para o bloco B nesse exato momento, mas muito obrigada pela hospitalidade e por estarem dispostos a me ajudarem, nós nos vemos nas próximas aulas.
sorriu para os garotos a sua frente que pareciam simpáticos, mas um pouco suspeitos com seus sorrisos de canto. Sua melhor amiga — e única — , lhe ensinou que ela deveria tomar cuidado com garotos da universidade já que existiam os “ruins” e os “piores ainda”. Claro que ela sabia que a amiga estava exagerando e protegendo-a, mas, se fosse o contrário, quem diria isso a ela sobre a maioria dos garotos que faziam parte dos castings oficiais e substitutos que ela participava, seria ela mesma.
correu o mais rápido que pôde até o prédio do outro lado do campus, sem se importar se a olhavam estranho, estava acostumada aos olhares aleatórios, mas ainda assim, odiava mais que tudo receber olhares por chegar atrasada em um lugar. Por isso, assim que chegou e viu a porta da parte de cima da sala 708 — que passou praticamente dez minutos procurando — fechada, praticamente se sentiu na obrigação de ter um ataque cardíaco. Ela estava pronta para girar a fechadura, mas uma mão interrompeu seu processo. Ela olhou para ver quem era, e o garoto de cabelos pretos, que por coincidência usava uma enorme jaqueta com o nome do time da universidade — e que sim, antes de começar a estudar, ela pesquisou a respeito — a olhou, sorrindo de forma simpática, balançando a cabeça positivamente enquanto abria rapidamente a porta, puxando a atenção da sala para si.
observou a cena de longe, o professor não parecia incomodado com o atraso, e os alunos o cumprimentavam silenciosamente, ficou pensando no melhor momento para entrar, enquanto procurava o melhor lugar para se sentar, deixando seus olhos caírem no rapaz mais uma vez, agora já sentado com seu grupo de amigos, buscando seu caderno na mochila. Por alguma razão, seus olhares se encontraram no mesmo momento, fazendo-o percorrer os olhos na sala, buscando por um lugar disponível, vendo um algumas fileiras à sua frente. Sua atenção se voltou à garota e ele fez um pequeno “ok” com os dedos, mostrando com o indicador em seguida o lugar a ela.
Ela agradeceu a Deus por estar sendo a preferida dele naquele momento e prometeu internamente nunca mais se atrasar.
— Obrigado — ela disse sem emitir som assim que se sentou no lugar vago e se virou rapidamente ao garoto.
Ele apenas sorriu, fazendo com que ela se virasse para frente no mesmo momento, passando o resto de sua aula apenas prestando a atenção no que o professor dizia.
— Você conheceu ? — disse, quase cuspindo o lanche que comia no mesmo momento.
— Quem? — perguntou, folheando seu caderno.
— , ! — ela quase gritou, assustando com o entusiasmo. — Capitão do time de baseball da escola, playboy do tipo bom, gato e solteiro.
— Faltou só acrescentar “magnata”, se você continuasse com essa lista de qualidades, eu com certeza me apaixonaria — disse, brincando. — Não foi você que disse que, entre os garotos da universidade, existem apenas os “ruins” e os “piores ainda”?
— Mas o não se encaixa nessa categoria, eu esqueci de falar dele, então você pode tirar ele e os amigos dessa lista — ela disse, rindo —, eles são legais. Bom coração, inteligentes e verdadeiramente úteis nas organizações dos eventos da universidade.
— Interessante — falou, voltando a folhear seu caderno.
— Não finja que está desinteressada, o cara é o maior interesse de 99% dessa universidade — disse, abaixando o caderno da mão da amiga e apontando discretamente com a cabeça para a entrada da cafeteria onde entrava com os amigos. — Todos os gêneros incluídos, por sinal.
riu, observando o grupo de quatro entrar e se sentar algumas mesas à sua frente, fazendo com que ele ficasse de frente para ela.
A única coisa que a garota conseguia pensar era em como ele ficava bonito com a jaqueta preta do time, se arrependendo logo em seguida já que a amiga a encarava com um sorriso perverso nos lábios.
— Ora, parece que você se juntou ao grupo de 99% das pessoas desse lugar — ela disse, rindo. — Não julgo, eu apenas não tenho uma quedinha por ele porque eu já tenho com quem me preocupar.
arqueou a sobrancelha direita.
— Falando em problema — respirou fundo —, se você tirar uma com a minha cara depois disso, eu conto para sua mãe que você fugiu pela janela quando eu estava na oitava série para ir ao cinema escondido ver um filme de terror e por isso teve pesadelos por uma semana seguida, e não pelos doces que eu te dei.
— Hey, olha só, minhas garotas reunidas outra vez! — conhecia aquela voz, muito bem por sinal: mesmo que não a tenha escutado por um tempo, continuava irreconhecível.
— Só pode ser brincadeira — disse, rindo, olhando para trás de si, onde o quinto garoto do grupo estava parado com um grande sorriso. — ?
— Surpresa? — ele disse, levantando as mãos.
— Você não estava na Inglaterra? — ela perguntou, se levantando e abraçando o amigo que não via ou até mesmo falava há alguns anos, desde que teve que sair da escola para estudar em casa.
— E você não estava por aí sendo uma estrela do teatro? — ele respondeu com uma pergunta.
— Ele voltou há alguns meses — disse, voltando a comer enquanto revirava os olhos para o rapaz a sua frente —, mais insuportável do quando éramos crianças.
— E ela descobriu isso quando me beijou na festa de três semanas atrás — ele disse baixinho no ouvido de , que quase cuspiu o suco que tomava. — Calma, princesa — ele disse dando tapinhas nas costas da garota —, eu não posso ser responsável pelo seu mal-estar, você é uma estrela agora…
— O cara que você beijou naquela festa e chegou em casa toda estressada foi o ? — perguntou, quebrando em risos. — Agora eu entendi a reação.
— Ela me ama — ele disse, mandando um beijinho para , que quase se engasgou também.
— Eu vou aproveitar e contar para o do seu mais recente crush se você…
— Porque ele se importaria com um…
olhou para o amigo que prestava a atenção curiosamente no que elas falavam, notando que ele usava a mesma jaqueta que .
— Ok, entendido, nunca mais tocamos nesse assunto — respondeu, voltando a tomar seu suco.
— Fiquei sabendo que você conheceu hoje — disse, pegando uma batatinha do prato de .
tossiu.
— Quem? — ela se fez de desentendida.
— Aquele ali. — apontou para o garoto de cabelos pretos que conversava animadamente com outra garota que estava sentada na mesa deles.
— Aquele com a namorada? Ele me ajudou de manhã com a vergonha de chegar atrasada no primeiro dia de aula na sala, só isso — ela respondeu, voltando a tomar o suco em mãos.
riu.
— Você esqueceu que eu te conheço mesmo depois de anos longe? — Ele riu mais uma vez.
— Certo, , você já pode se juntar a seus amigos — disse, interrompendo-o.
— Espero que vocês almocem com a gente amanhã, agora eu preciso ir para a reunião do time, mas quem sabe nos vemos mais tarde. — Ele se levantou, deixando um beijo na bochecha de cada uma.
— A cria um grupo para conversarmos mais tarde e marcamos alguma coisa — disse, fazendo com que a amiga a olhasse de forma mortal.
— Combinado — ele respondeu, sorrindo, indo em direção a sua mesa, onde os amigos estavam, mas parando no meio do caminho e colocando um sorriso perverso no rosto. — Ah, e — ele a chamou —, ele está solteiro, ela é a irmã de um amigo — ele disse um pouco mais alto, laçando uma piscada logo em seguida fazendo com que a garota quisesse se esconder de tão corada que havia ficado já que olhou em direção a eles no mesmo momento, confuso sobre o que estava acontecendo.
estava sozinha na sala de ensaios pela primeira semana em algumas semanas, mesmo sendo tarde, ela precisava de um tempo para si daquele jeito. Na verdade, andava estressada, pensando em como tentaria retornar à situação em casa.
havia proposto aos pais que daria uma pausa completa por um ano e começaria a faculdade, eles disseram não e saíram de férias com amigos para Maldivas, o que tecnicamente foi o momento perfeito para que ela aplicasse a bolsa e começasse suas aulas, bom, até sua mãe descobrir por outras pessoas e surtar dizendo que voltaria em uma semana para que fizesse a baixa.
O que claramente ela não faria.
— Droga! — Seus pensamentos foram dispersos no mesmo momento que escutou alguém falando no final do corredor da sala em que estava. Ela saiu de sua sala, deixando a música tocar para checar se estava tudo bem com a outra pessoa.
acabou encontrando fazendo algo inesperado, pelo menos pelo que havia contado sobre ele.
— Você está fazendo errado. — A voz dela ecoou, fazendo com que ele se assustasse. — Aqui, a perna direita fica aqui e a esquerda faz o movimento principal.
Ela já havia visto e até mesmo treinado a coreografia que ele estava vendo pelo iPad em suas mãos, mas como ela observou por alguns minutos, ele continuava errando o mesmo passo.
— O que faz aqui? — ele perguntou da melhor forma possível para não parecer grosso. — Digo, esta tarde…
— Eu entendi — ela respondeu, rindo. — Estava treinando, fazia um tempo que não tirava um tempo para mim. Vou voltar para minha sala, não se preocupe.
— Tudo bem você pode ficar se quiser, só não…— ele fez uma pausa — conta para ninguém sobre isso, por favor?
— Sobre isso o que? — ela perguntou, confusa.
— Sobre a dança, eu…
— Seus amigos não sabem — ela disse, rindo —, e provavelmente nem os seus fãs pelo campus.
— É só que eles esperam que eu seja outra pessoa, o capitão do time de baseball, o conhecido e inteligente , não quero que se decepcionem quando verem que eu não sou quem pensam que sou — ele disse, coçando a nuca, nervoso pela situação.
— Você é quem eles pensam que são, só que um pouco mais — ela disse, de forma simples, deixando ele pensativo. — Você não está mais em 1800, , as pessoas vão te aceitar porque você não gosta apenas de baseball, dane-se se você gostar de dançar ou cantar, se isso te faz se sentir bem, qual o problema? Você não pode sempre esperar que as pessoas aceitem tudo. Eu, por exemplo, iria te julgar amargamente se te visse comendo pão com presunto e leite condensado.
— Ew! quem faz isso? — ele perguntou fazendo careta.
— Acredite, existem pessoas que cometem esse crime — ela respondeu, rindo —, mas esse não é o ponto, o ponto é você se sentir bem com o que gosta.
sorriu e ele não conseguiu dizer mais nada, era uma situação estranha tanto para ela quanto para ele, então ela apenas respirou fundo e se retirou do lugar, indo em direção a sua sala outra vez.
— Hey. — Dessa vez foi que a interrompeu assim que ela estava pronta para soltar a música. — Tudo bem se eu ficar por aqui?
— À vontade. — Ela sorriu. — Você ainda quer aprender aquele passo?
— Se você ainda quiser me ensinar…
— We're soarin', flyin'; There's not a star in heaven; That we can't reach — começou a cantar, enquanto dava risada descontroladamente.
— Hoje nós vamos fazer a representação de Troy e Gabriella, é isso mesmo? — ela falou por cima da música, a garota riu e continuou a cantoria. — If we're trying; So we're breaking free.
— You know the world can see us; In a way that's different than who we are — ele disse; alcançando as mãos de assim como Troy fazia com Gabriella.
e haviam ficado próximos bem rapidamente, então tinham essa liberdade de toque, gostavam de sustentar as mãos uns dos outros quando estava frio, gostavam de abraços e de passar tempo juntos. Passar um tempo como aquele era algo comum há algumas semanas, eles se encontravam depois do final das aulas de dança que aconteciam no prédio de música, treinavam juntos ou apenas assistiam um ao outro.
— Creating space between us 'til we're separate hearts — dramaticamente foi se afastando dele enquanto suas mãos se separaram lentamente como no filme, ele segurava a risada enquanto ela parecia bem focada para não rir.
sabia High School Musical de cor, então cada um dos seus passos eram vindos do filme, mas com um toque a mais de dramatização, tudo para fazer com que desse risada.
A realidade era que gostava muito da franquia, desde “Breaking free” ate “Can I Have This Dance”, obviamente ela e Gabriella eram diferentes, afinal, a personagem era inteligente e digamos que sabia as tabuadas porque aprendeu com músicas — ensinadas pelo próprio quando eram mais novos, já que ele e viam que a garota e matemática não combinavam de forma alguma —, mas ao menos elas tinham algo em comum, um Troy, o famoso popular — capitão de algum time em questão — que escondia o que gostava porque pensava que iriam julgá-lo.
Não que Troy não tenha sido julgado, ele foi, mas ainda assim, ela tinha certeza que não seria a mesma coisa com .
— But your faith, it gives me strength; Strength to believe; We're breakin' free — eles cantaram juntos, enquanto giravam pela sala.
— Certo. — e pularam para longe um do outro pelo susto que levaram da voz que vinha da porta —, se vocês não quisessem ser vistos teriam fechado essa porta. — O sotaque francês fez com que eles arregalassem os olhos. — Vocês têm um mês para ensaiarem para a competição regional que teremos, não aceito “nãos”, até porque nunca imaginei um dançando ou cantando tão bem quanto você, , posso usá-lo a favor da faculdade. — Ela foi se retirando da sala, sendo seguida pelos dois.
— Senhorita Allaire, eu tenho um campeonato pela frente, não posso me comprometer com outras…
— Me poupe do seu complexo de capitão de time, a próxima temporada é apenas daqui a três meses. — Ela revirou os olhos. — Você é melhor que Troy Bolton nesses pensamentos, senhor — ela disse, se virando para ambos, estava alguns passos atrás, observando. — Veja isso como um castigo por usarem as salas fora de horário — a mais velha disse, rindo. — Não o deixe escapar, . — A professora jogou uma piscadinha para os dois, se retirando, fazendo com que a olhasse, incrédulo, e a menina desse risada.
— Foi você quem invocou o espírito High School Musical, não eu. — Ela riu, dando de ombros, entrando na sala em seguida.
— Será que você pode conversar melhor com ela depois? — ele perguntou, massageando as têmporas. — Eu não posso fazer isso.
— Eu posso tentar, mas eu tenho quase certeza de que ela não dá a mínima se você pode ou não — a garota respondeu, rindo. — Por que você não tenta? Sei lá, parece um sinal para mim.
Ele ficou em silêncio, não sabia o que responder, então apenas se sentou no chão pensativo, observando fazer algumas sequências da coreografia que ensaiava há algumas semanas.
— Ainda não entendo por que não participa da aula como um aluno normal, . — A voz da garota que vestia calças moletons e um top cinza ecoou no quarto escondido. — Sério, todos vão saber sobre seu segundo amor em poucos dias — ela disse, rindo —, não entendo o porquê de tanta resistência.
— Porque isso possivelmente vai destruir a reputação como principal jogador do time de baseball da faculdade, que eu construí com muita dificuldade — ele respondeu, brincando, enquanto colocava sua bolsa no chão. — E meus pais odeiam, lembra?
— Certo — ela disse, segurando o riso —, esqueci dessa parte. Se te consola, meus pais odeiam a ideia da minha pausa e eu estar na faculdade, então com certeza me ver participar de uma simples competição regional de dança vai deixar ambos com um ódio mortal.
— Não melhorou, mas também não piorou a situação — ele disse, rindo. — Sinceramente, eu não pensei que estaria fazendo isso.
— E eu acho que talvez seja um sinal para você quebrar isso de “eu não posso ser bom em outras coisas além do que eu já sou”. — Ela simplificou. — Você é bom em esportes? Sim, mesmo eu nunca tendo ido a um jogo seu, eu sei disso, mas qual é, você também é bom cantando, dançando e até mesmo desenhando — ela disse, mostrando o pequeno bloco de notas que ela tinha na bolsa e ele usava para passar tempo às vezes, mostrando pequenos desenhos feitos ali. — Quanto mais você negar, mais frustrado vai se sentir, ou mais perseguido, porque, , acredite, quando você tem um dom, ele e o universo vão fazer de tudo para serem revelados.
riu, fazendo com que ele também desde risada.
— Olha só, com isso eu concordo plenamente — ele continuou —, nós sempre fechamos a porta da sala quando estávamos aqui passando tempo, justo no dia em que a senhorita Allaire resolveu fazer uma ronda pelas salas, nós a deixamos aberta.
— Eu disse para você fechar — ela se sentou, arrumando algumas coisas em sua bolsa —, você que não quis ouvir.
— Eu estava distraído, está bem? — Ele se sentou ao lado dela.
— Com? — ela perguntou com a expressão tranquila.
— Com…
Seu celular disparou a apitar, fazendo com que o barulho os assustasse.
— Droga — ela disse ao ver o horário —, eu estou atrasada.
— Para onde você vai? — perguntou, se levantando junto dela.
— Para casa — ela fez uma expressão indecifrável para ele —, hoje é o dia em que eu encaro aqueles dois que estão de cara fechada há quase um mês.
— Posso te dar uma carona — ele disse.
— Seria ótimo. — Ela sorriu. — Claro, se não for te tirar do seu caminho habitual.
— Não se preocupe — ele disse, sorrindo —, isso já aconteceu de qualquer forma — sussurrou para si mesmo.
— Huh? — ela exclamou, confusa, não o havia escutado bem.
— Nada — ele sorriu amarelo —, vou apenas pegar algumas coisas no armário e te encontro no estacionamento, tudo bem?
Ela balançou a cabeça positivamente, seguindo em direção ao estacionamento.
— Você tem certeza de que ele vem? — perguntou a enquanto observava a amiga de longe. — Porque, se ele bagunçar tudo depois de mais de um mês que eles passaram juntos ensaiando, se aproximando, colocando as esperanças dela nele e fazer com que ela passe vergonha na frente dos pais que apenas deixaram ela continuar os estudos por conta dessa apresentação, eu mato ele com as minhas próprias mãos.
— Relaxa, ele disse que estaria aqui na hora — disse, olhando ao redor, preocupado —, mas está bem atrasado.
— E você acha que eu não sei? — disse, revirando os olhos.
Os amigos de não sabiam ainda, mas ele não conseguiu esconder de depois que este viu e ele entrarem juntos no carro de na noite em que ela enfrentou os pais. , por outro lado, já sabia, havia contado em detalhes desde o começo, ela não conseguia esconder nada da amiga.
— Certo, dois minutos para vocês entrarem — a professora com o sotaque francês disse. — Onde raios está ? Se ele não chegar, você terá que fazer esse número sozinha, você acha que consegue?
sacudiu a cabeça positivamente.
— Posso improvisar — ela respondeu.
— Certo, confio em você — Allaire respondeu.
estava se sentindo mal, ele realmente tinha desistido e sequer avisado, mesmo sabendo da importância daquele momento não só para ela, mas para ele também.
— Hey! — chamou —, se você quiser, nós podemos fazer aquele número de quando éramos crianças.
— O do panda? — ela perguntou, dando risada.
— Perfeito para uma competição regional, você não acha? — Ele riu junto. — Pelo menos eu te fiz dar risada. Olha, ele é meio complicado, sempre quer agradar todo mundo, escondendo muitas coisas, mas nunca vi ele tão feliz como quando vocês estavam juntos — ele sorriu, sincero —, você tem esse poder sobre as pessoas.
— Mas não sobre a menina que puxou meu cabelo na apresentação do panda — ela brincou.
— Aposto que ela era uma perdedora que não sabia lidar com seu brilho — ele respondeu, trombando seu ombro de leve com o dela. — Você consegue, você…
— Cheguei tarde demais? — A voz de ecoou do backstage enquanto ele tirava a jaqueta de frio no meio do caminho.
— — ela disse ,soltando o ar que não sabia que estava segurando.
— Eu estou atrasado, desculpe, teve um acidente no meio do caminho e as vias estavam interditadas, não consegui escapar de um engarrafamento — ele disse, dando um beijo na bochecha dela. — Cheguei muito tarde para nos apresentarmos?
— Nã…
“Os próximos a subir ao stage são diretamente da Seaside University. Uma salva de palmas para e ”
— Em tempo, na verdade — ela disse, olhando a plateia. — Você tem certeza disso?
— Mais do que nunca — ele disse, pegando a mão dela com segurança e puxando-a consigo.
Epílogo
“E os três finalistas escolhidos para irem a próxima fase da competição são...”
O apresentador fez suspense abrindo o envelope.
“Em terceiro lugar: Olívia e Josh da West Side University”
A torcida vibrou.
“Em segundo lugar: Ally e Jenn da Alabama State”
A torcida pareceu surpresa.
“ E, em primeiro lugar, rufem os tambores...”
A equipe de som colocou o áudio de tambores no fundo enquanto o apresentador abria o último envelope.
“Concorrendo pela primeira vez em anos, e da Seaside University”
Todos, sem exceção, vibraram.
se virou bruscamente para , com os olhos arregalados, e ele sorriu abertamente para a garota. Seus amigos — que estavam tão nervosos quanto eles — correram para abraçá-los, assim como a professora Allaire, que fez o mesmo.
— Depois vamos ter que lidar com aquilo! — Allaire disse, apontando para o treinador de que o observava de longe com uma confusão muito grande em sua expressão.
riu, terminou de dar pulinhos de alegria com e e sorriu para ele de longe. Seu coração quase pulou para fora do seu peito com aquele sorriso, então ele caminhou em direção a ela, que pediu licença aos amigos por um instante.
— , me perdoa pelo que eu vou fazer, mas eu preciso…
Ele não terminou a fala, o interrompeu com um beijo que, digamos, era bem mais uma experiência de adolescente que não sabia qual era a sensação de beijar o seu crush. Ela deu um suspiro no meio do beijo assim que as mãos quentes do rapaz subiram para o seu rosto, deixando um carinho em sua bochecha.
— Eu acho que não perdoo — ela disse assim que eles se separaram do beijo —, talvez uns dois ou três resolvam a situação.
— Se for assim então — ele disse, dando um selinho nela —, espero que nunca resolvamos a nossa situação.
— Eu não acredito que ganhei uma competição no meu primeiro ano de faculdade e ainda levei de prêmio o capitão do time de baseball! — ela brincou. — O universo deve mesmo estar a meu favor.
— Se não for ao seu favor, eu tenho certeza que ele está ao meu — disse, rindo, beijando a garota mais uma vez.
O apresentador fez suspense abrindo o envelope.
“Em terceiro lugar: Olívia e Josh da West Side University”
A torcida vibrou.
“Em segundo lugar: Ally e Jenn da Alabama State”
A torcida pareceu surpresa.
“ E, em primeiro lugar, rufem os tambores...”
A equipe de som colocou o áudio de tambores no fundo enquanto o apresentador abria o último envelope.
“Concorrendo pela primeira vez em anos, e da Seaside University”
Todos, sem exceção, vibraram.
se virou bruscamente para , com os olhos arregalados, e ele sorriu abertamente para a garota. Seus amigos — que estavam tão nervosos quanto eles — correram para abraçá-los, assim como a professora Allaire, que fez o mesmo.
— Depois vamos ter que lidar com aquilo! — Allaire disse, apontando para o treinador de que o observava de longe com uma confusão muito grande em sua expressão.
riu, terminou de dar pulinhos de alegria com e e sorriu para ele de longe. Seu coração quase pulou para fora do seu peito com aquele sorriso, então ele caminhou em direção a ela, que pediu licença aos amigos por um instante.
— , me perdoa pelo que eu vou fazer, mas eu preciso…
Ele não terminou a fala, o interrompeu com um beijo que, digamos, era bem mais uma experiência de adolescente que não sabia qual era a sensação de beijar o seu crush. Ela deu um suspiro no meio do beijo assim que as mãos quentes do rapaz subiram para o seu rosto, deixando um carinho em sua bochecha.
— Eu acho que não perdoo — ela disse assim que eles se separaram do beijo —, talvez uns dois ou três resolvam a situação.
— Se for assim então — ele disse, dando um selinho nela —, espero que nunca resolvamos a nossa situação.
— Eu não acredito que ganhei uma competição no meu primeiro ano de faculdade e ainda levei de prêmio o capitão do time de baseball! — ela brincou. — O universo deve mesmo estar a meu favor.
— Se não for ao seu favor, eu tenho certeza que ele está ao meu — disse, rindo, beijando a garota mais uma vez.
FIM
Nota da autora: Quero dizer que eu queria ter desenvolvido esses dois muuuuuito mais e acho que ainda vou fazer isso em algum ponto. Tenho muitos ficstapes em vista ainda, quem sabe eles não retornam hahahaha eu amei escrever esses dois, juro! Espero que você tenha gostado de ler, obrigado por ter tirado seu tempo para fazer isso. Não esqueça de deixar um comentário ali embaixo no link da caixinha.
Xoxo Caleonis
Nota da beta: Que história fofa! Eu amaria ver mais background da Lily, mais ensaios deles, a tensão se formando, eles são lindos! Apoio mais histórias deles, viu? Hahahah parabéns pela história!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Xoxo Caleonis
Nota da beta: Que história fofa! Eu amaria ver mais background da Lily, mais ensaios deles, a tensão se formando, eles são lindos! Apoio mais histórias deles, viu? Hahahah parabéns pela história!
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