Última atualização: 17/05/2020

Capítulo Único

O apartamento parecia menor do que o normal por conta das dezenas de pessoas espalhadas nele, mas era uma data especial. Os balões pretos combinavam com a personalidade de . Eu tinha perdido a conta de quantas garrafas de cerveja tinha tomado desde que a festa começou, pois ele ainda não tinha dado as caras na própria festa de aniversário surpresa. A ansiedade me dominou por completo porque a ausência dele me fazia buscar qualquer tipo de distração, e a bebida foi a escolhida para aquela noite, porém o lado ruim era que, se eu extrapolasse, começaria a agir de maneira patética e acabaria me declarando inutilmente mais uma vez.
Levantei do sofá, arrumando a barra do vestido vermelho comprado especialmente para aquela festa idiota, para conseguir, pelo menos, um olhar dele – era humilhante, mas eu gostava tanto dele que chegava a doer quando ele me mandava ir embora. Eu me escorei na parede, tentando me manter em pé e acordada para, pelo menos, conseguir cantar o parabéns. Meus olhos, assim como os de todos no apartamento, foram direto para a porta quando entrou acompanhado de uma mulher. A surpresa estampada na cara de ambos fez com que eu me sentisse minúscula. Não foi a primeira vez que ele apareceu com uma desconhecida para passar a noite. O pior é que eu pensei que ele me escolheria, como já fizera antes. Escolhi um maldito vestido que ele nem sequer reparou e deixei os cabelos naturais como ele já falou que gostava.
Mais ou menos um ano e meio atrás, eu e August saímos de casa para ir em busca de uma vida melhor em outra cidade. Segundo August, ele conhecia um cara que nos ajudaria a recomeçar na Califórnia, o que, de início, não foi fácil porque não tínhamos dinheiro, e eu comecei a trabalhar em uma oficina como ajudante de mecânico enquanto August era entregador de uma distribuidora de bebidas.
Quando fui apresentada ao , fiquei completamente envergonhada. Eu estava horrível, desde o cabelo desgrenhado e as roupas infantis, enquanto ele estava perfeito em suas roupas escuras e cigarro nos lábios. Lembro de começar a mexer freneticamente nos cabelos a fim de arrumar os fios, mas sorriu da cena, dizendo que eu estava bonita daquela maneira.
Só poderia ser mentira, mas eu me apaixonei por ele naquele instante.
E, como todas, era para ser só mais uma paixonite aguda, mas não foi.
Terminei a cerveja e senti uma pequena tontura. Aquilo não era nada porém, antes que eu pudesse pegar outra, August gritou que era a hora dos parabéns. Todos se reuniram na mesa e eu preferi ficar o mais longe possível, sem ser notada, porém uma mão na minha cintura me fez congelar. Por um segundo, pensei que fosse mas, assim que me virei, sorri ao ver o meu melhor amigo pronto para me dar apoio.
– Como você continua de pé após todas aquelas cervejas? – Matteo perguntou com uma careta engraçada.
– Foram só três. – Revirei os olhos por causa da preocupação desnecessária dele.
– Cinco. – Ele corrigiu e eu o encarei com irritação.
– Eu já tenho um irmão mais velho.
– Que está mais preocupado em foder aquela garota do que com o possível coma alcoólico da irmã dele. – Matteo respondeu e eu gargalhei.
– Não vou morrer por causa da bebida. – Respondi um tanto alto por conta do coro de parabéns e me apoiando na ponta dos pés para alcançar a orelha dele. – Se bem que a ideia é tentadora.
– É bom que você nem desmaie, porque nós seremos os últimos a deixar essa festa. – Matteo decretou e eu apenas assenti, mesmo sem certeza de que aquilo aconteceria.
Não parabenizei e ele sequer se importou, porque não largava a mulher. Procurei August mas ele não estava mais na festa. Bufei irritada, mas a minha sorte era que Matteo estava cuidando de mim.
– Vamos dançar. – Ele falou após longos minutos em silêncio.
– Tem certeza?
– Vem logo, . – Puxou a minha mão, e eu sabia que não podia discutir com ele porque sairia perdendo.
Ninguém prestou atenção em nós até uma música aleatória e pop tocar e começarmos a nos mexer loucamente, quando olhares engraçados foram lançados em nossa direção. Eu era uma péssima dançarina e meus passos consistiam apenas em pulos e giros que eram imitados por Matteo. Não era à toa que éramos os mais engraçados, ou tentávamos ser, do grupo.
Os minutos passaram e a minha dança estava lenta, apesar de outra música animada estar tocando. Matteo continuava com o mesmo pique de antes, o que me fez questionar como ele conseguia. Pensei em ir para o meu quarto mas, ao ver entrar no corredor acompanhado pela mulher, preferi não. Seria o auge não conseguir dormir por causa dos gemidos dele. Uma hora ou outra, eu perderia a cabeça e acabaria com a festinha, então continuei na sala, observando poucas pessoas irem embora e os que moravam conosco irem para seus quartos.
O apartamento era pequeno, mas tinha sido reformado para conseguir abrigar as seis pessoas que moravam nele. Era como uma república e cada um ajudava no que podia.
– Nossa, eu estou morto! – Matteo falou, me abraçando de lado.
– Você está suado. – Reclamei só para irritá-lo.
– E daí? – Ele deu de ombros. – Você também está.
– Estou com sono. – Comentei, sentando no chão.
– Parece que você já pode ir dormir. – Matteo apontou para a mulher, indo até a saída com um sorriso no rosto e arrumando o decote do vestido.
– Boa noite, Matt. – Acenei para ele antes de ir para o quarto à procura de uma boa noite de sono.

Acordei assustada, sentando rapidamente na cama. Os pesadelos eram frequentes e me causavam péssimas noites de sono, com insônias no meio de madrugadas como aquela.
A cama de August estava vazia e só o silêncio me fazia companhia. Levantei, sentindo o frio em contato com os meus pés. Os mistérios da embriaguez começaram a me atormentar, porque eu não lembrava de como consegui vestir o pijama, que era uma camiseta velha do meu irmão, e nem como tive coragem para tirar a maquiagem.
Saí do quarto, mandando um dedo do meio para a porta do quarto de que, infelizmente, era do lado do meu. Prendi os cabelos no topo da cabeça e continuei andando até chegar na cozinha, a minha melhor amiga nas noites de insônia.
Sentei na ilha que separava a cozinha da sala e belisquei alguns dos docinhos que sobraram na mesa. Segundo o relógio, eram duas e tantas da madrugada. Que grande bosta! Era só esperar o sono voltar.
– Noite ruim?
Eu me assustei com a voz baixa de , tanto que quase caí no chão, adicionando mais uma vergonha para a lista de todas que eu já passei na frente dele. Tentei me recompor, mas foi a atitude mais difícil da minha vida, pois aquele homem estava usando apenas uma calça de moletom, que deixava à mostra todos os músculos e tatuagens que eu adorava. Aproveitei que ele estava de costas para mim, abrindo a geladeira, e pude encarar todos os detalhes perfeitos sem o mínimo de vergonha.
– Pesadelos. – Respondi sua pergunta olhando para o chão, onde era mais seguro.
– Quer bolo?
Ri dele pegando a bandeja com o resto do bolo de canela comprado especialmente para seu aniversário, porém balancei a cabeça, negando.
– Você não me deu parabéns. – Ele se encostou na ilha, ao meu lado, mas não sentou.
Vi quando ele enfiou um dedo no bolo e, logo em seguida, na boca. Foi extremamente sexy.
– Não faz diferença. – Eu me impressionei com o jeito que soei forte e determinada.
– Quem disse? – Ele voltou os olhos para mim.
Suspirei derrotada. Era inútil brigar contra todos os sentimentos que eu lutava fielmente para não me destruírem.
– Parabéns. – Desejei com um pequeno sorriso.
Ele não sorriu de volta, pelo contrário, parecia triste.
– Nenhum abraço?
Não fode, .
Plena madrugada, ele seminu na cozinha, terrivelmente bonito como sempre e com o corpo a poucos centímetros do meu.
Haja autocontrole!
– Sem abraços. – Decretei.
Sem dizer nada, girou o corpo, se encaixando no meio das minhas pernas, que começaram a ser acariciadas pelas mãos dele.
– Um beijo.
– Pensei que a sua amiga tivesse te dado bem mais que um beijo. – Não contive o ciúme na voz, o que fez ele sorrir, convencido.
– Quero o seu beijo. – continuou me fitando com aqueles olhos que incendiavam a minha alma.
Se eu quisesse, poderia dizer não e ir embora sem ter a dignidade corrompida, mas eu nunca fui sensata.
Por que seria naquele instante?
Umedeci os lábios, sentindo o calor do corpo do homem à minha frente me envolver em questão de segundos. As mãos firmes dele se apossaram dos meus quadris, que ele usou para me prender contra ele. O toque calmo dos lábios dele sobre os meus, o gosto de canela invadindo a minha boca, o jeito como sua língua parecia descobrir exatamente do que eu gostava – em mais de um sentido –, só aquele beijo me fez esquecer minimamente da realidade que estávamos.

Cinnamon in my teeth
From your kiss, you're touching me


– Vamos pro quarto. – Sussurrou entre o beijo, e eu apenas assenti.
Eu concordei, indo em direção à tempestade.
Os lábios dele sendo pressionados contra os meus, as mãos subindo pelas minhas coxas até encontrar a barra da camiseta que eu usava, o gemido baixo que ele deixou escapar e o cheiro de sabonete quase me fez derreter em seus braços.
E eu sucumbi à tentação mais uma vez...
Quando abri os olhos, tudo estava escuro, exceto pela luz noturna que vinha da janela, e lá estava ele. tinha os cotovelos apoiados na janela e seu corpo estava coberto apenas pela calça de moletom, o que me fez perguntar se ele não estava sentindo frio, porque eu estava. Levantei sem fazer barulho e cobri a minha nudez com a camiseta que usava horas antes, me aproximei do corpo até então calmo dele e fiquei ao seu lado. Ele estava fumando e eu odiava quando isso acontecia, então virei o rosto, observando a paisagem rara e monótona da Califórnia.
– Desculpa. – falou de repente, atraindo a minha atenção mais uma vez. – Por tudo.
Ele ia me rejeitar mais uma vez.
– Nós podemos dar um jeito. – Sussurrei com desespero, colocando a minha mão sobre a dele.
– Não quero ficar contigo.

You try to push me out, but I just find my way back in

Doeu e, por longos segundos, eu fiquei em silêncio, me afastando alguns centímetros.
Queria falar que o amava e que sabia que ele sentia alguma coisa por mim, mas o medo só me fez travar, assim como nas outras vezes. continuava me encarando e eu vi seu rosto contorcido em uma careta de dor.
Caminhei em passos lentos até a porta, tentando ir embora com o pingo de dignidade que me restava.
– Não é que eu não goste de você, – Ele voltou a falar, me fazendo parar de andar e lançar um olhar triste para ele. – mas eu vou te machucar de qualquer maneira, .

There's things I wanna say to you, but I'll just let you leave
Like if you hold me without hurting me
You'll be the first who ever did

– Não mais do que eu estou me machucando. – Foi a última coisa que eu falei antes de ir embora.

Por que maltratamos nosso próprio coração? Essa era a pergunta que eu me fazia desde a primeira vez em que me machucou. Era uma completa idiota por gostar dele? É claro que era e, depois daquela noitem quando transamos e eu tive a confirmação de que nossos corpos trabalham maravilhosamente bem juntos, e ele me chutar para longe, eu chorar e ir pensar no quanto eu o odiava para, no final, chegar na conclusão de que o amava tanto que doía, só me restou uma única opção, saudável e imutável: desistir dele.
Foi a minha decisão desde que ele me dispensou na semana anterior.
– Ei, garota! – Matteo apareceu e sentou ao meu lado na sala.
Era sempre assim. Não controlávamos quem entrava e saía do apartamento, eram quase sete pessoas morando juntas e, geralmente, tinha quase dez pessoas por dia andando pelo lugar.
– Como vai? – Perguntei cabisbaixa.
– Com um pouco de ressaca, mas não vamos falar de mim. – Ele me abraçou de lado, e eu apoiei a cabeça no ombro dele. – Não preciso nem perguntar o motivo dessa carinha triste, não é?
– Você me conhece tão bem... – Respondi quase chorando.
– Quer desabafar?
– Não tenho mais o que falar.
– Está na hora de se valorizar! – Matteo abriu um sorriso que escondia intenções perigosas.
Da mesma forma que ele me conhecia, eu também o conhecia.
– Abre essa cabecinha porque não existe só o no mundo.
– Tenho medo de não gostar de ninguém do jeito que eu gosto dele. – Confessei, envergonhada.
– Eu te proíbo de derramar mais uma lágrima por ele. – Matteo exigiu, apontando um dedo em direção ao meu rosto. – Vem, essa maquiagem não pode estar borrada quando eu te apresentar seu futuro namorado.
Não entendi o que ele pretendia, mas não reclamei, seguindo o meu melhor amigo para onde quer que ele estivesse me levando.

Josh Fuller tinha olhos e cabelos negros, sua pele pálida combinava com as roupas escuras e, em seu lábio inferior, um piercing brilhava. Ele falava baixo e costumava mexer as mãos cheias de anéis enquanto comentava algo. Seria hipocrisia dizer que ele não era bonito mas, apesar da risada baixa dele que me fez rir também, uma parte de mim se sentiu culpada. Estar fisicamente com o rapaz que contava como conheceu Matteo era bom, mas meus pensamentos só estavam em e no quanto ele me fazia mal.
Quando Matteo me arrastou para o parque, fiquei confusa, mas quando ele levantou a mão, chamando um rapaz em nossa direção, eu finalmente entendi. Ele já comentara que tinha um amigo "solteiro" que precisava se desligar da última namorada.
– Ei, você está bem? – Josh perguntou de repente.
– Estou, desculpa. Eu me distraí.
– Sem problemas. Está quase de noite. – Ele observou.
Franzi o rosto, estranhando o quão rápido o dia tinha passado.
– Vou te levar até onde você mora.
– Eu moro daqui a duas quadras. Tem certeza de que quer me acompanhar? – Perguntei enquanto ele pedia a conta para o garçom.
Josh assentiu.
– Fiquei sabendo que você mora do outro lado.
– Gosto de andar. – Ele deu de ombros e nós saímos.
– Então você curte gatos, filmes do Tarantino e shows de stand-up?
– É muito bizarro?
– Não! Também gosto de gatos, mas prefiro cachorros. Gosto do Tarantino, mas prefiro o Guilhermo Del Toro. E stand-up é legal.
– Vou te levar para um na próxima vez.
– Vai ter uma próxima vez? – Arqueei a sobrancelha, vendo Josh ficar envergonhado pela primeira vez.
– Não sei. Vai? – Ele rebateu a pergunta e, indo contra os pensamentos de dispensá-lo de uma vez, acabei aceitando porque fiquei animada com o convite.
Quando paramos na frente do pequeno prédio, nenhum dos dois falou nada. Fiquei tentada a mandar um "até mais", mas algo me prendeu, e eu só soube o que era quando Josh se aproximou, me fazendo perder o fôlego. Uma de suas mãos foi até a minha nuca, que ele puxou para si, juntando nossos lábios em um beijo calmo que em nada me lembrava o da noite anterior com . A sensação era boa, nova e diferente, uma bela surpresa, já que eu não tinha colocado fé naquele encontro.
Assim que entrei no apartamento, me deparei com sentado no sofá grande que ficava bem no centro da sala. Ele estava com os cotovelos sobre as pernas e parecia abatido. A intenção era ignorá-lo mas, assim que ele percebeu que eu não falaria com ele, resolveu falar.
– Quem era aquele?
Parei no lugar, virando rapidamente e lançando um olhar frio para ele, que esperava por uma resposta.
– Isso não é da sua conta. – Apertei as alças da mochila, me segurando para não avançar no pescoço dele.
Eu deveria ter ido para o meu quarto e trancado a porta o mais rápido, porém continuei parada, observando enquanto ele levantava e se aproximava de mim, me queimando com suas íris . As mãos grandes foram para o meu rosto, me obrigando a não tirar os olhos de sua expressão cansada.
– Você tem que desistir de mim. – falou baixo.
– É o que eu estou tentando fazer, mas não imaginei que seria tão difícil. – Sussurrei derrotada.
Não demorou para que seus lábios frios tocassem os meus, misturando o calor das nossas respirações. Não foi um beijo turbulento e desesperado, muito pelo contrário. Sua língua acariciava a minha com delicadeza e cuidado, como se apreciasse cada segundo do momento.

Hold me, love me, touch me, honey
Be the first who ever did

Era burrice, mas meu corpo não obedeceu ao pequeno traço de racionalidade que eu tinha. Os meus braços envolveram o pescoço dele até que eu ficasse na ponta dos pés, já que ele era alguns bons centímetros mais alto que eu.

Kerosene in my hands
You make me mad, I'm fire again

Poderia ser ilusão, mas ele sentia algo por mim. Nunca duvidei disso, mas alguma coisa o impedia de viver o sentimento. No que dependesse de mim, eu o ajudaria a se libertar.
, – Ele sussurrou entre o beijo, me deixando levemente tonta e triste por ter nossos lábios separados. – não é uma boa ideia.
– Você gosta de mim. – Afirmei e umas dezenas de líderes de torcida começaram a dar piruetas dentro do meu estômago por ele não ter negado. – e eu gosto de você. Agora é só juntar um mais um.
– Não quero ser aquele que te faz sofrer.
– Você pode ser aquele que me faz feliz, basta querer ser esse cara. – Respondi, provavelmente parecendo uma boba apaixonada mas, naquele momento, não importava, porque um pingo de esperança começou a me rondar como se eu estivesse no caminho certo, e tinha que ser porque eu estava apostando todas as minhas fichas nele. – Você quer ser?
Diz que sim, por favor!
– Não. – respondeu e eu baixei os olhos, não tendo coragem o suficiente para encará-lo após me declarar de uma maneira tão profunda e íntima.
Ele sempre soube dos meus sentimentos, mas falar era uma coisa estranha e, ao mesmo tempo, libertadora.
– Eu vou ser.
Pensando não ter escutado direito, voltei a encarar o homem à minha frente e um pequeno sorriso de lado no rosto que eu tanto amava.
Existia uma possibilidade de darmos errado, assim como também de darmos certo. E, em qualquer das duas, eu não me arrependeria, porque finalmente os dois estavam dispostos a tentar. Mesmo se ele quebrasse o meu coração – o que era uma grande possibilidade –, eu não me arrependeria, porque ele queria ser meu o tanto que eu já era dele.
E ele ia ser aquele que não me machucaria. Pelo menos, não mais.

If you hold me without hurting me
You'll be the first who ever did


Fim.



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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