Capítulo Único
Meu nome é , e eu acabei de destruir a minha vida. A verdade é que meu coração parece que vai sair da boca, enquanto seguro uma placa escrita "", esperando o desembarque do vôo vindo da Coreia. A pessoa que mais odeio no mundo está nesse vôo, para se tornar meu chefe, e tudo porque eu insisti nisso. Como eu acabei nessa situação? Bem…
Anos atrás…
O segundo semestre de publicidade na Academy of Art University estava começando, e ainda era um sonho para mim estar naquele lugar, sem acreditar que eu tinha ido tão longe, quando todos na minha cidade duvidaram de mim, eu tinha certeza que voltaria ao Brasil bem sucedida, e daria uma boa vida aos meus pais. Fazia pouco tempo, mas tudo já estava se encaminhando, eu já tinha meu próprio grupo de amigos e até mesmo um namorado, éramos populares e inteligentes, e eu estava feliz. Até o primeiro dia de aula do segundo semestre, talvez se eu não tivesse virado o rosto para o lado naquele momento, as coisas poderiam ter sido diferentes, ou talvez não, mas foi aquele momento em que tudo mudou. Dois alunos novos com a jaqueta do curso de publicidade, mais especificamente, da minha turma.
— Quem são esses? — Perguntei, meus amigos se viraram para eles.
— Ah, eu falei com eles hoje cedo, e , eles foram transferidos de outra universidade. — Respondeu Leonard.
— Eles são da China? — Perguntou Beatrice.
— Não, Coreia. — Não é a mesma coisa? — Insistiu ela. Cada vez mais que eu convivia com Beatrice, eu me perguntava porque eu tive que estudar todos os países e continentes na escola, e eles tinham o privilégio de não saber o básico de geografia.
— São países próximos, mas não é a mesma coisa, definitivamente, o Japão também se encaixa nisso, mesmo continente, países diferentes. — Expliquei, ela fingiu entender. Dave, meu namorado, riu.
— Você se faz de idiota, Beatrice? Não é possível! — Não era como se ele tivesse muita moral para falar, mas deixei para lá e voltei meu olhar para os alunos novos, que haviam se sentado com , uma pessoa boa, mas que era excluída pelos outros grupos. , esse era o nome da pessoa que no instante que eu olhei, me fez esquecer que eu tinha um namorado, por que ele era tão bonito? — A parece querer recebê-los. — Disse Beatrice, destilando um pouco de veneno.
— Eu acho uma boa ideia. — Harry, que estava sentado, se levantou, seguido de Scott.
— Sim, temos que recepcioná-los mesmo. — Scott concordou, e fomos os três caminhando até eles, seguidos dos outros.
— Olá. — Falei, os três sentados, se viraram para nós. — Somos da mesma turma, soubemos que foram transferidos, viemos dar as boas vindas! Esses são Harry, Scott, Beatrice, Leonard e… meu namorado Dave! Me chamo , mas podem me chamar de ! — Completei, os dois sorriram.
— Obrigado! — Respondeu um deles. — Sou e esse é . — Os dois fizeram uma leve reverência, que retribuí.
— É um prazer, espero que gostem da faculdade, e podem me procurar se precisarem de algo! — Tentei ser o mais simpática possível, eu sabia como era estar estudando longe de casa.
— Obrigado. — Disse , parecia que meu corpo inteiro havia se arrepiado após escutar sua voz. — Você não é daqui, é? Digo, sua nacionalidade. — Neguei com a cabeça.
— Sou do Brasil. — Respondi, os dois pareciam ter achado o máximo, pela reação alegre. E ali o nosso pequeno grupo, se tornou o "grupão". Quanto mais os dias passavam, mais eu me encantava com , apesar de lutar contra isso com todas as minhas forças, ele era uma pessoa incrível, fofo e inteligente, além de ser muito bonito, eu estava quase arrependida de ter começado a namorar com Dave, que mesmo com todo meu esforço, parecia estar percebendo isso. E não era apenas por , quanto mais eu tentava, mas eu via que nós não éramos nada parecidos. O que aconteceu depois, aconteceu muito rápido.
— Festa no final de semana que vem na minha casa! — Disse Beatrice, distribuindo os convites na nossa mesa.
— Cadê o Dave? — Perguntou .
— Nós terminamos, e eu não quero falar sobre isso. — Dave havia feito um discurso sobre como ele estava atrapalhando a minha verdadeira felicidade e que eu deveria expor meus verdadeiros sentimentos antes que fosse tarde, mas aparentemente já era tarde. Olhei para o lado e e Beatrice estavam se beijando, o que me fez suspirar, se eu ao menos fosse esperta o suficiente isso não aconteceria, eu teria continuado vivendo a minha vida e não estaria sentindo meu peito tão apertado por causa de uma pessoa que eu nem tinha nada. O pior foi o jeito que Beatrice me olhou, como se ela tivesse me vencido, e nós nem estávamos disputando nada. As semanas passaram normalmente, até a festa de Beatrice, era difícil não vomitar vendo as cenas que ela fazia com , e eu não era a única incomodada, e não suportavam mais tudo aquilo. Mas é claro que para mim era diferente, já que eu já tinha imaginado todo nosso futuro juntos, só de olhar para ele uma vez.
Então, chegamos os quatro na festa, eu, , e , mas logo ficamos apenas os três bebendo. O que foi um erro, eu não sabia que bebia tanto, e podemos dizer que eu, naquele momento, não estava apta para acompanhá-lo. Eu me lembro de alguns flashes, como eu dançando na mesa e chorando no colo dele.
— Eu sou tão tão tão idiota! Agora ele tá lá com a Beatrice, e eu fiquei sozinha, sem namorado e sem crush. Idiota, idiota, idiota. — Essa foi a última coisa que me lembro de ter feito, depois acordei em um dos quartos com muita dor de cabeça. O resto também foi um flash, desci as escadas e quem estava na mesa era , num impulso, corri até ele para segurá-lo antes que caísse, ao mesmo tempo que , e o ajudamos a descer da mesa.
— Eu levo ele para casa. — Falei, negou com a cabeça.
— Minutos atrás você não estava se aguentando em pé, eu vou levar os três agora para casa. — Respondeu, e foi quando eu notei dormindo debruçada na mesa. Ele foi extremamente atencioso com nós três, colocando todos no carro e dirigindo até o apartamento onde ele morava, subimos com e , colocamos um na cama do quarto de hóspedes e o outro no sofá, não levou muito tempo para que apagassem.
— Ufa, agora eu vou para casa. — Falei, me virando e indo em direção à porta, eu teria ido, se ele não tivesse segurado meu pulso.
— Fica no meu quarto… — Eu tenho certeza que meu rosto corou nesse instante, já que senti o rosto todo queimar. — Eu durmo aqui na sala. — E a queimação acabou, apenas assenti e fui tomar um banho, vesti uma camiseta dele e dormi, estava realmente cansada.
As semanas seguintes foram satisfatórias, eu quase sempre estava estudando ou comendo enquanto escutava as brigas de Beatrice e , eu não queria vê-lo sofrer, mas pela expressão que ela fez quando eu vi o beijo, parecia que aquilo era mais sobre eu e ela do que sobre os dois.
— Você colocou os seus amigos como prioridade, acima de mim! — Essa discussão estava mais demorada e direta que as outras, geralmente ela só ficava sendo grosseira sem motivo e ele ficava triste.
— Do que você está falando? Os três estavam apagados! — Respondeu ele, ela rolou os olhos.
— Eu também estava! Mas você foi embora e levou eles, cada um para as suas casas, e nem se certificou de saber se eu estava bem! — Bem aí, nesse momento, se ele queria resolver a briga, ele deveria ter pedido desculpas, mas ele deu a pior resposta.
— Eu te mandei uma mensagem, e eu não levei cada um para as suas casas, todos dormiram lá em casa, o no quarto de hóspedes, a no sofá e a no meu quarto. — A no meu quarto. Eu tenho certeza que isso ecoou pela mente de Beatrice milhares de vezes.
— Por mais que você me diga que dormiu no sofá, eu não vou aceitar isso, você acabou de me dizer quem são as suas prioridades e eu não vou me colocar entre vocês, acabou! — Esbravejou ela, antes de sair batendo os pés, sentou ao meu lado e encostou sua cabeça na mesa. Dei dois tapinhas de leve nas suas costas.
— Tudo bem? — Perguntei, ele apenas assentiu. Pelo curto período de tempo que eles ficaram juntos, ele realmente gostava dela, o coitado mergulhou de cabeça em uma pessoa rasa demais, mas isso só ficou claro anos depois.
Beatrice decidiu que iria infernizar a nossa vida até não dar mais, e eu perdi as contas de quantas vezes tentei socar a sua cara, e fui impedida por . Na última vez, eu nunca vi uma pessoa correr tanto para impedir uma briga, mas ele chegou parecendo um super herói. Tudo bem ela me humilhar, não era como se eu ligasse, mas as piadas com e eu nunca aceitei, parecia que aquilo nunca ia acabar, até ela mudar de alvo. Nós sempre sentávamos nos bancos do pátio quando estava calmo, para revisar a matéria, e fazer trabalhos, já que viramos o grupo perfeito para apresentação de trabalhos. O restante do "grupão" só ficava jogando conversa fora mesmo, até esse dia.
— Ei, ! — Disse Beatrice, se aproximando com Dave. — Estou vindo te contar pessoalmente, porque sei que nosso término partiu seu coração, agora eu estou com o Dave, então você pode me superar! — O tom de deboche na voz da mesma, me deu nos nervos. — Talvez assim você aprenda a ser homem e leve alguma mulher para a cama, já que você não teve a capacidade comigo. — Olhei para o lado e estava cabisbaixo, respirei fundo e me levantei. — Por que você não… — Ninguém jamais saberá o que viria a seguir, já que meu punho cerrado acertou a cara dela, fazendo-a se desequilibrar e ser segurada por Dave, juntei minhas coisas, e os outros fizeram o mesmo, puxei , que estava boquiaberto, pelo braço, e e juntaram suas coisas, e fomos os quatro caminhando de braços dados. À partir desse momento, o "grupão" se dividiu, e nós viramos quatro.
— Nós somos intocáveis agora. — Falei.
E era verdade, nós fomos intocáveis por muitos anos. sempre dormia nas festa e sempre dava trabalho, ao longo dos anos ele se envolveu com muitas mulheres diferentes e levou um fora de cada uma delas, e nós sempre tivemos que cuidar dele. Nós formamos um grupo unido e com sentimentos sinceros, eu reprimi todos os meus sentimentos por desde o segundo semestre, e parecia que tinha funcionado.
— E se por acaso algum de nós virar superior do outro em alguma empresa? — Perguntou , no dia em que estávamos escolhendo onde aplicaríamos no futuro.
— Nós poderíamos fazer uma promessa, ir para empresas diferentes. — Sugeriu , nós assentimos.
— É verdade que seria um saco ter qualquer um de vocês como superior… — Resmunguei.
— E como subordinados também. — Completou .
— E então, para onde vocês vão? — Perguntou ele, indicou uma empresa que era uma filial de uma empresa maior que era localizada no Japão, escolheu uma empresa musical.
— Eu quero ir para a Food. — Respondi, era uma empresa de alimentos que também era uma filial, a matriz era localizada na Coreia do Sul, riu fraco.
— É a empresa da minha família, ainda bem que não me interesso por culinária. — Respondeu ele, indicando uma empresa de entretenimento. e eu ficamos um pouco chocadas em saber que o no nome dele não era coincidência. Ali selamos a promessa de que não iríamos para a mesma empresa por nada.
Eu arrumei um namorado, e eu estava feliz, mesmo com e toda a sua negatividade, sempre me dizendo que eu iria me machucar. O relacionamento durou até depois da faculdade, mas acabou dando errado. Parte de mim acreditava que a culpa era de que havia sido tão negativo, eu estava tão apaixonada, foi a segunda vez que meu coração se partiu, então saímos para beber.
— Eu te disse que isso ia acontecer. — Resmungou , murmurou algo impossível de entender e caiu na gargalhada com ele, enquanto os adultos sóbrios conversavam.
— Qual é o seu problema, hein? Eu sabia que você iria se machucar com a Beatrice e eu nunca fiquei te dizendo isso, e mesmo socando a cara dela, nunca virei para você e disse que avisei, porque eu queria te ver feliz! — Retruquei.
— Mas são situações diferentes, você claramente estava sendo idiota. — Ele rolou os olhos.
— Você também estava, e mesmo assim não fiquei enchendo a sua cabeça de coisas. — Cruzei os braços.
— Você não sabe escolher homem, , entenda. Já era óbvio esse fim, você só aguentou até aqui para não dar o braço a torcer e dizer que eu estava errado, acho que ele deveria me agradecer por esse relacionamento sem futuro ter durado tanto. — Eu senti tanta raiva naquele momento, que decidi me calar, as duas crianças bêbadas ao nosso lado, voltaram a ser adultos e tentaram intervir, mas eu só joguei o resto da minha bebida na cara de e fui embora.
foi para o Japão, estava na sua empresa dos sonhos, eu não tinha ideia de onde estava, e eu estava na empresa e posição dos sonhos. Mas a empresa não estava indo bem, o chefe havia vindo da Coreia e corria risco de fecharem a filial nos Estados Unidos, me arrependi de ter recusado a vaga de CEO, mas eu estava onde sempre quis estar. Me arrependi mais ainda quando entrou na minha sala.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntei, assustada.
— Senhorita , como você estava se preparando para outra reunião importante, resolvi vir pessoalmente para poupar seu tempo, sou o novo CEO da Food, e irei trabalhar para restaurar a filial, espero que continue dando duro! — Eu queria esbravejar e xingar de todos os nomes possíveis, acho que o chefe esperava essa reação de mim, ele sabia da promessa e que éramos amigos de faculdade, ele estava nos Estados Unidos na época, e sabia que eu tinha vontade de voar no pescoço dele também, mas apenas respirei fundo.
— Claro, Presidente . — Respondi, com um sorriso amarelo.
— Ah, e se possível, use roupas confortáveis apenas se for trabalhar em casa ou com a sala trancada, não deixe que te vejam em uma empresa séria sem uma roupa séria. — Disse, antes de sair, nunca senti tanta raiva na minha vida. E eu estava certa de sentir raiva, os dois anos que vivi naquela empresa com de CEO, foram os piores, ele infernizava a minha vida e namorava as minhas secretárias para me provocar, e como eu não podia descontar nele, eu descontava nelas, e todas pediam demissão. Mas durou apenas dois anos, a empresa alcançou a excelência de novo e ele foi para a Coreia. Sem se despedir.
Agora…
E foi assim que eu acabei nessa situação, um ano se passou e eu sinto que se ele não voltar, tudo vai ficar por um fio de novo. Eu ameacei o chefe, disse que se ele não fosse trabalhar ali, eu pediria demissão. Não foi muito difícil conseguir que ele voltasse, já que segundo o chefe, ele só havia ido para a Coreia para não ser mais o meu superior ali. Aquilo já não importava mais, o inferno que eu vivi naqueles dois anos, foi satisfatório, porque o resultado da empresa foi bom. Me despertei dos meus pensamentos quando vi o homem caminhando em minha direção, ele parecia ainda mais bonito que antes, e fez um sorriso cínico ao me ver.
— O que aconteceu? Por que você está aqui? — Perguntou ele.
— Porque quero trabalhar em um lugar excelente. — Respondi, abaixando a placa.
— Hmmm, não me convenceu, assume que sentiu saudades. — Ele se inclinou um pouco, e eu empurrei a placa contra o abdome dele.
— Vamos logo. — No caminho, expliquei toda a situação a ele, que era similar a da outra vez, mas agora tínhamos um bom time, eu só não aguentava mais ser a carrasca. Desde o momento que ele chegou, o ar mudou, as pessoas começaram a trabalhar desesperadas e eu não via aquela empresa assim fazia um ano, só que meu inferno voltou.
E não demorou um mês, um mês para que ele começasse a namorar uma secretária minha, e eu dei o meu melhor para infernizar a vida dela, mas quanto mais eu fazia isso, mas ela ficava feliz e dizia que amava o trabalho, ela era a secretária que procurei a vida toda, que raiva. me mandou mensagem, dizendo que havia levado um fora e só lembrava de ter acordado na casa de , que precisava que nós dois deixássemos o orgulho de lado de fôssemos beber com ele, já que estava no Japão. Eu recusaria sair com o , exceto pela fofoca que a Secretária Robbins tinha dado um fora nele, então fiz questão de confirmar.
— Ellen, quer ganhar um dia de folga? — Perguntei para uma das integrantes da minha equipe, que assentiu animada. — Descobre porque a Robbins e o se separaram.
— Mas chefe… — Ela ia dizer algo, mas se arrependeu antes de dizer, apenas assentiu. Eu estava exausta, mas ainda tinha um longo expediente pela frente.
— Chefe! — A secretária entrou na minha sala. — O Presidente chegou e está vindo para cá! — Geralmente, ele só parava no meu andar para ir até a minha sala, e eu estava de tênis, jeans e suéter, corri o mais rápido que pude para trocar de roupa, jogando tênis para longe e calçando salto, quando o elevador chegou com ele, eu estava terminando de abotoar meu terninho. Ele entrou na sala, sem bater, como sempre.
— . — Me surpreendi ao ser chamada pelo nome. — Você vai comigo ou…? — Perguntou ele, inclinei a cabeça confusa. — Sair com o . — Completou ele.
— Ah, verdade! Vou, eu não vim de carro hoje. — Respondi, voltando o olhar para o iPad na minha mão.
— No fim do expediente eu passo aqui, então, desculpe não ter avisado que estava subindo e que era um assunto pessoal, você podia ter ficado com suas roupas confortáveis. — Disse, antes de sair, me deixando irritada.
O dia geralmente passa rápido quando você tem muita coisa para fazer, eu só percebi que o expediente havia encerrado quando entrou na minha sala.
— Não vou pagar hora extra, faz 15 minutos que estou esperando na porta. — Disse ele, olhando para o relógio no pulso, faltava tão pouco para finalizar aquela campanha, me arrependi de ter confirmado que iria. Trabalhar me deixa muito mais feliz do que beber.
— Eu não percebi. — Fechei o notebook na minha frente e coloquei na pasta, me levantando. — Estava finalizando a campanha. — Me alonguei, e peguei as chaves da sala. apagou as luzes e saímos. Fomos em silêncio até o bar, já havia começado a beber sozinho.
— Que droga, . — Disse .
— ! ! — Exclamou ele ao nos ver.
— Já está nesse estado? — Perguntei, me sentando ao seu lado, sentou-se na minha frente.
— Eu estava só pensando na vida. — Murmurou ele, claramente bêbado.
— Isso não é uma novidade para nós, . — Ji-hoo virou os olhos e chamou o garçom.
— Não se preocupe, seus amigos estão aqui. — Falei, colocando minha mão em suas costas.
— Sabe do que eu me lembrei? De quando você confortou o , bem assim, quando ele levou um fora da Beatrice. — Riu ele, em meio à um soluço.
— Parece que ele levou outro fora… — Murmurei, me encarou feio.
— Acredita que a namorada dele se apaixonou por mim? Entrou no banheiro achando que era o , e era eu, terminou com ele dizendo que tinha sentido algo diferente ao me ver. — Aquilo foi o suficiente para me fazer cair na gargalhada, a cerveja chegou e o garçom deixou nossos copos cheios.
— Meu Deus, , dessa vez a provocação se virou contra você! — Exclamei, rindo, ele apenas rolou os olhos.
— Parece o que aconteceu com você e o Dave quando você viu o … Vocês não sabem o que eu descobri! Sabe aquele namoro do com a Beatrice? Foi armação do Dave, ele disse para ela que ia terminar com você apenas se ela tivesse um relacionamento breve com o , que você ia ficar decepcionada e voltar para ele, impossível de acreditar. — Nós três suspiramos.
— Para mim não é impossível de acreditar, ela me encarou como se estivesse tirando um prêmio das minhas mãos, nunca esqueço. — Resmunguei, tomando um gole da cerveja.
— Um prêmio não, mas ela levou o seu . — Brincou .
— Para com isso! — Tentei impedir.
— Continua. — parecia confuso.
— Vocês dois são engraçados desde sempre! Os dois já sofreram um pelo outro em momentos diferentes e nunca ficaram juntos, como pode? Talvez eu não seja tão azarado no amor quanto vocês. — Riu, e apagou, seguramos sua cabeça ao mesmo tempo, para que não batesse na mesa.
— Você sofreu por mim? — Falamos em coro.
— Então você já gostou de mim? — Perguntou ele.
— Reprimi todos os meus sentimentos por conta do namoro com a Beatrice. — Respondi, com uma cara feia, colocando a cabeça de na mesa, devagar.
— E eu reprimi todos os meus sentimentos quando você começou a namorar com aquele idiota que quebrou seu coração! E acho que peguei pesado com você naquela época, queria me desculpar. — Eu não sei o que me surpreendeu mais, mas eu apenas assenti.
— Você foi para a mesma empresa ser o meu superior. — Murmurei.
— Eu não tive escolha, a empresa ia falir, meu avô ameaçou me deserdar e você não ia poder trabalhar na empresa dos sonhos, mas assim que eu resolvi tudo, logo voltei para a Coreia, você que me chamou de volta. — Respondeu ele, fazendo um biquinho, que ódio, como era lindo.
— Não queria ter que carregar a empresa nas costas, gosto da minha posição. — Tomei mais um gole da cerveja, e começou a roncar.
— Vamos levar ele. — Disse , se levantando para pagar a conta. Depois apoiamos nos ombros e colocamos dentro do carro, fomos para a minha casa e deixamos ele apagado no sofá, a última vez tinha sido a casa do , agora era a minha vez.
— Bem, acho que é isso. — Falei.
— Posso ficar também? — Perguntou ele. — Não consigo chamar um motorista nessa hora e a polícia pode… — O interrompi.
— Tudo bem, fica com o outro sofá. — Fui para o quarto pegar roupas limpas para tomar banho, abri a primeira gaveta e achei a camisa que me emprestou na faculdade, quando tive meu primeiro porre e dormi na casa dele, eu costumava usar de pijama. Procurei a calça mais larga de pijama que eu tinha, e fui levar até ele, que já estava no banheiro. Bati na porta, ele não respondeu, a água estava caindo, bati de novo e ele não respondeu, abri a porta devagar e espiei, ele estava no box, então entrei de fininho para colocar a roupa em cima da privada, a água parou de cair na hora que deixei a roupa, saí de fininho quando escutei a porta do box abrindo, mas escorreguei, caí para trás, sendo segurada por , que estava apenas de toalha.
— Você veio me espiar no banho? — Perguntou, me ajudando a levantar.
— Que?! Eu vim deixar uma muda de roupa para você, idiota! Me solta! — Esbravejei e saí do banheiro batendo os pés, tomei banho frio no banheiro do quarto, e me lembrei que tinha que mandar consertar. Quando saí, já de pijama, estava sentado na minha cama com a camisa nas mãos e minha calça de pijama.
— O que foi agora? — Perguntei, ele me encarou, sorrindo.
— Você guardou isso. — Ele mostrou a camisa.
— Não coube? Não acho que seu físico mudou muito. — Analisei seu corpo, e parecia o mesmo de antes.
— Essa não é a questão, a questão é que você guardou. — Sentei ao lado dele, que estava cabisbaixo. — Me desculpa se estraguei tudo. — Ele colocou o polegar na minha bochecha e se aproximou, eu deixei, e me aproximei também. Nossos lábios se tocaram, tão rapidamente que parecia mentira, quando nos encaramos e percebemos o que havia acontecido, não tinha mais motivo para evitar. Nos aproximamos, e nos beijamos como se precisássemos daquele beijo para sobreviver, um beijo quente, com uma mistura de paixão e saudades, e eu não estava imaginando coisas, aqueles realmente foram os sentimentos transmitidos pelo beijo. Depois que paramos, deitamos lado a lado, e eu adormeci enquanto olhava aquele rosto lindo.
— Eu trabalho aqui faz 4 anos! — Isso foi o dia seguinte, meu crachá não estava em lugar algum, eu estava atrasada pois passei a manhã no telefone com minha mãe desabafando sobre .
— Desculpe, mas não pode entrar sem crachá. — O segurança respondeu.
— Ela vai entrar comigo. — Mi-suk parou ao meu lado, fazia um tempo que eu não via a mãe e .
— Tia Mi! — Exclamei, ela sorriu e os seguranças abriram caminho para nós. Fomos para o meu andar, e no caminho da sala mexi mais na minha bolsa, e aquele maldito crachá não estava lá.
— Você tem certeza que não deixou em casa? — Perguntou ela.
— Só se caiu da bolsa e eu não vi, que raiva! — Esbravejei, senti alguém puxar meu braço, era . — Olha, eu me atrasei porque meu crachá… — Ele levantou meu crachá.
— Saí apressado porque meu avô me ligou, seu crachá estava no chão e eu achei que fosse o meu. — Explicou-se, me entregando o crachá, tia Mi-suk tinha um sorriso largo no rosto.
— , não saia daqui, preciso falar com a e depois você vai falar com ela! — A tia me puxou para dentro da minha sala, e praticamente me colocou sentada na cadeira. — Eu vou ser breve, porque sei que vocês não gostam de perder tempo! Isso não faz sentido algum, olha quanto tempo vocês já perderam! A sua mãe me disse que você está pensando em fingir que nada aconteceu entre vocês, !? Daqui há 3 anos o tem que ir para o exército na Coreia, e vocês ficam perdendo ainda mais tempo!
— Eu sei, tia, quando ele for para o exército eu vou para o Brasil, e quando ele voltar, eu volto. — Respondi, ligando meu notebook.
— Preste muita atenção, , a sua mãe me encarregou de colocar juízo na sua cabeça, desiste de reprimir esses sentimentos e dessas brigas enquanto vocês têm tempo para viver juntos. — Foi o que ela disse, antes de se levantar, me deixando com cara de idiota. Não demorou muito para que entrasse na sala, se sentasse ao meu lado e ficasse em silêncio.
— Não vai falar nada? — Perguntei, ele negou com a cabeça. — Quando você foi embora, eu senti sua falta, sabe? Todas as vezes que você foi, mas dessa última, eu realmente achei que quando o trabalho desse uma folga, algo poderia acontecer. E enquanto você estava na Coreia, eu admiti a saudade que eu estava de você, deixei o orgulho de lado e pedi para que seu avô te chamasse para me ajudar a manter a empresa, mas também foi por sentir sua falta. Eu tenho muita raiva de sentir isso, e eu reprimo isso com todas as minhas forças, mas não quero ser a culpada por não termos dado certo. Então, eu estou desistindo, das brigas, de reprimir meus sentimentos, de te esquecer, de fingir não me importar, de tudo que me afasta de você! Eu estou me devolvendo para você, , e agora está em suas mãos. — Dei um longo suspiro após dizer tudo, sorriu e segurou minha mão.
— Queria poder dormir e acordar todos os dias olhando para você, igual à noite passada, se você me permitir, quero tentar. — Ele tinha um sorriso no rosto que eu nunca havia visto, não era sarcástico e nem malicioso, era sincero.
— Então, vamos tentar!
Anos atrás…
O segundo semestre de publicidade na Academy of Art University estava começando, e ainda era um sonho para mim estar naquele lugar, sem acreditar que eu tinha ido tão longe, quando todos na minha cidade duvidaram de mim, eu tinha certeza que voltaria ao Brasil bem sucedida, e daria uma boa vida aos meus pais. Fazia pouco tempo, mas tudo já estava se encaminhando, eu já tinha meu próprio grupo de amigos e até mesmo um namorado, éramos populares e inteligentes, e eu estava feliz. Até o primeiro dia de aula do segundo semestre, talvez se eu não tivesse virado o rosto para o lado naquele momento, as coisas poderiam ter sido diferentes, ou talvez não, mas foi aquele momento em que tudo mudou. Dois alunos novos com a jaqueta do curso de publicidade, mais especificamente, da minha turma.
— Quem são esses? — Perguntei, meus amigos se viraram para eles.
— Ah, eu falei com eles hoje cedo, e , eles foram transferidos de outra universidade. — Respondeu Leonard.
— Eles são da China? — Perguntou Beatrice.
— Não, Coreia. — Não é a mesma coisa? — Insistiu ela. Cada vez mais que eu convivia com Beatrice, eu me perguntava porque eu tive que estudar todos os países e continentes na escola, e eles tinham o privilégio de não saber o básico de geografia.
— São países próximos, mas não é a mesma coisa, definitivamente, o Japão também se encaixa nisso, mesmo continente, países diferentes. — Expliquei, ela fingiu entender. Dave, meu namorado, riu.
— Você se faz de idiota, Beatrice? Não é possível! — Não era como se ele tivesse muita moral para falar, mas deixei para lá e voltei meu olhar para os alunos novos, que haviam se sentado com , uma pessoa boa, mas que era excluída pelos outros grupos. , esse era o nome da pessoa que no instante que eu olhei, me fez esquecer que eu tinha um namorado, por que ele era tão bonito? — A parece querer recebê-los. — Disse Beatrice, destilando um pouco de veneno.
— Eu acho uma boa ideia. — Harry, que estava sentado, se levantou, seguido de Scott.
— Sim, temos que recepcioná-los mesmo. — Scott concordou, e fomos os três caminhando até eles, seguidos dos outros.
— Olá. — Falei, os três sentados, se viraram para nós. — Somos da mesma turma, soubemos que foram transferidos, viemos dar as boas vindas! Esses são Harry, Scott, Beatrice, Leonard e… meu namorado Dave! Me chamo , mas podem me chamar de ! — Completei, os dois sorriram.
— Obrigado! — Respondeu um deles. — Sou e esse é . — Os dois fizeram uma leve reverência, que retribuí.
— É um prazer, espero que gostem da faculdade, e podem me procurar se precisarem de algo! — Tentei ser o mais simpática possível, eu sabia como era estar estudando longe de casa.
— Obrigado. — Disse , parecia que meu corpo inteiro havia se arrepiado após escutar sua voz. — Você não é daqui, é? Digo, sua nacionalidade. — Neguei com a cabeça.
— Sou do Brasil. — Respondi, os dois pareciam ter achado o máximo, pela reação alegre. E ali o nosso pequeno grupo, se tornou o "grupão". Quanto mais os dias passavam, mais eu me encantava com , apesar de lutar contra isso com todas as minhas forças, ele era uma pessoa incrível, fofo e inteligente, além de ser muito bonito, eu estava quase arrependida de ter começado a namorar com Dave, que mesmo com todo meu esforço, parecia estar percebendo isso. E não era apenas por , quanto mais eu tentava, mas eu via que nós não éramos nada parecidos. O que aconteceu depois, aconteceu muito rápido.
— Festa no final de semana que vem na minha casa! — Disse Beatrice, distribuindo os convites na nossa mesa.
— Cadê o Dave? — Perguntou .
— Nós terminamos, e eu não quero falar sobre isso. — Dave havia feito um discurso sobre como ele estava atrapalhando a minha verdadeira felicidade e que eu deveria expor meus verdadeiros sentimentos antes que fosse tarde, mas aparentemente já era tarde. Olhei para o lado e e Beatrice estavam se beijando, o que me fez suspirar, se eu ao menos fosse esperta o suficiente isso não aconteceria, eu teria continuado vivendo a minha vida e não estaria sentindo meu peito tão apertado por causa de uma pessoa que eu nem tinha nada. O pior foi o jeito que Beatrice me olhou, como se ela tivesse me vencido, e nós nem estávamos disputando nada. As semanas passaram normalmente, até a festa de Beatrice, era difícil não vomitar vendo as cenas que ela fazia com , e eu não era a única incomodada, e não suportavam mais tudo aquilo. Mas é claro que para mim era diferente, já que eu já tinha imaginado todo nosso futuro juntos, só de olhar para ele uma vez.
Então, chegamos os quatro na festa, eu, , e , mas logo ficamos apenas os três bebendo. O que foi um erro, eu não sabia que bebia tanto, e podemos dizer que eu, naquele momento, não estava apta para acompanhá-lo. Eu me lembro de alguns flashes, como eu dançando na mesa e chorando no colo dele.
— Eu sou tão tão tão idiota! Agora ele tá lá com a Beatrice, e eu fiquei sozinha, sem namorado e sem crush. Idiota, idiota, idiota. — Essa foi a última coisa que me lembro de ter feito, depois acordei em um dos quartos com muita dor de cabeça. O resto também foi um flash, desci as escadas e quem estava na mesa era , num impulso, corri até ele para segurá-lo antes que caísse, ao mesmo tempo que , e o ajudamos a descer da mesa.
— Eu levo ele para casa. — Falei, negou com a cabeça.
— Minutos atrás você não estava se aguentando em pé, eu vou levar os três agora para casa. — Respondeu, e foi quando eu notei dormindo debruçada na mesa. Ele foi extremamente atencioso com nós três, colocando todos no carro e dirigindo até o apartamento onde ele morava, subimos com e , colocamos um na cama do quarto de hóspedes e o outro no sofá, não levou muito tempo para que apagassem.
— Ufa, agora eu vou para casa. — Falei, me virando e indo em direção à porta, eu teria ido, se ele não tivesse segurado meu pulso.
— Fica no meu quarto… — Eu tenho certeza que meu rosto corou nesse instante, já que senti o rosto todo queimar. — Eu durmo aqui na sala. — E a queimação acabou, apenas assenti e fui tomar um banho, vesti uma camiseta dele e dormi, estava realmente cansada.
As semanas seguintes foram satisfatórias, eu quase sempre estava estudando ou comendo enquanto escutava as brigas de Beatrice e , eu não queria vê-lo sofrer, mas pela expressão que ela fez quando eu vi o beijo, parecia que aquilo era mais sobre eu e ela do que sobre os dois.
— Você colocou os seus amigos como prioridade, acima de mim! — Essa discussão estava mais demorada e direta que as outras, geralmente ela só ficava sendo grosseira sem motivo e ele ficava triste.
— Do que você está falando? Os três estavam apagados! — Respondeu ele, ela rolou os olhos.
— Eu também estava! Mas você foi embora e levou eles, cada um para as suas casas, e nem se certificou de saber se eu estava bem! — Bem aí, nesse momento, se ele queria resolver a briga, ele deveria ter pedido desculpas, mas ele deu a pior resposta.
— Eu te mandei uma mensagem, e eu não levei cada um para as suas casas, todos dormiram lá em casa, o no quarto de hóspedes, a no sofá e a no meu quarto. — A no meu quarto. Eu tenho certeza que isso ecoou pela mente de Beatrice milhares de vezes.
— Por mais que você me diga que dormiu no sofá, eu não vou aceitar isso, você acabou de me dizer quem são as suas prioridades e eu não vou me colocar entre vocês, acabou! — Esbravejou ela, antes de sair batendo os pés, sentou ao meu lado e encostou sua cabeça na mesa. Dei dois tapinhas de leve nas suas costas.
— Tudo bem? — Perguntei, ele apenas assentiu. Pelo curto período de tempo que eles ficaram juntos, ele realmente gostava dela, o coitado mergulhou de cabeça em uma pessoa rasa demais, mas isso só ficou claro anos depois.
Beatrice decidiu que iria infernizar a nossa vida até não dar mais, e eu perdi as contas de quantas vezes tentei socar a sua cara, e fui impedida por . Na última vez, eu nunca vi uma pessoa correr tanto para impedir uma briga, mas ele chegou parecendo um super herói. Tudo bem ela me humilhar, não era como se eu ligasse, mas as piadas com e eu nunca aceitei, parecia que aquilo nunca ia acabar, até ela mudar de alvo. Nós sempre sentávamos nos bancos do pátio quando estava calmo, para revisar a matéria, e fazer trabalhos, já que viramos o grupo perfeito para apresentação de trabalhos. O restante do "grupão" só ficava jogando conversa fora mesmo, até esse dia.
— Ei, ! — Disse Beatrice, se aproximando com Dave. — Estou vindo te contar pessoalmente, porque sei que nosso término partiu seu coração, agora eu estou com o Dave, então você pode me superar! — O tom de deboche na voz da mesma, me deu nos nervos. — Talvez assim você aprenda a ser homem e leve alguma mulher para a cama, já que você não teve a capacidade comigo. — Olhei para o lado e estava cabisbaixo, respirei fundo e me levantei. — Por que você não… — Ninguém jamais saberá o que viria a seguir, já que meu punho cerrado acertou a cara dela, fazendo-a se desequilibrar e ser segurada por Dave, juntei minhas coisas, e os outros fizeram o mesmo, puxei , que estava boquiaberto, pelo braço, e e juntaram suas coisas, e fomos os quatro caminhando de braços dados. À partir desse momento, o "grupão" se dividiu, e nós viramos quatro.
— Nós somos intocáveis agora. — Falei.
E era verdade, nós fomos intocáveis por muitos anos. sempre dormia nas festa e sempre dava trabalho, ao longo dos anos ele se envolveu com muitas mulheres diferentes e levou um fora de cada uma delas, e nós sempre tivemos que cuidar dele. Nós formamos um grupo unido e com sentimentos sinceros, eu reprimi todos os meus sentimentos por desde o segundo semestre, e parecia que tinha funcionado.
— E se por acaso algum de nós virar superior do outro em alguma empresa? — Perguntou , no dia em que estávamos escolhendo onde aplicaríamos no futuro.
— Nós poderíamos fazer uma promessa, ir para empresas diferentes. — Sugeriu , nós assentimos.
— É verdade que seria um saco ter qualquer um de vocês como superior… — Resmunguei.
— E como subordinados também. — Completou .
— E então, para onde vocês vão? — Perguntou ele, indicou uma empresa que era uma filial de uma empresa maior que era localizada no Japão, escolheu uma empresa musical.
— Eu quero ir para a Food. — Respondi, era uma empresa de alimentos que também era uma filial, a matriz era localizada na Coreia do Sul, riu fraco.
— É a empresa da minha família, ainda bem que não me interesso por culinária. — Respondeu ele, indicando uma empresa de entretenimento. e eu ficamos um pouco chocadas em saber que o no nome dele não era coincidência. Ali selamos a promessa de que não iríamos para a mesma empresa por nada.
Eu arrumei um namorado, e eu estava feliz, mesmo com e toda a sua negatividade, sempre me dizendo que eu iria me machucar. O relacionamento durou até depois da faculdade, mas acabou dando errado. Parte de mim acreditava que a culpa era de que havia sido tão negativo, eu estava tão apaixonada, foi a segunda vez que meu coração se partiu, então saímos para beber.
— Eu te disse que isso ia acontecer. — Resmungou , murmurou algo impossível de entender e caiu na gargalhada com ele, enquanto os adultos sóbrios conversavam.
— Qual é o seu problema, hein? Eu sabia que você iria se machucar com a Beatrice e eu nunca fiquei te dizendo isso, e mesmo socando a cara dela, nunca virei para você e disse que avisei, porque eu queria te ver feliz! — Retruquei.
— Mas são situações diferentes, você claramente estava sendo idiota. — Ele rolou os olhos.
— Você também estava, e mesmo assim não fiquei enchendo a sua cabeça de coisas. — Cruzei os braços.
— Você não sabe escolher homem, , entenda. Já era óbvio esse fim, você só aguentou até aqui para não dar o braço a torcer e dizer que eu estava errado, acho que ele deveria me agradecer por esse relacionamento sem futuro ter durado tanto. — Eu senti tanta raiva naquele momento, que decidi me calar, as duas crianças bêbadas ao nosso lado, voltaram a ser adultos e tentaram intervir, mas eu só joguei o resto da minha bebida na cara de e fui embora.
foi para o Japão, estava na sua empresa dos sonhos, eu não tinha ideia de onde estava, e eu estava na empresa e posição dos sonhos. Mas a empresa não estava indo bem, o chefe havia vindo da Coreia e corria risco de fecharem a filial nos Estados Unidos, me arrependi de ter recusado a vaga de CEO, mas eu estava onde sempre quis estar. Me arrependi mais ainda quando entrou na minha sala.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntei, assustada.
— Senhorita , como você estava se preparando para outra reunião importante, resolvi vir pessoalmente para poupar seu tempo, sou o novo CEO da Food, e irei trabalhar para restaurar a filial, espero que continue dando duro! — Eu queria esbravejar e xingar de todos os nomes possíveis, acho que o chefe esperava essa reação de mim, ele sabia da promessa e que éramos amigos de faculdade, ele estava nos Estados Unidos na época, e sabia que eu tinha vontade de voar no pescoço dele também, mas apenas respirei fundo.
— Claro, Presidente . — Respondi, com um sorriso amarelo.
— Ah, e se possível, use roupas confortáveis apenas se for trabalhar em casa ou com a sala trancada, não deixe que te vejam em uma empresa séria sem uma roupa séria. — Disse, antes de sair, nunca senti tanta raiva na minha vida. E eu estava certa de sentir raiva, os dois anos que vivi naquela empresa com de CEO, foram os piores, ele infernizava a minha vida e namorava as minhas secretárias para me provocar, e como eu não podia descontar nele, eu descontava nelas, e todas pediam demissão. Mas durou apenas dois anos, a empresa alcançou a excelência de novo e ele foi para a Coreia. Sem se despedir.
Agora…
E foi assim que eu acabei nessa situação, um ano se passou e eu sinto que se ele não voltar, tudo vai ficar por um fio de novo. Eu ameacei o chefe, disse que se ele não fosse trabalhar ali, eu pediria demissão. Não foi muito difícil conseguir que ele voltasse, já que segundo o chefe, ele só havia ido para a Coreia para não ser mais o meu superior ali. Aquilo já não importava mais, o inferno que eu vivi naqueles dois anos, foi satisfatório, porque o resultado da empresa foi bom. Me despertei dos meus pensamentos quando vi o homem caminhando em minha direção, ele parecia ainda mais bonito que antes, e fez um sorriso cínico ao me ver.
— O que aconteceu? Por que você está aqui? — Perguntou ele.
— Porque quero trabalhar em um lugar excelente. — Respondi, abaixando a placa.
— Hmmm, não me convenceu, assume que sentiu saudades. — Ele se inclinou um pouco, e eu empurrei a placa contra o abdome dele.
— Vamos logo. — No caminho, expliquei toda a situação a ele, que era similar a da outra vez, mas agora tínhamos um bom time, eu só não aguentava mais ser a carrasca. Desde o momento que ele chegou, o ar mudou, as pessoas começaram a trabalhar desesperadas e eu não via aquela empresa assim fazia um ano, só que meu inferno voltou.
E não demorou um mês, um mês para que ele começasse a namorar uma secretária minha, e eu dei o meu melhor para infernizar a vida dela, mas quanto mais eu fazia isso, mas ela ficava feliz e dizia que amava o trabalho, ela era a secretária que procurei a vida toda, que raiva. me mandou mensagem, dizendo que havia levado um fora e só lembrava de ter acordado na casa de , que precisava que nós dois deixássemos o orgulho de lado de fôssemos beber com ele, já que estava no Japão. Eu recusaria sair com o , exceto pela fofoca que a Secretária Robbins tinha dado um fora nele, então fiz questão de confirmar.
— Ellen, quer ganhar um dia de folga? — Perguntei para uma das integrantes da minha equipe, que assentiu animada. — Descobre porque a Robbins e o se separaram.
— Mas chefe… — Ela ia dizer algo, mas se arrependeu antes de dizer, apenas assentiu. Eu estava exausta, mas ainda tinha um longo expediente pela frente.
— Chefe! — A secretária entrou na minha sala. — O Presidente chegou e está vindo para cá! — Geralmente, ele só parava no meu andar para ir até a minha sala, e eu estava de tênis, jeans e suéter, corri o mais rápido que pude para trocar de roupa, jogando tênis para longe e calçando salto, quando o elevador chegou com ele, eu estava terminando de abotoar meu terninho. Ele entrou na sala, sem bater, como sempre.
— . — Me surpreendi ao ser chamada pelo nome. — Você vai comigo ou…? — Perguntou ele, inclinei a cabeça confusa. — Sair com o . — Completou ele.
— Ah, verdade! Vou, eu não vim de carro hoje. — Respondi, voltando o olhar para o iPad na minha mão.
— No fim do expediente eu passo aqui, então, desculpe não ter avisado que estava subindo e que era um assunto pessoal, você podia ter ficado com suas roupas confortáveis. — Disse, antes de sair, me deixando irritada.
O dia geralmente passa rápido quando você tem muita coisa para fazer, eu só percebi que o expediente havia encerrado quando entrou na minha sala.
— Não vou pagar hora extra, faz 15 minutos que estou esperando na porta. — Disse ele, olhando para o relógio no pulso, faltava tão pouco para finalizar aquela campanha, me arrependi de ter confirmado que iria. Trabalhar me deixa muito mais feliz do que beber.
— Eu não percebi. — Fechei o notebook na minha frente e coloquei na pasta, me levantando. — Estava finalizando a campanha. — Me alonguei, e peguei as chaves da sala. apagou as luzes e saímos. Fomos em silêncio até o bar, já havia começado a beber sozinho.
— Que droga, . — Disse .
— ! ! — Exclamou ele ao nos ver.
— Já está nesse estado? — Perguntei, me sentando ao seu lado, sentou-se na minha frente.
— Eu estava só pensando na vida. — Murmurou ele, claramente bêbado.
— Isso não é uma novidade para nós, . — Ji-hoo virou os olhos e chamou o garçom.
— Não se preocupe, seus amigos estão aqui. — Falei, colocando minha mão em suas costas.
— Sabe do que eu me lembrei? De quando você confortou o , bem assim, quando ele levou um fora da Beatrice. — Riu ele, em meio à um soluço.
— Parece que ele levou outro fora… — Murmurei, me encarou feio.
— Acredita que a namorada dele se apaixonou por mim? Entrou no banheiro achando que era o , e era eu, terminou com ele dizendo que tinha sentido algo diferente ao me ver. — Aquilo foi o suficiente para me fazer cair na gargalhada, a cerveja chegou e o garçom deixou nossos copos cheios.
— Meu Deus, , dessa vez a provocação se virou contra você! — Exclamei, rindo, ele apenas rolou os olhos.
— Parece o que aconteceu com você e o Dave quando você viu o … Vocês não sabem o que eu descobri! Sabe aquele namoro do com a Beatrice? Foi armação do Dave, ele disse para ela que ia terminar com você apenas se ela tivesse um relacionamento breve com o , que você ia ficar decepcionada e voltar para ele, impossível de acreditar. — Nós três suspiramos.
— Para mim não é impossível de acreditar, ela me encarou como se estivesse tirando um prêmio das minhas mãos, nunca esqueço. — Resmunguei, tomando um gole da cerveja.
— Um prêmio não, mas ela levou o seu . — Brincou .
— Para com isso! — Tentei impedir.
— Continua. — parecia confuso.
— Vocês dois são engraçados desde sempre! Os dois já sofreram um pelo outro em momentos diferentes e nunca ficaram juntos, como pode? Talvez eu não seja tão azarado no amor quanto vocês. — Riu, e apagou, seguramos sua cabeça ao mesmo tempo, para que não batesse na mesa.
— Você sofreu por mim? — Falamos em coro.
— Então você já gostou de mim? — Perguntou ele.
— Reprimi todos os meus sentimentos por conta do namoro com a Beatrice. — Respondi, com uma cara feia, colocando a cabeça de na mesa, devagar.
— E eu reprimi todos os meus sentimentos quando você começou a namorar com aquele idiota que quebrou seu coração! E acho que peguei pesado com você naquela época, queria me desculpar. — Eu não sei o que me surpreendeu mais, mas eu apenas assenti.
— Você foi para a mesma empresa ser o meu superior. — Murmurei.
— Eu não tive escolha, a empresa ia falir, meu avô ameaçou me deserdar e você não ia poder trabalhar na empresa dos sonhos, mas assim que eu resolvi tudo, logo voltei para a Coreia, você que me chamou de volta. — Respondeu ele, fazendo um biquinho, que ódio, como era lindo.
— Não queria ter que carregar a empresa nas costas, gosto da minha posição. — Tomei mais um gole da cerveja, e começou a roncar.
— Vamos levar ele. — Disse , se levantando para pagar a conta. Depois apoiamos nos ombros e colocamos dentro do carro, fomos para a minha casa e deixamos ele apagado no sofá, a última vez tinha sido a casa do , agora era a minha vez.
— Bem, acho que é isso. — Falei.
— Posso ficar também? — Perguntou ele. — Não consigo chamar um motorista nessa hora e a polícia pode… — O interrompi.
— Tudo bem, fica com o outro sofá. — Fui para o quarto pegar roupas limpas para tomar banho, abri a primeira gaveta e achei a camisa que me emprestou na faculdade, quando tive meu primeiro porre e dormi na casa dele, eu costumava usar de pijama. Procurei a calça mais larga de pijama que eu tinha, e fui levar até ele, que já estava no banheiro. Bati na porta, ele não respondeu, a água estava caindo, bati de novo e ele não respondeu, abri a porta devagar e espiei, ele estava no box, então entrei de fininho para colocar a roupa em cima da privada, a água parou de cair na hora que deixei a roupa, saí de fininho quando escutei a porta do box abrindo, mas escorreguei, caí para trás, sendo segurada por , que estava apenas de toalha.
— Você veio me espiar no banho? — Perguntou, me ajudando a levantar.
— Que?! Eu vim deixar uma muda de roupa para você, idiota! Me solta! — Esbravejei e saí do banheiro batendo os pés, tomei banho frio no banheiro do quarto, e me lembrei que tinha que mandar consertar. Quando saí, já de pijama, estava sentado na minha cama com a camisa nas mãos e minha calça de pijama.
— O que foi agora? — Perguntei, ele me encarou, sorrindo.
— Você guardou isso. — Ele mostrou a camisa.
— Não coube? Não acho que seu físico mudou muito. — Analisei seu corpo, e parecia o mesmo de antes.
— Essa não é a questão, a questão é que você guardou. — Sentei ao lado dele, que estava cabisbaixo. — Me desculpa se estraguei tudo. — Ele colocou o polegar na minha bochecha e se aproximou, eu deixei, e me aproximei também. Nossos lábios se tocaram, tão rapidamente que parecia mentira, quando nos encaramos e percebemos o que havia acontecido, não tinha mais motivo para evitar. Nos aproximamos, e nos beijamos como se precisássemos daquele beijo para sobreviver, um beijo quente, com uma mistura de paixão e saudades, e eu não estava imaginando coisas, aqueles realmente foram os sentimentos transmitidos pelo beijo. Depois que paramos, deitamos lado a lado, e eu adormeci enquanto olhava aquele rosto lindo.
— Eu trabalho aqui faz 4 anos! — Isso foi o dia seguinte, meu crachá não estava em lugar algum, eu estava atrasada pois passei a manhã no telefone com minha mãe desabafando sobre .
— Desculpe, mas não pode entrar sem crachá. — O segurança respondeu.
— Ela vai entrar comigo. — Mi-suk parou ao meu lado, fazia um tempo que eu não via a mãe e .
— Tia Mi! — Exclamei, ela sorriu e os seguranças abriram caminho para nós. Fomos para o meu andar, e no caminho da sala mexi mais na minha bolsa, e aquele maldito crachá não estava lá.
— Você tem certeza que não deixou em casa? — Perguntou ela.
— Só se caiu da bolsa e eu não vi, que raiva! — Esbravejei, senti alguém puxar meu braço, era . — Olha, eu me atrasei porque meu crachá… — Ele levantou meu crachá.
— Saí apressado porque meu avô me ligou, seu crachá estava no chão e eu achei que fosse o meu. — Explicou-se, me entregando o crachá, tia Mi-suk tinha um sorriso largo no rosto.
— , não saia daqui, preciso falar com a e depois você vai falar com ela! — A tia me puxou para dentro da minha sala, e praticamente me colocou sentada na cadeira. — Eu vou ser breve, porque sei que vocês não gostam de perder tempo! Isso não faz sentido algum, olha quanto tempo vocês já perderam! A sua mãe me disse que você está pensando em fingir que nada aconteceu entre vocês, !? Daqui há 3 anos o tem que ir para o exército na Coreia, e vocês ficam perdendo ainda mais tempo!
— Eu sei, tia, quando ele for para o exército eu vou para o Brasil, e quando ele voltar, eu volto. — Respondi, ligando meu notebook.
— Preste muita atenção, , a sua mãe me encarregou de colocar juízo na sua cabeça, desiste de reprimir esses sentimentos e dessas brigas enquanto vocês têm tempo para viver juntos. — Foi o que ela disse, antes de se levantar, me deixando com cara de idiota. Não demorou muito para que entrasse na sala, se sentasse ao meu lado e ficasse em silêncio.
— Não vai falar nada? — Perguntei, ele negou com a cabeça. — Quando você foi embora, eu senti sua falta, sabe? Todas as vezes que você foi, mas dessa última, eu realmente achei que quando o trabalho desse uma folga, algo poderia acontecer. E enquanto você estava na Coreia, eu admiti a saudade que eu estava de você, deixei o orgulho de lado e pedi para que seu avô te chamasse para me ajudar a manter a empresa, mas também foi por sentir sua falta. Eu tenho muita raiva de sentir isso, e eu reprimo isso com todas as minhas forças, mas não quero ser a culpada por não termos dado certo. Então, eu estou desistindo, das brigas, de reprimir meus sentimentos, de te esquecer, de fingir não me importar, de tudo que me afasta de você! Eu estou me devolvendo para você, , e agora está em suas mãos. — Dei um longo suspiro após dizer tudo, sorriu e segurou minha mão.
— Queria poder dormir e acordar todos os dias olhando para você, igual à noite passada, se você me permitir, quero tentar. — Ele tinha um sorriso no rosto que eu nunca havia visto, não era sarcástico e nem malicioso, era sincero.
— Então, vamos tentar!
Fim!
Nota da autora: oii gente, tudo bem? espero que sim! espero que tenham gostado, vou deixar meu insta de autora, pra vcs conferirem minhas outras fics, e o grupo no whatsapp de leitoras, beijos!
Nota da scripter: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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