estava retornando á sua Aldeia, após tentar a vida em uma cidade grande, e ter quebrado a cara, ele retornava para casa. Seu avô Elsu tinha ficado muito magoado quando ele partiu, ao invés de ficar e ser seu sucessor na linhagem principal. Ele sabia que o avô jogaria na cara dele o quanto ele foi idiota, e ele suspirava só de pensar nisso. “3.456 habitantes” era o que dizia na placa, na entrada da cidade. O ônibus não iria até a Reserva, então seus primos, Stefan e Klaus, iriam busca-lo. Ele desceu do ônibus, jogando seus cabelos longos para trás, e avistou os outros.
— ! — Exclamou um dos meninos, colocando os olhos nele.
— Stefan, Klaus! — Eles deram um abraço em trio, Stefan colocou um capacete, e entregou outro para .
— Desde quando vocês pilotam motos? — Perguntou , subindo na moto, enquanto Klaus pegava sua outra mala.
— Já faz um bom tempo, as coisas mudaram por aqui, mas é bom ver que o próximo Alfa voltou para casa. — Disse Klaus, subindo na moto, e apenas sorriu de lado, enquanto colocava o capacete. Sentindo o vento sacudir seus cabelos longos, sentia o cheiro da floresta a cada inspiração. Ele sentia saudades de casa, talvez tenha sido realmente um erro ter partido. Ele queria se tornar um advogado de sucesso, mas não conseguiu emprego algum. Quando as motos estacionaram, ele tinha certeza que estava em casa. Todas as casas próximas umas as outras, crianças correndo livremente e brincando. Elsu vinha em sua direção, com uma espingarda nas costas.
— O bom filho a casa torna. — Disse Elsu, se aproximando do neto.
— Vovô. — Respondeu , sorrindo para o mais velho, que o encarava sério. Elsu não conseguiu manter a pose por muito tempo, e começou a gargalhar, abraçando o neto.
— Estou tão feliz que tenha voltado. — Ele conduziu o neto, ainda abraçados, até a entrada da casa que ficava no meio. As outras foram construídas de modo que aquela casa ficasse centralizada, pois era a casa da linhagem principal. Elsu e caminharam até lá. — Faremos uma fogueira hoje de noite, para comemorar a sua volta, contaremos histórias, espero que se sinta em casa. — O homem bateu de leve no peito do neto, que sorriu.
— Já estou me sentindo em casa. — Respondeu, saindo do abraço e largando sua mochila no sofá.
— Eu torcia para que voltasse. — Disse o mais velho, guardando a espingarda. — Mas também torcia para que obtivesse sucesso em seus planos.
— Mas torcia mais para que eu voltasse. — Respondeu se jogando no sofá, e seu avô gargalhou.
— Não posso te obrigar a ficar em um lugar que não queira estar. — Foi a última coisa que ouviu de seu avô, que subiu as escadas. Ele suspirou e se deitou no sofá, adormecendo.
Despertou com seus primos entrando em sua casa, e uivando como lobos. Percebeu que já era de noite.
— Você tem exatamente 5 minutos para nos encontrar na fogueira. — Disse Klaus, Stefan riu, ele se levantou, meio sonolento. E caminhou até eles.
— É o tempo que eu escovo os dentes. — Ele pegou sua mochila e foi até o banheiro, onde jogou uma água no rosto, e enquanto escovava os dentes podia ouvir os meninos gritando para que ele tomasse um banho. Ele voltou para a sala, rindo.
— Você deveria ter tomado um banho, mas se demorarmos mais, nós iremos nos atrasar. — Disse Stefan, os empurrou e eles gargalharam. O três caminharam juntos, e todos que estavam naquele círculo, viraram seu olhar para ele. Todos rostos conhecidos, que se dividiam entre os que eram gratos por ele ter retornado, e os que achavam que já que ele partiu, ele deveria ficar por lá mesmo. Elsu fez sinal para que ele se sentasse ao seu lado, e assim ele o fez.
— Hoje estamos aqui, para além de contar histórias, comemorar a volta do meu neto, ! Para os mais novos, esses momentos são importantes para que vocês conheçam nosso legado, e entendam que vivemos em uma realidade dura. A história que eu vou contar, era a história de um velho amigo da família. Vamos começar do início: os contos dos Quileutes são passados no começo do mundo, quando animais eram como seres humanos. Eles podiam falar, remar canoas, e viver em grandes casas. Em algumas tribos indígenas, seu personagem principal costuma ser um Corvo, em outras um Coiote. Não importa o que ele seja, mas ele é o personagem que traz luz às pessoas ao criar o som, a lua, as estrelas, ou provoca a maré para que elas possam colher moluscos. Para isso, ele adquire outra forma. Os Quileutes, somos nós. E na nossa tribo, os personagens principais são os lobos. Mas além dos Quileutes, existe uma outra lenda, que são os Frios. Eles são seres sanguinários e maus. E esse amigo da família, é a prova disso. Muitos anos atrás, ele encontrou uma mulher, que era linda como um anjo, ele costumava a dizer que ela era uma deusa. Mas na verdade, ela era um demônio. Em algum lugar ao longo desta estrada, foi o dia em que ele perdeu sua alma.
James tinha seus olhos fixos na mulher em sua frente, ela parecia um anjo que andava sobre a terra. Uma deusa que havia cruzado seu caminho, a mulher para quem ele daria o seu coração. Ele estava perdidamente apaixonado por tamanha beleza, que estava completamente cego, não enxergava o mundo à sua volta da forma que deveria. Então, em um dia frio, ele a encontrou em uma estrada, e foi ali, que ele perdera sua alma. O homem que havia lhe dado tudo, teve seu coração dilacerado, por uma mulher mais fria que o inverno. Servindo como banquete para os outros de sua espécie. Suas últimas palavras foram “como você pode ser tão sem coração?” e foram ouvidas pelos Quileutes, que se aproximavam dali e afastaram os Frios do pobre homem, que não resistiu. Ele teve seu coração partido por uma mulher mais fria que o inverno.
— Essas pessoas, se é que podemos chamá-las de pessoas, não são o tipo que podemos nos aproximar, e muito menos entregar nossos corações. — Elsu finaliza a história, levantando seu copo, e tomando um gole de cerveja. Fazendo com que todos fizessem o mesmo. achava aquelas histórias bizarras, e tinha certeza que era invenção. Supostamente, ele deveria se transformar em lobo, ainda adolescente. E ele não tinha nada de lobo.
Após a fogueira, eles beberam cerveja durante a noite, e foi para casa dormir. Quanto mais ele tentava dormir, menos conseguia tirar da cabeça aquela história maluca sobre Os Frios. Quando finalmente conseguiu dormir, seu despertador tocou. Ele estava um caco, mas ia tentar procurar um emprego. Após tomar café da manhã, pegou a picape velha de seu avô, e foi até o centro da cidade. No caminho, encontrou uma mulher, com o carro quebrado, e parou para ajudar.
— Quer ajuda? — Perguntou, enquanto estacionava a picape, ela se virou para ele, e ela parecia um anjo.
— Eu agradeceria se me ajudasse. — Ela sorriu de lado, ele desceu da picape e foi olhar o motor do carro. Ela fez uma cara feia quando ele chegou perto, e ele estranhou.
— Aparentemente não é nada demais... — Ele mexeu em uns fios. — Esses fios aqui, estão um pouco frouxos, eu apertei um pouco, mas recomendo que procure um mecânico. — Ele se virou para ela, que sorriu. — Pode ir até a Reserva se quiser, que eu conserto para você.
— Muito obrigada... Como é mesmo seu nome? — Ela colocou o cabelo atrás da orelha, e olhou diretamente em seus olhos, ele sentiu o corpo arrepiar.
— , e você é?
— . — Ela sorriu, e estendeu a mão para ele, que apertou sua mão.
— ? Você mora aqui há quanto tempo? — Perguntou ele, meio confuso, achava que tinha escutado aquele sobrenome em algum lugar.
— Nos mudamos faz pouco tempo, nós éramos de Londres. — Ela era simpática demais.
— E por que vieram para cá? — Ele entortou a boca.
— Gosto do clima frio daqui, e a cidade é mais calma. — Ela continuava sorrindo, achava que se tivesse outra expressão, não conseguiria disfarçar o nojo que estava sentindo daquele fedor.
— Bom, eu já não gosto do frio. — Respondeu ele, colocando as mãos nos bolsos da jaqueta.
— E por que mora em uma das cidades mais frias dos Estados Unidos? — Perguntou ela, rindo fraco.
— Eu voltei ontem, minha família é daqui, já ouviu falar sobre os ?
— Não, acho que não. — Ela sorria. — Bom, foi um prazer, ! E obrigada pela ajuda. — Ela sorriu e caminhou até o carro, ele ficou parado, com cara de bobo, enquanto ela saía com o carro. Ele se arrependeu de não ter pedido seu telefone, ela era extremamente linda, como uma deusa. Seus cabelos eram longos e escuros, sua pele era pálida, e seus olhos tinham uma cor de mel, eram lindos, assim como tudo nela. Ele estava hipnotizado. Ele entrou na picape, e voltou para a Reserva, não conseguia tirar a imagem daquela garota da cabeça. Quando chegou na Reserva, foi recebido por Klaus, que bateu de leve no capô da picape, enquanto estacionava.
— E aí, cara?! Conseguiu encontrar algo? — Perguntou Klaus, se afastando, para abrir a porta e descer do carro.
— Encontrei... — Respondeu ele, saltando do carro. — E ela era linda.
— Ela? Quem? — Perguntou Stefan, se aproximando.
— Uma garota que encontrei na estrada, com o carro quebrado. Aliás, ela virá na Reserva para que eu conserte o carro dela. — Respondeu, com cara de bobo.
— Qual era o nome dela? — Stefan estava com uma sobrancelha arqueada.
— .
— Você está louco? — Stefan aumentou o tom de voz, e Klaus gargalhou.
— Os não vêm aqui. — Disse Klaus.
— Vocês os conhecem? Ela disse que não conhecia os , e que havia se mudado faz pouco tempo. — estava confuso.
— Retornado, ela quis dizer. — Respondeu Klaus, Stefan estava com uma cara feia.
— Fique longe dessa garota, . — Resmungou Stefan, saindo bufando de perto deles.
— Não liga pra ele, cara! — Disse Klaus, colocando a mão no ombro de , que estava confuso. — O Stefan anda meio estressado nos últimos dias. — Concluiu, saindo de perto do primo. ficou lá, parado e confuso.
Mais tarde, acompanhou seu avô até o centro da cidade. Eles precisavam comprar alguns mantimentos, já que agora ele havia retornado. Foram até um supermercado, onde verificavam as prateleiras pensando no que comprar.
— E então, você decidiu que vai ficar na oficina mesmo? — Perguntou Elsu, colocando uma caixa no carrinho, e deu de ombros.
— Eu não cheguei a vir na cidade, mas pode ser. — Ele torceu o lábio.
— Entendi, bom, acho que isso será o suficiente. — Disse Elsu, empurrando o carrinho. — O resto tem na reserva. — Caminharam até o caixa, onde pagaram as compras, e levaram até a picape.
— Você tem noção com quem está falando? — Os dois escutaram uma voz feminina, e se viraram para ver, era uma menina de cabelo ruivo, que discutia com Stefan, que estava sendo contido por Klaus. A expressão de Elsu mudou quando colocou os olhos na menina, ele parecia preocupado, e correu na direção deles, sendo seguido por .
— Eu sei muito bem com quem estou falando, você e sua gentinha, fiquem longe da minha família! — Stefan rosnou para a garota, que não se intimidou, e foi para cima dele.
— Caitlyn! — Uma outra voz feminina foi ouvida, e se lembrava daquela, era , que se aproximava a fim de conter a outra menina.
— O que está acontecendo aqui? — Perguntou Elsu, se aproximando, seguido de .
— Esse selvagem me atacou! — Respondeu a ruiva, e se prostrou ao seu lado.
— E o que você fez para que ele te atacasse?
— Por que pensa que ela fez algo? — Retrucou . — Você deveria prender seus cachorros em uma coleira! — A voz da garota parecia diferente e mais fria, se assustou ao ouvi-la falar assim.
— Porque ele não iria para cima dela do nada! — Respondeu Elsu, com uma cara de bravo, as garotas o encaravam com um olhar de desdenho.
— Pois ele veio! — Respondeu Caitlyn, e Klaus suspirou.
— É verdade, vô. — Disse Klaus, Stefan amarrou a cara.
— Por que fez isso, Stefan? — Perguntou Elsu, o encarando sério, estava encolhido no canto apenas observando defendendo a garota.
— Porque eu quero que eles fiquem longe da nossa família! — Respondeu ele, bufando.
— Nenhum de nós quer se aproximar da sua família, nós nem conseguimos suportar seu fe... — colocou a mão na boca da ruiva.
— Já basta! Acho que todos aqui somos maduros o suficiente para conversarmos civilizadamente, apesar de que, vocês desconhecem essa palavra. — lançou um olhar penetrante para Elsu, que retribuiu. — Acredito que vocês não queiram problema conosco.
— Eu que devo dizer isso. — Respondeu Stefan, indo para cima das garota, sendo contido por e Klaus, Elsu apenas cruzou os braços.
— Tem razão, senhorita ! — Disse Elsu, os meninos arregalaram os olhos escutando aquilo, com exceção de , que apenas franziu o cenho. — Não queremos problemas uns com os outros.
— Então, ou você coloca uma coleira nos seus cachorros, ou nós faremos isso! — Disse ela, antes de virar as costas e entrar no carro, seguida de Caitlyn. Mais três homens, da mesma idade delas, apareceram e entraram no carro. Ela deu a partida e foi embora, ela nem sequer olhou nos olhos de , a única coisa que ele queria era que seus olhos se encontrassem de novo. Parecia que ele estava hipnotizado. Elsu suspirou.
— Vamos para casa! — Disse ele, se virando e caminhando para o carro.

Um dia se passou, e a neve começou a cair, sempre foi atraído para o perigo, iria atrás daquela garota linda, que era quase como um anjo, e iria confrontá-la. Ele pegou a moto emprestada com Klaus, e foi em direção ao lugar, afastado e no meio do nada, que ficava a casa dos . O chão estava um pouco escorregadio por causa da neve, e ele acabou derrapando a moto e caindo rolando de um de um barranco. Sorte que a neve amorteceu um pouco a queda, e ele teve apenas uns arranhões. Tinha um pouco de sangue escorrendo de seu braço, que havia sido o mais prejudicado na queda. Enquanto se levantava, viu uma mulher parada de frente para ele, ela se parecia com , mas só pelos olhos e a cor da pele.
— Você não deveria estar aqui, cachorro. — Disse a mulher, o chutando com força, e outras pessoas chegaram atrás dela, incluindo .
— ?! — Disse ele, assustado.
— Você conhece esse cachorro, ? — Perguntou a mulher, e a outra assentiu.
— . — Respondeu , e a mulher riu.
— Já ouviu falar de nós, filhotinho de ? — Perguntou ela, se abaixando perto dele, puxando seus cabelos longos, e rindo. Sua expressão mudou, assim que os olhos da mulher mudaram de cor.
— Os Frios. — Respondeu ele, com a voz trémula.
— Então é assim que vocês nos chamam? Após todos esses anos? — A mulher parecia irritada.
— Eu ouvi apenas uma história sobre um homem que se apaixonou por uma de vocês. — Disse ele, com desdenho.
— Ah, essa foi a . — Respondeu um homem, que estava ao lado dela, apontando para a garota. — Por isso ela estava tão irritada. — O homem ria. — Ela fisgou um cachorrinho dessa vez. — Todos riram e a garota virou os olhos.
— tem um incrível poder, ela consegue conquistar corações somente com um olhar. E foi isso que ela fez com o James, pobre James, virou jantar. — Todos riram, menos , que permanecia séria. — Se vocês cachorrinhos não se metessem, nós não teríamos que ter ficado tanto tempo longe dessa cidade. E então, devo mata-lo?
— Ele não seria uma boa refeição. — Disse . — Seu fedor nos mataria antes mesmo de conseguirmos comer. — Todos riram.
— Tem razão, . — Respondeu a mulher. — Por que não roubamos a alma dele, como eles costumam dizer?
— Eu faço isso. — Disse , se aproximando dele, abaixando ao seu lado e acariciando seu rosto, fazendo seus olhares se encontrarem.
— Por que está sendo tão má comigo? — Perguntou ele, ela apenas sorriu.
— 50 anos atrás, aqui em Forks, eu fiz a mesma coisa com outro homem. — Ela agarrou os cabelos dele, enquanto os outros riam. — Mas os seus cachorrinhos vieram e atrapalharam tudo. Eu tinha ele em minhas mãos, e eles atrapalharam nosso jantar. — Ela colocou as prezas para fora. — É hora de você saber, que isso não estaria acontecendo se você tivesse continuado na cidade, provavelmente, você já seria um lobo e poderia nos atacar. Mas agora, você vai se tornar um monstro pior que nós. — Ela se aproximou do pescoço dele, e o mordeu. — Eu estou te devolvendo em dobro, o que o seu papaizinho fez conosco.
E foi assim, que o herdeiro da linhagem , teve seu coração destruído e perdeu a sua alma, por causa de uma mulher mais fria que o inverno. Os Frios finalmente tiveram sua vingança. Ela faria dele seu animal de estimação, por isso ela quis mordê-lo, James não teria morrido se não fosse pelos Quileutes, ele apenas viraria um deles. E a raiva que ela tinha deles era indescritível, agora ela estava feliz, tinha ganhado um cachorrinho de estimação.
— Você agora vai ser meu animal de estimação, .
— Como você pode ser tão sem coração? — Foram suas últimas palavras, antes de conhecer a morte, e acordar como um hibrido, e com sede de sangue.
— Eu costumava ter um coração, quando estava viva.

Nota da autora: Oi gente, eu espero que vocês tenham gostado da fic. Eu escrevi ela inteira pensando em crepúsculo, porque a Mary me deu a ideia desse plot e eu amei. Enfim, amei escrever essa fic <3






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