Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

Era inegável a sensação do vazio que se estendia em meu peito, o fôlego parecia ser insuficiente para encher os meus pulmões… era como estar se afogando mesmo estando fora da água. Eu não deveria me surpreender, ela era conhecida por isso! Caramba! Ela já havia ido embora sem dizer adeus e retornou apenas por conveniência; eu estava cansado, mesmo que não conseguisse resistir. A dor de um coração partido é suportável quando se quebrava pela primeira vez, mas ela piora conforme os pedaços se quebram cada vez mais tornando-se cada vez menores e ainda mais difíceis de serem consertados.

— No fim, eu não sou ao menos uma opção…

As garrafas de cerveja vazias enfileiravam-se pelo balcão da cozinha, como um lembrete do estado patético em que me encontrava. O brilho do luar tornava a cor das garrafas num belo tom de âmbar escuro.

— Patético!

Minha risada sem humor parecia o eco de um desespero, um espectro, algo que não era eu, mas uma versão reduzida a nada além daquela dor insuportável em meu peito.

Na primavera de 15 anos atrás…

Os olhos de brilhavam como duas jóias sob a iluminação da fogueira, rodeada de suas duas melhores amigas, elas dançavam enquanto investigavam o local atrás de diversão. Eu a conhecia melhor do que ninguém, crescemos juntos, tivemos nossas primeiras vezes juntos… cada mínima coisa sobre ela eu tinha gravado em meu coração, fadado a admirá-la como um espectador, já que meus sentimentos pareciam nunca alcançar aquela garota.
Nunca uma prioridade, mas o primeiro em sua chamada quando precisava ser consolada. Eu não sabia até quando suportaria aquela tortura. O campus estava em festa, era o maior evento do ano, éramos jovens e não mais calouros…

"Quantas bocas eu me perdi, para poder esquecer o sabor dos lábios dela?"

, cara, olhe bem ao seu redor. — me fez desviar os olhos dela, minha eterna torturadora. — Não há ninguém nesta festa que não te deseje cara, desencana!
— Como eu queria que isso fosse possível…— Ergui minha garrafa em cumprimento a ; ela havia erguido a dela primeiro.
— Depois não venha bêbado para o nosso apartamento, cara. Estou cansado de ouvir suas lamentações sobre ela. — me alertou antes de seguir em busca de diversão.
— Seu amigo parecia estar te dando uma bronca. — surgiu ao meu lado, sem que eu notasse.
— E com razão. — Ri, sem dar qualquer explicação sobre .
— E sobre o que ele poderia repreender o Sr.Certinho? — Ela perguntou, se aproximando sutilmente enquanto me olhava calmamente, seu sorriso relaxado, como se contivesse todas as fórmulas para me deixar completamente apaixonado… Eu estava perdidamente apaixonado por essa garota!
— Você não me conhece tão bem, como pensa que sim. — Resmunguei, finalizando o restante da bebida da minha garrafa de cerveja.
— Não desc…— A interrompi beijando aqueles lábios que me faziam perder qualquer razão.

Euforia, hormônios e o álcool… ritmos cardíacos acelerados, a razão não existia e a festa mal importava enquanto seguiamos para o meu apartamento a algumas quadras dali. Eu sabia que me matrizaria pelos meus atos, mas quando se tratava de minha mente parecia parar de funcionar.

Verão de 15 anos atrás…

Não havíamos assumido propriamente um relacionamento, mas tê-la todos os dias em meu apartamento não era algo que eu pudesse reclamar, era quase um sonho, com a clara exceção do gosto amargo que ficava em minha boca quando a encontrava beijando outras bocas. era mais que minha amiga, mas ainda assim não era minha namorada…

"Um perfeito masoquista!"

Eu não a conseguia negar algo, não entendia se eram aqueles olhos vibrantes que tornavam tudo mais difícil ou aquela boca que me deixava maluco… era meu ponto fraco, ela poderia quebrar meu coração quantas vezes que eu sempre o recolheria, e colaria cada pedacinho para entregá-lo a ela novamente.
Com as férias da faculdade havia mais tempo para nos vermos, ou assim seria, caso não houvesse conseguido o estágio tão cedo. Não poderia alterar quem eu era, preferia executar tudo prezando o meu futuro, mesmo que tivesse de deixar de lado certas distrações.
De alguma forma, parecia não ter se cansado de mim. Enquanto trabalhava, buscava não pensar no que ela e suas amigas estavam fazendo; as três eram conhecidas por todo o campus, onde houvesse festa elas estariam por ali.

, vamos à praia?

Era o início de uma manhã agradável de verão, havia passado a noite por ali, porém naquela semana eu ainda teria que trabalhar. Meus ombros tencionaram, encarei a parede a minha frente buscando as palavras que não a deixariam irritada.

— Por que você não vai com suas amigas? — Sugeri suavemente, enquanto me sentava calmamente sobre a cama. — Eu terei a semana cheia, assim você não precisa ficar me esperando voltar para casa e aproveita o verão.
— E quanto a você, ? — Ela se sentou sem qualquer problema. Seus olhos não possuíam ressentimento, era mais como se não houvesse qualquer relevância sobre mim; embora estivesse me perguntando o que eu faria.
— Eu chegarei tarde todos os dias, não posso deixar de lado o emprego que sempre me esforcei para alcançar por algo momentâneo como uma viagem. — Eu sabia que minhas palavras haviam saído mais bruscas do que desejava, o arrependimento me atingiu instantaneamente.
— Tudo bem. — Ela deu de ombros como se não houvesse sido nada.
— Se você está brava comigo, me diga claramente, . — Pedi a ela. Era como se eu sempre fosse o cãozinho dela, sempre inseguro por ter chateado ou não sua dona.
— Eu estou preocupada com você, , você ainda é jovem e há uma infinidade de oportunidades a sua frente… Eu quero estar ao seu lado para vê-lo alcançar tudo o que deseja, mas agora é o momento para você aproveitar o agora. — Ela sorriu tranquilamente, o sorriso não alcançava seu olhar.
— Assim como queria estar comigo, sendo mais que uma amiga, mas ainda permanecendo livre para ficar com quem desejar? — Me levantei, parando alguns metros longe dela.
— É tão horrível sermos amigos com benefícios? — Ela indagou, cruzando os braços com a acidez permeando cada uma de suas palavras.
— Horrível?! — Balancei minha cabeça, cobrindo meus olhos enquanto respirava profundamente. — Você sabe perfeitamente como eu me sinto sobre você, , já faz alguns anos que te disse claramente como me sinto… se você soubesse a intensidade do que eu sinto ao te ver nos braços que não são os meus, beijando outros lábios, suspirando sonhadoramente por outro alguém. — Pausei minha fala para recuperar o fôlego após dizer tudo de uma única vez. — Aceitei estar nessas condições, porque era melhor alguma coisa do que absolutamente nada. Sabe quando não há nenhuma perspectiva de sucesso, mesmo assim você insiste ao ponto de se machucar?! Bem, eu estou nesta maldita condição, voluntário, porque é melhor te ter dessa maneira na minha vida do que não te ter!
, eu não sou responder por seus sentimentos. — Ela me respondeu friamente.
— Você ao menos me ouviu?! , eu sei, porra! Eu sei! Estive pateticamente apaixonado por alguém que deseja apenas o que eu tenho a oferecer. Você me usa para saciar os seus desejos e depois desaparece… Você tem ideia de onde está o meu orgulho? Eu sou um homem, tenho minhas próprias vontades, mas em hipótese alguma eu forcei qualquer um dos meus sentimentos sobre você. — A respondi sem escrúpulos. Ela precisava enxergar o que se recusava a ver.
— Quando isso que você está passando acabar, me liga. — Ela me respondeu sem se importar com o que havia dito a ela.
— Não, , seu brinquedinho não estará mais disponível. — A respondi, dando-lhe as costas. — Deixe as chaves em cima da mesa antes de sair. — A lembrei antes de seguir em direção ao banheiro.


O silêncio predominou por um longo tempo. Estava cansado demais para lidar por mais tempo com aquilo. Ignorando o que estava sentindo, retirei minhas roupas antes de entrar no box. Não fora até o instante que a água estava caindo sobre o meu corpo que a figura irritada de invadiu meu banheiro. Sem dizer uma palavra, ela me empurrou contra a parede, me silenciando com sua boca…

E lá estávamos nós na mesma situação outra vez…

Atualmente…


Depois de passarmos um tempo entrelaçados um ao outro, acabamos adormecendo; era claro que tudo o que eu não esperava fosse acordar com o lado da cama vazio. Ligações ignoradas, até que eu soubesse que havia ido embora da cidade…
Ela se foi sem dizer uma palavra, seus pais se mantiveram de fora para não arruinar a amizade com os meus. Anos se passaram sem uma notícia dela, não fora até o segundo ano após a formatura que ela retornou à cidade.
invadiu minha vida, bagunçando-a como se não fosse nada. Ela era como um furacão! Eu levei anos para superá-la! Cada maldita parte daquela cidade me lembrava dela! Quando enfim havia ajeitado a bagunça que ela me deixou, retorna desorganizando tudo, virando tudo de pernas para o ar. E, exatamente como da última vez, ela se foi sem deixar qualquer recado! Chegava a ser cômico o papel que eu fazia sobre o controle dela.

Um fantoche , um brinquedo…
Alguém que estava sempre disponível para ela.
Irrelevante.
Bobo…
Patético!


Os arranhões que ela deixou em minhas costas ardiam, marcas para registrar sua passagem, algo para que eu pudesse me lembrar dela.

— Por quanto tempo te darei esse poder sobre mim?

O silêncio me respondeu. O apartamento estava um caos como meu interior, eu me perguntava quando foi que nos perdemos na amizade, se ela se machucava por me machucar ou se ainda ela se recordava com afeição o que vivemos.

Eu me sinto caindo nas sua lista de prioridades,
E eu ainda crio desculpas pra você constantemente,
Eu me pergunto em quantas coisas você pensa
Antes, antes de chegar em mim…



Fim



Nota da autora: Primeiramente quero deixar claro que essa história não foi criada com o propósito de ser romântica; espero ter conseguido passar a dependência que o protagonista possuía pela protagonista. Esse tipo de relacionamentos não são saudáveis, minhas caras e caros leitores, ambos os lados dessa relação estão errados. Ele por depositar todas as esperanças, expectativas e desejos sobre a protagonista, enquanto Ela se aproveitava dos sentimento dele para fazer o que desejava.
Vocês são seres incríveis, merecem amar e serem amados! Não entrem em relacionamentos que não tenham o que merecem.
O relacionamento é uma via de mão dupla, é sobre dar e receber, amar e cuidar, respeitar e incentivar mas nunca se diminuir ou se aproveitar do outro!

Até a próxima história 😎❤️✨


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