And I hate you for your lies and your covers
Ele chegou por trás, enquanto eu retocava a maquiagem dos olhos, e pôs o dedo sobre a minha boca, deslizando-o por ali. Olhei-o pelo espelho, acompanhando cada movimento seu. Sua outra mão afastou meus cabelos, deixando minha nuca exposta, pronta para receber alguns beijos. Beijos na nuca eletrizavam minha derme.
Além do calafrio, o calor no peito. Eu estava com raiva dele, com ódio; atacar meus pontos fracos não o faria diminuir a culpa que tinha.

And I hate us for making good love to each other

– Que beldade – murmurou ele, sua voz ao pé do meu ouvido.
Eu odiava perder o equilíbrio, sobretudo por culpa dele. Odiava ser quem saía do sério e tinha de exigir explicações. Odiava não poder esquecer o que me atormentava para aproveitar cada toque dos seus dedos, que conheciam todos os caminhos de mim.
– Isso tudo é pra mim?
Após ouvir o estalar dos seus lábios em meu pescoço, fechei os olhos e respirei fundo.

And I love making you jealous, but don’t judge me

– Não. Desencosta de mim – grunhi, querendo desfigurá-lo. Ele deu mais que um passo de distância.
– Como assim?
Eu não o respondi verbalmente. Meus olhos questionavam a intenção dele em fingir inocência, enquanto meus braços se cruzavam à frente do meu peito, fechando minha armadura.
– Por que você tá me olhando assim? Aonde você vai desse jeito?

And I know that I’m being hateful, but that ain’t nothing

– Essa é a sua última chance de me falar a verdade – disparei. – Seja honesto, tenha alguma decência.
– A verdade sobre...? – ele continuou, cínico.
– Quem é essa te chamando de amor no seu celular – ao me ouvir, seu olhar rapidamente rodou pelo quarto, em busca do aparelho.
– Olha pra mim enquanto eu falo com você! – atirei o delineador em sua direção, acertando somente a palma da sua mão espalmada como um escudo em ato reflexo.
– Você tá maluca?! – ele caiu sentado sobre a cama, olhando-me com surpresa. – Que porra é essa?!
– Isso é o mínimo que eu quero fazer com você nesse momento, se você não começar a falar – apontei o dedo em riste à frente do seu nariz.

It ain’t nothing, I’m just jealous

– Por que você tava fuçando o meu celular?! – ele tentou reverter a situação, seu semblante acusador.
– Não mude de assunto – abaixei o tom de voz, embora não tivesse me acalmado. – Não preciso nem colocar a senha pra ver suas notificações que chegam.
Sem reação, ele se calou por alguns instantes. Vi em seu rosto a vergonha de não pensar o óbvio, justamente ele, que se julgava uma pessoa prática. Eu continuei firme, esperando suas explicações. Aquela não era a primeira vez, e sem o confrontar, não seria a última.

I’m just human, don’t judge me

– Você tá realmente se prestando a esse papel ridículo?
Não tente por esse caminho, pensei comigo mesma. Tentar me manipular e me sentir culpada por questionar seu comportamento era a atitude mais baixa que ele podia ter.
– O meu papel é ridículo? – indaguei, rindo sem humor algum. – Que tal falarmos sobre a sua falta de consideração e respeito por mim? Que tal eu te lembrar que a liberdade pra te chamar por apelidinhos é só a ponta do iceberg? Ou podemos debater sobre como você tá tentando se livrar disso botando tudo mas minhas costas, como um covarde? Você não tem direito nenhum de me julgar, agora.

If you’re keeping your promise, I’m keeping mine

– Ela é só uma colega do trabalho, não tem nada a ver – ele desconversou, levantando-se e vindo em minha direção. – Eu juro!
– Não – estendi a mão, evitando o contato. Por mais que eu tentasse, eu não suportaria, naquele momento, conversar. Eu não queria. Queria enchê-lo de porrada ou encher a cara. Entre as duas opções, a segunda não me traria problemas com a justiça.
Voltei-me para a penteadeira, onde peguei minha bolsa e comecei a jogar alguns pertences dentro dela. A voz dele ecoou pelo quarto, logo atrás de mim:
– Aonde você vai?
– Esfriar a cabeça, não me espere acordado – respondi, e seu meu olhar pudesse cortar, ele estaria em pedaços. – Não vou encontrar meu ex, eu juro.
Em passos largos, ignorei as vezes que meu nome foi chamado. Ao bater a porta da frente, já havia um carro me esperando. Eu não me deixaria levar por aquela história, essa noite. Daria a mim mesma um momento de desapego, e o que quer que tivesse de acontecer, aconteceria. Daria a mim mesma o poder de dar o troco.

Nota da autora: EU TAVA ESCREVENDO UM NEGÓCIO ENORRRRRRRRME
Obviamente tava odiando a história, por isso tava enrolando com ela - geralmente não sou de escrever shorts longas, acho um cadinho incoerente, rs. Aí do nada eu apaguei tudo e resolvi fazer uma ceninha *badum tss*
Enfim, qualquer coisa, tamo aí! COMPREM OS LIVRETOS E AJUDEM A MANTER O FFOBS NO AR! ♥
Beijos,
Abby





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