Capítulo Único
Quando meu pai morreu, eu prometi que nunca chegaria perto de um super-herói. Não que eu achasse que havia sido culpa do Capitão América ou do Homem de Ferro. Phill Coulson fez suas escolhas quando eu ainda era um bebê. Ele sabia que poderia não voltar. E foi por isso que toda a minha infância e adolescência eu tinha passado escondida.
Até que o Blip aconteceu. Minha mãe foi sugada para o nada, e, mesmo sabendo que muitas pessoas voltaram, eu ainda não a encontrei. Agora eu estava sozinha no mundo, lidando com as escolhas dos meus pais.
Com o sobrenome de Phill Coulson, consegui o emprego no Capitólio. Senador Ward Grant é um babaca machista, mas havia me dado a oportunidade que passei tanto tempo procurando. Minha vida passou, então, a ser dividida entre Nova York e Washington, cercada de papelada sobre heróis ao redor do mundo e como Ward acreditava que tudo o que tinha acontecido era culpa deles.
E era por isso que eu estava me sentindo idiota. Como era possível que eu não tivesse reconhecido Bucky Barnes? O Soldado Invernal – ou como eu gostava de chamá-lo, Soldado Infernal –, estava em mais da metade dos documentos da minha mesa. Eu mesma havia redigido o perdão para Bucky.
— James Bucky Barnes?! — gritei com o homem sentado ao meu lado na cama. Seu braço de vibranium gritava por atenção.
— Oi… — ele acenou com a mão direita, sua bochecha enrubescendo. A cara de pau em seu rosto só comprovando o que eu já sabia após preencher a papelada para o senador Ward: o homem ao meu lado podia ser uma arma letal, mas havia muito mais nele do que seu braço de metal.
Bucky começou a se levantar, mas segurei sua mão ao meu lado.
— Está tudo bem.
Estava? Eu não saberia dizer. Tanto tempo sozinha talvez tivesse alterado o meu senso de julgamento. Ou, então, eu estava há tanto tempo sozinha que qualquer contato humano era melhor do que nada.
Bucky me encarou. Seus olhos azuis tinham medo misturado com curiosidade. Foi então que me lembrei que ele também havia estado sozinho por muito tempo.
— Como foi? — perguntei.
— O quê?
— O Blip. Como era do outro lado?
Ele desviou o olhar para a parede. Encarava as minhas fotos de infância com uma expressão confusa no rosto.
— Não foi nada. Num momento estávamos lutando contra o Thanos, e então, nada. Vazio. Apareci cinco anos depois como se nada tivesse acontecido — ele voltou seu olhar para mim.
Minha mão ainda segurava a sua como se aquela fosse minha única conexão com a realidade.
— Era nada. E então foram cinco anos que passaram mais rápido do que todas as outras décadas que vivi.
Ele parecia tão jovem que frequentemente esquecia que Bucky Barnes era um centenário. A bagagem do homem à minha frente era muito maior do que eu cogitava imaginar.
— E você? — sua voz grave me tirou do meu devaneio.
— Eu fiquei aqui. O luto pela minha mãe quando pensávamos que vocês haviam morrido. E, então, tudo de novo quando todo mundo reapareceu, menos ela — foi a minha vez de desviar o olhar do seu.
Sempre que encontrava alguém que havia voltado, doía. Um lembrete vivo de que ela poderia estar em qualquer lugar, mas eu era incapaz de encontrá-la.
— Há milhares de pessoas sem identidade, perdidas no globo. Ela deve ser uma delas… — Bucky me encorajou.
— Não sei se isso é um consolo, sabe?
Ficamos em silêncio por alguns minutos. Mudei o gelo no meu tornozelo de lugar. A pele começava a queimar.
— O que é isso? — Bucky segurou meu pulso em sua mão, puxando-o para si, de forma a ver de perto as marcas de corte inegáveis. — …
— Velhos hábitos — puxei meu braço de volta, cobrindo-o com a manga do suéter. — Não sou a filha perfeita do agente brilhante da SHIELD que você pensou que eu seria.
— , você perdeu o seu pai muito nova. Não há um de nós que não tenha cicatrizes depois de tantas lutas — ele levantou o braço de vibranium. Foi impossível não sorrir.
Encarei meu colo antes de falar o que eu havia guardado por anos, mas que apenas agora sentia vontade de admitir.
— Eu queria ter me despedido deles. Meu pai foi embora em um dia de trabalho comum. Coube a mim e a minha mãe assistirmos pela TV enquanto aliens invadiam Nova York. Quando Nick Furry chegou na fazenda, eu já sabia o que tinha acontecido — foi impossível não deixar as lágrimas caírem. — Com mamãe foi pior. Estávamos na estrada, voltando para casa depois de comemorar meu aniversário. Ela simplesmente desapareceu, e o carro bateu no da frente. Um grande engarrafamento tinha se formado, com motoristas e passageiros desaparecendo. Ou, ao menos, foi o que me contaram no hospital. Bati a cabeça, e a última memória que tenho é de ela gritando meu nome.
Bucky secou minhas lágrimas com o polegar. Era impossível não chorar pensando o quão pouco tempo eu tinha tido com meus pais. Eu trocaria tudo por mais cinco minutos com eles.
— Sinto muito — permiti que Bucky me aninhasse em seus braços. Aquele homem que havia vivido tantas vidas. Alguém que havia vencido e perdido tantas batalhas me confortava do meu luto. E foi então que eu entendi.
O encontro casual que permitiu que duas almas em luto se encontrassem. Bucky era tão herói quanto eu. Outra pessoa sozinha que lutava uma batalha interna maior do que o próprio Thanos.
Até que o Blip aconteceu. Minha mãe foi sugada para o nada, e, mesmo sabendo que muitas pessoas voltaram, eu ainda não a encontrei. Agora eu estava sozinha no mundo, lidando com as escolhas dos meus pais.
Com o sobrenome de Phill Coulson, consegui o emprego no Capitólio. Senador Ward Grant é um babaca machista, mas havia me dado a oportunidade que passei tanto tempo procurando. Minha vida passou, então, a ser dividida entre Nova York e Washington, cercada de papelada sobre heróis ao redor do mundo e como Ward acreditava que tudo o que tinha acontecido era culpa deles.
E era por isso que eu estava me sentindo idiota. Como era possível que eu não tivesse reconhecido Bucky Barnes? O Soldado Invernal – ou como eu gostava de chamá-lo, Soldado Infernal –, estava em mais da metade dos documentos da minha mesa. Eu mesma havia redigido o perdão para Bucky.
— James Bucky Barnes?! — gritei com o homem sentado ao meu lado na cama. Seu braço de vibranium gritava por atenção.
— Oi… — ele acenou com a mão direita, sua bochecha enrubescendo. A cara de pau em seu rosto só comprovando o que eu já sabia após preencher a papelada para o senador Ward: o homem ao meu lado podia ser uma arma letal, mas havia muito mais nele do que seu braço de metal.
Bucky começou a se levantar, mas segurei sua mão ao meu lado.
— Está tudo bem.
Estava? Eu não saberia dizer. Tanto tempo sozinha talvez tivesse alterado o meu senso de julgamento. Ou, então, eu estava há tanto tempo sozinha que qualquer contato humano era melhor do que nada.
Bucky me encarou. Seus olhos azuis tinham medo misturado com curiosidade. Foi então que me lembrei que ele também havia estado sozinho por muito tempo.
— Como foi? — perguntei.
— O quê?
— O Blip. Como era do outro lado?
Ele desviou o olhar para a parede. Encarava as minhas fotos de infância com uma expressão confusa no rosto.
— Não foi nada. Num momento estávamos lutando contra o Thanos, e então, nada. Vazio. Apareci cinco anos depois como se nada tivesse acontecido — ele voltou seu olhar para mim.
Minha mão ainda segurava a sua como se aquela fosse minha única conexão com a realidade.
— Era nada. E então foram cinco anos que passaram mais rápido do que todas as outras décadas que vivi.
Ele parecia tão jovem que frequentemente esquecia que Bucky Barnes era um centenário. A bagagem do homem à minha frente era muito maior do que eu cogitava imaginar.
— E você? — sua voz grave me tirou do meu devaneio.
— Eu fiquei aqui. O luto pela minha mãe quando pensávamos que vocês haviam morrido. E, então, tudo de novo quando todo mundo reapareceu, menos ela — foi a minha vez de desviar o olhar do seu.
Sempre que encontrava alguém que havia voltado, doía. Um lembrete vivo de que ela poderia estar em qualquer lugar, mas eu era incapaz de encontrá-la.
— Há milhares de pessoas sem identidade, perdidas no globo. Ela deve ser uma delas… — Bucky me encorajou.
— Não sei se isso é um consolo, sabe?
Ficamos em silêncio por alguns minutos. Mudei o gelo no meu tornozelo de lugar. A pele começava a queimar.
— O que é isso? — Bucky segurou meu pulso em sua mão, puxando-o para si, de forma a ver de perto as marcas de corte inegáveis. — …
— Velhos hábitos — puxei meu braço de volta, cobrindo-o com a manga do suéter. — Não sou a filha perfeita do agente brilhante da SHIELD que você pensou que eu seria.
— , você perdeu o seu pai muito nova. Não há um de nós que não tenha cicatrizes depois de tantas lutas — ele levantou o braço de vibranium. Foi impossível não sorrir.
Encarei meu colo antes de falar o que eu havia guardado por anos, mas que apenas agora sentia vontade de admitir.
— Eu queria ter me despedido deles. Meu pai foi embora em um dia de trabalho comum. Coube a mim e a minha mãe assistirmos pela TV enquanto aliens invadiam Nova York. Quando Nick Furry chegou na fazenda, eu já sabia o que tinha acontecido — foi impossível não deixar as lágrimas caírem. — Com mamãe foi pior. Estávamos na estrada, voltando para casa depois de comemorar meu aniversário. Ela simplesmente desapareceu, e o carro bateu no da frente. Um grande engarrafamento tinha se formado, com motoristas e passageiros desaparecendo. Ou, ao menos, foi o que me contaram no hospital. Bati a cabeça, e a última memória que tenho é de ela gritando meu nome.
Bucky secou minhas lágrimas com o polegar. Era impossível não chorar pensando o quão pouco tempo eu tinha tido com meus pais. Eu trocaria tudo por mais cinco minutos com eles.
— Sinto muito — permiti que Bucky me aninhasse em seus braços. Aquele homem que havia vivido tantas vidas. Alguém que havia vencido e perdido tantas batalhas me confortava do meu luto. E foi então que eu entendi.
O encontro casual que permitiu que duas almas em luto se encontrassem. Bucky era tão herói quanto eu. Outra pessoa sozinha que lutava uma batalha interna maior do que o próprio Thanos.
Fim
Nota da autora: Me enfiei em mais ficstapes que eu dava conta e resolvi dividir a história desses dois em três partes. Nunca fiz isso antes e resolvi experimentar. As três partes, apesar de serem sequência, poderão ser lidas separadamente. Essa é a segunda parte da história e a primeira é narrada pelo Bucky e se chama 03. Psycosocial. Me sigam no Instagram ou no Twitter para saberem quando essa e outras fics estarão disponíveis!
Outras Fanfics:
Illicit Affairs [Restrita - Livros - Harry Potter]
Malfeito Refeito [Livros - Harry Potter]
Where the Demons Hide [Restrita - Livros - Harry Potter]
From the Dust [Restrita - Original]
I Found Peace In Your Violence [Shortfic - Harry Potter]
The Last Malfoy's Christmas [Shortfic - Harry Potter]
Perfeita Simetria [Restrita - Original - Finalizada]
CAIXINHA DE COMENTÁRIOS: O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Outras Fanfics:
Illicit Affairs [Restrita - Livros - Harry Potter]
Malfeito Refeito [Livros - Harry Potter]
Where the Demons Hide [Restrita - Livros - Harry Potter]
From the Dust [Restrita - Original]
I Found Peace In Your Violence [Shortfic - Harry Potter]
The Last Malfoy's Christmas [Shortfic - Harry Potter]
Perfeita Simetria [Restrita - Original - Finalizada]
CAIXINHA DE COMENTÁRIOS: O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.