Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

O tanto de Poções do Sono e unguentos anestésicos que Madame Pomfrey tinha aplicado em mim me deixaram um tanto fora do ar. As recomendações dela soaram muito enevoadas, e eu honestamente não conseguia recordar de como chegara ao meu quarto nas masmorras da Sonserina, de como deitara em minha cama e de como um caderno aleatório fora parar em minhas mãos. Só ouvira a gritaria dos grifinórios ecoando pelos corredores, focando em desviar dos alunos vestidos de vermelho e dourado que berravam e cantavam diante a mais recente vitória da Taça de Quadribol. Captei comentários avulsos de como a captura do pomo feita por fora espetacular, mas não conseguia me concentrar naquilo.
Eu lembrava de pouco que tinha acontecido no banheiro, mas lembrava da dor. Do sangue. E de . Tudo sobre . Lembrava dela debruçada sobre mim, com rosto o firmemente decidido. Lembrava da magia dela explodindo pela varinha, quebrando todos os espelhos e fazendo chover cacos prateados enquanto ela gritava com Potter. Lembrava da expressão dela se quebrando quando eu disse que era melhor que eu fosse embora, me esvaísse em sangue no chão, porque eu finalmente teria a paz de não pôr em risco a minha família. Lembrava de beijá-la na ala hospitalar quando minhas entranhas pareciam pegar fogo.
Me desviando de meus pensamentos, ouvi duas batidas na porta.
— Entra — falei.
atravessou o umbral, mordendo a boca em insegurança. Ela usava uma legging preta e um moletom com o leão da Grifinória, com os cabelos caindo nas habituais ondas escuras por cima dos ombros, ligeiramente bagunçados como se ela tivesse acabado de correr até a sala comunal da Sonserina. O rosto um pouco vermelho, de um jeito revigorante, corroborava a minha hipótese. Ela passou as unhas pela madeira da porta e me cumprimentou com um “oi” tímido.
?
Não pude impedir meu rosto de exibir um sorriso crescente, apesar de meu cansaço e desconforto depois de ter sido atacado por Potter com um feitiço das trevas no fatídico banheiro.
— Vim ver como você está — ela disse, sentando na ponta da cama enquanto apertava as mãos devido ao nervosismo.
Fechei o caderno e o pus de lado, fitando-a intensamente.
— Soube que você tornou sua casa campeã da Taça esse ano. Parabéns.
— Obrigada — sorriu. — Imagino que Pansy já tenha vindo fofocar sobre mim, e dizer que hoje de manhã eu estava…
— Com o Potter. É.
Sabia que soara um pouco menos entusiasmado, ao que ela suspirou.
— Draco, você sabe que…
— Eu sei, . Eu sei que vocês são amigos. E não tenho direito de te culpar por perdoar os erros dele, porque você perdoou os meus, que são bem piores.
Ela abriu e fechou a boca, sem dizer nada, e cobriu minha mão com a sua. Seus dedos estavam quentes, quase dando um choque em minha pele pela diferença de temperatura, e eu conseguia ver algumas cicatrizes antigas, finas como teias de aranha, cobrindo o dorso. Mais uma incógnita sobre ela. Tentei sorrir de novo.
— A melhor apanhadora de Hogwarts merece uma comemoração — falei, e acenei a varinha para convocar até nós uma pequena garrafa de uísque de fogo e dois copinhos de shot em formato de caveira. Beber parecia ser uma boa saída naquele momento: me ajudaria a esquecer meus pensamentos, minha dor física e me deixaria dormir.
— Eu prefiro cerveja amanteigada — Ela torceu o nariz enquanto eu enchia um dos copos com o líquido castanho-dourado. — E você nem deveria estar bebendo, Draco, você tá se recuperando ainda…
— Ah, nem vem com essa. — Fiz um gesto de desdém com a mão, entregando a ela a bebida. — O máximo que pode acontecer é uma infecção, certo? Bactérias causam infecções, e álcool mata bactérias.
Aquilo nem ao menos fazia sentido, mas ela pareceu convencida, então foda-se. Bati meu copinho contra o dela, num tilintar suave, e descemos ao mesmo tempo o líquido pela garganta. Entre risadas, tossiu com força devido à queimação, resmungando.
— Para de ser fresca — eu disse, e usei a varinha de novo para pegar um baralho de Snap Explosivo. — Já que você está tão preocupada com o meu repouso e certamente vai fazer igual à Parkinson e me proibir de deixar essa cama, vamos jogar.
Ela concordou, animada, e tirou os sapatos para poder cruzar as pernas sobre o colchão. O movimento fez os cabelos se espalharem pelas costas, exibindo a frente do moletom e me permitindo notar que ela não usava sutiã. Aquilo me distraiu durante a primeira rodada, o que me fez perder de imediato, e dei um shot de uísque.
O jogo foi progredindo, e o quarto parecia ficar mais e mais quente a cada gole de álcool. Cada rodada perdida representava um novo copo e um botão aberto de minha camisa para aplacar o calor. Sabia que provavelmente eu deveria estar todo vermelho, mas me olhava cada vez mais como se quisesse me beijar, até que o fez. Ela inclinou o pescoço para trás, rindo, mas puxei seu queixo para mim, num impulso irresistível. Meu polegar tocou seu lábio inferior para baixo, vermelho como uma fruta proibida que eu queria desesperadamente provar. Antes que eu pudesse capturá-lo com minha boca, ela chupou meu dedo, rodando a língua em volta da ponta, e meu corpo inteiro se acendeu de desejo. Ela poderia me queimar como quisesse; eu ansiara tanto por aquele momento… E a deixei colocar meu polegar inteiro na boca, sugando-o tão sugestivamente que eu tive que fechar os olhos para conter o impulso de pedir para ela fazer a mesma coisa em outro lugar do meu corpo. Antes disso, porém, passei minha mão pela lateral de seu pescoço, em direção à nuca, e enrolei seu longo cabelo ao redor do meu punho.
Sem muito cuidado, puxei sua boca para mim. Suas unhas castigaram meus ombros em retaliação quando me demorei em seu pescoço. Me dediquei àquilo, deixando o álcool e o tesão crescente guiarem meus instintos; chupei a pele sem me preocupar se deixaria marcas ou não. Secretamente, eu esperava deixar. Esperava que ela saísse do meu quarto mais tarde visivelmente cansada e satisfeita, com a pele manchada com o prazer que eu lhe dera.
Impaciente, ela me empurrou com delicadeza e puxou o moletom para cima. Arfei ao ver cada centímetro de seu tronco se despir um pouco mais quando foi subindo o agasalho grosso para tirá-lo: primeiro o quadril, cuja curva desembocava na cintura e mais acima formava o contorno dos seios. Minhas duas mãos se encaixaram nas linhas perfeitas dela, e eu não sabia ao certo para onde olhar, porque tudo era simplesmente etéreo demais.
— Que foi? — ela questionou, a voz mole.
Você — grunhi, simplesmente, agarrando melhor sua cintura com as duas mãos e a puxando para mim.
Fechei os olhos, me concentrando só no contato quente da minha pele nua com a dela. Os seios pressionados contra mim eram macios; a respiração dela, um pouco ofegante, aumentava a proximidade ainda mais. Nossos lábios se tocavam infimamente, os dois bêbados e ofegantes demais para se importar em beijar. Estarmos colados daquele jeito puro e cru já era extasiante o suficiente, e quando ela disse meu nome, com o sotaque brasileiro e a voz baixa e ardente, minha cabeça girou.
Segurei seu quadril com mais força, para me assegurar de que ela não sairia dali tão cedo. Um som surpreso e deliciado saiu da boca dela quando partiu o beijo e rebolou em cima de mim, nos encaixando perfeitamente mesmo que a roupa nos separasse, e xinguei baixo. Suas mãos apressadas tentaram puxar minha camisa para longe, para liberar a pele por completo, e soltei uma exclamação de dor. Era como se os cortes recém-cicatrizados por magia se esgarçassem, reabrindo em filetes finos de sangue vivo e amaldiçoado, e arderam como lâminas ferventes se arrastando pelo meu tórax. Apesar disso, ignorei. Ignorei desesperadamente.
— Madame Pomfrey disse sem esforço — falou, meio enrolada, enquanto eu passava a língua por seu pescoço e descia até um seio. — Draco…
— Isso aqui não é esforço nenhum — murmurei, a ignorando, e continuei a descer com a boca até chegar onde queria. Deixei minha respiração quente banhar sua pele sensível, antes de roçar os lábios com leveza, depois lamber devagar e tomá-la em minha boca.
— Malfoy… não faz isso — pediu , mesmo que seus gestos fossem contraditórios ao pedido: agarrou meus cabelos entre os dedos e os apertou quando arrepios subiram por seu tronco, se intensificando conforme eu brincava com o mamilo em minha língua.
— Eu posso parar… — sussurrei, descolando os lábios da pele dela. — Mas você não quer que eu pare, quer?
— Não… Não quero — ela sussurrou de volta.
— Então tira essa calça de uma vez.
Ela riu, e obedeceu sem hesitar. Estava usando uma calcinha preta de algodão, mesma cor da legging, e se ajoelhou sobre mim de novo para desabotoar minha calça.
Um silêncio se instalou quando ela puxou minha roupa íntima para baixo e viu o quanto eu a queria. O quanto eu precisava dela. Fiquei tímido por um instante, apesar de não ser nem a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez que uma mulher me via daquela forma. Parecia ser, porém, a única vez na minha vida que realmente importava.
Ela se debruçou sobre meu rosto, os olhos um pouco inchados, a boca tocando a minha suavemente enquanto ela tirava a calcinha. Uma vez totalmente nua, pude vê-la por inteiro. Linda. Toda quente. Toda minha. Desci minha mão que estivera apoiada em seu quadril e a toquei onde viera ansiando tocá-la. estava molhada, tão obviamente faminta quanto eu. Ela gemeu baixinho, e se encolheu com o estímulo direto de meus dedos, apalpando-a para conhecê-la e entender onde ela gostava mais de ser acariciada.
— Por favor… — ela murmurou, sem saber exatamente o que pedia. Mas eu sabia bem.
Chupei meus dedos, sentindo o sabor dela, e com a outra mão a puxei mais para perto, até que ela pairasse sobre mim, apoiada nos joelhos, seus braços em volta dos meus ombros.
— Você… — Eu não sabia como perguntar, mas queria saber para que fosse melhor para ela. — Você já fez isso antes?
— Já — ela disse baixo.
— Então… pode ser… assim?
— Eu gosto de ficar por cima — ela sorriu, e flexionou os joelhos para baixo, permitindo que eu me enterrasse nela.
Meus olhos pesaram com a sensação de estar dentro dela, finalmente. Naquele instante, eu soube que nunca sentiria algo tão intenso e tão divino quanto aquilo. Era injusto que um ser tão angelical quanto , apesar de sua sensualidade e suas respostas afiadas, me agraciasse com aquele paraíso. Mas meus pensamentos se desfaziam em incoerência conforme ela rebolava em mim. Meus cortes ardiam, minha pele esquentava, meu pescoço era coberto por chupões e gemidos sôfregos que ela não conseguia conter. Era como tropeçar e cair numa queda livre, sem nenhuma garantia de segurança. Era euforia se liquefazendo no meu sangue, sem saber se era real ou coisa da minha cabeça.
Como tínhamos chegado ali tão rápido? Ela era a única que poderia me dizer aquilo. Me fizera entender meu passado como uma parte de mim da qual eu nunca poderia me desvincular, mas que não necessariamente ditava meu futuro. me tirava dos eixos da melhor forma possível. E foi por isso que, num arroubo insensato e impensado, eu disse, logo antes do meu prazer explodir:
— Eu te amo…
Eu nunca tive tanto medo antes, e era um medo daqueles sentimentos que não podia ignorar. Não sabia se devia lutar contra ou fugir deles, mas naquele instante honestamente não importava.
Começou a importar quando ela parou de se mexer em cima de mim, e eu sabia que não era porque já estava satisfeita. Longe disso. Seu olhar duro e o corpo tenso mostravam claramente que o álcool e o desejo tinham se esvaído dela. Naquele instante entendi que, mesmo nua, em momento nenhum se deixara ser vulnerável na minha cama.
…? O que foi?

— Draco, eu não… — ela começou, os olhos baixos, mas a cortei. Não queria passar pela dor e pela humilhação de ouvir que ela não sentia o mesmo.
— Eu não falei aquilo porque quero que você diga de volta… Falei porque quero que você saiba… Por favor, pelo menos olha pra mim.
Com os músculos da mandíbula saltados, o rosto vermelho e os olhos cheios de lágrimas, cobriu meu corpo com o dela, capturou minha boca num beijo intenso e apertou seu braço contra a minha Marca Negra, o diamante azul da pulseira machucando minha pele com a pressão.
Porém, logo descobri que aquele incômodo não era nada comparado à dor excruciante que surgiu, como se meu braço estivesse sendo queimado até carbonizar… Não. Como se alguém tentasse cortar fora minha própria pele recoberta por uma cicatriz particularmente dolorosa. Era como uma Cruciatus… Mas terrivelmente pior, uma vez que eu confiava em … amava … e era ela quem estava fazendo aquilo comigo.
Minha garganta ardia com os gritos de dor que eu não conseguia conter, e tremia em cima de mim, de desespero e esforço, mas não soltava meu braço de jeito nenhum, até eu chegar num limite que achei que fosse cair na inconsciência…
E tudo parou.
A pedra azul na pulseira dela ficou inteiramente negra e fosca, se desintegrando em cinzas e deixando uma casca oca de prata em volta. Ela soltou uma exclamação de horror quando desceu o olhar.
Meu antebraço esquerdo estava imaculado, apenas pele clara e veias azuladas visíveis. O terror apertou meu estômago. A tatuagem da cobra saindo da boca daquele odioso crânio, desenho que eu me acostumara, mas nunca conseguira parar de odiar, tinha simplesmente sumido.
No antebraço de , porém, logo acima da pulseira, estava tatuada a Marca Negra. Foi a última coisa que vi antes de ela vestir minha camisa em segundos, o rosto contorcido em desespero, e desaparecer porta afora.


FIM



Nota da autora: Sem nota.

Nota da scripter: Minha nossa, eu tô até sem fôlego depois de ler essa história. Bela, tu é muito talentosa, mulher!
Depois dessa, eu vou tomar vergonha na minha cara e ir ler DWTD porque eu tô gritando com essa short super intensa e bem escrita.
Arrasou demais! ♥

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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