Última atualização: 25/10/2010

Capítulo Único

Dias atuais.

Eu costumava pensar que nós tínhamos sido feitos um para o outro. Talvez fosse coisa da minha cabeça, eu não sei. Mas, você parecia gostar de mim! Droga! Você chegou a dizer que me amava! Por que você não manteve a sua boca fechada? Usar a palavra "amor" não é muito justo, principalmente porque você sabia como eu me sentia em relação a você.
Foram tantas coisas que eu queria que você soubesse a meu respeito, coisas que eu nem cheguei a dizer, coisas como - eu amava quando você sentava no sofá despreocupado e assistia a um filme qualquer de ação, não importava qual era o filme: se ele tivesse armas e pessoas lutando, ele servia. Então você me chamava e pedia para que eu sentasse ao seu lado, e ficávamos os dois prendendo a respiração até o final do filme. Você ria dos meus gritinhos e beijava minha testa, dizendo que eu era a sua menininha. Será, ? Será que eu era mesmo a sua menininha?
Eu gostaria que as coisas tivessem sido diferentes, gostaria que aquele dia talvez nunca tivesse acontecido, gostaria que aceitar aquela ideia idiota da minha mãe de ter aulas de violão nunca tivesse passado pela minha cabeça, então talvez eu nunca tivesse me apaixonado pelo proibido. Talvez, eu nunca tivesse me apaixonado pelo novo namorado da minha mãe.

15 meses antes.

How we met and the sparks flew instantly and people would say they're the lucky ones

Minha mãe estava feliz, muito feliz! Chegava a me irritar o jeito que ela ria o tempo todo que nem uma colegial, ela estava se arrumando mais, rindo mais, sonhando acordada e queimando o jantar todo santo dia. Deus, era irritante!
Pessoas apaixonadas deveriam ser banidas do convívio com outras pessoas, eu odiava pessoas apaixonadas.
Minha amiga - - dizia que era porque eu nunca tive sorte no amor, e porque eu guardava rancor de quem eu gostava. Tudo porque todo rapaz que eu gostava, não gostava tanto assim de mim, assim que eles me beijavam eles partiam pra outra e esqueciam de me avisar, então eu ficava em casa com todos os sintomas de paixão: borboletas na barriga, cara sorridente, pensamentos avoados, mãos soando, pulsos com vários coraçõezinhos pintados de caneta. Eu conseguia ser bem patética quando estava apaixonada - confesso.
O fato era que enquanto eu estava na minha bolha, os caras nem lembravam da minha existência.
- Filha, vamos lá! Vai ser divertido! - minha mãe dizia com um sorriso no rosto e um olhar pidão, ela estava lavando a louça do jantar enquanto eu secava. - Você sempre quis aprender a tocar violão. Essa é a sua chance!
- Eu só não vejo o porquê de você querer que eu tenha aulas com o seu namorado sem nem ao menos o conhecer. - bufei frustrada e revirei os olhos.
- Exatamente por isso! Ainda não estou preparada para trazê-lo aqui pra casa! O último cara foi terrível... - ela falou com os olhos arregalados, como se estivesse lembrando da péssima ideia que foi trazer Bob - seu antigo namorado - pra dentro de casa. Bob era um cara legal, pelo menos tentava ser. Mas devo confessar que trazê-lo antes de eu o conhecer foi uma péssima ideia. - Então, o é professor de música e quando eu falei que você queria aprender a tocar violão desde pequena, ele se ofereceu a dar aulas... E de graça!
Eu ri.
- OK, dona Grace! Você venceu! - Concordei com um suspiro e ela me beijou várias vezes no rosto, dizendo o quanto aquilo significava pra ela.

Minha mãe era nova. Ela tinha sido aquele típico caso, engravidou no colegial, o namorado não assumiu e fugiu, meus pais a ajudaram já que ela tinha só 15 anos na época. A única coisa boa nisso é que ter uma filha nova nos aproximou, eu tinha 16 anos e minha mãe 31. A diferença não era tão grande.
Minha mãe teve vários namorados que não deram certo ao longo da vida, nenhum sério! Então eu esperava que esse tal de durasse e a fizesse feliz. Pelo que eu sei os dois se conheceram em uma loja de música, minha mãe tinha ido comprar um CD para o meu tio que era vidrado em música - foi dele que minha vontade tocar violão veio - enfim, estava lá e a convidou para um café. Depois disso os dois estavam saindo por dois meses. Ele era um ano mais novo que ela, mas ela disse que ele era muito maduro, inteligente e bonito. Ela estava feliz, isso que importa.
Encarei a porta marrom por uns três minutos antes de bufar e ganhar coragem para bater. tinha dito para a minha mãe que nossas aulas teriam que acontecer depois de todas as aulas que ele dava acabarem. Então ficou combinado para as 8h00pm. Dei duas batidas e aguardei paciente.
- Pode entrar! - uma voz grossa e gentil ordenou. Eu entrei.
Era uma sala espaçosa, tinha uma mesa de escritório e uma cadeira confortável preta onde provavelmente ele sentava, e uma para os alunos/pais/convidados ou o quer que fosse. Um órgão no canto e quatro instrumentos no chão: uma guitarra, um baixo e dois violões. Na parede ostentava um certificado de músico já formado. Estava entretida notando todos os detalhes daquele sala de aula particular, que ficava em um cômodo na sua própria casa. Não era exatamente na sua casa, mas eu sabia que a porta dos fundos provavelmente devia dar na sua sala ou algo do tipo. Pelo menos foi o que a minha mãe havia dito.
- Gostou? - Ele perguntou, e eu senti minhas bochechas ficarem vermelhas instantaneamente, por ter sido pega avaliando seu espaço tão curiosamente, sem nem ao mesmo olhar na sua cara ou sequer o cumprimentar. - Eu acho aconchegante, você não? - Ele falou mais uma vez e eu finalmente saí do meu transe e o olhei.
Minha respiração ficou presa na garganta, ele era uma visão e tanto. Estava com jeans e uma blusa preta de moletom com a sigla da antiga faculdade, os cabelos estavam bagunçados e caídos sobre a testa. Ele parecia...jovem e muito bonito, bonito até demais! Continuei olhando-o, sem um pingo de vergonha, até ele soltar uma risada rouca e eu me dar conta de que estava encarando o namorado da minha mãe.
Da minha mãe.
- Ah, sim! Gostei bastante... – Falei, engolindo seco, e consegui parecer firme.
- Muito bom finalmente conhecê-la! - Ele falou sorrindo, e eu senti seus olhos me examinarem como eu tinha feito minutos antes com ele, mas então ele balançou a cabeça como se tentasse se livrar de um pensamento e olhou para meu rosto, seus olhos pareciam perdidos e ele não me olhou nos olhos quando falou. - Sua mãe fala muito sobre você! Disse que eu ia adorar conhecê-la.
- Hum... Pois é! Bom, prazer... - Falei estendendo a mão e ele apertou-a delicadamente. - Eu sou ... Hum ! – completei.
- ... - Ele falou olhando para as nossas mãos entrelaçadas. - O prazer é todo meu! - Disse enquanto levantava a cabeça e sorria de canto enquanto olhava - agora - diretamente nos meus olhos.

13 meses antes.

Oh, I'm scared to see the ending, why are we pretending this is nothing?

0.2 segundos.
De acordo com as minhas pesquisas, no google, esse era o tempo necessário para uma pessoa se apaixonar. Se me contassem isso, eu não iria acreditar. O problema é que isso aconteceu comigo! Sim! Uma troca de olhar, um toque de mãos e pronto, eu estava feito uma poça no chão... Completamente, loucamente, totalmente apaixonada.
Porém, como nada são flores na vida, tinha um pequeno problema, - a quem eu estou tentando enganar? - não era um pequeno problema, era e É um ENORME problema.
Além de ele ser quatorze anos mais velho que eu, ele era também o novo namorado da minha mãe. Da minha mãe.
. Esse era o nome dele, o nome do idiota que roubou meu coração.
- Isso, agora você muda para a outra nota... Não, espera. Eu vou te ajudar! - levantou e se aproximou de mim. Nós estávamos em mais uma aula, depois de um mês já estávamos bem à vontade um com o outro, eu diria até... próximos, conversávamos sobre várias coisas e descobrimos que tínhamos muito em comum. - O que aconteceu, ? Você está sem concentração hoje! - Ele falou, eu larguei o violão e suspirei.
- Nada, só estou desmotivada para tocar hoje! - dei de ombros, já que eu não podia virar e falar "Sabe o que é? Eu estou apaixonada por você... Engraçado, não é mesmo?"
- Tudo bem! Então o que você quer, ? - Ele perguntou com uma sobrancelha arqueada e se fosse outra pessoa, eu teria entendido aquela pergunta de outra forma.
Eu ri nervosa.
- Nada... Acho melhor eu ir pra casa! - Levantei encarando meus próprios pés e estava pronta para fugir, até uma mão grande e calejada se fechar no meu pulso e me puxar contra seu peito.
- Droga garota, o que você está fazendo comigo? - murmurou contra minha têmpora enquanto me abraçava. - Você sente isso também? Ou vai continuar fingindo que não é nada?
Ai. Meu. Deus.
Mantenha a calma, !

Ele só está sendo carinhoso, como um... um... padrasto. OK, talvez não como um padrasto.
- Por favor, me diz que eu não estou imaginando isso e que você também me quer! - Ele falou com uma voz torturada, me apertando ainda mais contra ele.
- Isso não está certo! - Falei sussurrando.
- Eu sei. - Ele concordou baixinho.

Acordei sentindo um peso diferente em mim, e não, não era ninguém na cama comigo! Era só culpa, pura e simples culpa! Mesmo não tendo acontecido nada depois daquele abraço e palavras sussurradas entre mim e , aquilo foi tudo... Até ele tomar um surto de consciência e praticamente me expulsar. Lembrar das palavras que ele me disse doía, no fundo da minha alma.
- , isso está errado! - Ele havia dito me soltando bruscamente. - Meu Deus! O que eu estou fazendo? - Ele repetiu enquanto andava de um lado para o outro. Eu apenas o encarava sem reação. - Acho melhor você ir embora!
E eu fui.
O que será que tinha na cabeça dele? Eu estava ignorando o meu sentimento, e, estava me saindo muito bem, obrigada. Pelo menos foi o que eu pensei, até ele me puxar pelo pulso.
Foi ele quem me puxou!
Ele. Não eu.
Balancei a cabeça para os lados e me levantei bocejando, andei cambaleando ate o banheiro e encarei meu reflexo, minha aparência cansada não passou despercebida nem mesmo por mim. Bufei enquanto lavava o rosto e ia em direção a cozinha, onde encontrei uma Grace muito feliz, cantando "Love is the air" enquanto preparava o almoço.
- Viu passarinho verde? - Perguntei divertida, sentando na mesa enquanto a observava.
- Quase isso, filha. – respondeu, sorrindo. - Finalmente vamos ter aquele jantar hoje!
- Jantar? - engasguei. - Que jantar?
Perguntei desejando que não fosse o que eu estava pensando, mas ambas sabíamos do que se tratava. Aparentemente, iriamos jantar todos que nem uma família hoje. Eu, minha mãe e .
Iria ser um desastre!

See me nervously pulling at my clothes and trying to look busy, and you're doing your best to avoid me

Eu queria morrer.
Sabe um daqueles momentos da vida que tudo o que você quer é ter um super poder onde é só estalar os dedos e... Puff! Você desapareceu, simples assim?
Pena que a vida real é totalmente diferente.
- , filha! - Despertei dos meus pensamentos com minha mãe me chamando e balançando a mão na minha frente como se tentasse chamar minha atenção.
- Am... Oi mãe. - Sorri amarelo.
- Você pode passar a salada para o , por favor?
Fiquei paralisada por alguns segundos, não queria olhar para ele porque eu sabia que ele também não estaria olhando para mim, e eu não sabia dizer o que era mais constrangedor. Não sabia se era o fato de que estávamos nos evitando desde que ele chegou, ou minha mãe que insistia em perguntar sobre como estavam indo as aulas de violão.
- Claro. - murmurei enquanto esticava a mão com o pote de salada para , o que estava sendo uma manobra complicada já que eu não estava exatamente olhando onde ele estava.
- Ei, ! - Fechei os olhos fortemente quando escutei sua voz me chamando com humor do outro lado da mesa, e então o olhei. Meu constrangimento foi ainda maior quando percebi que estava apontando a salada para uma cadeira vazia enquanto os dois me olhavam rindo.
Ajeitei a postura e pigarrei fingindo que nada tinha acontecido, agora o momento constrangedor tinha duplicado e minhas bochechas ficaram quentes como se tivessem pegando fogo quando nossas mãos se tocaram, ele ficou totalmente sério sem humor nenhum e eu me senti em uma daquelas cenas clichês, só que aqui nada era como uma história de amor com final feliz, porque em uma história de amor de princesas com finais felizes ninguém se apaixona pelo namorado da própria mãe.

Ao fim do jantar, eu me sentia completamente esgotada como se eu estivesse em alguma competição onde quem fingia se importar menos, ou ignorar fosse o vencedor. E sinceramente eu não sabia dizer quem havia ganho.
- Eu vou tomar um banho antes de sair. - Minha mãe falou me olhando com uma interrogação no meio da testa, como se estivesses tentando entender por que eu estava agindo de forma tão estranha, já que pelo o que ela sabia eu e seu namorado nos dávamos super bem. Eu diria que até bem demais. - foi ao banheiro e quando ele voltar quero que você faça companhia pra ele, tudo bem?
Não, não está tudo bem.
Era isso que eu queria ter dito, mas tudo o que saiu foi um grande sorriso forçado e...
- Claro mãe!
Então ela saiu totalmente satisfeita e se fechou no banheiro para seu banho de beleza, que com certeza consistia em depilação e muitos cremes corporais e eu até arrisco em dizer íntimos. Eca.
e minha mãe.
Droga.

- Você não parece estar muito bem. - Senti o sofá afundar ao meu lado e travei minha postura no mesmo instante. Senti aquele cheiro amadeirado que já era tão comum pra mim após dois meses de convivência, lembrei dos dedos dele dedilhando o violão e a voz suave e masculina sussurrando notas no meu ouvido.
As palavras "Dó, Ré, Mi, Sol, Lá, Si" nunca foram tão sexy.
- Eu estou ótima! - Disse enquanto brincava com o zíper do meu casaco.
- Olha, , sobre ontem...
- Não aconteceu nada ontem, ! - Dei um sorriso que na minha cabeça era tranquilizador, mas pela cara que ele me olhava devia parecer mais com o coringa.
- Você realmente vai agir como se nada tivesse acontecido? - Ele perguntou suspirando e passando as mãos na calça jeans como se tentasse se livrar do suor.
Sim!
- Não, até porque não aconteceu nada!
- Como não, ? - Ele falou com irritação na voz e o maxilar travado, respirou profundamente e me olhou. Olhou de verdade. Olhou pela primeira vez naquela noite e foi quando eu notei o quanto ele parecia cansado, com bolsas enormes ao redor dos olhos, sua expressão era de puro sofrimento e pela primeira vez ele aparentava ter a idade que tinha. Foi nesse momento que eu soube, que talvez eu não deveria fingir que nada aconteceu. Talvez, o melhor fosse enfrentar o problema.
- Ok, algo aconteceu! - Concordei. - Mas, não foi nada de mais... Foi só... Só... Só, um abraço? Isso! Um abraço! - Disse mais pra mim mesma do que pra ele, eu sentia que tinha que ter certeza na minha cabeça de que nós dois éramos fadados ao fracasso, antes de qualquer coisa.
- Droga, garota! - falou e se aproximou de mim, sua mão raspando na minha bochecha e um olhar doce de devoção como se eu fosse a criatura mais linda que ele já viu na vida. Como se ele sentisse algo por mim.
Puta merda.
Cacete.
Não!

- Não! - Protestei alarmada transparecendo meus pensamentos, empurrei seu peito que notei ser muito musculoso... Nossa, ele devia fazer academia, gente, sério que peitoral era esse?
- Você sabe que isso não está me afastando nem um pouco... Não é? - Ele falou com um riso na voz e só nesse momento eu percebi que ao invés de o empurrar, eu estava acariciado seu peitoral. Droga.
- , por favor... - Implorei baixinho olhando em seus olhos.
- Por favor o quê? - Perguntou se aproximando cada vez mais, eu sinceramente não sabia como dois seres humanos podiam ficar tão perto assim.
Nossas respirações se misturando, as bocas estavam tão próximas uma da outra que eu podia sentir o cheiro e até mesmo o gosto da pasta de dente de menta, o que entregava o que ele estava fazendo no banheiro minutos antes. intercalava seus olhares entre meus olhos e minha boca, sua mão deslizou novamente até minha bochecha e a segurou delicadamente, ele era tão alto e tão grande que eu sentia sua mão na ponta da minha testa até o topo do queixo, mas essa sensação logo foi ofuscada pela sua outra mão que tocou minha coxa e começou a fazer movimentos circulares com o dedo. De repente era como se eu estivesse pegando fogo, todos os sentidos estavam aguçados e meu corpo completamente arrepiado.
- Por favor o quê, ? - Ele repetiu a pergunta raspando, agora, o nariz na minha orelha e cheirando meu cabelo.
- P-por favor... - Falei sem saber se estava implorando para ele parar, ou continuar. - Eu...
- Você?
- Quero... - Engoli seco.
- Eu também! - Ele falou e então depositou um selinho na minha boca, e não fez nada mais que isso até eu abrir a boca e sua língua finalmente entrar em contato com a minha, em um beijo tão tortuosamente lento e ao mesmo tempo tão bom.
E enquanto estávamos os dois entregues a aquele momento, a água do chuveiro ainda podia ser ouvida e tudo o que eu queria era que ela continuasse caindo, caindo e caindo para que eu continuasse beijando o proibido mas gostoso que eu já tive.

Dias atuais.

Por muitas vezes nossos momentos foram assim, pequenas frações de tempo onde estávamos sozinhos sem ninguém por perto - ou não tão perto assim -, ela costumava estar no banho, no mercado ou simplesmente ainda não havia chegado em casa do trabalho.
E eu não sei o que dói mais... Não sei se foi deixar você entrar no meu coração da maneira mais absurda possível, se foi o fato de que eu estava traindo minha mãe de uma forma tão suja ou saber que depois de todas aquelas trocas de beijos escondidos de todos, quando ela aparecia em um vestido vermelho linda do jeito que era e é, com aquele sorriso de que tudo estava bem, um sorriso de tranquilidade e um beijo na minha testa, vocês saiam pra sua casa ou pra onde Deus sabe onde, fazer sabe o quê.
Antes que me chamem de idiota por aceitar tudo isso, ou por fazer isso. Quero que saibam que eu tentei, eu juro que tentei me afastar, mas se tem uma coisa que eu aprendi com essa horrível situação foi que o amor pode sim fazer bem, às vezes, mas ele sempre vai deixar você insegura demais, ou, no meu caso burra demais.

12 meses antes.

Cause lately I don't even know what page you're on

Um mês.
Esse era o tempo que eu não via , depois daquele fatídico beijo trocado na sala, eu achei que estávamos começando algo, mas tudo morreu no momento em que ele saiu pela porta de mãos dadas com a minha mãe, como se nada tivesse acontecido.
- Não me espere em casa, filha! - Minha mãe havia me dito, com uma cara sapeca e um piscar de olhos e pela primeira vez na minha vida eu odiei a relação aberta que nós tínhamos.
E desde então eu decidi que iria esquecer tudo o que aconteceu, mesmo que fossem apenas pequenas trocas de olhares, toques e um mísero beijo - não tão mísero assim.
- Ok, chega! - falou bufando e me acordando do transe em que eu me encontrava. Estávamos as duas na sala de aula completamente alheias a professora que tentava inutilmente ensinar sobre alguma coisa relacionada a matemática. - Me conta o que tá acontecendo!
Arregalei os olhos, pensando em alguma coisa que pudesse falar para engana-la, mas ela me conhecia e eu sabia que não ia parar até arrancar a verdade de mim, então eu contei e falando para outra pessoa sobre a situação que eu me encontrava eu me senti ainda pior. Isso é errado! Eu nunca deveria estar fazendo isso com a minha mãe, minha própria mãe.
- Você tá falando sério? - perguntou com uma cara de espanto, e eu não a culpo por isso.
- Infelizmente sim. - Suspirei.
- Você tem que contar pra tua mãe, esse cara está te seduzindo. Fala pra ela, ela vai te entender! - Minha amiga falava quase sem respirar nas pausas das frases e eu só queria rir, porque chorar eu já tinha feito até demais.
- Eu não posso, ! - Protestei alarmada. - Eu não posso fazer isso com ela, minha mãe está tão apaixonada! Não para de falar nele e fica cantando essas músicas melosas sobre como a vida é bela e o amor maravilhoso.
- Mas, e você? - Ela perguntou me encarando com uma expressão de pura pena. - E seus sentimentos como ficam? E tem outra coisa, Kals... Você não pode deixar a tua mãe com um cara que está com ela, e sabe lá com quem mais!
- Eu não posso. Tá legal? - Falei batendo a mão na mesa e chamando a atenção da sala pra mim.
- E porque você não pode? - Ela perguntou baixinho depois que todos se concentram em fazer nada novamente.
- Porque eu estou apaixonada por esse babaca, e não quero ele longe de mim! - Confessei sentindo meus olhos arderem com as lágrimas que queriam cair, mas eu não tinha mais forças, meu depósito de lágrimas tinha acabado, e eu nem sabia que isso era possível.
- Bem, isso é uma merda amiga! Mas, pelo o que você me contou, faz um mês que você não aparece nas aulas de violão e que não vê ele! Então eu acredito que você vai ser forte o suficiente pra fazer o certo! - Minha amiga falou enquanto segurava minha mão em um aperto que passava tranquilidade, um aperto que dizia que não importava o que acontecesse, ela sempre estaria ali para o que eu precisasse.

correu pegar o ônibus já que estava atrasada para o trabalho, seus pais tinham uma lanchonete e ela ajudava sempre depois das aulas para tirar uma grana extra.
Tinha tudo pra ser um dia normal, o problema é que assim que eu olhei para o carro estacionado em frente ao portão onde um homem mais velho e muito bonito de queixo erguido como se fosse o dono da rua estava encostado com os ombros cruzados e o pé direito apoiado na roda olhando fixamente pra mim.
Com certeza não seria um dia normal.
- O que você tá fazendo aqui? - Perguntei irritada assim que atravessei a rua e fiquei de frente com ele.
- Eu vim aqui saber por que você está faltando as suas aulas de violão! - Ele respondeu com uma cara irritada.
- Por que? Vai contar pra minha mãe? - Disse enquanto soltava uma risada de escárnio.
- Para com isso garota e entra no carro! - falou com a autoridade um homem de cinquenta anos, se bem que com a idade que ele tinha não estava tão longe assim.
- Não! - Falei batendo o pé.
- Para de agir que nem uma criança!
- Uma criança que sabe beijar muito bem. Não é mesmo? - Assim que as palavras saíram da minha boca, eu me arrependi instantaneamente.
- Porra ! - esbravejou e praticamente me colocou a força dentro do carro, suas narinas estavam dilatadas e sua respiração e jeito agitado denunciava o quanto eu tinha o irritado.
- , isso está errado! - Falei suspirando. - Eu quero você longe de mim.
- Não, você não quer! - Ele falou enquanto dava partida no carro. - Eu sei que é errado, mas eu não consigo parar de pensar em você...
- Você não pode ficar comigo e com a minha mãe ao mesmo tempo! Eu não quero fazer ela sofrer... Eu mesma não quero sofrer.
Senti as lágrimas se formando e não fui forte o suficiente para segura-las, aparentemente eu ainda tinha lágrimas.
- , você é a minha menininha e eu não quero te perder! Vou fazer o possível para mantê-la na minha vida! - falou pegando na minha mão, ao mesmo tempo em que virava em uma rua já conhecida por mim, porque era lá que eu costumava ter aulas de violão.

Dias atuais.

Nós continuamos com aquela rotina de você me buscando na escola, e então as aulas de violão acabam sempre em beijos trocados no sofá regados a coisas que casais adolescentes costumam fazer. A culpa era a última coisa que eu pensava quando estava acompanhada de você, .
Mas, então algo sempre acontecia como quando eu pegava você em momentos tão parecidos como os nossos, só que esses momentos não eram comigo... E eu não sabia dizer o que machucava mais.

10 meses antes.

So many things that I wish you knew
So many walls up I can't break through


Escutei um barulho de risadas no andar de baixo, minha mãe parecia envolvida em algo muito divertido já que eu pude ouvir sua risada cada vez mais alta perdida em gargalhadas, sorri feliz com isso. Fazia tempos que ela não sorria desse jeito, mas meu sorriso logo se perdeu quando eu reconheci a gargalhada que a acompanhava, uma risada masculina e que eu ouvia todos os dias nas aulas de violão, uma risada que no final das tardes era sempre apenas para mim. Subi correndo a escada em direção ao meu quarto novamente, eu queria chorar mas sinceramente já estava cansada o bastante por chorar da maneira que fazia durante esses meses desde que i conheci.
- , tá tudo bem? - Aaron, meu amigo que estava fazendo trabalho comigo no quarto perguntou assim que reparou no estado que eu estava quando entrei.
- O que? Sim, tô ótima! - Falei forçando um sorriso e então o olhei. Eu digo, realmente o olhei, era era um garoto bonito de olhos verdes, com o típico jeito de bad boy de jaqueta de couro, mas completamente focado nos estudos o que o fazia diferente de qualquer um. - Você é muito bonito.
- Nossa, isso foi uma mudança e tanto de assunto. - Ele falou rindo e eu senti minhas bochechas ganhando um tom de pura vergonha. - Obrigado... Você também, , é muito linda.
Eu estava com raiva, cansada da situação em que eu me encontrava. Não estava aguentando sofrer e mentir do jeito que estava mentindo para a minha mãe, e acho que foi isso que fez com que eu me aproximasse de Aaron e o beijasse, ele retribuiu o beijo e por mais que aqueles não fossem os lábios que eu queria nos meus, por mais que aquele não fosse o beijo que eu estava tendo nos últimos meses, ele foi o suficiente para fazer com que um pingo de esperanças surgisse em mim, pelo menos fizesse eu acreditar por momentos que, talvez eu pudesse ser feliz.
- QUE PORRA É ESSA? - Um grito foi ouvido, interrompendo o beijo e fazendo com que nós dois pulássemos cada um para um canto. - SAI DAQUI AGORA, MOLEQUE!
Aaron me olhou com os olhos arregalados murmurando algo do tipo "depois nos falamos" e saiu correndo. Olhei irritada para o causador daquela confusão, e corri até ele distribuído vários tapas por todo o seu peitoral.
- Eu te odeio. - Falava a medida que aplicava cada tapa com a raiva me engolindo por completo.
- O que você acha que está fazendo? - perguntou enquanto segurava meus braços e me pressionava de encontro a parede.
- Vivendo a minha vida! - Esbravejei.
- Você não vai sair por aí beijando outra boca que não seja a minha! - Ele falou pressionando seu corpo ainda mais contra o meu, sua respiração na minha bochecha.
- Por que não? - Perguntei tentando me soltar do aperto que me encontrava. - Você vive por aí com a minha mãe. Por que você não me deixa viver a minha vida?
- Por que eu te...
Suas a palavras foram interrompidas no momento em que passos apressados foram ouvidos subindo as escadas, me soltou e deu um passo pra trás.
- O que aconteceu? Aaron saiu daqui branco sem nem se despedir. - Minha mãe perguntou com uma cara confusa, completamente alheia a qualquer tensão no quarto.
- Porque eu peguei os dois se pegando no quarto. Achei uma falta de respeito com você, Grace! - falou coçando a cabeça.
- Eles são adolescentes, . - Ela riu. - Deixa eles!
Então pegando na sua mão, os dois foram novamente para o andar de baixo e eu não sabia se ficava aliviada ou decepcionada por não ter ouvido o fim da frase que ele iria me dizer.

Dias atuais.

Eu acho engraçada até hoje essa crise de ciúmes que você teve, talvez se nós tivéssemos parado com esses encontros sem futuro que nós tínhamos, talvez eu pudesse ter te esquecido e pudesse estar tentando ser feliz, quem sabe com o Aaron? Ou talvez com alguém carinha que fosse aparecer na minha vida... Mas, você queria que eh fosse sua, você me queria como se eu fosse uma peça de alguma coleção e você me queria de todas as formas possíveis e eu continuava aceitando tudo o que você queria de mim porque independente de qualquer coisa, eu te amava mais do que a mim mesma e era aí que eu errava.
Eu errava porque faltava amor próprio comigo mesma e isso era pior só que qualquer traição ou ato.

9 meses antes.

But I liked it better when you were on my side, the battles in your hands now, but I would lay my armor down if you said you'd rather love than fight

estava muito estranho, agindo todo agitado e batucando sem parar com as mãos no volante, parecia nervoso com algo e por mais que eu perguntasse o que estava acontecendo, ele apenas mudava de assunto e dizia que não era nada.
Assim que chegamos em sua casa, eu reparei na música ambiente que tocava ao fundo.
- Bonita, não é? - Ele perguntou limpando o suor das mãos na calça jeans. - Se chama "Waiting On an Angel", do Ben Harper.
- Sim. - Concordei. -
- Vem, vou tocar pra você! - Ele pegou na minha mão e me levou em direção a sala, desligou o rádio e começou a dedilhar a música ao mesmo tempo que cantava olhando fixamente pra mim.
Assim que a música terminou, levantou, ligou o rádio novamente e andou até a mim com um sorriso sedutor. Deus, ele era tão lindo. Ele sentou ao meu lado e começou a fazer movimentos circulares com o dedo na minha bochecha, seus lábios cada vez mais próximos do meu e eu sabia que naquele momento nós estávamos no nosso próprio mundo. Um mundo só nosso, um mundo onde o proibido não era tão proibido assim.
Quando nossos lábios estavam juntos, envoltos em um beijo que já era tão conhecido por mim, eu me sentia feliz e fazia o possível para não pensar em nada que estava acontecendo por trás de toda aquela confusão. A mão de foi adentrando minha camiseta e subindo pelas minhas costas, assim como todos os amassos que nós costumávamos dar naquele sofá todas as tardes, mas eu sentia que aquele dia seria diferente. Agora eu entendia o porque ele estava tão nervoso, queria muito mais do que beijos trocados e eu estava disposta a dar aquilo se fosse o que ele quisesse, eu era dele e não conseguia negar nada que ele me pedisse.
- Sim. - Falei em sussurro.
- Sim, o que? - perguntou confuso.
Eu apenas respondi tirando minha camiseta e desabotoado o sutiã, e foi o suficiente para ele entender o que eu quis dizer.

Ele foi gentil, tirou minha roupa em meio a selinhos por todo o meu corpo e quando estávamos ambos nús e entregues um ao outro ele se segurou ao máximo, sempre perguntando se estava me machucando já que era a minha primeira vez.
Assim que estávamos os dois deitados no chão do tapete, os corpos usados e sorrisos no rosto, me olhou e colocou meu cabelo atrás da orelha.
- Eu te amo, minha menininha! - Ele falou plantando um selinho em minha boca.
- Eu te amo mais, .
Eu só não sabia que meses depois, esse seria um dos dias que eu queria ter apagado da minha mente, para sempre.

Dias atuais.

Enquanto eu estou aqui nesse sofá revivendo os últimos quinze meses da minha vida eu percebo eu podia ter me afastado, eu podia ter realmente me afastado. Mas, é incrível como o amor nos deixa cegos para qualquer pingo de bom senso que eu deveria ter tido.
Eu era uma garota que não quis saber merda nenhuma, que não quis ver nada na frente a não ser um cara bonito que parecia e dizia me amar, mas que era mais confuso que eu mesma.

6 meses antes.

I used to know my place was the spot next to you, now I'm searching the room for an empty seat

Minha mãe havia inventado mais um de seus almoços em família, estavam todos os seus amigos lá, assim como os país de e meus avós. Como sempre, minha amiga estava junto.
A tensão na mesa era tão grande que eu senti que não havia lugar para mim, nem mesmo com minha amiga do meu lado eu me sentia melhor. e eu estávamos nos ignorando, assim como sempre fazíamos quando estávamos acompanhados de outras pessoas.
- , você precisa resolver isso! - Escutei minha amiga falando baixinho no meu ouvido.
Ela era a única pessoa que sabia de tudo o que estava acontecendo desde o começo, ela nunca foi a favor, vivia dizendo que ele estava me usando e que era para eu abrir o olho, mas como sempre terminava em briga eu fazia o máximo para ignorar esse assunto.
- Eu sei! - Admiti e vi minha amiga arregalar os olhos, não acreditando que finalmente eu estava querendo fazer algo a respeito.
- E como você vai fazer isso? - Ela perguntou olhando para todo mundo que se encontrava ali, com certeza não tinha sido um bom dia para uma escolha.
Mas, como se algo estivesse ao nosso favor levantou e foi andando em direção à sala e eu sabia que aquele seria o momento.
- Vai logo. Pode deixar que eu fico aqui tomando conta para que ninguém atrapalhe. - falou me dando um beijo no rosto como incentivo.
Então eu fui.

But you held your pride like you should've held me

Eu tinha tomado uma decisão, estava cansada, totalmente esgotada daquela situação e disposta a enfrentar tudo e qualquer coisa para tê-lo comigo. Desde que nós havíamos feito sexo, parecia que isso era a única coisa que nos motivava, não tinha mais conversas, era tudo carnal e ele parecia cada vez mais distante como se não soubesse pra que lado correr.
- ! - Chamei-o assim que finalmente consegui que ficássemos a sós, enquanto a distraía todo mundo que estava naquele almoço que pra mim era completamente inútil.
- ? O que você quer? - Ele perguntou enquanto olhava para os lados.
- Fica tranquilo, a está distraindo todo mundo. Eu preciso falar com você!
- Fala logo! - Ele falou em um tom grosso, me assustando.
- Por que você tá agindo assim comigo ultimamente? O que tá acontecendo? Nós não conversamos mais como antes, não nos beijamos como antes e você parece que só quer uma coisa de mim! - Falei me encostando na parede e chorando enterrando as mãos no meus rosto.
- Calma, ! Desculpa, eu não queria falar assim com você! - Ele falou tirando as mais do meu rosto e me dando um selinho. - É que essa situação toda está me deixando muito confuso e eu não sei o que fazer.
- É por isso que eu quero falar com você! - Disse enquanto andava de um lado para o outro. - Eu preciso que você tome uma decisão agora! Ou você vai lá e enfrenta todo mundo dizendo que está comigo, ou nós terminamos por aqui!
- Tudo bem! - concordou, sentindo a firmeza das minhas palavras e andou até a mesa.
Minhas mãos estavam suadas de nervosismo e por mais que eu estivesse me sentindo triste e culpada pela minha mãe, eu estava aliviada antes de qualquer coisa.
- Queria a atenção de todos! - falou, sua voz grossa e masculina reverberando acima de todos e chamando as atenções para si. me olhou com expectativa e eu dei um leve sorriso. olhou pra mim uma última vez. - Vocês sabem que eu conheci uma mulher maravilhosa nesses últimos meses, e meus dias com ela têm sido os melhores da minha vida, e com tantos altos e baixos e mesmo com toda a bagagem que cada um carrega nós nos entendemos e temos sido o melhor um para o outro, então eu queria aproveitar que estamos todos aqui reunidos para fazer uma pergunta.
Pergunta? O que ele estava fazendo?
Olhei para ele com uma cara de interrogação, ao que ele apenas balançou a cabeça para os lados e soltou a bomba que mudaria minha vida dali para a frente.
- Grace, você quer se casar comigo?

Dias atuais.

Eu nunca havia visto um casamento ser preparado tão às pressas como esse que aconteceria hoje. havia insistido para que acontecesse tudo o mais rápido possível e minha mãe havia aceitado, achando fofo o fato de que ele queria se juntar com ela o mais rápido possível.
Eu tinha minhas dúvidas quanto ao motivo.
- Você está bem? - perguntou, sentando ao meu lado no sofá da sala.
Minha mãe estava em um sala de beleza se arrumando, e eu tinha inventado uma desculpa qualquer para que não fosse arrastada junto, ela relutou muito mas acabou por aceitar quando eu falei que precisava de um tempo sozinha apara assimilar tudo depois de ter que aceitar conviver com outra pessoa dentro de casa, outra pessoa que não fosse ela. Eu me senti péssima por mentir assim pra ela, mas foi necessário. tinha ido para a minha casa assim que a chamei e eu agradecia muito por isso.
- Dentro do possível! - Sorri. - Precisamos ter aquela conversa!
- Eu não quero ter aquela conversa, você sabe o quanto eu acho essa ideia terrível! - Ela falou com os olhos cheios de lagrimas.
- , você sabe que eu preciso disso, não sabe? - Disse enquanto a abraçava.
- Eu te amo, amiga!
- Eu também te amo.

Continuei sentada pensando em todas as coisas que me levaram a tomar a decisão que eu tinha tomado, e não me arrependia do que tinha escolhido. Eu sabia que seria o melhor para todos.
- Eu sabia que você estaria aqui! - Fiquei completamente dura assim que ouvi aquela voz que eu estava fazendo o máximo para ignorar já faziam seis meses. - Sabe, pensei em muitas coisas para te dizer, mas nada vai apagar o que aconteceu e eu não quero que apague. Eu te amo, sabia? Mas eu também sei que nos dois juntos somos impossíveis, sei que a nossa história já era uma tragédia antes mesmo de acontecer.
- Eu sempre me perguntei se esses últimos meses estavam matando você assim como estavam a mim, e eu ainda não sei a resposta. Eu ainda não entendi de que forma você me ama, amou ou tanto faz. - Falei sem encara-lo. - E foi por isso que eu tomei essa decisão, primeiro porque tenho medo do que pode acontecer caso eu continue aqui, e também porque sei que você a ama e eu quero a felicidade dela mais do que a minha.
- Eu acho que amo mais você! - Ele falou enquanto eu sentia o sofá afundar com o seu peso.
- Esse é o seu problema, . Você só acha, você nunca tem certeza. - Disse enquanto levantava, depositava um selinho em sua boca e saía em direção ao táxi que me esperava.
Uma mala na mão e uma passagem de ida sem saber quando e se voltaria.

(Leia escutando "Parachute - She Is Love")

"Para: Grace.

Queria começar essa carta de uma maneira que fizesse você entender com clareza o que se passa na minha cabeça, que fizesse você entender os meus motivos para fazer o que fiz e o que estou fazendo, mas nem eu mesma tenho as respostas.
Mãe, eu te amo incondicionalmente e sempre vou amar e é por isso que decidi seguir o meu caminho para que você possa ser feliz, e eu sei que você vai ser muito mais feliz sem mim. Sei que pode parece burrice, até porque nenhuma mãe quer ficar longe de um filho, e muito menos eu queria me afastar de você, mas tem coisas que aconteceram na minha vida, coisas que eu não pude evitar, coisas que apesar de me arrepender eu sei que faria novamente.
O amor faz nós cometermos as piores e melhores loucuras possíveis, ele vem acompanhado de momentos bons, mas ele também traz sofrimento, dor... E o que aconteceu foi que eu me apaixonei pela pessoa errada pra mim. E agora eu sinto que preciso seguir minha vida, esfriar a cabeça e ter um tempo pra mim.
Eu consegui entrar em contato com o meu pai e sei que você não vai gostar de saber disso, mas eu pedi dinheiro a ele, e ele não me negou porque sabe que não cabe a ele nada que envolva a mim, a não ser ter pelo menos a obrigação de cumprir com um mísero pedido. Vou realizar aquele sonho de fazer um mochilão pelo mundo e quero que você respeite minha decisão, por mais difícil que seja, deixa eu seguir o meu caminho. Foi o que eu escolhi pra mim nesse momento da minha vida, já tenho 18 anos, terminei o colegial e quero um momento para descobrir a vida.
Esse cara que eu fui, e confesso, ainda sou apaixonada deixou um buraco enorme no meu coração e tudo o que eu quero é tapar esse buraco com experiências que vão me ajudar a crescer como pessoa, quero conhecer pessoas, lugares e ser feliz enquanto der.
Então eu te imploro, me perdoe por não estar presente no seu casamento, esse momento que eu sei que foi tão Importante pra você, e peço para que você não me procure, pelo menos por enquanto.
Eu vou voltar. Assim que eu estiver pronta. Eu prometo.
Seja feliz!!!!

Sua filha, que te ama muito e sempre vai amar."



Fim.



Nota da autora: Faltam exatos 34 minutos para acabar o meu tempo de envio para a fic e eu não sei se fico aliviada ou decepcionada comigo. Primeiramente, muito obrigada a minha mozão, Lidia, que me ajudou com a ideia do final e que aguentou meus surtos, eu te amo.
Queria poder ter escolhido um assunto mais fácil, ou ter desenvolvido mais essa história... Mas, não foi o que aconteceu.
Queria dizer que odeio esse pp e muitas vezes quis dar um tapa nessa pó e depois abraça-la porque vamos combinar que a coitada sofre demais.
Quero comentários, e espero que tenha feito algo muito diferente do que vocês imaginaram para essa música porque não gosto de ser óbvia... Por isso que sofro ora escrever depois Hahahaha
Beijos e até a próxima! :*





Outras Fanfics:
Love is not a sin - Especial de Agosto
Can't Fight With You - Atualização especial do dia do sexo
Bônus: Wild Ones - Ficstape #007
07. Bloodstream - Ficstape #009
13. I'll Be Okay - Ficstape #011
11. Right Here, Right Now - Ficstape #012
01. I Put a Spell On You - Ficstape #022

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