Finalizada em: 25/05/2015

Capítulo Único

This is the start of something beautiful
This is the start of something new


Nova York – Aeroporto Internacional JFK – 10:30 AM

A gritaria do lado de fora era algo que aos poucos já me acostumava, mas o fato de ficar trancado nessa salinha era algo que realmente me incomodava. Por mais que dissessem ser necessário, eu odiava ter de esperar olhando para as paredes, sem praticamente ninguém ao meu redor.
Erick, meu agente, já estava atrasado em quase uma hora, mas não era isso que estava me incomodando. Era o fato de não saber o que o destino e decidiriam para mim. Aquele podia ser o começo ou fim da minha história “amorosa” em Nova York, mas o mais incrível é que quem decidiria isso era a garota mais brava e imprevisível que já conheci; e eu, que nunca acreditei em destino estava aqui, praticamente de quatro esperando que ele me ajudasse de alguma forma. Que ele quisesse o mesmo que eu, só desta vez.

FLASHBACK ON
A noite não prometia ser muito proveitosa; afinal, terça-feira à noite em um bar qualquer de Nova York, só tem gente chegando estressado do trabalho e ninguém quer se divertir de verdade, mas até isso é melhor do que um quarto de hotel vazio.
– Me vê um whisky. – Pedi ao barman e uma garota que estava do outro lado do balcão seguia o barman com o olhar, observando cada passo dado até que ele me entregasse minha dose. Só então seus lindos olhos pararam sobre mim. Ergui meu copo para ela, que sorriu e se aproximou, um pouco cambaleante e sorridente demais para o horário.
– Isso é forte? - Ela apontou para meu copo com a cabeça e eu olhei para o copo vazio em sua mão.
– Depende. Qual é o seu objetivo na noite? - Bati na banqueta ao meu lado. Ela sorriu torto e se sentou, me olhando profundamente. A linda jovem à minha frente se aproximou da minha orelha e sussurrou:
– Eu quero esquecer a TUDO e a TODOS!
Como imaginei, ela estava a fim de aprontar e eu a ajudaria - se ela quisesse, obviamente.
– Então você quer um duplo! - Pisquei para ela e chamei o barman, pedindo uma dose dupla, só que quando ele a entregou a mim, eu troquei nossos copos, dando a dose mais leve a ela, que me olhou brava, tentando trocar as bebidas, mas eu não deixei.
– Nós trocamos só quando você me disser seu nome; só então eu penso no seu caso! - Virei totalmente meu corpo para ela, que rolou os olhos, tomando um gole do meu whisky e fazendo uma careta em seguida.
– Isso é horrível! - Eu ri e ela me encarou um pouco mais séria. Resolvi tomar a iniciativa.
– Me chamo , e você é?! - Estendi minha mão a ela, que ficou a encarando por um tempo até dar de ombros e apertá-la.
– Sou e não vou ficar com você. – Eu comecei a rir pela sua sinceridade e ela tentou novamente pegar a minha dose dupla, mas eu peguei o copo antes de ela o alcançar.
– Acho que isso não vai te fazer bem, “ que não vai ficar comigo”. - Comecei a tomar minha bebida enquanto ela me observava.
– Argh! Vocês não vão se meter na minha vida! - Ela lançou um olhar zangado para o barman, que só agora reparei estava muito próximo a nós. Pelo olhar cauteloso dele, ela já tinha passado um pouco do limite e ele estava cuidando da quantidade de bebidas que ela estava ingerindo.
– Eu vou embora! - Ela tentou levantar, mas quase caiu ao fazer isso. Segurei em sua cintura e a coloquei de novo no banco. Fiquei em pé na sua frente até que ela estivesse totalmente equilibrada de novo. fechou os olhos com força e suspirou.
– Fica aqui comigo, se quiser conversar, prometo não vou me meter em sua vida! O que acha?! - Ainda estava muito perto de seu rosto, e vê-la assim de perto era quase perigoso. Ela tinha um rosto naturalmente lindo, cheio de sardas e com uma covinha na bochecha esquerda que surgiu porque ela me empurrava enquanto sorria ainda com os olhos fechados.
– Eu já disse que não vou ficar com você! - riu quando fingi estar ofendido pela sua recusa.
– Eu sei, mas isso não te impede de me fazer companhia, não é mesmo?! - Pisquei para ela, que se deu por vencida e ficou sentada ao meu lado.
Na realidade, eu sabia que ela não deveria sair daquele jeito, mas havia acabado de chegar e tinha simpatizado com ela, então unimos o útil ao agradável. Como quem não quer nada, o barman só dava bebidinhas fracas para , que me contava o que seu agora ex-namorado havia lhe feito.
– Ele é um grosso imbecil, me traiu com a mais cretina e eu sou obrigada a olhar pra cara dele todo santo dia! Eu não aguento mais! - Terminei meu whisky enquanto ela terminava sua história. Seu celular tocou e ela atendeu com a voz mole e risonha.
– Oi, Amy! Não era amanhã sua festa?! Eu esqueci totalmente disso... Onde é?! Posso levar alguém comigo? Não, não é aquele filho da puta! Te amo, sua biscate, até daqui a pouco!
E, de repente, de um estado totalmente fossa, quase chorando no balcão, ficou absurdamente animada e se levantou como se não tivesse bebido uma única gota de álcool, me olhando.
– Quer ir pra uma festa comigo? Eu preciso me divertir e você também! - Eu ri de sua repentina mudança, mas nem tive tempo de responder; quando vi, já estava me puxando. Antes de sair, deixei o dinheiro no balcão e saí com aquela desconhecida rumo a alguma festa.
, sua biscate! - Uma garota de vestido curto surgiu atrás de nós poucos minutos depois que chegamos à tal balada.
– Amy, sua vaca, quase perdi isso! - a abraçou forte, chamando a atenção das pessoas ao nosso redor. A amiga dela saiu do abraço e olhou para mim, seus olhos se arregalaram, mas eu pedi silêncio colocando meu dedo sobre os lábios. Estava adorando o fato de ninguém ter me reconhecido até agora e, graças a Deus, ela entendeu e assentiu, nos levando para o centro da pista de dança onde eu finalmente pude conhecer . Pelo menos uma nova versão dela.

You are the one that will make me lose it all
You are the start of something new


A mesma garota que eu conheci no bar, praticamente chorando por um babaca, agora me puxava pela mão para mais uma dança. Por mais que suas roupas não ajudassem muito, já que ela vestia aquelas saias executivas com uma blusa de botão, sabia ser sexy e, a cada movimento dela acompanhando a batida da música, eu ficava mais vidrado.
Seu cabelo agora solto balançava junto com seu quadril, era inevitável não desejá-la, estava impossível me manter longe dela, manter minhas mãos longe de seu corpo.
Undisclosed Desire do Muse tocava e eu perdia a cabeça. A cada segundo era tudo que eu via, trouxe-a para mim e com um sorriso no rosto ela disse:
– Eu não vou ficar com você, ! - Minhas mãos passeavam por sua cintura enquanto ela passava a mão por meu pescoço, me puxando para ela também.
– Eu não disse nada! - Sorri com a minha boca já encostando na dela. Ela puxava os cabelos da minha nuca enquanto eu colava nossas bocas em um beijo intenso e cheio de desejo. Aquela garota me enlouquecia apenas ao sentir seu toque, me provocava com seus movimentos e com sua boca. A música parecia estar mais alta, mas nada seria mais alto do que o que pulsava em mim para ter por completo, sua boca colada em meu ouvido, me torturando com cada palavra que ela cantava para mim.
E eu a prensei contra alguma parede daquele lugar; não ouvi a música terminando, só ouvia seus suspiros e gemidos em meu ouvido. Só sentia ela. E seus beijos, suas mordidas, suas mãos. Estava perdendo a cabeça por estar onde estava com ela, no maior dos amassos na parede daquela boate, mas era inevitável. Ela era irresistível.
– Minha casa, AGORA! - Depois de um tempo eu realmente havia me esquecido de onde estávamos e o que estávamos quase fazendo.
sorriu e me puxou pela mão.
E aquela noite que tinha tudo pra ser uma das mais comuns para alguém como eu, acabou sendo uma das mais maravilhosas. era surpreendente em tudo e ela realmente não me conhecia.

“Bom dia, !
Desculpe te deixar assim, mas eu precisava ir trabalhar, ainda é quarta feira ;)
Adorei a noite! Mas creio que não irei te ver de novo, certo?!
Entregue a chave ao porteiro quando sair!
Bjos, .”


XXX

O prédio enorme, exatamente no centro de Nova York, não ajudava em nada no meu disfarce. Eu parecia Sherlock Holmes com meu casacão preto, boina, óculos escuros e ar misterioso ao lado do carro preto que me foi disponibilizado esperando sair. Ela só não sabia que eu estava aqui.
– Até que enfim te achei! - Depois de várias tentativas falhas, consegui encontrá-la em meio a várias outras mulheres elegantes que saíam do prédio.
– Quem é você? - A mulher à minha frente parou de caminhar e me analisou de cima a baixo com o cenho franzido – Eu não te conheço, com licença. – Voltou a caminhar, me ignorando completamente.
– Claro que conhece, nós saímos ontem, eu sou o ! - Fui atrás dela, que tentava rapidamente ultrapassar as pessoas, fugindo de mim.
– Não, não é, você é um maníaco que se não se afastar, eu vou gritar! - Ela disse entredentes, me olhando de lado. Parei de acompanhá-la e depois de alguns passos de distância disse:
– Não me faça contar tudo que você me disse ontem, senhorita “Não vou ficar com você”. - Comecei a falar mais alto e ela parou, virando para trás, visivelmente constrangida enquanto as pessoas que passavam por nós reparavam na nossa conversa à distância.
– Que droga você quer comigo e porque você está vestido como meu avô? - Ela se aproximou, tentando me enxergar melhor por baixo da boina e dos óculos; quase conseguiu tirá-los, mas eu desviei.
– Eu... Eu queria te ver de novo, só isso! - riu, cruzando os braços enquanto eu fechava mais o casaco.
– Eu não acredito muito nisso, o que você quer REALMENTE?
– A gente pode conversar no carro?! Aqui não é mesmo um bom lugar!
Mesmo desconfiando, aceitou me seguir até o carro e, mesmo tentando bancar a durona, eu a vi sorrindo quando comecei a tirar o casaco e a boina na qual estava me escondendo antes. Pensei que ela tivesse me reconhecido, mas ela não falou nada.
– Anda, fala logo, eu... Tenho um compromisso! - Era perceptível sua mentira, mas eu entendia seu receio, afinal, não é todo dia que um estranho te pede pra entrar num carro, ainda mais vestido como eu estava.
– Tá, o.k.! , eu queria te fazer uma proposta... É que eu vou ficar uma semana aqui em NY e queria que você me acompanhasse... É realmente MUITO chato ficar sozinho aqui. – Disse simplesmente, vendo ela arregalar os olhos para mim.
– Meu Deus, o que você acha que eu sou?! Sabia que eu era péssima com essas coisas casuais, aquele bilhete era pra ser um “Vai com Deus”, “Não me procura mais”. Eu sabia que não deveria ter dormido com você, agora olha o que você acha que eu sou, só falta me oferecer dinheiro pra fechar o pacote. Não é porque você é bonitinho que eu sou obrigada a ouvir essas coisas!
E a garota brava e irritada começou a gesticular sem parar dentro do carro. Eu sei que não se deve rir quando uma mulher brava está perto de você, mas foi inevitável, e veio com tudo pra cima de mim.
– Qual é o seu problema, afinal? Agora vai ficar rindo da minha cara? - Seu rosto ficava a cada segundo mais vermelho e seus tapas mais ardidos por todo meu braço, mas eu consegui segurá-la.
– OK, OK! PARA!- Segurei o riso enquanto observava ofegante ainda me olhar furiosa. – Só um jantar? Juro que você nunca mais vai me ver, contanto que jante agora comigo!
Estávamos muito próximos, a respiração descompassada dela batia contra meu rosto e eu queria muito beijá-la, mas, se fizesse isso tinha certeza que ela sairia correndo, com direito a chamar a polícia e tudo.
– Você é um idiota! Um grande idiota! - soltou suas mãos das minhas e olhou pra frente, respirando fundo. Ajeitou a camisa e o blazer que vestia e apenas acenou com a cabeça, concordando.
Liguei o carro e fomos até meu restaurante favorito, que ficava em um dos hotéis mais caros da cidade; vi pelo canto do olho arregalar os olhos.
– Acho que não estou bem para um lugar desses! - se analisou e eu acompanhei seu olhar. Para mim estava perfeita, já ela fez uma careta quando ergueu novamente o olhar.
– Você está linda, ! - Ela virou os olhos quando me ouviu chamá-la por seu apelido e eu ri apenas para provocá-la.
– Sua opinião não conta e não me chame assim!
Quando chegamos ao Plaza, vi que ela não se mexeu e ficou olhando para o lado de fora, meio perdida, até que eu fiz menção de sair e ela me segurou pelo braço.
– Vamos a outro lugar?! Hoje não é um bom dia para vir exatamente nesse restaurante! - Olhei para ela, que parecia ter outra razão para não gostar dali, não era sua roupa nem nada. – Por favor?! - Ela sorriu de leve e eu assenti, talvez isso ajudasse a quebrar o gelo.
– Tem um restaurante bacana a duas quadras daqui! O que acha? - Assim que o carro começou a rodar, ela olhou para mim e eu apenas dei de ombros.
– Você é quem manda. – Eu ri deixando ela me mostrar o caminho.

And I’ll throw it all away
And watch you fall into my arms again
And I’ll throw it all away
And watch you fall, now


Antes de descermos do carro, apenas soltou o cabelo e já parecia outra mulher, ela riu da minha cara de idiota enquanto descia do carro, deixando seu perfume por onde passava.
Eu sabia que ali tinha muito mais risco das pessoas me reconhecerem, já que no Plaza, por mais que me reconhecessem, era raro alguém se aproximar; aqui talvez eu não desse a mesma sorte.
Era um restaurante aconchegante e nem um pouco parecido com a loucura que Nova York costumava ser. Assim que entramos, eu já sentia alguns olhares na nossa direção e não sabia dizer se já sabia quem eu era ou não.
– Eu preciso ir ao banheiro, já volto. – Assim que ela saiu, duas garotas vieram me pedir autógrafos e assim foi se seguindo até que, alguns minutos depois, estava de volta e havia ainda algumas pessoas ao meu redor, pedi licença a elas e pelo olhar confuso de acho que ela não estava entendendo nada.
– Sr. , é uma honra tê-lo em nosso estabelecimento! - Uma simpática senhora veio até mim e , que acabara de sentar na nossa mesa, me olhava com curiosidade. Bem, se ela não sabia quem eu era, agora não teria como escapar. – Não sabia que estava na cidade, se não se importar, depois que provarem da nossa comida, poderíamos registrar o momento? Sua visita é realmente importante para nós!
Sorri para ela e assenti enquanto entregava o cardápio a , que apenas piscava sem entender nada.
– Claro que sim, vou adorar! Pode me cobrar depois, o.k.?! - Pisquei apenas um olho para a senhora, que sorriu mais abertamente, olhou para , que nem tinha aberto o cardápio ainda, depois olhou para mim, que tentava não rir da cara de espanto dela.
– Nós vamos querer o especial da casa! - A mulher sorridente saiu de perto de nós e só então eu pude rir da cara de espanto de , que mal piscava na minha frente. Realmente não fazia a mínima ideia de quem eu era.
– QUEM É VOCÊ?! O que está acontecendo? - Por pouco ela não começou a falar alto demais e nós, que já estávamos chamando atenção, não viramos a atração de vez.
– Respira, , conta até dez, que eu vou te explicar! - Eu não conseguia parar de rir e ela me olhava com os olhos semicerrados enquanto eu calmamente desdobrava meu guardanapo.
– Sou , ator e seu acompanhante na noite de hoje! Prazer, gata! - Estendi minha mão sobre a mesa e ela apertou, deixando a boca abrir em um Ó perfeito enquanto eu tentava não rir. Ela fechou a boca e olhou ao nosso redor como se eu tivesse dito a ela o maior dos segredos e alguém pudesse ouvir.
– Como assim ator? Onde você trabalha? Por que nunca te vi antes? - Ela sussurrou se inclinando para frente e eu me inclinei também para brincar com ela.
– Só você nunca me viu, porque eu estou no ar em um seriado, como um médico muito sedutor, se me permite dizer. – Tentei beijá-la, mas se afastou. Pisquei para ela, que riu, totalmente chocada e olhando para os lados, acompanhei seu olhar e vi quando ele parou em uma mesa cheia de mulheres, todas olhando para a nossa mesa.
– Entendi! - Ela chacoalhou a cabeça de um lado para o outro e riu, ficando levemente vermelha – Eu realmente preciso me informar melhor, nunca tinha te visto antes.
– Eu percebi, na sua casa só tem canais de economia e música, eu fiquei bem chocado com isso.
– Você mexeu na minha TV? - De surpresa começou a ficar irritada.
– Claro, eu queria saber se você não era uma fã maníaca e tal. – Provoquei, sussurrando enquanto ela começava a ficar mais irritada e me chutava por baixo da mesa. – Foi decepcionante não me ver na sua parede! – Disse, sorrindo de lado para ela, que virou os olhos.
– Ridículo, metido e... - Ela parou quando chegaram com nossos pedidos.
– Gostoso, eu sei!
– A comida sim, parece estar uma delícia, você não. – Ela sorriu de lado enquanto pegava seus talheres – Por favor, sem comentários sórdidos. – Ela gesticulou enquanto eu tentava não rir da cara que ela fazia. Quando eu apenas pediria uma trégua, mas ela me cortou.
– O.k., o.k.!
Aquele foi um jantar realmente engraçado, por várias vezes quase se afogou enquanto eu falava sobre ser ‘galã’ e em como era a vida na Califórnia.
– O que está fazendo aqui, afinal? - Nós tínhamos acabado de pedir a sobremesa que, segundo ela, era a melhor da cidade.
– Vim promover a segunda temporada da série e cuidar de outros assuntos que estão pendentes... E você? Até agora não sei o que você faz!
– Ah, eu seduzo artistas para fazê-los pagar jantares caros e me perseguir pela cidade... E até que é divertido! - Seu sorriso maldoso surgia enquanto eu a olhava boquiaberto, ela começou a gargalhar quando me levantei e, apontando meu dedo para ela, ameacei dar a volta na mesa para pegá-la.
– Fica aí! Eu respondo! - Ela ainda permanecia sorrindo devido à sua resposta atrevida.
– Eu sou , trabalho como administradora em uma grande empresa da área de cosméticos de Nova York, sou uma workaholic e por isso só tem economia na minha TV. – Ela deu de ombros.
– Como ela é importante. – Sorri, batendo palmas de leve, e ela ficou levemente corada.
– Como ele é famoso. – Ela imitou meu tom de voz e imitou meu gesto, mas eu fiz uma pequena reverência agradecendo. Ela apenas gesticulou com a boca: “metido”.
Nossa torta de morango chegou e , que tinha pedido calda de chocolate separadamente, deu a volta na mesa e veio ao meu lado.
– Se você não fizer do jeito certo, fica enjoativo. – Ela tirou a pequena concha da minha mão e derramou a calda na minha torta. Não resisti em tê-la por perto e não fazer nada, bati de leve na mão dela, que derramou toda a calda por cima da torta.
! - Sem querer ela gritou e todo mundo olhou para nós. Puxei ela para o meu colo e , que já estava corada, me olhou surpresa.
– O que está fazendo? Sabe que está absolutamente todo mundo olhando pra gente, certo?! - Ela sussurrou e tentou sair, mas eu a segurei e, sorrindo, passei meu dedo na calda de chocolate da torta. – Me deixa voltar pro meu lugar!
Apontei meu dedo sujo pra ela, que arregalou os olhos quando quase passei o dedo na ponta de seu nariz.
– Não ouse! - Ela disse baixo. Ri, lambendo meu dedo e a vi respirar aliviada.
Antes que tentasse sair do meu colo de novo, virei seu rosto e a beijei. A princípio ela tentou resistir, mas quando passei levemente meus dedos por sua bochecha, sorriu e me beijou de volta. Aprofundei o beijo e este era diferente de todos os de ontem. Com toda a calma, aproveitei o momento e senti acariciando minha nuca com uma das mãos. Eu a trouxe mais para perto e ela sorriu, quebrando o beijo e puxando levemente os cabelos da minha nuca.
– Você quer me ferrar, né?! - perguntou quando eu beijei sua bochecha e ela olhou à nossa volta, tentou voltar para o seu lado da mesa, mas eu dei espaço para que ela ficasse ali do meu lado.
– Fica aqui, você vai ter que dividir sua torta comigo mesmo. – Apenas peguei a torta que estava do lado oposto da mesa e trouxe para a nossa frente. – Pronto, pode fazer a mágica de novo. – Entreguei a ela concha da calda e ela recusou.
– Você vai estragar essa também, me recuso! – E, para provocá-la, joguei toda a calda na torta, vendo a cara dela de pena.
– Prontinho, moça.
Em meio a muitas risadas, nós comemos a tal torta de morango que tanto gostava. Depois atendi a simpática senhora dona do restaurante e nós partimos.

You are the earth that I will stand upon
You are the words that I will sing


– Para onde nós vamos agora? - me olhou, sorrindo de lado, enquanto eu apenas dava de ombros.
– Eu sou péssimo com lugares em NY, só conheço pontos turísticos e que devem estar fechados agora... Então, para onde quer ir agora?! - Devolvi a pergunta, vendo rolar os olhos.
– Então fecha os olhos, você não pode ver aonde eu vou te levar! - riu, pegando minha gravata e a colocando sobre os meus olhos. Claro que eu imaginei besteira. Senti sorrindo perto do meu ouvido.
– Não estou te levando pra um motel, então pode tirar esse sorrisinho do rosto!
Gargalhei enquanto ela dava partida no carro. Depois de algum tempo ela ligou o rádio e I Still Haven’t Found What I’m Looking For do U2 começava a tocar e surpreendentemente o carro que antes estava quase que em completo silêncio começou a ser preenchido pela voz de cantarolando a música.
Ela batucou no volante enquanto eu estava concentrado no som de sua voz, acho que poderia apostar que ela estava sorrindo enquanto cantava e eu queria muito ver isso.
– Por que está rindo? Deve estar horrível, né?!
– NÃO. – Eu acabei rindo ainda mais, virando meu corpo na direção de . – Eu queria te ver, mas imaginar também é bom!
– Por favor, não estou sem blusa nem nada, só estou cantando. – gargalhou quando coloquei a mão na boca, fingindo estar horrorizado.
– Ah, não, você acaba de destruir minha imaginação, estava tão sexy... – deu um tapa em minha perna enquanto eu gargalhava – Posso tocar pra tirar a prova? Você pode estar mentindo pra mim. – Estiquei minhas mãos em direção aos seios dela, que riu, batendo na minha mão. Ameacei fazer de novo e ela me repreendeu.
– Você tem medo, mas não tem vergonha, né. Posso te deixar aqui, no meio do nada, e fugir com o seu carro. O que acha?! - Do jeito mais sexy possível, se aproximou mais uma vez e sussurrou ao meu ouvido.
– Eu acho que é você quem não tem medo do perigo, né, garota!
apenas riu e aumentou o volume do rádio, desta vez eu a acompanhei, dedicando especialmente aquela parte a ela.

I have kissed honey lips (Eu beijei lábios de mel)
Felt the healing in her fingertips (Senti a cura na ponta dos dedos dela)

Apontei para ela, quase berrando a música, gargalhou ainda mais, me acompanhando na desafinação.

It burned like fire (Queimou como fogo)
This burning desire (Esse desejo ardente)

Depois de mais algumas músicas, parou o carro e me ajudou, foi me guiando enquanto eu não fazia a mínima ideia de onde estava e sabia que, se meu agente soubesse disso, iria me matar, mas eu realmente não estava me importando. Não naquela noite.
– Chegamos! - Ela tirou minha ‘venda’ quando chegamos a frente de um lago, rodeado de árvores e bem iluminado, tudo parecia ter paz naquele lugar. – Vem cá! - bateu no banco de madeira onde ela havia acabado de se sentar.
– Sou péssima de improviso, esse foi o único lugar que lembrei que não era ponto turístico e não teria muita gente. – sorriu tímida enquanto eu admirava tudo ao nosso redor.
– Tem certeza que ainda estamos em Nova York?! - Recoloquei de qualquer jeito minha gravata enquanto ouvia rir e tirar os sapatos, colocando as pernas sobre o banco de madeira.
– Tenho sim. Tá vendo aquele prediozinho atrás daquela casa?! - Ela apontou para um prédio que só aparecia uma pontinha atrás da casa do outro lado da rua – Eu morava ali e aqui, sempre foi o melhor lugar de Nova York pra mim. Melhor que Central Park. – Ela piscou um olho só para mim.
– Hum, gostei disso... Já está me contando seus segredos, que delícia! - Ela me empurrou de leve, rolando os olhos.
– Aqui é mais fácil se eu estiver a fim de te afogar sem testemunhas! - Ela riu debochada, mas parou assim que passei minhas mãos por sua cintura. – Eu acho que nunca vou compreender o que você quer comigo... Acho que você sabe que isso não faz o menor sentido, certo?! - Ela apontou para nós, enquanto eu a colocava sobre meu colo. Ela apenas chacoalhava a cabeça, ainda em negação.
– Não precisa fazer sentido, , você só tem que deixar acontecer, não precisa pensar em nada. – Sorri para ela antes de puxá-la para mais um beijo. A cada beijo ficava melhor, como se ela se soltasse mais e eu descobrisse os novos jeitos dela. se divertia, me provocando arrepios enquanto brincava com suas unhas em minha nuca. Passeava com minhas mãos por dentro de sua blusa, fazendo-a rir quando encostei em sua barriga. Ela estava gargalhando quando um cara que até então eu não tinha visto, parecia ter saído de trás de alguma daquelas árvores, apareceu atrás do nosso banco e ela de repente ficou pálida.
? , é você?! - E levantou rapidamente do meu colo, passando de pálida para vermelha como um tomate em segundos. Me levantei também, sem entender nada, e olhei para o tal sujeito. Um cara que aparentava ser uns 10 anos mais velho do que eu olhava um tanto quanto atordoado para nós,
– Oi, Jeff. – , envergonhada, tentou desamassar a blusa que vestia, mas foi em vão. – Tudo bem?! - Ela sorriu amarelo enquanto ele não tirava os olhos de mim. O encarei do jeito mais intimidador que consegui, apenas de sentir o olhar assassino dele sobre mim eu sabia que deveria ser algum ex dela.
– Não tá nada bem, ! - Eu já odiava esse cara apenas pela maneira como ele falava o nome dela. E como olhava para ela também – Quem é esse idiota?! - Dei um passo, pronto para mostrar ao imbecil à minha frente quem eu era, mas segurou minhas mãos. Olhei para ela, que chacoalhou a cabeça.
– Vai embora, Jeff, ninguém quer confusão aqui. – Ela pediu quando viu o babaca estalando o pescoço. Gostaria muito de socar a cara dele, mas entrelaçou sua mão na minha, a apertou com força e me puxou para trás. O olhar dela era de medo e eu realmente gostaria de saber o que aquele babaca à minha frente já havia feito para ela ficar desse jeito.
Jeff cravou seu olhar em nossas mãos unidas, em seguida olhou de novo para nós e eu não resisti em dar meu sorriso mais sacana. Sem dizer uma única palavra, consegui fazer ele ficar vermelho de raiva e, enquanto ele se afastava ainda olhando para nós, beijei as mãos dela.
– Quem é ele, ?! - Perguntei quando nos sentamos de novo no banco e segurou a cabeça com as mãos, visivelmente nervosa.
– Ele era meu namorado.. Lembra do fiho da puta da boate, que eu disse que me traiu e blá blá blá? É esse idiota! Sabia que ele estaria no Plaza hoje, por isso pedi para trocarmos de restaurante, mas não adiantou nada, ele é uma praga na minha vida! - parecia exausta só em pensar no assunto.
– Hum. E por que ele ficou tão nervosinho em te ver aqui? Aqui era tipo um lugar de vocês ou algo assim?! - Perguntei depois de um tempinho, quando já estava sentada ereta de novo, com o olhar perdido no lago à nossa frente, pensativa demais, mas, assim que fiz a pergunta, ela me olhou surpresa.
– Não, nós conhecemos pessoas que moram por aqui, mas acho que ele me ouviu rindo, sei lá. Mas aqui... - Seu olhar passou por toda aquela região, onde só nós dois estávamos. – Eu nunca trouxe ninguém pra cá, de verdade. – Sua voz saiu mais baixa e eu me perdi na intensidade do olhar dela.
Nenhum de nós sabia o que estava fazendo direito, e talvez nos ferrássemos por isso, mas aquilo significava alguma coisa. Pelo menos pra mim significava muito.
Depois de alguns minutos, pediu para voltarmos e eu a levei para o meu hotel.
Por mais incrível que pareça, passamos a noite toda jogando videogame, com direito a aposta e tudo. Descobri seu vício por chocolate e sua aversão à Coca-Cola. Obriguei-a a assistir pelo menos dois episódios do meu seriado e ela sempre debochava das minhas cenas sem camisa, dizendo que “nem é tudo isso, é efeito na câmera”. Depois do meu belo ataque de cócegas, fiz ela passar a mão na minha barriga e a vi enrubescer quando a obriguei a admitir que eu era gostoso.
Nunca ri tanto em uma noite e acho que nunca fiz alguém rir tanto em toda minha vida.
Dormimos juntos mais uma vez, ela era irresistível. Mas, depois deste dia, sabia que era muito mais do que só uma aventura.
FLASHBACK OFF

– Doutor Thompson? ?!- Uma garota que aparentava ter a minha idade gritava do lado de fora, batendo no vidro da janela. Não fazia a mínima de como sairia dessa e, só para ajudar, Erick não tinha chegado ainda.
– Oi, Linda! - Acenei para ela sorrindo, que gritou mais e apareceu mais duas garotas, e o caos se instalou de novo.
Por mais que quisesse atendê-las, naquele momento seria impossível, os seguranças do aeroporto surgiram e me trocaram de sala. Ri ao lembrar delas me chamando de “Dr. Thompson”. Passei quase uma semana sem ser chamado assim e me lembrei da única vez que me chamou assim, praticamente brigando comigo por eu ser quem sou e que eu briguei com ela por ter sido tão idiota.
Definitivamente o poder daquela garota de me tirar do sério não era algo bom pra mim. Mas era tudo que eu queria agora.

And I’ve thrown it all away
And watched you fall into his arms again
And I’ve thrown it all away
And watched you fall, now


FLASHBACK ON
Por três dias seguidos fiquei praticamente trancado dentro dos estúdios fotográficos que Erick me arrastou, muitas entrevistas e programas de TV e nenhum tempo para sair.
Quando já havia terminado todos os meus compromissos profissionais da semana e mesmo me sentindo idiota por isso, estava ansioso para ver novamente, no meu último dia em NY ela era a única coisa que me passava pela cabeça.
?!- Assim que sai do elevador de seu prédio, vi uma cena que me deixou literalmente enjoado. O babaca do ex-namorado a beijava na porta de seu apartamento e eu só queria que ela não tivesse me ouvido, mas me ouviu e conseguiu entrar no maldito elevador antes que ele fechasse.
– O que está fazendo aqui?! - Ela perguntou quando eu continuei olhando para frente e ela estava virada para mim – Responde, !
– Estou me perguntando a mesma coisa nesse exato momento. – Me sentindo mais patético a cada segundo, ainda olhava para a porta do elevador. – Sério, aquele cara lá em cima não é um traste, não era por ele que você estava chorando na primeira vez que eu te vi? É sério isso, ? Ele? - Não resisti e apertei o botão de emergência, fazendo o elevador parar e me coloquei na frente dela, sem chance para ela escapar dos meus olhos, mas ela olhou para baixo. Com toda paciência do mundo, ergui novamente seu queixo e olhei em seus olhos mais uma vez. Sentindo um aperto no peito, esperando que realmente aquela não fosse a última vez.
– Você. – Ela pigarreou já que sua voz saiu falha, como se ela fosse chorar – Você, , só se divertiu comigo, só fui sua brincadeirinha na cidade diferente, você não me conhece, não tem o direito de se meter na vida! – Ela, durona, tentava por toda sua força nas palavras, mas seu olhar a entregava.
– Tudo bem então! - Apertei novamente o botão de emergência e o elevador voltou a descer – Eu estava apostando grandes coisas para estar aqui HOJE, AGORA, e pode até ser que eu não saiba muita coisa sobre você, mas o que eu sei é que você merece muito mais do que aquele bosta que está lá em cima e que alguma coisa eu signifiquei pra você, já que é ele quem você deixou esperando... Se cuida, garota!
E a porta finalmente se abriu. Eu estava sufocando lá dentro e queria fugir dali o quanto antes. Assim que comecei a andar a ouvi praticamente gritando, ainda de dentro do elevador, segurando a porta.
– Não sei por que você finge se importar, você está indo embora amanhã de qualquer forma, Dr. Thompson. Você nunca ligou, . – E a última imagem que eu tinha de era ela quase chorando enquanto a porta do elevador fechava.

XXX

Ainda estava MUITO puto com e comigo mesmo por me deixar envolver em algo tão passageiro, em algo que não podia durar, mas e quem disse que eu conseguia parar de pensar nela... Era como se ela estivesse no meu quarto, deitada na minha cama, rindo como na noite em que jogamos videogame e ela gargalhava toda vez que eu perdia para ela. Eu me lembrava de cada detalhe, das suas mãos frias quando aquele cara apareceu para nos atrapalhar no lago, da felicidade em apenas ver a torta de morango no restaurante, mas o que mais me incomodava era lembrar do seu olhar quando o elevador fechou. Por mais que quisesse esquecer, era como se ela me cobrasse algo que só agora eu entendia o que era.

And take me back, take me home
Watch me fall down to earth
Take me back


! - Batia à porta como um louco, antes que a coragem fugisse e tudo que eu precisava falar morresse entalado dentro de mim.
?! - Ainda do outro lado da porta eu ouvi a voz dela – Vai embora! Sai daqui!
Bati mais forte na porta e ainda eram 08:30 da manhã, sem nenhum medo de acordar ninguém.
– EU NÃO VOU ABRIR!
– Então eu vou falar pra quem quiser ouvir, eu não vou embora sem dizer tudo!
– Não estou nem te ouvindo, , está perdendo seu tempo.
– Se você quer bancar a durona, o.k., mas eu preciso falar. Preciso tirar esse peso de cima de mim. Há uma semana eu jamais imaginei que estaria aqui falando pras paredes, que estaria com a droga da música do U2 gravada na minha mente acompanhada da sua risada. Eu não queria e até agora não sei explicar o que eu sinto toda vez que penso que estou indo te encontrar. Mas que droga, ! - Eu já estava parecendo um maluco de qualquer forma, chutei a merda da porta e depois me sentei no chão. Encostado na parede, eu continuei a falar, já que ela não deu o mínimo sinal de vida lá de dentro, mas eu sabia que ela ouvia cada palavra.
– O.k., você ficou de novo com aquele imbecil. Eu supero. Você diz que eu não ligo, mas eu ligo, ou melhor, eu venho. Estou aqui, me atrasando para o meu último trabalho em NY pra te fazer a proposta mais sincera da minha vida. Estou disposto a fazer de Nova York o meu lar, quero fazer daquele seu lago o nosso lugar contanto que você esteja me esperando aqui do outro lado. Eu preciso saber se você quer tentar também... Não sou perfeito - na realidade, eu posso ser até bem chato -, mas eu... - Um senhor saiu da porta vizinha à de e eu me sentia um completo babaca por estar sentado ali no lobby. Pedi para ele segurar o elevador enquanto eu terminava minha “conversa”.
Eu quero você, garota e aqui vai a nossa última chance. Você tem até o meio-dia para me dar uma resposta, eu não posso fazer isso sozinho, ... - Estava com a cabeça encostada na porta e, sem vergonha nenhuma de admitir, fechei os olhos, implorando mentalmente que ela abrisse a porta, que me deixasse entrar de vez em sua vida.
– Você vem ou não vem? - O senhor de dentro do elevador me olhava impaciente. Levantei rapidamente e corri até lá, olhando uma última vez para a porta dela, sem vê-la abrindo.
FLASHBACK OFF

Aeroporto Internacional JFK – 11:30 AM

– Até que enfim te encontrei, ! Você quer me matar? Você por acaso contou no twitter a que horas estaria aqui? Porque lá fora está um inferno! O pessoal do aeroporto tá estressado. – Erick e sua simpatia finalmente chegavam onde me esconderam.
– Pensei que ia sem você, não viu nenhuma executiva perguntando por mim? Ninguém?! - Perguntei sem conseguir me conter, odiava ter de responder as várias perguntas que viriam a seguir, mas o único jeito de saber se ela estava lá fora era esse, perguntando a Erick.
– Não. Só vi fãs da série, como sempre. E que história é essa de executiva? O que você andou aprontando, ?! Devo me preocupar?! - Ele teatralmente colocou a mão no peito. Apenas rolei os olhos e, em seguida, verifiquei de novo o relógio. Em meia hora tudo poderia estar acabado e eu realmente estava mais nervoso do que quando entrei para a série.
– Com licença, Senhor Erick? – Um segurança que parecia ter corrido um bocado apareceu na porta, nos assustando. – Tem uma garota que furou nosso bloqueio e não consigo achá-la. Vim pedir para tomarem cuidado, pois ela pode invadir aqui!
– Gente, o que está dando nessas suas fãs hoje? - Erick levantou e foi até a porta sondar os corredores. O segurança que entrou para pegar água deu uma leve risadinha.
– O mais engraçado é que ela dizia que não era fã, apenas disse que precisava falar com o Sr. , mesmo quando dissemos para respeitar a linha, ela passou correndo por nós e conseguiu entrar nessa área, mas ela deve estar com frio. – Ele riu maldosamente enquanto eu começava a ligar os pontos. – Na fuga, um dos seguranças a puxou pelo casaco e ela fugiu praticamente de pijamas.
Por mais que eu quisesse que fosse , duvidava que ela fosse capaz de aparecer no aeroporto de pijamas. Ela jamais faria isso.
– ACHEI! – Erick, que tinha saído da sala onde estávamos começou a gritar. Eu e o segurança nos entreolhamos e ele saiu correndo na minha frente.
– SAI DE CIMA DE MIM! - Erick gritava como uma garotinha enquanto a garota lhe enchia de tapas, pulando em suas costas. – VOCÊ É LOUCA!
– Não passa a mão em mim, cacete! - Eu estava alguns passos atrás deles e não conseguia enxergar direito a garota que estava batendo no meu agente, mas adoraria parabenizá-la. O segurança a arrancou de cima de Erick enquanto ela esperneava e tentava se soltar.
Ela estava com uma calça de moletom cinza, botas para neve, uma blusa que aparentava ser velha do Pink Floyd e seu cabelo estava solto, quase cobrindo seu rosto inteiro, mas assim que bati os olhos nela por completo, eu já sabia que era ela!
?! ?! - Corri até eles. O segurança, que já virava para o outro lado para levá-la dali, parou, assim como Erick, que esfregava os braços que foram estapeados por ela, e me olhava como se eu fosse um lunático.
! Manda ele me soltar! - O segurança se virou para mim de novo e eu a vi com clareza. Olhei para ele, que a colocou no chão, e me olhou aliviada, correu até mim e me abraçou, escondendo o rosto na curva do meu pescoço. – Graças a Deus!
Eu ri, ou melhor, comecei a gargalhar como um idiota com em meus braços.
– Ela vai ficar comigo, obrigado. – Agradeci ao segurança, que me olhava como se eu fosse tão louco quanto ela, e agora não podia dizer o contrário.
– Quem é essa? - Erick me olhava sem entender nada enquanto eu tentava desviar meus olhos dos de .
– Eu te explico depois, pode por favor ir atrás do casaco dela? Ou dar uma volta, sei lá, precisamos ficar sozinhos, o.k.?! - Deixei na salinha onde eu estava esperando anteriormente e expulsei Erick.
– Você tem 15 minutos até o embarque! - Erick saiu, me desaprovando. Quando voltei à salinha, olhava pela janela, abraçando o próprio corpo. Tirei meu casaco e coloquei em volta dela, a abraçando por trás.
– Eu não acredito que você está aqui! Eu não... - se virou rapidamente e me beijou, como se fosse a última coisa que estivesse fazendo. Ela me puxava para si e nós quase caímos enquanto ela bagunçava meu cabelo.
– Hey, calma! - Nos separei e ela riu, me abraçando em seguida.
– Eu não quero que você vá embora, essa semana não pode acabar! - Uma triste e com os olhos cheios de lágrimas me olhou. Apertei suas mãos enquanto ela voltava a encarar o chão.
– Você pensou em tudo que eu te disse?
– Como é que eu vou saber que você não está só brincando comigo, ? Como posso confiar nisso? - Ela apontou para nós dois, eu dei de ombros e ela riu.
– Eu falei que quero você, , estou disposto a tentar, mesmo que a distância possa nos atrapalhar. Não vou ligar de fazer essa ponte aérea de L.A. até Nova York se for pra voltar pra você. Eu só volto se for pra você! - Pisquei para ela, que começou a me dar leves tapas no braço enquanto falava indignada.
– Eu consegui passar a minha adolescência inteira sem derramar uma única lágrima por idiota nenhum, pra chegar você e bagunçar tudo! Não gosto de você, , não gosto mesmo! - Ela ria quando segurei seus braços, a trazendo para mais perto de mim.
– Eu sei que você gosta, você está aqui porque você gosta, . – Comecei a distribuir beijos por toda a extensão de seu rosto, descendo para o pescoço, sentindo ela arrepiar e rir mais baixo, perto do meu ouvido. – Você veio de PIJAMA pra me ver! Estou considerando isso uma prova de amor. – Sussurrei com meu rosto colado ao dela, que me empurrou. Comecei a gargalhar ao ver a cara de indignação de , que olhou para as próprias roupas e em seguida olhou para mim, estreitando os olhos, e voltou a se aproximar aos poucos.
– Se eu estivesse com meu casaco você nem ia perceber, o.k.?! E eu só vim assim porque a Amy me obrigou, ela me arrastou do jeito que eu estava em casa. Por isso estou ridícula assim, ela achou que você deveria conhecer o meu “eu” natural e eu discordo dela...
Não deixei continuar com sua tagarelice, não tínhamos tanto tempo assim, e eu queria aproveitar. Juntei nossas bocas em um beijo que começou calmo e foi ganhando intensidade aos poucos, passei minhas mãos pela cintura dela e a trouxe o máximo possível para mim. Senti suas mãos passeando por dentro da minha camisa, me provocando. Ergui uma das minhas mãos até seus cabelos e senti sorrir e morder de leve minha boca. Como eu queria mais tempo com ela, mas fomos interrompidos por Erick e o aviso de que tinha só mais cinco minutos.
– Eu volto em um mês, o.k.?! - estava tirando meu casaco, mas eu o fechei nela e apenas peguei meu celular. – Anota aí seus telefones e tudo mais, não esquece de nada!
Como Erick trouxe o casaco dela, ela pegou seu celular e eu fiz o mesmo que ela.
– A única coisa que eu posso prometer é que vou tentar DE VERDADE, , não estou brincando e eu vou te provar... Isso vai dar certo!
– Eu estou confiando nisso! Estarei bem aqui, , tô apostando tudo em você!
A beijei mais uma vez, me esforçando para guardar tudo na mente, cada gesto, o gosto, o toque. Dei um beijo de leve em sua testa antes de me afastar e ser puxado por Erick. Los Angeles me esperava, mas eu sabia que acabara de deixar grande parte de mim aqui em Nova York... E que eu teria de voltar sempre para me sentir completo.

For this is the start of something beautiful
You are the start of something new


UM MÊS DEPOIS
conseguia me deixar fascinado a cada novo detalhe que eu descobria, ela era a minha caixinha de surpresa. E o fato de simplesmente pensar que eu a veria em alguns minutos me deixava mais nervoso, mais sorridente e com o triplo de saudades. Nós dois nos esforçamos, parecíamos dois completos idiotas mandando mensagens, falando ao telefone e conversando por chamadas de vídeo, mas, para mim, tudo isso significava o começo de algo lindo, a calma que eu sentia toda vez que ligava para ela era algo que me era estranho no início, mas agora eu sabia que era bom. Com ela, era sempre a melhor parte de mim que vinha à tona, o que eu sentia por ela nunca consegui explicar nem para mim mesmo. Sei que é novo e que é incrível, não sei se isso é amor, mas se não for é muito parecido. Disso eu tinha certeza.

! - Finalmente cheguei à Nova York e fui recebido pela dona do meu sorriso favorito. Eu podia até não saber ao certo o que nós tínhamos, seja lá o rótulo que possua, eu sabia que era só o começo.




Fim.



Nota da autora: Oiii Gente! Tudo bem?! Fiquei muito feliz em poder participar deste ficstape e espero que a fic tenha ficado a altura porque eu realmente amo, amo, amo essa música, esse CD, esse Ed HAHAHAHAHA. Enfim, se gostaram, por favor comentem. É ótimo saber a opinião de vocês e ajuda o site também XD Qualquer coisa, podem me achar aqui: @just_aliine Beijoooos, até mais.



Outras Fanfics:
Better With You


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