07. When U Fall

Enviada em: 14/05/2022

Capítulo Único

Mesmo que eu fingisse que estava tudo bem, meu coração ruía por você, mas eu mantive a minha promessa até o final, sem sequer pensar em voltar atrás.

Eu estive lá por você.

A primeira vez sem o seu amor


— Você precisa parar de fugir ou vão desconfiar que você tem alguém fora dos grandes portões do palácio — você iluminava o meu dia com o sorriso que colocava no rosto assim que ouvia meus passos dentro da floresta.

Meu sorriso sincero era apenas seu, eu sentia uma alegria nunca encontrada antes de você.

— O que não seria uma mentira! — eu respondi, te abraçando, pois sabia que meus abraços eram os seus carinhos favoritos.

Eu sabia que era por isso que você me apertava tão forte, me envolvia no seu aconchego, no seu cheiro de menta misturado com morangos que vinham da pequena horta em sua casa. Seus abraços eram tudo que eu precisava em dias ruins e principalmente em dias bons.

— Senti sua falta — você me disse baixinho e aquilo me fez sorrir. — Eu senti tanto a sua falta, .

Seu choro baixo quebrou minha felicidade. Eu não sabia se você chorava de felicidade, emoção ou tristeza; afinal, eu nunca havia te visto daquela forma. Você raramente chorava e quando chorava algo errado tinha.

— Ei, ei — eu tentei acalmá-la, mas seus soluços altos não paravam de forma alguma, você quase parecia em crise — O que foi? Aconteceu alguma coisa? Alguém te fez alguma coisa?

Eu enxuguei suas lágrimas, deixando um carinho leve em seu rosto; e eu me lembro até hoje da sensação.

— Não vamos mais poder nos ver — você disse sem rodeios e meus olhos cresceram, assustados por suas palavras.
— Como assim, ? — eu me lembro de segurar seus ombros firmes, com medo que você me deixasse em breve. — Você precisa encontrar uma esposa em breve — sua voz dizia embargada. — Uma de verdade, que possa ser rainha junto de você. Alguém que possa entender o que você está fazendo e o quão importante isso é para seu povo.
, eu já disse que tudo se resolverá — eu respondi, tranquilo, achando que aquela era sua maior preocupação. Afinal, já havíamos tido aquele tipo de conversa antes — Eles nunca me obrigariam a casar com alguém da realeza, eles já me afirmaram isso. Você é a única pessoa com quem eu casaria, a única pessoa com quem eu teria filhos. A única que eu quero em minha vida até o fim dos meus dias.
— Isso não será possível — no momento em que você afastou nossos corpos, meu coração pareceu receber uma facada.
— Você já não me ama? — Eu perguntei, sabendo que a resposta poderia ser positiva da boca para fora.
— O completo oposto — mas recebi a resposta que não esperava com seu sorriso amargo nos lábios — e exatamente por isso que eu não posso mais vê-lo.
— O quê? — eu não entendia, quase não ouvia a esse momento.

Lembro de suas mãos deixando as minhas e a sensação ficou marcada em minha pele desde aquele dia.

— Adeus, — você me disse por último, me lançando um olhar significativo.

Eu sabia que te veria outra vez, eu sabia que você não havia me deixado por escolha própria e não estava errado.

A segunda vez sem seu amor


Eu tentei por inúmeras vezes buscar por você; fui a todos os locais que íamos constantemente. Você parecia fugir, se esconder; você simplesmente parecia nunca ter existido. Eu cheguei a pensar que, talvez, você tivesse sido parte dos meus melhores sonhos.

Mas não era verdade e foi por isso que eu a procurei.

— Majestade, me permita procurá-la — eu chorei, me ajoelhei implorando para que algo pudesse ser feito. Eu precisava de você e meu coração apertado me dizia que você também precisava de mim — Ela e esse reino são tudo de mais importante para mim. Combinar ambos traria minha felicidade eterna. Ela precisa de mim, assim como eu preciso dela.
— Eu nunca o vi falar dessa forma — A rainha disse, sendo atingida por suas emoções, ao perceber que seu filho havia crescido.
— Você cresceu — o rei disse, se sentindo da mesma forma que a mulher — Vá, procure-a! Ou melhor, encontre-a e faça um baile, anuncie seu noivado ao reino.

E foi o que eu fiz, busquei por você entre o nosso povo e os povos vizinhos; entre reinos distantes, como os de meus melhores amigos e irmãos, que foram minha maior força. Eles a conheciam, sabiam quem você era e como éramos felizes, eles colocaram tudo de si nessa busca junto de mim.
Todo o nosso povo sabia que eu buscava a única futura rainha que aquele reino merecia. Mas, por meses, seus rastros foram apagados.
Eu comecei a achar que você realmente não queria ser encontrada, que talvez você amasse outra pessoa e não podia deixar meu coração em pedaços.
Até o dia em que aquele pequeno papel amarelado com uma escrita simples, entregue no portão principalmente do castelo, chegou em minhas mãos.

“Eu não quero mais ver sofrer. Se ela for partir, merece partir com sentimento de felicidade e não chorando todas as noites por alguém que ela ama, mas não pode estar junto. Por favor, príncipe. cuide dela. Não a deixe partir infeliz, ela sofreu demais nessa vida.
Acho que é verdade quando dizem que boas partem muito cedo.
Você a encontrará na última casa do vilarejo, perto do bosque, do outro lado do pequeno riacho.”


Meus olhos brilharam e eu pensei que eles me enganavam ao ler aquilo.

— Pode ser um golpe — eu ouvi de meu fiel amigo dizer assim que leu a nota naquele mesmo dia — nós podemos ir com você, .

Eu não sabia como agradecer por ter tão bons amigos, eles eram como irmãos para mim, no mesmo nível que meu irmão mais novo, porém, mais presente que ele, que vagava pelo país estudando a mando de nossos pais.

— Você não precisa passar por isso sozinho — um deles disse, sorrindo.

E naquele mesmo dia, acompanhado dos meus irmãos e de minha esperança, eu fui a seu encontro.
Toquei na porta antiga de madeira com um medo irreconhecível dentro de mim e a mesma rangeu se abrindo alguns segundos depois.

— Você veio — a criança de cabelos escuros e olhos brilhantes disse — ela finalmente poderá vê-lo.

Seu ar esperançoso me dava energias, eu podia sentir o seu perfume de longe, a casa cheirava a morangos assim como você.

— a criança gritou — você tem visita.
— Eu não estou — você tossiu vindo em direção à porta. Eu me lembro até hoje a primeira vez que revi seus olhos pela depois de tanto tempo — esperando ninguém.

Seu rosto demonstrou o choque que foi para você me ver ali, parado, com guardas, meus amigos e o meu alívio em vê-la outra vez.

— eu disse quase em um sussurro quando as mãos de tocaram meu ombro, me despertando para a realidade.

Seus olhos estavam sem vida, eram olhos diferentes dos que eu costumava conhecer; assim como sua pele, sua cor que sempre fora mais bronzeada por andar pelos campos do povoado, mas você se encontrava pálida como se não visse o sol por meses. Lábios roxos e olhos profundos, você continuava a minha , mas parecia sentir uma enorme dor que eu queria poder tirar de você.

— sua voz saiu fraca.
— Aqui, segura o meu ombro! — a criança disse sorrindo para você de forma amorosa.

Mas você se recusou, tirando o sorriso caloroso que ela havia lhe dado.

— Eu disse que você não deveria fazer isso — suas palavras eram amargas, eu nunca a havia visto daquela maneira. Você tinha seus dias ruins, claro, mas ainda sim, sempre era doce e amável — eu pedi para você não fazer isso.

Eu pude ver seus olhos se encherem de lágrimas e meu coração se isolou em dor por saber que aquilo se referia a mim. Você não queria me ver, eu já deveria ter imaginado, mas nunca soube as respostas para o meus porquês, por isso, continuei te buscando até te encontrar.

— Eu só queria te ajudar, você é minha irmã, não deixaria que você fosse infeliz nem mesmo em seus últimos dias — aquelas palavras me deixaram estupefato.
— Eu não — sua voz saiu fraca quase inaudível então você se virou para mim, que até o momento não sabia o que dizer. Tudo que eu queria era vê-la mais uma vez e, com isso, minha vontade de cuidar de você aumentou a cada dia — por favor , vá embora.

Você caminhou para dentro da casa outra vez sem olhar para trás ou pensar duas vezes.

— Não! — Eu tomei coragem em falar fazendo com que você parasse seus passos no mesmo momento.

me chamou tentando me acalmar do nervosismo aparente em que eu me encontrava.

— Eu não sei o que está acontecendo — eu comecei a dizer, dando um passo à frente — eu não sei o que eu possa ter feito, mas eu quero me redimir se eu fiz algo que te afastou de mim assim — as palavras saíam do fundo do meu coração e eu podia sentir o pânico que me causava o mínimo pensamento de não te ter para o resto da minha vida.
— Conta para ele, — a garotinha disse, te olhando com tristeza — é ainda pior quando você esconde algo tão sério de alguém que você ama e se afasta sem explicar.
— Me conta, — eu falei mais uma vez — me deixa te recompensar se for algo que eu fiz. Nós podemos consertar isso. Eu conversei com o rei e a rainha, vim buscá-la para que você seja parte de mim de forma definitiva, assim como planejávamos. Não me deixa no escuro, me conta…
— Eu estou morrendo, ! — eu me calei no mesmo instante dando um passo para trás.
— Por que você inventaria algo tão sério apenas para me afastar? Eu não…— mal consegui terminar a frase, você me interrompeu.
— Não é invenção — você me disse, fazendo meu coração afundar em sentimentos — eu descobri no mesmo dia em que nos despedimos — você sorriu de forma amarga — parece que te amar demais diminuiu minha perspectiva de vida.
— O quê? — Eu não sabia se estava entendendo corretamente.
— Desculpa, , eu não posso fazer isso com você — você disse me olhando com sinceridade.

Eu te vi pronta para fechar a porta da casa, mas eu não deixei.

— Eu não sei o que é ou o que está acontecendo mas, seja o que for — eu disse, alcançando suas mãos, frias no momento — nós podemos passar por isso juntos, tentar o melhor — meu suspiro realmente foi alto antes de continuar falando — mas me deixa cuidar de você.
— Vamos, irmã — a mais nova disse te cutucando — não seja assim, invista na sua felicidade.
— Eu posso ser quem você deseja — você me disse com lágrimas nos olhos e eu podia ver com o canto do meu olho que todos os meus amigos estavam igualmente triste com o que estavam ouvindo. Afinal, eles sabiam como eu me sentia em relação a você — mas eu não posso ser aquela que você precisa.

Eu me aproximei e coloquei minhas mãos em seu rosto dessa vez.

— Você sempre será quem eu desejo — eu finalmente pude beijá-la depois de uma eternidade — e sempre será quem eu preciso, não importa de qual maneira.

Depois do dia em que te encontrei, eu estive ao seu lado todos os dias que pude. A vi entrando no enorme salão com um vestido de noiva digno da futura rainha que você seria, com sorriso lindo e iluminado em seu rosto no dia em que você se tornaria minha definitivamente. Pude vê-la andar pelos enormes corredores do palácio junto a minha mãe rindo por algo bobo que você provavelmente dissera, já que eu a conheço bem e sei que sua presença sempre foi leve e gostosa de estar por perto.
Eu pude te ver por exatamente um ano, acompanhá-la por um ano e ver como nesse um ano você ficou cada dia mais fraca. Você nunca deixou com que nós percebêssemos, mas como eu já disse, eu a conhecia e sabia cada mudança em você.
Não foi fácil. Discretamente, de pouco em pouco, eu trouxe os melhores médicos reais incluindo dos outros reinos, mas nenhum deles tinham a cura para um coração que amava incondicionalmente e por isso se enfraquecia a cada dia mais. Foi difícil olhá-la e ver tristeza em seus dias; foi difícil vê-la chorar em madrugadas por não poder ficar por mais tempo ou por não poder deixar uma memória nossa nesse mundo como forma do nosso amor. Você queria ter um filho, mas nunca poderia ter um já que não era forte o suficiente.
Contudo, você fora feliz até o seu último dia. O dia em que nos sentamos no pequeno banco do jardim, de frente às tulipas amarelas e você sorriu, vendo sua irmã rindo com meus três irmãos mais novos. Você estava aliviada que ela teria uma família que cuidaria dela até que ela pudesse cuidar de si mesma e, de fato, você sabia que eu nunca a deixaria partir. Ela era parte de você e, portanto, parte de mim.

Ela era como minha irmã mais nova.

A terceira e última vez sem seu amor


— Eu fui muito feliz, ! — você disse baixinho enquanto encostava sua cabeça em meu ombro — eu tinha medo de partir e meu coração parar sentindo a tristeza por não ter podido te amar por mais tempo.
— Eu nunca deixaria você partir daquela maneira — eu respondi — você e eu somos a mesma pessoa, não tem como mudar. Você é minha família.
— Eu amo você — sua voz baixinha disse.
— Eu amo você, — foi a última coisa que você ouviu antes de me deixar nesse mundo.

Epílogo

— Você tem certeza disso meu filho? Você não precisa, todos entendem — a rainha disse, me olhando com pesar.
— Está tudo bem, ela não gostaria de me ver sozinho e Sooha sempre foi uma conhecida da família. Nós conversamos sobre isso, será uma boa aliança entre reinos — eu realmente não podia mais vê-la e eu tão pouco poderia substituí-la, mas você me fez prometer antes de partir que eu deveria ser feliz, fazer algo pelo reino e por mim.

Você me fez prometer que eu nunca ficaria sozinho.

— Você sabe que seus irmãos podem fazer isso no futuro, você pode ser um rei sem herdeiro. Você tem a ela atrelado a seu coração, será difícil manter outra pessoa com a mesma intensidade — a sinceridade da rainha, que estava ali como minha mãe e não rainha, quase me fazia chorar ao lembrar do quanto eu apenas desejava ter te ajudado mais.

— Ela me fez prometer — minha voz saiu muito fraca mas audível — ela me fez prometer que eu não passaria os meus dias sozinho e sentindo falta dela — meu sorriso era amargo. Eu sabia, mas tinha motivo, afinal, minha saudade era insuportável — não estou totalmente contra passar meus dias com Sooha, eu apenas…
— Não consegue e não quer esquecê-la — ela sorriu para mim — você não vai, ela foi o grande amor da sua vida, ninguém nunca tirará isso de você.

De fato ninguém nunca tiraria você de mim, .

6 anos depois


— Papai — andava pela grande biblioteca do palácio em busca de um livro específico quando escutei me chamarem de longe.
— Vocês chegaram! — eu disse, recebendo um forte abraço vindo da menor e um sorriso dos dois mais velhos que estavam parados na porta — como foi a viagem?
— Cansativa, não parava de pedir à mamãe para que ela contasse a história do povoado de como o jovem e corajoso príncipe foi em busca de sua amada quando ela desapareceu do dia para noite — eu sorri, sabia que a menor gostava daquela história. Sooha foi quem contou aos dois sobre como havia sido antes de tudo e eu era grato.
— Não seja chato, disse, sorrindo, seu sorriso e o dele eram tão parecidos — é uma história bonita e triste.
— Eu nunca disse que não era — ele caminhou em nossa direção — eu só não entendo.
— Mamãe disse que só se pode entender quando você encontra um amor como o deles — A pequena comentou olhando para o irmão, ver aquela cena me fez sorrir.
— Como minha tia — comentou, sorrindo — mamãe sempre fala que ela amou tanto que acabou enfraquecendo, mas ela amou.
— Se o amor é isso, então eu não sei se quero encontrá-lo um dia — constatou fazendo com que déssemos risada.

Caminhei em sua direção e coloquei uma de minhas mãos sobre sua cabeça, bagunçando seus fios de cabelos bem arrumados.

— O amor não vai pedir permissão quando chegar, meu filho — eu sorri para ele.



Fim



Nota da autora: Olha mais uma fic triste e curta, minha vibe anda muito essa ultimamente kkkkkkkkk espero que tenham gostado!
Xoxo Caleonis <3

Nota da beta: Eu tentei segurar a lágrima, mas não foi possível AAAA que coisa mais fofa essa fala final. Eu amei? Eu amei. Caleonis sempre com histórias tão emocionantes e envolventes - a gente vive cada detalhe, cada olhar, cada sensação. Só consigo pensar em agradecer por esse carinho que é essa fic <3 Arrasou, como sempre!
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