Capítulo Único
's POV
03 anos de namoro.
Um início de conto de fadas.
Algumas pequenas crises de ciúme.
Reconciliações épicas.
Muitas brigas desnecessárias.
Esse pode ser considerado um pequeno resumo do meu relacionamento com o . Nos conhecemos ainda na escola, no último ano. Eu era a queridinha dos professores e aquela que todos sabiam que receberia uma bolsa em alguma grande universidade famosa. Ele tinha se transferido porque sua família havia se mudado para a nossa cidade, se tornou um dos principais competidores na equipe de natação, logo se tornou popular. Apesar disso, não era como aqueles caras populares descritos em filmes de comédia romântica adolescente. Ele era inteligente, engraçado e tratava todos com cortesia. Não era como os outros caras do colégio, que iam para festas, pegavam todas e tratavam os não populares como lixo. Não era uma máscara, ele era genuinamente bom e gentil. Aquilo me chamou atenção.
Desde que ele havia entrado no colégio, nós nunca tínhamos trocado uma palavra além de pequenos cumprimentos nas poucas festas em que ele aparecia. Nós não éramos do mesmo grupo de amigos nem tínhamos matérias em comum. Ele sabia da minha existência, assim como eu sabia da dele. E só. Tudo mudou quando um dos meus professores ficou doente e a minha turma estaria com uma aula vaga naquele dia. Pra não ficarmos ociosos, o diretor decidiu adiantar nossa aula de história e juntou a minha turma com a dele naquele horário. Como seriam muitos alunos para o professor controlar, o sr. Thompson optou para o realizar uma discussão em duplas sobre acontecimentos variados, com os resultados sendo entregues na semana posterior. O objetivo do trabalho era que cada um dos participantes escolhesse um lado da história e usasse de argumentos para defender os motivos daqueles acontecimentos.
Eu já estava preparada a me juntar com Olivia –– minha parceira em todos os trabalhos em dupla ou grupo e, claro, minha melhor amiga, quando o sr. Thompson anunciou que faria um sorteio das duplas, para tornar as coisas mais interessantes, palavras do mesmo. Como a pessoa mais azarada do mundo, eu já estava esperando que minha dupla fosse um dos losers que nunca fazem nada no trabalho e acabam recebendo a nota. Presa no meio dos meus pensamentos, escuto a voz do sr. Thompson me chamando:
— ?
— Presente, professor!
— Sua dupla será... — sorteia um papelzinho dentro do pote — .
Fiquei um pouco surpresa com o nome sorteado, até aquele momento eu não tinha percebido que estava junto com a turma dele ou a presença dele na sala. Sr. Thompson terminou de sortear todas as duplas e partimos para discussão. Peguei todas as minhas coisas e fui me sentar na cadeira que estava vazia ao seu lado. O nosso tema era o Assassinato do Presidente Kennedy e começamos a discutir e até criar nossas próprias teorias da conspiração sobre o caso. Aquele momento foi a nosso primeiro e grande momento de interação. Depois vieram muitos outros, os olhares diferentes e os primeiros beijos. Até o momento do grande pedido de namoro com direito até a jantar com os nossos pais para oficializar a união.
Foi o início do nosso pequeno fairytale, pena que tudo desmoronou com o tempo.
's POV
Achei que seria pior fazer essa mudança, mas até que a cidade é bem legal. Tive um pouco de dificuldade de me enturmar na escola, porque às vezes sou um pouco introvertido e tímido e acabo não sabendo como me portar perto de pessoas desconhecidas. Consegui uma vaga na equipe de natação da escola, tenho boas notas. Talvez consiga uma vaga em alguma boa universidade. Nunca fui desses caras de frequentar muitas festas, pegar várias meninas e encher a cara, mas também não sou nenhum santo. Gosto de ir em algumas poucas festas e, claro, já beijei algumas — muitas — bocas por aí.
Mas tem uma garota que me chama atenção. Já havia trocado algumas palavras com ela nas festas que fui, mas como sempre estava acompanhada, nunca passou disso. Ouvi boatos de que ela é a melhor aluna da escola, participa de alguns eventos beneficentes organizados pelo colégio. Nunca consegui ir além dos pequenos cumprimentos em festas. Não tínhamos amigos em comum e, apesar de sermos do mesmo ano, nossas turmas eram diferentes. A primeira vez que conversamos propriamente foi quando um professor teve que faltar e juntaram nossas turmas. Fomos sorteados para fazer um trabalho em dupla e, ali, pude descobrir que os boatos eram de fato verdadeiros. Ela era extremamente inteligente, mas não só isso, era engraçada, simpática e linda, claro. Tinha algo em seus olhos castanho claros que me deixava hipnotizado.
Depois desse dia, nos tornamos amigos. Passamos a almoçar juntos no intervalo, estudar juntos na biblioteca. Até que um dia, em uma festa, enquanto dançávamos juntinhos, rolou o nosso primeiro beijo. E melhor do que beijá-la foi ver o sorriso maravilhoso que ela exibiu no fim. Vieram muitos outros beijos depois desse. E os gloriosos amassos na minha cama enquanto os meus pais estavam no trabalho. Era maravilhoso senti-la derretida em meus braços, às vezes rebolando em cima de mim, me deixando com tesão — e duro —, mas infelizmente sempre éramos interrompidos. Ora uma ligação de seu pai pedindo para que voltasse para casa e cuidasse de seu irmãozinho, ou meus pais que chegavam antes do horário. Aqueles pequenos sustos sempre nos rendiam boas risadas, apesar de nos frustrar sexualmente.
A primeira vez que transamos aconteceu numa sexta, em uma noite despretensiosa. Seus pais viajaram e levaram seu irmãozinho, ela não pôde ir porque tinha um evento para participar no sábado. Bastou uma ligação e 15 minutos depois estávamos nus, e ela embaixo de mim, gemendo gostosinho. Naquela noite, sentindo-a aconchegada ao meu corpo, com seu cabelo jogado no travesseiro, que eu percebi que estava fodidamente apaixonado por aquela mulher. Não poderia mais perdê-la, ela teria que ser minha oficialmente.
Na semana seguinte, a levei pra um lugar especial que eu me acostumei a ir depois que cheguei na cidade. Fui buscá-la em casa e fui em direção ao que antigamente costumava ser um cinema ao ar livre. A vista do céu que se tinha de lá era magnífica e eu queria que aquele pedido fosse especial. A pick-up já estava devidamente arrumada atrás com algumas almofadas e uma manta. Um bom vinho que eu roubei da adega particular do meu pai e duas taças. Sentamos lá, nos aconchegamos e começamos a conversar sobre amenidades.
— Adorei a vista daqui, moro aqui a minha vida inteira e nunca tinha vindo nessa parte da cidade — ela fala enquanto nos cobre com a manta.
— Descobri por acaso, precisei entregar uma encomenda pra minha mãe, mas acabei me perdendo. Achei muito bonito e calmo, desde então se tornou meu local especial. Costumo vir aqui pra pensar, esquecer os problemas.
— Huuuum. Então qual a finalidade de me trazer aqui hoje? Além de compartilhar comigo essa bela vista?
— Bem, já que você mencionou, é o seguinte: não consigo parar de pensar em você desde aquele nosso primeiro beijo — ela olha pra mim espantada pelo modo direto que eu falo —, adoro cada minuto que passamos juntos. Amo o seu jeitinho, o seu sorriso e como os seus olhos me hipnotizam; sem mencionar o quanto você é boa de cama — ela ri e me dá uns tapinhas — , estou apaixonado por você, minha linda. E gostaria que você aceitasse namorar comigo.
— , eu... nossa, você me pegou totalmente de surpresa. Não sei exatamente o que falar.
— Basta você me dizer se aceita ou não. E eu não queria te apressar não, mas essa pequena demora está me deixando nervoso.
— ! Não me pressione — fala em meio aos risos — Ai, Deus, vamos lá. , você chamou a minha atenção desde o primeiro dia que colocou os pés naquela escola. Todas as vezes que penso em você imediatamente surge um sorriso no meu rosto. Cada momento que passamos juntos é maravilhoso e singular à nossa própria maneira. E, sim, eu sei que sou muito boa de cama — ri, fazendo cara de convencida — Sim, eu aceito ser sua namorada.
Aquela noite terminou com sexo maravilhoso atrás da minha caminhonete e com a certeza de que ela se sentia exatamente como eu. Na noite seguinte, marcamos um jantar em sua casa com nossos pais para tornar tudo mais mais oficial.
Infelizmente, com o tempo, perdemos a inocência do primeiro amor e tudo a nossa volta ruiu.
's POV
Combinamos de sair com nossos amigos, é aniversário do e ele não gosta de fazer grandes comemorações. Então a gente sempre reúne com alguns amigos em um bar e enchemos a cara. Depois vamos pra casa e fazemos amor, em nossa festinha particular. Depois de algumas bebidas, muitas risadas e tentativas de dança, noto uma moça muito atraente se aproximar da nossa mesa.
— ! Quanto tempo que eu não te vejo! E, nossa, esse tempo todo te fez muito bem — a loira abraça e percebo que existe bastante intimidade entre eles.
— Oi, Vivi! Realmente muito tempo. Como estão as coisas?
— Estão ótimas, estou cursando moda, meu irmão Jason casou... eu senti tanto a sua falta, na verdade todos sentimos. Os rolês não foram mais os mesmos sem você. E você, como estão as coisas por aqui?
— Ah, estou cursando direito — ela o encarou, espantada — Eu sei, bem diferente de tudo que eu imaginei pra mim, mas as coisas mudam.
— Quem diria, hein? Faculdade de direito. Eu me lembro bem que você queria cursar música, se tornar um rockstar...
— É, como eu disse, as coisas mudam...
— Então, posso me juntar a vocês? Estou passando uns dias na cidade para um evento de moda e não conheço ninguém. — ela fala, fazendo um biquinho que não me convence, mas aparentemente fez meu namorado rir.
— Claro, estamos comemorando meu aniversário. Na verdad...
— É amanhã! Nossa, que cabeça minha. A gente bem que poderia comemorar como antigamente, né? Nosso jeitinho especial — sorriu com lascívia escapando de cada palavra pronunciada.
— É.. que — ele se atrapalha com as palavras e eu resolvo me intrometer.
— É que ele tem namorada, querida — tento segurar meu ódio — e, a propósito, sou eu. Prazer, .
— Ah, meu Deus, desculpa. Eu.. eu não devia ter falado essas coisas.
— É, não devia mesmo. Muito descaramento da sua parte.
— ! — tenta me repreender.
— Olha, eu não sou obrigada a ouvir isso. Eu já pedi desculpas, eu realmente não sabia. — e se retira de perto de nós.
— Eu vou indo, porque a noite acabou pra mim também. — me levanto e pego minha bolsa, já procurando a chave do carro.
Nossos amigos percebem que o clima está tenso e todos começam a se preparar para irem embora também, chamam o garçom com a conta. Eu estou explodindo de raiva, mas não só da loira descarada como também do . Ele entra no carro junto comigo, mas não pronuncia uma palavra. Aquela noite ainda não acabou.
***
Chegamos em casa, o silêncio pairando sobre nós. Me dirijo ao nosso quarto e começo a tirar a roupa, em seguida me trancando no banheiro. Um bom banho de banheira vai acalmar a vontade que eu estou de socar a cara de certas pessoas.
De banho tomado, decido ir à cozinha procurar algum remédio pra dor de cabeça.
— A senhorita pretende ficar me ignorando até quando? — pergunta num leve tom de irritação.
— Até quando eu quiser, . Até que a minha vontade de socar a sua cara passe.
— Eu ainda não entendi o que aconteceu de mais...
— O quê? Para de se fazer de cínico!
— Cínico? Eu? Você que tá agindo como louca e eu simplesmente não entendo o porquê. — ele grita, puxando os cabelos em sinal de frustração.
— Louca, né?! Pois eu vou te dizer o porquê.. Porque uma loira que eu não faço ideia de quem seja chega toda cheia de intimidade; porque essa mesma loira o convida na MINHA FRENTE pra transar, e sabe qual é a pior parte?? O idiota do meu namorado me ignora e NÃO FAZ NADA. Sequer pensou em me apresentar e ter evitado que eu passasse essa vergonha.
— Ah, , para de ser ridícula! Foi um pequeno erro que aconteceu e você quase bateu na menina.
— Ridícula? Meu Deus, . Ela praticamente se esfregou em você, você deixou e fim. ESSES SÃO OS FATOS! Apenas assuma o seu erro ao invés de me chamar de ridícula e louca.
— Quer saber, , não tô afim de ficar ouvindo essas baboseiras suas, não. Vou dormir na casa do .
E assim ele se omitiu novamente. Me deixou aos prantos — furiosa — e não assumiu o próprio erro.
's POV
Amanhã é o meu aniversário.
Não consigo pensar em mais nada além da confusão que a arrumou a troco de nada. A Vivi apenas cometeu um erro por não saber que eu estou comprometido, nada demais. Aquela briga foi completamente desnecessária, ela adora ser o centro das atenções. Mas hoje eu não estou afim de ouvir os lamentos dela, vou apenas chegar na casa do , me jogar no sofá e dormir. Finalmente aproveitar o meu aniversário.
Chego na casa do e tomo mais algumas cervejas enquanto desabafo com ele. se tornou um grande amigo desde que entrei na faculdade.
— Ah, cara, deixa de ser cuzão. Aquela menina te venera, esfria a cabeça. Amanhã você volta pra casa e resolve tudo com ela. — fala após ouvir todas as minhas reclamações.
— É o melhor que posso fazer agora. Às vezes ela me tira do sério com esse ciúme exagerado.
— Até parece que você não faz o mesmo, ainda lembro aquela vez que você esmurrou um cara na festa só pq ele se aproximou dela. E vocês tinham terminado.
— Ali foi completamente diferente, tava na cara que ela não queria nada com ele e mesmo assim ele ficou insistindo. Ninguém mexe no que é meu.
— Você é mesmo um babaca, hein, . — ri descaradamente — Até parece um cachorro raivoso que ninguém pode encostar no osso dele.
— Vai à merda, ! É melhor eu ir dormir logo antes que eu brigue com você também.
— É, vai lá — retira-se aos risos.
***
Tive uma noite muito mal dormida no sofá do apartamento do . Acordo com o cheiro de café tomando conta do ar. Levanto, arrumo minha roupa bastante amassada. me oferece café, agradeço porém tenho coisas mais importantes pra fazer naquela manhã. Agora que estou sóbrio, posso analisar mais claramente o que aconteceu noite passada, e a coisa certa a se fazer é fazer as pazes com a .
’s POV
Acordo com os primeiros raios de Sol. Eu odeio ter essas crises de ciúme e sempre me sinto estúpida no dia seguinte. Mas dessa vez ele teve sua parcela de culpa e espero ter uma boa conversa com ele assim que voltar. Sinto que deveria ser mais dura com esse tipo de comportamento dele, não é de hoje que acontece. Preciso fazer as pazes com o . Mas preciso de um banho e um bom café da manhã antes de ir procurá-lo na casa do .
Estava terminando de tomar o meu café quando escuto a porta da sala abrir, sinalizando que havia voltado pra casa. Vejo em suas feições o quanto se sente arrependido pelo nosso final de noite. Assim como eu. Ainda naquele clima estranho ele se aproxima, percebo que tenta iniciar a conversa, mas não consegue juntar as palavras.
— , precisamos conversar — ele assente — uma conversa franca, com todas as cartas na mesa.
— Concordo.
— Primeiro de tudo, me desculpe pela cena que causei no bar ontem, não deveria ter agido com meus nervos à flor da pele.
— …
— Não, me deixe terminar e depois você pode falar, certo? — ele assente novamente sem dizer uma palavra — segundo, quem é Vivian? Ou quem foi Vivian na sua vida? Porque ontem ela parecia muito íntima de você e do seu passado. Por fim, espero que você assuma sua parcela de culpa nisso.
— Que tipo de culpa eu teria no seu comportamento de ontem? — ele me interrompe, já se alterando.
— Ah, , você me ignorou completamente naquela mesa, não me apresentou como sua namorada e eu nem a conhecia. O que você queria que eu pensasse? Como você queria que eu agisse? Você sabe que não gosto de ser pega desprevenida.
— Okay, vamos por partes então: Quando mais novo, eu costumava sair com a Vivian, digamos que tínhamos uma amizade colorida. Mas aí eu tive que mudar e perdemos contato. Eu não acho que tenha te ignorado, só não tinha tido tempo de te apresentar e, por fim, a conversa tomou um rumo completamente diferente e você sabe muito bem como tudo terminou.
— Você me ignorou, sim!! Mas quer saber? Vamos esquecer isso. Estou admitindo que poderia ter lidado melhor com tudo, assim como você. Por favor, eu só te peço honestidade no nosso relacionamento. Não me esconda mais nada. Estamos entendidos?
— Sim, meu amor. Agora, pelo amor de Deus, deixa eu beijar essa boquinha que eu tanto amo.
recebeu o melhor presente de aniversário que poderia receber, considerando tudo o que tinha acontecido: sexo de reconciliação.
’s POV
acordou decidido que viajaríamos no fim de semana, alegando que precisávamos desse momento a dois para colocar nossa vida nos eixos. Eu concordo com ele, com tudo que rola à nossa volta, trabalho, faculdade, família, amigos e cobranças, não temos muito tempo de folga para curtir nós dois. Ou pra curtir nós mesmos. Arrumamos tudo, desde roupas a provisões — porque não sabíamos como estava a situação da casa — e comida.
Colocamos nossas malas no carro e rumamos em direção à casa no lago dos pais dele, fica a mais ou menos duas horas de distância daqui. Aproveitei pra colocar minha playlist de viagem — jamais utilizada anteriormente por falta de tempo — e comecei a cantarolar uma de minhas músicas preferidas.
I knew that when I met you
I’m not gonna let you
Runaway
(Runaways — The Killers)
Em algum momento da viagem eu adormeci, acordei quando já estava chegando no nosso destino. Tiramos nossas malas e corremos pra arrumar tudo logo, ambos morrendo de vontade de aproveitar cada minuto do tempo que passaríamos ali.
— , eu dei uma olhada pela casa e ela tá bem equipada. Tem alguns mantimentos na despensa, acho que a Melanie veio por aqui recentemente.
— Quem será que a sua irmã trouxe para cá? — falei, provocando-o. faz o tipo “irmão ciumento”.
— Olha, prefiro nem saber. Pra mim ela ainda é virgem e casta — faz cara de emburrado.
— ! Ela é sua irmã mais velha, para de ser bobo.
— Chega de falar da Mel. Coloque aquele biquíni que eu gosto e vamos correndo aproveitar o lago. Quero aproveitar cada canto desse lugar com a minha namorada.
— Garanto a você que a sua namorada quer o mesmo — sorri lascivamente e corri pro quarto.
Acho que nunca vi uma vista tão linda quanto ver o pôr do Sol estando às margens do lago. Só vim pra cá uma vez, com toda a família do , e a sensação de ver que aquela imagem ainda é a mesma. Espetacular! Depois de alguns mergulhos, alguns beijos apaixonados e poses exageradas dele, resolvemos entrar e preparar o nosso jantar.
Com o jantar pronto, preparamos “nossa mesa” improvisada na mesinha de centro da sala. havia preparado uma massa ao molho branco enquanto eu providenciava o vinho. Enquanto eu me acomodava no chão da sala, ele escolhia uma música pra ficar de som ambiente do nosso jantar romântico.
— Sabe, , a única pessoa no mundo que eu queira compartilhar um momento assim – romântico – é você. E eu espero que no futuro possamos compartilhar muitos outros felizes como esse. Um brinde a nós.
— Ah, , adoro suas declarações. Me pegam totalmente de surpresa, você faz com que momentos simples se tornem importantes e significativos. Eu só posso agradecer por tê-lo ao meu lado. Um brinde a nós.
— Te amo, !
— Eu te amo, !
Nos beijamos, nos amamos como se não existisse o amanhã. Como se não tivéssemos problemas. Ali estávamos cercados do mais puro e genuíno amor.
’s POV
Algumas semanas depois da nossa viagem à casa do lago, as coisas melhoraram pra mim e . Entretanto, estou sofrendo muita pressão do meu pai em relação à faculdade de direito. Eu nunca quis fazer direito, mas ele insistiu que eu deveria seguir a mesma carreira que ele. Eu queria estudar música. E ser músico. Mas, segundo ele, eu nunca daria um futuro digno pra família que eu desejava construir no futuro, e trabalhar com música era um terreno muito instável. Aquilo pesou na minha decisão. E aqui estou, cursando algo que eu odeio só pra agradar a minha família, futuramente assumir o escritório.
Chego em casa cansado, bebi alguns drinks depois de sair do estágio no escritório do meu pai, precisava aliviar o estresse que vem cercando a minha vida. Entro no quarto e ouço um barulho do chuveiro sendo desligado. sai do chuveiro apenas de toalha e se assusta ao me ver.
— Ai, , que susto. Não ouvi você entrar.
— Entrei de fininho só pra a admirar a beleza da minha mulher.
— , você andou bebendo novamente? — percebo em seu olhar um misto de preocupação e desapontamento.
— Meu amor, foram só alguns drinks depois do trabalho, só pra relaxar. — afirmo — Só o de sempre.
— Estou ficando preocupada com você, sei que seu pai está pegando pesado com você e o escritório, mas você não deveria descontar tudo na bebida.
— Ah, , não é nada demais. Não quer dizer que eu esteja ficando um viciado nem nada. Eu sei muito bem controlar a minha vida e não preciso da sua opinião sobre isso.
— Não precisa ser grosso comigo, só estava querendo te ajudar.
— Tá, eu vou dormir que eu ganho mais.
’s POV
Estou ficando preocupada com esse comportamento do . Há alguns meses seu pai decidiu que ele comandaria o escritório de advocacia assim que se formasse, desde então, ele tem agido estranhamente. Anda bebendo muito, se torna agressivo do nada. É um momento muito estressante pra ele, talvez seja por isso que ele vem se comportando assim. Espero que eu não esteja enganada.
Depois da nossa pequena discussão, me retirei do quarto e me dirigi à sala. Precisava colocar alguns assuntos em dia, terminar uma resenha pra entregar amanhã. Ou seja, muito trabalho. Lá pelas duas da manhã, finalmente eu terminei todo o trabalho acumulado e eu poderia me aconchegar na minha cama. Olhei para esparramado em nossa cama e dei um leve suspiro, desejando que o clima estivesse menos carregado pela manhã.
***
— , acorda! Estamos atrasados — chamo-o pela quinta vez desde a hora que eu acordei. Aquele desejo que esperei se realizar pela manhã não veio, e só piorou tudo. Perdi a hora, não consigo acordar o , que só faz murmurar coisas desconexas quando o chamo, e ainda por cima queimei as torradas pro café da manhã. É, parece que acordei com o pé esquerdo hoje.
— , pelo amor de Deus, levanta daí! Senão eu serei obrigada a jogar um balde de água em você — bufo, irritada.
— Tá bom, já estou levantando, sua chata.
— O café está pronto, estou atrasada e não dá tempo de te esperar — respondo, ignorando a parte que ele me chama de chata. Não vou deixar que ele me aborreça tão cedo.
’s POV
Droga de ressaca, achei que eu não tivesse bebido tanto ontem. Escuto os gritos da querendo me acordar e resolvo finalmente me levantar. Ela fala alguma coisa e ouço a porta do apartamento batendo. Preciso de uma ducha fria pra me acordar de verdade e talvez conseguir aguentar mais um dia.
Chego atrasado ao escritório, já imagino o grande esporro que levarei do meu pai. Passo pelas secretárias, cumprimentado-as, e recebo alguns sorrisinhos. Sei que sou desejado por elas, em partes por ser filho do chefão, em partes porque, modéstia à parte, eu sou bonito pra caramba. E, bem, se eu parar para pensar, elas são bem gostosas.
***
Minha vida tá uma grande merda. Estou bastante estressado, sendo cobrado em todos os âmbitos da minha vida: família, faculdade, relacionamento. Aceitei tudo isso apenas para agradar o meu pai, e meu namoro, que costumava ser a parte boa da minha vida, também não anda bem das pernas. Eu não sei o que vem acontecendo entre mim e , mas nada é mais como costumava ser. Estamos brigando demais, ciúme excessivo. Sem falar que ela vem se metendo demais na minha vida, às vezes. Eu a amo, mas esse jeito certinho de ser dela me irrita em grande parte do tempo.
Os caras do escritório combinaram de ir a um happy hour depois do trabalho e insistiram para que eu fosse junto, alegaram que eu precisava de um tempo me divertindo e curtindo a minha vida. Sexta-feira, tive uma semana cheia de casos, finalmente concordei que de fato estava precisando de um tempo pra mim. Chegamos no bar, bebemos, conversamos, falamos putaria, rimos. Coisas de homem. Uma loira muito atraente chamou minha atenção, estava sentada sozinha no bar e vez ou outra me lançava alguns olhares, sorrisos. Flertei de leve com ela, nos encaramos a noite toda. Percebi que ela esperava mais de mim, mas eu não podia ir mais adiante que aquilo. Flertar era o máximo que eu poderia chegar com outra mulher que não fosse a .
’s POV
Am I too much for you?
‘Cause you’re too much for me
05:43 a.m.
Não consegui pregar o olho, rolei diversas vezes na cama tentando entender o rumo que as coisas estavam levando. Infelizmente venho percebido uma mudança de comportamento no . E sempre acontece quando ele está bebendo, é como se ele agisse sem controle. Nem parece mais o cara doce e gentil que eu conheci no colegial. Aquele que fazia de tudo para me fazer sorrir e, mesmo que eu não sorrisse, ele estava lá para me abraçar nas horas ruins. Ultimamente estamos brigando muito, ciúmes. Às vezes ele se torna tão possessivo, já chegou a brigar com um cara em uma festa que estávamos, e eu nem estava com ele — tínhamos terminado e o cara estava me incomodando.
O dia estava amanhecendo e não voltou pra casa. Finalmente cedo ao cansaço e acabo adormecendo em nossa cama.
Acordo e noto o outro lado da cama vazio. não retornou pra casa e sequer retornou alguma das minhas ligações. Estou farta desse comportamento, sempre é a mesma coisa. Falha comigo, depois volta correndo arrependido, e eu sempre fui a boba apaixonada que perdoa tudo. Não serei hipócrita em dizer que é tudo culpa dele, eu tenho minha parcela de culpa também. E, mesmo assim, ele não deveria fazer essas coisas comigo, não deveria ser dessa forma.
Tomo um banho e ligo pra Olivia, minha melhor amiga. Preciso desabafar com alguém, pedir conselhos.
— Alô? — ouço a voz de Jared do outro lado da linha.
— Jared? Sou eu, . Olivia está?
— Ah, oi, ! Está sim, vou chamá-la. Aconteceu alguma coisa? Sua voz está diferente…
— Ah, não, só estou um pouco resfriada. Essas mudanças no clima sempre acabam com meu nariz — forço um riso para que ele não perceba.
— Tudo bem, se cuide direitinho. Olivia já vem falar contigo — ele se despede e escuto a voz de Olivia ao fundo.
— Nem precisa falar mais nada, estou indo pra sua casa agora. Essa história de resfriado não me convence, mocinha.
Deus! Não consigo esconder nada da Olivia, ela me conhece melhor que ninguém.
***
Escuto a campainha do meu apartamento tocando, corro para receber a minha amiga. Ela já me encara furiosa, sabendo que estou assim por culpa do . Ela foi a única, além das nossas famílias, que acompanhou tudo de perto, desde o nosso primeiro beijo e do quanto eu fiquei eufórica por dias por causa desse pequeno acontecimento, até as nossas grandiosas brigas e términos momentâneos. Eles costumavam ser amigos, saíamos juntos, saíamos de casal — quando ela começou a sair com o Jared —, porém, depois de tudo que vem acontecendo, a convivência entre os dois se tornou difícil. E Olivia passou a odiar o , o que se transformou em um sentimento recíproco.
Olivia me abraça e diz que vai ficar tudo bem, não consigo sufocar as lágrimas e começo a chorar novamente.
— Olhe bem pra mim, me diga o que foi que aquele imbecil te fez agora — Olivia pergunta, alterando um pouco a voz pela raiva.
— Não voltou pra casa depois do trabalho, não retornou nenhuma das minhas ligações e não apareceu até agora. E se… se aconteceu alguma coisa terrível com ele? — fico apavorada só de cogitar essa possibilidade.
— Que nada, amiga. Vaso ruim não quebra e, além do mais, se fosse alguma notícia ruim, você seria a primeira a saber. — balanço a cabeça, concordando.
— Deus que me perdoe, mas eu prefiro que a causa desse sumiço seja um acidente, porque, se for uma traição, eu juro que mato aquele desgraçado —
— Acalme-se, , guarde todo o sentimento ruim pra jogar na cara dele quando ele fizer o teatro de novo.
— Teatro?
— Ah, para, , tem muito tempo que o vacila contigo e depois vem com aquela cara de cachorro perdido e diz que se arrependeu e nunca mais vai acontecer. No entanto, olha onde estamos. É claro que é um teatro…
Ouço barulho de chaves e a porta se abrindo, então finalmente resolveu aparecer em casa. É agora que tudo estará em pratos limpos.
's POV
Mais um dia que eu acordo me sentindo um grande merda. Minha cabeça dói, sinto minha boca seca, uma leve ardência nos olhos. Preciso de no mínimo 10 segundos para perceber o que realmente está acontecendo: eu cedi de novo. Olho ao redor e percebo que não estou em casa, olho ao redor e reconheço a casa de . Provavelmente deve ter ido dormir fora com aquela morena que estava no bar ontem e me cedeu o espaço. Pisco algumas vezes e tento lembrar exatamente o que aconteceu na noite passada. Infelizmente só consigo lembrar de poucos flashes do que aconteceu ontem. Pego meu celular e vejo que tem 10 ligações perdidas da e algumas mensagens. Merda! Mais essa agora. Lampejos de eu bebendo e flertando com uma garota loira com mechas verdes e um perfume muito adocicado aparecem na minha mente. Espero que eu não tenha feito uma besteira maior do que essa.
Me levanto e tropeço numa garrafa de whiskey esquecida no chão, vou ao banheiro desesperado por uma boa ducha de água fria, pra eu poder finalmente acordar e encarar a minha namorada. Termino o meu banho e me encaro em frente ao espelho, estou me sentindo um lixo. Todas as vezes é a mesma coisa, acordo depois de uma bebedeira, vejo o babaca que eu me tornei e prometo a mim mesmo que nunca mais vai acontecer. Paro uns dias até eu ceder novamente, vivendo nesse ridículo círculo vicioso. Eu sou um fraco, imprestável.
Procuro meu celular, minhas chaves e minha carteira. Preciso encontrar minha namorada antes que ela dê um dos seus famosos escândalos por não ter me encontrado e eu não ter respondidos os seus recados.
***
Chego ao apartamento. Sinto minhas mãos começarem a tremer, minha boca ficando seca novamente. Pego as chaves e abro a porta, já esperando os gritos de me esperando furiosa por ter sumido. Me deparo com Olivia — melhor amiga de — com um olhar de quem quer me fuzilar e jogar meus restos aos tubarões.
— Oi, babaca! — faz uma cara de tédio ao perceber que sou eu — a tá no quarto chorando por você de novo. Olha, , eu não aguento mais você fazendo minha amiga sofrer, então estou lhe dando um ultimato: ou você muda ou vai embora da vida dela antes que eu tenha que partir a sua cara.
— Você não tem nada que estar se metendo onde não é chamada, Olivia. Cuida da sua vida que quem cuida da e do nosso relacionamento somos nós.
— Último aviso, . Último aviso — ouço ela dizer antes de bater a porta do apartamento e eu adentrar ao quarto onde minha namorada se encontra.
Bato na porta e ouço seu choro baixinho, aquilo me parte o coração. Atualmente posso não ser a melhor pessoa do mundo, mas sempre que eu a vejo chorar, uma dor me parte por dentro. Bato na porta novamente e ela responde achando que é a Olivia.
— Sou eu, . Abre a porta, precisamos conversar, amor — percebo que a porta não está trancada e entro no quarto.
— ? — se levanta da cama e avança em cima de mim — Seu desgraçado! Enquanto eu estava aqui me debulhando em lágrimas, preocupada com o seu sumiço, você simplesmente foi se divertir e sequer lembra de avisar sua namorada.
— ! Contenha-se, para de agir feito uma louca — seguro as mãos dela para que pare de me estapear.
— Louca? E como eu deveria agir sabendo que meu namorado estava em um bar provavelmente muito bem acompanhado, considerando o seu estado atual
— Não fale bobagens...
— Bobagens, não é? E o que você espera que eu fale quando o cara que eu amo some uma noite inteira e me abandona em casa, sozinha. E, pelo cheiro de bebida e perfume… — me olha, decepcionada.
— Olha, ...
— Não, . Já chega. Eu não aguento mais isso e acho melhor acabar logo com tudo. Você... finalmente fica livre de mim e pode aproveitar sua vida como deve ser...
— Amor, para com isso... vamos conversar.
— Não, . Saia daqui. Estou terminando com você. E dessa vez em definitivo.
— , não faz isso.
— , eu tô cansada. — falando baixinho, porém me encarando profundamente, e não gosto nada do que vejo em seu olhar — Tô cansada de sempre perdoar as suas mancadas. Cansada desse relacionamento. Cansada de sempre te ajudar com os seus problemas, mas você nunca pensa em mim. E eu nunca pensei que diria isso, mas tô cansada dessa pessoa que você se tornou.
— , por favor...
— Vá embora, . Depois eu mando suas coisas. — e se vira, deitando na cama e me ignorando completamente.
Saio do apartamento desesperado. Aquela tremedeira retorna com mais força, preciso urgentemente de algo pra me acalmar. Será que eu posso viver em um mundo em que não tenha mais a ao meu lado?
's POV
The fairytale got twisted and decayed
The innocence has all been broken
How did we get this way?
Como as coisas puderam chegar a esse ponto? Eu não consigo pontuar em que momento esse relacionamento se perdeu. Agora, chorando baixinho em uma cama vazia, minha mente está abarrotada com todas as nossas lembranças. A noite em que ele me pediu em namoro e fizemos amor sob a luz da lua; quando recebemos a notícia que passamos pra mesma universidade; quando meu avô faleceu e ele saiu desesperado na chuva pra me consolar; o fim de semana no lago, onde fizemos juras de amor e planos para o nosso futuro; todo o suporte que eu dei quando o pai dele o pressionava a fazer coisas que não queria. Todos os nossos momentos juntos, bons e ruins, e tudo se desmoronou como um castelo de cartas.
E aquela linda história de amor, considerada por muitos como uma verdadeiro conto de fadas, se corrompeu, se destruiu, ruiu.
E teve seu fim.
Fim.
Nota da autora: Oi bbs! Cá estamos nós de novo com mais um ficstape. Foi um pouco problemático escrever essa história por dois motivos: um é que estou em período de TCC e ficando um pouco mais louca com isso; o outro é que eu não conseguia ficar satisfeita com o resultado da história e tive que reescrever algumas vezes. Espero que gostem de como ficou. Bjinhos e até a próxima.
Outros Ficstapes:
Evolve — Imagine Dragons (08. Mouth of the River)
Awesome Mix vol. I — Guardians of the Galaxy (07. I Want You Back)
Turn Up Louder — Pixie Lott (Bônus: Catching Snowflakes)
El Dorado — Shakira (13. Toneladas)
King of the Pop — Michael Jackson (07. Beat It)
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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