Prólogo
– Quem é parente de Josephine ? – me levantei da cadeira de uma vez quando escutei o nome da minha mãe.
– Sou eu, , o filho dela. Como ela está? – respirei fundo, vendo que a cara do médico não era nada boa.
– Bom… – ele me olhou cauteloso – Sua mãe quebrou a perna direita, teve esfoliações leves por todo o corpo. – sorri aliviado. – Mas devido a pancada muito forte na região do crânio pelo atropelamento, ela sofreu traumatismo craniano de grau alto e está em coma induzido.
– Doutor… – passei as mãos pelos cabelos nervoso, não entendendo direito o que aquilo significava, mas sabia que boa coisa não deveria ser. – O que ela tem é grave?
– Sim e por isso a induzimos ao coma, estamos fazendo mais alguns exames para ter um diagnóstico preciso, mas o quadro dela agora é estável.
– Eu posso vê-la? – o médico assentiu.
– Pode sim, somente 10 minutos, ok? – assenti. Ele me indicou o local correto o qual ela estava, me explicou sobre os cuidados de higienização, já que como ela estava na UTI, corria sérios riscos de contaminação.
Fiz a higienização adequadamente, me direcionei até o leito da minha mãe e senti um bolo em minha garganta. Lá estava ela, frágil e imóvel naquela cama. Suspirei fundo e, enquanto a encarava, não saía de minha cabeça o quanto a nossa vida era um sopro... Minha mãe tinha saído cedo como sempre para trabalhar, me deu aquele abraço de bom dia e agora isso… Um louco passou o sinal vermelho e a deixou assim, não parou sequer para prestar socorro.
Tentei conter o choro, eu precisava ser forte, mas era tão difícil, eu não tinha mais ninguém nessa vida, eu não tinha irmãos, eu não tinha pai, se ela… Eu… Não queria pensar naquilo, ela ia sair dessa, eu sei que ia. Ela estava em coma induzido e eu sei que coma induzido é quando os médicos a colocam nessa condição, assim que pararem de dar a medicação para ela, ela acorda. Eu tenho fé, tenho certeza que ela vai acordar com sua alegria de todas as manhãs. Me aproximei de seu leito e comecei a fazer carinho em seu rosto.
– Hey, mãe, vai ficar tudo bem, você vai sair dessa. – me aproximei, e lhe dei um beijo na testa dela. – Eu sei que vai… – suspirei. Peguei em sua mão e a apertei fortemente com a minha.
– Sou eu, , o filho dela. Como ela está? – respirei fundo, vendo que a cara do médico não era nada boa.
– Bom… – ele me olhou cauteloso – Sua mãe quebrou a perna direita, teve esfoliações leves por todo o corpo. – sorri aliviado. – Mas devido a pancada muito forte na região do crânio pelo atropelamento, ela sofreu traumatismo craniano de grau alto e está em coma induzido.
– Doutor… – passei as mãos pelos cabelos nervoso, não entendendo direito o que aquilo significava, mas sabia que boa coisa não deveria ser. – O que ela tem é grave?
– Sim e por isso a induzimos ao coma, estamos fazendo mais alguns exames para ter um diagnóstico preciso, mas o quadro dela agora é estável.
– Eu posso vê-la? – o médico assentiu.
– Pode sim, somente 10 minutos, ok? – assenti. Ele me indicou o local correto o qual ela estava, me explicou sobre os cuidados de higienização, já que como ela estava na UTI, corria sérios riscos de contaminação.
Fiz a higienização adequadamente, me direcionei até o leito da minha mãe e senti um bolo em minha garganta. Lá estava ela, frágil e imóvel naquela cama. Suspirei fundo e, enquanto a encarava, não saía de minha cabeça o quanto a nossa vida era um sopro... Minha mãe tinha saído cedo como sempre para trabalhar, me deu aquele abraço de bom dia e agora isso… Um louco passou o sinal vermelho e a deixou assim, não parou sequer para prestar socorro.
Tentei conter o choro, eu precisava ser forte, mas era tão difícil, eu não tinha mais ninguém nessa vida, eu não tinha irmãos, eu não tinha pai, se ela… Eu… Não queria pensar naquilo, ela ia sair dessa, eu sei que ia. Ela estava em coma induzido e eu sei que coma induzido é quando os médicos a colocam nessa condição, assim que pararem de dar a medicação para ela, ela acorda. Eu tenho fé, tenho certeza que ela vai acordar com sua alegria de todas as manhãs. Me aproximei de seu leito e comecei a fazer carinho em seu rosto.
– Hey, mãe, vai ficar tudo bem, você vai sair dessa. – me aproximei, e lhe dei um beijo na testa dela. – Eu sei que vai… – suspirei. Peguei em sua mão e a apertei fortemente com a minha.
Capítulo Único
Um ano. Um ano que escutei do médico que minha mãe estava em coma induzido. Um ano em que eu não escutava mais a voz dela, sem seus carinhos, sem seus conselhos. Um ano que minha vida mudou drasticamente.
Suspirei, jogando uma água no rosto para que eu pudesse acordar de uma vez. Tomei um café forte, que eu mesmo havia preparado, peguei a chave do carro, tranquei bem a casa e me direcionei até a garagem, ligando meu carro e saindo de uma vez dali.
Hoje era domingo, e eu passaria o dia com minha mãe… Bom, depois que tudo aconteceu, minha vida deu uma guinada, agora eu morava sozinho, minha rotina era de casa para o trabalho e do trabalho para casa. As pessoas comentavam que eu estava horrível, que minha situação era deprimente, mas ninguém sabia o que eu estava passando, não poderiam me julgar. Me dizer que sentia muito, quando não sentia nada era horrível, eram só palavras vazias… Me vi afastando dos meus amigos, dos meus primos, das minhas tias, eu só queria ficar sozinho, afundado em minha própria dor, era essa a verdade.
Cheguei ao hospital e me encaminhei para a sala de espera das visitas. Sentei em um canto, e puxei o celular para visualizar algum meme ou vídeo de alguma rede social. Senti que havia alguém me olhando, olhei de volta e pude visualizar que era uma garotinha que deveria ter no máximo uns cinco anos. Tinha os olhos curiosos, me estudava minuciosamente. Uma moça estava sentada ao lado dela, mexendo no celular, provavelmente era sua mãe. A menininha acenou para mim, e eu acenei de volta. Ela levantou e andou a passos rápidos em minha direção, sentando-se ao meu lado. A mãe dela arregalou os olhos, quando viu aonde ela estava.
– Oi, me chamo . – ela abriu um sorriso lindo, mostrando todos os seus dentinhos de leite. Senti meu coração aquecer, como há muito tempo não era aquecido, ela era tão lindinha.
– Olá, , me chamo . – ela estendeu sua mão gordinha e eu a apertei. A mãe de
nos olhava atentamente. – E você tem quantos aninhos? – ela estendeu sua mãozinha mostrando quatro dedos.
– Vou fazer assim. – mostrou a mãozinha cheia, simbolizando o número cinco para mim – Daqui seis meses.
– Nossa, que legal! – ela balançou as perninhas animadas. Ela agora fixou seu olhar em mim, e me encarava curiosa.
– , você é muitooo ninito, mas não sei... – ela entortou a cabecinha. – Parece tão tristinho... – a mãe dela provavelmente tinha escutado o comentário da garotinha, se levantou imediatamente e sentou-se ao lado da filha.
– ! Meu Deus! - ralhou. - Me desculpa, moço, as vezes fala algumas coisas tão… – a mãe passava a mão na cabeça, era nítido que estava envergonhada.
– Está tudo bem, ela não mentiu. – suspirei, forçando um sorriso.
– Viu, mamãe? Eu disse para você que ele estava tristinho, desde a hora que ele entrou na salinha… – a mãe dela a olhou seriamente, a repreendendo. – Quem você veio visitar, ?
– Filha, já chega de importunar o , hum? - a mulher repetiu meu nome. Apesar de toda a situação que eu me encontrava, estava até achando graça daquilo. - O que acha de nos sentarmos ali e eu deixo você assistir O Irmão do Jorel no meu celular? – ela fez um biquinho, e aquilo aqueceu meu coração. De repente, estar ao lado daquela garotinha, me fez um bem, aquela pureza com toda a certeza estava me encantando.
– Não, está tudo bem, pode deixar aqui… – gesticulei para que ela falasse seu nome.
– . – ela estendeu a mão para me cumprimentar, que eu prontamente a apertei. – Minha filha é bem curiosa as vezes, sabe? Tem certeza mesmo que posso deixá-la aqui? – sorri, assentindo que estava tudo bem. – Ok, então, mas ficarei aqui do lado só para garantir. – abriu um bonito sorriso, que foi impossível não corresponder.
– Então, , minha mãe está doente há um tempão, e então eu venho aqui visitá-la sempre que posso e você? – ela fez uma carinha pensativa.
– Viemos visitar a titia Anne, ela teve um bebezinho desse tamaninho. – ela fez um gesto com a mão para ilustrar que o bebê era pequeno.
– Ah, mas que legal isso, . – assentiu animada.
– Minha irmã teve um bebê, quis muito vir até aqui conhecer o priminho, estava muito ansiosa. – a mãe alisou os cabelos da filha. – Me desculpe ser invasiva, mas o que há com sua mãe? – e ali eu percebi que havia puxado a curiosidade da mãe.
– Minha mãe está em coma há um ano. – ela suspirou fundo, enquanto me encarava.
– O que é coma? – quebrou a tensão que o assunto tinha trazido com sua inocência.
– Coma é quando uma pessoa dorme por muito tempo, e não tem uma previsão de quando ela vai acordar. – explicou da forma mais simples possível.
– Mas ela vai acordar, né? – perguntou, e eu abaixei a cabeça chateado, para aquela pergunta eu não tinha uma resposta.
– Não sabemos, meu amor, mas torcemos que em breve. – respondeu a filha.
– Então, ela vai acordar, , e tudo será muito feliz, você vai ver – abriu um bonito sorriso. Quisera eu ter essa fé, hoje não me sobrou mais nada.
– Sim, ela vai… – respondi, fingindo uma alegria que não atingia um décimo da minha alma.
- Mamãe, eu posso ir brincar com a aquela menininha? - olhei para o lado e pude perceber que havia uma garotinha com os cabelos bem cacheados também na sala de visitas.
- Pode, mas ficarei de olho em você, hein? - a mãe questionou, e abriu um pequeno sorriso, indo em direção à menina. Se instaurou um silêncio desconfortável, peguei meu celular para visualizar as redes sociais, quando chamou minha atenção.
– é um milagre em minha vida… - ela suspirou fundo - Eu sofri um acidente de carro enquanto estava grávida de seis meses. ficou internada por 82 dias, eu tive muito medo de perdê-la! – a olhei assustado – O que eu quero te dizer contando tudo isso, é para que não perca as esperanças... Um milagre também pode acontecer em sua vida. – ela segurou minha mão fortemente, eu pude sentir lágrimas escorrerem de meus olhos. Nem eu mesmo sabia direito o porquê chorava do lado daquela estranha, se foi o fato de ela ter tocado no assunto de um milagre ser possível, ou talvez por completar hoje um ano que minha mãe está em coma, e eu não ter ninguém para falar sobre isso… Eu só sabia que naquele momento tudo o que eu precisava fazer era chorar.
– Obrigado. – senti quando seus braços passaram por meus ombros – Faz um ano hoje que ela está assim. - ela me apertou mais em seus braços, tentando me confortar.
Ficamos abraçados por um bom tempo, até o momento em que foi anunciado que as visitas estavam liberadas. se aproximou de nós novamente. Desvencilhei-me da mãe dela, limpando qualquer resquício de lágrima em meu rosto.
– Mamãe, o pode ir na minha festinha de aniversário? – vi seus olhinhos brilhando
– , seu aniversário ainda está muito longe, querida... – a mãe afagou as bochechas da filha.
– Bom, se você não se importar, poderia me passar seu número de telefone... – a mulher me encarou com o cenho franzido. – Para manter contato até o aniversário dela... – tentei me explicar, mas gaguejei. Merda de timidez. Ela abriu um pequeno sorriso, pediu meu aparelho celular e anotou o número.
– Quando precisar desabafar, já tem meu número. – ela piscou, pegando na mão da filha.
– Tchau, ! – acenava enquanto a mãe a puxava para que elas adentrassem ao setor de obstetrícia.
As acompanhei com o olhar até que sumissem pelo corredor, tinha uma sensação tão boa no peito, que coisa mais louca, uma simples conversa havia me feito muito bem... Fui para sentido contrário ao delas, em direção a ala no qual minha mãe estava, adentrei de uma vez, suspirando fundo, e vendo-a ali, imóvel, serena, me aproximei, e mais uma vez contei a minha rotina da minha semana a ela, acrescentando agora sobre e . Os médicos me disseram que na situação em que ela estava era possível que ela escutasse tudo, e eu torcia que sim.
***
Afrouxei a gravata, entrando de uma vez naquela Starbucks, precisava de uns muffins e moccaccino depois de uma semana tão conturbada no trabalho. Fui até a fila e graças a Deus não tinha tanta gente. Eu ia pedir para viagem, já que tudo o que eu mais queria era comprar aquilo e ir para casa descansar.
Senti um toque delicado nas minhas costas, me virei e pude constatar que era , abri um sorriso. Fazia duas semanas que havíamos nos encontrado no hospital e eu nunca tivera a coragem para chamá-la para conversar no aplicativo de mensagens, o meu motivo era claro, não podia negar que era uma mulher muito bonita, e devo imaginar que ela era casada, uma mulher como ela não estaria solteira. Eu não queria ser o chato ou algo do tipo, e causar problemas no casamento dela.
Dei um abraço rápido em , esperei meu pedido ficar pronto e me sentei ao lado dela na mesa onde ela estava.
– Quem diria que nos encontraríamos em uma Starbucks, confesso que fiquei esperando seu oi para salvar seu contato. – ela brincou com um sorriso muito bonito e eu senti minhas bochechas esquentarem. Que droga!
– Pois é, vim buscar uns muffins e um moccacino, estava precisando, dia difícil no trabalho. Então, bom… É… – mordi os lábios – Não quis ser invasivo, e causar problemas entre você e seu marido. – ela suspirou fundo, mexendo-se desconfortavelmente na cadeira.
– Podia ter chamado, eu não sou casada, na verdade, eu sou viúva. – arregalei meus olhos, senti que eles saltariam de meu rosto. Desmanchei na cadeira, merda, merda, eu sou mesmo muito idiota.
– Nossa, eu não imaginava… Você tão nova… – eu me interrompi, não sabia bem o que falar naquele momento. Só me sentia um idiota mesmo.
– Lembra do acidente de carro que eu comentei que eu sofri grávida? – balancei a cabeça positivamente – Então, eu não estava dirigindo o carro, era o meu marido. Um carro invadiu a contramão e colidiu com o nosso e o lado ao qual ele estava foi o mais atingindo, ele morreu na hora.
– Eu sinto muito. – segurei a mão dela, tentando de alguma forma confortá-la.
– Obrigada… No momento em que nos resgataram eu não fui comunicada de sua morte, e com a batida, minha placenta descolou. – ela suspirou fundo. Era nítido o quanto aquele assunto era dolorido para ela. – estava morrendo, então o meu parto foi de emergência, fizeram cesárea, mas ela nasceu muito magrinha de 675 gramas, ela foi uma lutadora… Eu me vi sem rumo, afinal, ela era tudo o que eu tinha, ela precisava sobreviver, eu não me via sem minha pequena, já havia perdido meu marido. O fato foi que ela foi respondendo muito bem ao tratamento, e hoje em dia está aí, cheia de saúde. Por isso que eu digo que é meu milagrinho.
– Sim, ela é seu milagre. Quando me contou a história no hospital, eu não imaginava a imensidão por trás dela. – ela bebericou seu frappucino.
– Sim, a história da minha vida é digna de novela – ela riu, suavizando o clima em que estávamos imersos. – é minha luz, é minha vida. Minha família diz que vivo em função dela, e eu concordo com eles, mas a verdade é que depois que tudo aconteceu eu não tive mais vontade de sair, me divertir, meu lazer é minha filha.
– Eu te entendo completamente, em uma situação dessas, a gente se torna a pessoa chata do passeio, então nem preferimos sair – ela concordou veemente com a cabeça.
– Sim, as pessoas dizem que entendem, mas elas não entendem nada, são só palavras vazias – eu não era o único que pensava assim, finalmente.
– Exatamente. Ninguém entende a dor de ninguém, até ter vivenciado algo assim na vida – ela assentiu. Deu mais uma golada em seu frappuccino, vi que havia um copo cheio ao seu lado. Pousei meu olhar ali, despertando a atenção dela – Ah, é da .
– Ah, e por falar nisso, cadê ela?
– Então, ela está na escola, fica no final dessa rua, daqui uns... – ela puxou o celular do bolso para checar o horário – Exatos 10 minutos termina a aula – eu assenti, bebericando minha bebida. – Inclusive preciso ir já, já buscá-la. – ela sorriu.
– E sua irmã? Como está o bebê?
– Ah, estão ótimos, saíram do hospital já, graças a Deus, o bebê nasceu saudável e o parto foi perfeito. – comentou feliz. Deu uma golada longa em sua bebida. – Hum, preciso ir, já está no horário dela… – ela ia pegando a bolsa e me deu dois beijinhos na bochecha, eu segurei seu braço.
– Espera… – eu passei as mãos nos cabelos, tímido – Eu gostaria de rever a , claro, se não for nenhum problema, eu gostei muito da sua filha.
- Claro que não, vamos, por favor. - me levantei de uma vez da mesa, seguindo seus passos. Fomos caminhando até a escola, que de onde estávamos era possível vê-la.
- Você não tem irmãos? - ela me questionou.
- Não. Meu pai faleceu ainda quando eu era criança e desde então vivíamos minha mãe e eu. Sua relação com me lembra muito a minha com minha mãe. - assentiu.
- Amigos? Namorada? - ela me encarou curiosa.
- Até tenho, mas é aquela história que comentei com você, você evita sair para não ser o chato da situação. De vez em quando algum deles aparece para ver se estou vivo. – dei um sorriso amargurado. - Quanto a namorada, nunca tive.
- Sabe que emergir assim no próprio sofrimento faz mal, não é? Falo por experiência própria.
- Sim, eu sei, mas repelir as pessoas é tão mais fácil do que tentar socializar. Me enterrei no meu trabalho, e tudo o que eu faço é isso na vida. Sou analista de TI. - chegamos em frente à porta da escola de , foi possível ver algumas crianças saindo.
- Certo. – ficamos calados por algum tempo. – Você tem cara mesmo de que trabalha com TI, esses óculos e esse jeitinho não me enganam – ri, agradecendo internamente por ela querer mudar de assunto.
- Jeitinho? - abriu um sorriso ladino. - Me fale melhor sobre isso.
- Não sei, talvez sua postura, seu jeito de andar, não me questione, eu só sei. – ela sorriu. Nos assustamos quando surgiu em nossa frente, dando um abraço na cintura da mãe. - Meu amor, como foi o dia hoje?
- Hey, . – ela se desvencilhou da mãe, me vendo ali – Que bom ver você. – senti seus bracinhos me abraçando, retribui o mesmo. - Meu dia foi legal, mamãe.
- Encontrei sua mãe aqui na Starbucks. – ela sorriu, tinha os olhos brilhando a menção da palavra Starbucks, e antes que ela pedisse a mãe entregou o frappuccino para a menor. - Bom, foi bom rever vocês, mas eu preciso ir. Quer uma carona? – negou.
- Não é necessário, também estou de carro. – eu assenti. – Foi ótimo te rever, quando quiser conversar, não se acanhe, você tem meu número. – ela me deu dois beijinhos na bochecha, me abraçou enquanto caminhavam.
- Certo, pode deixar. – acenei e as vi entrarem no veículo, e fui em direção a Starbucks onde o meu veículo estava estacionado. Suspirei com um pequeno sorriso, aquela duas tinham algo tão especial, já era a segunda vez que as via, e só o fato de ficar perto, me fazia acreditar que as coisas poderiam melhorar, o que era aquilo? Dei de ombros, entrando de uma vez no veículo e partindo para a minha casa.
***
Mandei uma mensagem dizendo que já havia chegado ao cinema, agora restava esperar que as duas chegassem... Depois de um mês daquele encontro na Starbucks, era a primeira vez que eu veria e . O fato foi que ficamos muito próximos depois daquele encontro, a chamei no aplicativo e nos tornamos grandes amigos, conversar com ela todos os dias com certeza virou a melhor parte do meu dia, me fazia muito bem.
Havia sido convidado por elas para assistir O Rei Leão, estava muito curiosa para ver e queria mais do que tudo fazer com que a filha se apaixonasse na história, assim como ela era. Eu não podia negar, O Rei Leão era nostalgia demais, eu estava mesmo com vontade de assistir, então sem pensar duas vezes eu estava aqui.
Pude avistá-las vindo em minha direção com enormes sorrisos, não pude deixar de sorrir junto também, era incrível a energia das duas.
- Hey, . – me abaixei para abraçar apertadamente , vinha logo atrás.
- Você tá bem, mocinha? - assentiu – Animada para ver o filme?
- SIIIIIIIIIM! – gritou, enquanto batia palminhas, animada. enfim nos alcançou e me abraçou apertadamente.
- Está bem? - dessa vez fui eu que concordei, e fomos caminhando juntos.
- Olha, já comprei nossos ingressos, vocês demoraram e eu aproveitei. - ela fez uma caretinha engraçada, me arrancando uma risada.
- Que eficiência, , amei. – abriu um grande sorriso, aquela mulher era muito linda. – Qual é o horário da nossa sessão?
- Daqui exatos 30 minutos. – senti minha camisa ser puxada para baixo, e direcionei meu olhar para .
- Quero pipoca de chocolate, . – escancarou a boca.
- , que coisa feia. Eu já falei para você não fazer essas coisas! Só por isso não vai ganhar pipoca nenhuma. - ralhou com ela, a menina fez um biquinho, meu coração cortou vendo aquela carinha.
- ... – sussurrei em seu ouvido, e foi perceptível notar que ela havia ficado arrepiada. Perdi o rumo do que estava falando, até ela se virar para mim, questionando – É, então, não tem problema, eu compro a pipoca.
- Não acho justo, está cheia de manias, , ela precisa ter limites! - ela comentou brava.
- Não vamos estragar o passeio, olha, ela está chorando...Vai, deixa eu comprar, . – ela negou – Por favor? Vamos, vai… - ela fez um bico engraçado, prendi a vontade de rir, tal mãe, tal filha. - Deixa?
- Ok, mas compra pipoca salgada, não vai ter pipoca doce para ela, precisa entender que não é não.
- assenti, indo em direção a lojinha para comprar a pipoca, enquanto via ainda chorando, e uma conversando com ela. Não demorei muito na fila e voltei com duas pipocas grandes e três bebidas. tinha um pequeno bico apenas, já havia parado de chorar. Cheguei com as duas pipocas e fomos caminhando em direção ao cinema.
- está bem quietinha… - comentei baixo enquanto estávamos na fila para entrar.
- Ela vai ficar bem, só está magoada porque eu não cedi – assenti. – Logo, logo ela está tagarelando de novo, pode apostar.
Entramos na sala de cinema e assistimos ao filme, em alguns momentos da sessão, eu tentava de algum jeito me aproximar de , mas ficava sem jeito, afinal, ela nunca olharia para mim, eu era um cara tão sem graça.
Não sabia explicar, mas há todo momento eu queria ficar mais, e mais perto de , talvez eu estivesse levemente interessado, mas só levemente.
Quem eu queria enganar? Eu estava mesmo muito interessado nela, desde a primeira vez que havia visto naquele hospital toda sem jeito porque sua filha tinha conversado comigo. Depois que a conheci, minha vida deu mais uma guinada, mas era uma guinada boa, eu gostava de conversar com ela, de estar com ela.
Senti quando sua mão apertou a minha, ela abriu um sorriso bonito e virou-se em direção ao filme, e eu fiz o mesmo, agora sorrindo mais uma vez.
A sessão terminou e do meio ao final permanecemos com as mãos unidas e só as separamos na hora de nos levantarmos. havia adormecido durante a sessão, e eu vi a dificuldade que estava para carregá-la, então eu a pedi em um gesto mudo para que ela deixasse que eu carregasse a menor, e assim ela o fez. Fomos caminhando até a saída do local, conversando sobre algumas trivialidades até chegarmos no local onde o carro dela estava estacionado. Ela abriu a porta de trás e com dificuldades eu consegui colocar presa a cadeirinha.
- Obrigado por hoje, . – sorri lhe dando um abraço apertado.
- Que isso, amanhã nós vemos de novo, quero visitar sua mãe.
Abri um sorriso lindo, desfizemos o abraço e nos encaramos por um bom tempo. Levei minhas mãos em direção ao seu rosto, e não pude deixar de alisá-lo, aquela mulher é muito linda, e eu não cansava de admitir aquilo. Me aproximei de seu rosto e parei a milímetros, não resisti e aproximei de uma vez a beijando. Beijar aquela mulher era indescritível... Nos beijamos por um longo tempo, e terminamos a ação com selinhos.
- Não deveríamos ter feito isso… - ela agora estava abraçada a meu peito.
- Por quê? Quando duas pessoas se sentem atraídas uma pela outra, é isso que acontece, elas se beijam… - arrisquei brincar, senti uma leve tremida em seu corpo, ela estava rindo.
- Não… Quero dizer, você está fragilizado, minha chegada repentina causou isso em você, não quero que misture as coisas.
- Eu até achei que no começo estava misturando, mas não, estar ao seu lado desde o primeiro momento foi incrível, eu não sei explicar, mas é tão bom… Gosto muito de como fico quando estou ao seu lado. - ela se separou de mim e se aproximou me dando mais um beijo.
- Preciso ir, tenho uma filha adormecida no carro. – assenti com um pequeno sorriso.
- Certo, nos encontramos amanhã. – lhe dei mais um selinho, e nos despedimos.
Segui em direção ao meu carro com um grande sorriso, só faltava minha mãe acordar daquele coma para que minha vida ficasse completa de vez.
Uma coisa que me incomodava um pouco era nunca saber aonde aquelas duas moravam, sempre que eu me oferecia para que fosse buscar, como ontem, sempre dizia que não era preciso, então eu não questionava. Como hoje, combinamos de nos encontrar em frente ao hospital para que pudéssemos visitar minha mãe. Eu já estava aqui as esperando, havia chegado antes do combinado, estava ansioso para aquele encontro.
Não demorou muito e pude avistar manobrando o veículo e o estacionando em uma vaga próximo dali. As vi caminharem em minha direção e, como sempre, veio ao meu encontro me abraçando apertadamente. Vi caminhando graciosamente em minha direção, me aproximei dela, lhe arrancando um breve selinho. Aquilo não havia passado despercebido por .
- Vocês estão namorando? - ela nos encarava, e nós dois não sabíamos o que fazer, fui muito impulsivo por beijá-la ali, na frente da menor.
- Não, meu amor, o errou, era para me beijar na bochecha, ele beijou a boca sem querer. – gargalhei, arrancando um riso fácil de . nos encarava sem expressão.
- Hummm, sei. - limitou-se a comentar aquilo e rimos dessa vez baixo. Adentramos a sala de visitas, daquela vez não havia demora na entrada, pois chegamos no horário exato. Conversei com a enfermeira sobre liberar o passe de até o quarto, pois a visita para a ala no qual minha mãe estava só podia dois acompanhantes, ela havia liberado o passe da pequena.
- Estou ansiosa para conhecer sua mamãe, ! - se virou com um pequeno sorriso inocente, e mais uma vez me vi encantado naquela criança.
- Filha, nós vamos entrar no quarto, mas a mamãe do está doente, e estará dormindo, ok? Ela não nos verá. - ela assentiu.
Abri a porta, suspirei fundo, dando passagem para que elas pudessem ver como minha mãe estava. Ela estava lá, deitada, imóvel, com um ar sereno, como ela sempre estava. Nos aproximamos devagar do leito, disparou na nossa frente, e seus olhinhos encararam cada parte do corpo da minha mãe, a vi segurar a mão da minha mão e fechar os olhos brevemente. puxou meu rosto, me dando um rápido selinho, e me abraçou apertadamente. Não era mesmo fácil ver as condições a qual ela estava, uma mulher tão cheia de vida, agora deitada imóvel naquela cama, toda vez que eu vinha visitá-la, ficava muito triste.
- ! - despertou minha atenção, nos desvencilhamos do abraço que compartilhávamos – Ela vai acordar! Vem, mamãe, vem vê-la. - sorriu, e foi na direção de minha mãe, sentando-se na cadeira que tinha ao lado do leito, colocando em seu colo. As duas conversavam entre si, enquanto encaravam minha mãe.
Me aproximei, e fiquei ao lado delas, pela primeira vez no dia, encarando a face de minha mãe, com uma face serena, ela estava radiante. Eu não sei explicar, olhando para ela parecia que ela poderia levantar daquela cama há qualquer momento, será…? Segurei a mão de fortemente, pela primeira vez enquanto encarava minha mãe depois de tanto tempo, estava surgindo algo em meu peito, uma sensação que não sentia a muito tempo: eu tinha esperanças. Eu também estava pronto para um milagre em minha vida.
Meu celular não parava de tocar naquela manhã, com certeza não passava das seis horas da manhã, mas quem poderia ser aquele horário? Tentei ignorar, mas meu celular não parava de tocar, levantei de uma vez da cama, procurando pelo aparelho, o encontrando na sala jogado em cima do sofá o peguei, vendo que se tratava de um número desconhecido. Ponderei sobre atender ou não, mas a curiosidade foi maior e resolvi saná-la de uma vez.
- Eu falo com senhor ? - uma mulher perguntava por mim.
- Sim, sou eu mesmo…
- Aqui é do hospital Sant Clarity… Sua mãe acordou do coma! - senti o aparelho deslizar de minhas mãos e ir para o chão. Eu estava em choque, minha mãe havia mesmo acordado, exatas uma semana após e tê-la visitado, eu estava em choque… Aquilo era mesmo coincidência. Eu não considerei muito, corri para o quarto, me troquei de uma vez, peguei a chave do carro, correndo até a garagem e o ligando de uma vez, eu só queria ver minha mãe acordada, nada mais nessa vida importava senão isso.
Suspirei, havia tentado ligar para mais uma vez, mas nada de alguém atender, já fazia duas semanas e meia que não tinha notícias dela, mas precisamente desde o dia que minha mãe havia acordado, eu só queria encontrá-la, e dizer que estava certa, e que ela havia mesmo acordado. Agora estávamos minha mãe e eu em frente à escola aonde estudava, finalmente minha mãe tivera alta e a primeira coisa que pediu foi que conhecesse e , depois que eu contei sobre a visita delas. Enfim, era ali era a único local ao qual eu sabia que podia encontrar uma das duas.
Esperamos a saída de todos os alunos, procurei entre os pais, mas nada de , e muito menos ali.
- Filho, tem certeza, querido, que essa garotinha estuda aqui?
- Sim, mãe, eu não estou louco, você disse que sentiu a presença delas no quarto…
- Sim, querido, e eu senti mesmo, as duas tinham uma luz tão forte…. - a mulher comentou, pensativa - Não estão desacreditando que elas existam, mas sim que a garotinha estuda aqui…
- Eu vou perguntar alguém, espera aqui, mãe. – ela assentiu, e eu desci de uma vez do carro, entrando na escola.
- Oi. - me aproximei de uma mulher baixa que usava óculos. – Você sabe quem é a professora que dá aulas para turma dos quatro anos?
- Sou eu mesma, em que posso ajudar? - ela me encarou, solicita.
- Eu gostaria de saber sobre a aluna . – para piorar, nem sequer o sobrenome da garota eu sabia.
- Me desculpe, mas eu não dou aulas para nenhuma aluna com esse nome… - franzi o cenho.
- E os alunos com cinco anos? Onde está a professora que dá aula para essa turma?
- Me desculpe, senhor, mas na nossa creche a faixa etária máxima é até quatro anos, acima de cinco, mandamos ao EMEI. E eu sou a única professora que dá aulas para a idade dos quatro anos, e não tenho nenhuma aluna com o nome de . Com licença…
Ah, meu Deus, que merda estava acontecendo?
Suspirei, jogando uma água no rosto para que eu pudesse acordar de uma vez. Tomei um café forte, que eu mesmo havia preparado, peguei a chave do carro, tranquei bem a casa e me direcionei até a garagem, ligando meu carro e saindo de uma vez dali.
Hoje era domingo, e eu passaria o dia com minha mãe… Bom, depois que tudo aconteceu, minha vida deu uma guinada, agora eu morava sozinho, minha rotina era de casa para o trabalho e do trabalho para casa. As pessoas comentavam que eu estava horrível, que minha situação era deprimente, mas ninguém sabia o que eu estava passando, não poderiam me julgar. Me dizer que sentia muito, quando não sentia nada era horrível, eram só palavras vazias… Me vi afastando dos meus amigos, dos meus primos, das minhas tias, eu só queria ficar sozinho, afundado em minha própria dor, era essa a verdade.
Cheguei ao hospital e me encaminhei para a sala de espera das visitas. Sentei em um canto, e puxei o celular para visualizar algum meme ou vídeo de alguma rede social. Senti que havia alguém me olhando, olhei de volta e pude visualizar que era uma garotinha que deveria ter no máximo uns cinco anos. Tinha os olhos curiosos, me estudava minuciosamente. Uma moça estava sentada ao lado dela, mexendo no celular, provavelmente era sua mãe. A menininha acenou para mim, e eu acenei de volta. Ela levantou e andou a passos rápidos em minha direção, sentando-se ao meu lado. A mãe dela arregalou os olhos, quando viu aonde ela estava.
– Oi, me chamo . – ela abriu um sorriso lindo, mostrando todos os seus dentinhos de leite. Senti meu coração aquecer, como há muito tempo não era aquecido, ela era tão lindinha.
– Olá, , me chamo . – ela estendeu sua mão gordinha e eu a apertei. A mãe de
nos olhava atentamente. – E você tem quantos aninhos? – ela estendeu sua mãozinha mostrando quatro dedos.
– Vou fazer assim. – mostrou a mãozinha cheia, simbolizando o número cinco para mim – Daqui seis meses.
– Nossa, que legal! – ela balançou as perninhas animadas. Ela agora fixou seu olhar em mim, e me encarava curiosa.
– , você é muitooo ninito, mas não sei... – ela entortou a cabecinha. – Parece tão tristinho... – a mãe dela provavelmente tinha escutado o comentário da garotinha, se levantou imediatamente e sentou-se ao lado da filha.
– ! Meu Deus! - ralhou. - Me desculpa, moço, as vezes fala algumas coisas tão… – a mãe passava a mão na cabeça, era nítido que estava envergonhada.
– Está tudo bem, ela não mentiu. – suspirei, forçando um sorriso.
– Viu, mamãe? Eu disse para você que ele estava tristinho, desde a hora que ele entrou na salinha… – a mãe dela a olhou seriamente, a repreendendo. – Quem você veio visitar, ?
– Filha, já chega de importunar o , hum? - a mulher repetiu meu nome. Apesar de toda a situação que eu me encontrava, estava até achando graça daquilo. - O que acha de nos sentarmos ali e eu deixo você assistir O Irmão do Jorel no meu celular? – ela fez um biquinho, e aquilo aqueceu meu coração. De repente, estar ao lado daquela garotinha, me fez um bem, aquela pureza com toda a certeza estava me encantando.
– Não, está tudo bem, pode deixar aqui… – gesticulei para que ela falasse seu nome.
– . – ela estendeu a mão para me cumprimentar, que eu prontamente a apertei. – Minha filha é bem curiosa as vezes, sabe? Tem certeza mesmo que posso deixá-la aqui? – sorri, assentindo que estava tudo bem. – Ok, então, mas ficarei aqui do lado só para garantir. – abriu um bonito sorriso, que foi impossível não corresponder.
– Então, , minha mãe está doente há um tempão, e então eu venho aqui visitá-la sempre que posso e você? – ela fez uma carinha pensativa.
– Viemos visitar a titia Anne, ela teve um bebezinho desse tamaninho. – ela fez um gesto com a mão para ilustrar que o bebê era pequeno.
– Ah, mas que legal isso, . – assentiu animada.
– Minha irmã teve um bebê, quis muito vir até aqui conhecer o priminho, estava muito ansiosa. – a mãe alisou os cabelos da filha. – Me desculpe ser invasiva, mas o que há com sua mãe? – e ali eu percebi que havia puxado a curiosidade da mãe.
– Minha mãe está em coma há um ano. – ela suspirou fundo, enquanto me encarava.
– O que é coma? – quebrou a tensão que o assunto tinha trazido com sua inocência.
– Coma é quando uma pessoa dorme por muito tempo, e não tem uma previsão de quando ela vai acordar. – explicou da forma mais simples possível.
– Mas ela vai acordar, né? – perguntou, e eu abaixei a cabeça chateado, para aquela pergunta eu não tinha uma resposta.
– Não sabemos, meu amor, mas torcemos que em breve. – respondeu a filha.
– Então, ela vai acordar, , e tudo será muito feliz, você vai ver – abriu um bonito sorriso. Quisera eu ter essa fé, hoje não me sobrou mais nada.
– Sim, ela vai… – respondi, fingindo uma alegria que não atingia um décimo da minha alma.
- Mamãe, eu posso ir brincar com a aquela menininha? - olhei para o lado e pude perceber que havia uma garotinha com os cabelos bem cacheados também na sala de visitas.
- Pode, mas ficarei de olho em você, hein? - a mãe questionou, e abriu um pequeno sorriso, indo em direção à menina. Se instaurou um silêncio desconfortável, peguei meu celular para visualizar as redes sociais, quando chamou minha atenção.
– é um milagre em minha vida… - ela suspirou fundo - Eu sofri um acidente de carro enquanto estava grávida de seis meses. ficou internada por 82 dias, eu tive muito medo de perdê-la! – a olhei assustado – O que eu quero te dizer contando tudo isso, é para que não perca as esperanças... Um milagre também pode acontecer em sua vida. – ela segurou minha mão fortemente, eu pude sentir lágrimas escorrerem de meus olhos. Nem eu mesmo sabia direito o porquê chorava do lado daquela estranha, se foi o fato de ela ter tocado no assunto de um milagre ser possível, ou talvez por completar hoje um ano que minha mãe está em coma, e eu não ter ninguém para falar sobre isso… Eu só sabia que naquele momento tudo o que eu precisava fazer era chorar.
– Obrigado. – senti quando seus braços passaram por meus ombros – Faz um ano hoje que ela está assim. - ela me apertou mais em seus braços, tentando me confortar.
Ficamos abraçados por um bom tempo, até o momento em que foi anunciado que as visitas estavam liberadas. se aproximou de nós novamente. Desvencilhei-me da mãe dela, limpando qualquer resquício de lágrima em meu rosto.
– Mamãe, o pode ir na minha festinha de aniversário? – vi seus olhinhos brilhando
– , seu aniversário ainda está muito longe, querida... – a mãe afagou as bochechas da filha.
– Bom, se você não se importar, poderia me passar seu número de telefone... – a mulher me encarou com o cenho franzido. – Para manter contato até o aniversário dela... – tentei me explicar, mas gaguejei. Merda de timidez. Ela abriu um pequeno sorriso, pediu meu aparelho celular e anotou o número.
– Quando precisar desabafar, já tem meu número. – ela piscou, pegando na mão da filha.
– Tchau, ! – acenava enquanto a mãe a puxava para que elas adentrassem ao setor de obstetrícia.
As acompanhei com o olhar até que sumissem pelo corredor, tinha uma sensação tão boa no peito, que coisa mais louca, uma simples conversa havia me feito muito bem... Fui para sentido contrário ao delas, em direção a ala no qual minha mãe estava, adentrei de uma vez, suspirando fundo, e vendo-a ali, imóvel, serena, me aproximei, e mais uma vez contei a minha rotina da minha semana a ela, acrescentando agora sobre e . Os médicos me disseram que na situação em que ela estava era possível que ela escutasse tudo, e eu torcia que sim.
Afrouxei a gravata, entrando de uma vez naquela Starbucks, precisava de uns muffins e moccaccino depois de uma semana tão conturbada no trabalho. Fui até a fila e graças a Deus não tinha tanta gente. Eu ia pedir para viagem, já que tudo o que eu mais queria era comprar aquilo e ir para casa descansar.
Senti um toque delicado nas minhas costas, me virei e pude constatar que era , abri um sorriso. Fazia duas semanas que havíamos nos encontrado no hospital e eu nunca tivera a coragem para chamá-la para conversar no aplicativo de mensagens, o meu motivo era claro, não podia negar que era uma mulher muito bonita, e devo imaginar que ela era casada, uma mulher como ela não estaria solteira. Eu não queria ser o chato ou algo do tipo, e causar problemas no casamento dela.
Dei um abraço rápido em , esperei meu pedido ficar pronto e me sentei ao lado dela na mesa onde ela estava.
– Quem diria que nos encontraríamos em uma Starbucks, confesso que fiquei esperando seu oi para salvar seu contato. – ela brincou com um sorriso muito bonito e eu senti minhas bochechas esquentarem. Que droga!
– Pois é, vim buscar uns muffins e um moccacino, estava precisando, dia difícil no trabalho. Então, bom… É… – mordi os lábios – Não quis ser invasivo, e causar problemas entre você e seu marido. – ela suspirou fundo, mexendo-se desconfortavelmente na cadeira.
– Podia ter chamado, eu não sou casada, na verdade, eu sou viúva. – arregalei meus olhos, senti que eles saltariam de meu rosto. Desmanchei na cadeira, merda, merda, eu sou mesmo muito idiota.
– Nossa, eu não imaginava… Você tão nova… – eu me interrompi, não sabia bem o que falar naquele momento. Só me sentia um idiota mesmo.
– Lembra do acidente de carro que eu comentei que eu sofri grávida? – balancei a cabeça positivamente – Então, eu não estava dirigindo o carro, era o meu marido. Um carro invadiu a contramão e colidiu com o nosso e o lado ao qual ele estava foi o mais atingindo, ele morreu na hora.
– Eu sinto muito. – segurei a mão dela, tentando de alguma forma confortá-la.
– Obrigada… No momento em que nos resgataram eu não fui comunicada de sua morte, e com a batida, minha placenta descolou. – ela suspirou fundo. Era nítido o quanto aquele assunto era dolorido para ela. – estava morrendo, então o meu parto foi de emergência, fizeram cesárea, mas ela nasceu muito magrinha de 675 gramas, ela foi uma lutadora… Eu me vi sem rumo, afinal, ela era tudo o que eu tinha, ela precisava sobreviver, eu não me via sem minha pequena, já havia perdido meu marido. O fato foi que ela foi respondendo muito bem ao tratamento, e hoje em dia está aí, cheia de saúde. Por isso que eu digo que é meu milagrinho.
– Sim, ela é seu milagre. Quando me contou a história no hospital, eu não imaginava a imensidão por trás dela. – ela bebericou seu frappucino.
– Sim, a história da minha vida é digna de novela – ela riu, suavizando o clima em que estávamos imersos. – é minha luz, é minha vida. Minha família diz que vivo em função dela, e eu concordo com eles, mas a verdade é que depois que tudo aconteceu eu não tive mais vontade de sair, me divertir, meu lazer é minha filha.
– Eu te entendo completamente, em uma situação dessas, a gente se torna a pessoa chata do passeio, então nem preferimos sair – ela concordou veemente com a cabeça.
– Sim, as pessoas dizem que entendem, mas elas não entendem nada, são só palavras vazias – eu não era o único que pensava assim, finalmente.
– Exatamente. Ninguém entende a dor de ninguém, até ter vivenciado algo assim na vida – ela assentiu. Deu mais uma golada em seu frappuccino, vi que havia um copo cheio ao seu lado. Pousei meu olhar ali, despertando a atenção dela – Ah, é da .
– Ah, e por falar nisso, cadê ela?
– Então, ela está na escola, fica no final dessa rua, daqui uns... – ela puxou o celular do bolso para checar o horário – Exatos 10 minutos termina a aula – eu assenti, bebericando minha bebida. – Inclusive preciso ir já, já buscá-la. – ela sorriu.
– E sua irmã? Como está o bebê?
– Ah, estão ótimos, saíram do hospital já, graças a Deus, o bebê nasceu saudável e o parto foi perfeito. – comentou feliz. Deu uma golada longa em sua bebida. – Hum, preciso ir, já está no horário dela… – ela ia pegando a bolsa e me deu dois beijinhos na bochecha, eu segurei seu braço.
– Espera… – eu passei as mãos nos cabelos, tímido – Eu gostaria de rever a , claro, se não for nenhum problema, eu gostei muito da sua filha.
- Claro que não, vamos, por favor. - me levantei de uma vez da mesa, seguindo seus passos. Fomos caminhando até a escola, que de onde estávamos era possível vê-la.
- Você não tem irmãos? - ela me questionou.
- Não. Meu pai faleceu ainda quando eu era criança e desde então vivíamos minha mãe e eu. Sua relação com me lembra muito a minha com minha mãe. - assentiu.
- Amigos? Namorada? - ela me encarou curiosa.
- Até tenho, mas é aquela história que comentei com você, você evita sair para não ser o chato da situação. De vez em quando algum deles aparece para ver se estou vivo. – dei um sorriso amargurado. - Quanto a namorada, nunca tive.
- Sabe que emergir assim no próprio sofrimento faz mal, não é? Falo por experiência própria.
- Sim, eu sei, mas repelir as pessoas é tão mais fácil do que tentar socializar. Me enterrei no meu trabalho, e tudo o que eu faço é isso na vida. Sou analista de TI. - chegamos em frente à porta da escola de , foi possível ver algumas crianças saindo.
- Certo. – ficamos calados por algum tempo. – Você tem cara mesmo de que trabalha com TI, esses óculos e esse jeitinho não me enganam – ri, agradecendo internamente por ela querer mudar de assunto.
- Jeitinho? - abriu um sorriso ladino. - Me fale melhor sobre isso.
- Não sei, talvez sua postura, seu jeito de andar, não me questione, eu só sei. – ela sorriu. Nos assustamos quando surgiu em nossa frente, dando um abraço na cintura da mãe. - Meu amor, como foi o dia hoje?
- Hey, . – ela se desvencilhou da mãe, me vendo ali – Que bom ver você. – senti seus bracinhos me abraçando, retribui o mesmo. - Meu dia foi legal, mamãe.
- Encontrei sua mãe aqui na Starbucks. – ela sorriu, tinha os olhos brilhando a menção da palavra Starbucks, e antes que ela pedisse a mãe entregou o frappuccino para a menor. - Bom, foi bom rever vocês, mas eu preciso ir. Quer uma carona? – negou.
- Não é necessário, também estou de carro. – eu assenti. – Foi ótimo te rever, quando quiser conversar, não se acanhe, você tem meu número. – ela me deu dois beijinhos na bochecha, me abraçou enquanto caminhavam.
- Certo, pode deixar. – acenei e as vi entrarem no veículo, e fui em direção a Starbucks onde o meu veículo estava estacionado. Suspirei com um pequeno sorriso, aquela duas tinham algo tão especial, já era a segunda vez que as via, e só o fato de ficar perto, me fazia acreditar que as coisas poderiam melhorar, o que era aquilo? Dei de ombros, entrando de uma vez no veículo e partindo para a minha casa.
Mandei uma mensagem dizendo que já havia chegado ao cinema, agora restava esperar que as duas chegassem... Depois de um mês daquele encontro na Starbucks, era a primeira vez que eu veria e . O fato foi que ficamos muito próximos depois daquele encontro, a chamei no aplicativo e nos tornamos grandes amigos, conversar com ela todos os dias com certeza virou a melhor parte do meu dia, me fazia muito bem.
Havia sido convidado por elas para assistir O Rei Leão, estava muito curiosa para ver e queria mais do que tudo fazer com que a filha se apaixonasse na história, assim como ela era. Eu não podia negar, O Rei Leão era nostalgia demais, eu estava mesmo com vontade de assistir, então sem pensar duas vezes eu estava aqui.
Pude avistá-las vindo em minha direção com enormes sorrisos, não pude deixar de sorrir junto também, era incrível a energia das duas.
- Hey, . – me abaixei para abraçar apertadamente , vinha logo atrás.
- Você tá bem, mocinha? - assentiu – Animada para ver o filme?
- SIIIIIIIIIM! – gritou, enquanto batia palminhas, animada. enfim nos alcançou e me abraçou apertadamente.
- Está bem? - dessa vez fui eu que concordei, e fomos caminhando juntos.
- Olha, já comprei nossos ingressos, vocês demoraram e eu aproveitei. - ela fez uma caretinha engraçada, me arrancando uma risada.
- Que eficiência, , amei. – abriu um grande sorriso, aquela mulher era muito linda. – Qual é o horário da nossa sessão?
- Daqui exatos 30 minutos. – senti minha camisa ser puxada para baixo, e direcionei meu olhar para .
- Quero pipoca de chocolate, . – escancarou a boca.
- , que coisa feia. Eu já falei para você não fazer essas coisas! Só por isso não vai ganhar pipoca nenhuma. - ralhou com ela, a menina fez um biquinho, meu coração cortou vendo aquela carinha.
- ... – sussurrei em seu ouvido, e foi perceptível notar que ela havia ficado arrepiada. Perdi o rumo do que estava falando, até ela se virar para mim, questionando – É, então, não tem problema, eu compro a pipoca.
- Não acho justo, está cheia de manias, , ela precisa ter limites! - ela comentou brava.
- Não vamos estragar o passeio, olha, ela está chorando...Vai, deixa eu comprar, . – ela negou – Por favor? Vamos, vai… - ela fez um bico engraçado, prendi a vontade de rir, tal mãe, tal filha. - Deixa?
- Ok, mas compra pipoca salgada, não vai ter pipoca doce para ela, precisa entender que não é não.
- assenti, indo em direção a lojinha para comprar a pipoca, enquanto via ainda chorando, e uma conversando com ela. Não demorei muito na fila e voltei com duas pipocas grandes e três bebidas. tinha um pequeno bico apenas, já havia parado de chorar. Cheguei com as duas pipocas e fomos caminhando em direção ao cinema.
- está bem quietinha… - comentei baixo enquanto estávamos na fila para entrar.
- Ela vai ficar bem, só está magoada porque eu não cedi – assenti. – Logo, logo ela está tagarelando de novo, pode apostar.
Entramos na sala de cinema e assistimos ao filme, em alguns momentos da sessão, eu tentava de algum jeito me aproximar de , mas ficava sem jeito, afinal, ela nunca olharia para mim, eu era um cara tão sem graça.
Não sabia explicar, mas há todo momento eu queria ficar mais, e mais perto de , talvez eu estivesse levemente interessado, mas só levemente.
Quem eu queria enganar? Eu estava mesmo muito interessado nela, desde a primeira vez que havia visto naquele hospital toda sem jeito porque sua filha tinha conversado comigo. Depois que a conheci, minha vida deu mais uma guinada, mas era uma guinada boa, eu gostava de conversar com ela, de estar com ela.
Senti quando sua mão apertou a minha, ela abriu um sorriso bonito e virou-se em direção ao filme, e eu fiz o mesmo, agora sorrindo mais uma vez.
A sessão terminou e do meio ao final permanecemos com as mãos unidas e só as separamos na hora de nos levantarmos. havia adormecido durante a sessão, e eu vi a dificuldade que estava para carregá-la, então eu a pedi em um gesto mudo para que ela deixasse que eu carregasse a menor, e assim ela o fez. Fomos caminhando até a saída do local, conversando sobre algumas trivialidades até chegarmos no local onde o carro dela estava estacionado. Ela abriu a porta de trás e com dificuldades eu consegui colocar presa a cadeirinha.
- Obrigado por hoje, . – sorri lhe dando um abraço apertado.
- Que isso, amanhã nós vemos de novo, quero visitar sua mãe.
Abri um sorriso lindo, desfizemos o abraço e nos encaramos por um bom tempo. Levei minhas mãos em direção ao seu rosto, e não pude deixar de alisá-lo, aquela mulher é muito linda, e eu não cansava de admitir aquilo. Me aproximei de seu rosto e parei a milímetros, não resisti e aproximei de uma vez a beijando. Beijar aquela mulher era indescritível... Nos beijamos por um longo tempo, e terminamos a ação com selinhos.
- Não deveríamos ter feito isso… - ela agora estava abraçada a meu peito.
- Por quê? Quando duas pessoas se sentem atraídas uma pela outra, é isso que acontece, elas se beijam… - arrisquei brincar, senti uma leve tremida em seu corpo, ela estava rindo.
- Não… Quero dizer, você está fragilizado, minha chegada repentina causou isso em você, não quero que misture as coisas.
- Eu até achei que no começo estava misturando, mas não, estar ao seu lado desde o primeiro momento foi incrível, eu não sei explicar, mas é tão bom… Gosto muito de como fico quando estou ao seu lado. - ela se separou de mim e se aproximou me dando mais um beijo.
- Preciso ir, tenho uma filha adormecida no carro. – assenti com um pequeno sorriso.
- Certo, nos encontramos amanhã. – lhe dei mais um selinho, e nos despedimos.
Segui em direção ao meu carro com um grande sorriso, só faltava minha mãe acordar daquele coma para que minha vida ficasse completa de vez.
Uma coisa que me incomodava um pouco era nunca saber aonde aquelas duas moravam, sempre que eu me oferecia para que fosse buscar, como ontem, sempre dizia que não era preciso, então eu não questionava. Como hoje, combinamos de nos encontrar em frente ao hospital para que pudéssemos visitar minha mãe. Eu já estava aqui as esperando, havia chegado antes do combinado, estava ansioso para aquele encontro.
Não demorou muito e pude avistar manobrando o veículo e o estacionando em uma vaga próximo dali. As vi caminharem em minha direção e, como sempre, veio ao meu encontro me abraçando apertadamente. Vi caminhando graciosamente em minha direção, me aproximei dela, lhe arrancando um breve selinho. Aquilo não havia passado despercebido por .
- Vocês estão namorando? - ela nos encarava, e nós dois não sabíamos o que fazer, fui muito impulsivo por beijá-la ali, na frente da menor.
- Não, meu amor, o errou, era para me beijar na bochecha, ele beijou a boca sem querer. – gargalhei, arrancando um riso fácil de . nos encarava sem expressão.
- Hummm, sei. - limitou-se a comentar aquilo e rimos dessa vez baixo. Adentramos a sala de visitas, daquela vez não havia demora na entrada, pois chegamos no horário exato. Conversei com a enfermeira sobre liberar o passe de até o quarto, pois a visita para a ala no qual minha mãe estava só podia dois acompanhantes, ela havia liberado o passe da pequena.
- Estou ansiosa para conhecer sua mamãe, ! - se virou com um pequeno sorriso inocente, e mais uma vez me vi encantado naquela criança.
- Filha, nós vamos entrar no quarto, mas a mamãe do está doente, e estará dormindo, ok? Ela não nos verá. - ela assentiu.
Abri a porta, suspirei fundo, dando passagem para que elas pudessem ver como minha mãe estava. Ela estava lá, deitada, imóvel, com um ar sereno, como ela sempre estava. Nos aproximamos devagar do leito, disparou na nossa frente, e seus olhinhos encararam cada parte do corpo da minha mãe, a vi segurar a mão da minha mão e fechar os olhos brevemente. puxou meu rosto, me dando um rápido selinho, e me abraçou apertadamente. Não era mesmo fácil ver as condições a qual ela estava, uma mulher tão cheia de vida, agora deitada imóvel naquela cama, toda vez que eu vinha visitá-la, ficava muito triste.
- ! - despertou minha atenção, nos desvencilhamos do abraço que compartilhávamos – Ela vai acordar! Vem, mamãe, vem vê-la. - sorriu, e foi na direção de minha mãe, sentando-se na cadeira que tinha ao lado do leito, colocando em seu colo. As duas conversavam entre si, enquanto encaravam minha mãe.
Me aproximei, e fiquei ao lado delas, pela primeira vez no dia, encarando a face de minha mãe, com uma face serena, ela estava radiante. Eu não sei explicar, olhando para ela parecia que ela poderia levantar daquela cama há qualquer momento, será…? Segurei a mão de fortemente, pela primeira vez enquanto encarava minha mãe depois de tanto tempo, estava surgindo algo em meu peito, uma sensação que não sentia a muito tempo: eu tinha esperanças. Eu também estava pronto para um milagre em minha vida.
Meu celular não parava de tocar naquela manhã, com certeza não passava das seis horas da manhã, mas quem poderia ser aquele horário? Tentei ignorar, mas meu celular não parava de tocar, levantei de uma vez da cama, procurando pelo aparelho, o encontrando na sala jogado em cima do sofá o peguei, vendo que se tratava de um número desconhecido. Ponderei sobre atender ou não, mas a curiosidade foi maior e resolvi saná-la de uma vez.
- Eu falo com senhor ? - uma mulher perguntava por mim.
- Sim, sou eu mesmo…
- Aqui é do hospital Sant Clarity… Sua mãe acordou do coma! - senti o aparelho deslizar de minhas mãos e ir para o chão. Eu estava em choque, minha mãe havia mesmo acordado, exatas uma semana após e tê-la visitado, eu estava em choque… Aquilo era mesmo coincidência. Eu não considerei muito, corri para o quarto, me troquei de uma vez, peguei a chave do carro, correndo até a garagem e o ligando de uma vez, eu só queria ver minha mãe acordada, nada mais nessa vida importava senão isso.
Suspirei, havia tentado ligar para mais uma vez, mas nada de alguém atender, já fazia duas semanas e meia que não tinha notícias dela, mas precisamente desde o dia que minha mãe havia acordado, eu só queria encontrá-la, e dizer que estava certa, e que ela havia mesmo acordado. Agora estávamos minha mãe e eu em frente à escola aonde estudava, finalmente minha mãe tivera alta e a primeira coisa que pediu foi que conhecesse e , depois que eu contei sobre a visita delas. Enfim, era ali era a único local ao qual eu sabia que podia encontrar uma das duas.
Esperamos a saída de todos os alunos, procurei entre os pais, mas nada de , e muito menos ali.
- Filho, tem certeza, querido, que essa garotinha estuda aqui?
- Sim, mãe, eu não estou louco, você disse que sentiu a presença delas no quarto…
- Sim, querido, e eu senti mesmo, as duas tinham uma luz tão forte…. - a mulher comentou, pensativa - Não estão desacreditando que elas existam, mas sim que a garotinha estuda aqui…
- Eu vou perguntar alguém, espera aqui, mãe. – ela assentiu, e eu desci de uma vez do carro, entrando na escola.
- Oi. - me aproximei de uma mulher baixa que usava óculos. – Você sabe quem é a professora que dá aulas para turma dos quatro anos?
- Sou eu mesma, em que posso ajudar? - ela me encarou, solicita.
- Eu gostaria de saber sobre a aluna . – para piorar, nem sequer o sobrenome da garota eu sabia.
- Me desculpe, mas eu não dou aulas para nenhuma aluna com esse nome… - franzi o cenho.
- E os alunos com cinco anos? Onde está a professora que dá aula para essa turma?
- Me desculpe, senhor, mas na nossa creche a faixa etária máxima é até quatro anos, acima de cinco, mandamos ao EMEI. E eu sou a única professora que dá aulas para a idade dos quatro anos, e não tenho nenhuma aluna com o nome de . Com licença…
Ah, meu Deus, que merda estava acontecendo?
Epílogo
- Nós deveríamos ter nos despedido, agora o pobrezinho está achando que está louco, ! - suspirou fundo, enquanto visualizava sair da escola.
- Não mesmo, você já tinha passado dos limites quando o deixou te beijar, e se apaixonou por ele, não devemos jamais nos apaixonar por humanos, somos anjos… - ela mordeu os lábios, assentindo.
- Aconteceu, ele era tão lindo, tão adorável, eu só me vi completamente envolvida, ele tão fragilizado, eu… - fez cara de nojo.
- Não vi a hora de terminarmos o trabalho, não gosto da minha forma de criança, não via a hora de ficar adulta. – sorriu.
- Eu queria muito ter me despedido, queria tanto que ele não sofresse assim. Eu fiz uma promessa, de não abandoná-lo...
- Fez a promessa de não abandoná-lo enquanto um milagre não acontecesse na vida dele, o milagre veio, o milagre aconteceu quando ele estava pronto para recebê-lo, nossa missão foi essa, ele estava deprimido, triste, nós só demos um empurrãozinho, querida. Nos materializamos para isso. Missão cumprida.
- Sim, você tem razão, daqui de cima eu continuo o protegendo, e é isso que importa.
- É sim, ele vai superar… Tenha a certeza disso! - ela saiu da sala a qual estava, ela suspirou fundo, enquanto via e Josephine juntos, abraçados, tinha razão, ele tinha que superar, ele ia superar mesmo e ela deveria fazer o mesmo, superar…
- Não mesmo, você já tinha passado dos limites quando o deixou te beijar, e se apaixonou por ele, não devemos jamais nos apaixonar por humanos, somos anjos… - ela mordeu os lábios, assentindo.
- Aconteceu, ele era tão lindo, tão adorável, eu só me vi completamente envolvida, ele tão fragilizado, eu… - fez cara de nojo.
- Não vi a hora de terminarmos o trabalho, não gosto da minha forma de criança, não via a hora de ficar adulta. – sorriu.
- Eu queria muito ter me despedido, queria tanto que ele não sofresse assim. Eu fiz uma promessa, de não abandoná-lo...
- Fez a promessa de não abandoná-lo enquanto um milagre não acontecesse na vida dele, o milagre veio, o milagre aconteceu quando ele estava pronto para recebê-lo, nossa missão foi essa, ele estava deprimido, triste, nós só demos um empurrãozinho, querida. Nos materializamos para isso. Missão cumprida.
- Sim, você tem razão, daqui de cima eu continuo o protegendo, e é isso que importa.
- É sim, ele vai superar… Tenha a certeza disso! - ela saiu da sala a qual estava, ela suspirou fundo, enquanto via e Josephine juntos, abraçados, tinha razão, ele tinha que superar, ele ia superar mesmo e ela deveria fazer o mesmo, superar…
Fim?!
Nota da autora: Sem nota.
Nota da beta: É tão bom ver as histórias que a gente ajudou a montar finalmente escritas, bem! <3 Ficou uma gracinha! *O*
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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