Finalizado em: 14/09/2018

Capítulo Único

A porta do bar mal tinha batido quando as lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos. Pela primeira vez, não eram lágrimas de tristeza, eram de frustração. Mais uma vez, a noite começava maravilhosa e terminava daquele jeito: ele com uma mulher qualquer, saciando seus desejos, e eu, iludida, apaixonada.
! – a voz dele gritou meu nome e, em seguida, a porta do bar bateu de novo.
– Qual vai ser sua justificativa agora, ? – ele suspirou, levando as mãos à cabeça como sempre fazia quando percebia que tinha feito uma besteira monumental. – Ela estava se insinuando para você, você estava bêbado... O que houve dessa vez? – eu gritei aos prantos.
, eu...
– Não. Chega. Deu para mim. Eu te dei todas as últimas chances que podia e deveria. Você podia ter se ajeitado, . Tomado jeito. Você sabe o que eu sinto e continua fazendo isso comigo. Quando você está sozinho e carente, é mi cariño para cá, mi cariño para lá. Mas no primeiro sinal de interesse de outra mulher, todo esse cariño que você diz que sente por mim some. É sempre assim.
.
– Não. Sem justificativas. Sem porém. Eu não quero ouvir. Não dessa vez. Você sabe o efeito que a sua voz e seus argumentos fracos têm sobre mim. – eu disse, engolindo o choro e encarando a realidade.
tinha seu poder sobre mim.
Entretanto, eu estava exausta. Exausta de querer um relacionamento, de querer um cara que diz que me quer, mas não demonstra. Eu estava cansada. Cansada das mentiras dele.
Mas jamais dele.
Suspirei pela última vez.
– Eu sonho com um futuro para a gente, sabia? Consigo nos enxergar juntos no futuro. Se eu soubesse que isso era só uma fase, eu te esperaria. Para sempre, . Mas eu já não tenho mais certeza se isso é passageiro. Nós sempre nos demos bem, sempre. Se você não enxerga isso, eu sinto muito. Mais do que eu já fiz por nós dois, eu não posso fazer. É a sua vez agora. A bola do jogo está com você, . Você sabe que eu vou esperar.

FLASHBACK:

Entre passes dos novos companheiros de equipe e aquecimentos, sorria e piscava para mim. E eu sabia que era para mim. tinha um sorriso para cada pessoa. E eu conhecia o meu como a palma da minha mão. Era aberto, sincero e alegre. Era meu. Da mesma maneira que eu desejava que o dono dele fosse.
sempre fora o dono do meu coração. Desde que eu o conhecia. Desde que eu gostava de conversar com todo mundo e desde que ele gostava de futebol. Desde que nos entendíamos por gente. Desde o primeiro momento em que soube o que era o amor, eu sabia que ele era o meu. Era estranho pensar nisso agora que éramos adolescentes e que tudo parecia ser um sentimento pueril, mesmo que meu coração disparasse toda vez que eu o via. Meu desejo era simplesmente superar tudo isso, mas aquele maldito sorriso dificultava bastante a minha vida. E tudo parecia mais difícil agora que estávamos juntos na grande e calorosa Madrid, capital espanhola. Ele, com o contrato dos seus sonhos no que parecia o maior time da Europa, e eu na faculdade, perdida entre as teorias freudianas e estudos de casos. Ambos dávamos nossos primeiros passos rumo à independência – os dele obviamente maiores.
Psicologia pareceu a escolha de carreira mais óbvia para mim, que sempre fui taxada de tagarela e curiosa em excesso. Perguntar, para mim, era questão de vida ou morte. Gostava de entender. Queria entender. Sempre saber mais. Dentre tudo o que eu queria entender, a mente humana passou à frente e virou profissão e paixão. Eu ainda estava nos primeiros meses de faculdade, mas meus olhos brilhavam ao imaginar o que o futuro me reservava.
Entre provas e simpósios da minha faculdade e os treinamentos e entrevistas do agora camisa do Real Madrid, nós tentávamos manter o contato e a amizade que já tínhamos em Palma de Mallorca. Era muito mais difícil, claro. A vida adulta era, e claro que a crescente fama de não ajudava, mas, vez ou outra, conseguíamos nos encontrar para um café ou almoço. Sempre rápido, porém, de alguma forma, nossas curtas reuniões tornavam meus dias mais leves e traziam certa paz ao meu coração apaixonado.
Mas essa paz durava pouco. Era sempre estragada por um encontro ou outro dele, um flagra com alguma modelo ou mulher que parecia ter saído de uma passarela da Victoria’s Secrets diretamente para os braços do garoto por quem eu era perdidamente apaixonada. Eu sempre achei que eram casos passageiros, e normalmente eram, mas que duravam tempo o suficiente para me magoar. Eu podia muito bem me livrar dessa situação, e parte de mim sabia que deveria.
O grande problema era que eu não estava pronta para dizer adeus ao único cara que amei em toda a minha vida.
– Uma moeda por seus pensamentos. Ou uma xícara de café, se preferir. – o grande e conhecido sorriso de apareceu em minha frente. – Estou liberado por hoje. Café com sorvete? – ele perguntou, oferecendo a mim uma combinação no mínimo estranha, mas que era a minha preferida desde que eu me entendia por gente.
E era por isso que eu simplesmente não podia tirá-lo da minha vida.

*

– Ele é muito idiota mesmo! NÃO É POSSÍVEL! Deve ser de propósito, não tem outra explicação... – eu resmunguei mais alto do que devia em mais um dos meus rompantes de raiva, acordando Alana, minha colega de quarto no alojamento da faculdade e a única pessoa em Madrid, além de , que eu podia chamar de “amiga”.
– Bom dia para você também, ! – ela reclamou, jogando a coberta sobre a cabeça novamente. – O que o fez dessa vez? – ela disse, ainda debaixo das cobertas, sua voz ecoando.
– O que ele faz de melhor: me deixar com cara de trouxa. Se eu puder te dar uma dica para vida, essa dica é: nunca se apaixone por um jogador de futebol. – eu disse, e ela bateu na madeira da lateral da cama, descobrindo a cabeça para, em seguida, fazer um sinal da cruz corrido sobre o rosto, em mais uma de suas manias que me faziam rir. – Saíram umas fotos dele ontem com uma loira maravilhosa naquele bar que fomos na semana passada. Ela foi para casa com ele, pelo jeito. Por que mesmo eu sou apaixonada por esse babaca?
– ‘Tá aí uma pergunta que nem a sua amada psicanálise responde. , sinto dizer, mas ele é o seu “para sempre”.
– Droga! Às vezes eu queria que ele não fosse.
– Mas ele é.
Alana dizia que não acreditava em almas gêmeas. Acreditava em “para sempre”. Que não existiam almas gêmeas, mas que existia uma pessoa por quem você sempre teria um fraco. Aquela que, não importasse a ocasião, o momento, ou o que ela fizesse, sempre faria seu coração bater mais forte. Que seria o seu ponto de segurança. Pra onde você voltaria se tudo desse errado na sua vida. Aquela pessoa por quem você esperaria por toda a vida, para que, quando vocês ficassem juntos, desse tudo certo, finalmente.
O que era quase a mesma coisa que alma gêmea, mas minha amiga se achava o próprio Cupido por ter “inventado” essa teoria.
Ela também acreditava em unicórnios e fadas.
Eu sempre fui romântica, mas cética. Adorava demonstrações singelas de afeto, como flores no aniversário de casamento e coincidências das comédias românticas. O amor existia, e a história dos meus pais não podia negar isso para mim: apaixonados desde o ensino médio, casaram-se antes mesmo da faculdade e, há 32 anos, viviam na mesma casa, criando seu quinto filho, meu irmão mais novo George. Eu só não conseguia entender de onde vinha esse sentimento louco e cruel, que castigava algumas pessoas por dentro, como eu, mas que era uma coisa tão cotidiana para outras, como meus pais.
– Não dá para simplesmente esquecê-lo? Fingir que ele não existe?
– Você sabe muito bem que não, . E você diz isso toda vez que ele aparece com alguém. – ela disse, levantando-se de sua cama e vindo em direção à minha.
– Eu digo, não digo? – eu perguntei, fazendo uma careta enquanto ela se aninhava comigo às minhas cobertas.
– Diz, sim.
– E toda vez eu fico triste.
– Fica, sim.
– E, mesmo assim, eu continuo apaixonada por ele.
– Continua, sim.
Ela colocou sua cabeça contra meu ombro e eu apoiei a minha sobre a cabeça dela.
– Lana?
?
– Talvez o seja mesmo o meu “para sempre”.


+

Tranquei a porta, deixando a chave na fechadura. E, então, as lágrimas, que haviam cessado por alguns minutos depois da ligação por vídeo de Alana, voltaram a correr pelo meu rosto. Lá estava a dor no meu peito de novo, forte e pujante, como sempre era, pelo menos nas primeiras horas. Ao longo dos anos, o aperto e a tristeza se tornaram mais intensos. Assim como o sentimento. Assim como os meus batimentos ao ouvir o toque que era exclusivamente dele soar em meu celular.
– Eu gostaria muito de ter recusado essa ligação, mas, se eu fizesse isso, você continuaria ligando e me importunaria noite adentro. Não faça com que eu me arrependa dessa decisão.
.
– Não me venha com seu tom autopiedoso. Não vai funcionar dessa vez, . Não mesmo.
Você pode, ao menos, me deixar falar?
– Se você dissesse algo útil.
Desculpas adiantam?
– Não, . Desculpas não adiantam. Não mais. Você sabe pedir desculpas, mas não fazem minhas desculpas valerem.
. – se eu bem o conhecia, e eu conhecia, ele estaria revirando os olhos nesse momento. Seu tom indicava isso, e eu conhecia aquele tom melhor do que ninguém.
– Pare de revirar os olhos. E não suspire. Eu quem deveria estar fazendo isso.
Como você... Merda. Você me conhece tão bem.
– Bem o bastante para saber que você nunca vai me ver da mesma forma que eu te vejo. Bem o bastante para saber que eu só vou me magoar mais. Bem o bastante para saber que eu deveria me afastar. Mas você também me conhece o bastante para saber que eu não vou conseguir simplesmente deixar de amar você da noite para o dia. Espero que me conheça o bastante para saber que eu preciso de tempo.
Desliguei o celular e as lágrimas escorriam, tirando um peso do meu peito sem tamanho.
Já era hora de seguir em frente.
E a solução apareceu na forma de uma ligação.
? – uma voz masculina soou ao telefone, com um sotaque levemente carregado. – É o Angelo, lembra de mim?

FLASHBACK:

– ALOHA! Você quer parar de olhar para esse celular a cada quatro segundos esperando uma mensagem dele? É NOSSA VIAGEM DE FÉRIAS! ESTAMOS NO HAVAÍ! – Alana balançou as mãos na minha frente e, em seguida, arremessou um colar de flores coloridas de plástico na minha cara. – Esquece o por, não sei, cinco minutos?
– Estou só esperando ele me avisar se chegou bem em casa.
– Ah, claro. A esposa fiel que não dorme enquanto o maridinho não chega em casa.
– Não é isso. Só pedi para que ele me avisasse quando chegasse a Palma.
– É a mesma coisa, !
– Não mesmo. Eu bem que...
– Não acredito que você vai dizer isso. – Alana revirou os olhos, e eu fiz o mesmo para ela. – Amiga, eu te amo, mas você sabe que precisava muito superar essa.
– Falou a pessoa que suspira toda vez que eu mostro as nossas fotos juntos.
– Vocês até podem ser bonitinhos juntos, mas...
– Sem “mas”. Seu discurso eu já sei de cor.
– Ótimo, poupa meu tempo e minha saliva. – ela olhou para o horizonte e sorriu. – Se você olhar para a sua esquerda agora, vai ver um gatinho que não tira os olhos da senhorita. Por que você não larga esse celular... – ela puxou o aparelho das minhas mãos, como se tivesse todo o direito do mundo de fazer isso. – E vai lá conversar com ele?
– Você é terrível, Alana Torres. – me levantando da espreguiçadeira onde estava, à beira da piscina do hotel.
– E você precisa urgentemente de ajuda, .

*

– Posso te esperar amanhã então? – Angelo disse com um sorrisinho de leve no rosto e com seu sotaque sul-americano muito carregado, o que quase dificultava nossa comunicação.
O palpite de Alana tinha sido certeiro: o rapaz moreno estava mesmo olhando para mim. Não por ter me achado interessante ou algo do tipo. Aconteceu que, segundo ele, eu era muito parecida com uma amiga da família dele, que estava de volta à ilha depois de alguns anos morando fora. A confusão rendeu uma conversa animada e interessante até tarde da noite, uma companhia de volta ao meu quarto e um convite para um drink.
– Às seis no bar à beira da piscina. Foi ótimo te conhecer, Angelo.
– Igualmente, . Vou te mandar uma mensagem assim que estiver com meu celular. – ele apontou para o meu número anotado na palma de sua mão.
– Vou esperar, então. – eu disse, e deixei um beijo na bochecha do latino, que sorriu e seguiu seu caminho de volta.
Mesmo com meu coração totalmente entregue a , Angelo se mostrou uma companhia muito interessante. Descobrimos que tínhamos formações familiares parecidas, a mesma paixão pelo futebol europeu – ele quase me pediu um autógrafo quando disse a ele que e eu éramos amigos – e uma paixão inexplicável pelo Jim Carrey e seus filmes cômicos e sempre divertidos. Ao ouvir o convite do latino, não consegui dizer não.
– Vai esperar o que de quem, dona ? – Alana me esperava sentada numa poltrona perto da janela do quarto, abraçada a uma almofada.
– Nada de ninguém, mamãe. – ela revirou os olhos e jogou a almofada em mim.


+

– Eu não acredito que foi você quem vendeu a casa do para ele! Aquela casa é demais. Fui a uma festa lá uma vez. Foi incrível. – eu me virei de lado no banco do carona, encarando Angelo de perfil, que me contava sobre sua vida profissional e os pequenos sucessos que vinha conquistando.
A ligação de Angelo me surpreendeu, ainda mais em meio a toda a crise sentimental que se formara em minha vida nos últimos dias. Ele explicou que encontrou meu número na lista de contato quando procurava o número de um cliente. Por coincidência, o latino me informou que estaria de passagem por Madrid a trabalho na semana seguinte e me convidou para um jantar, convite ao qual eu disse sim quase imediatamente.
O jantar tinha sido muito agradável e, para minha surpresa, nada constrangedor. O corretor soube me deixar à vontade, e a conversa fluiu como no dia em que nos conhecemos.
– Às vezes eu simplesmente me esqueço do fato que você é amiga de todos eles. Não sabe a sorte que tem. – ele deu de ombros, os olhos atentos nas ainda movimentadas ruas de Madrid, apesar do horário.
– Honestamente, não me considero sortuda. Prefiro “acaso”. Eu tenho um amigo que, por acaso, é jogador de futebol e conhece todos eles.
– Sorte, acaso, destino. Seja o que for, você tem de sobra. – ele disse, e nós dois rimos enquanto ele estacionava na vaga exatamente em frente ao meu prédio, mesmo lugar onde ele me buscou algumas horas antes.
– Muito obrigada pelo jantar, pelo vinho e por me acompanhar até em casa. Você sabe que não precisava.
– Minha mãe me ensinou a sempre acompanhar uma dama até em casa.
– Sua mãe é uma mulher muito sábia. E criou um cavalheiro.
– Obrigado, milady. Muito obrigado por hoje, . Se possível, gostaria de te ver antes de voltar para casa.
– Seria muito bom. É só me ligar durante essa semana. Você tem meu número. Me inscrevi para um ciclo de palestras da faculdade, mas vou tentar arrumar um horário para você na minha agenda concorrida de quase psicóloga.
– Eu ficaria honrado. – ele fez uma reverência torta pela falta de espaço e pelo cinto de segurança, arrancando de mim uma leve gargalhada.
– Boa noite, Angelo. Obrigada novamente por tudo.
– Boa noite, .
Desci do carro e caminhei calma em direção à entrada do prédio, me despedindo de Angelo com um tchauzinho de longe. Eu esperaria a ligação do corretor na semana seguinte, torcendo para que o próximo encontro – ou o que quer que esse jantar significasse – fosse tão bom quando o que acabara de acontecer.
Quando a porta do elevador se abriu no quinto andar, senti um cheiro delicioso de caramelo sendo preparado vindo do meu apartamento. Sorri, abrindo a porta, empolgada ao pensar na possibilidade de Alana finalmente ter decidido sair de Barcelona e vir me fazer uma visita e me preparar um dos seus doces sensacionais.
– O que você está fazendo aqui? – eu perguntei, deixando minha bolsa e meus sapatos no chão, impressionada demais com o que eu estava vendo para deixar qualquer coisa em ordem.
Flores do campo coloridas formavam pequenos buquês em todas as superfícies da casa: mesas, bancadas, estante e prateleiras. Ao lado de algumas delas, pequenas velas tornavam o ambiente levemente iluminado e com um clima gostoso.
O cheiro de caramelo tomava todos os cômodos, e a visão de diante do fogão despertou as borboletas no meu estômago. Desde quando ele sabia cozinhar? E o mais importante: como ele ficava tão bonito fazendo aquilo?
– Eu usei sua chave. Você ainda deixa no mesmo lugar. Estou fazendo o pudim que você gosta – ele disse, sorrindo, o que pareceu eriçar ainda mais as borboletas. – Eu vim tentar reconquistar seu coração.
.
– Não, . É a sua vez de me ouvir. Agora eu entendo. Entendo tudo o que você sente. Sua amiga Alana me ligou e disse que, se eu quisesse minha chance, agora era a hora. Eu confesso que não entendi direito, até que ela me disse que você iria sair com esse cara, que ele era incrível e que vocês se davam bem. O que eu senti dentro de mim...
– É o que eu sinto quando te vejo com outra pessoa. – eu disse, finalmente olhando nos olhos dele.
– É isso. Eu não sabia antes, não entendia, mas tinha... Eu tenho esse sentimento enorme por você guardado dentro do meu coração e só não sabia que ele estava aqui. Ou melhor, eu não entendia que ele estava aqui, o porquê de eu me sentir diferente perto de você. Eu não quero nenhuma outra pessoa. – ele se aproximou e segurou minhas mãos, e o choque que eu senti percorreu toda a minha espinha.
. Eu acabei de sair com esse cara, e ele é incrível. Ele é um cavalheiro. Ele é simplesmente incrível. Nós conversamos, nós rimos, nós temos muito em comum.
, fala sério. Nós também temos tudo isso.
– Eu sei. Mas eu confio nele. E não sei mais se posso confiar em você.
, escuta. Eu não consigo parar de pensar em você. Eu fui à loucura pensando que podia ficar sem você. Aliás, como você sobrevive assim? É horrível. – ele deu uma risada leve, e eu fiz o mesmo. – Sinto muito por tudo que eu fiz você passar ao longo de todos esses anos. Eu finalmente entendo e finalmente posso dizer que, de verdade, sinto muito.
, talvez não fosse para ser. Eu entendo, e realmente esperei muito tempo para ouvir isso de você, e, agora que eu finalmente estou ouvindo, nem parece real. Mas talvez não fosse para ser. Pode ser que você seja...
E, antes mesmo que eu pudesse terminar de falar, me puxou para um beijo.
O beijo pelo qual eu esperei a minha vida toda.
Suas mãos mornas seguravam meu rosto pela lateral, descendo vez ou outra até o pescoço e brincando com meus cabelos, me mantendo perto dele. Minhas mãos estavam em seus braços, e eu sentia seus músculos firmes e enrijecidos. Eu estava completamente envolvida. Sua boca era macia e tinha um gosto refrescante, algo como menta ou hortelã.
E eu quase não podia acreditar que aquilo realmente estava acontecendo.
E quase não podia acreditar que era melhor do que eu sonhara.
– ... que você seja só o “para sempre”.
– Você é o meu “para sempre”, . Seja lá o que isso quer dizer para você.
Eu sorri e apoiei minha testa contra os lábios dele. Ele depositou ali um beijo.
– Eu não deveria te perdoar, sabia? Não deveria mesmo.
– Eu sei. Fui um babaca. Mas quando brigamos, naquele dia no bar, você disse que me esperaria. Para sempre. Mas eu estou aqui agora. Posso usar desse para sempre para tentar te convencer a me perdoar?
– Definitivamente, você pode. – ele sorriu e me beijou.


Epílogo

– Definitivamente não.
– Por que não, ? Eu demorei muito para pensar nisso.
, eu não vou perpetuar a sina dos filhos dos jogadores de futebol em ter o nome do pai e Junior no final. Esse garoto não sai daqui de dentro se o nome dele for Junior. E você não pode ter demorado tanto para pensar nisso.
– Uma combinação tão bonita. – cruzou os braços emburrado, fazendo bico. Revirei os olhos e me levantei com esforço para me sentar em seu colo.
– Vamos encontrar um nome melhor. Talvez ele possa ter o nome de um dos meninos.
– Meu filho não pode ter o meu nome, mas pode ter o nome dos meus companheiros de time? Agora sou eu quem digo que definitivamente não.
– Você é tão manhoso.
A discussão sobre o nome do bebê se perpetuava há semanas em nossa casa. Se mal conseguíamos nos entender sobre o que comer no jantar, como tomaríamos uma decisão tão grande quanto o nome do nosso primeiro filho?
– Não sou manhoso, mas você recusou todas as minhas ofertas até agora.
– Porque você só me deu opções ruins até agora. E eu já abri mão do bebê ter o meu sobrenome.
– Foi você quem abriu mão do quando nos casamos. E você realmente vai dizer que Sofio é uma opção ruim? – eu revirei os olhos em resposta enquanto ria e acariciava minha grande barriga da avançada gestação de quase nove meses. – Três semanas. Ele chega em menos de três semanas, e nós não temos nem um nome.
– Vamos escolher um. Não tem hora certa para isso. Certas coisas não têm hora para acontecer. Você mesmo me enrolou por anos antes de finalmente ficarmos juntos.
– Alto lá! Em minha defesa, eu nem sabia que gostava de você.
– Ainda assim me enrolou por anos. Não vai escapar dessa responsabilidade, .
– Falando nisso, tem uma coisa que, em todos esses anos, eu ainda não entendi.
– Não comece com a história do...
– Por favor, mi cariño, você precisa me contar o que é o “para sempre” seu e da Alana.
– Não. – falei, direta e ríspida – Podemos voltar a pensar no nome do bebê?
– Não. – ele repetiu meu tom, e eu bati em sua cabeça. – Se você me contar o que é, eu até penso em retirar Junior das opções.
Junior nunca foi uma opção. E nem vai ser.
– Por favor, mi cariño. – ele repetiu, dramático.
– Era uma coisa besta de quando éramos adolescentes.
– Era importante. É importante.
– Você só precisa saber que é o meu “para sempre”, ok? Sempre foi. Sempre vai.
– Para sempre?
– Para sempre.


Fim



Nota da autora: Eu honestamente não sei como essa história de exatas 4000 palavras chegou até vocês. Estou muito apreensiva, porém orgulhosa.
Essa história acabou se tornando um desafio pessoal. Eu amo escrever sobre romance, e histórias leves e tranquilas, e a história de Asensio e Sofía, que de tranquila não tem nada, acabou virando meu novo xodó. Eu estou de verdade encantada.
Espero que essa história não faça vocês odiarem seus jogadores preferidos, e que vocês também não me odeiem por ela.
Quero agradecer a Ju pelo apoio IMENSURAVEL e pelo plot que você criou pra esses dois! Muito obrigada, Ju, por ser essa pessoa incrível que você é! Espero ter o prazer de estar com você em outros ficstapes.
Agradeço desde já pelos comentários e leituras dessa grande reviravolta que é Only Forever. O apoio de vocês é sempre muito importante pra mim. Espero encontrar vocês em breve, em outros ficstapes da vida. Beijos, até a próxima!

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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