07. Preocupa Não

Finalizada em: 04/08/2018

Quero te ver rindo do nada

não sabia que também estava presente naquele churrasco. também não havia feito nenhum esforço para ter sua presença notada desde que colocou os pés na casa de Antônio, então não tinha porque a menina saber que seu ex-namorado estava sob o mesmo teto que ela.

A carne assava na churrasqueira (ah, que cheiro bom! O pai de Antônio era um churrasqueiro de mão cheia!), Antônio e Gabriel tocavam uma música sertaneja qualquer (o dono da casa no violão e o outro fazendo as vezes de cantor) e ela, , aproveitava aquele tempo para aquilo que fazia de melhor: dançar. Dançava mesmo que o ritmo tocado pelos amigos não fosse condizente com os passos que ela dava na companhia de Eduardo, os dois de mãos dadas a rodopiar como se estivessem ao som de algum forró muito animado. sorria e instigava Eduardo a sorrir junto, os cabelos soltos esvoaçando a cada movimento mais brusco que os dois faziam aleatoriamente em alguns momentos da dança.

Também haviam algumas rodas de conversa paralela, outros dois casais de amigos eram outros que aproveitavam pra se arriscar na dança à beira da piscina, mas não dava a mínima para esses outros acontecimentos. Seus olhos estavam nela, , e ele pegou-se sorrindo tanto quanto Eduardo sorria diante da menina. Ela era linda e toda natural. Inventava alguns passos estranhos como se não tivesse ninguém à sua volta, porque é assim, não se importa se vão acha-la palhaça ou um boneco de posto. Ela apenas faz.

Não demorou para que sentisse o peito apertar de saudade – e em sua defesa, não é como se a música tocada por Antônio e Gabriel ajudasse; ele não fazia a menor ideia de que sertanejo era aquele, mas sertanejo é sertanejo e convenhamos, ô ritmozinho propício a te fazer cair na bad. Pior tipo de música pra se escutar quando tá vendo a ex dançar com outro cara!

Queria ser Eduardo, porcaria! Queria que fosse ele ali conduzindo – ou melhor, ser conduzido por – aqueles passos estranhos junto dela, e não aquele burguês mala que ele tinha certeza absoluta de que arrastava maior asa pra sua menina. Ex-menina, a consciência e a música arrasadora fazem questão de lembra-lo. Ex-menina porque você, , foi um bocó ciumento e levou um pé na bunda muito do merecido.

Abalado, deixou a área de lazer da casa do amigo e correu para a sala, onde tinha certeza de que não encontraria ninguém. Talvez até fosse embora – já tinha visto , já tinha visto o sorriso de e aquilo era mais do que suficiente depois de tanto tempo afastado. Não ia ter coragem de se despedir dela, de toda a forma.

***

“Viu quem tá aí?”, Manu perguntou assim que se sentou ao lado dela, depois de terminar de dançar.

“Não”, respondeu, desconfiada. Para a amiga ter perguntado daquele jeito, com aquele par de olhos sombrio... “... ?” Manu apenas assentiu, fazendo com que tivesse a sensação de que seu estômago estava despencando entre os outros órgãos. “Como assim o tá aqui?!”, exclamou um pouco alto demais.

Manu ergueu os ombros. “Eu é que vou saber, amiga? Vocês podem ter se afastado depois do término, mas acho que ele continuou amigo do Antônio e ele é o dono da casa, né. Vai ver convidou o brother dele.”

viu-se diante de Antônio em três segundos, ignorando completamente o fato de que o amigo parecia estar atrapalhado com todos os fios de microfone e caixa de som e todos os cacarecos que ele e Gabriel usavam quando tocavam. Ela não tava nem aí pra isso. Ela só queria saber o que diabos estava fazendo naquele churrasco, e quem melhor do que o dono da casa para lhe dar satisfações. “Você convidou o ?!”, exigiu saber.

Antônio apenas ergueu os olhos do que estava fazendo, as mãos ainda focadas em enrolar os fios com todo o cuidado que eles mereciam – aquele equipamento era caro, moleque. “Chamei”, respondeu com toda a simplicidade que lhe cabia. “Já viu ele? Não sabia que tinha chegado. Mal agradecido, nem veio me dar oi.”

“Toninho, como assim?!”, perguntou, indignada. Como ele falava aquilo com tanta naturalidade? Antônio era seu melhor amigo. Aquilo beirava a traição!

“Ué, chamei. Faz tempo que não vejo o cara – acho que desde que vocês terminaram, se bobear – e eu tava afim de dar um abraço nele antes da mudan-”, parou de falar assim que notou que estava soltando mais do que deveria, o que não deixou passar despercebido. Amaldiçoou-se mentalmente vendo as sobrancelhas da amiga enrugarem na testa. Merda.

“Mudança?”

“Ah, , sei lá”, como desconversa isso, Jesus? Tentou desviar o olhar do da amiga. que deveria ter falado aquilo pra ela, não ele! Bocudo!

“Antônio, o que tá acontecendo?”, questionou, séria.

“Não sei, já falei que não sei. Pergunta pro , ele mesmo te conta.” Não sabia onde enfiar a cara e teve a sensação de que conteve a vontade de empurrá-lo na piscina, irritada. Foi salvo pela vontade dela de entender o que estava acontecendo, tinha certeza, já que viu a amiga dar meia-volta e entrar em sua casa, decidida.

Quem diria que ela é que acabaria indo atrás de ? Esperava apenas que eles pelo menos colocassem um ponto final decente (maduro) naquele namoro adolescente que tinham vivido.



Não vim aqui discutir a relação

Não pensou no que iria fazer ou dizer quando encontrasse . Quando deixou todo o ambiente do churrasco para trás e entrou na casa de Antônio para ver se encontrava o ex-namorado, não preparou nenhum plano sobre como reagir ou se comportar, e ela precisava disso – não podia simplesmente olhar para a cara de e dar oi, não quando tinham terminado depois de uma sucessão de brigas que envolviam o ciúme exagerado do rapaz e não se viam desde então. Tinham até se bloqueado nas redes sociais, para não correrem o risco de ver as fotos que ocasionalmente publicariam! Então não, não dava pra ela agir como se nada tivesse acontecido e simplesmente perguntasse o que ele estava fazendo ali, e o que Antônio queria dizer ao falar sobre mudança.

Mas só percebeu que precisava daquele plano quando chegou até a sala e viu o rapaz sentado no sofá, cabisbaixo. Arrependeu-se de ter corrido até ali. Ora bolas, eles não tinham mais nenhum envolvimento na vida um do outro, definitivamente não lhe devia nenhuma satisfação ou explicação e ela não tinha o menor direito de questioná-lo. Se estava lá a convite de Antônio, ela não tinha nada a ver com isso. Se ele estava de mudança ou o que quer que fosse, idem.

Considerou dar meia-volta, aproveitando que ele parecia não ter notado sua presença, mas não conseguiu mexer as pernas. Sentia como se os pés estivessem presos ao chão.

Cara, estava ali. Depois de dois meses sem nem ver a sombra do rapaz, sem sequer sentir seu perfume... estava ali e estava cabisbaixo. nunca ficava daquele jeito. Era rapaz agitado, animado, o lugar que ele deveria estar ocupando naquele dia definitivamente não era aquele. Ele deveria estar lá fora fazendo caipirinhas e caipiroskas pra quem não curtia cerveja – ou seja, ela –, deveria estar ajudando o pai de Antônio com o churrasco – ele amava cozinha e tudo o que envolvia esse universo – e depois de cortar os tomates do vinagrete e preparar o pão de alho, se jogaria na piscina e molharia todo mundo atirando água pra cima. Depois iria puxar ela pra dentro d’água também, com certeza.

O sofá de uma sala deserta não era o lugar de .

Alguma coisa estava acontecendo e ela queria saber o que era.

“Tá tudo bem?”, pegou-se perguntando e quebrando o silêncio que tomava conta da sala. Até soltou uma risadinha ao vê-lo se sobressaltar no sofá e perceber, finalmente, que não estava tão sozinho assim, afinal.

-”, murmurou, encarando-a como se estivesse vendo uma assombração. Recompôs-se. “Sim. Tudo certo. Tudo supimpa”, sorriu, sem graça. sentiu o coração bater em um salto. não deveria ter sorrido – ou melhor, o sorriso de , mesmo esse que ele solta quando está envergonhado, não deveria mais causar esse efeito. “E você?”

“Bem. Tô bem, também.” Silêncio. Nenhum dos dois sabia como prosseguir. Será possível que eles tinham se tornado estranhos um para o outro?

“Então”, falaram em uníssono. Calaram-se, envergonhados. É assim que reencontros entre ex acontecem? Credo! “Pode falar”, ele soltou, dando-lhe a vez da fala.

“Ah, nada”, deu de ombros. “Eu só não sabia que você vinha, sei lá.”

“Eu também não sabia que vinha”, riu, não mais tão sem graça. Para de sorrir, marginal! “Quero dizer, o Tonho me chamou e tal, mas eu não sabia que ia mesmo decidir vir.” Não queria me ver, é?

Mas se optou por vir...

“Pois é, acabei de falar com ele. Te chamou por conta da mudança, né?” A expressão de se fechou ante à pergunta.

“Ah, ele te contou, então.” Não se importava em colocar o amigo no fogo. Antônio omitiu dela a informação de ter chamado , não tinha? Estavam quites.

“Mais ou menos. Ele só disse que queria te ver antes da mudança.”

“É. Ele não mentiu”, voltou a encarar a TV que ficava em frente ao sofá em que estava sentado. Não imaginou que a conversa aconteceria assim, ele sentado e ela em pé, encarando-o com sede de respostas, tendo uma prévia da situação. “Meu pai foi transferido. Você sabe que ele trabalha em uma empresa estrangeira”, assentiu, mesmo que não fosse uma pergunta. “Ele recebeu o convite pra assumir a gerência de uma das sedes que estão abrindo em Londres. Meu pai topou.”

Talvez devesse ter comido alguns pedaços da linguiça que o pai de Antônio estava servindo antes do prato principal. Se não estivesse vazio, pode ser que a queimação que começou a sentir no estômago naquele instante não fosse tão intensa.

O termo ‘mudança’ abre um leque de possibilidades. poderia estar trocando de colégio – poderia existir a chance dele não querer conviver com ela no último ano do ensino médio, né? Essa alternativa a magoava bastante, eles eram amigos antes de tudo, mas ainda assim era uma alternativa possível – ou até de cidade, afinal toda a família dele vinha do interior e eram apenas alguns quilômetros de distância de lá até a capital, não seria um impacto tão grande. Mas não. estava mudando de país. Não de colégio, cidade ou estado. Era continental.

Ela também queria estar sentada. As pernas não estavam mais assim tão firmes, com os pés presos ao chão.

“Quando?”, saiu como um sopro, a voz sem força. Pigarreou. “Quando?”, repetiu, mais forte.

tornou a olhar para a , surpreso com o andamento da conversa.

O término do namoro partiu dela. foi sua primeira namorada e ele o dela. Ambos não sabiam o que estavam fazendo, não aos 16 anos, e nenhum dos dois soube lidar com as crises de ciúmes dele e os questionamentos constantes dela. Considerando as brigas frequentes e a forma como ela falou que eles não eram mais namorados, tudo em meio a gritos, estava surpreso por ver que ela se importava com o fato de que ele não estaria mais ali.

Sentiu o peito aquecer, um de seus lados certo de que não deveria alimentar falsas esperanças. Independente do que sentiam ou deixavam de sentir um pelo outro, precisava admitir que não tiveram maturidade pra namorar morando na mesma cidade – imagina em países diferentes! Não, aquilo não seria possível.

“Semana que vem.”

“QUÊ?”, gritou, sobressaltando-o realmente dessa vez. estava retirando mentalmente a certeza de que ele não lhe devia satisfação – eles namoraram por quase um ano. Você não organiza uma mudança pra outro país e deixa de contar uma coisa dessas pra alguém que se namorou por quase um ano. Eles poderiam ter passado todo o período das férias bloqueados nas redes sociais, mas antes de tudo eram amigos. Então quer dizer que não tinha a intenção de voltar a falar com ela mesmo como amigos? Ia se mudar pra longe e pronto, acabou?! “Como assim você vai pra Inglaterra e deixa pra me contar faltando uma semana? Isso se você ia contar, né, , o que eu tô começando a duvidar que faria, porque eu que vim até você.”

Tava demorando.

“Menina, o que importa no final das contas é que eu contei”, falou, indignado. “E na boa, ? Eu não vim aqui pra isso, não”, levantou-se, chateado. “Eu tô de mudança e já passei boa parte desse ano brigando com você por bobagem. Não quero. Eu realmente não quero mais isso pra mim, não quero mais essas discussões bestas. Não vim pra isso”, eu vim pra te ver sorrindo, dançando, sendo a garota livre que você sempre se mostrou ser. Não pra ter um replay das coisas ruins que vivemos enquanto namorados. “Agora com licença, vou dar um alô pro pessoal, comer alguma coisa e ir embora, já que você gosta tanto assim que eu lhe dê satisfações da minha vida.”

Não deu tempo para que ela lhe respondesse. Apenas desviou da ex e rumou para a área de lazer, para pelo menos ver Antônio e os pais dele antes de sair. Já tinha sido um fiasco com , não precisava ser ruim com as outras pessoas que sempre o acolheram tão bem.



O rascunho e o esboço

Uma semana havia se passado desde que viu pela última vez, no churrasco de Antônio. Uma semana em que pensou e repensou em tudo o que viveram e falaram naquele dia, e em todos os outros que vieram antes também.

Se conheceram no primeiro ano do ensino médio e ficaram amigos quase que de imediato. Tinham gostos em comum, o cinema era a distração preferida e conseguiam passar horas jogando conversa fora, fosse pessoalmente ou pelo whatsapp. Depois de muito escutar da família e do grupo de amigos que formavam um casal muito fofo, renderam-se ao fato de que sentiam o coração bater mais forte quando estavam próximos e no segundo ano deram início a um namoro que durou pouco mais de dez meses.

implicava com o fato de conversar com meninos que não eram os amigos que os dois tinham em comum – eles estão dando em cima de você na cara dura!. não gostava quando ele demorava demais pra responder, ou atender seus telefonemas. E daí que tava sem bateria no celular? Era só avisar que a bateria tava acabando e ela não ficaria mandando mensagem feito uma paspalha. Tudo gerava alguma discussão. O problema era a frequência com a qual elas vinham acontecendo, mas o copo só transbordou no dia após a festa de 15 anos de Manu, onde foi escalada para dançar a valsa principal com o primo da aniversariante e jurou ter visto o rapaz abraçar demais a namorada dele.

Agora refletia sobre a importância que eles deram pra coisas tão pequenas, tão banais. Ciúmes nem de longe é um sentimento para o qual eles deveriam passar pano – ela era imensamente grata por todos os debates que a escola proporcionava, sobre relacionamentos abusivos e problemas em geral –, mas agora que ela olhava para todos os acontecimentos com outros olhos, percebia que nunca ultrapassou nenhum limite. Todas as vezes em que expôs as inseguranças sobre os outros meninos, foi tentando falar numa boa, tranquilo, nunca erguendo o tom da voz ou algo do gênero. Ela também tinha sua parcela de culpa. Sabia que deve ter sufocado o ex em algumas situações – mandar mensagem de madrugada e exigir resposta quase que no mesmo instante não era legal, agora ela entendia. tinha todo o direito de dormir.

Tinham sido infantis, imaturos, e era uma pena que só estivesse se dando conta disso tarde demais. ia entrar em um avião que o levaria para outro país no dia seguinte. Sentiu as lágrimas inundarem seus olhos mais uma vez, ciente de que naquele momento estavam fazendo uma festa de despedida para o rapaz e ela estava ali, em casa, com a cara enfiada em um travesseiro diante da recusa de dar tchau para alguém que ainda lhe era muito importante.



Sem máscara, sem cerimônia

Não estava esperando pelo toque de dedos contra a madeira de sua porta. Seu pai não ia até seu quarto e sua mãe entrava sem pedir licença sempre que queria, tampouco escutou a campainha tocar para ser uma visita, então apenas disse “Entra”, receosa de quem poderia ser. Ergueu as sobrancelhas quando apareceu.

“Quis te ver antes de ir pro aeroporto”, explicou antes de ser questionado. “Posso entrar mesmo?”

“Pode”, permitiu, sentando-se na cama onde estava deitada e a cabeça latejando em protesto – chorou tanto durante a noite que teria que aturar aqueles sintomas pós-choradeira durante todo o dia. sentou-se ao seu lado.

“Eu não sei como fazer isso. A verdade é que só vim dar tchau, mas não queria apenas dizer tchau, sabe?”, riu, mesmo que não estivesse com vontade de rir.

“Eu sei. É difícil, né?”, encolheu os ombros. “A gente viveu bastante coisa.” assentiu, respirando fundo.

, quero que você saiba que aprendi muito contigo. Muito mesmo”, começou aquilo que pareceu ter ensaiado durante vários dias na frente do espelho. gostava de ensaiar discursos. Fazia sempre quando tinham que apresentar algum seminário, na escola. “Mas não só isso”, soltou o ar pelas narinas de forma pesada, abrindo mão de qualquer palavra pensada previamente. “Eu quero que você saiba que- você é importante, você é especial”, soltou após uma breve pausa, controlando a garganta que começava a fechar. “Nós fomos muito bobos, mas também sou muito grato por você ter sido minha primeira namorada. A gente não tinha a menor ideia do que tava fazendo, e mesmo assim tentamos, sabe? Mesmo que não tenha dado certo, a gente tentou e eu peço desculpas por ter sido tão ciumento – acho que eu tinha medo de te perder mesmo contigo não dando motivo. É normal os caras gostarem de você. Você é uma garota muito bacana. Eu deveria ter focado no fato de que você não dava ousadia pra eles, mas fui bem besta”, limpou a garganta com um pigarro. “Desculpa não ter sido um primeiro namorado tão bom assim.”

não se deu o trabalho de segurar o choro que voltou a toma-la – apenas ficou surpresa por saber que ainda tinha lágrimas dentro de si. Depois de tudo o que tinha colocado pra fora na noite anterior, era surpreendente ver que ainda tinha o que escorrer dos olhos. Não estava acreditando que estava ali admitindo tudo aquilo, às vésperas de correr para o aeroporto. Seu menino estava indo embora. Agora que eles finalmente tinham entendido os pontos onde erraram, não teriam chance alguma de tentar arrumar e quem sabe dar um novo andamento para um possível nós. estava indo embora. Seria apenas lembrança de um namoro adolescente.

Isso não diminuía a dor que estava sentindo.

“Eu vou sentir tanto a sua falta”, soluçou, sem conseguir dizer mais nada. Jogou-se no amigo assim que ele abriu os braços, os olhos dele começando a ficar vermelhos também. Abraçou-o. Queria poder dizer que também inspirou seu cheiro, seu perfume, mas o nariz já estava entupido e não lhe permitiu fazer isso com sucesso. “Eu vou sentir muito, muito a sua falta”, reforçou.

“E eu tô feliz por você não ter ido à festa ontem”, comentou, a voz falha. afastou-se de imediato, encarando-o, sem entender. Como é que é? “É. Se você tivesse ido, eu não teria qualquer desculpa pra vir até aqui e nós não teríamos a oportunidade de ter esse momento.” Apesar de ainda espantada pela fala anterior, não conteve o sorriso ante à justificativa. “Isso”, ele também sorriu, o polegar limpando os rastros das lágrimas que marcaram as bochechas da menina. “É exatamente assim que eu quero ver você: sorrindo. Seu sorriso é bonito demais pra ficar chorando assim, então larga de ser boba”, brincou, abraçando-a uma vez mais antes de sussurrar com a voz embargada.

“Eu também vou sentir a sua falta.”

Mas lá no fundo tinha consigo que nem e nem qualquer amigo tinha com o que se preocupar. A saudade ia apertar, é verdade, mas em algum momento ele iria voltar, mesmo que fosse apenas de visita. A família dele morava nas proximidades, afinal. Seus pais não deixariam de ver os avós.

É. Eles iriam se ver de novo em algum momento. Não tinha com o que se preocupar.



FIM



Nota da autora: Ah, mais um ficstape pra conta! Quando pensei em "Preocupa Não", minha ideia era outra. A única coisa que se manteve nos planos originais, porém, é que a fic iria começar em um churrasco e se passaria no Brasil (eu não ia admitir outro cenário pra uma história que tem como base uma música sertaneja hahahah). Espero que vocês tenham gostado, pessoal! Fiquem à vontade pra colocar um feedback ali nos comentários, vou ficar super feliz em ler <3





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