07. Sadderdaze

Fanfic finalizada.

Capítulo Único

Chovia e fazia frio naquele sábado, preparava o café enquanto eu a observava. Embora os meus olhos estivessem concentrados nela, minha mente estava distante, pensando no que aquele dia ainda me reservava.
Eu sabia muito bem o que eu tinha que fazer às 14:00 horas daquele dia, mas quando eu estava ao lado de , todos os sábados, já que ela morava longe, eu sentia o peso dos meus atos. Eu só sentia arrependimento de tudo o que eu fazia, quando olhava nos olhos dela. Era como se ela me dissesse que aquilo era errado, mesmo não sabendo o meu erro.
Não era certo fazer aquilo comigo e nem com ela, não certo prometer a um futuro que eu não podia cumprir, o meu presente me impedia de ser feliz ao seu lado lá na frente. Antes de ama-la eu conseguia ter uma vida normal, o que eu fazia nunca era um peso para eu carregar, mas depois dela, depois de me sentir amado por alguém, a leveza passou a não mais existir.
- No que você está pensando? - Ela me perguntou com um sorriso nos lábios, sentada em minha com uma caneca cheia de café em mãos.
- Em nós. – Não menti, de fato ela estava inclusa em todos aqueles meus pensamentos confusos.
- , o que vamos fazer hoje a tarde? A noite eu volto pra casa. - Perguntou enquanto mantinha uma carinha triste.
Sorri de forma sincera, ela conseguia ser linda de qualquer jeito. Seus traços, seus cabelos, sua boca... Tudo era tão único que eu me apaixonava por ela todos os dias.
- Eu vou ter que sair à tarde, mas é coisa rápida, prometo não demorar. Depois podemos ver um filme e tomar um vinho.
- Claro, meu príncipe. – concordou antes de vir me beijar. O gosto de café em seus lábios não ocultava o gosto doce da sua boca.
- E se eu for um monstro? – A pergunta saiu da minha boca antes mesmo que eu pudesse pensar nas palavras.
- Monstros não amam e eu não tenho duvida do seu amor.
Ela me beijou novamente, tinha uma inocência em tudo o que fazia que me deixava louco. Por alguns segundos as suas palavras ficaram em minha mente, mas assim que eu senti as mãos de empurrar o meu corpo em direção ao quarto, não consegui raciocinar.
Eu era um mostro que amava!


xxxx



Poucas pessoas passavam pela rua naquele horário, tudo estava devidamente tranquilo como tinha que ser. O frio facilitou a minha vida permitindo que eu me cobrisse dos pés a cabeça, deixando apenas o meu rosto visível.
Meu celular, que eu usava somente naquelas ocasiões, tocou e eu já imaginava quem seria.
- Ela já está em casa, sozinha, a rua não tem câmeras, não tem como dar errado. – O chefe, como eu costumava chamá-lo já que eu não sabia seu nome, me avisou.
- Ok, chefe. – Respondi antes mesmo que ele desligasse.
Abri o portão com a chave que tinha, tomando todo cuidado possível para não deixar rastros. Andei em direção onde a vítima estava.
Ela me olhou assustava, sem entender o que estava acontecendo ali, seus olhos demonstravam medo e seus lábios tremiam já que não podiam dizer nenhuma palavra, seguindo as minhas ordens. Pedi que ligasse o rádio no último volume para que ninguém escutasse nenhum barulho e logo depois que ela me obedeceu, disparei dois tiros em sua cabeça. A vítima morreu na hora e eu sai de lá assim que confirmei isso.
Além de dar aula, eu trabalhava tirando as vidas das pessoas. Por mais estranho que isso possa parecer, sempre chamei de trabalho porque recebia por isso e receberia muito bem. Resolvia os problemas das pessoas, a mando do Chefe, usando apenas uma arma. Nunca fui preso e nunca desconfiaram de nada. Preferia fazer aquilo no final de semana, a minha vida funcionava nos dias úteis e eu sabia muito bem separar as coisas.
A única coisa que estava difícil separar era a sensação de culpa que eu sentia apenas quando olhava para . Quando voltei pra casa ela ainda me esperava com um sorriso nos lábios. Seu rosto angelical me trazia paz e talvez esse fosse motivo pelo qual a culpa pesava tanto.
Eu não podia engana-la daquela forma, não podia. Ela se apaixonou pelo príncipe encantado que eu não era, ela se apaixonou por uma pessoa que eu criei. Se ela conhecesse o meu eu real, o assassino, sangue frio e louco por dinheiro, ela jamais me aceitaria.
Eu precisava acabar de uma vez por todas com aquela situação. Eu não merecia aquela sensação de culpa e não merecia ser enganada.


xxxx



Acordei naquele sábado decidido, o dia estava estranho, mas a minha mente estava no lugar. Apesar de ter dormido tarde, meu corpo não estava cansado. Passei uma boa parte da noite pensando em tudo que vivi com . Ela era uma pessoa sozinha, já havia perdido a família, não tinha amigos, só tinha a mim. Ela sempre dizia que eu era quem dava forças a para que ela pudesse seguir em frente. Lembrei-me de quantas vezes toquei violão para , mesmos ainda estando com as mãos sujas de algum dos incontáveis crimes cometidos. Lembrei-me de quantas vezes ele disse que eu era um anjo, sem saber que o seu anjo havia acabado de destruir uma vida ou uma família...
não suportaria a dor de ver que eu não era quem ela sempre achou que eu fosse. Graças ao seu amor eu consegui ver que eu não podia mais amar e matar ao mesmo tempo, eu não conhecia mais fazer as duas coisas.
Sentado no banco de parque, tendo como trilha sonora as risadas e gritos de algumas crianças eu chorei pela primeira vez por saber que eu amava com todo o meu coração e que jamais teria o seu perdão. Por isso que eu teria que tomar uma atitude o mais rápido possível, por mais que eu já estivesse me acostumado com aquelas duas formas de viver, eu tinha que fazer uma escolha.
Senti dois braços pequenos me abraçar e não pensei muito antes de retribuir, mesmo sem saber quem era aquela criancinha.
- Minha mãe me disse que quando uma pessoa está chorando, ela precisa de um abraço. – Explicou antes mesmo de eu perguntar alguma coisa.
- Obrigado. Todo sábado o tio fica triste por causa de algumas escolhas dele. Mas hoje isso vai acabar. – Me vi desabafando com a criança que parecia não entender o que eu queria dizer.
Ela concordou e saiu correndo em direção a uma mulher que parecia ser a sua mãe.
Olhei meu relógio e vi que estava na hora de me encontrar com . Dirigi até o local combinado com certa pressa, eu queria colocar um fim naquilo o mais rápido possível. estava me esperando encima de uma pedra, de frente pro mar. Era um lugar que não tinha mais ninguém, sempre íamos pra lá quando queríamos ficar sozinhos.
- Meu amor. – Ela sorriu e me beijou com ternura, mas eu estava nervoso demais para retribuir. – O que foi?
- Primeiro eu queria te pedir perdão e te pedir para nunca esquecer o meu amor. Eu te amo, . – Ela me olhou sem entender e eu pedi silenciosamente que ela não me interrompesse. – Eu estou fazendo isso por amor, você confia em mim? – Ela afirmou com a cabeça. – Então feche os olhos.
Ela fechou os olhos e eu me afastei do seu corpo. Ela permanecia ali, parada, esperando o que nem mesmo ela sabia que ia acontecer.
- Eu sou um monstro que já fez e faz muitas pessoas sofrerem, mas eu não quero e nem vou fazer isso com você. – Disse e não permiti que ela respondesse, disparando um tiro contra seu peito logo em seguida.
Vi seu corpo caindo no mar e no mesmo instante uma lágrima também caiu do meu olho. Por mais louco que fosse aquilo, eu tinha feito por amor. Estar ao lado de um monstro como eu era seria muito pior.
Tirar a sua vida e poupar sua dor foi a minha prova de amor. Os sábados não seriam mais os mesmo sem a sua companhia, mas pelo menos eu não teria mais aquela culpa para carregar.




Fim!



Nota da autora: Espero qur tenham gostado. Não esqueçam de comentar o que acharam! Beijos



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