Capítulo Único
29 de maio. Exatamente às 03:26 da madrugada sinto a cama vibrar e imaginei que fosse alguma notificação de uma mensagem qualquer e ignorei. Continuava sentindo o telefone vibrar e então, com um leve susto, peguei o telefone e vi seu nome escrito na tela. Encarava o telefone em um dilema cruel, atender ou não atender? E se ele tiver sofrido um acidente? E se ele estiver precisando de ajuda? E se?
O telefone parou de tocar e eu continuava cheia de questionamentos. Ele ligou mais uma vez e eu atendi no desespero.
- Amor? Tá tudo bem? - Eu logo questionei.
- Está.
Ele só disse isso e eu não sabia como continuar aquela conversa.
- Amor? Tá precisando de alguma coisa?
- Shhhh. Sua voz incomoda.
Como assim a minha voz incomoda? Ele quem ligou.
- Onde você está? - Perguntei com a voz mais firme.
- Eu não sei.
Ele estava distante e frio, estava muito curto nas frases. No fundo pude ouvir algumas risadas e barulhos estranhos.
- Eu te liguei pra te contar uma coisa. - Ele disse.
- O que houve?
- Eu te traí.
Silêncio total. Do meu lado da linha estava um silêncio absurdamente constrangedor. Do lado dele, nenhum barulho pôde ser ouvido, nem as risadas, nem a música, nem aqueles barulhos que ainda não conseguia decifrar. Tinha que me manter forte, não ia chorar bem ali.
- Como? - Foi só o que consegui dizer.
- Você entendeu o que eu disse. Eu te traí.
- Como assim me traiu, ? Isso foi hoje? Exatamente hoje quando estamos completando dois anos de namoro?!
- Não foi hoje, quer dizer hoje também, mas não foi só hoje. Tá dando pra me entender? - Fiquei em total silêncio e em estado de choque. - Eu sei que você ainda está aí. Você quer saber quando e com quem foi? Eu te conto tudo agora.
- Não quero detalhes. - Lá estava eu tentando engolir o choro, sem sucesso.
- Pouco me importa se você não quer, eu vou contar do mesmo jeito.
Foi então que ele começou a falar e descrever detalhadamente quantas vezes aconteceram, com quem, onde foi e até a que ponto ele chegou com cada uma delas.
Eu não sei dizer porquê não consegui desligar o telefone, a vontade de ouvir tudo o que ele tinha a dizer me mantinha ali, na esperança dele dizer que era tudo uma brincadeira da madrugada como ele já havia feito outras vezes. Mas de acordo com que o monólogo dele ia se prolongando, eu ia me dando conta que dessa vez não era uma pegadinha, era tudo real. Foi então que senti um soco no estômago que me fez perder o ar, o chão, meu próprio corpo.
Ainda imóvel a ligação se encerrou e o telefone escorregou pelo meu ouvido junto com uma sequência de lágrimas que descia pelo meu rosto. Eu estava tão anestesiada por ter ouvido tanta coisa que não tinha forças nem pra chorar, fora que acordar os meus pais em plena madrugada por estar chorando igual a um bebê não fazia parte dos meus planos. Foi então que decidi apenas fechar meus olhos e respirar fundo para me acalmar e peguei no sono sem perceber.
***
Na manhã seguinte, ainda processando aquele tanto de informações, levantei da cama e fui caminhando calmamente para o banheiro, encarei meu reflexo no espelho, arqueei uma das sobrancelhas enquanto me encarava, respirei fundo e comecei o dia.
Me arrumei, fui para o colégio e quase não disse uma palavra. O telefone havia tocado a manhã inteira e o chat com o tinha mais de 50 mensagens não lidas. Eu estava ignorando tudo aquilo, mas pela barra de notificações eu pude ver o desespero em suas frases.
No caminho de casa decidi atender uma de suas 49 ligações.
- O que você quer, ?
- Desde quando você fala comigo assim? - Ele disse, parecia irritado.
- Como você tem a coragem de me ligar e cobrar que eu te trate bem? Você deveria ter o mínimo de vergonha na cara.
- Eu te liguei porque hoje completamos dois anos de namoro, eu pensei que você quisesse fazer alguma coisa, . Logo você que não esquece as datas, está querendo brigar justo hoje?
- Você deveria ter pensado que hoje era nosso aniversário de namoro antes de ligar pra mim de madrugada pra jogar na minha cara a sua enorme lista de meninas com quem você me traiu nesses dois anos. Ótimo jeito de começar o dia, não é?
Ele ficou mudo no telefone. Parecia até que não se lembrava de nada.
- Eu vi que tinha te ligado de madrugada, mas não lembrava o motivo. Eu tinha bebido muito com os meninos. Não lembro de nada.
- Você quer que eu repita seu monólogo de 43 minutos sobre com quantas você me traiu, onde e quando?
- Não seja irônica, . Você sabe que nada disso é verdade. Eu amo você.
- Cala a boca, ! Pra mim já chega. Eu sei dessas suas traições há muito tempo, eu só nunca disse nada porque era mais confortável manter o relacionamento. Eu estava acomodada nessa relação, era minha zona de conforto, eu gostava de ter um namorado, mesmo sabendo que era traída, era mais fácil. Mas eu não aceito o fato de você decidir jogar na minha cara como eu sou idiota.
- Mas nada daquilo era verdade. Eu nem sei porquê liguei e falei tudo aquilo, nada disso é verdade. Acredita em mim, .
- A gente não tem mais nada pra conversar.
Desliguei o telefone e me permitir sentir toda a dor que eu tinha me poupado de sentir na madrugada. Era como se alguém tivesse me matado. A gente estava completando dois anos de namoro naquele dia, isso doía ainda mais. Eu era tão apaixonada por ele, acreditava que aquele relacionamento era tudo na minha vida, vivia fazendo planos para um futuro com ele, acreditando que a gente poderia se casar, formar uma família e viver tantas coisas juntos.
***
Duas semanas desde o dia em que tudo acabou haviam se passado. O sofrimento era nítido no meu rosto, eu mal comia, estava desidratada, perdendo peso muito rapidamente e mal tinha forças para aguentar um dia agitado. Odiava olhar para mim mesma no espelho e me ver abatida daquela forma, mas nem eu sabia que um término de relacionamento me deixaria naquele estado.
A campainha tocou enquanto eu estava no quarto e, como não estava esperando ninguém, nem me mexi da cama. É exatamente no meio desse pensamento de não querer me mexer que dou um pulo ao ouvir aquela voz familiar.
- ? - Eu arregalo os olhos e encaro seu rosto. - Podemos conversar?
- A gente não tem nada pra conversar. Vai embora.
- Você vai mesmo deixar tudo acabar desse jeito?
- Eu? Você está querendo me culpar por suas atitudes? Foi você quem errou, você esperava o perdão? Eu era apaixonada, mas não era burra.
- Eu sei que você me ama. Sei que tudo isso é só uma barreira.
Foi então que me levantei e pude ver que a expressão dele mudou ao me encarar.
- O que aconteceu com você? - Ele questionou surpreso. - Você está doente?
- Não. - Eu disse. - Eu perdi muito peso desde o dia que terminamos. Não consigo comer direito, ando meio desidratada, mas logo logo tudo volta ao normal.
- Eu não sabia que você estava assim, eu teria vindo antes te ver.
- Quem disse que eu quero você aqui, ? Eu não quis conversar há duas semanas e não quero conversar agora. Nada mudou.
- Você me ama, . Eu sei disso.
- Eu te amo sim, . Mas a paixão acabou e, junto com ela, a confiança que eu tinha em você também se foi.
- A gente pode conversar sobre isso, vamos nos resolver.
- Eu não quero resolver nada, . - Estava me preparando para falar tudo o que eu precisava e finalmente deixá-lo ir. - Eu sinto a sua falta todos os dias. Todo santo dia. Eu olho pra essa casa inteira e lembro de você. Da gente deitados no sofá falando coisas aleatórias, você saindo escondido daqui pra ninguém desconfiar que você matou aula pra me ver. Mas eu também não consigo esquecer da madrugada em que você ligou pra debochar de como eu era idiota. Não consigo esquecer que você se envolveu com pessoas que você me obrigou a cortar relações. Eu não consigo entender o motivo de tudo isso ter acontecido dessa maneira, nem sei se quero entender, mas eu entendi que eu precisava que fosse dessa maneira, para que eu pudesse me libertar e virar uma página que eu não conseguia fazer sozinha. Agora, por favor. Vai embora.
Ele ficou completamente sem palavras e fez o que eu disse. Foi se afastando aos poucos e foi embora da minha casa.
Voltei para a posição em que estava, encolhida em um canto da cama. Eu ainda me lembrava de todos os momentos que vivi com ele, os dias incríveis e os dias péssimos. Mas eu estaria me matando aos poucos se deixasse um espaço para ele se instalar novamente.
Depois de ter dito tantas coisas a ele, eu sabia que os próximos dias seriam difíceis e que ele seria insistente, mas, apesar da dor que eu estava sentindo, eu estava firme de que não voltaria mais. Uma parte de mim ainda queria ficar com ele, mas outra parte de mim sabia que eu não deveria voltar e, de acordo com os dias iam passando, essa parte ficava mais convencida de que eu estava melhor sem ele.
O telefone parou de tocar e eu continuava cheia de questionamentos. Ele ligou mais uma vez e eu atendi no desespero.
- Amor? Tá tudo bem? - Eu logo questionei.
- Está.
Ele só disse isso e eu não sabia como continuar aquela conversa.
- Amor? Tá precisando de alguma coisa?
- Shhhh. Sua voz incomoda.
Como assim a minha voz incomoda? Ele quem ligou.
- Onde você está? - Perguntei com a voz mais firme.
- Eu não sei.
Ele estava distante e frio, estava muito curto nas frases. No fundo pude ouvir algumas risadas e barulhos estranhos.
- Eu te liguei pra te contar uma coisa. - Ele disse.
- O que houve?
- Eu te traí.
Silêncio total. Do meu lado da linha estava um silêncio absurdamente constrangedor. Do lado dele, nenhum barulho pôde ser ouvido, nem as risadas, nem a música, nem aqueles barulhos que ainda não conseguia decifrar. Tinha que me manter forte, não ia chorar bem ali.
- Como? - Foi só o que consegui dizer.
- Você entendeu o que eu disse. Eu te traí.
- Como assim me traiu, ? Isso foi hoje? Exatamente hoje quando estamos completando dois anos de namoro?!
- Não foi hoje, quer dizer hoje também, mas não foi só hoje. Tá dando pra me entender? - Fiquei em total silêncio e em estado de choque. - Eu sei que você ainda está aí. Você quer saber quando e com quem foi? Eu te conto tudo agora.
- Não quero detalhes. - Lá estava eu tentando engolir o choro, sem sucesso.
- Pouco me importa se você não quer, eu vou contar do mesmo jeito.
Foi então que ele começou a falar e descrever detalhadamente quantas vezes aconteceram, com quem, onde foi e até a que ponto ele chegou com cada uma delas.
Eu não sei dizer porquê não consegui desligar o telefone, a vontade de ouvir tudo o que ele tinha a dizer me mantinha ali, na esperança dele dizer que era tudo uma brincadeira da madrugada como ele já havia feito outras vezes. Mas de acordo com que o monólogo dele ia se prolongando, eu ia me dando conta que dessa vez não era uma pegadinha, era tudo real. Foi então que senti um soco no estômago que me fez perder o ar, o chão, meu próprio corpo.
Ainda imóvel a ligação se encerrou e o telefone escorregou pelo meu ouvido junto com uma sequência de lágrimas que descia pelo meu rosto. Eu estava tão anestesiada por ter ouvido tanta coisa que não tinha forças nem pra chorar, fora que acordar os meus pais em plena madrugada por estar chorando igual a um bebê não fazia parte dos meus planos. Foi então que decidi apenas fechar meus olhos e respirar fundo para me acalmar e peguei no sono sem perceber.
Na manhã seguinte, ainda processando aquele tanto de informações, levantei da cama e fui caminhando calmamente para o banheiro, encarei meu reflexo no espelho, arqueei uma das sobrancelhas enquanto me encarava, respirei fundo e comecei o dia.
Me arrumei, fui para o colégio e quase não disse uma palavra. O telefone havia tocado a manhã inteira e o chat com o tinha mais de 50 mensagens não lidas. Eu estava ignorando tudo aquilo, mas pela barra de notificações eu pude ver o desespero em suas frases.
No caminho de casa decidi atender uma de suas 49 ligações.
- O que você quer, ?
- Desde quando você fala comigo assim? - Ele disse, parecia irritado.
- Como você tem a coragem de me ligar e cobrar que eu te trate bem? Você deveria ter o mínimo de vergonha na cara.
- Eu te liguei porque hoje completamos dois anos de namoro, eu pensei que você quisesse fazer alguma coisa, . Logo você que não esquece as datas, está querendo brigar justo hoje?
- Você deveria ter pensado que hoje era nosso aniversário de namoro antes de ligar pra mim de madrugada pra jogar na minha cara a sua enorme lista de meninas com quem você me traiu nesses dois anos. Ótimo jeito de começar o dia, não é?
Ele ficou mudo no telefone. Parecia até que não se lembrava de nada.
- Eu vi que tinha te ligado de madrugada, mas não lembrava o motivo. Eu tinha bebido muito com os meninos. Não lembro de nada.
- Você quer que eu repita seu monólogo de 43 minutos sobre com quantas você me traiu, onde e quando?
- Não seja irônica, . Você sabe que nada disso é verdade. Eu amo você.
- Cala a boca, ! Pra mim já chega. Eu sei dessas suas traições há muito tempo, eu só nunca disse nada porque era mais confortável manter o relacionamento. Eu estava acomodada nessa relação, era minha zona de conforto, eu gostava de ter um namorado, mesmo sabendo que era traída, era mais fácil. Mas eu não aceito o fato de você decidir jogar na minha cara como eu sou idiota.
- Mas nada daquilo era verdade. Eu nem sei porquê liguei e falei tudo aquilo, nada disso é verdade. Acredita em mim, .
- A gente não tem mais nada pra conversar.
Desliguei o telefone e me permitir sentir toda a dor que eu tinha me poupado de sentir na madrugada. Era como se alguém tivesse me matado. A gente estava completando dois anos de namoro naquele dia, isso doía ainda mais. Eu era tão apaixonada por ele, acreditava que aquele relacionamento era tudo na minha vida, vivia fazendo planos para um futuro com ele, acreditando que a gente poderia se casar, formar uma família e viver tantas coisas juntos.
Duas semanas desde o dia em que tudo acabou haviam se passado. O sofrimento era nítido no meu rosto, eu mal comia, estava desidratada, perdendo peso muito rapidamente e mal tinha forças para aguentar um dia agitado. Odiava olhar para mim mesma no espelho e me ver abatida daquela forma, mas nem eu sabia que um término de relacionamento me deixaria naquele estado.
A campainha tocou enquanto eu estava no quarto e, como não estava esperando ninguém, nem me mexi da cama. É exatamente no meio desse pensamento de não querer me mexer que dou um pulo ao ouvir aquela voz familiar.
- ? - Eu arregalo os olhos e encaro seu rosto. - Podemos conversar?
- A gente não tem nada pra conversar. Vai embora.
- Você vai mesmo deixar tudo acabar desse jeito?
- Eu? Você está querendo me culpar por suas atitudes? Foi você quem errou, você esperava o perdão? Eu era apaixonada, mas não era burra.
- Eu sei que você me ama. Sei que tudo isso é só uma barreira.
Foi então que me levantei e pude ver que a expressão dele mudou ao me encarar.
- O que aconteceu com você? - Ele questionou surpreso. - Você está doente?
- Não. - Eu disse. - Eu perdi muito peso desde o dia que terminamos. Não consigo comer direito, ando meio desidratada, mas logo logo tudo volta ao normal.
- Eu não sabia que você estava assim, eu teria vindo antes te ver.
- Quem disse que eu quero você aqui, ? Eu não quis conversar há duas semanas e não quero conversar agora. Nada mudou.
- Você me ama, . Eu sei disso.
- Eu te amo sim, . Mas a paixão acabou e, junto com ela, a confiança que eu tinha em você também se foi.
- A gente pode conversar sobre isso, vamos nos resolver.
- Eu não quero resolver nada, . - Estava me preparando para falar tudo o que eu precisava e finalmente deixá-lo ir. - Eu sinto a sua falta todos os dias. Todo santo dia. Eu olho pra essa casa inteira e lembro de você. Da gente deitados no sofá falando coisas aleatórias, você saindo escondido daqui pra ninguém desconfiar que você matou aula pra me ver. Mas eu também não consigo esquecer da madrugada em que você ligou pra debochar de como eu era idiota. Não consigo esquecer que você se envolveu com pessoas que você me obrigou a cortar relações. Eu não consigo entender o motivo de tudo isso ter acontecido dessa maneira, nem sei se quero entender, mas eu entendi que eu precisava que fosse dessa maneira, para que eu pudesse me libertar e virar uma página que eu não conseguia fazer sozinha. Agora, por favor. Vai embora.
Ele ficou completamente sem palavras e fez o que eu disse. Foi se afastando aos poucos e foi embora da minha casa.
Voltei para a posição em que estava, encolhida em um canto da cama. Eu ainda me lembrava de todos os momentos que vivi com ele, os dias incríveis e os dias péssimos. Mas eu estaria me matando aos poucos se deixasse um espaço para ele se instalar novamente.
Depois de ter dito tantas coisas a ele, eu sabia que os próximos dias seriam difíceis e que ele seria insistente, mas, apesar da dor que eu estava sentindo, eu estava firme de que não voltaria mais. Uma parte de mim ainda queria ficar com ele, mas outra parte de mim sabia que eu não deveria voltar e, de acordo com os dias iam passando, essa parte ficava mais convencida de que eu estava melhor sem ele.
Fim!
Nota da autora: Oiê. Essa fanfic é um Spinoff de uma história maior que está saindo do forno hahaha. Espero que tenham gostado e que estejam preparados para uma grande história de amor no qual a fanfic de hoje pertence! Xx
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01. 31/12
11. You Don't Love Me
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