Capítulo Único
It's never too late to come back to my side
The stars in your eyes shined brighter in Tupelo…
The stars in your eyes shined brighter in Tupelo…
Alice chegou pálida e com as mãos trêmulas, parecia ter saído diretamente de um filme de terror. Os fios de cabelo grudados em sua testa sinalizava que ela havia corrido para chegar ali. Viu a irmã mais nova correr até sua mãe e sussurrar algo, fazendo com que a mais velha o olhasse preocupada. Tom imaginou que viria uma bomba das grandes por aí.
Pediu licença para o cliente que nem se atentou a ausência dele, muito preocupado em escolher a abóbora perfeita para as crianças personalizarem para o Halloween, e andou rápido até sua mãe, secando o suor das mãos na calça a cada passo que dava.
— Alice, vai atender o Sr. Elmadjian. - A mais nova fez o que a mãe pediu e se retirou, deixando um silêncio desconfortável entre os dois que ficaram. — Vamos entrar?
Caminharam da pequena horta da família até a pequena casa de madeira no final do terreno, todo o percurso em um silêncio absoluto.
— Você vai me contar? - O homem sentou-se na cadeira da cozinha e a observava pegar um copo com água e o pegou quando ela lhe entregou.
— Sua irmã viu a Dorothea hoje.
Sentiu os olhos se arregalarem minimamente e a respiração pesar. Não, não podia ser.
— Alice vê a Dorothea todos os dias, mãe. Os pôsteres, revistas e fotos espalhados pelo quarto dela e tal. - Deu um sorriso mínimo e agradeceu internamente à mãe pela água. Era uma ótima distração para momentos como esse.
— Não seja tolo, Tom. Dorothea está na cidade.
— Ela não teria essa coragem... - Respirou fundo e fechou os olhos com força. As lágrimas queriam transbordar de seus olhos.
— Se quiser conferir, sabe onde fica a casa dos Obregon. - E saiu do cômodo, deixando para trás o filho perdido e com o peito queimando.
Geralmente, ele até pensaria que seria muita cara de pau da parte dela aparecer por ali, mas, a conhecendo como conhecia, não ficou surpreso quando a viu atravessar os portões de sua fazenda ao lado da família.
Com aquela camisa xadrez e calças jeans surradas, ninguém nunca imaginaria que aquela mulher era uma dessas famosas que perdem horas em salões de beleza e procurando vestidos de grife para usar em um único dia. Vê-la daquela forma era como ver a Dorothea antes da fama.
Três dias tinham se passado desde que a mãe o avisou que ela havia retornado para a cidade. Tom chorou no primeiro dia. Chorou de raiva, de tristeza, de indignação. No segundo dia, ele não levantou da cama. Um pote com sorvete de chocolate tinha sido sua maior companhia, seguido de nuggets com ketchup. O homem assistiu ao filmes natalinos disponíveis na Netflix, mesmo que ainda nem fosse época para tal.
A encarou mais uma vez e rezou para que não viessem até ele. O universo brincou o homem, que deu um meio sorriso ao vê-los se aproximar.
— Bom dia, Tom!
— Bom dia, senhores. - Acenou com a cabeça para Dorothea, que retribuiu. A mulher estava pálida, quase como quem queria menos que ele estar ali. — Chamarei meus pais para atende-los.
— Dorothea, faça companhia para ele, por favor. - A ex-namorada o olhou em pânico. Holland engoliu em seco, desconfortável.
— Vou cortar algumas lenhas, senhor. Tenho certeza que Dorothea não gosta desse tipo de atividade. - Coçou a cabeça, nervoso.
— Na verdade, ela gosta. - Os dois respiraram fundo antes de caminharem lado a lado.
O homem não tinha em mente cortar lenha, não naquele momento, mas precisou caminhar com ela ao seu encalço até os fundos da fazenda. Não poderia se passar por mentiroso.
O ex-casal respirava até devagar para não fazer barulhos. Tinham medo de incomodar um ao outro ao fazer barulhos ou falar algo. Eram dois desconhecidos com muitas memórias.
— Desculpa pelos meus pais, Tom. - Dora quebrou o silêncio e o homem assentiu, ainda com o olhar no chão por onde caminhava.
— Tudo bem.
— Eles querem que a gente volte a se falar, você sabe como eles são. - Ela sorriu, envergonhada. Perto dele sentia-se como uma eterna adolescente.
— Eu já disse que tudo bem, Dorothea. - A cortada foi o suficiente para que ela calasse a boca até os pais retornarem, trinta minutos depois, para irem para casa.
Holland não se arrependeu da maneira que a havia tratado. Sabia como a cantora lidava com as situações e sabia como ela tentava puxar assunto, se conheciam há anos. Dar liberdade para ela falar, seria como uma bandeira branca de trégua entre os dois e ele não queria aquilo. Não queria paz, não queria irá, não queria sentimento entre eles.
Vê-la no mesmo dia era muito para ele. Tom bufou ao ver uma pequena roda com algumas meninas adolescentes gritando. Não precisou olhar mais que um segundo para ter certeza que era ela ali. Alice, sua irmã, estava tão animada quanto todas elas.
Holland pegou cada item que estava na lista de compras que a mãe havia passado sem pressa, torcendo para que ela não estivesse mais ali, na entrada do supermercado, quando fossem embora. Olhava tudo com tédio e revirava os olhos cada vez que a irmã o acelerava.
— Você tem algum compromisso depois daqui? Que eu saiba não. - O mais velho repetia.
— Eu quero uma foto com ela, Tom. Não seja péssimo.
— Vai lá logo. - Bufou impaciente. — Uma foto e volta pra cá. Se demorar muito, vou te deixar pra trás. - A mais nova assentiu e foi ao encontro da ex-cunhada.
Alice nunca ligou muito para Dorothea e suas músicas e Tom achava engraçado que agora a menina era a fã número um dela. No fundo, achava que era apenas uma forma que Alice encontrava de irrita-lo e fazê-lo sofrer.
Em todos os cantos da casa tinha alguma foto da família com a cantora. Assistiam às entrevistas que ela dava como se estivessem assistindo a um final de campeonato de futebol. Isso fazia com que soubesse tudo que saia na mídia.
Tom chorou de tristeza quando a viu sair com outros caras, quase a ligou preocupado quando foi noticiado que a mulher se afundava em drogas. Torceu e vibrou por ela, mesmo que secretamente, em todas as premiações. Ele a amava e nada conseguiria mudar isso.
Se viu caminhando até Dorothea e Alice, com o carrinho cheio de itens. Toda a atenção do grupo se voltou para ele.
A cidade era pequena, as pessoas sabiam de quem ele era ex-namorado e isso foi o suficiente para que as meninas sussurrassem umas para as outras, se perguntando se o casal tinha voltado. Ele ficou ainda mais incomodado.
— Calma, Tom. Dorothea estava me explicando porque veio pra cá depois de tanto tempo. - A cantora concordou e sorriu.
— Depois você conversa com ela. Precisamos ir.
— Você não tá curioso pra saber? - A irmã o questionou, com um sorriso debochado no rosto. Ele negou com a cabeça e voltou toda sua atenção para o carrinho de compras, conferindo se não faltava nenhum item. — Dorothea disse que precisava da maior inspiração dela para escrever músicas novas.
FESTA DE HALLOWEEN
Aquela era uma das festas mais esperadas pela comunidade. O povo ficava dias e mais dias escolhendo fantasias e decorações. Todos ajudavam com a organização da festa que acontecia na maior praça da cidade.
Barracas eram montadas com comidas e bebidas, algumas com brincadeiras e contratavam uma banda local para se apresentar no meio de todos. Mesmo sendo igual todos os anos, as pessoas amavam aquilo.
Holland, com sua fantasia de homem-aranha, rodava o local procurando pelos amigos. Camilla, Milena e Joshua. Recebeu elogios irônicos assim que os encontrou, revirando os olhos com cada palavra que o diziam.
— Tá de mau humor, Tom?
— Claro que ele tá. O nenê dele tá de volta. - Milena riu ao terminar de dizer e o ofereceu uma das garrafas de cerveja que segurava. — Você tá precisando mais que eu.
E ele bebeu. Bebeu todas que podia e as que não podia também. Cerveja, vodka e arriscou um shot de tequila. Odiava o gosto de tudo aquilo, mas amava a sensação de estar bêbado.
— Vamos pra lá? - Camilla o perguntou, sem desviar o olhar de um ponto atrás de Holland. O homem a olhava confuso.
— Por quê? A gente tá perto da banda. Louis tá sendo ótimo.
— Acho que vai ser mais divertido. - Sorriu amarelo. Milena e Joshua bebiam suas bebidas quietos. Holland não iria sair dali por nada e os três sabiam disso. Tom alterado era um Tom insuportável e teimoso. Virou-se para encarar onde os amigos olhavam e riu debochado.
— Vocês acham que eu não consigo falar com ela? Ficar perto dela? - Enrolou as palavras. — Eu já tô superado. Superem também. - Joshua revirou os olhos.
— Vou chama-la então. Vamos ver em quanto tempo você chora.
— Pode chamar, idiota.
— Na verdade, não vai ser necessário. - Camilla disse baixo. — Ela já tá vindo. — O silêncio se instalou entre os amigos, que a observavam se aproximar.
Tom engoliu seco quando a viu de mulher gato, a mesma fantasia que ela havia usado anos antes. Deu mais um gole na cerveja, tentando disfarçar a cara de surpreso e babão. Não passou despercebido pelos amigos.
— Oi, gente. - Ela sorriu. — Quanto tempo! - Os três a abraçaram saudosos.
Dorothea e Tom tinham o mesmo grupo de amigos desde que se entendiam por gente. Brincavam todos os dias depois da escola e quando ficaram mais velhos, aprontavam em conjunto. Quando ela se foi, sem dizer nada para nenhum deles, o grupo quase se afastou e acabou. Era dolorido quando se reuniam, pois sentiam-se como um quebra-cabeça sem uma das peças.
Aos poucos as coisas foram voltando ao normal e se uniram mais que antes foram.
— E meu abraço, Tom?
Ele podia estar bêbado, mas sabia que ela também estava. Os olhos caídos e as bochechas vermelhas a denunciavam.
— Não chegamos nessa fase ainda, Dorothea.
— Ainda? Então chegaremos lá? - Nesta hora, os amigos decidiram se afastar do casal, inventando qualquer desculpa que sequer foram ouvidas por eles.
— Segundas chances são repletas de memórias e pouca paciência. Isso não vai rolar tão cedo. - Ele mostrou a garrafa, como quem fizesse um brinde e virou de costas, sentindo a mão dela em seu braço segundos depois.
— Eu nunca tive a chance de me desculpar. - Tom, ainda de costas, respirou fundo. Ela não começaria isso ali, né?
— Você perdeu sua chance.
O homem a deixou para trás quando sentiu o toque dela se afrouxar em seu braço. Buscou as chaves do carro no bolso da calça e ficou com ela em mãos. Não iria dirigir naquele estado, sabia que não colocaria somente sua própria vida em risco se o fizesse, mas queria fugir um pouco da festa. Xingou Dorothea mentalmente, irritado com toda a situação.
A mulher sumiu da vida dele quando namoravam sem se dar ao trabalho de avisar. Tom descobriu tudo pelos pais dela na manhã seguinte à fuga. A ligou desesperado milhões de vezes e em todas, a ligação era encaminhada para caixa postal.
Ela não queria falar com ele. Demorou uma semana para que ele percebesse isso. Mais de cem ligações, mais de trezentas mensagens, e-mails. Ele só queria ter certeza que ela estava bem, que não precisava de nada. A ficha caiu quando ouviu a conversa dos pais, onde a mãe dizia que Dorothea tinha ligado para os pais para dar sinal de vida. Não ligou para Tom. Fingiu que ele não existia.
Tom a xingou, agora em voz alta. Quem ela pensava que era? Desaparece quando quer, retorna quando bem entende e acha que tudo vai continuar como antes? Como ela tem coragem de procurá-lo depois disso?
O homem chutava todas as pedras que apareciam em seu caminho e resmungava. Destravou o carro quando o localizou estacionado na rua e entrou no veículo, relaxando no banco do motorista. Ligou o rádio e conectou sua playlist. Fechou os olhos e se deixou levar pelas músicas.
Sabia que não voltaria mais para a festa, que não teria cabeça para isso e torcia para que ficasse sóbrio o quanto antes para ir embora. Até pediria carona a um dos seus amigos, mas estavam ainda piores que ele.
Ficou uns vinte minutos naquela mesma posição.
Escutou uma batida na janela e abriu os olhos assustado. Os revirou quando viu quem era.
— Estou indo embora. - Ligou o carro e a cantora entrou na frente dele.
— Eu quero falar com você. - Ela gritou para que ele pudesse ouvir. Não se importava com as pessoas que passavam por perto e menos ainda se isso renderia algum assunto na internet depois. — Chega de enrolar, Tom Holland. A gente vai conversar hoje!
Ele bufou. Queria ser infantil e dar ré com o carro para sair daquela situação, mas ele já tinha vinte e tantos anos.
O homem destravou o carro e abriu a porta por dentro. Dorothea sorriu e logo estava no banco do passageiro.
— Finalmente! - Abaixou o volume do som do carro dele. Ele ficou quieto, esperando ela tomar iniciativa. — Gostei da fantasia.
— Obrigado. - Ele abriu um pequeno sorriso, mas manteve o olhar reto, na rua.
— Eu encomendei uma, mas como não chegou a tempo, pensei em usar essa aqui. - Ele assentiu. Às vezes esquecia que ela era agora uma milionária. — Lembrei que você gostava.
— E tinha como não gostar? - Ela sorriu, corada. — Você fica maravilhosa. - Tom abriu o porta-luvas do carro, procurando por um maço de cigarros.
— Pensei que não fumasse mais. - Ela comentou, o observando.
— Alguns vícios são difíceis de deixar pra trás. - Holland acendeu um cigarro e abaixou o vidro do carro para não morrerem sufocados.
Ninguém sabia por onde começar. Eram tantas perguntas e tantas explicações, que nada parecia ser o certo a se dizer. Tom respirou fundo e engoliu seco. Ela tomou atitude de o procurar, ele podia fazer esse esforço e entrar no assunto.
— Por que você voltou? Tipo, de verdade. Sem historinhas para boi dormir.
— O maior motivo foi para visitar meus pais. - Ela murmurou. — Eles sempre vão me visitar, mas não é a mesma coisa. Não me sinto em casa lá. O outro motivo foi você. - Ele deu mais uma tragada no cigarro, sentindo o coração acelerar. — Não queria que ficássemos mal resolvidos.
— Me conta o que realmente aconteceu, por favor. - Ele se afundou no banco. Sentiu o peito apertar e estava com medo da resposta, por um lado, mas sabia que precisava ouvir.
— Eu não tinha coragem de me despedir porque tornaria ainda mais real. Saí de casa com pouquíssimos dólares e fui pra uma cidade que eu não conhecia ninguém, Tom. Me despedir me faria desistir. - Ela suspirou. — Quem em sã consciência larga tudo que tem e vai pra outra cidade?
— Você.
— Exato. - Ela riu. — Não queria te magoar, magoar nossos amigos e meus pais. Eu precisava fazer aquilo.
Ele sentiu as lágrimas saírem de seus olhos e molhar as bochechas.
— Você não me mandou uma mensagem, Dorothea. Eu tentei de todas as formas falar com você. - Murmurou. O tom de voz era falho, ele estava magoado.
— O plano inicial era de te avisar quando eu chegasse lá, mas eu não tive coragem. Cada dia que passava e eu não falava com você, mais medo da sua reação eu tinha. Como eu disse, falar com você tornaria tudo real e eu não queria ter a confirmação que eu tinha te perdido. - Ela também tinha lágrimas escorrendo pelo rosto. Não tinha certeza se Tom acreditava nela ou se sequer a havia perdoado, mas estava sendo sincera e tirando um peso enorme de suas costas.
— Você nunca me perdeu. - O homem sussurrou. — E eu queria muito dizer o contrário.
UMA SEMANA DEPOIS
— Só de pensar que meu primeiro single foi escrito aqui, nesse chão com lodo e janelas quebradas, aquece o coração. - Ironizou ao ver o estado em que a casa encontrava-se depois de tantos anos. Não que tivesse mudado muitas coisas desde a última vez em que esteve ali, mas estava ainda pior.
— Você estava junto comigo, é nessa parte que precisa focar, baby. - Tom piscou para a mulher, com toda sua pose de galã. Dorothea sorriu.
— Você era uma boa inspiração, devo admitir. - Sentaram-se no chão no único cômodo em que não tinha teto, pois não haviam construído. Observaram as estrelas no céu e se abraçaram, em silêncio, como sempre fizeram quando namoravam.
— A música que fez pra mim ganhou um Grammy, eu sou foda. - Os dois sorriram. — Como era mesmo a música? “He’s so tall and handsome as hell.”
— E quem te disse que é sobre você? Ego de macho é algo único mesmo. - Holland fez cara de ofendido e Dorothea manteve a pose.
— Você. - Deu de ombros. - Em todas as suas entrevistas quando era perguntada.
Dorothea sentiu o peito aquecer, respirou fundo enquanto sorria, se deixando sentir as borboletas que dançavam em seu estômago. Sensação essa que não sentia desde que namoraram.
— Se eu soubesse que você assistia à todas as minhas entrevistas, eu teria mandado um beijo para meu maior fã.
— Nunca parei pra te ver, mas fico sabendo pela Alice. - Sentiu as bochechas ficarem quentes e bufou ao saber que provavelmente estava vermelho. Sempre acontecia quando mentia ou estava envergonhado e nesse caso eram os dois. — Tô te dizendo, a garota é sua maior fã.
— E só de pensar que ela me pedia pra calar a boca quando eu cantava de madrugada... - Sorriu.
— Acho que ela virou fã mesmo quando você me deu um pé na bunda e me magoou. Você sabe como são irmãos mais novos. - O homem não sabia se era muito cedo para fazer esse tipo de brincadeira e se arrependeu assim que terminou de falar. Torceu para que não se instalasse um clima estranho e pesado entre eles.
— Na verdade, é porque eu sou foda pra caralho, mas acho que o que você falou teve fortes influências mesmo.
Tinha se esquecido como tudo era leve com ela. Como a companhia dela era o suficiente. Não precisava forçar, não precisava criar assuntos novos e chatos para que não ficassem em silêncio, não precisava forçar o riso ao escutar coisas que nem eram tão engraçadas assim. Ele era ele.
— Ei, me contaram que você trouxe a Eva aqui. - Dorothea se desvencilhou do abraço e o olhou com cara fechada e os braços cruzados. — Esse é o nosso lugar!
— Baby, tem um bom tempo. - Ele sorriu, sem graça. — Meu namoro com ela durou só dois meses.
— E você trouxe ela aqui com dois meses. Você piorou a situação. - Ela sorriu, o deixando aliviado por saber que era somente uma brincadeira dela.
— Em minha defesa, você teve um rolo com meu ídolo, Dorothea! - Ela escondeu o rosto com as mãos.
— E depois tem a coragem de dizer que não me acompanhava. - Disse baixinho, enquanto segurava a gargalhada. Tom tinha uma careta engraçada no rosto.
— O pior é que eu descobri enquanto eu acompanhava as notícias sobre ele. - A mulher não conseguiu mais segurar e gargalhou. Podia imaginar a cena. Tom Holland admirava Joseph Morgan com todas as suas forças. Amava como ele era um excelente ator e uma pessoa ainda melhor.
— Me desculpe.
— Por que tá pedindo desculpas? A primeira coisa que eu pensei quando te beijei depois desse tempo todo foi que eu estava tocando no mesmo lugar que ele. - Ele sorriu e a deu um selinho demorado. — Uma honra.
— Ele nunca me beijou. - Ela sussurrou e ele a olhou incrédulo. Tinha visto matéria sobre os dois. — Tivemos um encontro só, foi até que legalzinho. Na hora do beijo, pro final do encontro, eu entrei correndo em casa e fechei a porta.
— Cristo... você é doida!
— Quando eu digo correndo, foi realmente correndo. Paguei um mico absurdo, mas eu não podia fazer isso.
— Podia sim, Dorothea, é o KLAUS!
— Eu ainda era apaixonada por você, Tom. Não seria injusta com meu coração. - Ele sorriu com a declaração. Não esperava por aquilo.
O casal passou mais algumas horas ali, olhando as estrelas e tocando algumas músicas no violão. Dorothea até mesmo o mostrou novas canções, todas inspiradas nele, e pediu a opinião dele para algumas delas. Riram, comeram doces, brincaram, ficaram agarrados. Era gostoso para eles saber que havia um lugar no mundo em que ninguém mais existia.
— Você me trouxe aqui por quê? Você tinha dito que queria me mostrar algo. - Dorothea comentou. A voz saiu abafada, pois a boca estava no pescoço dele. Estavam abraçados e deitados.
— Eu compus uma música quando você estava fora. - Ela levantou a cabeça depressa, sorrindo.
— Você seguiu meu conselho.
— Sim. Quer ouvir? - Ela assentiu e puxou o violão próximo a eles.
— Já tem nome?
— Chama-se Dorothea.