08. Dumb & Poetic

Finalizada

Capítulo Único

O relógio na parede marcava 22h47 quando null se levantou da cama de null. O quarto estava mergulhado em uma penumbra silenciosa, iluminado apenas pela luz suave do abajur ao lado da cama. A brisa da noite entrava pela janela entreaberta, balançando levemente as cortinas brancas.
null, sentada com as pernas cruzadas sobre o colchão, observava-o em silêncio. Ela sabia que algo estava errado. Havia semanas que null estava distante, suas respostas mais curtas, seus beijos mais frios.
Mas ainda assim, ela não estava preparada para ouvir o que ele disse em seguida.
— Acho que é melhor assim.
Três palavras. Frias. Precisas.
null sentiu o estômago revirar.
— O que você quer dizer com isso? — sua voz saiu baixa, quase um sussurro.
null evitou seu olhar. Pegou sua jaqueta que estava jogada na poltrona ao lado da janela e a vestiu devagar, como se cada movimento fosse um esforço.
— Nós dois sabemos que não está dando certo — ele disse, sem emoção.
null piscou algumas vezes, tentando absorver aquelas palavras. Não, ela não sabia disso. Sim, eles tinham problemas, como qualquer casal. Mas nada que justificasse um término sem aviso.
Ela respirou fundo, forçando-se a manter a calma.
null... — ela começou, mas ele já estava na porta.
Foi nesse momento que ela percebeu. Ele não queria conversar. Não queria dar explicações.
Ele só queria ir embora.
— É melhor assim — ele repetiu, como se dissesse isso tanto para ela quanto para si mesmo.
Então, sem olhar para trás, ele saiu.
A porta se fechou com um clique suave.
E null ficou ali, sentindo o vazio tomar conta do quarto.
O abajur ainda iluminava o espaço ao seu lado na cama, como se esperasse por null. Como se ainda acreditasse que ele voltaria.
Mas null sabia que não voltaria.

Os primeiros dias foram silenciosos. null não chorou. Não gritou. Apenas sentiu um peso esmagador em seu peito, como se algo dentro dela estivesse quebrado, mas ninguém pudesse ver.
Foi só quando null, sua melhor amiga, apareceu em seu apartamento que a realidade realmente a atingiu.
— Você precisa sair dessa cama — null disse, arrancando as cobertas de cima de null.
null resmungou, puxando o travesseiro sobre o rosto.
— Me deixa morrer em paz.
null bufou.
— Você não vai morrer. Você vai se levantar, tomar um banho e fingir que esse babaca nunca existiu.
null queria acreditar nisso.
Mas todas as vezes que fechava os olhos, ela via null indo embora.
Naquela noite, enquanto encarava o teto do quarto, pegou o celular e abriu o bloco de notas.
Começou a escrever.
"Se você queria me esquecer, deveria ter feito isso de um jeito mais poético."
Ela não sabia de onde veio essa frase, apenas sabia que era verdade.
Escreveu mais. Pequenos fragmentos de sua dor:
"A forma como você me deixou foi tão sem graça que nem merecia um poema." "Eu era uma canção inteira, mas você só queria o refrão."
E, por impulso, postou no Twitter.
Na manhã seguinte, ao acordar, encontrou seu celular cheio de notificações.
Milhares de curtidas. Comentários. Pessoas dizendo que entendiam sua dor.
null — null entrou correndo no quarto, o celular na mão. — Você viu isso? Seu tweet viralizou!
null piscou, ainda sonolenta. Pegou o celular e rolou pela tela, lendo os comentários. Pessoas compartilhavam suas próprias histórias de términos, suas próprias dores.
Ela nunca imaginou que suas palavras teriam tanto impacto.
Mas, de repente, percebeu que sua dor não era só sua.
Ela pertencia a todos aqueles que já foram abandonados sem explicação.
E então, null escreveu mais.
E mais.
E mais.

Em poucos meses, null se tornou um fenômeno nas redes sociais. Seus versos eram compartilhados por celebridades, citados em revistas, impressos em camisetas.
Foi quando uma editora entrou em contato.
O primeiro livro saiu pouco depois.
E agora, ali estava ela, sentada no sofá de um dos programas de TV mais assistidos do país, com uma plateia lotada à sua frente.
O apresentador segurava seu livro, sorrindo para as câmeras.
null, suas palavras tocaram milhões de pessoas. Eu queria ler um dos seus versos favoritos.
Ele abriu o livro e leu em voz alta:
"Se você queria me esquecer, deveria ter feito isso de um jeito mais poético."
A plateia aplaudiu.
null sorriu, elegante e confiante.
— Acho que todo término merece um encerramento digno. Algumas pessoas não entendem isso.
Naquele momento, a quilômetros dali, null assistia à entrevista em silêncio.
O copo de whisky em sua mão estava intocado. O barulho da TV ecoava pelo apartamento vazio.
Ele não conseguia desviar os olhos da tela.
Ali estava null, mais bonita do que nunca.
Falando sobre ele.
Ou melhor... Sobre como ele não era nada além de um capítulo ruim em sua história.
null sentiu um aperto no peito.
Ele tentou seguir em frente. Saiu com outras mulheres. Fingiu que estava bem. Mas ao ver null ali, percebeu que enquanto ela escrevia sobre ele, ele só conseguia pensar nela.
E foi ali que ele soube.
Ele nunca a esqueceu.
Mas agora, ele era apenas um personagem em sua história.

null não pensou muito. Apenas foi.
A livraria estava lotada. null estava sentada atrás de uma mesa, assinando livros, seu cabelo caindo em ondas suaves sobre os ombros.
null ficou na fila. Esperou. Observou-a de longe.
Quando finalmente chegou sua vez, null levantou os olhos.
O sorriso desapareceu.
Por um longo momento, ninguém disse nada.
— Oi — null disse, hesitante.
null inclinou a cabeça.
— O que você está fazendo aqui?
Ele respirou fundo.
— Eu vi sua entrevista.
— Ah — ela cruzou os braços. — Então agora você quer saber como a história termina?
Ele tentou segurar seu olhar.
— Eu... Eu errei, null.
Ela não disse nada.
Ele continuou:
— Eu achei que estava fazendo a coisa certa quando fui embora. Mas depois de tudo que você escreveu... eu percebi que eu devia ter ficado.
null suspirou. Pegou o livro sobre a mesa, abriu na primeira página e escreveu algo.
null pegou o exemplar e leu a dedicatória:
"Se você queria ser parte da minha história, deveria ter ficado para escrevê-la comigo."
Ele levantou os olhos para ela, mas null já estava olhando para a próxima pessoa da fila.
E foi assim que null percebeu.
Dessa vez, ele foi apenas um capítulo encerrado.
 
 


Fim



Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos? Quase que essa fic não ve a luz do dia, mas aqui estamos kkkkkkkkk. Espero que goste e não esquece de comentar, ok?

ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.