Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

Para a mãe da menina, ela era apenas uma garotinha mimada que se cortava pra conseguir o que quer. A depressão? Bom, de acordo com ela a depressão era apenas uma frescura, nada que devesse se preocupar afinal, ela já tem um filho perfeito, pra que se preocupar com a filha que só dava problemas? Para o resto da família ela era conhecida como a que veio com defeito de fábrica, como aquela que só causava problemas pra todos. Os amigos? Nunca tivera amigos, e os que tinha saíram assim que souberam dos seus problemas. O único que realmente a amou de verdade foi seu pai, os dois eram como melhores amigos. Mas infelizmente ele morreu quando a menina tinha apenas seis anos, a deixando apenas com a mãe e o irmão mais velho.
- null, vá atender a porta - null, a mãe da menina, falou assim que a campainha tocou.
Ela foi atender e era só um dos amigos do seu irmão, o "perfeito"
- Oi null. Seu irmão está ai? - null era um dos amigos de seu irmão, ele sempre a tratou diferente do que todos tratavam, bem, ele sempre a via e nunca a insultava.
- Cuidado, null, se ficar muito perto talvez pegue a feiura dela - null, o irmão da menina, falou enquanto descia as escadas
- Ela é sua irmã, cara - null disse, tentando defender a menina mesmo sem saber
- Toda família tem seu defeito, né? - null riu. Mas o que null não sabia, era que era uma risada falsa, uma risada de ódio, uma risada de pena, não de null, mas sim de null por ser estúpido a ponto de tratar uma pessoa desse jeito.
Por que era amigo de null se o achava tão estúpido desse jeito? Longe da irmã, null era uma pessoa incrível, era amável com todos. O garoto não entendia por que ele era grosso assim com a irmã. Teria um motivo? Seja qual for o motivo, nenhum era uma explicação de tratar uma pessoa assim, ninguém merecia isso, ninguém mesmo.
null foi para seu quarto, estava prestes a pegar sua melhor amiga, a lâmina. Era a única coisa que parecia aliviar a tristeza do coração de null. Quando isso ia parar? Quando ela se sentiria uma garota normal? Por que não podia ter uma vida fácil como a de todas as outras? Uma vida alegre e feliz, com pessoas que a amam. Os pensamentos da menina foram interrompidos com o barulho da porta de seu quarto se abrindo. Sem ao menos ver quem era, imediatamente escondeu a lâmina. Não queria que seus pais voltassem a brigar com ela a chamando de maluca por ter voltado a se cortar. Sendo que ela nunca tinha parado, mas isso eles não sabiam.
- Oi - uma voz masculina falou, fazendo com que null finalmente prestasse atenção em quem estava na porta.
- null? O que está fazendo aqui? - null perguntou um tanto quanto assustada, porque não era normal amigos de seu irmão entrarem em seu quarto, Na verdade não era normal ninguém entrar em seu quarto.
- Vim aqui ver como estava - Isso realmente assustou null, desde quando seus sentimentos importavam para alguém? - O jeito que null te tratou, não é assim que se trata uma pessoa.
- Quanto apostaram pra você vir aqui falar comigo? - null disse desconfiada, porque era o único jeito de alguém como null se "preocupar" com ela. Não era?
- Do que você esta falando? Eu só vim ver como você está; - null disse, se aproximando dela e ela se afastou mais.
- Fique longe de mim - a menina disse um pouco assustada e null riu.
- Por que tão assustada? Deveria deixar as pessoas se aproximarem de você.
- E por que alguém iria querer isso?
- Eu quero - null disse, tentando se aproximar dela, mas a menina se afastou mais.
- Não, você não quer.
- O que você está fazendo aqui cara? - outra voz perguntou, entrando no quarto da menina.
- Nada, null - disse null, tentando disfarçar o olhar para menina.
- Então trate de sair daqui, eu já falei vai acabar pegando a feiura dela - null disse, puxando null pra fora do quarto da menina, mas antes ele olhou pro rosto da menina, aquela expressão tão triste.
- Por que você a trata assim, null? - null disse assim que saíram do quarto de null.
- Como? - null disse, soltando uma risada
- Por que trata null assim? O que ela fez para merecer tanto ódio assim?
- Qual é, cara, agora vai ficar defendendo a null?
- Vou, null, isso era uma coisa que eu devia ter feito a muito tempo. O que você ganha ao tratar uma pessoa assim? - null ia falar algo, mas null interrompeu. - Ainda mais sua irmã, você deveria protegê-la, e não tratá-la do jeito que trata.
- null, quem você acha que é pra argumentar como eu devo ou não tratar minha irmã?
- Sou seu amigo, null
- Amigo, você tem certeza? Porque amigos não criticam os amigos assim.
- Eu não estou te criticando, criticar é o que todos fazem com a null, que ao contrário de você, não tem quem a defenda. - null falou irritado e saindo da casa do menino. Ele realmente se importava com a menina, a questão era: por quê?
No dia seguinte, null estava indo pra sala que já estava sendo habitada por null e sua mãe, que estavam conversando.
- Mãe, quando é que essa menina vai sair daqui? - null disse, e null teve certeza que estavam falando dela. Então a mesma parou para ouvir. Não a culpe, se estivessem falando de você, também faria o mesmo!
- Assim que ela fizer 18 anos, null, foi esse o acordo. Mas fique tranquilo que assim que ela fizer 18 anos, nunca mais vamos ter que aguentá-la. - Ouvir isso foi demais para null. Como assim iriam expulsá-la e casa quando fizer 18 anos? Como assim iriam expulsá-la em quatro meses?
- Falando nela - null falou, apontando para menina que estava escondida atrás da porta da sala.
- Seu pai não te ensinou que ouvir a conversa dos outros é feio, menina? - null falou, irritada.
- E o seu não te ensinou que não se trata assim sua própria filha? - null falou, já irritada, e null se meteu quase indo pra cima dela.
- Olha essa boca, garota, olha como você fala com minha mãe.
- Só sua mãe mesmo, não é? Porque ela nunca me tratou como filha, nunca. Meu pai era o único que me amava nessa casa - null falou, gritando, e null deu um tapa na sua cara.
- Nunca mais grite comigo, você está na minha casa e eu exijo respeito.
- E por que, se você também nunca me deu respeito? Eu sou sua filha - null falou, continuando a gritar.
- Eu não sou sua mãe, sua idiota - null falou, gritando mais ainda sem se dar conta do que falou.
- Como é? - null falou, dessa vez com uma voz mais baixa, uma voz com expressão de surpresa.
- Sim, null, eu não sou sua mãe. - null falou enfim se acalmando também.
- Mãe... - null falou para null como reprovação.
- Não, null, está na hora dela saber a verdade.
- Estou ouvindo - null falou, já com lágrimas nos olhos.
- Sente-se que a historia é longa. - null fez o que Marha pediu e se sentou - Bem, a dezessete, quase dezoito anos atrás seu pai e eu estávamos em crise, ele quis o divórcio pois se apaixonou por outra mulher, a sua mãe, eu implorei para ele não me deixar e foi quando ele disse que sua mãe estava grávida. Chegamos a assinar o divórcio. Cinco meses depois soube por uma amiga minha, que trabalhava no hospital, que sua mãe morreu no parto, eu fui até a casa em que vocês estavam morando e ofereci um acordo. Eu iria registrar você como minha filha em troca dele voltar para casa e se casar comigo de novo.
- E você estava planejando me jogar na rua assim que fizesse 18 anos? - null falava, ela falava chorando muito.
- Mas é claro que não, eu não sou tão má assim. - null se levantou, pegou uma chave e um papel que estavam em uma gaveta e voltou para null. - Quando seu pai morreu, ele te deixou um apartamento e uma poupança de 100 mil dólares. Mas apenas poderá mexer na poupança e se mudar para o apartamento quando fizer 18 anos – disse, dando a chave e o papel com endereço do apartamento e informação da poupança pra null.
- Quando você iria me contar sobre isso?
- Estava escrito no contrato que se por acaso algo acontecesse com seu pai, eu só poderia te contar sobre a poupança aos seus 18 anos.
- Não estou falando só da poupança, estou falando de tudo. Quando iria me contar?
- Acho que nunca - null disse da forma mais natural possível.
- Nunca? Você iria me deixar acreditar que era odiada pela minha própria mãe? Sabe o que eu não entendo? Se você me odeia tanto assim, por que quis me registrar?
- Fiz isso pelo meu filho, null, não podia deixar meu filho sem um pai. Se um dia você for mãe, você vai entender como é esse amor. - Aquilo acabou com null. Ela realmente não poderia entender porque nunca foi amada, ela nunca ouviu um "eu te amo" desde que tinha seis anos, quando seu pai morreu.
null correu paro o lado de fora da casa, não queria chorar na frente de null e null. Assim que chegou do lado de fora a menina se ajoelhou no gramado e desabou no choro, não estava acreditando em tudo que estava acontecendo, sua vida foi uma completa mentira.
- null? - uma voz masculina que null conhecia bem, mas não por sua cabeça estar apoiada em seu joelho.
- null? - a menina disse, finalmente olhando pro garoto, que se abaixou sentando na grama ficando junto com ela.
- Ei, o que aconteceu? O que o null fez dessa vez?
- Não foi o null, eu descobri que a minha vida toda foi uma mentira.
- Como assim? - null perguntou e null ficou quieta por um tempo
- Eu não quero mais ficar aqui. - Então null se levantou e estendeu a mão pra null.
- Vem.
- Pra onde?
- Você quer sair daqui, não quer? - null assentiu e pegou a mão de null
- Por que está sendo tão legal comigo? - null perguntou enquanto entravam no carro.
- Por que eu não seria?
Foram uns vinte minutos de viagem e null chegou onde pretendia levar null.
- Onde estamos? - perguntou null.
- Aonde sempre vou quando quero fugir de alguma coisa - ele sorriu. O lugar era lindo, era cheio de pedras e uma cachoeira e realmente era bastante afastado de tudo e todos. - Vai me contar o que aconteceu?
- Hoje eu descobri que simplesmente toda minha vida foi uma mentira, null.
- O que houve? - null falou, passando a mão carinhosamente no cabelo da menina.
- Hoje eu descobri que simplesmente null, a pessoa que a vida toda achava que era minha mãe, só foi minha mãe por causa de um contrato.
- O que? - null perguntou, não acreditando no que estava ouvindo, e null explicou tudo pra ele, explicou tudo pra null, não sabia o porquê, mas de uma hora pra outra ela sentiu uma confiança enorme nele.
- Eu não estou acreditando nisso - null falou assim que a menina terminou de contar tudo.
- Nem eu, mas, bem, pelo menos explica o motivo deles me tratarem assim - null falou e null pegou a mão dela.
- Não, ei - null disse, virando o rosto da menina pra ele - isso não é motivo de ninguém te tratar como eles te tratam.
- Não é só null e null que me tratam assim.
- Eu sei que não, e todos são uns idiotas. - Eles ficaram um tempo quietos.
- null?
- Oi?
- Por quê?
- Por que o que?
- Por que você não me trata como os outros, por que você é tão gentil comigo?
- Eu te trato do jeito que você merece ser tratada, null.
⁃ Mas por que você se importa do jeito que todos me tratam? Ninguém nunca se importou.
null, eu sempre me importei, eu apenas fui muito estúpido de nunca ter te falado isso antes, fui estúpido ao ponto de nunca ter ido até você antes - ele pegou os braços de null, visualizando os cortes e passando a mão suavemente. - Me deixa cuidar de você, eu prometo não deixar nada de ruim de acontecer. Me deixa cuidar de você como eu não pude cuidar dela.
⁃ Dela quem? - null falou.
null, vou te contar uma história. Há dois anos uma pessoa falou pra mim que todos que se cortavam eram anjos caídos, eles só queriam voltar para sua vida no céu, pois não gostam da vida na terra. - null disse com lágrimas nos olhos, assim como null.
⁃ Quem era essa pessoa?
⁃ A pessoa que me falou isso já voltou pro céu, minha irmã mais nova. - null ficou estática, não sabia o que falar
⁃ Eu sinto muito...
⁃ Você se parece tanto com ela, null. Assim que te conheci, eu não consegui mais parar de pensar em você. Mas eu tinha medo, null, medo de chegar perto de você e acontecer tudo de novo, bem, tudo que eu toco, eu sempre estrago. Eu tive medo. - null começou a chorar mais ainda e null abraçou ela forte. - Me dá uma chance, me deixa te fazer feliz, te proteger, eu prometo não deixar nada acontecer com você. - null respondeu um "sim" baixinho, null sorriu e foi em direção aos lábios da menina. null não sabia explicar o quanto se sentiu segura naquele beijo, ela se sentiu salva, uma coisa que não tinha sentido em muito tempo. Sim, foi o primeiro beijo da menina, nunca ninguém se quer tinha tentado beijá-la, null foi o primeiro, mas no pensamento de null, tudo tinha valido a pena.

3 meses depois

Três meses se passaram e null nunca esteve tão feliz. null era maravilhoso, ele a protegia, ele cuidava da menina, ele a divertia.
⁃ O que a aniversariante deseja fazer hoje? - null perguntou, dando um selinho em null.
⁃ Começar uma nova vida, longe dessa casa - null falou enquanto observava suas caixas sendo levadas pelo caminhão de mudanças.
null estava se mudando pro apartamento que seu pai, começando uma nova vida, não queria mais nada com sua vida antiga, bem, só null, a menina poderia querer null para sempre.
⁃ Vem cá, quero te levar pra algum lugar - null falou no ouvido da menina.
⁃ Não podemos, eles podem precisar da gente - null falou sobre os caras que null contratou para ajudar na mudança.
null, eu contratei eles para você não ter trabalho no dia do seu aniversário, vem - null sorriu e pegou a mão de null, que também sorriu.
Os dois foram andando, até o destino que null queria. Foi mais ou menos cinco minutos andando, mas nenhum dos dois pareceu perceber de tanto carinho que era dos dois no caminho.
⁃ É aqui - null falou, apontando para um estúdio de tatuagem. - Lembra quando você falou que queria fazer tatuagem para cobrir as cicatrizes? Então, o que acha? - null sorriu e beijou null,
Os dois entraram, já pegando o álbum de tatuagem, mas a tatuagem que null queria não estava lá, null sabia exatamente qual tatuagem queria. Não demorou muito para que o tatuador fosse atender a menina.
null fez asas no pulso cobrindo suas cicatrizes, como null disse, a menina era um anjo que caiu do céu, mas null nunca deixaria ela voltar, pois o seu lugar era junto a ele.


FIM



Nota da autora: Sem nota.

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