Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

O preço da fama é exigente. Eu venho aprendendo isso desde os meus quinze anos e, agora, ponderava isso mais uma vez enquanto fugia da multidão de garotas de variadas idades que corriam atrás de mim. Só porque eu tomei a incrível decisão de fugir um pouco da minha assessoria e andar pela minha cidade natal sozinho.
“Vamos, … pense.” Olho ao meu redor, pousando o olhar nas luzes acesas de uma cafeteria do outro lado da rua, e me dirijo imediatamente até lá. O plano era agir naturalmente até a pessoa que estava lá notar quem eu era e tentar fazer um acordo amigável com ela antes que espalhasse para todos que eu estava ali. Fecho a porta atrás de mim e dou um suspiro aliviado antes de me virar para a atendente. “Boa…”
“Desculpe, mas já estamos fechando.” A garota, que aparentava ter a mesma idade que eu, sorri amigavelmente, apesar do tom tedioso na voz. Ela volta para o que estava fazendo numa espécie de cafeteira gigante, e percebo que a encarava por tempo demais, incapaz de proferir alguma palavra. “O que significa sem café.”
“T-tudo bem… eu só quero uma água.” Peço e segundos depois ela chega com uma garrafa e um copo, posicionando-os à minha frente e me fazendo prestar atenção no pequeno pedaço de metal cintilante no seu uniforme. O nome dela era . “Obrigado.” Ela apenas sorri e volta para o que estava fazendo. É aí que eu me dou conta de que estava esse tempo todo falando normalmente com alguém sem levar gritos na cara ou tirar alguma selfie e depois dar autógrafos. “Espera… você não sabe quem eu sou?” Pergunto, não sabendo diferenciar se era indignação ou surpresa.
“Eu deveria saber?”
“Não, não… pensei que te conhecia de algum lugar, só isso.” Dou um sorriso amarelo, me voltando para o barulho que surgia na rua, e me levanto imediatamente. “Preciso ir ao banheiro.” Me tranco lá por algum tempo até não ser possível escutar todos os gritos e volto para o meio da cafeteria.
“Tudo bem?”
“Sim, só me deu uma dor de barriga. O que era aquilo?”
“Uns fãs loucos procurando o ídolo. Olha a hora, esse cara deve estar dormindo no quarto de hotel caro que ele comprou com o dinheiro deles.” Essa doeu. Mas eu não conseguia parar de pensar no quão linda ela estava rindo da cara daquelas pessoas. Que eram meus fãs. “Então, eu tô precisando fechar a cafeteria…”
“Ah, eu espero e depois te acompanho até em casa.”
“O quê? Mas eu nem te conheço.”
“Eu… me chamo .”
“Tá, , isso não muda o fato de eu não te conhecer e você poder ser um maníaco."
“Você tem razão. Mas a verdade é que eu nunca mais tinha vindo para cá e estou totalmente perdido. Não sei como voltar para o lugar que eu tô.” Eu até saberia se usasse o celular e pedisse ajuda para os meninos, mas algo me diz que aquela garota seria uma boa companhia essa noite.
“Continuo com a mesma opinião. Mas vou te ajudar. Só deixa eu trocar de roupa e fechar tudo.” Ela termina de arrumar as coisas no balcão e vai para uma salinha no final do corredor. Sinto algo no meu bolso vibrando e, ao pegar meu celular, percebo umas trinta ligações perdidas dos meninos.
“Que porra é essa, ? Você sumiu a noite toda!” Ouço a voz de do outro lado da linha.
“É o ? Deixa eu falar com ele.” A voz de surge no fundo. “Cara, você disse que ia sair só por uns minutos. Já são dez da noite!”
“Eu sei, foi mal. Acabei me perdendo e alguns fãs começaram a me seguir. Enfim, longa história.”
“Pronto, eu só tenho que fechar a loja.” aparece depois de alguns minutos, fazendo eu pular da cadeira.
“É a voz de uma garota? Você tá com uma garota, ?” pergunta e os três começam a falar ao mesmo tempo coisas indecifráveis.
"Tá certo." Sorrio e desligo o celular, recebendo várias mensagens de desaprovação logo em seguida.
“Conseguiu falar com alguém?”
“Com uns amigos. Mas eles não podem me buscar agora, vou ter que ir de Uber mesmo.”
“Ah, sim. Eu te levo até um lugar bom para pedir Uber, então.”
“‘Mas você vai andar sozinha para casa?”
“Sim, eu sempre faço isso. Moro bem perto daqui.” Ela responde com um olhar desconfiado no rosto.
“Eu não vou te sequestrar.” Asseguro, indo em direção à saída da cafeteria seguido por ela, que me lança um olhar desconfiado antes de sair da loja e trancar a porta.
Andamos por alguns quarteirões até chegar num bar lotado e ela parar na frente dele.
“É aqui. É movimentado e tem um ponto de referência muito bom para pedir Uber.”
“Obrigado… então, isso significa que eu não vou mais te ver?” Pergunto para a garota à minha frente e percebo seu rosto corando. Só não sabia dizer se era pelo frio ou por outro motivo.
“Bom, eu trabalho na cafeteria todos os dias, de tarde até fechar. Quem sabe se você aparecer lá de novo eu não decida se é um tipo de psicopata ou não?”
“Fechado então. Meu trabalho vai ser convencer você de que eu sou uma pessoa normal.”
Sorrimos um para o outro até ela seguir seu caminho e eu pedir um Uber para o hotel.
“Olha quem resolveu aparecer!” levanta da cama assim que me vê entrar pela porta do quarto. “Já íamos começar a espalhar cartazes de você pela cidade.”
“Onde você estava?” pergunta fazendo o mesmo, enquanto permanecia dormindo do outro lado da cama.
“Eu fui parar numa cafeteria e comecei a conversar com a atendente…”
“Era a garota misteriosa?” acorda num pulo e se aproxima de onde eu estava.
“Sim. Meu Deus, vocês vão fazer um interrogatório agora?” Me afasto dos três e sigo em direção ao banheiro, fechando a porta atrás de mim logo em seguida. “Me deixem em paz, não aconteceu nada!”
“Qual é, . É a primeira vez que você ‘conversa’ com uma garota normalmente desde que você terminou.” Escuto a voz de do outro lado da porta e reviro os olhos.
“Não é não. Mas foi diferente, porque ela não sabia quem eu era.”
“Sério? Isso torna as coisas bem mais fáceis.”
“Fáceis pra quê?”
“Escuta, eu e os garotos estávamos pensando em nos divertir na nossa primeira noite em Londres. Vem com a gente e chama sua nova amiga.”
“Como? Se eu não tenho o número dela.”
“Você não pegou o número?”
“Mas ela me convidou pra visitar ela no trabalho algum dia.”
“Nossa, . Parabéns, de verdade.”
“Enfia a sua ironia…”
“Rapazes, pra quê discutir? Vem com a gente, . Vamos para uma boate curtir.” interrompe enquanto tentava abrir a porta do banheiro.
“Eu tô cansado…” Destranco o trinco e saio para o quarto, dando de cara com os três trocando de roupa.
“É o nosso primeiro dia, você não quer ver como anda a vida noturna da sua cidade?”
Após mais alguns minutos de insistência, acabo cedendo e tomo um banho rápido para ir com eles até a boate ou que quer que fosse o lugar que eles queriam ir. Era uma casa noturna enorme, com algumas mesas ao redor, uma área gigante para as pessoas dançarem e no fundo um palco, que já estava ocupado por um dj. A moça da recepção nos direcionou até uma das mesas e, após pedirmos alguns drinks, e ela ficar nos encarando com uma cara meio sem graça, tiramos fotos e autografamos um pedaço de guardanapo para a irmã pequena dela. Eu até lembraria o nome da garota se não tivesse visto passando perto de onde estávamos justamente na hora em que eu levantei a cabeça depois de autografar o papel. Porque, depois que eu a vi, a única coisa que vinha na minha mente era ‘’.
“Obrigada. Vou trazer as bebidas de vocês.” A moça sorriu animadamente e foi em direção ao bar. Por um momento achei ter pedido de vista, mas ela havia sentado numa mesa próxima, junto de uma garota, e pareceu ter me percebido também.
, você tá bem?” pareceu ter notado e olha na direção em que eu havia olhado. “É ela?”
“Sim… e o nome dela é .”
“Você não tinha mencionado que sabia o nome dela.”
“Ela tava atendendo numa cafeteria, óbvio que o nome dela ia aparecer no uniforme.”
"Tá, vou lá chamar elas pra sentar com a gente.”
“Não, …” Ele nem deixa eu terminar a frase e já vai em direção a mesa onde estava sentada. “O que eu fiz pra merecer isso?”
, aproveita. Você vai ter a oportunidade de conversar com a garota que gostou.” apoia a mão no meu ombro antes de se levantar. “Eu vou conversar com a garota que eu gostei. Esse lugar aí tá vago.” Ele pisca pra mim e se afasta em direção a multidão. Um tempo depois chega com as duas e dá um sorriso tímido.
“Esse lugar aí era do , mas depois ele pega uma cadeira, pode sentar.” aponta para a cadeira ao meu lado e, ao mesmo que senta nela, sinto o calor subindo no meu corpo.
“Oi… não sabia que você era famoso. Quer dizer, eu escuto as músicas de vocês, só não associei a voz com a pessoa.”
“Ah, sim… o falou foi?”
“Não, minha amiga conhece vocês.” Ela riu, mas, antes que eu pudesse perguntar alguma coisa, nossas bebidas chegam.
“Vocês não pediram nada?” pergunta e as duas garotas negam com a cabeça.
“Na verdade, eu não conheço muito os drinks daqui…”
“Ah, o conhece. Dá um gole da sua bebida pra ela provar.” sorri pra mim e eu assinto com a cabeça, dando o copo para a garota ao meu lado.
“Gostou? A gente pode dividir esse e depois pedimos outro.” Ela concorda após tomar um longo gole. “Então, você é daqui mesmo? Seu sotaque é diferente.”
“Não, sou do Brasil. Eu tô fazendo intercâmbio e comecei a trabalhar para ganhar um dinheiro a mais.”
“Ah, entendi. Então você fala português?” Pergunto o óbvio e ela assente com a cabeça. “Eu sei falar algumas palavras só, tipo ‘obrigado’, ‘por favor’… espera, eu lembro.”
“‘Boa noite’?”
“Essa também…”
Pedimos mais drinks durante a noite até nos levar para a pista de dança, e ficamos lá até o dj nos chamar para tocar uma música.
“É, até que vocês são bons.” fala assim que nos aproximamos.
“Você mesma admitiu que escutava nossas músicas.” Pego o copo da mão dela e dou um gole na bebida. Eu já sentia o álcool bater em todo o meu corpo.
“Ei!”
“Relaxa, eu pago outra… na verdade, eu pago a bebida de todo mundo aqui!”
, para! Meu Deus." se aproxima num movimento involuntário e acaba ficando próxima demais. “Desculpa…”
“Não, assim tá ótimo.” Sorrio, pondo as mãos em sua cintura e a puxo mais pra perto, mas logo algumas pessoas se aproximam de onde estávamos. “Droga…”
“Ser famoso tem seus altos e baixos, né?” Antes mesmo que eu pudesse responder, nos arrasta até uma parte vazia da boate, dando uma piscada para mim antes de nos deixar sozinhos.
“Então, como se fala ‘eu quero beijar você’ em português?”
“Por que você não beija?” Me aproximo dela, posicionando as mãos em sua cintura.
Encosto os lábios nos dela, aprofundando o beijo ainda mais, o que foi facilitado pela parede atrás de nós, que pressionava seu corpo contra o meu cada vez mais.
“Até que você não parece um maníaco." Ela fala entre o beijo, sorrindo, e eu faço o mesmo.
“Ah, agora você confia em mim?”
“Claro, descobri que sou sua fã.”
“É?” Depósito vários beijos ao redor do seu rosto e ela assente com a cabeça, sorrindo.




Fim



Nota da autora: Espero que tenham gostado da fic e comentem 🥰🥰🥰



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