Fanfic Finalizada

Capítulo Único

2 meses

A cor escura que pintava o céu começava a ceder espaço para traços de um azul claro com laranja. O amanhecer surgia tímido entre as frestas das persianas do quarto infantil, mas a mulher sentada ao lado do berço estava ocupada demais para reparar. Sendo dia ou noite, agora era indiferente para eles. Desde que a pequena chegara ao mundo, a passagem do tempo se tornou relativa. Quem o ditava era aquele pedacinho de ser humano que dormia com a maior tranquilidade sob as luzes fracas do móbile pendurado sobre o berço. Encantada e sendo a mãe babona que era, observava os traços angelicais do bebê sendo realçados pela iluminação indireta, sentindo a vontade de chorar vir e ir repetidas vezes.
Era engraçado como o mundo não só girava, como também capotava em níveis imensuráveis.
nunca se viu como mãe.
No ensino médio, batia os pés como a maior abominadora de gravidezes do planeta. Nada contra as crianças alheias e o surgimento das próximas gerações, mas a imagem dela com uma barrigona carregando um ser dentro de si fazia com que as pernas grossas fraquejassem. Era assustador! Na faculdade, nada mudou. queria conhecer o mundo, não queria se ligar a ninguém, dar explicações de nada... até se ver envolvida no jogo traiçoeiro do amor. era como ela, senão pior. Ambos se consideravam espíritos livres demais para depender de outro alguém. Agora, ela quase se desmanchava sentindo o aperto delicado dos dedos minúsculos da filha de dois meses contra o próprio indicador.
Ela desistiria de tudo e iria até o fim do mundo por aquela criança.
Riu abobada e os olhos quase fechados de sono passearam pelo quarto todo. Aquele cômodo era uma das maiores criações da carreira dela como designer de móveis infantis. Projetado sob os princípios da escola montessoriana, o espaço era composto por móveis que se complementavam para dar todos os estímulos necessários para uma criança crescer e se desenvolver saudável. Não havia personagens específicos ou cores dominantes “para meninas”. Era tudo simples e colorido, como deveria ser. tinha grandes planos para elas, para cada pequeno passo que viesse a dar.
– É óbvio que você estaria aqui. – A presença do marido na porta a fez despertar um pouco do estado de sonolência prolongado. – Ela acordou? – sussurrava com cautela. era barulhenta quando despertava e demorava a cair no sono. Ele conhecia a cria, afinal foi ele quem ajudou a criar.
– Chorou um pouquinho, mas tudo sob co... – bocejou e se espreguiçou – Ntrole.
O homem tinha apagado com tanta intensidade na cama que não percebera em nenhum momento a filha chorando. Dos dois, sempre teve sono leve e foi muito mais atenta devido ao excesso de zelo. Quem visse essa versão dela hoje nem imaginaria a rebelde sem causa que era nos corredores da universidade, se divertiu relembrando. Mesmo com a sessão de sono prolongada, a aparência dele não estava muito melhor que a da mulher. Os cabelos um pouco longos estavam amassados e arrepiados. No rosto, o inchaço e as bolsas de expressão marcadas abaixo dos olhos denunciavam a dedicação do pai de primeira viagem. Os vizinhos do apartamento de cima que tinham gêmeos juraram entre risos que essa crise melhorava lá na frente.
– Vamos para o quarto. – se pôs ao lado da mulher, ainda de pé, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça de moletom que usava de pijama. Do mesmo modo que , no momento que ficou próximo do berço, os olhos foram atraídos para a figura da filha adormecida.
As mulheres mais lindas do planeta estavam lá com ele naquele instante.
– Não precisa. – insistiu abatida, sem querer se desprender da pequena.
... – alertou sério, alguém precisava ser sensato naquele momento. – Amanhã vai ser um longo dia. parece estar bem estável e confortável agora.
– Ok, ok... – cedeu. – Você venceu. – Não ofereceu mais resistência, liberando a cadeira com o assento quente.
O casal se abraçou com carinho e admirou o bebê uma última vez antes de sair com passos arrastados.
– Ela está crescendo rápido. – comentou enquanto depositava um beijo na testa da esposa – Ainda é minúscula, mas lembra-se de como era com um mês?
Silenciosa, assentiu, tendo um extenso filme do mês passado se reproduzindo em sua mente.
– Não seria incrível se ela pudesse ficar assim para sempre? Sendo a coisa mais fofa do mundo todo?
– Fale por você, mulher! Tô doido para lembrar o que é dormir por uma noite toda outra vez. – Brincou.

4 anos


– Papai, mamãe! – A garota com os cabelos penteados cuidadosamente presos por um laço grande chamou elétrica assim que estacionaram diante da escola de educação básica – Vocês prometem vir todo dia para a escola junto de mim?
– Tudo o que você quiser, princesa.
– Obaaaaa! – A mais nova bateu palmas inquieta, aguardando a mãe soltar seu cinto de segurança.
– Detona tudo! – Despediram-se com um beijo no rosto e um toque de mãos especial combinado.
permaneceu dentro do carro enquanto assistia as duas se afastarem de mãos dadas. Minutos se passaram até o sinal da escola de educação infantil soar, ecoando até o lado de fora, fazendo com que ele olhasse instintivamente para o relógio no pulso para confirmar a hora exata. não demorou a aparecer debulhando-se em lágrimas. O primeiro dia de escola da filha parecia estar sendo mais difícil para a mãe do que para a dita cuja, que teria de ficar presa em uma sala de aula.
– Como foi lá dentro? – O homem quis saber assim que avistou a esposa se aproximar com o celular em mãos.
– Ela nem pensou duas vezes para soltar a minha mão assim que as mulheres de sorrisos duvidosos apareceram oferecendo um mundo de brinquedos ao lado de muitos amiguinhos novos. – A voz começava a embargar. – Tirei foto de tudo. – Mantinha um bico.
– Quando você diz mulheres duvidosas, está se referindo às professoras? – O homem entortou a boca para não gargalhar. – Para de ser ciumenta, nossa filha nos ama.
– Ela me trocou tão fácil... Será que vai ficar tudo bem mesmo? – Franziu o cenho.
– Vai! Agora, vamos... – deu leves tapas na lataria do carro. – Ou chegarei atrasado no trabalho.
– E se ela não se adaptar? – apertou o cinto de segurança, posicionado sobre o peito com aflição. – E se ela passar mal? Ou os colegas não a tratarem bem?
– Caso aconteça qualquer, QUALQUER coisa, a escola vai nos ligar. Eles têm tudo sob controle... Lidam com crianças todos os dias faz anos. Muito mais experientes do que dois pais de primeira viagem perdidos.
– E se não quiserem ser amigos dela? E se ela ficar sozinha?
chiou e fez um gesto para que a mulher se calasse, abraçando-a de lado para que pudessem aninhar as cabeças uma na outra antes de começar a dirigir.
– Vamos deixar as preocupações para quando as coisas realmente acontecerem, tá bom? Até lá, tem muito para crescer.

6 anos

– Esse é o seu quarto? – acompanhava a interação das menores à distância, um pouco receosa do nariz demasiado empinado que a garotinha daquele tamanho conseguia sustentar ao analisar o quarto da filha.
Uma festinha caseira ao lado das coleguinhas no final de semana era uma experiência que a filha precisava ter ao menos uma vez.
– É sim. – confirmou ansiosa pela reação das colegas.
Curiosas, todas iam se espalhando pelo cômodo para olhar de cima a baixo todos os detalhes diferentes do que cada uma via em casa.
– Não tem quase brinquedo nenhum. – A menina que se pronunciou anteriormente voltou a tomar a palavra, esboçando uma careta, recebendo apoio de três ou quatro meninas. – Na minha casa, teria uma Barbie para cada uma e muito mais.
Do lado de fora, os olhos de ameaçavam a saltar das órbitas ao mesmo tempo em que finalizava os copos de sorvete na mesa de centro sem prestar atenção no que as mãos faziam.
– Mas que menininha enjoada, não? – Exasperou, visivelmente afetada pela fala da mais nova.
Ao lado dela, ajudando com os preparativos para o lanche das garotas, deixou escapar um riso anasalado.
– Elas são crianças, . Não veem maldade e nem têm consciência do que falam.
– Mesmo assim...
– Nossa filha vai tirar a situação de letra e dar a volta por cima. – Soltou um beijo no ar. – Os pais são muito inteligentes e a educaram bem.
ignorou o beijo e apenas fez bico.
– Precisa se lembrar de que não podemos escolher tudo pela e nem a poupar de tudo, querida. Somos inteiramente responsáveis pela educação dela. Quem vai estar por perto vai depender exclusivamente das escolhas que a nossa princesa vai fazer. Nem todo mundo é bem intencionado e não me refiro à coleguinha dela. O mundo real lá fora é difícil, quanto mais rápido aprender a lidar com isso, mais fácil será para ela se adaptar. – recebeu em resposta uma bufada.
– Nossa filha bem que podia não crescer mais, né? Assim não teria que entender o que é maldade e coisa ruim.

14 anos

Havia algo estranho no ar. A mulher não estava falante como o usual, mas queria esperar para ver se ela tomaria a iniciativa de lhe contar. A filha jantara muito rápido, parecendo aspirar a comida para dentro e logo correu para se trancar no quarto, restando os mais velhos na cozinha. O único som que se ouvia era o das louças sendo ensaboadas e a torneira sendo ligada. Passado um tempo, ele a chamou, postando-se ao lado da bancada com um pano para secar os pratos.
, o que está havendo?
. – Foi simples e direta.
– Qual o problema?
– O problema é que ela cresceu! – Desabafou. – Já é uma pré-adolescente e eu não sei lidar! – Não se preocupou em maquiar a chateação. – Eu puxo assunto e ela não me responde direito. Pergunto sobre a escola e recebo respostas atravessadas ou genéricas. – Respirou fundo, deixando a postura cabisbaixa, ainda que os olhos mostrassem sua tristeza.
– É normal nessa idade. – jogou o pano sobre o ombro para buscar as mãos da mulher. – Me admira eu estar te falando essas coisas. Sempre foi você a voz da razão entre nós.
– É só que... – soltou o ar pelo nariz. – De repente, parece que um muro foi erguido entre nós. Sinto escorrendo pelas nossas mãos e...
revirou os orbes com o drama da esposa.
– Escorrendo pelas nossas mãos? – Caçoou dela – De que livro tirou a expressão dessa vez?
lia bastante, tinha o hábito de pegar expressões e adotar para si nas situações do dia a dia, embora algumas soassem formais ou dramáticas demais para os tempos atuais.
, cala a boca. Essa não é a questão!
– Relaxa, mulher! Respira fundo!
– Ela nem quer mais que eu a leve para os lugares. Tudo se resolve na base do Uber, até um ônibus ela prefere pegar a me deixar levá-la para a casa das amigas. UM ÔNIBUS!
– Até parece que na idade dela não éramos assim, ou até pior...
– Diga isso por você, eu não... – cruzou os braços.
– Se começarmos a sufocá-la demais, aí sim que perderemos o controle, bela esposa. – Vendo que havia aberto a boca prestes a retrucar, adiantou-se: – Vou tentar conversar com ela.
– Não sei se vai adiantar...
– Confia!
A porta do quarto da filha estava encostada. Aberta ou trancada, o homem preferiu dar algumas batidas até que a mais nova desse a permissão para que ele entrasse. O modo de conversar e lidar com os pré-adolescentes importava. Pelo excesso de preocupação, se esquecia disso, acarretando em uma impressão errada em .
– Do que precisa, pai? – A garota abriu uma fresta, permitindo que apenas metade do rosto aparecesse.
– Posso conversar com você?
– Entra aí. – Ela finalmente abriu espaço.
– Como anda a escola?
– Normal. – deu os ombros.
– E o que vocês estão fazendo de interessante nas aulas?
– Nada demais. – Sentou na cama.
sentou na cadeira diante da escrivaninha de estudos da filha.
– Hm, entendi. Tudo normal e chato, como sempre.
– Pois é. O que você quer de verdade, pai?
– Mas a próxima festa vocês já devem ter marcado...

18 anos


– Como assim você não quer ir para a casa dos seus avós na praia para passar o fim de ano? – levantou um pouco da voz involuntariamente. – O que tem de tão importante para fazer nessa data?
– Nada! – A adolescente retrucou no mesmo tom, estressada. – Não tenho nada para fazer e nem quero. Se quiserem tanto ir para aquele fim de mundo, vão vocês, mas eu fico em casa.
– Você vai. – A mãe acrescentou entredentes.
– Não vou. – rebateu. – Podem tentar me arrastar.
– Faz tempo que seus avós não te veem...
– Eu ligo, faço uma chamada de vídeo...
– Amor, já cresceu. – interferiu na pequena discussão. – Talvez seja hora de a deixarmos escolher o que fazer. Programas familiares não combinam com adolescentes...
– Obrigada, senhor! – A adolescente ergueu as mãos para o alto. – Alguém entendeu.
– Mais respeito com a sua mãe. – foi rígido. – Está livre no ano novo, se nos informar sobre sua localização.
– Tá bom.
– Estamos entendidos. Agora, me deixe conversar com sua mãe em particular, por favor.
– Não precisa falar duas vezes. Fui!
... – ele começou chamando, temendo que a mulher estivesse furiosa por ele ter se intrometido e tomado as rédeas sozinho.
–Não. – Ela ergueu as mãos para que entendesse que ela falaria. – Você está certo. – Então os olhos dele se arregalaram. – Preciso me desprender de alguns costumes. merece um voto de confiança nosso, então vamos ver onde isso vai parar.

[...]

Quando se está ansioso para que algo aconteça, o tempo parece levar o dobro do normal para passar. sabia que a qualquer momento os pais atravessariam a porta de frente do apartamento com destino final para a casa dos avós no litoral e ela não poderia estar mais eufórica. Estava planejando aquele momento fazia semanas!
, estamos indo! Deixamos um dinheiro no pote da cozinha, caso precise. Juízo, viu, mocinha? – O pai foi o primeiro a se despedir com um beijo no topo da cabeça.
– Estaremos com o celular por perto sempre. Se algo acontecer, nos ligue. – A progenitora imitou os passos do marido. – Se for sair de casa, lembre-se de trancar e fechar as janelas. Beijos, filha. – Trocaram um abraço apertado. – Nos falamos quando estiver mais perto da virada.
– Sim, sim, pode ser. – A adolescente se apressou a guiá-los elevador abaixo.
– Até mais.
– Tchau!
No dia da véspera de ano novo, havia feito uma ligação de vídeo com os pais logo cedo para garantir que estava viva e bem para os mais velhos, também aproveitou para cumprimentar os avós que não a viam desde o natal passado. O restante do dia até o anoitecer se resumiu em organizar o apartamento e se aprontar. Olhou-se no espelho do banheiro inúmeras vezes, virando para todos os lados e ângulos disponíveis a fim de analisar o look escolhido para a virada de ano. Estava ótimo. Mesmo que não estivesse, aquela era a única opção disponível dela.
Enquanto iniciava a maquiagem, enviou uma mensagem de texto para confirmar o encontro na casa dela. Andou de lá para cá na casa, finalizando os pratos escondidos no forno ao mesmo tempo em que finalizava os brilhos que estava colando no rosto. Nesse meio tempo, checou o celular várias vezes e não recebeu nenhuma mensagem nova de quem queria. Deixou passar. Sabia como vésperas eram caóticas e todo mundo estava ocupado se arrumando. Deu os ombros e continuou os preparativos para a ceia.
Conforme os ponteiros do relógio iam avançando, o peito dela ia ficando cada vez mais pesado. A ideia errada, mas não impossível, de que ela poderia ter sido passada para trás começava a trazer uma inquietação insuportável para o coração que estava cheio de expectativas e vida. se jogou sobre o sofá e abriu as redes sociais para se distrair e quem sabe dessa maneira o tempo não corresse mais rápido? Ou será que ela deveria querer que ele corresse mais devagar para dar mais tempo para o convidado chegar?
O status no Instagram dos amigos parecia igual. Grupos de várias pessoas repostando a mesma foto, alguns desejando feliz ano novo com antecedência, outros bêbados, uma parcela em casa, outra na praia... ia passando as mídias com desinteresse até que uma marcação em uma foto chamou a atenção dela. O nome que ela não deveria ver. A mente dela parecia ter dado curto circuito. Visitou o perfil de cada uma das pessoas marcadas para confirmar as suspeitas e seu chão pareceu sumir.
Olhou para as mãos, o celular, as unhas bem feitas, o vestido branco novo na medida reservado para aquela data, os saltos prateados nos pés e se sentiu idiota. estava se considerando inteligente por enganar os pais sobre não ter planos para o ano novo e no fim, era ela quem havia sido passado para trás. O remorso a dominou com força total. Sozinha, engolindo o amargor do bolo no apartamento frio e silencioso, a adolescente se deixou ser vencida pelo choro. Com o olhar turvo, olhou para o aparelho em mãos e quis jogá-lo contra a parede. Dana– se era o destino ou carma por omitir os planos dos pais, ela só precisava de um ombro amigo. Todos os amigos estavam ocupados em outras cidades, todo mundo parecia estar se divertindo mais que ela... O que faria agora?
Trêmula, decepcionada e de coração partido, iniciou a discagem para o único número possível no momento. Em meio aos números, uma notificação de mensagem surgiu no topo da tela, afirmando o que já sabia: ela era uma otária.
“Oi, desculpa! Acho que tive um imprevisto, podemos marcar para outro dia? Beijos, feliz ano novo e me desculpe.”
O imprevisto envolvia praia e o grupo de amigos dele no qual ela não estava inclusa. Era horrível a sensação de ser trocada com tanta facilidade. Piscou pesadamente sentindo os cílios volumosos falsos serem comprimidos entre uma pálpebra e outra.
Naquela noite, ela não passava da maior perdedora.
Um toque... Dois toques... Esse foi o tempo necessário para que o outro lado da linha atendesse.
– Alô, mãe... – iniciou com a voz embargada. – Eu preciso de ajuda...
estava sob um nível de humilhação tão grande que não sabia onde esconder o rosto, tal sentimento só não era maior que o desespero de estar sozinha enquanto todos estavam brindando. Contara por cima tudo que havia acontecido para a mãe. Eles estavam voltando por ela. Pela distância que levava para chegarem e o tempo que ainda restava do dia, os pais ainda estariam na estrada quando os fogos começassem. Infelizmente, ela era esse tipo de gente. Ao invés de sofrer calada, ela estragou a virada de ano dos mais velhos também. O que era jogar um pouco mais de merda em quem estava praticamente afundada?
Quando desceu para receber os pais que se aproximavam, surpreendeu-se em ver apenas a mãe descer apurada do veículo com um semblante fechado. O estômago revirou.
– Você está bem? – A mulher não demonstrava nenhum indício no rosto além de preocupação. Olhou para todos os cantos de para se certificar.
– Estou. – A voz fraca não convenceu. – Cadê o papai?
– Não veio. Achei melhor não o preocupar. Os dois aqui seria o mesmo resultado. Ele está entretendo a família.
– Ah... Melhor assim.
olhou a filha sem saber ao certo como agir, a busca dela pelo pai provava que talvez devesse ter voltado, e não ela. Eles tinham uma ligação especial que os permitia conversar e se entender muito melhor do que ela sabia se expressar na maioria das vezes e aquilo a machucou. No entanto, naquela noite, as dores dela não importavam. era a preocupação.
– Sei que queria que seu pai estivesse aqui ao invés de mim, porque ele te compreende melhor do que eu sou capaz, mas podem conversar quando chegarmos lá... Com todo mundo na praia, as estradas estão bem tranquilas, então chegaremos rápido. Vamos?
A fortaleza que a adolescente havia se obrigado a construir para esconder o choro a fim de passar uma imagem de durona desmoronou. Enxergar a mãe ali preocupada com ela depois de ter abdicado do show de fogos com a família para ficar na estrada exclusivamente por ela fazia tudo doer. não gostava de ver no que havia se tornado.
– Mãe, para... – ordenou limpando as lágrimas com as costas das mãos. – Eu não quero o papai. Eu liguei para você, caramba!
Segundos de silêncio foram necessários até cair a ficha da mulher. Então, mãe e filha se confortaram com um abraço. O alívio de ao sentir a filha nos braços foi quase que instantâneo. A menina dela estaria a salvo com ela, era isso o que pensava.
– Me desculpa, mãe. Desculpa! – desatava a soluçar sob o amparo da mais velha.
Independente de quantas vezes ouvisse os pedidos de desculpa, era que tinha certeza de que falhara: ela não havia conseguido proteger a pequena princesa deles.




FIM



Nota da autora: Oieeeee! A autora que vos fala está só o pó da gaita a essa altura do campeonato, mas... Se você está lendo isso, ficam os meus agradecimentos por ter chegado até aqui <3 É isso. Obrigada por dedicar seu tempo para ler a minha humilde história.
Bebam água e se cuidem!

Beijos,
Hales

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