Prólogo
NOTEI mamãe entrar no meu quarto movida a passos pesados. Por um momento, me vi surpresa, não sabia que era possível a grandiosa e adorável imperatriz saber como marchar até um determinado local. Apesar que levando em consideração o que lhe aprontei, ela deve ter aprendido até mesmo a escalar as grandes paredes douradas do grande salão onde estava oferecendo um dos vários bailes mensais que, junto com o papai, organizava com muito perfeccionismo para ser muito bem falado no dia seguinte e, com sorte, nenhum defeito seria apontado já que não deixaria nenhum passar.
— O que você pensa estar fazendo? — Finalmente pronunciou-se após alguns minutos me encarando, provavelmente.
Virei-me lentamente, com uma certa dificuldade, a enxaqueca estava me consumindo. Fiz uma careta quando me acomodei para encará-la melhor, parecia-me que a cada movimento minha cabeça doía em um lugar diferente.
— Como é bom vê-la preocupada, mamãe. Grazie. — Agradeci ironicamente e percebi seu rosto ruborizar ainda mais. Não era vergonha.
— O que poderia ser tão preocupante do que você deixar sua família em um dos momentos que mais precisamos de sua presença? — Perguntou-me séria.
— Talvez o motivo disto? — Retruquei. — Mamãe, é apenas mais um baile para promover sua imagem na mídia, existem causas mais importantes. — Debochei com intenção de voltar à minha antiga posição.
Mamãe sempre foi muito rígida, mas hoje passava dos limites.
— Não me dê as costas, ! — Puxou o meu ombro para que eu não virasse. — Você pensa que está falando com quem? Suas colegas pobres daquele projeto para um país subdesenvolvido? — Soltou as enquanto me encarava furiosa. — Eu sempre disse ao seu pai que não devia se envolver com pessoas de nível inferior. Minha princesinha se corrompeu. — Fitou-me por completo, com um ar de asno. — Você tem vinte minutos para estar pronta e dentro da minha limousine. Irá me acompanhar e encontrar Vicenzo que está ao seu aguardo como um namorado que você sequer merece. — Cuspiu-me as palavras e saiu, sequer me dando tempo para elaborar uma resposta.
Leona era tão atenciosa com sua princesinha, que não se importou em perguntar ao namorado que eu nem merecia quem ele estava esperando. Até porque, com certeza não era a mim. Vicenzo havia terminado comigo a algumas horas, por mensagem, alegando que não me amava da forma que o relacionamento que tínhamos pedia, mas me amava para não me usar para se esconder. Realmente não me importei o que ele quis dizer, mas ver que meu relacionamento perfeito havia chego ao fim desencadeou a pior das enxaquecas. A primeira questão que me veio à mente foi ‘’Como vou contar para Leona?’’. Com o papai saberia me resolver, ele me entendia muito bem. Seguia os passos da esposa porque a amava demais para entrar em debate sobre suas ações, mas quando trata-se de mim, me dá tudo o que eu preciso para realizar o que desejo.
Suspirei fundo. Não adiantaria de nada lamentar ou me enfurecer agora. Mamãe já havia sido cirúrgica com as palavras e me magoado mais uma vez. Bastava que eu engolisse e a obedecesse.
— O que você pensa estar fazendo? — Finalmente pronunciou-se após alguns minutos me encarando, provavelmente.
Virei-me lentamente, com uma certa dificuldade, a enxaqueca estava me consumindo. Fiz uma careta quando me acomodei para encará-la melhor, parecia-me que a cada movimento minha cabeça doía em um lugar diferente.
— Como é bom vê-la preocupada, mamãe. Grazie. — Agradeci ironicamente e percebi seu rosto ruborizar ainda mais. Não era vergonha.
— O que poderia ser tão preocupante do que você deixar sua família em um dos momentos que mais precisamos de sua presença? — Perguntou-me séria.
— Talvez o motivo disto? — Retruquei. — Mamãe, é apenas mais um baile para promover sua imagem na mídia, existem causas mais importantes. — Debochei com intenção de voltar à minha antiga posição.
Mamãe sempre foi muito rígida, mas hoje passava dos limites.
— Não me dê as costas, ! — Puxou o meu ombro para que eu não virasse. — Você pensa que está falando com quem? Suas colegas pobres daquele projeto para um país subdesenvolvido? — Soltou as enquanto me encarava furiosa. — Eu sempre disse ao seu pai que não devia se envolver com pessoas de nível inferior. Minha princesinha se corrompeu. — Fitou-me por completo, com um ar de asno. — Você tem vinte minutos para estar pronta e dentro da minha limousine. Irá me acompanhar e encontrar Vicenzo que está ao seu aguardo como um namorado que você sequer merece. — Cuspiu-me as palavras e saiu, sequer me dando tempo para elaborar uma resposta.
Leona era tão atenciosa com sua princesinha, que não se importou em perguntar ao namorado que eu nem merecia quem ele estava esperando. Até porque, com certeza não era a mim. Vicenzo havia terminado comigo a algumas horas, por mensagem, alegando que não me amava da forma que o relacionamento que tínhamos pedia, mas me amava para não me usar para se esconder. Realmente não me importei o que ele quis dizer, mas ver que meu relacionamento perfeito havia chego ao fim desencadeou a pior das enxaquecas. A primeira questão que me veio à mente foi ‘’Como vou contar para Leona?’’. Com o papai saberia me resolver, ele me entendia muito bem. Seguia os passos da esposa porque a amava demais para entrar em debate sobre suas ações, mas quando trata-se de mim, me dá tudo o que eu preciso para realizar o que desejo.
Suspirei fundo. Não adiantaria de nada lamentar ou me enfurecer agora. Mamãe já havia sido cirúrgica com as palavras e me magoado mais uma vez. Bastava que eu engolisse e a obedecesse.
1. Faça o que faz você feliz.
Era óbvio que esse evento não seria o meu favorito da semana, mas desde que eu cheguei ele passou a se tornar o mais odioso do ano. A dor na cabeça aumentava a cada suave melodia das músicas que a orquestra tocava naquela festa irritante que Leona me forçou a ficar mesmo após Vicenzo comunicá-la de nosso término e deixá-la ciente que era uma escolha dele. Depois de levar a culpa de ter sido largada, porque eu era uma namorada terrível e despreocupada, sentei-me na mesa reservada à família imperial e me contentei em observar os músicos tocando animadamente. Alguém ali gostava da vida que tinha, ao menos.
— Psiu! — Ouvi um som anormal para o local e procurei com o olhar o que ou quem poderia tê-lo emitido. Sem resultados, voltei o olhar aos músicos e me surpreendi com a presença de alguém no lado contrário ao que eu encarava antes.
— Olá, Bene! — Vicenzo cumprimentou-me com um sorriso radiante.
O encarei séria. Havia me dado um pé na bunda horas atrás e agora estava sentado ao meu lado como se sempre tivéssemos sido melhores amigos sem nos envolver amorosamente antes? Acho que quando ele disse que não era sua intenção me usar para se esconder, referia-se a seus problemas psíquicos que havia acabado de começar a desconfiar que ele possuía.
— Quero me desculpar com você, não me encare assim, por favor! — Iniciou e eu ainda o encarava com a mesma expressão. — Não, não desculpas para voltarmos, não sou tão cruel ou tóxico assim. — Esclareceu e finalmente concordei com a cabeça, erguendo as sobrancelhas. — Finalmente me assumi, ! Me assumi para minha família! — Voltou a sorrir abertamente.
— Assumiu o que? — Perguntei confusa.
— ? Eu sou gay! — Ouvi-lo dizer foi pior do que eu imaginava.
Não, não por sua sexualidade, mas porque até aquele momento ele nunca me amou por estar apaixonado e nem imaginou-se ao meu lado no futuro. Enquanto eu assimilava aquela informação, conseguia ouvir sua voz ao fundo contando o quanto estava feliz por seus pais tê-lo aceitado da forma que ele sentia-se feliz e que naquela noite ainda apresentaria seu namorado.
— Espera, seu o que? — Perguntei ainda mais confusa.
— Oh, ! Me desculpe…
— Você me traía? — Perguntei retoricamente e o vi engolir seco.
Meu Deus, eu era uma farsa. Vivia minha vida para agradar a todos à minha volta e ser o que todos esperam enquanto nem meu pseudo-namorado se importava em ser fiel.
Meu telefone começou a tocar e eu atendi enquanto era observada por Vicenzo. Antes vi o nome de , minha melhor amiga, no ecrã. Mamãe a odiava e isso me motivou a saber que a menina era uma boa pessoa. Leona dificilmente gostava de alguém bacana, talvez apenas o papai.
— , você precisa vir aqui, sério, essa festinha está a sua cara! — falou assim que foi atendida.
— Onde você está, ? Você está…. bêbada? — Perguntei assim que notei sua voz embargada.
— Eu diria que estou me divertindo, talvez altinha. — Falou a última frase de modo infantil e eu ri.
— , eu não po… — Interrompi minha frase.
Porque eu não poderia? Precisava continuar vivendo esse filme pelos outros?
— Você pode fazer o que faz você feliz. — Vicenzo soltou sorrindo para mim. O encarei por alguns segundos e sorri pequeno.
— Você o que? Vem, por favor?! Já lhe mandei a localização! — Informou insistindo.
— , estou indo! — Desliguei depois de ouvi-la comemorar. — Obrigada, Vicci!
Assim que recebi um sorriso do rapaz, levantei indo em direção ao bar.
— Algo sem álcool para a princesa? — O barman perguntou gentilmente quando me aproximei.
— Me alcance a garrafa do vinho mais caro que minha família produziu e está presente nessa estante atrás de você! — Pedi, focada nas bebidas.
Ele me alcançou totalmente receoso, mas mesmo assim não retrucou. Engoli seco.
O que me faz feliz. Repeti mentalmente.
Saí do bar bebendo vinho direto da garrafa enquanto tirava o sobretudo feito de plumas rosa claro. Alguns passos e senti um puxão forte no braço.
— Você está alucinando? — Leona me encarou com ódio nos olhos.
— Na verdade, nunca estive tão lúcida. Cansei de viver pelos outros, mamãe! — Saí em direção à porta, sem me importar com o modo que mamãe me encarava ou o que ela pensava.
Quando cheguei na área externa, corri para a limousine cafona de Leona e pedi para o motorista me levar até onde estava. Se essa festa era minha cara, precisava da minha presença.
(...)
— VIRA, VIRA, VIRA! — Ouvia os gritos das pessoas que formavam uma roda à minha volta enquanto eu virava uma garrafa com uma bebida muito forte.
Acho que, como já havia dito, eu estava altinha.
— HAAA! — Gritei orgulhosa depois de ter vencido de mais algum cara que havia me desafiado. — Agora chega, amigos, eu vou dançar, obrigada, meus fãs! — Fiz algumas reverências enquanto me afastava do centro e ia em direção a minha amiga.
— Caraca, você é uma estrela! Está todo mundo te olhando! — sorriu, estava muito bêbada.
— , sou filha do imperador dos vinhos mais famosos do país, acredite, não porque sou talentosa com bebidas fortes! - Conclui tomando um semblante triste.
— Oh, não, não e não! Não fique triste, ! — pôs a mão em meu ombro. — Tenho certeza que o vocalista da banda que estava tocando até agora pouco está se aproximando por que quer falar com você, não com seu pai. — piscou e se afastou me deixando confusa.
— Olá, cuore. — Ouvi uma voz rouca atrás de mim. Quando virei o corpo para encará-lo, me lembrei.
Era o vocalista da banda que estava tocando até pouco tempo no local, Måneskin, se bem me lembro. A festa em que estávamos era em um local um tanto quanto afastado e a banda tocava um rock extremamente enérgico e agradável aos meus ouvidos, sem contar que a voz desse homem era incomparável e o vendo de perto, percebi que sua beleza também.
— Oi! — Cumprimentei rouca.
Então essa sou eu fora do filme que eu atuava para os outros? Patética.
Ele sorriu.
— Sabe, seu estilo é interessante contrastando com o local… — Brincou apontando. Eu ri.
De fato vestir um vestido rosa brilhante com o tule rasgado e sapatinhos brilhantes em uma festa de tema totalmente contrário que tocava apenas músicas de rock era bastante irônico.
— É que chegou a meia noite e minha abóbora quebrou ali na frente. — Brinquei e o rapaz a minha frente riu divertido.
— Qual seu nome? Cinderela? — Perguntou interessado e eu sorri.
— , muito prazer… — Deixei no ar para ouvir seu nome.
— ! — Sorriu lambendo os lábios. — Desculpe, acabei me perdendo observando você — Disse após um tempo me encarando com um brilho nos olhos. — Aceita uma bebida? — Ofereceu.
Caraca, ele era genuinamente muito bonito.
Aceitei, indo contra todos os meus protocolos. Eu estava ali para sair do roteiro, não é? Faria isso direito.
Em algum momento entre nossa conversa, me roubou um beijo, que na verdade foi basicamente dado a ele. Eu queria aquilo desde que ele me deu oi.
Na verdade, eu precisava de um cara como ele desde que me toquei que estava infeliz. em uma conversa, tornou o dia inteiro que havia sido intitulado como pior do ano em um dos melhores.
Quando senti minhas costas atravessarem uma porta que tinha sido aberta por ele nem me importei em saber de que cômodo era. Estávamos muito entretidos com os lábios um do outro. Sentia as mãos dele percorrerem minha cintura e às vezes subir o tule já rasgado para ter acesso a partes mais íntimas do meu corpo.
Aquela noite realmente salvaria meu dia e eu seria eternamente grata a .
— Psiu! — Ouvi um som anormal para o local e procurei com o olhar o que ou quem poderia tê-lo emitido. Sem resultados, voltei o olhar aos músicos e me surpreendi com a presença de alguém no lado contrário ao que eu encarava antes.
— Olá, Bene! — Vicenzo cumprimentou-me com um sorriso radiante.
O encarei séria. Havia me dado um pé na bunda horas atrás e agora estava sentado ao meu lado como se sempre tivéssemos sido melhores amigos sem nos envolver amorosamente antes? Acho que quando ele disse que não era sua intenção me usar para se esconder, referia-se a seus problemas psíquicos que havia acabado de começar a desconfiar que ele possuía.
— Quero me desculpar com você, não me encare assim, por favor! — Iniciou e eu ainda o encarava com a mesma expressão. — Não, não desculpas para voltarmos, não sou tão cruel ou tóxico assim. — Esclareceu e finalmente concordei com a cabeça, erguendo as sobrancelhas. — Finalmente me assumi, ! Me assumi para minha família! — Voltou a sorrir abertamente.
— Assumiu o que? — Perguntei confusa.
— ? Eu sou gay! — Ouvi-lo dizer foi pior do que eu imaginava.
Não, não por sua sexualidade, mas porque até aquele momento ele nunca me amou por estar apaixonado e nem imaginou-se ao meu lado no futuro. Enquanto eu assimilava aquela informação, conseguia ouvir sua voz ao fundo contando o quanto estava feliz por seus pais tê-lo aceitado da forma que ele sentia-se feliz e que naquela noite ainda apresentaria seu namorado.
— Espera, seu o que? — Perguntei ainda mais confusa.
— Oh, ! Me desculpe…
— Você me traía? — Perguntei retoricamente e o vi engolir seco.
Meu Deus, eu era uma farsa. Vivia minha vida para agradar a todos à minha volta e ser o que todos esperam enquanto nem meu pseudo-namorado se importava em ser fiel.
Meu telefone começou a tocar e eu atendi enquanto era observada por Vicenzo. Antes vi o nome de , minha melhor amiga, no ecrã. Mamãe a odiava e isso me motivou a saber que a menina era uma boa pessoa. Leona dificilmente gostava de alguém bacana, talvez apenas o papai.
— , você precisa vir aqui, sério, essa festinha está a sua cara! — falou assim que foi atendida.
— Onde você está, ? Você está…. bêbada? — Perguntei assim que notei sua voz embargada.
— Eu diria que estou me divertindo, talvez altinha. — Falou a última frase de modo infantil e eu ri.
— , eu não po… — Interrompi minha frase.
Porque eu não poderia? Precisava continuar vivendo esse filme pelos outros?
— Você pode fazer o que faz você feliz. — Vicenzo soltou sorrindo para mim. O encarei por alguns segundos e sorri pequeno.
— Você o que? Vem, por favor?! Já lhe mandei a localização! — Informou insistindo.
— , estou indo! — Desliguei depois de ouvi-la comemorar. — Obrigada, Vicci!
Assim que recebi um sorriso do rapaz, levantei indo em direção ao bar.
— Algo sem álcool para a princesa? — O barman perguntou gentilmente quando me aproximei.
— Me alcance a garrafa do vinho mais caro que minha família produziu e está presente nessa estante atrás de você! — Pedi, focada nas bebidas.
Ele me alcançou totalmente receoso, mas mesmo assim não retrucou. Engoli seco.
O que me faz feliz. Repeti mentalmente.
Saí do bar bebendo vinho direto da garrafa enquanto tirava o sobretudo feito de plumas rosa claro. Alguns passos e senti um puxão forte no braço.
— Você está alucinando? — Leona me encarou com ódio nos olhos.
— Na verdade, nunca estive tão lúcida. Cansei de viver pelos outros, mamãe! — Saí em direção à porta, sem me importar com o modo que mamãe me encarava ou o que ela pensava.
Quando cheguei na área externa, corri para a limousine cafona de Leona e pedi para o motorista me levar até onde estava. Se essa festa era minha cara, precisava da minha presença.
Acho que, como já havia dito, eu estava altinha.
— HAAA! — Gritei orgulhosa depois de ter vencido de mais algum cara que havia me desafiado. — Agora chega, amigos, eu vou dançar, obrigada, meus fãs! — Fiz algumas reverências enquanto me afastava do centro e ia em direção a minha amiga.
— Caraca, você é uma estrela! Está todo mundo te olhando! — sorriu, estava muito bêbada.
— , sou filha do imperador dos vinhos mais famosos do país, acredite, não porque sou talentosa com bebidas fortes! - Conclui tomando um semblante triste.
— Oh, não, não e não! Não fique triste, ! — pôs a mão em meu ombro. — Tenho certeza que o vocalista da banda que estava tocando até agora pouco está se aproximando por que quer falar com você, não com seu pai. — piscou e se afastou me deixando confusa.
— Olá, cuore. — Ouvi uma voz rouca atrás de mim. Quando virei o corpo para encará-lo, me lembrei.
Era o vocalista da banda que estava tocando até pouco tempo no local, Måneskin, se bem me lembro. A festa em que estávamos era em um local um tanto quanto afastado e a banda tocava um rock extremamente enérgico e agradável aos meus ouvidos, sem contar que a voz desse homem era incomparável e o vendo de perto, percebi que sua beleza também.
— Oi! — Cumprimentei rouca.
Então essa sou eu fora do filme que eu atuava para os outros? Patética.
Ele sorriu.
— Sabe, seu estilo é interessante contrastando com o local… — Brincou apontando. Eu ri.
De fato vestir um vestido rosa brilhante com o tule rasgado e sapatinhos brilhantes em uma festa de tema totalmente contrário que tocava apenas músicas de rock era bastante irônico.
— É que chegou a meia noite e minha abóbora quebrou ali na frente. — Brinquei e o rapaz a minha frente riu divertido.
— Qual seu nome? Cinderela? — Perguntou interessado e eu sorri.
— , muito prazer… — Deixei no ar para ouvir seu nome.
— ! — Sorriu lambendo os lábios. — Desculpe, acabei me perdendo observando você — Disse após um tempo me encarando com um brilho nos olhos. — Aceita uma bebida? — Ofereceu.
Caraca, ele era genuinamente muito bonito.
Aceitei, indo contra todos os meus protocolos. Eu estava ali para sair do roteiro, não é? Faria isso direito.
Em algum momento entre nossa conversa, me roubou um beijo, que na verdade foi basicamente dado a ele. Eu queria aquilo desde que ele me deu oi.
Na verdade, eu precisava de um cara como ele desde que me toquei que estava infeliz. em uma conversa, tornou o dia inteiro que havia sido intitulado como pior do ano em um dos melhores.
Quando senti minhas costas atravessarem uma porta que tinha sido aberta por ele nem me importei em saber de que cômodo era. Estávamos muito entretidos com os lábios um do outro. Sentia as mãos dele percorrerem minha cintura e às vezes subir o tule já rasgado para ter acesso a partes mais íntimas do meu corpo.
Aquela noite realmente salvaria meu dia e eu seria eternamente grata a .
2. Sacrifício.
Acordei com o barulho de alguém apressado à minha volta. Ainda não tinha sol, mas sabia que era tarde. Abri os olhos com dificuldade e procurei por quem fazia o barulho. Observei correndo para todos os lados enquanto tentava fechar o vestido e falava no celular.
— , você tem certeza que são eles? — Perguntou aflita.
— , está tudo bem? — Perguntei chamando sua atenção. A garota me encarou e engoliu seco.
— , vou dar um jeito! — Desligou. — Na verdade, não. Você sabe me dizer se tem alguma saída que não seja a mais popular? — Perguntou com certa pressa.
— Tem a porta dos fundos. — Soltei depois de pensar um pouco. Sorri debochado. — Então quer dizer que a Cinderela também tem uma madrasta má no seu encalço?
— Antes fosse. — Revirou os olhos e guardou o celular na bolsinha que carregava. — Pode me apresentar a saída dos fundos? — Pediu sorrindo.
Eu retribui e concordei. Levantei e vesti minha calça jeans, pus minha camiseta e jaqueta de couro preta. Peguei sua mão e a guiei.
No caminho, enquanto passávamos pela parte superior que daria de encontro a uma escada para a porta traseira da boate que costumava me apresentar, vi um casal incomum no lugar, cercado por seguranças. Preferi ignorar e fingir não ter associado uma coisa à outra.
— Nunca saberão que você saiu pela porta de trás, bonequinha! — Pisquei para ela que riu negando.
— Está tão frio e eu nem sei como vou embora. — Se encolheu olhando para os lados buscando una alternativa.
— Eu não sei se você vai gostar, mas tenho uma ideia. — Tirei minha jaqueta e a ofereci. Ela pegou imediatamente e falei para ela me seguir.
Quando chegamos até minha moto ela riu alto.
— Sério, ! Muito obrigada! — Ela riu e eu sorri confuso. — Você me deu uma transa incrível a algumas horas atrás, tirou qualquer resquício de tristeza do meu corpo e agora está sendo meu piloto de fuga, cara você não existe! Vamos logo com isso! — Correu para a moto e eu fui atrás
Quem não existia era ela.
(...)
— Você sabe onde me encontrar, qualquer coisa! — Ofereci quando ela desceu da moto.
— Muito obrigada. — Sorrimos um para o outro. — Meu Deus, quase me esqueci… — Começou a tirar a jaqueta.
— Fica de lembrança, boneca, tenho uma desculpa para ver você de novo. — Pisquei pondo o capacete e finalmente dando partida na moto.
Fui embora implorando para todas as divindades que realmente a visse mais uma vez.
Alguns meses depois...
— Então quer dizer que você teve uma noite incrível com um vocalista de uma banda de rock, está com a jaqueta dele no seu armário, mas não vai voltar a vê-lo porque prometeu ao seu pai que iria se esforçar para voltar a ser o que era. E ah, o que você era sequer agrada você? — Ouvi perguntar enquanto andávamos para fora da cafeteria.
— Assim soa horrível. — Respondi intrigada.
— Não tem maneira de soar melhor. — Retrucou.
Faziam três dias que eu e havíamos nos envolvido. Sim, eu lembrava de quase tudo e agradecia todo minuto por isso, já que provavelmente não viveria isso nunca mais.
Depois do meu surto no baile naquela noite, meus pais foram atrás de mim na festa onde eu estava. O motorista da mamãe acabou me entregando. Quando cheguei em casa, tomei um banho e me joguei na cama. Eu não estava dormindo quando eles chegaram e ouvi papai convencer Leona para conversarmos no dia seguinte.
O dia seguinte foi terrível. Nunca fui tão humilhada por minha mãe. Ao mesmo tempo que meu pai me defendia como conseguia, ela despejava coisas cinco vezes pior que o anterior. Vicente, meu irmão do meio, estava no colégio e Heitor, o mais novo com a babá. Dei glória aos céus por eles não ouvirem nada daquilo.
Depois de um dia inteiro sem trocarmos uma palavra entre família e muitas indiretas no ar, papai propôs uma trégua em que cada uma cederia um pouco. Logo, eu precisaria mudar todo meu cotidiano de rebeldia que sequer tinha durado mais que uma noite. Sem dúvidas, meu maior sacrifício seria não poder mais ir atrás de . Estava disposta a me acertar com minha família e isso implicaria ficar distante dele, que precisou de apenas uma noite para me deixar mais feliz do que uma vida inteira arquitetada por outros. Suspirei convencida de que realmente não poderia mais vê-lo.
Conversei mais um pouco com sobre assuntos variados. Ela era a melhor pessoa para dar conselhos que eu conhecia. Na verdade, éramos assim desde novas. é filha de uma das funcionárias de minha família e é minha prima. Crescemos juntas, brincando e passando por diversas situações. Nos ajudávamos desde sempre. sempre foi a mais rebelde, vivia livremente da forma que sentia-se bem. Fazia faculdade de Teatro e era uma das meninas mais conhecidas no campus por sua simpatia e humor sem igual. era semelhante, mas sem rebeldia. Era tímida mas muito educada e nem por isso deixava de fazer o que lhe deixava feliz. Eu era a figura correta. Nunca saia da linha e nem pisava em falso. Esse era basicamente o meu dever.
Quando encerramos nosso assunto, cada uma foi para seu caminho. Eu segurava alguns livros da faculdade e como estava cedo, preferi ir para a casa andando. O caminho era curto e eu gostava de andar. Andava distraída, observando os carros e pensando em aleatoriedades. De repente, senti alguém esbarrar em mim.
— Nossa, me desculpa, eu estava distraída. — Pedi abaixando para juntar meus livros.
— Mentira! — Ouvi uma voz conhecida. — ?
— ? — Sorri sem mostrar os dentes e peguei os livros que me eram estendidos.
— Fiquei esperando você.
Suspirei.
— Tive alguns compromissos, desculpe. — Dei de ombros.
— Dada a forma como você fugiu da sua carona naquela noite e seu lindo estilo dentro e fora da festa. Imagino que tenha compromissos bem interessantes. — Debochou colocando as mãos no bolso enquanto me encarava. Acompanhei seus movimentos.
— O que você quer dizer? — Perguntei juntando as sobrancelhas.
— Que somos de extremos diferentes mas você ainda é surpreendentemente intrigante. — Me fitou como se tentasse me decifrar.
— O que você estava fazendo aqui? — Perguntei curiosa.
— Importaria para você, doce princesa, os passos de um plebeu como eu? — Perguntou tirando o chapéu como uma reverência.
Eu ri sem humor. Ele sabia quem eu era desde o início.
— Então você sempre soube quem eu era?
— Bom, você é mais famosa que eu. — Deu de ombros.
— Não sou eu quem faz sucesso nos palcos de festivais significativos. — Retruquei.
— Andou pesquisando sobre mim? — Me encarou, divertido. — Hm, não faz sucesso em palcos, mas se sai muito bem em outras performances. — Cochichou próximo ao meu ouvido e eu o empurrei.
— Canalha! — O encarei com um sorriso desacreditado e recebi um beijinho no ar. Dei adeus e segui meu caminho sem olhar para trás.
conseguia ser tão bom na cama e igualmente irritante fora dela. Talvez não seja a pior ideia ou maior sacrifício me afastar dele no fim das contas. Mas talvez sim.
— , você tem certeza que são eles? — Perguntou aflita.
— , está tudo bem? — Perguntei chamando sua atenção. A garota me encarou e engoliu seco.
— , vou dar um jeito! — Desligou. — Na verdade, não. Você sabe me dizer se tem alguma saída que não seja a mais popular? — Perguntou com certa pressa.
— Tem a porta dos fundos. — Soltei depois de pensar um pouco. Sorri debochado. — Então quer dizer que a Cinderela também tem uma madrasta má no seu encalço?
— Antes fosse. — Revirou os olhos e guardou o celular na bolsinha que carregava. — Pode me apresentar a saída dos fundos? — Pediu sorrindo.
Eu retribui e concordei. Levantei e vesti minha calça jeans, pus minha camiseta e jaqueta de couro preta. Peguei sua mão e a guiei.
No caminho, enquanto passávamos pela parte superior que daria de encontro a uma escada para a porta traseira da boate que costumava me apresentar, vi um casal incomum no lugar, cercado por seguranças. Preferi ignorar e fingir não ter associado uma coisa à outra.
— Nunca saberão que você saiu pela porta de trás, bonequinha! — Pisquei para ela que riu negando.
— Está tão frio e eu nem sei como vou embora. — Se encolheu olhando para os lados buscando una alternativa.
— Eu não sei se você vai gostar, mas tenho uma ideia. — Tirei minha jaqueta e a ofereci. Ela pegou imediatamente e falei para ela me seguir.
Quando chegamos até minha moto ela riu alto.
— Sério, ! Muito obrigada! — Ela riu e eu sorri confuso. — Você me deu uma transa incrível a algumas horas atrás, tirou qualquer resquício de tristeza do meu corpo e agora está sendo meu piloto de fuga, cara você não existe! Vamos logo com isso! — Correu para a moto e eu fui atrás
Quem não existia era ela.
— Muito obrigada. — Sorrimos um para o outro. — Meu Deus, quase me esqueci… — Começou a tirar a jaqueta.
— Fica de lembrança, boneca, tenho uma desculpa para ver você de novo. — Pisquei pondo o capacete e finalmente dando partida na moto.
Fui embora implorando para todas as divindades que realmente a visse mais uma vez.
— Assim soa horrível. — Respondi intrigada.
— Não tem maneira de soar melhor. — Retrucou.
Faziam três dias que eu e havíamos nos envolvido. Sim, eu lembrava de quase tudo e agradecia todo minuto por isso, já que provavelmente não viveria isso nunca mais.
Depois do meu surto no baile naquela noite, meus pais foram atrás de mim na festa onde eu estava. O motorista da mamãe acabou me entregando. Quando cheguei em casa, tomei um banho e me joguei na cama. Eu não estava dormindo quando eles chegaram e ouvi papai convencer Leona para conversarmos no dia seguinte.
O dia seguinte foi terrível. Nunca fui tão humilhada por minha mãe. Ao mesmo tempo que meu pai me defendia como conseguia, ela despejava coisas cinco vezes pior que o anterior. Vicente, meu irmão do meio, estava no colégio e Heitor, o mais novo com a babá. Dei glória aos céus por eles não ouvirem nada daquilo.
Depois de um dia inteiro sem trocarmos uma palavra entre família e muitas indiretas no ar, papai propôs uma trégua em que cada uma cederia um pouco. Logo, eu precisaria mudar todo meu cotidiano de rebeldia que sequer tinha durado mais que uma noite. Sem dúvidas, meu maior sacrifício seria não poder mais ir atrás de . Estava disposta a me acertar com minha família e isso implicaria ficar distante dele, que precisou de apenas uma noite para me deixar mais feliz do que uma vida inteira arquitetada por outros. Suspirei convencida de que realmente não poderia mais vê-lo.
Conversei mais um pouco com sobre assuntos variados. Ela era a melhor pessoa para dar conselhos que eu conhecia. Na verdade, éramos assim desde novas. é filha de uma das funcionárias de minha família e é minha prima. Crescemos juntas, brincando e passando por diversas situações. Nos ajudávamos desde sempre. sempre foi a mais rebelde, vivia livremente da forma que sentia-se bem. Fazia faculdade de Teatro e era uma das meninas mais conhecidas no campus por sua simpatia e humor sem igual. era semelhante, mas sem rebeldia. Era tímida mas muito educada e nem por isso deixava de fazer o que lhe deixava feliz. Eu era a figura correta. Nunca saia da linha e nem pisava em falso. Esse era basicamente o meu dever.
Quando encerramos nosso assunto, cada uma foi para seu caminho. Eu segurava alguns livros da faculdade e como estava cedo, preferi ir para a casa andando. O caminho era curto e eu gostava de andar. Andava distraída, observando os carros e pensando em aleatoriedades. De repente, senti alguém esbarrar em mim.
— Nossa, me desculpa, eu estava distraída. — Pedi abaixando para juntar meus livros.
— Mentira! — Ouvi uma voz conhecida. — ?
— ? — Sorri sem mostrar os dentes e peguei os livros que me eram estendidos.
— Fiquei esperando você.
Suspirei.
— Tive alguns compromissos, desculpe. — Dei de ombros.
— Dada a forma como você fugiu da sua carona naquela noite e seu lindo estilo dentro e fora da festa. Imagino que tenha compromissos bem interessantes. — Debochou colocando as mãos no bolso enquanto me encarava. Acompanhei seus movimentos.
— O que você quer dizer? — Perguntei juntando as sobrancelhas.
— Que somos de extremos diferentes mas você ainda é surpreendentemente intrigante. — Me fitou como se tentasse me decifrar.
— O que você estava fazendo aqui? — Perguntei curiosa.
— Importaria para você, doce princesa, os passos de um plebeu como eu? — Perguntou tirando o chapéu como uma reverência.
Eu ri sem humor. Ele sabia quem eu era desde o início.
— Então você sempre soube quem eu era?
— Bom, você é mais famosa que eu. — Deu de ombros.
— Não sou eu quem faz sucesso nos palcos de festivais significativos. — Retruquei.
— Andou pesquisando sobre mim? — Me encarou, divertido. — Hm, não faz sucesso em palcos, mas se sai muito bem em outras performances. — Cochichou próximo ao meu ouvido e eu o empurrei.
— Canalha! — O encarei com um sorriso desacreditado e recebi um beijinho no ar. Dei adeus e segui meu caminho sem olhar para trás.
conseguia ser tão bom na cama e igualmente irritante fora dela. Talvez não seja a pior ideia ou maior sacrifício me afastar dele no fim das contas. Mas talvez sim.
3. Consequências
Certo que uma noite de rebeldia poderia me resultar muitos problemas, mas eu esperava algo como uns puxões de orelha do meu e, no máximo, uns tapas de minha mãe. Um olhar desapontado do meu irmão do meio e um outro confuso do caçula. Isso passava de todo e qualquer limite.
— O que aconteceu aí, Bene? — Vicci perguntou batendo na porta do banheiro que eu estava.
Sim, depois de algumas semanas para que eu superasse a ‘’traição’’ de Vicci, acabamos nos tornando os amigos que sempre fomos antes de nossa família incentivar nosso namoro exclusivamente conveniente para negócios.
Vicci acaba me dando sempre ótimos conselhos, sempre incentivando-me a viver mais da noite em que conheci , ah sim, . Vicenzo tornou-se o maior fã dele nos últimos meses. ‘’Como assim você se envolveu com o vocalista de uma banda de rock na única noite que viveu como queria? Meu bem, você precisa desfrutar mais disso!’’. Era algo semelhante a isso que ouvia sempre que o assunto chegava até o vocalista.
.
Dizem que depois que encontramos alguém pela primeira vez, fica inúmeras vezes mais fácil de cruzarmos com ela novamente. Não acreditava nisso, até que conheci . Era assustadora a maneira como nos encontrávamos seguidamente pelas ruas e eventos da cidade. A banda dele chegou a tocar em um dos eventos da qual minha família foi convidada. Eu fiquei tão sem graça em tê-lo que encarar diante de minha família. Queria, na verdade, apresentá-lo como algo mais do que um conhecido. Entretanto, não deixaria nem ele tampouco meus pais descobrirem esse desejo. Nós mantínhamos uma relação de amor e ódio desde que nos reconhecemos na rua depois de nossa noite. Sempre que nos encontrávamos, - o que estava acontecendo muito, estranhamente. - acabávamos trocando algumas farpas e eu me arrependia momentaneamente de ter transado com ele.
Após alguns segundos e de lembrar o quanto havia sido bom, eu esquecia totalmente o arrependimento.
— Vicci, realmente não sei o que aconteceu. — Pronunciei após algum tempo em silêncio absoluto.
— Droga, então deu positivo. — Ouvi resmungar baixinho.
— Eu vou ser titia! — comemorou depois de raciocinar um pouco.
— Sem chances! Isso só pode estar errado! — Resmunguei abrindo a porta do banheiro, finalmente.
— , eu comprei o mais caro da farmácia. — cesca) me olhou aflita.
— Bom, nossa última opção é confirmarmos com um exame de sangue. — Vicci sugeriu.
Alguns segundos de silêncio e foi iniciado um burburinho entre os quatro de porque não e porque deveríamos fazer o exame de sangue. O apartamento em que estávamos discutindo era o de , já que era a única que morava sozinha. Nós nos reuiniamos bastante naquele local ultimamente, era nosso momento de paz. Diferentemente do momento que estávamos tendo agora.
— Ok, mas caso façamos o exame e você realmente estiver grávida… O irá saber? — lançou a pergunta em meio a nossa discussão.
Silêncio durante mais um tempo.
— Gente, o que vai adiantar ele saber? — Questionei e Vicci me encarou incrédulo.
— O filho é dele também, não é? — cesca) perguntou com dúvida.
— Sim, provavelmente. Ele foi o único nos últimos… dez meses, talvez?
— Caraca, você estava na seca com seu último namorado… — debochou.
— Digamos que o problema não era com ela. — Vicci coçou a cabeça e rimos um pouco.
— Sim… — começou. — Mas você vai contar à , certo? — retornou a pergunta.
— Até porque é filho dele, ele precisa estar ciente, seja qual for sua decisão. — acrescentou.
— Como assim, decisão? — Perguntei confusa e os três me encararam sérios. — O que? Pessoal, se isso… — Apontei para minha barriga. — … for real, eu vou seguir. Não importa que minha mãe queira me assassinar. Confio no apoio do meu pai. — Suspirei. — Eu acho. — Engoli seco.
A verdade era que não tinha certeza de nada. Eu precisava muito chorar, mas não faria isso em frente a todos. Céus, tudo estava arruinado. Qualquer coisa que eu tinha planejado para meu futuro que eu cogitava incluir uma criança acabava em caos. Eu havia saído do filme, como queria, de fato. Agora, em compensação, vivia uma sitcom de tema dramático.
Quando rasgava minha lingerie naquela noite, fazendo-me sentir uma boneca de trapo, eu nem sequer me importei em estar protegida. Estava tão ocupada em exalar minha tristeza para fora e trocar por prazer, que nem me importei com consequências.
Que droga.
Reunindo todos os pensamentos, não aguentei, desabei chorando em frente aos meus três amigos. Como poderia ter sido tão burra? Precisava me agarrar a minha última chance, faria o exame de sangue, orando para todas as divindades possíveis que aquele teste estivesse errado. Eu necessitava desse erro.
Tínhamos recebido o resultado do exame já fazia alguns bons minutos. Pegamos o resultado no mesmo dia, havia sido feito em clínica particular. Estávamos sentados em uma mesa da praça de alimentação do shopping, o exame no meio dela enquanto todos o encaravam fechado.
Suspirei pesado e impaciente.
Já chega, precisava saber se aquilo era verdade.
Peguei o envelope com certa brutalidade e abri. Rolei os olhos rapidamente até a parte que realmente me interessava.
— E então? — Vicci perguntou, com tanta paciência quanto eu.
Quando li o que precisava, larguei as folhas na mesa e me joguei contra o encosto da cadeira, encarando o nada.
— Fodeu. — Soltei.
— Deu positivo. jamais soltaria um fodeu sem necessidade. — deu de ombros.
— Droga. — soltou.
— Uou, hoje as patricinhas estão rebeldes. — continuou debochando.
— Olha só, parece que o destino realmente gosta que nos encontremos, não é? — Ouvi uma voz distante mas impossível de confundir.
Isso só podia ser piada.
— Meu deus, deixei meu cachorro sozinho em casa! — foi a primeira a levantar.
— Droga, ele já deve estar pirando, vou ajudar você! — Vicci acompanhou.
— Estou com tantos trabalhos atrasados. Preciso correr! — cesca) seguiu.
— É sério? - Perguntei incrédula. Recebi sorrisos cínicos de volta.
não tinha cachorros, Vicci odiava cuidar de cachorros e nunca deixava acumular trabalhos. Nunca me senti tão traída e isso que tenho algumas traições na lista.
— Hm, ele é bem gatinho! — Vicci cochichou para cesca) que riu.
— Que simpáticos, seus amigos. — soltou encarando-os sair. — E você? Não me convida mais para sentar? — Desafiou-me.
Suspirei alto, vi silabar "conta para ele!" antes de ser empurrada por cesca).
— Sente-se, se quiser. — Respondi dando de ombros. Não estava afim de alimentar as provocações que éramos acostumados a fazer um com o outro.
— Muito fácil, você está doente? — Ironizou sentando na cadeira à minha frente.
Ri sem humor.
— Não usaria esse termo.
— O que aconteceu? — Perguntou com um resquício de preocupação. Suspirei.
Não tinha ideia de como contar o que está acontecendo. Qualquer forma de falar me parecia absurda. Pedi-lo para esperar seria apenas uma desculpa para adiar o assunto. Marcar para outro dia não adiantaria de nada.
Oh, céus! Porque fui tão irresponsável?
Porque fomos?
Seria totalmente errado não contar que eu esperava um filho dele, ao mesmo tempo que eu não queria contar porque eu pareceria desesperada, apesar de eu certamente estar desesperada. Como eu lidaria com isso?
Provavelmente nunca estive tão perdida durante todo o período da minha vida.
— Eu estou grávida. — Falei sem pensar e ao ver sua expressão, engoli seco.
— Boa! Mas o que aconteceu? — Perguntou depois de rir, logo diminuiu o sorriso quando percebeu minha expressão permanecer séria. — É sério?
— , meu humor seria muito mais sofisticado do que golpe do baú. — Respondi séria enquanto o encarava.
— Nossa, eu estou em choque.
— Não vai me perguntar se é seu? — Perguntei desconfiada.
— Você não transparece fazer o estilo que fica com muitos homens no período de dois meses. — Deu de ombros e eu uni as sobrancelhas.
— Eu posso ser bem seduzente.
— Não duvido disso, mas também é bem difícil, convenhamos. — Pareceu parar para pensar depois do que disse. — Como seus pais reagiram?
Eu ri.
— , bene, eles nem sabem ainda. — Falei e o observei passar as mãos em seus cabelos.
— Não vou deixar você fazer isso sozinha, . Quando quiser contar estarei com você. — Pegou minha mão e mais uma vez eu suspirei.
Concordei e sorri minimamente. O apoio do pai do filho que eu estava carregando era essencial e um grande começo para tudo que viria pela frente.
Por fim, alguns dias depois decidi contar aos meus pais. me acompanhou, como prometeu e entramos em um acordo. Leona por pouco não pulou em meu pescoço e eu não tirava sua razão dessa vez. Sua filha recém formada estava grávida do vocalista de uma banda de rock que recém havia iniciado seu sucesso. Eu era sua bonequinha de porcelana e de repente virei uma princesa largada. Papai me surpreendeu, como sempre. Pediu apenas que ajudasse cumprindo seu papel como pai, o que ela assegurou que faria.
Alguns meses e mamãe se acostumou com a ideia. No fim, o fato de eu ter tirado uma noite fora do roteiro, mudou totalmente o rumo de minha vida. Melhorei a relação que tinha com meus pais, saí de casa e parei de viver como todos queriam para viver o meu filme, dirigido por mim.
Estava feliz. Fazendo o que me deixava feliz. Eu realmente me sentia completa. Encontrar na noite em que mais me senti triste, tornou minha vida a mais feliz possível e sou grata todos os dias por isso.