Última atualização: Fanfic Finalizada

We built sandcastles that washed away
I made you cry when I walked away

As velas estavam espalhadas pela cozinha, trazendo um tom mais dramático do que o necessário para a situação. As chamas tremulavam e assim faziam com que as sombras do ambiente repetissem o movimento. estava parada perto da pia, terminando de lavar as louças de que usou no jantar. A luz havia acabado há algumas horas e não tinha previsão de volta, por isso resolveu levar as crianças para a casa dos seus pais, num bairro vizinho, para que eles pudessem ficar em melhores condições. Ele tinha saído há algum tempo e ainda não tinha voltado. Não atendia as ligações da esposa e também não estava mais na casa dos pais. não fazia ideia de onde ele poderia estar e só lembrava das vezes que ele falou que iria embora, que sumiria e que ninguém nunca mais o veria. estava cansada. Cansada de tanto trabalhar, cansada da vida que estavam levando. Cansada de sentir como se tivesse tudo desmoronando bem acima da sua cabeça e ela tivesse que apenas assistir, porque não tinha nada que ela pudesse fazer. Cansada de ouvir as palavras duras de sobre ele mesmo. Se uma pessoa não consegue se sentir bem consigo mesmo, como poderia ficar bem com a sua família? Ela tinha medo de perdê-lo e perdê-lo para algo que nem sabia o que era. Não sabia se era triste, se era depressão, porque ele não falava nada. Já tinha um tempo desde a única conversa franca que tiveram. Um tempo desde a última vez que foram sinceros um com o outro a respeito do que sentiam. ainda o amava, ainda sentia aquele sentimento dominar todo o seu coração, mas não conseguia sentir esse amor de volta. Estava frio demais naquela casa sem os aquecedores. E o frio não permanecia apenas no clima, mas também dentro do coração do rapaz.
encarava suas próprias mãos e seus olhos se prenderam na aliança dourada que brilhava levemente com a luz fraca na rua. O anel parecia pesar cem vezes mais naquele momento, ainda mais com tudo que se passava pela sua cabeça. Ele estava sentado naquela praça há quase duas horas, estava frio, mas ele não conseguia reunir forças para voltar para casa, para olhar para . Sabia que se voltasse agora acabariam brigando e ele não queria brigar. Ele não queria dar mais motivos para ela se afastar dele, mas ele mesmo não ficaria por perto se pudesse. Sua falta de emprego nos últimos meses havia dificultado muito a sua própria aceitação, não só como pai e marido, mas também como homem. Ele havia sido criado com aquele pensamento de que deveria caber a ele o dever de sustentar a casa, ser o responsável pela sua família. Papel que havia assumido há alguns meses, quando foi demitido. Sua rotina se transformara em algo resumido em ver tv, buscar as crianças na escola, organizar um pouco a casa e esperar a esposa voltar. Sua louca procura por emprego perdeu impulsão há um tempo. Depois que ele via as portas fechando, uma após a outra, em sua cara, o homem perdeu a esperança. Não havia nada do mundo que o aborrecesse, o chateasse e o fizesse se sentir mal consigo mesmo do que essa situação. tentava ajudar, mas o marido não parecia querer ser ajudado. Ele estava distante, frio, como se não fosse o mesmo homem que ela conheceu doze anos atrás. Que se apaixonou enlouquecidamente, que teve dois filhos e que pensou que amaria a vida toda. Algo tinha mudado e ela sabia o que era. se sentia mal por não conseguir um emprego, por deixar todas as responsabilidades da casa nos ombros de . Seu pai sempre disse que era o papel do homem cuidar da família, era o papel básico e nem isso ele estava conseguindo fazer. Era como se estivesse falhando no papel mais importante de sua vida e não pudesse fazer nada a respeito. Quase conseguia ouvir a voz de seu pai em sua cabeça dizendo: “olha a espécie de homem que você se tornou, ”. Ele encarou mais uma vez a aliança, tirando o anel com dificuldade. Por dentro do aro estava escrito “para sempre” e ele sentiu seu coração pesar, porque a cada dia que passava sentia que aquela promessa estava mais diante de ser verdadeira. Ele queria ser um bom marido para , ser alguém que a merecesse, mas ele não estava mais conseguindo.
Entrou novamente no carro, dirigindo até em casa. Durante o caminho, tentou pensar no dizer a , o que ele poderia usar para justificar seu atraso, não ter atendido as suas ligações. Ela deveria estar preocupada e ele não a condenava, estava errado mesmo. Ficou parado dentro do carro, olhando para a casa escura e silenciosa. Lembrou-se da primeira vez que levou até ali, de como ela ficou feliz, dos planos que fizeram, de como queriam muito ser uma família. Naquela noite, anos e anos atrás, ele tinha prometido que nunca a magoaria e agora estava aqui quebrando a promessa. Encostou a cabeça no banco do carro e fechou os olhos com força, ele precisava agir. Saiu, batendo a porta do carro e caminhou até a porta, segurando a maçanetas por alguns segundos antes de abri-la. encontrou sentada na mesa da cozinha, quase que no escuro, as velas estavam quase apagadas e ela segurava uma taça de vinho. Sua expressão estava calma, mas ela não levantou os olhos para encarar o marido, continuou a encarar a mesa de madeira. Longos e longos segundos depois, se aproximou e ela levantou os olhos, o encarando de forma intensa. Ele viu que seu rosto inchado, como se ela estivesse chorando e isso partiu seu coração.

- ... – ele se aproximou, sentando numa cadeira perto dela.
- Eu não quero conversar. – ela falou, bebendo o restante do vinho que tinha na taça e fazendo menção de levantar, mas colocou uma das mãos em seu braço, pedindo para ela ficar.
- Por favor, nós precisamos conversar. – a voz dele estava baixa e o tom beirava a incerteza, como se ele não soubesse o que falar.
- Você quer conversar agora? E sobre o que você quer falar? Porque você não fala comigo, , há meses que não trocamos duas palavras que não sejam extremamente necessárias.
- Eu sei disso. – ele respondeu, afirmando com a cabeça e respirando fundo. – Eu errei em achar que eu poderia lidar com tudo isso sozinho, mas eu não posso. Pensei que não precisaria preocupar você com os meus problemas, só que...
- Não é questão de me preocupar, nós estamos juntos há tanto tempo, que pra mim não tem mais o seu ou o meu problema, é o nosso problema. Se eu estou aqui para te ajudar, pra que você vai guardar tudo? Pra que vai se afastar de mim dessa forma? Não faz sentido.
- Eu sei, eu sei...
- Não é apenas “eu sei”, . As coisas mudaram muito entre nós dois e eu não quero isso. Não quero estar com porque temos dois filhos, não quero estar com você porque estamos casados. Não quero estar com você porque apenas é cômodo. Eu quero estar com você porque eu quero, porque eu te amo, porque eu me apaixonei por você anos atrás e continuo apaixonada. Mas se for para ser assim...
- Eu amo você, mais do que qualquer coisa nesse mundo. – disse, pegando a mão da mulher entre as suas. – Sei que tive muito estranho ultimamente, sei que me afastei de você, que não tenho agido como você esperava que eu agisse. Sei de tudo isso, mas tá sendo muito difícil pra mim. Todas essas mudanças, essa pressão. Eu tenho lembrado muito do meu pai, das coisas que ele me falava.
- Você não é o seu pai. Você não precisa agir e nem pensar como ele. Sei o quanto você o admirava, o quanto você se orgulhava, mas eram outros tempos. Eu tomar conta da nossa família financeiramente não é nada de outro mundo, é normal. A família também é minha. Não há nada de errado nisso, não há nada de errado em você ter problemas financeiros, em ter dificuldades de conseguir um emprego. Ser sustentado pela esposa não te faz menos homem. – disse, como se fosse capaz de ler o marido, mesmo sem que ele falasse nada. – Se afastar da sua mulher num momento difícil, se manter fechado, distante de todos e não se esforçar em nada para mudar essa situação, bem, talvez isso possa te fazer menos homem. Eu adorava seu pai, mas a cabeça dele estava presa em outro tempo e eu não quero que a sua também esteja, porque não é esse tipo de ensinamento que eu quero passar aos meus filhos.
- Me desculpe, por favor. Eu senti como se tivesse me perdendo nos últimos meses e não queria te levar nessa confusão comigo. Pensei que fosse a coisa certa a se fazer, mas não era. Você é minha esposa, a pessoa que mais amo nesse mundo, com quem eu deveria dividir tudo e é o que eu farei, eu prometo. Sei que precisou com que eu quase te perdesse para ver isso, mas, por favor, não desista de mim. – o homem pediu, encostando o rosto ao corpo da esposa.
- Eu não vou desistir de você, . – tocou seu rosto, fazendo com que ele a olhasse. – Mas eu preciso do meu marido de volta. – sorriu de lado, passando um braço pelos ombros de e trazendo-a para mais perto. Seus lábios se tocaram de forma delicada e eles se sentiram próximos como não estiveram nos últimos meses. Encostando suas testas, eles se olharam nos olhos por longos minutos, vendo uma fagulha de esperança surgir neles. A luz foi diminuindo mais ainda, enquanto a última vela ia se acabando.
- Acho que ficaremos com frio essa noite. – a mulher comentou, indicando com a cabeça a vela que apagava.
- Não se eu puder te aquecer. – o marido comentou, vendo um sorriso surgir nos lábios dela.
- Eu estava contando com isso. – respondeu, sentindo os lábios de nos seus, enquanto o ambiente ficava completamente escuro.

And I know I promised that I couldn't stay, baby
Every promise don't work out that way, no




Fim.



Nota da autora: Olha, eu só escrevi essa história para o ficstape entrar completo, viu. Eu sei que não tá grandes coisas, porém, né. Choices...
Beijos da That.





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