“I wrote this song for no one”
Voo 787, com destino a Honolulu,
portão de embarque de número 5.”
“Honolulu, portão de embarque de número 5”.
— Eu prometo que apenas será por alguns meses, esse curso é importante para mim! — acariciou a cabeça da criança e lhe depositou um beijo terno. — Eu preciso resolver e aprender coisas novas para o meu trabalho e, melhor ainda, preciso resolver umas coisas comigo mesma nesse meio tempo, então isso é necessário, você me conhece melhor do que ninguém.
— Ok, tudo bem! — a criança disse cabisbaixa. — Algumas fotos, algumas meditações, meus presentes e você volta, certo?
O fato de que e seu irmão eram tão próximos a ponto de ele não a vir longe por muito tempo, a encantava. Ela definitivamente amava sua família e tudo que havia construído, como sua própria carreira.
Mas nem sempre teve bons momentos.
Apesar de ter crescido com uma boa família, amigos, um irmão mais novo e um namorado de infância o qual a fazia se sentir bem cômoda e conformada com a vida, passou por situação que nunca pensou que se encontraria.
— Sem pensar duas vezes, ursinho! — Ela o abraçou e ao mesmo tempo sua mãe e seus amigos a abraçaram junto. — Eu amo um abraço coletivo.
— — uma de suas amigas mais próximas disse com pesar em sua voz. — Se isso tudo for por causa daquele idiota, nós podemos…
A amiga que falava foi interrompida por , um de seus melhores amigos.
— Nós podemos quebrar ele no meio — ele disse. — Só não fizemos isso ainda porque você não deixou. Mudou de ideia?
— Não, , eu não mudei de ideia — respondeu, rindo. — Vocês também são amigos, todos vocês — ela disse a todos eles. — Não precisam e nunca irão precisar escolher um lado. E não, isso tudo... — ela disse, olhando ao redor do aeroporto. — Isso tudo não é por causa dele. Talvez um pouco, mas não na dimensão que vocês estão imaginando.
E essa era a verdade, ele não regia suas ações, ela não estava fugindo ou se escondendo. A realidade era que ela estava tirando um tempo para si mesma, administrando sua vida e se habitando a uma vida sem por perto.
— É um tempo para mim mesma! — ela disse sorridente. — Eu preciso de umas férias de todos vocês antes de voltarem a me infernizar dizendo que eu trabalho demais.
— Você trabalha demais — eles disseram em coro.
— Ok, eu entendi! — Ela riu. — Vou melhorar nisso, prometo.
sobreviveria alguns meses sem as pessoas que mais amava. Sim, ela o faria com tranquilidade, até porque sabia que, quando voltasse, eles estariam lá por ela. Apenas uma pessoa estaria faltando e definitivamente ele era alguém que ela aprendeu que não teria para o resto da vida, e, nesse momento, sequer fazia questão disso.
Último verão, 2019
— Qual é, , você precisa vir! — Escutou a voz da melhor amiga dizer através da porta do banheiro. — É nosso último dia de verão, dia das garotas.
— Eu combinei com , ! — disse tranquilamente, enquanto ria do entusiasmo da amiga.
— Você o vê quase todos os dias. Não pode, sei lá, apenas cancelar? — a amiga perguntou com o pingo de esperança que lhe restava.
Naquele momento, negaria e diria que o namorado estava há uns dias em viagem por conta de seu projeto final da faculdade, que ele havia ido assistir algum tipo de simpósio sobre doenças do coração e que sentia falta dele, por isso aquele jantar seria importante.
Mas isso seria antes da mensagem que apareceria em seu celular segundos antes.
— Não será necessário! — disse, olhando o celular, enquanto entrava no quarto outra vez. — Ele cancelou primeiro.
— O quê? — perguntou confusa. — Mas vocês estão planejando se verem a semana toda, ele sabe o quanto você queria estar com ele assim que ele chegasse.
— Aparentemente, ele não se importa! — A garota riu descrente.
— Calma, vai ver ele só está cansado do voo. O que ele disse? — ela perguntou, se sentando na cama junto da amiga. — Oh.
apenas conseguiu olhar para a amiga, preocupada.
— Quem manda uma mensagem de última hora dizendo que não está com clima para ver a própria namorada que não vê há dias? — perguntou.
A pergunta foi mais retórica do que realmente uma pergunta séria. Na realidade, ela estava tentando lidar com aquela nova personalidade dele desde que o homem começou com os plantões no hospital. Ela entendia que a vida de um estudante de medicina era complicada e corrida, mas se ela arranjava tempo para ele mesmo com seus trabalhos acumulados da faculdade de cinema que cursava, então ele poderia fazer o mesmo por ela, certo?
Eles eram namorados, mas, antes disso, foram amigos de infância e sempre arranjaram tempo um para o outro.
— Esquece isso! — disse, se levantando e segurando a mão da amiga. — Vamos, põe uma roupa mais confortável e uma cara animada nesse rosto que iremos aproveitar nosso último dia de verão.
— Senhorita ? — uma voz surgiu de trás de , a assustando, já que ela olhava admirada ao redor.
— Sim? — Ela tirou seus óculos e olhou confusa o rapaz à sua frente. — ?
, seu companheiro naquela viagem, enviado pela faculdade, sorriu ao ver que ela o olhava confuso.
— Eu vou ser sincera — ela começou dizendo. — Eu esperava um senhor de sessenta anos no mínimo.
— Que bom que pude surpreendê-la — ele disse, rindo da sinceridade dela. — Aqui, deixe-me ajudá-la — disse, pegando as malas da mulher e colocando na parte de trás do carro.
Honolulu não era o que esperava, era melhor, bem melhor!
— Esse lugar é outro mundo! — ela comentou, baixando sua janela do carro. — Definitivamente, nunca pensei que conheceria um lugar assim.
— Se não se importa em responder, mas por que escolheu o Havaí como seu lugar para fazer seu último semestre na faculdade? — perguntou curioso. — Ouvi dizer que a senhorita é muito requisitada a trabalho por lugares, como New York, Paris e outros, então por que Honolulu?
— Porque era o lugar que ele queria conhecer com ela — ela disse baixo e rindo para si mesma.
— Como? — Ele, por alguns segundos, tirou a atenção da estrada para olhá-la.
— Porque Honolulu é um lugar incrível para se reencontrar. — Ela sorriu para ele. — Digo, você viu esse mar? Ah... — Ela riu ao perceber o que tinha dito. — Você vive aqui, é lógico que vê essa preciosidade todos os dias.
— Não te julgo. — Ele riu. — Quer dizer, eu entendo como a beleza desse lugar atrai as pessoas.
— Pode ter certeza de que sim! — ela respondeu, sorrindo.
Último Verão, 2019
— Não, é sério! — disse, rindo alto. — Eu realmente entrei na faculdade mais cedo, mas esperei o ano seguinte apenas para poder ser novata junto ao . Todo mundo sabe como ele tem medo de começos.
— É por isso que ele ainda não te pediu em casamento? — Uma das garotas juntas a elas, uma a qual não conhecia, perguntou de forma inocente.
— Pergunta sem noção, Janet, pelo amor de Deus — disse, repreendendo a garota.
— Não, . — riu com a situação. — Tudo bem!
— Eu sou uma romântica incurável, acredito que o pedido virá logo — disse animada. — Já conversamos sobre isso antes e decidimos que ele faria quando se sentisse pronto e estável financeiramente, mas ele anda um pouco esquisito ultimamente, acho que está tramando al… — A fala de cessou imediatamente, assim que ela pareceu avistar algo atrás do grupo de amigas. — Com licença.
atravessou o grupinho e passou diretamente para dentro do restaurante que e ela deveriam ter jantado naquele dia, parando imediatamente a alguns passos da mesa que supostamente deveria ser a deles, já que sempre que iam ali e se sentavam nela.
— Filho da…
— ? — disse, alcançando a amiga ofegante. — O que acontec... Oh.
— Você tá vendo o mesmo que eu, certo? — ela perguntou e a amiga balançou a cabeça positivamente, já com uma expressão alternada entre raiva e tristeza, afinal, , assim como todos seus amigos, eram amigos de .
— Eu não acredito. Deve ser alguma reunião de, sei lá, amigos de turno talvez? — tentou ver outra alternativa, melhorar a situação, mas ela sabia que não se tratava daquilo.
— Sério? — perguntou descrente com o que a amiga havia dito, fazendo com que ela apenas sacudisse os ombros, sem ter o que dizer. — Eu duvido que uma amiga de turno ganharia um jantar com um Chardonnay.
— De onde esse sem noção tirou dinheiro para comprar um Chardonnay? Ele sequer compra um doce na loja de conveniência quando eu peço, mão de vaca traidor — disse brava.
— Pode ter certeza de que desse Chardonnay ele vai aproveitar até a última gota. — saiu de trás do pilar que havia se escondido com e foi em direção à mesa.
Mesmo que tentasse segurá-la, ela sabia que não funcionaria e, de qualquer forma, achava que ele mereceria depois de vê-lo beijar a loira com quem estava acompanhado.
pegou o vinho de uma das bandejas próximas que viu o garçom deixar e o levou consigo para a mesa.
— O senhor desejaria mais vinho? — ela perguntou, assim que se aproximou.
sequer interrompeu o beijo para olhá-la, ele nem mesmo reconheceu sua voz.
— Não, obrigado! — ele disse abafado pela boca da garota. — Nós iremos para Honolulu nas próximas férias. Só você, eu e nosso amor.
— Seu copo parece vazio, acho que você deveria aproveitar um pouco mais do seu Chardonnay — ela disse mais uma vez.
E despejou todo o líquido sem dó alguma no rapaz, que se levantou rapidamente, sentindo o líquido correr por todo seu corpo. A garota estava assustada com a situação e com um olhar um pouco mais arrogante do que gostaria, porque aquilo indicava que ela não sabia sobre a relação dos dois.
— Li-? — ele perguntou com pavor em sua voz, ambas puderam notar, já que riu em desprezo por conhecê-lo tão bem e a loira à sua frente olhou confusa para ele.
— Espero que tenha aproveitado o seu presente de boas-vindas do simpósio. — riu. — Eu tinha outros planos, mas ele foi o melhor de todos, sem dúvidas. Aposto que o Chardonnay estava ótimo.
— Não, espera, eu precisava de uma distração, eu... — Antes que dissesse mais alguma coisa, ela o interrompeu, se virando em direção à loira, que assistia tudo com o olhar perdido.
— Não perca seu tempo, ele não vale a pena! — ela disse para a garota. — Se ele tratou uma relação de 10 anos dessa forma, imagina o que ele não faria com uma que começa dessa maneira? Eu não vou te culpar por isso porque não te conheço, mas se você insistir no erro, vai ser problema seu, eu avisei.
Ela, no final das contas, sabia que descontar na outra ali presente não ajudaria ou faria a diferença em nada, afinal, o único culpado, até onde ela sabia, era e não a garota, não iria culpá-la pela falta de consideração e canalhice dele.
— Você não vai culpá-la — disse, se aproximando com um copo cheio de vinho na mão —, mas eu vou.
A amiga jogou o líquido na garota, não deixando nada para contar história e isso incluiu o vestido branco que a garota usava.
— Você vai ter sorte se um dia nós voltarmos a falar com você — disse para , antes de sair do local com .
A realidade de toda a viagem era que precisava se livrar daquela carga negativa que trazia em si por meses desde o dramático término. Afinal, ela havia imaginado e traçado um caminho que nunca havia pensado ser sem . Realmente, depois de perceber que sua vida havia estagnado por conta dele, ela se reergueu e por isso estava onde estava.
— Qual a programação de hoje? — ela perguntou, deixando suas coisas sobre a mesa, esperando uma resposta desanimada do amigo.
— Você está livre hoje — ele disse. — O que praticamente é um milagre, já que você se mantém ocupada todos os dias há cinco meses. Aliás, feliz cinco meses no Havaí.
colocou um bolinho na mesa com uma pequena vela em cima da mesa.
— Apesar de você ser bem mais Havaiana em cinco meses do que eu mesmo, que vivi toda minha vida aqui, o que é estranho — ele disse, rindo —, merece uma comemoração.
— Não vou ao Luau — ela respondeu, enquanto mexia em sua bolsa. — Da última vez já foi um completo desastre quando me colocaram com as dançarinas.
— Foi fofo, qual é — ele disse, rindo. — É normal alguém não saber mexer bem os quadris. É bom, isso prova que você não é tão Havaiana assim.
— Engraçadinho! — respondeu, rindo. — Bom, já que estou livre hoje, vou aproveitar para meditar um pouco na praia.
— “Namakaokahai” deve estar cansada de escutar seus pensamentos tão altos quanto um alto falante. Se ela falasse com você, com certeza diria que você precisa relaxar um pouco. — piscou para ela antes de sair do quarto. — O Luau começa às oito, caso você queira saber.
— Não quero! — ela gritou de volta a ele.
— Tarde demais! — Pôde escutá-lo rindo do lado de fora do dormitório.
não havia voltado, como prometeu a sua família e amigos. O Havaí tinha algo que ela não sabia explicar, era um efeito extraordinário dentro de si, então decidiu ficar o quanto pudesse. Claro que não foi fácil convencer a todos, mas ainda assim o fez, e, com isso, todas as manhãs via o sol nascer de frente para o mar enquanto meditava. Passar por um término como o dela e de talvez não fosse algo tão grande para algumas pessoas, mas foi para ela. Foi algo grande que mudou sua forma de pensar e ver muitas coisas.
Ela descobriu que não precisava de alguém necessariamente para estar em um lugar como aquele. Que, se quisesse ir, ela podia, porque se permitia.
E pensava nisso todos os dias quando olhava a profundidade do mar. Era óbvio que seria legal ter alguém ali com ela, mas também era legal estar ali por conta própria, afinal, tinha a si mesma e sua própria companhia era a melhor que poderia ter arranjado.
Nada a substituía, nada substituía aquele momento.
— Você veio! — disse animado, assim que viu chegar ao local.
— Apenas pela comida — ela respondeu, rindo. — Ouvi dizer que Kimi cozinharia hoje, eu não poderia perder a oportunidade de comer o precioso Musubi que ela faz.
— Você tem certeza de que não nasceu em Honolulu? — perguntou brincando.
— Quem dera!
FIM
Nota da autora: Acho essa é uma das minhas primeiras histórias sem um romance real e fruru hahaha. Eu sinceramente fiquei um pouco na dúvida de como fazer com que esse plot fluísse, mas, no final, eu acabei gostando do resultado. Acho que são situações que todos estão sujeitos a passar e a nossa pp — assim como na música — veio para mostrar que podemos sempre superar qualquer coisa, assim como também esperar qualquer coisa. Tudo vem no seu tempo e para melhor. No final, cabe a nós a decisão de ver como algo positivo. Não quis deixar que as coisas fossem muito rápidas na história da nossa pp justamente porque, para mim, o processo de cura interna de situações que realmente a deixaram mal era o mais importante. Espero que tenham visto esse ponto de vista também. Enfim, se você leu até aqui e gostou, obrigada! Espero que você saiba o quão importante é para mim.
Não esqueça de deixar seu comentário no link da caixinha de perguntas para eu saber seu ponto de vista também.
Xoxo Caleonis
Nota da beta: Minha gente, que pisão foi esse? Eu amei essa abordagem. A pp colocando o pp escroto no lugar dele em uma cena icônica, superando e ficando bela e plena em Honolulu.
Arrasou, Caleonis! Amei demais essa fic! ♥
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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Xoxo Caleonis
Nota da beta: Minha gente, que pisão foi esse? Eu amei essa abordagem. A pp colocando o pp escroto no lugar dele em uma cena icônica, superando e ficando bela e plena em Honolulu.
Arrasou, Caleonis! Amei demais essa fic! ♥
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