FFOBS - 08. Taken, por Maria Helena


08. Taken

Postada em: 30/10/2015

Capítulo Único

Stranbourgh - Londres

A porta do banheiro fora empurrada com violência. As mãos bobas não paravam. Aula de Ciência Política nunca fora tão boa. Na hora que entraram na cabine, null trancou a porta e null já tirou a camisa do uniforme deixando seus seios a mostra. A mordida que null deu no lábio fora suficiente para que null voltasse a agarrá-lo.
As mãos do garoto subiram pelas pernas da menina levantando sua saia. Enquanto null tirava a camisa de null, esse não parava de beijá-la o pescoço. Ah! Que sensação boa.

*****


Quando o sinal do final da aula finalmente bateu, a quantidade de alunos nos corredores da faculdade era imensa. Todo mundo ali pensava a mesma coisa: "TGIF*" assim como se estivessem em um clipe da Katy Perry. null e suas duas amigas, null e null, corriam para o estacionamento da faculdade esperar os garotos - null, null e null - para confirmar os planos para o fim semana.
Não que já não estivesse encaminhado. null e null iriam para a casa dele provavelmente curtir um ao outro e outras coisinhas mais. null e null iriam para a casa dela, ou para um cinema ou qualquer lugar que também poderiam passar suas mãos bobas no corpo um do outro sem que ninguém visse. Sobre null e null? Ah esses aí iriam fazer qualquer coisa menos ficar juntos.
- Eu só não sei porque a gente tem que ficar aqui esperando esses meninos que nem três vadias loucas. Eles devem estar cantando qualquer piranha pelos corredores desse lugar, minha gente! - null falava irritada.
Era sempre a mesma coisa. Toda sexta-feira. As meninas passaram a achar graça, depois de um tempo, de toda essa irritação que null tinha em relação aos meninos. Especialmente em relação a null.
- null, eles que se danem. Tem coisa bem melhor do que eles olhando pra gente do lado daquela caminhonete azul. - null apontou para a caminhonete e as amigas logo abriram um sorriso para os garotos do time de rúgbi da faculdade.
- A gente só precisa confirmar se a festinha vai rolar mesmo. E se eles não puderem ir, talvez o time de rúgbi aceite. - Dessa vez foi null que resolveu se pronunciar enquanto sorria para o garoto loiro ao lado da caminhonete azul. - Que pena estragar os planos de vocês, garotas. - A voz de null tomou a rodinha das meninas que foram obrigadas a parar de flertar com os jogadores. - Nós vamos na festa com vocês.

- Merda! - null exclamou. - Logo agora que eu comecei a me interessar no moreno?
null só revirou os olhos e abraçou a garota por trás. Enquanto os amigos riam ele cochichou no ouvido dela: "Aposto que o moreno não te faz suspirar do jeito que eu faço."
null sorriu com o canto da boca, coisa que só null percebeu e com isso o garoto voltou a ter o sorriso convencido e irônico no canto dos lábios.
- Seguinte. - null bateu palmas chamado a atenção de todos. Parte porque não gostou da ideia de null estar se engraçando com null. Parte porque ficou com ciúmes do jogador moreno. - A festa vai rolar sim, e se reclamarem vai ter duas!
Os garotos começaram um coro de "yeaaah" e as meninas apenas riram das palhaçadas que os meninos ali com elas faziam.
- Tá bom, mas olha só, todo mundo aqui já tem um par... - null falou. - Menos euzinha, então fiquem aí com esses bofes nojentos de vocês e me invejem porque o de olhos verdes do time de rúgbi é meu, amores.
null saiu da roda de amigos e fora em direção à caminhonete azul. Em poucos segundos o tal do garoto de olhos verdes já a envolvia pela cintura. Aquele já estava no papo.
- Fico impressionada com a agilidade dela! - null se pronunciou.
null apenas concordou com a cabeça, mas fora null quem interferiu.
- Você pode até tentar passar umas cantadas em mim, mas já vou avisando... Eu sou difícil. - null falou tirando sarro da posição que null/peguete/namorada se encontrava.
A garota olhou o menino de cima a baixo e apenas replicou:
- Querido, mais fácil que você, só pegar gripe.
As risadas tomaram conta da roda de amigos ali. null puxou null pela cintura e sussurrou em seu ouvido: "Mas bem que você gosta."
Ao contrário de null, não houve sorrisos discretos nos lábios de null. Mas null sabia que quando a festa chegasse, ela o recompensaria da melhor forma. Uma pena seria se ele quisesse ser recompensado por outra pessoa.
- Jesus Cristo, tô cercado de casal meloso. E como eu - null apontou para si - sou a vela, é melhor ir atrás do meu par pra festa de hoje. Adeus.
Sem dizer mais nada, o garoto saiu deixando os dois casais ali, rindo, se divertindo e logo em seguida indo para suas casas para fazerem qualquer coisa, ou muitas coisas até o final daquela sexta, quando realmente a festa começaria.

*****


Quando a noite finalmente chegou, os dois casais - null e null, null e null - chegaram à tal festa que acontecia na casa de null, um dos - acredite ou não - jogadores do time de rúgbi.
null chegou com o garoto de olhos verdes, que agora todos sabiam que se chamava null. Não muito depois, fora a vez de null chegar com uma ruiva peituda que usava um vestido mínimo e tinha voz irritante. Rebeca era seu nome.
Conforme a festa passava, cada vez mais, alguém se perdia no meio da multidão dançante. Primeiro, claro, fora null e seu jogador dos sonhos, null. Em seguida null junto com sua ruiva peituda. Deixando de lado apenas os dois casais.
- Eu vou pegar outra bebida. - null se levantou depois de ficar mais de quinze minutos rindo de algo bobo que null havia dito.
null dormia tranquilamente no braço do sofá em que estavam sentados. E null? Ah, null nunca havia se sentido tão entediada numa festa. Quando viu que null tinha saído, encontrou a oportunidade perfeita para sair da zona de tédio em que se encontrava.
- Vamos dançar? - Perguntou a loira para null.
- Dançar? Você sabe que eu odeio dançar. Você quem devia dançar para mim, vadia. - null respondeu de maneira bruta. null odiava aquilo. Todas as vezes que null bebia ele se transformava num completo babaca.
A garota optou por ignorar os insultos do namorado. Fora quando avistou null vindo da cozinha e passando no emaranhado de pessoas que estavam espalhadas no meio da sala de estar de null.
- Ok, não tem necessidade mesmo. Eu chamo o null.
- Vai na paz, piranha! - null gritou vendo null se afastar.
A única vontade da garota era voltar para lá e estapeá-lo, mas ela sabia que assim que levasse null para o meio da pista de dança toda a raiva que sentia seria extravasada e de maneira muito melhor.
Quando null chegou perto dos sofás que os amigos estavam conversando fora impedido por null tirando de sua mão as bebidas que trazia e colocando-as em um aparador que havia por ali.
- Você, eu, pista de dança, anda.
Do mesmo jeito mandão de sempre que só ela possuía, puxou o garoto pela mão.
null sabia o que estava por vir e não podia deixar de se sentir muito feliz por aquilo. Ele amava cada escapada que ele e null tinham.

Enquanto Applause começava a tocar na casa, null não podia deixar de se sentir excitado pelo que estava acontecendo ali no meio daquela pista de dança.
O jeito que null se movia contra ele o deixava doido e ele não conseguia sequer se controlar. Apenas sentia a garota contra si e acompanhava os movimentos.
Não demorou muito para a garota que antes dançava de costas para ele virar e colocar o braço ao redor de seu pescoço. null se aproximou do ouvido do amigo e sussurrou algo sem o mínimo de sentido para null. O garoto apenas concordou. Logo em seguida, da mesma forma mandona que a menina teve na hora de puxá-lo para dançar, ela puxou pelas escadas da casa do jogador de rúgbi. A primeira porta aberta do corredor dava para um banheiro. A principio null pensou: "Por favor, sou uma dama, não fico com ninguém no banheiro." Mas aí ela se lembrou do que aconteceu entre ela e null semanas atrás no banheiro da faculdade e deletou o pensamento da cabeça.
Como havia acontecido semanas atrás, null trancou a porta atrás de si e puxou null para perto. Suas bocas procuravam um meio de matar a falta que tiveram uma da outra nas últimas semanas. Era como se nunca tivessem se beijado e agora encontrado o amor certo.
As mãos de ambos exploravam cada parte do corpo um do outro. Era como se precisassem daquilo. Como se cada toque os trouxessem à vida novamente. O pior de tudo aquilo era que não sentiam remorso do que estava acontecendo. Quem olhava por fora apenas os julgavam como infiéis. Se estivessem no corpo deles, os julgariam como fiéis, fiéis ao amor.
O fim daquela brincadeira, tanto para null como para null, não precisa ser citado neste relato.

Abaixo do banheiro em que encontrava-se null e null, um casal se formava. A carência de serem deixados por seus pares provocou aquilo e naquele momento eles não se arrependiam de nada do que estavam fazendo. Veja bem, naquele momento.

*****


null acordou numa cama que não era sua, numa casa conhecida, mas que também não era sua. O analgésico e o bilhete no criado mudo, ao lado da cama, a fez lembrar de seus atos consequentemente inconsequentes da noite passada. Do toque de null e do jeito de null de falar.
Quando a raiva começou a subir pelo seu corpo, null balançou a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos, o que só agravou mais a dor de cabeça, e pegou finalmente o analgésico engolindo sem mesmo tomar água.
Sentou-se na cama e viu tudo girar. Realmente, null estava mal. Quando todos os mal jeitos passaram, a garota se levantou. O pijama de bichinhos que usava denunciava que estava na casa de null.
Quando null chegou à cozinha, percebeu que ali encontrava-se apenas null devidamente vestida - ao contrário da amiga - e preparando o café da manhã. - Bom dia, flor do dia! - null desejou colocando torradas na mesa.
- Bom dia, Ems. Cadê seus pais? - null perguntou interessada.
- Saíram cedo. Acho que iam passear de barco com o meu tio. - null falou servindo-se do suco de laranja que estava na mesa.
- Eu não tenho ideia do que aconteceu ontem. - null confessou. Tudo bem, era, em parte, mentira. Ela se lembrava de cada segundo que passou com null e também lembrava do jeito que null fora otário com ela, assim como era todas as vezes que ele bebia.
- Bom, o null me contou que você chamou ele pra dançar, eu acredito que tenha sido porque o null fora um babaca contigo. Mas isso são só suspeitas, esperava que você me confirmasse isso. - null falou de maneira cordial. Sabia que se tocasse neste assunto null ficaria frágil. null sempre fora o ponto fraco da loira.
- Foi, eu me lembro dele me chamando de vadia e falando que eu deveria ter dançado para ele. - null, ao terminar, abaixou a cabeça. Ela se sentia constrangida. Por que diabos o namorado dela não podia ser legal com ela, assim como null era para null, ou até mesmo, null era para suas putinhas de cada noite? O que havia errado com ela? - E depois disso? Como eu vim parar na sua casa?
- Bom, o null falou que você saiu correndo dele no meio da pista de dança, ele te achou um tempão depois. Tanto que já era praticamente cinco horas da manhã quando ele chegou na sala com você no colo falando que tinha te encontrado desmaiada.
- CREDO! - null se espantou. - E vocês não me levaram para o hospital?
- Qual é null, você estava completamente bêbada. Tanto que esse teu desmaio sarou a hora que entrou no carro. Você se sentou e gritou "me fode mais null".
null ficou espantada. Não podia acreditar no que acabara de escutar. Puta que pariu.
- Ma...Ma...Mas...
- Relaxa - null continuou. - O null caiu num ataque de riso tão grande no carro. Você tinha que ter visto, na realidade todo mundo caiu.
- Qual foi a reação do null? - null perguntou interessada.
- Hum, pra falar a verdade... - null pigarreou. - null não estava com a gente na hora que nós te trouxemos para cá. Você veio comigo e o null. Ele deixou a gente aqui e depois foi para a casa dele.
- Ah, claro.
Mais uma vez, null não conseguia esconder o quão irritada estava pelo namorado. Depois que ela saíra com null ele simplesmente passou a fingir que ela não existia? Que tipo de pessoa null namorava?

Depois do café da manhã null juntou suas roupas sujas e emprestou de null um óculos de sol e um vestido. Chamou um táxi e dirigiu-se para casa, onde pretendia passar o resto do dia com todas as cortinas de seu quarto fechadas e enfiada embaixo das cobertas escutando músicas que retratassem o quão bosta estava o seu relacionamento com null.
Quando chegou em casa, null começou a tirar a roupa emprestada para botar a própria e trancou-se na escuridão de seu quarto. Ao colocar-se em baixo de suas cobertas seu celular, infelizmente, começou a tocar. O nome de null apareceu na tela e null soube o que vinha a partir dali. O que ela precisou implorar para seu namorado noite passada vinha de livre e espontânea vontade de null. Carinho.
- Alô - A garota falou ao atender a ligação.
- Continua querendo que eu te foda, princesa?
- Vai se foder, null. - null soltou um riso logo em seguida. Aquilo era no mínimo bizarro. Por pouco não haviam sido descobertos.
- Eu soube que o null foi um babaca ontem. - O tom de brincalhão de null acabou ficando sério no telefone provocando calafrios em null, do outro lado da linha.
- Foi. Eu só pedi pra ele dançar comigo, e bom... O resto da história você já sabe.
- Tenho que admitir que adoro ser sua segunda opção. - Ai null, para de falar merda. Pelo amor de Deus. Eu não estou para o seu humorzinho negro, não.
- Ok, não está mais aqui quem falou. Mas escuta, você está afim de ver qualquer filme do Homem de Ferro com muita pipoca?
- Você sabe que eu sempre estou no humor pra Homem de Ferro. - Ótimo, então desce aqui e abre a porta, porque se a sua mãe abrir a gente vai ter que chamar toda a galera pra disfarçar.
null deu um riso anasalado e desligou o telefone. Ela tinha tanta sorte por ter null. Por que diabos continuava com aquele troglodita do null?

- Onde sua namorada acha que você está? - null perguntou depois que o primeiro filme do Homem de Ferro terminou.
- Ela acha que eu tive que sair com os meus pais.
- Você é realmente um cafajeste, null.
- Ô Hipocriane, isso não pode não. Não esqueça que a boca que eu beijei noite passada foi a sua, tá? Que beija o meu melhor amigo todos os dias.
- Acho que nenhum de nós presta.
- Realmente... - null abriu os braços para null sentar-se ao seu lado. - Nenhum mesmo. Mas se isso me levar para o inferno, pelo menos você estará lá comigo.
O silêncio se instalou ali. null estava feliz por estar com alguém que a tratasse da forma que merecia e null estava feliz por estar com alguém que demonstrava o quanto o amava.
- null... - null o chamou fazendo manha com a voz. null sabia o que viria a seguir.
- Fala, princesa.
- Por que mesmo que a gente não se assume de vez e manda esses amores bosta tomar no cu?
- Porque a gente é tão bosta quanto eles, e apesar de serem dois cornos mansos nós sabemos que não conseguiríamos viver sem eles.
Aquilo atingiu null na mesma intensidade de um tiro no meio de seu peito. - Você acha que não conseguiria viver sem null? - null perguntou se sentando de forma ereta.
- O que você quer dizer com isso? - O garoto perguntou sem saber onde a amante queria chegar.
- Eu... - null procurava maneiras de dizer aquilo sem machucá-lo, sem precipitar as coisas e muito menos o afastar. - Eu só quero dizer que eu não aguento mais nenhum dia ao lado do null. Eu daria tudo, absolutamente tudo para estar ao seu lado sem ficar se escondendo, sem ficar fingindo que a gente não morre de ciúmes um do outro quando vê beijando outras pessoas. Eu quero você, null.
- A gente perderia todas as nossas amizades, null. Ninguém mais olharia para a gente... Talvez você esteja se precipitando.
- Eu não me importo com ninguém, nenhum deles, se eu tiver você null. Se eles forem amigos de verdade, irão entender que o que tem entre a gente é bem maior do que tudo isso.
Neste momento, o celular de null começou a tocar novamente. A foto dela abraçada a null e a palavra Amor seguida de um coração estavam na tela. A garota pegou o celular em suas mãos e apertou o botão de recusar chamadas enquanto olhava diretamente no rosto de null.
Assim que desligou o telefone esta voltou aos braços do amigo, o deixando pensativo sobre tudo o que haviam acabado de conversar.
null sempre concordara em deixar o relacionamento dos dois em segredo, talvez null tenha levado a garota ao seu limite com suas grosserias e estupidez na última noite.

*****


Já era domingo de tarde quando null chegou à casa de null. A garota acabara de voltar de sua corrida diária e chegava em casa tirando os fones de ouvido quando se deparou com o - até então - namorado sentado no sofá da sala de estar.
- Jesus Cristo é pai! - null exclamou quando viu o garoto sentado no sofá, como se fosse uma assombração.
Na mão direita segurava um buquê de rosas e na esquerda uma caixa de bombons, mais clichê impossível.
- null...
- Não null, não me vem com null, não tô com saco pra te aturar.
- null, me deixa explicar...
null estava uma montanha-russa emocional. A única coisa que ela queria naquele momento era chutar o saco de null e mais uma vez ir para seu quarto, mas ela sabia, sabia que uma hora ou outra teria que enfrentar tudo aquilo e enfrentar tudo com a cabeça erguida. Chega de fugir dos problemas, null. Chega.
- Explica, então.
null congelou por alguns segundos, talvez não estivesse esperando essa resposta da namorada. Apenas quando null estalou os dedos na frente do seu rosto o garoto voltou a falar.
- Eu sei que eu tenho sido um imbecil, e eu geralmente fico pior quando bebo... - Pior? Meu Deus, você não fica pior, null. Você fica irreconhecível! - null falou já aumentando o volume da voz.
null apenas baixou a cabeça. Ele sabia que estava errado. Estava disposto a mudar e se era pra mudar, que fosse com null ao seu lado.
- null, eu perco o controle. Por favor, me dê mais uma chance de provar que eu mereço você e que vou cuidar de você sempre que precisar.
null não poderia falar que sabia como agir depois daquilo, porque estaria mentindo. Ela e null tinham uma história. Ela sabia que não podia jogar essa história ao vento. Mas estava tão cansada de ser maltratada. Tudo bem que o garoto tinha seus dias de fofura, um deles fora sexta-feira. O garoto estava realmente um amor.
- Eu não posso continuar sofrendo por você, null. Eu tô cansada. - A voz de null agora era mais compreensiva do que acusatória. - Eu quero um relacionamento tão bom quanto os das minhas amigas, - null, neste momento já não controlava as lágrimas que escorriam por seu rosto. - mas na maioria das vezes elas estão felizes e eu chorando por você. Por suas grosserias, eu não aguento mais.
null puxou a namorada para perto e abraçou-a.
- Me perdoa. - Sussurrou no ouvido da namorada. - Eu sou tão burro por... Por colocar tudo a perder contigo. Tenho tanta sorte em te ter, null.
Abraçados, null e null, sentaram-se no sofá e ficaram ali. Não fora fácil para null perdoar null, mas ali, naquele momento, null se sentiu segura nos braços dele como não se sentia há anos.

*****


Na segunda-feira de manhã null, null e null se encaminhavam para a aula de Economia Política, o assunto que circulava ali, claro, era sobre a festa do último fim de semana.
- Além de gato tem pegada. - null falava a respeito de null, jogador com quem ela havia ficado na festa.
- Eu juro que um dia eu quero aprender essas tuas gírias de macho. - null falou tirando sarro da amiga.
null deu a língua, mas logo continuou:
- Mas o que interessa, é que nessa festa não fui eu quem fez a pior gafe, não é mesmo dona null?
- Gafe? Que gafe? - null se fazia de desentendida.
null, logo caiu na risada. A garota não podia lembrar do grito que null deu naquele carro que já começava a gargalhar como uma hiena.
- Sério, parem. - null pedia. - Esse tipo de coisa não se faz.
null soltou um riso, mas no momento seguinte era dona de um olhar penetrante, quase assustador. O tom de voz da menina também mudou de sua voz de brincadeiras para o sério. A junção dos dois apenas deixava null encucada.
- E sobre o null? - null se pronunciou depois de um tempo de silêncio. Esse era o jeito null de começar uma conversa. Nada intimidador.
null soltou todo o ar que havia em seus pulmões. Era difícil falar de null. Era mais difícil ainda falar de null e de toda a briga depois que o garoto pedira desculpas para ela.
- Bom, ontem ele foi lá em casa e pediu desculpas. Ele falou que está tentando melhorar, mas ele tem recaídas e disse que na festa fora uma delas.
- Como você se sente sobre isso? - null perguntou cautelosa.
- Eu não sinto. - null respondeu quando viraram o corredor que dava para as salas de aula do curso de Direito. - Eu levo. Vocês sabem que eu e null temos uma história muito longa para acabar por esses assuntos mal resolvidos.
As garotas concordaram. Era pura verdade. null e null haviam saído da barriga de suas mães namorando. Desde pequenos o casal da escola era os dois. Na Educação Infantil os dois foram os primeiros a andar de mãos dadas por aí. Quando chegaram ao Ensino Fundamental, ao contrario de outros meninos, null nunca virou a cara para null e sempre que achava alguma flor, dava para a menina. No Ensino Médio, as coisas não mudaram muito. Foram inúmeras as vezes que o casal ganhou como rei e rainha do baile. Todas as meninas queriam ter a sorte que null tinha de tê-lo ao seu lado.
As meninas não sabiam o que falar para null. Sabiam que a amiga estava certa. Não tinham conselho algum, ou recomendação. Em vez de darem suas opiniões, preferiram apenas ficar quietas. Logo chegaram na sala, avistaram logo os garotos acenando para elas. null fazia algumas insinuações sexuais para null que apenas dava o dedo do meio.
O professor chegou logo em seguida. Os alunos, então, começaram a se comportar como sérios estudantes do curso de Direito.

null anotava algumas coisas no caderno quando uma bolinha de papel caiu em sua mesa. Ao desamassar pode ver a mensagem:

"Quer dar uma escapada?"

Ela sabia que se tratava de null. Ela gostaria, com certeza, de fugir daquela aula chata. Estar na presença de null era sempre maravilhoso. Mas naquele momento ela não podia e não precisava. Estava na hora de colocar a cabeça no lugar em relação a null, e quanto menos ela envolvesse null nessa história, melhor.
null com seu sorriso sacana do outro lado da sala observava null. A menina leu como se aquilo não fosse nada demais e amassou o papel novamente. Se levantou e jogo-o no lixo.
null estava, no mínimo, chateado. Algo muito importante deveria ter acontecido para null recusá-lo daquela maneira. Ela nem ao menos olhou em seu rosto. Quando a aula acabasse, null tiraria aquilo a limpo.

Era no mínimo a quinta vez que null ensaiava a apresentação de seu trabalho sobre Direito do Trabalho. Aquilo era um saco. Mas ela havia saído de algumas aulas para estar com null e agora tinha que correr atrás das notas que perderia na prova por não saber o conteúdo.
Seu celular começou a tocar e null se jogou na cama relaxando um pouco.
- Alô? - Falou.
- E aí, princesa? - null falava de sua maneira alegre de sempre no outro lado da linha.
- Oi. - null respondeu de sua maneira preocupada em relação ao garoto.
- Tá tudo bem? - null perguntou preocupado. Preocupado pelo jeito que null falava com ele agora no telefone. Preocupado por que ela tinha recusado seu bilhete mais cedo.
- Tá sim. Foi só... Ah, você sabe.
- Outra briga com null? - null bateria em null pelo jeito que o cara tratava a namorada, só não batia porque sabia que acabaria entregando tanto ele, como null.
- É.
- Quer que eu bata nele?
- Dessa vez não é exatamente a briga o problema.
- Qual é então?
- Eu tô cansada dele. Dessas brigas. De tudo o que eu passo por ele. Ele nem me levou pra casa na festa do null. Sei lá, quero alguém que esteja comigo sempre que eu precisar e o null e eu crescemos, acho que nós não somos mais aquele casal do Ensino Fundamental.
- Relexa princesa, você sabe que quando precisar, você sempre vai me ter, não sabe?
null concordou. Ela sabia que por mais que sua relação com null fosse às escondidas sempre poderia contar com ele, tanto como amigo tanto como o perfeito amante que ele era.
Por alguns minutos os dois ficaram ali no silêncio apenas ouvindo a respiração um do outro, até que null resolveu, finalmente, quebrar o silêncio.
- Quer vir aqui?- Perguntou o garoto.
- Aqui onde?
- Aqui em casa, oras. Anda, se veste. Daqui dez minutos eu chego aí. Mal deu tempo de null responder e o garoto desligou. null pulou da cama e fora em busca de alguma roupa confortável. Arrumou as malas e na hora de se despedir dos pais falou que passaria a noite na casa de null. Quando saiu na porta, null a esperava do outro lado da rua encostado em seu carro. A garota o beijou e então entraram no carro.
Passaram mais uma noite juntos. Até quando essas escapadas durariam?

*****


Era uma sexta-feira, final das aulas daquela semana e mais uma vez o grupo de amigos se encontravam no estacionamento da faculdade para confirmar os planos para o fim de semana.
- É simples, minha gente... Eu tinha ficado com ele naquela festa semana passada e daí ele me apresentou esse amigo e eu acabei ficando com esse amigo dele essa semana, e aí o cara me chamou, né. - null falava a respeito da festa no iate de um amigo.
- E onde a gente entra nessa história? - null perguntava achando graça da biscateza da amiga.
- Vocês, meninas, entram de biquíni e vestido bem curtinho. Porque, eu - null abriu a bolsa e tirou de lá cinco envelopes verde-escuro com algum desenho no estilo grafite na frente - consegui convite para todo mundo. Então, obrigatoriamente, sábado de tarde, vamos para um iate, com esses trogloditas aqui - null apontou para os meninos - curtir o mar e afins.
null que estava atrás da menina arrancou um dos convites da mão dela e já se pronunciou:
- É bom esse cara ter amiga gata!
Um coro de riso fora solto no grupo. Existiam pessoas mais taradas que null e null? Talvez os dois não se aturassem por serem tão iguais.
- Mas e sexta de noite? - null se pronunciou atravessando o meio da roda para abraçar a namorada.
- Lá em casa! - Fora a vez de null se pronunciar.
- Cara, seus pais estarão em casa, eles nunca saem na sexta de noite, lembra? - null questionou.
- Na realidade, essa sexta-feira, eles estarão na Irlanda.
Isso fora mais que suficiente para que todos ali no grupo se olhassem de forma maliciosa. Todos sabiam o que viria naquela sexta.

- OUTRA! - null gritou colocando o copo na bancada e logo em seguida agarrando null que estava do seu lado. Se o resto das pessoas ali - menos null - não estivessem tão bêbados, ficariam constrangidos pelo ato de null. Run and Raybans tocava pela casa, o som vinha de algum quarto, mas os seis amigos ali não se importavam. Eis a situação que tinham dentro daquela casa: null se controlando para não beber, null bebia escandalosamente, null dormia no azulejo da cozinha - sempre fora meio fraco para bebida - e as meninas dançavam na sala.
Entre uma dose e outra de bebida null reparou no modo em que null olhava para null. Era o olhar mais terno possível e ao mesmo tempo, mais viado. null não conseguia aceitar a ideia de não ter null só para ele. Tudo bem, os dois sempre preferiram essa história de ficarem às escondidas, mas isso deixava de ser certo quando null magoava null e null não podia fazer nada.
- Bebe aí, cara. - null falou empurrando a garrafa para null.
- Não dessa vez. - null respondeu, finalmente desviando os olhos de null.
- Por que não? Quem vê pensa que nunca encheu a cara.
null apenas ignorou o amigo, sabia que null não estava muito sóbrio então se desse moral à conversa aquilo chegaria a um nível que ele não estava ne, um pouco afim de entrar, no entanto, null não deixou barato e nem deixaria. Não quando podia culpar a bebida.
- É por causa da null, não é? - null continuou o assunto.
null suspirou, ele conhecia o amigo e sabia que null não desistiria daquele assunto tão fácil.
- É - concordou.
- Cara, a tua mina tá ali na sala enchendo a cara, e você aqui querendo beber também e não pode porque não quer - null fez aspas com as mãos - se descontrolar.
- Cara, eu viro um babaca com ela quando bebo. Ela não merece isso. - Que lindo. - null debochou se levantando em seguida e saindo dali. O garoto sussurrou algo no ouvido de null, que deu uma risada e logo em seguida subiram as escadas.
null olhou novamente para a garrafa de vodka em cima da bancada que estava apoiado e mais uma vez para null. Deixou a garrafa de lado. Ele estava disposto a mudar. Pelo seu bem e pelo bem do relacionamento que tinha com aquela menina.

- Tá, mas eu posso ir aí ficar com você.
- Não precisa, null. Eu sei me virar. - null falava.
- Amor, você está doente e a sua namorada indo pra uma festa num iate. Isso tá no mínimo errado.
- Relaxa, null. Vai lá curtir e eu vou ficar aqui vendo De Volta para o Futuro, ok?
null não queria concordar, mas não contestaria, ela ainda teria null e uma festa magnífica. Por mais que ultimamente estivesse controlando-se para não ficar com null, o garoto era irresistível.
- Tudo bem, mas qualquer coisa me liga. Te amo.- null respondeu ao telefone, finalmente. Depois de ouvir um murmuro e um "te amo", resolveu desligar.
- null não vai - null avisou, descendo as escadas do quarto já arrumada para a festa.
- Que pena! - null se pronunciou sem tirar a atenção do seu celular.
- O que deu com ele, null? - null perguntou.
- Tá doente. Eu perguntei se ele queria que eu ficasse com ele, mas ele falou para ir curtir a festa.
- Isso, vai mesmo! Uhul! Agora anda, meu povo. - null desceu as escadas devidamente arrumada e já gritando com todo mundo. - Não temos o dia todo, não. null, pega essa chave e dirige, meu filho. - null jogou a chave para o amigo, que logo contestou.
- Tá achando que agora sou seu motorista particular, null? Dirige você. - null jogou a chave na menina novamente.
- Para de ser hipócrita, null. Você nem deixa ninguém dirigir aquele seu carro. Por que quer estar certo agora?
- Ei, não é qualquer carro, é um porsche.
Quando null viu que aquilo iria dar merda, ela mesmo pegou a chave das mãos do amigo e se pronunciou:
- Se ficarem brigando aí, eu vou dirigir e acredito que ninguém aqui quer isso. null olhou para null apavorado só de pensar em deixar null dirigir, o garoto correu pegar a chave. null, null e null começaram a sair da casa correndo, gritando algo sobre a festa no iate, e null aproveitou para dar um selinho em null.
- Nunca que eu te deixaria dirigir esse carro, princesa.
null ficou ofendida, mas sabia as intenções de null. Eles entrariam numa briga idiota sobre dirigir a droga do porsche e acabariam na cama, como sempre.
null pegou a bolsa e saiu, finalmente, da casa. Era hora de curtir.

Não fazia muito tempo desde que haviam saído de casa, chegado ao Iate Club da cidade e entrado no iate do amigo de null e a festa já rolava como se estivesse começado há tempos.
null, em menos de uma hora, pôde ver no mínimo uns vinte desconhecidos quase caindo no mar de tão bêbados. Aquele povo não sabia como curtir uma festa com classe.
Na cabeça de null a festa estava boa, ela dançou muito com as amigas, azarou alguns gatinhos, beijou null escondido das amigas algumas vezes, mas nada muito sério, porém, além de tudo parecia que faltava alguma coisa. Espantando os pensamentos que a levava de null para null e a confusão que havia se metido desde que entrara nessa brincadeira de ir para a cama com o melhor amigo do namorado, a garota resolveu ir ao bar.
Bebida. Era disso que ela precisava. Enquanto seus amigos estavam por aí vivendo sem arrependimentos, por que diabos ela se preocupava tanto com o que estava metida?
Uma dose de tequila.
Bebeu, pediu outra. Por que diabos ela não largava o namorado sem noção, que ela não apostava que mudaria, pelo melhor amigo?
Outra dose.
Se ficasse só com ele onde ia parar? A graça de toda aquela brincadeira era ter os dois, no final das contas.
Mais uma dose.
Mas se null realmente mudasse, não havia porque não deixar null. Ele só servia parar consolá-la, mesmo.
Quantas doses já haviam sido? Who cares?
Quando mais uma das músicas da Britney Spears começou a tocar null resolveu que era hora de parar de beber e dançar.
Não demorou muito para que alguém a agarrasse por trás, e naquele momento ela não ligava para nada. Se as amigas iriam ver? Se estaria traindo a confiança de null? Se null estaria olhando? Ninguém liga. Já tinha tempos desde que havia ficado solteira, estava na hora de tirar o atraso.
Fora quando conseguiu sentir o volume do garoto atrás de si que null virou-se e deu de cara com um dos jogadores do time de rugby. Arriscado, mas ela não estava nem aí. Se fosse null ou null a cabeça da menina só ficaria mais confusa do que já estava. Era hora de curtir um pouco. A garota empurrou o garoto para um lugar mais reservado no emaranhado de gente que havia naquele barco. O sorriso malicioso no rosto do menino só comprovou que ela precisava fazer aquilo, ali e naquele momento.

"Droga!" null pensava olhando para as bebidas alcóolicas e pegando um refrigerante. Não acreditava que aquilo estava acontecendo. Como suas amigas iriam olhar para ela? Por mais que ela tenha saído com alguns garotos, nenhum deles rolou, a não ser com ele. null a mataria por aquilo. Ela não queria ver como iria acabar. Simplesmente não queria.
Falando no diabo, null enquanto levava o copo de Diet Coke à boca conseguiu avistá-lo no meio da pista de dança. Naquele momento, tudo o que ela havia comido voltou para a boca e a garota saiu correndo para o banheiro. Ela ainda acabaria com a vida dele por ter acabado com a dela.

*****


Uma semana havia se passado depois da festa do iate. null continuava bebendo, porém dessa vez, pouco. O cara, agora, fazia null se alegrar de tê-lo ao seu lado cada dia mais. Porém, essa mudança toda talvez não fosse motivo suficiente para deixar null de lado. Entre uma bebida e outra, ou uma aula e outra os dois sempre tiravam um tempo para estar juntos.
Talvez por ser tão pouco tempo desde a mudança de null, ou por medo do namorado voltar a ser o que era, mas null sabia que não conseguiria deixar o amante tão fácil assim. Eles eram, talvez, mais que tudo isso. Talvez, até mais fortes do que null e null. null e null eram, no mínimo, inexplicáveis.
A segunda de manhã nunca é boa, mas quando se está em semana de provas na faculdade só fica pior. null, null, null, null e null talvez nunca tenham se arrependido tanto do porre como naquele fim de semana. Quando os seis amigos se encontraram no final das aulas no pátio para conversar todos pareciam cansados. null agradeceu por ter ficado doente e não ter ido ao tal barzinho no domingo.
- Mas o que vamos fazer agora? - null tentava convencer a galera a sair, mas não tinha jeito, todos ali pareciam muito ocupados com as provas para acompanhá-la ao shopping naquela tarde.
- Estudar? Se você não tem prova amanhã, não podemos fazer nada. - null respondeu voltando a baixar a cabeça sobre a mesa em que estavam.
- Bom, a gente vê isso mais tarde. Eu preciso ir para casa estudar. Não posso me dar mal nas provas como me dei nessa. - null falou se levantando.
- Eu te levo pra casa. - null já se pronunciou chamando a atenção de null, que fingia estar mais interessado no joguinho do celular.
O casal saiu do grupo de amigos se dirigindo para a Range Rover de null. O garoto correu na frente da namorada e abriu a porta do passageiro para ela. null ficou surpresa com o ato do namorado. Fazia tempo que ele não era carinhoso com ela. E pelo olhar brilhante e brincalhão que ele carregava nos olhos, tinha preparado algo.
Quando finalmente entrou no carro, null olhou sorridente para null e arrancou uma risada da mesma.
- O que foi? - A garota falou rindo.
- Preparei uma surpresa pra você. Toma - null deu a ela seu celular - liga para a sua casa e avisa que hoje você almoçará comigo.
null, sem tirar o sorriso do rosto, ligou e avisou. Quando chegaram à casa de null, null se perguntava o que diabos o garoto havia inventado.
- null, o que vamos fazer na sua casa? - null falava já saindo do carro.
- Eu ia abrir pra você, mas deixe. Bom, a gente... Quer saber? - null pegou na mão da menina e começou a puxa-la para dentro da casa.
Sem dizer mais nenhuma palavra os dois atravessaram a casa de null até chegar, finalmente, no jardim aonde uma toalha e uma cesta junto com duas taças de vinho os esperavam.
- null! Você que fez?
O rosto brincalhão do menino balançava de cima para baixo.
Naquele momento, null quis tê-lo para sempre. Só ele.
A garota olhou mais uma vez para a toalha estendida e voou no pescoço do garoto. Ele estava transformado, e aquilo estava de alguma maneira mexendo com ela.
As mãos de null pararam na cintura da menina, essa sorriu alegre durante o beijo e desejou que aquele momento fosse infinito para que nada, nem ninguém, os atrapalhasse.

*****


Depois da aula incansável de terça-Feira, as meninas se encontravam na casa de null. Todas jogadas pela sala, vendo o décimo episódio de The Vampire Diares daquela tarde. A Girls Afternoon In** ia muito bem.
Quando a mãe de null saiu do quarto, onde entrou só para deixar alguns biscoitos, o clima ficou pesado de repente e não era entre null e null. - Gente, eu preciso falar uma coisa pra vocês. - null falava olhando, ora para as meias de melancia, ora para as unhas descascadas.
- Ué, fala então. - null incentivou.
- Eu... - Mas null não conseguiu continuar, ela chorava como nunca havia chorado antes, totalmente desconsolada. Misturava-se naquele choro a angustia, a tristeza, mas apesar de tudo a felicidade.- Eu... Eu... - Fungava descontroladamente, vale lembrar. - Eu to grávida, gente.
- COMO, DIABOS, VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA, CLAIR? - null gritou, levando um tapa no braço logo em seguida de null.
- Estando! - null falava entre as lágrimas.
null, sentada do lado de null na cama dessa mesma, falou quase ternamente:
- Querida, você sabe quem é o pai, pelo menos?
- Se eu contar, vocês duas vão me matar.
- Lá vem... - null complementou e null deu mais uma fungada.
- O pai... - null tentava falar em meio ao choro. - O pai... O pai é o null.
- Como assim, o pai é o null? - null perguntou.
- Bom, teve aquela noite da festa na casa do time de rúgbi e mais algumas muitas outras vezes em que a gente deixava de lado nossos pares e fugíamos para ficarmos juntos.
- AI... MEU... DEUS! - null exclamou.
null e null não poderiam estar mais desacreditadas. Ninguém ali mais prestava atenção nas falas de Paul, Ian ou Nina Dobrev. Elas estavam horrorizadas, tanto pela amiga estar grávida como pelo pai da criança ser JUSTO null.
- Você já contou a ele? - null tentava ajudar.
- Não ainda. - null respondeu secando as lágrimas.
null mais que depressa correu pegar o telefone do criado mudo de null.
- Liga.
- O quê?! Tá doida, null? - null falou apavorada com o ato da amiga.
- Liga. Anda. Você não pode ficar assim e o null vai entender tudo isso. Ele não vai te deixar na mão, eu prometo.
null, carregada pelo impulso, tomou o telefone da mão de null e discou os números do celular de null. Quando o garoto atendeu, a menina não soube de onde deu coragem para responder.
- O que diabos eu fiz dessa vez, null?
- A gente precisa conversar. Vem na minha casa agora, null.
Antes que o garoto começasse a contestar ou ela soltasse o choro que segurava, resolveu desligar.
Logo em seguida, null e null resolveram voltar para suas respectivas casas a fim de deixar null e null á sós quando esse chegasse.

null chegou em casa já de noite, o dia quentinho a fez ficar mais feliz. A amiga passava por um problema MUITO grave, mas naquele momento ela estava feliz por ter um relacionamento tão bom com um namorado ótimo. A transformação de null a deixava cada vez mais feliz.
Deixando a bolsa em cima da cama de seu quarto e as sandálias na beirada da cama, null fora até a sacada de seu quarto, sentou-se na poltrona de bambu que havia ali e admirou aquela noite. Nunca fora tão grata por ter amigos ótimos e um namorado tão bom.
De repente, null veio à sua cabeça. O quão injusto com ambos era o que ela estava fazendo? E null? Oh, céus. Mas ela não ligava. Ela nem se importava. O que sentia era simplesmente nada. O mínimo de culpa por ficar com o melhor amigo do namorado ela tinha, mas não ao ponto de desmanchar a traição. Esse era o problema.

null estava branco. Se apoiou na lataria do carro. Pasmo. Essa era a palavra certa. Quando null saiu de casa chorando ele já sabia que a notícia não seria boa. Depois daqueles minutos esperando ela falar o que havia acontecido ele não esperava que fosse algo daquele tamanho.
- Eu... Eu não sei o que dizer. - null suspirou.
- Não precisa dizer, eu só quero saber o que vai acontecer agora.
- Como assim, acontecer agora?
- A gente vai ter um filho, null. Tem ideia do tamanho da responsabilidade que é isso?
- Eu tenho, tá? Só não sei o que fazer, o que dizer ou o que pensar.
E então o silêncio se estabeleceu ali. null começava a chorar baixinho novamente e null a abraçava contra o peito. O que diabos seria daqueles dois agora?
null tentava ser racional, mas ao mesmo tempo em que queria mandar null para o inferno com aquele bebê, nunca se sentiu tão feliz de tê-la ao seu lado e ainda mais carregando um filho deles. As coisas dali para frente seriam difíceis, mas null daria um jeito, ele sabia que daria.
Quando baixou a cabeça e deu um beijo nos cabelos de null, ele teve certeza de sua decisão.

*****


TRÊS MESES DEPOIS

- Quem diria, hein? - null falou baixinho ao ouvido de null.
A garota olhou para o até então amante com cara de dúvida.
- Ué, - continuou ele - estarmos num casamento, eu, você...
null revirou os olhos e null soltou um riso baixo observando ela voltar aos braços de null. Ele não sabia até quando aguentaria aquilo. Estava com null, ok, mas sabia que sua vontade acima de tudo era estar com null, seria mais fácil, mais simples e apesar de tudo, melhor.
Afastando seus devaneios, null olhou para o relógio e percebeu que já estava quase na hora do tal casamento começar. Foi para seu lugar, ao lado de null e do casal vinte (null e null).

Não demorou muito para a Marcha Nupcial finalmente tocar e os amigos ali presentes e convidados verem null em um lindo vestido de noiva entrando na igreja. A barriga de grávida pouco aparecia no meio de tantas rendas. null e null, assim que viram a amiga, não contiveram as lágrimas. Ela estava deslumbrante. Os dois estavam, null e null. Ninguém dentro daquela igreja poderia negar, desde o dia em que descobriram sobre o relacionamento escondido dos dois, de que nasceram um para o outro.
null mudara do dia para a noite, da água para o vinho e de todos os jeitos possíveis. O jeito folgado se transformou completamente. Ele agora era assistente em uma empresa de advocacia e havia acabado de dar um jeito de comprar uma casa. Ninguém ali duvidava da felicidade que seria o casamento dos dois. Depois do primeiro mês de briga na casa de null, até o dia em que null a pediu em casamento para o pai dela, fora uma confusão só. Ninguém sabia o que pensar nem o que dizer, mas hoje estão todos aqui e não há como medir a felicidade.

Dê play na MÚSICA 1

- Pode beijar a noiva. - O padre finalmente diz.
Ao som de Marvin Gaye alguns casais dançavam, era o caso de null e null. null conversava com alguns dos rapazes da faculdade quando reparou no casal dançando. null ria de uma maneira tão gostosa e tão bonita. Ela estava linda naquela noite.
A risada gostosa de null fazia null sorrir. Havia tempos em que ele não a escutava e os dois ali, juntos dançando aquela música, fazia null ter certeza de que ela o completava. Ele estava cada vez mais decido a estar com ela. Cada vez mais decido que era dela que ele precisava e que todas as mudanças que estavam acontecendo com ele não eram em vão. Ele precisava ser o cara que merecia.
- As garotas, por favor, vão para o meio da pista de dança. Rapazes, vazem daí - null falava ao microfone - é hora de jogar o buquê! Yayyyy!
Vários gritinhos agudos tomaram o salão. null e null se juntaram em um canto do salão. null reparou que o amigo parecia preocupado, achou ridículo. null sabia onde estava se metendo, ela jamais acabaria com um cara como null mesmo se pegasse o buquê.
null se aproximou do grupo de amigos um pouco depois, bateu no ombro de null e sorriu. Pegou a cerveja que null bebia e bebericou. Os três ficaram ali em silêncio apenas observando suas meninas loucas por um buquê idiota.

Quando todas as meninas se aproximaram null voltou a pegar o microfone: - Prontas? - Um coro de "siiiiim" veio em resposta.
A garota então virou-se de costas para as convidadas. Entregou o microfone para uma das organizadoras do evento e começou a contagem.
- UM! - Ela erguia o buquê de forma que parecia que iria jogá-lo, mas não o fazia. - DOIS! - A expectativa das garotas ali era insana. Todas gritavam muito. Os meninos lá atrás apenas riam. Pelo menos null e null. null estava quieto. Ao som do "dois" ele saiu de perto dos meninos. Tamanha sua preocupação.
- TRÊS! - Mas o buquê não fora jogado. Algumas convidadas procuravam por quem o havia pego mas então repararam que null não o havia jogado. Em vez disso ela se virara de frente para as amigas.
Os olhos de null estavam marejados, ela andou até null e o entregou para a amiga. null a olhava pasma, sem entender aquilo até ver null segurando o microfone e andando em sua direção. Instantaneamente null começou a chorar.
null mais atrás observava a cena pasmo, aquilo não era possível.
- null, - null falou se botando de joelhos na frente da namorada - eu nunca fui um exemplo de namorado. Sempre falei bobagens, por muitas vezes te tratei mal, e não fui nem a metade do príncipe encantando que você merece. Eu nunca mereci alguém como você. Mas eu estou disposto a fazer o que for preciso pra ser digno de estar ao seu lado cada dia da minha vida. Casa comigo?
Um coro infinito de "Awwwwwwwwwwwwwwwwwn" fora escutado. null não conseguia falar, ela só tremia. Os olhos marejados não a deixavam respirar, praticamente. Por fim, ela apenas balançou a cabeça de forma positiva. null tirou a caixinha com as alianças do bolso e colocou um anel, que deve ter custado uma fortuna, no dedo de null. Quando esse levantou-se os dois finalmente se beijaram. Ninguém ali, jamais imaginaria que isso aconteceria.
De vez enquando alguém chegava para dar parabéns ao casal. O sorriso não saiu do rosto de null desde o ocorrido. Ela estava noiva, N - O - I - V - A. A vida dela não podia estar melhor. null e null abraçaram tanto a amiga que ela achou que sairia do meio das duas esmagada. Quando fora a vez dos meninos, e os olhares de null e null se cruzaram eles dois sabiam que deveriam conversar. null percebeu que se não resolvesse isso logo seria pior. Assim que sentaram na mesa para continuar o jantar, null não parara, nem por um segundo, de olhá-la nos olhos. Dê play na MÚSICA 2

"Me encontre do lado de fora. Perto da fonte."

A mensagem fora simples e básica. null pediu licença na mesa e saiu erguendo seu vestido de madrinha azul escuro para não tropeçar. Chegando do lado de fora do salão onde acontecia o casamento da amiga, null encontrou null jogando as pedrinhas do estacionamento dentro da fonte.
A garota parou do lado dele olhando exatamente para o mesmo lugar que os olhos do amante estavam. A água ali relfetia os dois e null podia ver a expressão magoada de null. Depois de um suspiro profundo, null finalmente se pronunciou:
- Por que ele?
- Porque eu cansei. - null se ouviu dizer finalmente.
- Eu não te fiz feliz?
- Fez mais do que podia, mas eu cansei de ter tudo às escondidas, null. Se você realmente me quisesse, realmente me amasse, você teria admitido. Cansei de ser esse seu jogo idiota.
- Você não foi um jogo idiota.
- Então diga, diga com todas as letras que me ama e escolhe a mim em vez da null e eu entrego o anel de noivado e nós dois ficamos juntos para sempre. Silêncio. - Foi o que pensei. - null falou. A garota secou a lágrima que escorria por seu rosto no momento e voltou para dentro do salão.
null abriu a boca para falar algo, mas o som não saiu. Ele viu sua garota entrando de volta ao salão. Respirou fundo e finalmente se pronunciou:
- Eu te amo, null. Mais do que amarei a null para o resto da minha vida.
Mas já era tarde demais. Dessa vez, fora ele que secou as lágrimas que caíam em seu rosto.

*Thank God It's Friday (TGIF) - Música da Katy Perry que você provavelmente conhece e só está lendo isso aqui porque é curioso mesmo. **Girls Afternoon In - Tipo Girls Night Out, sabe? Quando você reúne todas as suas amigas solteironas e não pra balada curtir, só que essa curtição era dentro de casa.


Fim!



Nota da autora: Olá leitoras lindas! E aí como está esse coraçãozinho HAHAHAHA. Eu confesso que amei essa fic. Me identifiquei toda com os dramas dos personagens, a personalidade e tudo mais. Eu espero, do fundo do meu coração que vocês também tenham gostado. Queria que a fic de Taken não ficasse naquele clichê básico de "ai, você não me ama" e um triângulo - ou quadrado, né? - era a melhor opção. Esse é o primeiro Ficstape que eu participo e eu acho que fiz um bom trabalho. HAHAHA. Se vocês acham que eu realmente fiz um bom trabalho comenta ali. E se você acha que eu não fiz um bom trabalho, comenta também por que eu realmente quero saber o porque eu não fiz um bom trabalho. É isso. Mamãe ama vocês.


Outras Fanfics:
Maid: [/ffobs/m/maid.html]



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


CAIXINHA DE COMENTÁRIOS

O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.


comments powered by Disqus