08. Video Girl

Última atualização: 05/02/2016

Capítulo Único

- NO AR EM TRÊS... DOIS... UM! – Ouvi o diretor gritar e me posicionei no centro palco, entre minha mesa e a poltrona do entrevistado. Chequei minha ficha pela última vez para confirmar o nome dos entrevistados de hoje. Aparentemente, hoje eu entrevistaria mais um desses cantores recém-descobertos da internet. Sabe? Desses que ficam famosos porque são bonitinhos e atraem milhares de adolescentes. E também uma girlband britânica que começava a ter sucesso nos Estados Unidos.
Escutei o sinal que indicaria que eu poderia começar e esperei alguns segundos para enfim sorrir e começar mais um programa. Apesar da pouca idade, eu ministrava o programa há quase um ano com maestria, sempre recebendo muitos elogios do público – e não poderia ser diferente, afinal.
- Bem-vindos a mais um The Late Show com ! – a plateia aplaudiu e eu sorri, olhando ao redor. – Hoje, teremos a participação de... – conferi minha ficha e pronunciei o nome da banda composta por mulheres que eu jamais lembraria sem olhar – e do cantor e compositor, , que faz seu primeiro show de sua turnê nesse fim de semana!
Chamei ao palco a tal banda, sendo simpática e iniciando a entrevista. Algumas fãs da girlband estavam na plateia, como de costume – uma vez que sempre há sorteio de convites pelas rádios e a própria produção realizava promoções – e proferiam alguns gritos durante a entrevista. Nada novo sob o sol.
As três garotas eram muito bonitas, o padrão: uma loira, Ashley, uma morena, Lacey, e uma ruiva, Bethany. As três usavam roupas coloridas que combinavam entre si. Assim que encerrei a entrevista, chamei-as para realizar sua apresentação vocal e dar continuidade ao programa.
- Vamos para os comerciais e, assim que voltarmos, teremos conosco, pessoal! – gritos da plateia se seguiram e começou o pequeno intervalo de três minutos. Assim, me dirigi à lateral do palco, onde retocariam minha maquiagem e eu poderia tomar um pouco de água.
- , você está ótima, como sempre, querida. – Ouvi Elle dizer, minha maquiadora pessoal e amiga, que retocava meu pó ao mesmo tempo, para conter a luminosidade da pele.
- Eu sei, Elle. – brinquei e continuei – Obrigada, gatinha! - Então, ela continuou.
- Mas duvido que você vá conseguir manter a compostura quando vir o seu próximo entrevistado. – Ela disse e me encarou, dando risada. Franzi o cenho.
- O que quer dizer?
- Quero dizer que ele é gato. Bastante. Eu tô aqui me abanando cada vez que olho para ele. – Elle olhava para o dito cujo de soslaio. O diretor se aproximou de mim e me avisou que eu tinha um minuto para voltar para o palco. Confirmei com a cabeça. – Olhe. Ali. – e apontou para o canto, onde eu pude observar, de perfil, um rapaz alto de cabelos castanhos conversando com uma das moças da produção. Dei de ombros.
- Nada demais, Elle. Você sabe que é preciso mais do que isso pra que eu, , perca a compostura. – afirmei e peguei um copo d’água.
- Eu sei, , você é incrível e uma excelente profissional. – ela disse e olhou para o tal do . – Mas eu conversei com ele e ele é...
- , obrigada pela oportunidade de estarmos aqui no seu programa! – A ruiva, - Bethany? Ashley? Quem liga? - interrompeu Elle. – Estamos muito felizes, de verdade! – Abri um sorriso plástico e respondi:
- Não há de que, fofa. O que importa mesmo é que todos fiquem felizes, inclusive meu público, que paga meu salário, não é mesmo? – As três se entreolharam, sem sorrir. Percebi que havia sido sincera demais. – Estou brincando, foi um prazer entrevistar vocês! – sorri para as três e elas entenderam que era uma deixa para irem embora.
- , você não acha que você foi muito... Seca? Elas só queriam te agradecer, e...
- Ai, não me venha com essa, Elle. Estou cansada hoje.
- , no ar em vinte segundos. – uma das assistentes veio me avisar, e eu concordei com a cabeça.
- Depois conversamos, Elle, você sabe que eu te amo. – e saí andando em direção ao palco novamente.
Ouvi o barulho que simulava a abertura e dei continuação ao programa:
- Estamos de volta com o The Late Show com ! Para continuarmos com o programa, nosso próximo entrevistado é o cantor e compositor, o cara que está no primeiro lugar no top 100 da Billboard por três semanas e recentemente ganhador do Grammy Awards por Melhor Álbum Pop – eu observei a ficha e franzi o cenho sem querer. Como assim ele era recém-descoberto e já tinha um Grammy? – , pessoal! – Subitamente sorri forçado e voltei meu olhar para a lateral do palco.
O rapaz alto, devia ter uns 23 anos, usava uma camisa polo azul clara e um jeans preto justo, caminhou em minha direção e eu precisei me concentrar para manter a compostura, de fato. Elle, eu te odeio.
Ele me deu um beijo na bochecha e por alguns segundos eu me esqueci que devia voltar a me sentar em minha mesa enquanto o encarava. Ele se sentou e me encarou de volta enquanto eu voltava a ter consciência sob meus atos, gerando risadas gerais da plateia. , alô? Tá aí? O que tá acontecendo com você, sua idiota?
Sentei-me e prossegui:
- Desculpe-me, me distraí. – Disse, olhando diretamente em seus olhos, que eram azuis e pareciam rir silenciosamente de mim. Merda.
- Sem problemas, , isso acontece muito comigo também... – ele disse e eu sorri para ele, agradecendo. – Quando eu encontro uma garota muito, muito, bonita. – Imbecil. Sabia que não podia confiar nele.
- Imagine, ... – pensei em como sair dessa sem parecer grossa para o público. – Não me leve a mal, você é bonito. Mas foi apenas uma informação nova que recebi da produção. – Sorri, vitoriosa.
- É mesmo? E o que é? – ele parecia me desafiar, embora só eu pudesse perceber. O que esse idiota pretendia? Me atrapalhar?
O pior é que ele estava conseguindo.
- É... Podemos começar sua entrevista? – ele deu risada e a plateia também. Então, eu tentei rir da maneira mais natural possível. - Infelizmente, é uma informação que a plateia não pode saber ainda. – Tentei consertar, embora eu soubesse que tinha sido pouco convincente.
- Claro, , entendo. Então vou começar dizendo que é uma honra pra mim estar aqui hoje, participando do seu programa.
Sorri, recuperando o controle da situação.
- O prazer é meu de ter você aqui hoje, querido. Conta pra mim e pras suas fãs que estão aqui hoje – as meninas da plateia gritaram – como que você começou a carreira na música?
- Eu comecei postando vídeos no YouTube fazendo alguns covers, depois criei um Vine e, aos poucos, algumas pessoas começaram a acompanhar meus vídeos de lá, também. Recebi a proposta da Hollywood Records no meio do ano passado para gravar um álbum e, bom... Agora eu tô aqui, fazendo uma turnê pelo país.
- Muito bacana, a internet hoje abre muitas portas, não é? – Ele concordou e eu prossegui. – E você gosta mais de compor ou de cantar?
- Difícil dizer. Quando eu componho minhas letras, tento por um pedaço de mim em cada uma delas, e passar uma mensagem. Mas quando eu tenho a oportunidade de estar no palco cantando em frente aos meus fãs, a sensação é indescritível. Vê-los cantando as músicas e sabendo as letras... É demais. – encerrou sua fala com muita sinceridade. Peguei-me novamente concentrada demais. Alguns segundos se passaram, até que eu me toquei. Ele riu discretamente e eu quis pedir um novo intervalo pra tentar entender o que, diabos, estava acontecendo comigo. Ele era tão... forte.
- Ah, sim. Eu imagino que deva ser uma sensação única. E em relação à fama? Como você está fazendo pra separar a vida pessoal da fama?
- É praticamente impossível, não é? Minha namorada não é uma figura pública, mas felizmente ela não se incomoda quando as fãs me abordam nos lugares e sempre é muito compreensiva quando pedem para tirar fotos e tudo o mais.
Espera aí. Namorada? Por que eu não tinha nada sobre isso na minha ficha sobre ele? Quero dizer, isso é um detalhe importante, sabe? Como eles simplesmente esquecem de me avisar que a droga do entrevistado tinha uma namorada?
- ?
Ah, droga. Eu estava fazendo de novo.
- Foi aquela informação de novo, . E agora eu posso anunciar: você tocará duas músicas hoje, em vez de uma! – eu disse, improvisando uma informação totalmente falsa e que provavelmente me renderia algumas broncas. Ok, talvez muitas. Abri um sorriso enorme e esperei que ele amasse a ideia assim como eu estava amando. As fãs na plateia certamente amaram.
Já minha produção, não posso dizer o mesmo. Ouvi John, o diretor geral, gritar na minha orelha “O QUE ESTÁ FAZENDO?”.
- Uau! Será uma honra tocar uma segunda música.
- Sim, vá lá, pode ir! – praticamente o expulsei da poltrona e ele, pego de surpresa, se levantou e se dirigiu ao palco. – Senhoras e senhores, !
As luzes se apagaram e ele começou a tocar a primeira música. O foco não era mais em mim e eu esperava, do fundo do coração, que ninguém percebesse quando eu saísse pela lateral do palco para falar com Elle.
Olhei pelo canto do olho e Elle parecia segurar uma risada. Filha da mãe. Ela ainda tentou me avisar.
não fantasiava muito. Ele mantinha a postura firme e séria enquanto cantava, o violão em mãos. Vez ou outra, abria sorrisos tímidos para a plateia.
Assim que a segunda música acabou e as luzes voltaram a se acender, tomei a liberdade de ir até ele, abraçá-lo e encerrar o programa o mais rápido possível.
Céus.
Eu. Estava. Ferrada.
- E... ESTAMOS FORA DO AR! – escutei John gritando e vindo em seguida em minha direção. Eu fui até Elle num súbito e parecia se divertir com a situação. – Volte aqui, senhorita . Aonde pensa que vai?
- Beber água, estou desidratada, sabe como é, esse calor da California e...
- . Quero você em cinco minutos na sala da produção.
- ... Ok. – Concordei, suspirando. Que opção eu tinha, afinal?
Levei a mão à testa, desaprovando toda a minha performance naquele dia. ainda estava ao meu lado, assistindo tudo e achando engraçado. Saí andando em direção de Elle, sem olhar para trás.
- Elle, foi um desastre. O que aconteceu comigo? Eu sou uma profissional excelente, isso não pode estar acontecendo. Eu não sei, eu fiquei nervosa, eu... – ela me olhava atentamente e parecia sentir compaixão. – Deu pra perceber?
- Que você claramente desenvolveu uma queda de trinta e um andares pelo moço ali? Não, amiga. Não deu, não.
- Elle, você não está ajudando.
- Desculpe, mas estou sendo sincera. – ela riu. – E olha, você improvisou bem. Quer dizer, provavelmente todos perceberam que você improvisou, mas foi uma boa improvisação.
- Elle, como você fala que foi uma boa improvisação se claramente todos perceberam que era uma improvisação? - reprovei seu comentário com os olhos e ela riu.
- Hey, ! – Ouvi a voz do dito cujo atrás de mim. Olhei para Elle antes de me virar e ela confirmava com a cabeça que se tratava de .
Respirei fundo e me virei.
- O que você quer? Tirar mais um sarro da minha cara? – ralhei, nervosa.
- Wow, wow, wow. Calma. Eu só vim dizer que...
- Eu não quero saber. Sua apresentação foi boa, mas isso não muda o fato de que eu me queimei em rede nacional por sua causa. – Apontei um dedo na cara dele, o que pareceu o incomodar.
- Por minha causa?
- Sim, senhor. Se você não tivesse me provocado, eu...
- , ele não provocou... – Elle disse, atrás de mim.
- FICA QUIETA, ELLE. – Elle pôs a mão na boca e se retirou. A feição de agora era tensa, não havia mais a tranquilidade que apresentou durante toda a entrevista.
- Você trata seus amigos dessa maneira?
- O que você tem a ver com a maneira com que eu trato meus amigos, hein?
- Absolutamente nada. Mas se você quer mesmo saber, você merecia que eu tirasse mais um sarro da sua cara, já que você obviamente estava transtornada com a minha presença. – ele disse, me desafiando.
- Não ouse dizer isso, seu cretino. Você acabou de me ferrar com a minha produção e com a minha plateia. E talvez até mesmo com o meu contrato.
- Você vai me desculpar, mas quem te ferrou foi você mesma. Uma pena que uma garota tão bonita e independente seja tão mesquinha, . E você tem talento, sabe? – ele pareceu ponderar as opções, com uma tranquilidade excessiva que me incomodava. – Vim aqui apenas para te agradecer pelo convite, mas parece que você realmente não merece. Até mais, senhorita . – Ele me deu um beijo na bochecha e saiu andando, como se nada tivesse acontecido.
- , JÁ SE PASSARAM CINCO MINUTOS! – Ouvi John gritar da sala de produção. Suspirei.
- ESTOU INDO!


***

Cheguei em casa mais de 10h da noite, depois de uma bronca de John pela péssima entrevista, mas ao menos minha improvisação, de fato, havia me salvado. A situação estava tão feia para o meu lado, que inventar que a produção decidiu que tocaria duas músicas foi uma opção melhor do que continuar com a entrevista, que estava um desastre.
Lamentável, .
Entrei no banheiro para tomar um banho, quando senti meu celular vibrar no bolso da calça.

@ Gostaria de agradecer à @ pela entrevista de hoje, muito bom te conhecer e muito feliz pela oportunidade!


Uma mention no twitter. De .
Ele só pode estar brincando com a minha cara.

@ começou a seguir você!


O que esse infeliz estava fazendo?
Comecei a pensar racionalmente no que seria melhor para minha imagem àquela altura. Responder sua mention e segui-lo de volta parecia o mais sensato, então o fiz. Mas não sem tirar satisfação. Ah, não mesmo.

@ Eu que agradeço sua presença, @, parabéns pelo sucesso!


Fina, educada, diva. Tudo certo. E o segui de volta. Em seguida, fui às direct messages e digitei os dizeres:

: Qual é a merda do seu problema? Não ficou claro que o santo não bateu? Não precisava dessa ceninha, meu querido.


E esperei alguns minutos pela resposta.

: Oi, ! Acredito que você não gostaria que, no auge da sua carreira, uma mensagem com esse teor para viesse à público, certo?


Filho da puta. Era isso, então? Chantagem?

: Pode falar quanto dinheiro você quer pra parar com a ceninha, . Eu não tenho tempo pra esse tipo de coisa.


A resposta veio em menos de um minuto:

: Aquele que você entrevistou é o personagem que apresento aos meus fãs, não eu. Sei que você também está sempre atuando e, admito, sua personagem é amável! Mas você? Você não liga pra nada nem ninguém além do seu dinheiro e da sua fama.


Por alguns segundos, suas palavras me atingiram em cheio. E aquilo me doeu muito mais do que normalmente doeria.

***


Eu não sabia se aquela era minha terceira ou quarta dose de tequila. Eu sabia que eu enxergava Elle duplicadamente e que ela estava muito mais engraçada do que o normal, mas eu me sentia muito bem, não tinha por que não tomar mais uma, não é?
Claro, porque ficar bêbada em uma afterparty do Video Music Awards era uma atitude muito prudente.
Alguns rostos que vinham me cumprimentar já haviam estado em meu programa e eu esperava, do fundo do coração, que estivesse pronunciando as palavras com clareza. No entanto, muitos deles ali presentes não me olhavam de maneira amigável. Bethany, Ashley e – qual o nome da terceira mesmo? – me olharam diretamente, direcionaram um olhar frio e passaram reto. E aquela não era a primeira vez. Para ser sincera, eu podia contar nos dedos de uma única mão os artistas que de fato pareciam felizes em me cumprimentar.
Ali, eu percebi que tinha algo muito errado comigo.
Avistei, ao fundo, um rosto em particular, que conversava com Rihanna. Antes que Elle pudesse perceber, eu já estava ao lado de e Rihanna, cumprimentando-os e rindo sozinha.
- Você está bem, ? Estou te achando um pouco alterada hoje. – ela riu e apenas manteve o semblante sério.
- Esssstou ótima! Aliás... Nunca essssstive melhor! – Estava feliz por conseguir falar sem nenhum problema. Observei que segurava um pequeno sorriso e Rihanna ria abertamente.
- Querida, estou vendo que você está muito feliz, então, por que não aproveita e conversa um pouco com o ? Eu vou pegar uma bebida pra mim. – ela me abraçou e saiu andando.
- Eu vou embora. – ele disse e virou-se de costas, sem olhar diretamente para mim.
- Não! – eu disse, impulsiva, e ele parou. – Por favor... Fica. – ele se virou e me olhou de maneira fria. – Escuta, eu... Eu... – senti lágrimas se formando em meus olhos e respirei fundo para que não caíssem.
Voltei meu olhar para e subitamente o abracei, pegando-o de surpresa.
Ele cheirava tão bem, que eu não conseguia nem pensar em soltá-lo. Mas ele o fez, porque aparentemente eu não estava em condições de decidir por mim.
- Ei, por que não nos sentamos? Você não está bem o suficiente pra ficar assim andando por aí, ... – ele me segurou pela cintura e fomos andando até um sofá que cabia exatamente duas pessoas e ficava em uma área um pouco mais reservada. Agradeci a ajuda e me sentei. Ele me trouxe um copo d’água, o qual bebi de uma vez. – Se sente melhor?
- Sim... O-Obrigada. – disse, olhando em seus olhos. – Sabe, você não precisava fazer isso por mim. – desviei o olhar, focando no movimento.
- Sei que não, e você também não merece, mas eu não sou o tipo de pessoa que vê alguém mal e o deixa sozinho. – ele deu de ombros, sem olhar diretamente para mim.
- Onde está sua namorada?
Aparentemente, peguei-o de surpresa, pois ele tornou a olhar diretamente pra mim, com o semblante mais sério.
- Eu... Nós... Terminamos. – ele sustentou o olhar no meu, mas desviei e fechei os olhos, por não conseguir conter a tontura que eu sentia.
- Eu sinto muito. – disse, de maneira sincera, e peguei em sua mão.
- Está tudo bem... Já faz algumas semanas, não estava mais dando certo. - ele parecia tranquilo, embora restasse uma certa dor em seus olhos.
- Escuta, eu queria te pedir desculpas. Eu... – olhei ao redor e enxerguei aquele monte de gente que, na verdade, não dava a mínima para mim. Não que eu pudesse os julgar, eu também não havia dado a mínima para qualquer um deles. – Sou uma idiota. Eu afastei de mim qualquer um que quisesse o meu bem, com exceção de Elle, que provavelmente só não desistiu de mim até hoje porque me conhece há anos, muito antes de eu virar essa... esse... monstro que eu sou hoje.
- Escuta, ...
- Não, me deixa terminar, por favor. – pedi, suplicante, e ele concordou. – Eu me arrependo muito por ter me tornado uma pessoa obcecada por fama e dinheiro e principalmente por não ter dado atenção ao que realmente importa: às pessoas. Todos os meus entrevistados não eram cifrões, eram pessoas, com quem eu simplesmente excluí a possibilidade de me relacionar e conhecer pessoas incríveis porque eu havia me tornado um robô. Era tanta pressão pra ser uma apresentadora perfeita com 22 anos de idade, que eu me esqueci de dar valor à oportunidade que estavam me dando. E me desculpa pela maneira que eu te tratei, desculpa por achar que você queria me chantagear, na verdade, você...
- ! – ele chamou minha atenção pra si, que ria. Eu, por outro lado, lutava contra as lágrimas que insistiam em tentar cair. – Você realmente foi uma babaca, e você realmente fez muitas coisas erradas...
Eu não sabia se queria ouvir o restante. Eu já havia me sentido um lixo o suficiente por um dia só. E foi por isso que eu sussurrei “desculpa” e me levantei, indo em direção à porta.
No entanto, no mesmo momento que levantei, minha cabeça parecia rodar, e, aos poucos, minha visão se apagou.

***


Aos poucos, fui recobrando a consciência e, quando abri os olhos, pude ver que já era de manhã. Havia um problema, porém. Olhei ao redor e notei que aquele não era meu quarto, ou qualquer cômodo de minha casa. Na verdade, eu não fazia ideia de onde eu estava. Virei-me para o lado na cama de casal em que me encontrava e pude observar alguns porta-retratos. Levantei-me vagarosamente e encarei as fotos de família dispostas em cima da cômoda.
No fundo, eu sabia na casa de quem eu me encontrava, eu só não esperava que fosse acordar na cama dele. Que tipo de idiota eu era?
abriu a porta, completamente vestido – o que me deu um certo alívio – e me assustei por ter sido pega no flagra encarando suas fotos de família. Ele sorriu para mim e esperou que eu me manifestasse.
- Eu... Nós... – não sabia como perguntar de maneira discreta se havíamos transado. – É...
- Não, , não aconteceu nada. Você bebeu muito, levantou repentinamente e apagou. Eu não tive outra escolha a não ser te trazer pra cá. – suspirei aliviada por ele ter entendido através de monossílabos o que eu queria perguntar. – Elle já está ciente que está aqui e ela já avisou seus pais que você está bem. – sorri para ele em agradecimento.
- Escuta, sobre ontem...
- Não precisa me explicar nada, . Eu não ia te recriminar, não tive a intenção de jogar na sua cara tudo que você mesma reconheceu sozinha... Mas você não me deixou terminar. – ele se sentou ao meu lado na cama. Senti um leve frio na espinha pelo contato suave que nossos braços estabeleciam. – Você me deixa terminar agora?
Assenti com a cabeça, com receio.
- Embora você tenha feito todas aquelas coisas e conseguido o ódio de muita gente... Eu não sou uma dessas pessoas. Na verdade, eu te admiro por ter conseguido enxergar, em meio a tantos holofotes, o que é importante de verdade. E se você quer saber, eu também fui um pouco babaca por te provocar ao vivo. – Sorri, sem saber o que dizer.
- Obrigada, , pode ter parecido pouco, mas o que você fez foi o suficiente pra que eu enxergasse. – uma tensão se instalou entre nós. Os olhares estavam fixos um ao outro, e senti que ele se aproximava cada vez mais de mim. Meus olhos se fecharam com suavidade e senti seus lábios tocarem os meus. Fiquei alguns segundos apenas sentindo a sensação de seus lábios, quando ele pôs sua mão atrás de minha nuca, com suavidade, e senti sua boca se abrindo em contato com a minha. Cedi passagem e permanecemos nos beijando por alguns minutos. Era um beijo calmo, sem pretensões.
Sorri, tímida, assim que nos separamos e ele sorriu de volta.
- Quem diria que eu faria as pazes desse jeito com a apresentadora mais bonita, jovem, arrogante e autoconfiante da América? – ele disse, e eu dei risada.
- Quem diria que eu iria beijar um ganhador do Grammy? – brinquei e ponderei a possibilidade. – Ok, eu diria. – ele fechou a cara, em desaprovação, mas deu risada em seguida.

OMG!
Did you hear I’m dating ?
It’s so hot!


Fim.



Nota da autora: Oi, peeps! Bom, resolvi brincar um pouco de ficstape e me senti na obrigação de participar de um fisctape dos Jonas Brothers, afinal. Essa história ficou curta, porém eu gostei bastante, achei que ficou bem do jeito que eu queria mesmo.
Se você quiser, leitorx, deixa um comentário dizendo o que achou!
Obrigada por ler e até a próxima! xx
Van

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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