Capítulo Único
Trabalhar em um hospital psiquiátrico tem suas semelhanças com trabalhar em certos setores do judiciário: raramente alguém culpado vai admitir isso logo de cara, assim como alguém doente dificilmente vai admitir que precisa de ajuda, e clamar não ser doido assim como um acusado se clama inocente.
Depois de anos na psiquiatria, já estava mais do que acostumada com esses inícios conturbados, já tinha conhecimento das abordagens que mais combinavam com seu estilo e que mais trazia resultado com os mais diversos pacientes. Uma olhada ou duas já era o suficiente para decidir qual usaria, e dificilmente ela tomava uma decisão errônea.
Até a chegada de um novo paciente.
não era exatamente novo no hospital, tratava apenas de um remanejamento de pacientes depois da saída de seu médico responsável na semana anterior – não conseguia lembrar o motivo, e, por mais estranho que soasse, todos para quem ela perguntava também não sabiam dizer. A única coisa que a médica se lembrava vagamente era da internação do paciente, já que houve quase uma comoção nacional com o caso, meses atrás. O assassinato brutal de toda uma reunião de acionistas da maior empresa de transportes do país por um colega foi notícia por semanas, até o julgamento ser realizado. Depois disso, o caso caiu no esquecimento.
Como se tratava de alguém já diagnosticado, teve acesso às fichas de seu novo paciente, e nada ali lhe saltou aos olhos, a leitura foi feita beirando quase o tédio. Nada mais do que um caso de psicopatia, com alguns sinais que estavam sendo encarados como esquizofrenia. A prescrição estava nas últimas páginas, e as anotações ali até despertaram um pouco da curiosidade da médica: as dosagens e medicações pareciam condizer com o quadro do paciente, mas não havia nenhum pedido de terapia ou qualquer forma de amparo ao paciente, nada a respeito de reabilitação e reintegração à sociedade.
Seu instinto dizia que devia contatar o médico anterior, mas isso não pareceu agradar muito a administração do hospital quando pediu o contato de seu antecessor. Aparentemente, ele estava incapacitado de ser contatado, algo bastante incomum nos dias atuais, mas o que mais despertou a curiosidade da médica foi a ordem explícita que não deveria modificar as prescrições feitas, que deveria apenas prosseguir com o tratamento.
Talvez quando chegasse o dia da consulta, pudesse descobrir algo que explicasse a situação ímpar. Suas energias estavam tão concentradas nisso que ela mal percebeu o as horas passando, as anotações e fichas em sua mesa sendo a única prova de que realmente passaram pacientes por seu consultório, já que agora ela não era capaz de se lembrar de nenhum rosto parando a sua frente.
Exceto ele.
já estava próximo dos quarenta anos, mas mantinha a fisionomia de alguém dos vinte e pouco, mesmo parecendo bastante debilitado. A foto que tinha em sua ficha era um tanto antiga, o que dava para fazer uma boa comparação com o que sobrara do homem agora a sua frente: mais magro, olheiras mais profundas, cabelo desgrenhado e mal cortado, o olhar sem foco e às vezes desconfiado de tudo. Se ele era algo, era apenas a sombra do homem de meses atrás.
- ? – ela o chamou pelo que já deveria ser a terceira vez, só então conseguindo que seu olhar mole ao menos passasse em sua direção. Demorou um pouco, mas o paciente logo focalizou em sua direção, sua testa franzindo em confusão – Você consegue me ouvir?
- Quem é você? – perguntou ele baixo, sua voz rouca e falha, provavelmente pela falta de uso – Cadê o narigudo?
- Dr. Foster? Ele não é mais seu médico – para a surpresa da médica, bufou e revirou os olhos, suas costas escorregando pelo o encosto da cadeira que estava enquanto resmungava um “hmpf, idiota mentiroso” – ?
- Só me manda de volta para o quarto, dona – disse ele por fim, algo na sua postura se alterando. Nada mais da imagem mole e dispersa, mas sim algo mais decidido e sério – Dá logo os remédios e me manda embora logo.
- Minha companhia é tão ruim assim?
- Eu não matei...
- Desculpe? Você disse alguma coisa?
- Eu quero poder dormir...
- Por que não está conseguindo dormir, ? – perguntou ela, sem conseguir fazer a ligação entre as frases aparentemente aleatórias do paciente – O que o Dr. Foster te prometeu e não cumpriu?
- Ele ia diminuir meus remédios – o olhar de pareceu acompanhar seu tom de voz que se tornou mais sombrio, e seu olhar mais raivoso, até que tudo saiu do controle – Não diminuiu. Eu só quero voltar ao normal...!
Como se já esperasse uma reação daquelas, não demorou muito para que um dos guardas do hospital invadisse a sala depois da explosão do paciente, agarrando o braço de enquanto ele tentava avançar em direção da médica atrás da mesa, que assistia tudo com os olhos arregalados. Um segundo guarda chegou a entrar e perguntar se ela estava bem depois que o paciente foi retirado, com se limitando a apenas a assentir e acenar, sua fala perdida em algum lugar de sua mente agora trabalhando a toda velocidade.
Algo no fundo de sua mente tentava avisar que tinha algo errado naquele caso, por isso não demorou muito para que buscasse a ficha do paciente seus olhos ágeis passeando pelas palavras que resumiam o caso até chegar na prescrição médica que viram junto com ele. Os medicamentos eram adequados – se o diagnóstico estava realmente correto –, mas agora acreditava que a doses eram em uma quantia absurda para o caso. Havia um exagero sem igual nas dosagens, o que explicava o comportamento estranho do paciente. Com aquela prescrição, era praticamente impossível se alcançar estabilidade mental, ter discernimento. Qualquer coisa que ele dissesse, se levada a sério, seria desconsiderada por causa dos efeitos daqueles medicamentos.
As ordens estritas de não alterar a prescrição anterior voltou a mente da médica, seu olhar intrigado chegando até a porta ainda aberta de seu consultório, a parede clara do corredor devolvendo as dúvidas que ela exalava.
Pela primeira vez em anos, considerou que um paciente estivesse dizendo a verdade.
---
Um mês foi o prazo que se deu.
Um mês para entender o que acontecia com aquele paciente em especial, para refazer todo seu diagnóstico e tomar uma medida em relação a ele. No dia anterior, depois de sair de seu consultório parecendo mais atordoado pelos remédios do que de costume, encaminhou a nova prescrição do paciente, com todas as alterações que julgava necessárias, e permaneceu em sua sala, organizando as fichas dos pacientes do dia seguinte, ciente de que não demoraria muito para que alguém aparecesse.
- Você fez um pedido para alterar a medicação do paciente novo – exatas duas horas e dez minutos depois, um dos coordenadores do hospital estava à sua porta, com a grossa ficha de em mãos. O homem, que deveria ter o dobro da idade de , não bateu na porta, aproveitando que ela já se encontrava aberta para apenas parar no portal, assistindo a médica digitar algo com agilidade em seu celular.
- Ele não estava apresentando melhora, achei que valia a pena arriscar – respondeu ela, sem erguer o olhar da tela a sua frente.
- Não havia uma nota sobre como isso não era aconselhável?
- Nota feita pelo médico anterior. Eu sou a atual, não julguei que seria um problema.
A mulher pretendia continuar com aquela postura, se mantendo o mais afastada possível do assunto, mas a risada baixa de seu superior a pegou de surpresa, e logo ela erguia os olhos em sua direção, tentando entender o que acontecia.
- , não é? – suspirou ele, o riso ainda presente em sua voz – O que está tentando fazer, hm?
- Meu dever, acredito – devolveu ela, no mesmo tom sério de antes, mesmo que suas mãos agora sobre suas coxas tremessem de leve – Estou aqui para curar, e, se não possível, ao menos permitir que o paciente não sofra tanto.
O coordenador franziu os lábios, depois assentiu. Seu olhar não expressava qualquer coisa, e logo ele apenas deu as costas e deixou o consultório.
---
Os dois enfermeiros sempre entravam juntos nos quartos, depois se separavam para atender seus respectivos pacientes. Zach sempre ficava com o lado esquerdo do quarto, que normalmente sempre tinha uma maca vaga, o que o deixava com menos trabalho. Dessa vez, no entanto, a última maca do quarto tinha um ocupante, alguém que seus olhos reconheciam como um rosto familiar, apesar do cabelo fora de ordem e o rosto cheio de arranhões.
- Uma vez eu levei minha filha ao médico, consulta de rotina... – contou ele alto, para que seu colega na outra extremidade do quarto pudesse o ouvir. Com cuidado, ele depositou sua bandeja com os medicamentos no móvel ao lado da maca, e passou a conferir todas as amarras nas mãos da paciente – Todas as consultas do dia estavam com mais de uma hora de atraso porque a médica estava passando mal – seu olhar se demorou nas unhas excessivamente curtas e descamadas, como se a paciente estivesse usando uma para destruir a outra – Como é que fala.... É um tanto irônico, não?
- Não tem graça, cara – avisou o colega, que parara seu trabalho para entender do que Zach estava falando, já que não parecia um comentário por todo aleatório.
- Só porque ela é uma psiquiatra, não pode ficar ruim da cabeça também? Ora...!
- Ela está acordando, cala a boca.
Zach ficou sério ao ouvir tal constatação, voltando a prestar atenção na mulher na maca, que começava a se debater contra as amarras. Seus olhos mal conseguiam abrir devidamente, então ele duvidava que ela fosse capaz de reconhecer quem quer que fosse que tivesse na sua frente. Com a movimentação excessiva, não demorou muito para que suor começasse a aparecer em sua testa.
- Oi, . Shh... Calma – pediu ele com cuidado, colocando uma mão no ombro da mulher, gesto que não foi bem-sucedido, já que ela passou a se debater ainda mais, assustada. Isso, é claro, não impediu que o enfermeiro continuasse a falar com ela, seu tom falsamente preocupado – Vai ficar tudo bem... Você apenas perdeu a cabeça, não se preocupe. Acontece com todo mundo. Está vendo isso aqui? – ele pegou a seringa com a medicação prescrita, quase sorrindo ao assistir a mulher tentar se afastar ao notar a agulha – É para te ajudar... De manhã você vai se sentir melhor.
Depois de anos na psiquiatria, já estava mais do que acostumada com esses inícios conturbados, já tinha conhecimento das abordagens que mais combinavam com seu estilo e que mais trazia resultado com os mais diversos pacientes. Uma olhada ou duas já era o suficiente para decidir qual usaria, e dificilmente ela tomava uma decisão errônea.
Até a chegada de um novo paciente.
não era exatamente novo no hospital, tratava apenas de um remanejamento de pacientes depois da saída de seu médico responsável na semana anterior – não conseguia lembrar o motivo, e, por mais estranho que soasse, todos para quem ela perguntava também não sabiam dizer. A única coisa que a médica se lembrava vagamente era da internação do paciente, já que houve quase uma comoção nacional com o caso, meses atrás. O assassinato brutal de toda uma reunião de acionistas da maior empresa de transportes do país por um colega foi notícia por semanas, até o julgamento ser realizado. Depois disso, o caso caiu no esquecimento.
Como se tratava de alguém já diagnosticado, teve acesso às fichas de seu novo paciente, e nada ali lhe saltou aos olhos, a leitura foi feita beirando quase o tédio. Nada mais do que um caso de psicopatia, com alguns sinais que estavam sendo encarados como esquizofrenia. A prescrição estava nas últimas páginas, e as anotações ali até despertaram um pouco da curiosidade da médica: as dosagens e medicações pareciam condizer com o quadro do paciente, mas não havia nenhum pedido de terapia ou qualquer forma de amparo ao paciente, nada a respeito de reabilitação e reintegração à sociedade.
Seu instinto dizia que devia contatar o médico anterior, mas isso não pareceu agradar muito a administração do hospital quando pediu o contato de seu antecessor. Aparentemente, ele estava incapacitado de ser contatado, algo bastante incomum nos dias atuais, mas o que mais despertou a curiosidade da médica foi a ordem explícita que não deveria modificar as prescrições feitas, que deveria apenas prosseguir com o tratamento.
Talvez quando chegasse o dia da consulta, pudesse descobrir algo que explicasse a situação ímpar. Suas energias estavam tão concentradas nisso que ela mal percebeu o as horas passando, as anotações e fichas em sua mesa sendo a única prova de que realmente passaram pacientes por seu consultório, já que agora ela não era capaz de se lembrar de nenhum rosto parando a sua frente.
Exceto ele.
já estava próximo dos quarenta anos, mas mantinha a fisionomia de alguém dos vinte e pouco, mesmo parecendo bastante debilitado. A foto que tinha em sua ficha era um tanto antiga, o que dava para fazer uma boa comparação com o que sobrara do homem agora a sua frente: mais magro, olheiras mais profundas, cabelo desgrenhado e mal cortado, o olhar sem foco e às vezes desconfiado de tudo. Se ele era algo, era apenas a sombra do homem de meses atrás.
- ? – ela o chamou pelo que já deveria ser a terceira vez, só então conseguindo que seu olhar mole ao menos passasse em sua direção. Demorou um pouco, mas o paciente logo focalizou em sua direção, sua testa franzindo em confusão – Você consegue me ouvir?
- Quem é você? – perguntou ele baixo, sua voz rouca e falha, provavelmente pela falta de uso – Cadê o narigudo?
- Dr. Foster? Ele não é mais seu médico – para a surpresa da médica, bufou e revirou os olhos, suas costas escorregando pelo o encosto da cadeira que estava enquanto resmungava um “hmpf, idiota mentiroso” – ?
- Só me manda de volta para o quarto, dona – disse ele por fim, algo na sua postura se alterando. Nada mais da imagem mole e dispersa, mas sim algo mais decidido e sério – Dá logo os remédios e me manda embora logo.
- Minha companhia é tão ruim assim?
- Eu não matei...
- Desculpe? Você disse alguma coisa?
- Eu quero poder dormir...
- Por que não está conseguindo dormir, ? – perguntou ela, sem conseguir fazer a ligação entre as frases aparentemente aleatórias do paciente – O que o Dr. Foster te prometeu e não cumpriu?
- Ele ia diminuir meus remédios – o olhar de pareceu acompanhar seu tom de voz que se tornou mais sombrio, e seu olhar mais raivoso, até que tudo saiu do controle – Não diminuiu. Eu só quero voltar ao normal...!
Como se já esperasse uma reação daquelas, não demorou muito para que um dos guardas do hospital invadisse a sala depois da explosão do paciente, agarrando o braço de enquanto ele tentava avançar em direção da médica atrás da mesa, que assistia tudo com os olhos arregalados. Um segundo guarda chegou a entrar e perguntar se ela estava bem depois que o paciente foi retirado, com se limitando a apenas a assentir e acenar, sua fala perdida em algum lugar de sua mente agora trabalhando a toda velocidade.
Algo no fundo de sua mente tentava avisar que tinha algo errado naquele caso, por isso não demorou muito para que buscasse a ficha do paciente seus olhos ágeis passeando pelas palavras que resumiam o caso até chegar na prescrição médica que viram junto com ele. Os medicamentos eram adequados – se o diagnóstico estava realmente correto –, mas agora acreditava que a doses eram em uma quantia absurda para o caso. Havia um exagero sem igual nas dosagens, o que explicava o comportamento estranho do paciente. Com aquela prescrição, era praticamente impossível se alcançar estabilidade mental, ter discernimento. Qualquer coisa que ele dissesse, se levada a sério, seria desconsiderada por causa dos efeitos daqueles medicamentos.
As ordens estritas de não alterar a prescrição anterior voltou a mente da médica, seu olhar intrigado chegando até a porta ainda aberta de seu consultório, a parede clara do corredor devolvendo as dúvidas que ela exalava.
Pela primeira vez em anos, considerou que um paciente estivesse dizendo a verdade.
Um mês foi o prazo que se deu.
Um mês para entender o que acontecia com aquele paciente em especial, para refazer todo seu diagnóstico e tomar uma medida em relação a ele. No dia anterior, depois de sair de seu consultório parecendo mais atordoado pelos remédios do que de costume, encaminhou a nova prescrição do paciente, com todas as alterações que julgava necessárias, e permaneceu em sua sala, organizando as fichas dos pacientes do dia seguinte, ciente de que não demoraria muito para que alguém aparecesse.
- Você fez um pedido para alterar a medicação do paciente novo – exatas duas horas e dez minutos depois, um dos coordenadores do hospital estava à sua porta, com a grossa ficha de em mãos. O homem, que deveria ter o dobro da idade de , não bateu na porta, aproveitando que ela já se encontrava aberta para apenas parar no portal, assistindo a médica digitar algo com agilidade em seu celular.
- Ele não estava apresentando melhora, achei que valia a pena arriscar – respondeu ela, sem erguer o olhar da tela a sua frente.
- Não havia uma nota sobre como isso não era aconselhável?
- Nota feita pelo médico anterior. Eu sou a atual, não julguei que seria um problema.
A mulher pretendia continuar com aquela postura, se mantendo o mais afastada possível do assunto, mas a risada baixa de seu superior a pegou de surpresa, e logo ela erguia os olhos em sua direção, tentando entender o que acontecia.
- , não é? – suspirou ele, o riso ainda presente em sua voz – O que está tentando fazer, hm?
- Meu dever, acredito – devolveu ela, no mesmo tom sério de antes, mesmo que suas mãos agora sobre suas coxas tremessem de leve – Estou aqui para curar, e, se não possível, ao menos permitir que o paciente não sofra tanto.
O coordenador franziu os lábios, depois assentiu. Seu olhar não expressava qualquer coisa, e logo ele apenas deu as costas e deixou o consultório.
Os dois enfermeiros sempre entravam juntos nos quartos, depois se separavam para atender seus respectivos pacientes. Zach sempre ficava com o lado esquerdo do quarto, que normalmente sempre tinha uma maca vaga, o que o deixava com menos trabalho. Dessa vez, no entanto, a última maca do quarto tinha um ocupante, alguém que seus olhos reconheciam como um rosto familiar, apesar do cabelo fora de ordem e o rosto cheio de arranhões.
- Uma vez eu levei minha filha ao médico, consulta de rotina... – contou ele alto, para que seu colega na outra extremidade do quarto pudesse o ouvir. Com cuidado, ele depositou sua bandeja com os medicamentos no móvel ao lado da maca, e passou a conferir todas as amarras nas mãos da paciente – Todas as consultas do dia estavam com mais de uma hora de atraso porque a médica estava passando mal – seu olhar se demorou nas unhas excessivamente curtas e descamadas, como se a paciente estivesse usando uma para destruir a outra – Como é que fala.... É um tanto irônico, não?
- Não tem graça, cara – avisou o colega, que parara seu trabalho para entender do que Zach estava falando, já que não parecia um comentário por todo aleatório.
- Só porque ela é uma psiquiatra, não pode ficar ruim da cabeça também? Ora...!
- Ela está acordando, cala a boca.
Zach ficou sério ao ouvir tal constatação, voltando a prestar atenção na mulher na maca, que começava a se debater contra as amarras. Seus olhos mal conseguiam abrir devidamente, então ele duvidava que ela fosse capaz de reconhecer quem quer que fosse que tivesse na sua frente. Com a movimentação excessiva, não demorou muito para que suor começasse a aparecer em sua testa.
- Oi, . Shh... Calma – pediu ele com cuidado, colocando uma mão no ombro da mulher, gesto que não foi bem-sucedido, já que ela passou a se debater ainda mais, assustada. Isso, é claro, não impediu que o enfermeiro continuasse a falar com ela, seu tom falsamente preocupado – Vai ficar tudo bem... Você apenas perdeu a cabeça, não se preocupe. Acontece com todo mundo. Está vendo isso aqui? – ele pegou a seringa com a medicação prescrita, quase sorrindo ao assistir a mulher tentar se afastar ao notar a agulha – É para te ajudar... De manhã você vai se sentir melhor.