Capítulo Único
’s POV:
Tudo que eu enxergo dessa sala tão confinada, são as ruas abarrotadas de pessoas. Pessoas caminhando, correndo, sendo felizes e sendo tristes. É meio melancólico. Ver tudo dessa janela de vidro me faz pensar em como me sinto guiado por minhas ações e reuniões, o fascinante mundo dos negócios. Logo chega o fim do expediente e sigo para meu prédio, satisfeito com a rotina e produtividade de tudo que faço. Os dias se misturam em um redemoinho girando rápido demais.
Morar num dos prédios mais seguros e devidamente elitizado de Manhattan tem suas vantagens, como a vista sensacional do Empire State, emoldurado pelas janelas de alguns milhões de dólares que orgulhosamente comprei. Estar sozinho é quase uma filosofia, um estilo de vida e garante uma liberdade que não poderia existir em uma relação qualquer. é um magnata competente e independente, centro de seu próprio universo. , o homem mais cobiçado de toda Manhattan. , o sujeito que está se vangloriando em pé na própria sala, em voz alta. , eu. A vida é uma estação de rádio sintonizada em mim mesmo. Liguei o som e segui direto para meus uísques, uma dose dessas pagaria o aluguel de uma família de baixa renda por dois meses. A vida é uma ironia, meu amigo. Deitado no sofá, saboreando meus últimos momentos com esse uísque, escuto três batidas na porta. Três batidas na porta às 21h de uma segunda-feira? Na minha porta? Só podia ser brincadeira. Já irritado, caminhei em passos decididos enquanto o filha da puta intrometido batia novamente. Abri a porta pronto pra xingar quem quer que fosse, meu sangue fervendo. Os palavrões cortando a garganta para sair. Quem batia na porta alheia em um prédio de luxo?
- Desgr... – a fala se perdeu no meio do caminho. Puta merda.
Para minha surpresa não era um filha da puta qualquer, era uma garota. Jovem demais. Inocente demais. As palavras sumiram da minha boca, e o mundo parou de girar por um minuto inteiro antes que ela dissesse alguma coisa.
- Boa noite, sei que o senhor não me conhece, me mudei pra cá recentemente. Sou .
PUTA MERDA.
Eu me sentia um adolescente pegando na mão dela enquanto seus olhos curiosos me fitavam de cima a baixo.
- Desculpe incomodar senhor...
-
Ela ergueu uma sobrancelha e passou uma mexa de cabelo pra trás da orelha.
- Senhor , hm, eu não queria incomodar, mas preciso de uma xícara de açúcar...
A surpresa tomou ainda mais meus olhos, quem em pleno século XXI,na cidade de Nova York, pedia uma xícara de açúcar para um vizinho? Eu ri e ela me acompanhou.
- O pedido mais inusitado que já ouvi nos últimos dez anos, senhorita .
- Apenas , por favor.
- .
Fitei seus olhos novamente. Eles irradiavam luz, como duas pedras preciosas, um ladrilho que artista algum jamais conseguiria imitar. Ela era cheia de luz por dentro.
- Então, o senhor pode me ajudar?
Ela me tirou do meu transe e eu a convidei para entrar, enquanto ia até a cozinha buscar o açúcar. Vi que ela se aproximou de uma obra que eu havia pendurado na sala há pouco tempo, uma tela com tons mesclados de azul e verde. Observando ambos, parecia mais um reflexo de seus olhos do que qualquer outra coisa. Ela era belíssima, os cabelos ondulados e descendo até a cintura, um nariz desenhado com uma bela boca a tornavam incomparável a qualquer mulher que eu já havia conhecido. Mesmo vestindo um conjunto de moletom extremamente surrado, ela era deslumbrante. Me aproximei cautelosamente enquanto seus olhos ainda fitavam o imenso painel
- Um artista local, comprei durante minhas primeiras semanas aqui enquanto andava pelo Central Park.
- É simplesmente encantador, a forma como as nuances dançam umas com as outras, consegue ver?
Ela olhou pra mim enquanto explicava o encontro dos tons no quadro e eu me perdia cada vez mais naqueles olhos surreais. O tempo pareceu parar de novo, uma eternidade em um momento tão curto. Ela parecia perdida também, um contraste de inocência num lugar tão urbano e cinza, ela era um poço de cores.
- Bom, senhor , já vou indo, tenha uma boa noite e muito obrigada pelo açúcar. Espero retribuir o favor algum dia.
Segurei a mão que ela me estendia sentindo novamente a corrente de energia que nos ligou e não deixando em momento algum de fitar seus olhos.
- Algum dia, .
Ela sorriu, saindo pela porta.
Quando a porta se fechou, eu só pude buscar mais um uísque e observar as cores de seus olhos no quadro da parede.
permaneceu na minha cabeça como um furacão. Todas as reuniões que tive naquela semana se concluíram em olhos verdes e açúcar nas minhas anotações. Eu sabia que precisava vê-la novamente e entender o que se passava na vida daquela menina que apareceu tão repentinamente na minha porta. Procurei seu apartamento no prédio, mas não obtive sucesso, tampouco o porteiro poderia me passar alguma informação. Ela parecia feita de fumaça e escapou pelos meus dedos tão fácil quanto.
Sábado de manhã chegou e eu e meu par de tênis já estávamos prontos para uma corrida matinal no Central Park, hábito que criei desde meu primeiro ano aqui em Nova York. Nada poderia ser mais esclarecedor na minha mente que alguns quilômetros em alta velocidade com meus pulmões pegando fogo. Era disso que eu precisava pra tirar o emaranhado de cabelos da minha mente e era o que eu faria.
Saí confiante para a rua, Nova York batia no ritmo do meu pulso. Minha cidade, minha maior conquista. Meus pés saíram do chão, no ritmo da música, a corrida se iniciava e meus olhos eram inundados pelo colorido das folhas no Outono. , um competente CEO. , um homem independente. , o mestre de seu próprio universo. , eu. Meus olhos se fecharam por uma fração de segundo e então eu senti o baque contra algo, seguido por um gritinho de surpresa. Fui ao chão junto com uma bagunça coberta de tinta.
- Ah, meu Deus, senhor . O senhor está bem?
Entre as milhares de pessoas que estavam no Central Park naquele momento, eu havia sido capaz de cair em cima de quem justamente eu gostaria de esquecer. estava no chão, as mãos na cabeça, tinta nos cabelos e nas bochechas e ela conseguia ser ainda mais adorável desse jeito. Percebi que perto dela estavam caídos o cavalete e seu quadro, uma obra de arte arruinada pelas folhas do chão. Minha cabeça também doía e eu tinha um pouco de sangue nas mãos.
- . Senhorita . Sinto muito, foi uma distração. Você está bem?
olhou pra mim, depois pra seu quadro no chão e toda tinta espalhada em suas roupas e cabelos, depois seus olhos se voltaram para mim de novo e ela começou a rir escandalosamente. Como reação à risada mais incrivelmente gostosa que eu já havia ouvido, logo eu estava rindo também. tinha lágrimas nos olhos e tentava formular qualquer frase, mas continuava rindo como uma criança.
- Ah, senhor ! Definitivamente o senhor é mais desastrado do que eu esperava, tem tinta por toda a sua roupa também, sinto muito.
Eu limpava as lágrimas dos olhos enquanto sorria pra ela.
- Senhorita ...
- Apenas , meu Deus!
- , eu sou mesmo um desastre, arruinei sua pintura, e suas roupas e tudo mais o que estava ao meu alcance.
Me levantei com dificuldade, trazendo-a comigo. Seus olhos se fixaram em minhas mãos machucadas pela queda e ela tirou um paninho do bolso, milagrosamente não danificado pela queda ridícula de momentos atrás e limpou os ferimentos com ternura.
- Sabe, senhor ...
- , .
- , certo. Sabe , quando te vi pela primeira vez, tão sério atrás daquela porta, com um uísque nas mãos, pensei que o destino era bem irônico de me apresentar justo a você e que tudo era apenas uma grande coincidência.
Seus olhos se voltaram pra mim, reluzentes como o sol.
- Mas agora, aqui no meio do Central Park, com toda essa tinta nas suas roupas, eu consigo ver que é mais que isso. Era pra acontecer.
Sorri com as palavras dela. Era sim pra acontecer, . Esses seus cabelos tiraram meu sono e foco durante uma semana toda e agora eu te encontro no lugar mais improvável possível.
- Teoria interessante essa sua, . Então é tudo sobre isso? Destino, vidas determinadas, sabe essa maracutaia toda...
Minha voz soava divertida e empolgada enquanto eu a ajudava a arrumar a bagunça que havíamos feito.
- As coisas não são necessariamente assim, . Mas às vezes a vida manda uns presentes pra gente, entende? Pessoas inusitadas para nos ensinar algo, mesmo que de passagem. Talvez o senhor seja o responsável por me ensinar a correr, por exemplo.
- Com certeza sou eu quem preciso de aulas de corrida agora.
Rimos sinceros e seguimos em direção ao nosso prédio juntos.
- Então, você é daqui mesmo, ? Digo, eu nunca o havia visto até pouco tempo e considerando que moramos no mesmo prédio é bem improvável que não tivéssemos nos encontrado antes.
- Me mudei pra cá há cinco anos, mas esse é meu primeiro mês no meu novo apartamento.
- Ah, você é o forasteiro então – ela riu da própria piada – acho que os únicos com menos de 70 anos daquele prédio somos nós.
Eu ri acompanhando ela. Era verdade, era um prédio tradicional e muito bem localizado, porém a faixa etária era insana...
- E você, ? Como veio parar aqui?
- Eu nasci em Nova York. O apartamento foi um presente de meu avô, ainda quando criança e onde eu vivo desde que meus pais se mudaram para Bristol. Eles são britânicos, sou a única americana da família...
Estávamos já na fachada de nosso edifício. cumprimentou o porteiro, assim como eu e seguimos para o elevador. Não haviam mais palavras entre nós, só a mesma sensação de inquietação que me trazia, a ansiedade, vontade. Ela desceu primeiro, mas eu fiz questão de leva-la até sua porta.
- Então, hm, foi um prazer . Obrigada pela ajuda com as coisas.
- Você quer dizer: obrigada por quase arruinar completamente o seu trabalho?
Rimos juntos, e aquela faísca ainda pairava entre nós. Tão surreal que eu podia jurar ser fruto da minha imaginação se não fossem os olhos de a minha frente vívidos como o sol que pairava lá fora. Ela abriu a porta e olhou pra mim uma vez mais, ansiosa pelo que viria a seguir.
- , eu...
- O senhor?
O vinco em sua testa voltou a aparecer, enquanto ela mordia os lábios em dúvida. Foi então que a beijei, no sentido mais puro, como nunca havia beijado ninguém. As mãos de subiram pela minha nuca e cabelo, nossos lábios numa junção tenra e confortável. Separei nossas bocas, segurando seu rosto em minhas mãos, observando cada detalhe. Ela sorriu e eu sorri junto, unindo nossos lábios mais uma vez.
A cena que mais se repetiu naquela semana foram os beijos entre mim e . Todos os dias que fossem eu aparecia em seu apartamento com a pior desculpa que tivesse só pra poder beija-la mais e mais. Um adolescente sem iniciativa, era isso que eu era.
- ...
- ?
Nossos lábios se desgrudaram poucos instantes enquanto ela se ajeitava no meu colo. Num apartamento tão imenso quanto o meu, abrigava além de sua casa uma galeria repleta de suas magníficas pinturas. Quadros e mais quadros com os desenhos estonteantes e nuances únicas, frutos das mãos talentosas da mulher mais linda que eu já havia conhecido.
- Vem jantar comigo amanhã. Nós dois, meu apartamento e lasanha de queijo.
Ela olhou pra mim, curiosa. Minhas mãos suavam esperando sua resposta. era mais do que uma mulher qualquer que havia aparecido e eu sabia disso. Entendia isso quando observava seus traços sorrateiramente, entendia isso quando a sua boca estava na minha ou quando olhava suas obras de arte, entendia até quando ela comprava uma lasanha de queijo só pra ela e outra pra mim.
- , vem. Janta comigo, baby.
Ela não respondeu, só me beijou enquanto sorria e eu fazia o mesmo.
Eram oito da noite e eu estava mais nervoso que quando assumi meu cargo na empresa. A mesa estava posta, velas por todo canto e um ansioso pairava na porta com seu uísque não mais tão caro em mãos.
A batida de me despertou, e foi apenas abrir a porta para vê-la parada ali. Tão magicamente linda, os cabelos que eu amava tanto presos em um coque, enquanto as rendas do vestido preto caíam delicadamente sobre seus ombros. Ela era uma divindade, um anjo. Pisquei atordoado, enquanto seus olhos me percorriam de cima a baixo, num brilho espetacular.
- Você está tão...
Faltavam palavras pra dizer. era inexplicável.
Ela nada respondeu, apenas se jogou nos meus braços, selando nossos lábios enquanto o nosso destino também era selado naquela noite enquanto a chuva caía por Nova York.
Dia após dia, as coisas entre mim e se tornavam mais apaixonadas. De finais de semana madrugada a fora na cidade a dias inteiros no sofá. Foram nesses tempos que meu trabalho começou a apertar cada vez mais. A Colb Company estava prestes a fechar um contrato milionário e eu deveria estar mais centrado do que nunca na minha competência. era compreensiva com meus atrasos, faltas, entendia meu distanciamento e apoiava meu trabalho.
Já era tarde da noite quando finalmente cheguei ao meu apartamento, encontrando-a dormindo docemente no sofá. Sobre a mesa da cozinha estavam nossas lasanhas de queijo e o vinho que era meu preferido. Meu coração se apertou mais, o que eu estava fazendo com a mulher que amava?
- – vi ela se mexer e seus olhos abrirem lentamente.
- – eu me sentei perto dela – meu bem, me perdoe. Você sabe como estão sendo essas semanas pra mim, é minha respons...
- É sua responsabilidade garantir que esteja tudo correto e a negociação seja fechada, eu sei .
Seus olhos sorriram tristes e cansados.
- Deixei tudo pronto pra você, pensei que estaria com fome. Desculpe ter dormido antes, foi um dia particularmente intenso na galeria. – sua voz era um muxoxo sonolento. A peguei em meus braços enquanto ela dava uma risadinha e deitamos juntos. A fome poderia esperar.
Foi no dia mais importante de . Ela estava ansiosa há semanas com a exposição que daria para sua galeria um novo olhar do público. Trabalhou minuciosamente em obras espetaculares e eu estava orgulhoso de tudo que ela criara. Cada dia nos víamos menos, consequência mais do meu trabalho do que do dela. Mas aquele era o dia em que eu me redimiria e voltaríamos a alegria dos nossos dias juntos. Tudo estava planejado, eu a surpreenderia e seria incrível.
A exposição deveria começar às 20h, todas as minhas reuniões estavam pautadas para terminarem até às 18h, uma garantia que estaria lá pontualmente.
A ironia foi tão grande, que às 20h30 eu ainda estava no escritório, encurralado por uma reunião de última hora com investidores. Minha garganta estava seca e eu estava nervoso, sabendo que estava a minha espera. Consegui chegar às 22h30 na galeria cheia de luzes, já vazia. estava sentada na escada com o semblante mais triste que a vira desde que nos conhecemos. Em suas mãos, uma dose de uísque, incomum pra ela que vivia de vinho. Sorriu cansada quando nossos olhares se encontraram.
- , baby, eu sinto tanto. Foi de última hora e eu tive que permanecer. Segurei suas mãos nas minhas, enquanto me abaixava de frente pra ela. Ali, sentada com o vestido mais bonito que eu já vira, seus olhos pareceram brilhar mais ainda.
- , não precisa se desculpar. Eu realmente entendo... eu só quero ficar em paz, sabe?
Ela soava distante e eu sabia que era culpado. Nossos mundos estavam cinzas novamente e eu era responsável por isso também.
Ela se levantou e veio até mim, as duas mãos em meu rosto enquanto eu segurava seus pulsos ternamente.
- Tem algo pra você lá dentro.
E saiu andando, no modo que eu sabia que estávamos esfarelando e não podia impedir. Ao entrar na galeria, segui a direção que havia nas placas me deparando com quadros desconexos, pedaços de alguém por todos os cantos. Quando cheguei ao corredor final meu coração parou. Havia meu rosto, em um painel imenso, montado com todos os pedaços anteriores com as cores mais bonitas que eu já havia visto. Sobre a tela o título: Amor.
Os dias se misturavam em papéis, números e um arco-íris verde. não saiu de minha cabeça em momento algum daquela noite, nem de todas as outras que a seguiram. Me senti enjoado, ansioso e nada como eu mesmo. Eu era um homem seguro, cauteloso, minha única paixão era meu cargo de CEO, e apesar de tudo isso eu não conseguia ignorar o pensamento de ouvir a voz dela de novo.
Sexta-feira chegou sem sinal de . O dia era sempre completo e incompleto, mesmo inconscientemente eu ainda aguardava ela aparecer e pedir mais uma xícara de açúcar ou de qualquer outra coisa que fosse. A chuva lavava a cidade de Nova York, tornando o trânsito caótico. Era de se esperar mais um desses congestionamentos em um dia assim. Entediado, encostei a cabeça na janela enquanto Maddog, meu motorista, guiava-nos calmamente para casa, andando meio metro por hora. Foi então que a vi novamente. Em meio a chuva torrencial, ela andava calmamente, a cabeça levantada aos céus como quem agradece. Meus olhos se perderam em seus traços, nem vi quando saí do carro, sequer me lembro de ter dito a Maddog para me encontrar em casa. Quando percebi já estava lá fora, os sapatos caríssimos empapados, meu terno perfeitamente alinhado já inteiramente molhado e à minha frente com a maior surpresa dos últimos tempos estampada em seus olhos. Percebi que estava rindo junto à ela, gargalhando como nunca.
- O que é isso, ?
- Sou eu.
E era verdade. Aquilo era eu. A chuva sobre mim era eu. As ruas cheirando a asfalto molhado e flores era eu. As gargalhadas descontroladas era eu. Os olhos de , maravilhados, era eu e puramente eu. Eu era amor e não um amontoado de papéis no fim do dia, eu era espontâneo, jovem e sonhador. Eu havia esquecido tudo isso em ternos de centenas de dólares, em copos de uísque caríssimos. Havia me enganado enquanto apreciava a minha constante solidão, achando que números na conta bancária me preenchiam, mas nada me preenchia como amar novamente. Nada me impressionava mais que a mulher a minha frente, molhada da cabeça aos pés e com os olhos mais brilhantes que eu já vira. era minha redenção. E ali estava ela, parada a minha frente, cheia de admiração esperando por mim enquanto eu ainda contemplava o sentimento de finalmente ter o sol dentro de mim. Meu coração batia descompassado enquanto eu me aproximava dela, seu cheiro invadindo minhas narinas, o toque de sua pele me arrepiando e por fim nossos lábios se tocando. O sabor de chuva, vida, amor. Sabor de luz e de , liberdade de ser quem eu realmente era, faziam aquele momento o mais feliz que eu já havia passado. me beijava calmamente, as mãos em meus cabelos enquanto eu a rodava pela cintura, dois, três sorrisos entre o beijo apaixonado e fantástico em meio a uma Nova York caótica e chuvosa.
- Fica comigo, . Seja minha pra sempre.
- Eu quero morrer nos seus braços, meu amor.
Foram essas palavras apaixonadas que saíram dos lábios de enquanto meus braços ainda a traziam fortemente junto a mim. A euforia era tanta que não sabíamos se estávamos rindo ou chorando, nossos olhos se fechavam ora pela chuva, ora pelo sentimento de pertencer a alguém.
Hoje, recordando como conheci a mulher da minha vida, não posso evitar a emoção que me toma mesmo depois de vários anos. corria com nossa filha, as tintas espalhadas no chão e tantas telas cheias delas. Como eu poderia imaginar que o amor da minha vida apareceria na minha porta pedindo açúcar e traria tantas cores pro meu mundo cinza? me virou de cabeça pra baixo só pra encontrar meu lado certo, ao lado dela e de nossa família.
E quanto a mim? Bem, eu abandonei meu cargo de CEO e fundei minha própria companhia: verde, renovável e familiar. Dentro dos valores que havia me esquecido, aprendi que os papéis também podem ser coloridos e que dinheiro nenhum bancava o sentimento de honestidade com o trabalho que estávamos operando. continuava sendo minha luz e seguia produzindo suas obras espetaculares, o brilho de seus olhos continuava aumentando, assim como meu amor por ela. No fim, eu aprendi a correr sem tropeçar, troquei meus uísques caros por vinho barato e noites sozinho por danças em frente a lareira depois que nossos filhos estavam na cama. A vida é uma estação de rádio sintonizada no amor e minha música era tocada nas risadas de .
Fim.
Nota da autora: Queria agradecer a quem tirou um tempinho pra ler
essa história que escrevi com tanto carinho! Espero que seja a
primeira de muitas e que vocês tenham gostado tanto quanto eu!
Queria deixar um super obrigada pra Lala, nossa organizadora
maravilhosa que me deu coragem pra expor um trabalho assim (e
que arrasa nas fics!), um obrigada pra Flavia, nossa capista, por todo
capricho e amor colocado nos trabalhos e um obrigada pra nossa beta
(que teve paciência e me explicou tudo hehehe) Letícia <3.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.