08. Do It Like a Dude

Finalizada em: 17/08/2018

Capítulo Único

Sábado


- ! – o garoto gritou pela irmã, ouvindo um resmungo dela de volta. – Atende meu celular!
- Cadê você? – ela perguntou ainda jogada no sofá do apartamento que dividia, com o irmão gêmeo, no campus. A garota fez uma careta enrugando o nariz ao ver o sobrenome vibrar junto com o aparelho na tela do celular. – É o !
- Eu estou lavando roupa! – gritou de volta. – Não dá pra você atender e saber o que ele quer?
- Não. Vai cair minha orelha! – ela se afundou ainda mais no sofá e ouviu o irmão gargalhar. – Quem vai atender é você! – a garota completou, o ouvindo rir ainda mais. sabia exatamente o que a irmã iria fazer.
tinha a incrível habilidade de pegar todos os trejeitos de uma pessoa só por observá-la e aquilo não era diferente com o gêmeo, principalmente pelo fato de os dois serem grudados desde sempre. Mas não se limitava só ao irmão, ela imitava bem demais o jeito dos amigos, incluindo e . A garota era palhaça e sabia bem daquilo.
- Você ainda vai se ferrar por isso, gêmea! – o rapaz riu alto.
- Partiu, confundir a cabeça do ! – ela brincou antes de atender ao telefone e pigarreou, preparando a garganta. – Oi, cara! – botou pra fora todo o timbre do .
- Cadê você? Eu estou esperando aqui fora da loja há quase 10 minutos e nada de você aparecer, porra. – o rapaz ralhou meio impaciente.
- Ih, , nem fui trabalhar hoje. – ela respirou pra segurar a risada e colocou os pés em cima da mesinha. – Eu estava lavando roupa, ou arrancava minhas pernas.
- E por que você não avisou? Sinceramente, você é um mandado. Como você faz tudo que a chata da sua irmã manda? – o esganiço do outro foi fora do comum, mais uma vez, fazendo querer gargalhar na cara do garoto.
- Nós somos uma dupla, cacete! – rolou os olhos. – E eu não faço tudo que ela manda. Nós temos obrigações dentro de casa, bebê chorão!
- Ah, vai à merda!
- Fique à vontade pra mapear o caminho. – ela segurou a risada tão diferente da do irmão e ouviu o melhor amigo do irmão gargalhar. era muito idiota pra rir.
- Vou comprar o jogo e corro pra aí, vai ligando o PS4. – o mais velho suspirou.
- Vai logo. Vou ligando aqui. – mordeu a boca, querendo rir, mas segurando pra não dar na cara.
- Já chego. Tem cerveja aí?
- Não, mas peço a pra ir comprar. Tchau. – ela se despediu antes que encompridasse muita conversa e a voz falhasse.
- Ok, tchau! se despediu e ela desligou o telefone, pigarreando mais uma vez.
colocou o celular do irmão na mesinha de centro e levantou do sofá, na intenção de molhar a garganta. Ela andou até a cozinha, balançando o cabelo curtinho na cabeça, enquanto dançava ao som do barulho da máquina de lavar. A garota já tinha sido chamada de louca por ter cortado o cabelo bem curto, o famoso Joãozinho, mas só ela sabia o quanto cabelo longo demandava trabalho. E a única coisa que a gêmea não queria, era se preocupar com cabelo, quando a faculdade já lhe tirava o resto de vida que tinha.
- O que ele disse? – soltou uma gargalhada ao ver a irmã dentro da cozinha, quase o mesmo cômodo da área de serviço do pequeno apartamento.
- Te xingou horrores, por que você não foi em uma tal loja de videogames. – ela bebeu um grande gole de água. – Aí eu xinguei de volta e ele disse que já vinha pra cá.
- Você não presta, gêmea! – o rapaz riu ao ver um sorriso meigo no rosto da irmã. – Ele não percebeu?
- é tapado demais pra isso. – ela acabou com a água da garrafinha e mandou beijo pro irmão. – Vou sair, já volto. Não esquece de ligar o PS4.
- O PS4? – o grito do rapaz saiu fora do tom. – Eu estou lavando roupa, caso você não tenha percebido!
- Então deixa que o liga. – ela deu de ombros e riu. – Fui, gêmeo! – mandou beijo pro irmão e saiu da cozinha arrastando a chave do carro que os dois dividiam. Se ela ia aguentar uma tarde do fingindo que adorava irritá-la, ela ia precisar de álcool, muito álcool pra não agarrar o garoto na frente do irmão e calar a boca dele.

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Os três estavam muito bem acomodados na sala do apartamento dos . O sábado era um bom dia pra fazer qualquer coisa que não envolvesse livros e afins. Eles sabiam e levavam a faculdade muito a sério, principalmente por terem consciência de aquela era a única saída pra uma vida melhor, mas se divertir um pouco não era crime e nem pecado. e dividiam o espaço no chão, em frente ao sofá, vidrados na tela da TV, enquanto se dividia entre morrer de tédio por não estar fazendo nada e beber mais uma cerveja.
- Já acabou aí? Eu quero jogar. – ela jogou a cabeça de leve pra trás, ouvindo os dois rirem baixo.
- Cadê a ? – perguntou, dando um descarte na irmã.
- Organizando a festa da fraternidade. – ela voltou a proferir, jogada no sofá.
- Nossa, cara! É mesmo. Hoje tem festa na fraternidade dela, vocês vão que horas? – o perguntou animado, ainda se dividindo entre o jogo e a conversa.
- Não sei, lá pras 22h, não é ? – o gêmeo perguntou esticando a cabeça pra olhar pra irmã.
- É... Mais ou menos isso mesmo. – a garota suspirou, olhando pro teto da sala. – Me deixem jogar! – ela pediu afundada na manha.
- Não! – respondeu de uma vez, sabendo que iria irritá-la.
- Sai daí, . Deixa eu massacrar esse idiota. – pediu mergulhada no deboche, fazendo o irmão rir. só podia ser doido de mexer com quando ela estava mais bêbada do que sóbria.
- Se fecha, . Você não sabe jogar. – rebateu com um sorriso bem debochado, que fez a garota já meio zoada do álcool, estreitar os olhos. Ele estava duvidando dela?
- Eu vou te destroçar, ! Vou fazer você pedir arrego. – ela esbravejou, conseguindo mais um sorriso debochado em troca.
- Não viaja, . – ele mandou um beijo provocador, que fez a garota bufar de ódio.
- Você está duvidando de mim? – perguntou possessa, sentindo o sangue subir a sua cabeça e o mundo rodar um pouco. Maldita cerveja!
- Vocês podem parar, por favor? – pediu em meio aos esganiços da irmã, sabendo que sua palavra teria bem pouco poder.
- Não! – os dois gritaram juntos, fazendo o nerd se encolher e bufar. – Você se acha o gostosão, não é ? – ela carregou a voz em escárnio. – Pois saiba que não é, nem aqui, nem em lugar nenhum. Isso é medo, apenas medo de ser destroçado por mim, porque sabe que eu sou muito melhor do que você.
- Melhor do que eu, ? Do que droga você tá falando? – o rapaz arregalou os olhos meio assustado com o surto dela. Ela estava ficando doida?
- Muito melhor do que você! – ela esbravejou. – Você é só um garoto idiota e saiba que eu posso ser muito mais homem do que você. Não queira que eu entre nesse jogo. Se eu entrar, eu te faço duvidar da sua própria sexualidade, idiota! – soltou um grito indignado, deixando os dois amigos com um gigante ponto de interrogação na testa. Ela bufou e sacudiu a cabeça, bem saturada com a falta de entendimento dos dois. – Sinceramente? Cansei de vocês.
Eles continuaram olhando pra , sem entender que surto tinha sido aquele e logo a garota arredou o pé da sala. Passar mais cinco minutos ali acabaria em catástrofe.
- O que deu nela? – perguntou baixo ao melhor amigo, que estava tão confuso quanto ele.
- E eu sei? Acho que bebeu demais. – mordeu a boca na tentativa de prender a risada, mas logo gargalhou da cara de idiota do . Ele mal sabia que era impossível ao ponto de fazer tudo que tinha dito. O rapaz desinformado riu junto com o amigo, achando que tudo era pelo surto da pseudobêbada.

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se espreguiçou procurando coragem, enquanto se arrastava até seu quarto. Precisava tomar um banho rápido e apressar , ou eles se atrasariam e, com certeza, aquele seria um motivo para planejar a morte dos três. Por que, consequentemente, também se atrasaria. O garoto empurrou a porta do quarto como se juntasse todas as suas forças para fazer aquilo e sentiu todo o sangue fugir dos seus lábios ao encontrar algo, no mínimo, assustador em cima da cama. O grito saiu esganiçado, amedrontado e escandaloso da boca dele. Quem merda era aquela assombração vestida com suas roupas e deitado exatamente como ele? Será que ele tinha morrido e não tinha se dado conta?
O gêmeo mais medroso da dupla, começou a respirar curto, mas perdeu totalmente a sua linha de controle quando percebeu quem era, só pela gargalhada. estava encolhida na cama do irmão, vermelha e sem conseguir controlar suas risadas mais espontâneas e escandalosas. Não era possível que não tinha percebido na hora, que era ela.
- Socorro! EU DEVIA TER FILMADO ISSO! – a garota gritou, segurando a barriga.
- QUE PORRA É ESSA, ? – soltou um grito esganiçado, assustado com a postura da gêmea.
- Você mais lindo! – ela tentou ajeitar a postura e mandou um beijo pro irmão, rindo ainda mais da cara de palerma dela. – Não é possível que a gente seja tão parecido assim! – ela duvidou da semelhança ao ver a expressão chocada do irmão gêmeo.
- Vai à merda! – ele xingou rindo e passou a mão pelos cabelos, meio nervoso.
- Abra caminho! – movimentou a mão como se mostrasse uma estrada e o fez rir mais. Ela negou com um aceno e sentou na cama.
- Que susto do caralho! – colocou a mão no peito.
- Para! Nem deve estar tão espantoso assim. – a moça negou com a cabeça. – Cadê o espelho?
- Nós somos gêmeos, ! – o garoto foi mais do que explícito. – E sim, tá mais do que espantoso! – ele arregalou os olhos. Será que ela não percebia que os dois eram sim iguaizinhos em várias coisas? Mudando obviamente, que ele era homem e ela mulher. Ela negou com a cabeça, rindo do espanto dele e puxou o irmão até o grande espelho que tomava uma boa parte da parede. – Olha isso! – o gritinho saiu esganiçado.
- CARALHO! – tapou a boca com a mão, realmente assustada com a semelhança dos dois. Ela arregalou os olhos para o irmão e o viu fazer o mesmo. – DOIS MENINOS! – a garota soltou mais um grito, que fez os dois rirem alto.
- EU FALEI!
- Gente! Socorro, estou passada! – ela começou a se virar em frente ao espelho, ouvindo o gêmeo rir.
- Por que você se vestiu de , doida? – o rapaz sacudiu a cabeça, tentando não ver tanta semelhança na irmã vestida em suas roupas.
pigarreou, preparando a garganta pra imitar a voz do irmão e o fez rir por antecipação.
- Teu amigo é um filho da Puta. Vou fazê-lo engolir tudo que ele disse hoje, vai enfiar a língua no...
- Eu sei! – a cortou, antes que terminasse a frase, fazendo a irmã rir alto. – Isso é sim, muito esquisito. – ele apontou de um pro outro.
- Depois que eu cortei o cabelo, fiquei ainda mais a sua cara. – os dois riram.
- tá tão ferrado! – o garoto abriu um sorriso malvado e de deboche. – Eu já disse que te amo hoje, ? Porque olha, eu estou muito dentro. Vamos bugar a cabeça daquele idiota!
- VOCÊ VAI ME AJUDAR? – o gritinho dela saiu junto com alguns pulinhos animados.
- A zoar o ? Sempre! – o rapaz piscou e abraçou a sósia de lado. Os dois riram mais uma vez, bem desacreditados, olhando bem para o reflexo no espelho. Aquilo era tanta loucura.
- O que que eu faço? Eu sou você, mas não tenho jeito de homem, aí ferra! – ela contorceu o rosto em uma careta, ganhando um abraço encorajador do irmão.
- Vem, deixa eu te ensinar a ser homem. – riu da frase, no mínimo, peculiar e a fez rir junto.
Aqueles dois só tinham a cara de anjo. Eram os gêmeos mais encapetados que aquela universidade conhecia, literalmente. Os irmãos nunca tinham sido lembrados pelo seu impecável desempenho, mas sim pelas bagunças aprontadas dentro do campus. O rapaz parou bem ao lado dela, em frente ao espelho e começou mostrar quaisquer dicas de postura que a fizesse ficar com o jeito mais masculino. Por sorte os dois tinham a mesma postura retinha, o mesmo senso de humor e algumas manias que os fazia serem ainda mais parecidos. Mas uma coisa ela ia ter que mudar completamente.
- Não rebola! – ele soltou um grito ao ver a irmã andando pelo quarto, como se tentasse treinar e fixar tudo que ele tinha dito.
- Eu não rebolo! – ela esganiçou, fazendo a ofendida com a repreensão dele. – Eu ando normal.
- Rebola, . Esse é o seu normal. – rolou os olhos, como se aquela fosse a verdade mais absoluta e os dois riram.
- Não rebolo, não! – a garota pirraçou mais uma vez, o fazendo bufar.
- Rebola e o safado já olhou pra sua bunda! – o gêmeo superprotetor apontou com uma careta de asco, ouvindo apenas a gargalhada dela. Uma gargalhada bem construída em nervosismo. – E não foi só uma vez.
odiava esconder qualquer coisa do irmão, mas infelizmente, contar o que acontecia entre ela e , não dependia apenas da garota. Ela não queria destruir a amizade dos dois e se o melhor amigo do irmão insistia em pensar uma melhor maneira de contar, a estudante estava do lado dele.
- Mas vai, . Olha, me imita. – o rapaz andou dentro do quarto, mostrando como queria que ela fizesse e a garota balançou a cabeça em entendimento.
- Ok, olha agora. – ela andou exatamente como o irmão, retinha e largada o suficiente pra mostrar que boa tinha qualquer rebolado. Sem falar das pernas mais afastadas, como se tivesse com algo entre elas.
- VOCÊ NÃO PRESTA! – o grito do rapaz foi estrondoso. A garota riu junto e deu high five com o irmão.
- Uma coisa já foi! – deu um pulinho bem animado, típico do que a garota era. – Vocês têm algum cumprimento, ?
- Sim! Geralmente a gente dá um meio abraço e um tapa nas costas. – ele fez uma careta por pensar que a irmã precisaria aguentar aquilo. – A mão do é meio pesada, então não manera, não. Pode lascar a tapa. E xingamento é normal, mas isso você já viu. – o rapaz meneou a mão.
- Gente, isso vai sair muito ruim. – ela negou com um aceno de cabeça, rindo da situação toda. – Ele vai notar de cara!
- Pelo menos vai render umas boas risadas! – beijou a cabeça da irmã.
- Você tem uma camisa mais folgada, ? Essa tá marcando algo que você não tem. – ela falou sobre o tecido marcar os seios e riu junto com ele. O rapaz abriu a gaveta da cômoda e tirou uma camisa de lá. Era preta e com um coração construído em pixels na frente. Fazer o quê, se eles tinham uma personalidade nerd/geek maravilhosa?
- Usa essa! – ela segurou a camisa que ele jogou.
- Obrigada! – agradeceu e vestiu por cima da que já usava, ao menos disfarçaria os seios de forma mais efetiva. – Me arranja um boné?
- Cuida bem, é meu preferido! – o rapaz tirou o que estava na cabeça e jogou pra ela, vendo a garota pegar e colocá-lo na cabeça.
- O quão estou? – ela riu e fez uma pose exagerada, vendo o irmão arregalar os olhos e abrir a boca abismado. Era oficial, eles eram idênticos.
- Tá muito parecido, gêmea! – o rapaz passou a mão no rosto, sem acreditar naquilo. – Por que a gente não descobriu isso antes? Ia nos poupar uns gritos. – ele se referiu a um poder encobrir o outro nas traquinagens e a fez rir alto.
voltou a dar mais algumas dicas para a irmã, em relação a forma que ela se portaria e deixaria bem mais na cara que era ele. Incluindo fazê-la enfiar uma meia dentro da calça pra dar volume. Se ele não tinha peitos e ela precisava esconder. Ela não tinha o pinto que precisava, de alguma forma, mostrar que tinha.
- Eu não vou coçar a meia! – ela soltou um esganiço, com cara de nojo e ouviu o irmão gargalhar.
- Meu bem, se você quer parecer um homem, precisa coçar o saco. – ele abriu um sorriso meigo, que a fez aumentar ainda mais a cara de nojo.
- A MEIA, ! – o grito saiu desafinado, fazendo o rapaz gargalhar.
Ela sacudiu a cabeça, ainda com a cara meio enojada e os dois ouviram alguém bater descontroladamente na porta do apartamento. Os fazendo terem quase certeza de que era e que ele ficaria puto, por nenhum dos dois estar pronto ainda.
- Seu primeiro teste! – apontou na direção. – Deve ser ele. Vai lá e arrasa! – o garoto piscou e deu alguns pulinhos.
- Estou indo, estou indo! – ela deu o ultimato e saiu do quarto andando de forma estranha, sentindo a meia incomodar no meio das pernas.
Credo! Se ter um pinto era daquele jeito, indiscutivelmente, ela preferia ficar sem. tentou ajeitar a meia dentro da calça e riu alto com o que tinha acabado de fazer. As ironias da vida lhe davam de cacete na cara. Ela pigarreou e segurou a maçaneta da porta.
- Vai quebrar? – o timbre saiu meio diferente, mas nada que ela não pudesse culpar o grito. A garota baixou um pouco a aba do boné pra esconder as sobrancelhas e abriu a porta. Que Deus a perdoasse, mas estava um belo pedaço de mal caminho todo arrumado e cheiroso. A calça deixava as coxas mais lindas e a camisa marcava os ombros. Só poderia ser castigo ficar tão afetada por aquele idiota.
- Eu não acredito que você ainda tá assim! – ralhou o suposto amigo e entrou no apartamento sem precisar ser convidado. Deu um meio abraço em , como se ali fosse e o tapa pesado nas costas, quase fazendo a garota trancar a respiração, mas logo retribuir a agressão carinhosa. – Ai cacete, mão pesada! – o garoto riu. – Mas agiliza, ! A gente vai se atrasar!
- Ai ele vai atrasar! – fez uma vozinha nojenta e trabalhada no deboche, vendo o garoto rolar os olhos. – E sem chilique, nem tá pronta ainda.
- E eu lá perguntei dela? – o rapaz colocou as mãos nos bolsos, mostrando que nem de longe aquilo era uma verdade absoluta. estava doido pra ver a garota após a pseudobriga durante a tarde. – Mas graças a Deus que eu fiz isso. Ou a gente chegava amanhã lá. – ele desviou do assunto .
- Você tá um porre, hoje. – a garota rolou os olhos.
- Vai se arrumar! Nada de ir feito um mendigo, a não merece! – quase enxotou a garota com uma das mãos. Ela fez o que provavelmente o irmão faria e abriu um sorriso malicioso, sobre a garota não merecê-lo de todo jeito.
- Garanto que ela não vai reclamar. – o sorriso superior escapou e rolou os olhos.
- E minha chatice é convivência contigo. Agora dá pra ir logo?
- Deixa de frescura, ! – os dois riram alto. – Para de mimimi!
- Apressa . – o rapaz pronto se jogou no sofá. – Ou ela vai de Táxi.
- Não, ela não vai de Táxi. Eu não saio de casa sem ela e você sabe muito bem disso, cacete. – o discurso mais repetido pelos irmãos, ganhou vida mais uma vez e apenas assentiu. – Tá rabugento, . – o deboche na voz dela era gigante. – Tá precisando dar, ? – a pergunta saiu maldosa o bastante pra fazer as bochechas do garoto corarem, mesmo que levemente.
- Vai te catar! – ele jogou uma almofada próxima e a garota desviou.
- Falta de sexo! – voltou a bater na mesma tecla.
- Vai a merda, filho da puta! – xingou, mas logo os dois começaram a rir dos xingamentos sem sentido.
- Fui! – a garota deu uma leve corrida segurando os peitos.
- Vai logo, ou eu deixo os dois em casa e ainda falo pra que você não quis ir.
- Cala a boca, ! – sentiu a voz falhar e arregalou de leve os olhos, mesmo de costas pro rapaz.
- Puta merda, você falou igual sua irmã agora. – gargalhou e respirou fundo, se metendo no meio das risadas e entrando corredor a dentro.
Droga! Aquela tinha passado mais perto do inferno do que ela havia pensado. A garota respirou fundo, entrando de uma vez no próprio quarto e bateu a porta. Ela riu alto com a situação e tirou as roupas do irmão, era hora de tomar um banho e ficar impecável. Era hora de deixar sem fala.

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sentia a vibração da música alta entrar em seus ouvidos e deixá-la tonta de repente. Ok, talvez, aquilo também fosse obra dos inúmeros shots que ela tinha virado goela a dentro e já faziam efeito. Ou o que tinha acontecido a pouco, lhe defendendo de qualquer idiota das fraternidades como se ela fosse uma donzela indefesa, algo que a estudante não tinha curtido nem um pouco de início.
Ele estava insinuando que ela não poderia se defender sozinha ou o quê?
Era complicado entender que ela poderia muito bem se defender de tais idiotas, sozinha? E o pior nem tinha sido de fato a defesa, mas a grosseria que havia saído da boca dela. Era uma verdadeira droga estar fadada a gostar do melhor amigo do irmão. Claro que os dois também cultivavam uma amizade, mesmo que ela tivesse ficado esquisita após os dois terem ficado a primeira vez, estando construída em disputas e briguinhas idiotas por qualquer besteira que posasse a frente dos dois. A garota apertou as têmporas, sabendo que provavelmente se arrependeria de voltar atrás e suspirou frustrada. No final das contas, ele tinha sido até gentil de interromper a ceninha do brutamontes que estava deixando-a enfadada em falar tanta besteira. A gêmea sacudiu o curto cabelo na cabeça e tomou porte, voltando para onde estava anteriormente e provavelmente encontraria outra vez.
chegou a cozinha a passos mais firmes do que os de uma modelo em cima dos finos saltos, que pareciam pluma pela passarela. Andou até onde estava virando qualquer álcool puro que tinha dentro do copo vermelho e puxou o rapaz pela gola da camisa, o beijando de surpresa e sem demora. Ele levou as mãos até a cintura dela, deslizando-as quadril da garota a cima, lhe causando um arrepio na espinha pelo movimento vagaroso e sentiu os braços dela escorregarem por seu pescoço, o abraçando com força. O beijo se tornou intenso, apertado, gostoso e mesmo sem querer, cheio de significados que eles não entenderiam tão cedo.
Os dois suspiraram após um selinho.
- I hate you. – ela proferiu entredentes, entorpecida com o perfume, o beijo e o jeito que as mãos do rapaz tomavam sua cintura. soltou uma risada divertida e sorrateiramente, aproximou o nariz ao pescoço da garota, o arrastando por lá.
- Você me adora. – ele beijou de leve, sentindo-a se agarrar ainda mais a si, vendo-a com o braço mais do que eriçado. – Mas eu nem fiz nada e você já está toda arrepiadinha assim? – a pergunta saiu baixo, vibrando na pele de , que soltou o ar dos pulmões com força.
- Filho da puta. – a garota xingou baixo, de olhos fechados, sentindo a língua dele começar se arrastar por seu pescoço.
- Você tá linda. – sussurrou ao ouvido dela, fazendo um elogio sincero e sabia que ela iria sorrir. Dito e feito. O rapaz sorriu satisfeito e beijou de leve a mandíbula da irmã do melhor amigo. – Não consegui tirar os olhos de você um mísero segundo. – os dois riram. – Eu sou um bocó!
- Ah, nisso eu concordo! – ela abriu um sorriso largo de deboche e segurou o rosto dele, o beijando novamente.
entrou na cozinha, procurando por qualquer um dos dois, rezando que os encontrasse primeiro que e deu de cara com a cena. A garota pigarreou um pouco alto demais e o casal parou os beijos, procurando meio atarantados de onde vinha o som.
-J á deu, já! – a garota ralhou e os dois riram, soltando do abraço.
- Cadê o ? – passou a mão na roupa, sentindo o olhar de continuar caindo sobre si.
- Foi procurar esse safado! – apontou pro amigo e o rapaz olhou-a com uma grande interrogação na cara. – , foi procurar por você, idiota!
- Vocês estão aí? – o gêmeo chegou sorrindo e abraçou pela cintura, como se mostrasse que a garota era a sua companhia aquela noite. Coisa que se dependesse dele, seria até o resto da vida.
- Estávamos atrás de você! – riu.
- Cheguei! – o rapaz gritou mais escandaloso que o normal, erguendo uma das mãos e dando a convicção que ele estava bem passado na bebida. Passado demais.
riu alto com a situação do amigo, porém aliviado por não ter que fingir nada. bêbado daquele jeito, a última coisa que ele ia prestar atenção era no jeito que o amigo tratava . O rapaz sacudiu a cabeça e andou até o amigo, jogando o braço em volta do pescoço dele.
- Vamos pegar algo forte para as moças? – um sorriso maldoso surgiu, fazendo o gêmeo olhar pra trás por cima do ombro.
- Aqui é a cozinha, não? – estava confuso.
- No carro, tapado! – riu alto, ouvindo o amigo lhe acompanhar na gargalhada e logo saírem ao som de qualquer rap que tocasse ali.
olhou bem pra cara da amiga, que parecia concentrada em um copo de bebida, quando na verdade só queria fugir dos questionamentos. A presidente da fraternidade cruzou os braços e em um jogo de sério, conseguiu a atenção da amiga, que ao invés de protestar, caiu em uma crise de risos.
- O quê? – abriu de leve os braços, ainda rindo.
- Gente, o que foi isso? Eu vi a discussão perto do som, depois eu chego aqui e vocês estão se engolindo. Como assim? – ela tentava se manter séria, mesmo que o pouco de álcool em seu sangue se manifestasse a fazendo rir alto.
- Eu não sei, é algo muito... – movimentou os braços mostrando que era tudo uma bagunça.
- Amor e ódio. – completou a frase, rindo da cara da potencialmente cunhada e a acompanhou na bebida.
- Atração. – a garota corrigiu, vendo rolar os olhos. – Que horas você vai subir na mesa e anunciar que a festa começou? – a desviada saiu com maestria, fazendo amiga arregalar de leve os olhos e puxá-la pela mão na direção da sala.
- Agora mesmo! Obrigada por lembrar, já estava esquecida. – ela soltou uma risada divertida que ultrapassou alguns decibéis, enquanto quase corria entre os inúmeros convidados sentindo a calça de couro fosco apertar de leve nas coxas.
pediu que esperasse um pouco e logo andou para perto do rapaz das mídias sociais, que fazia bico de DJ em uma das melhores festas que a fraternidade já tinha dado. Ela o cutucou no ombro e com um aceno de cabeça, pediu que ele baixasse o som, assim como foi feito. A mesinha de apoio foi feita de palco e em poucos segundos, com a ajuda do rapaz, ela estava em pé lá em cima, na frente de todos.
- BOA NOITE! – a garota soltou um grito no microfone e recebeu gritos de cumprimento de volta. – Estão curtindo a festa? – mais uma chuva de gritos escandalosos foram dados em resposta, a fazendo entender que sim, todos ali estavam eufóricos. – Eu e as meninas da Kappa Kappa esperamos que sim! Temos uma variedade enorme de bebidas na cozinha e alguns barris de Chopp espalhados por aí. Quem vai bater o recorde de KegStand essa noite? – mais uma pergunta que gerou burburinho, principalmente de dois rapazes que acabam de entrar na casa da fraternidade, com um litro suspeito na mão.
e eram conhecidos por beberem demais na parcela maioritária das festas, quebrando quase todos os recordes, inclusive os estabelecidos pela dupla. Fosse pelo tempo do KegStand, Pongbeer, ou qualquer outro jogo condenatório que tivesse álcool no meio. Eles gritaram junto com a galera, deixando imersa na crise de risos, à medida que atravessavam a sala até onde ela estava.
- A festa começa agora! – a garota soltou um gritinho e apontou para o DJ, que soltou a música pausada, deixando aquela casa inteira em chamas com a playlist.
Do It Like a Dude fazia a casa tremer com as vozes de todos os estudantes entoando a música. riu alto indo ao encontro de e do irmão, não acreditando na letra que ouvia, só poderia ser ironia do destino. Era basicamente tudo que ela tinha feito durante o começo da noite. Fingir ser um garoto, mostrar que poderia ser um.
ao chegar ao pé da mesinha, esticou os braços pra cima se oferecendo para tirá-la dali e a garota aceitou sem hesitar. entregou o microfone ao moço das mídias e baixou de leve a postura, usando os braços do gêmeo como suporte. Os corpos deslizaram um no outro como se sempre tivessem sido feitos exatamente para aquele encaixe e o rapaz não soltou a cintura dela, vendo-a abrir um sorriso gigante. Era fato que os dois se gostavam e bem sabiam daquilo, as oportunidades que sempre surgiam nas festas, eram maravilhosas para ficadas esporádicas, no começo. Mas que ficavam mais frequentes, à medida que o tempo passava.
subiu as mãos pelos braços do rapaz e logo sentiu seu corpo ser apertado firmemente contra o dele. Era certo que aquela noite acabaria da melhor maneira possível. beijou-a no canto da boca, como costumava fazer e sentiu seus cabelos serem puxados bem na nuca. Ah, ela iria lhe matar qualquer dia desses. E sem qualquer demora ou espera, o rapaz a beijou de cheio, sendo correspondido com um beijo tão intenso e gostoso quanto o que ele tinha dado.
Afinal, se era pra aproveitar a festa, que fosse com alguém que valesse muito a pena.
negou com a cabeça e colocou a mão no rosto, como se tampasse os olhos pra não ver a cena. Ela ouviu uma risada bem conhecida perto do seu ouvido, assim como uma mão que lhe mostrava um litro de vodca, das mais caras que tinha. Onde tinha arranjado aquilo?
- Se vamos aguentar esses dois aos beijos, merecemos ao menos uma bebida que preste. Não acha? – a pergunta soou baixa e bem perto do ouvido, a deixando arrepiada. A garota prendeu uma risada ao morder os lábios e soltou o ar dos pulmões. – Te espero lá nos fundos da casa. – deu um beijinho leve no pescoço dela, marcante o bastante para deixá-la tremida e rápido o bastante para ela perceber o beijo só depois que ele havia recuado.

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Manhã do Domingo

-Onde você vai? – o rapaz se espreguiçou na cama, sentindo o lençol deslizar pelo corpo. Ele via sentada na borda da cama, já vestida e parecendo calçar as sandálias.
- Tenho monitoria hoje. – ela suspirou e meio farta da situação, olhou para o rapaz por cima do ombro. – A gente prometeu que não ia acontecer de novo. – passou a mão pelo rosto.
- Mas aconteceu. – ele deu um sorriso de canto. – E eu não me arrependo.
- Mas contar ao , você não quer.
- ... é complicado. – o garoto sentou na cama, passando a mão pelos cabelos. Impaciente. – Eu sei. Mas eu realmente tenho medo de o não estar bem com isso e foder todo nosso círculo de amizade. Eu vou falar a ele, eu prometo, só me deixa pensar num jeito que não magoe seu gêmeo? – ele beijou de leve o ombro dela, fazendo a garota suspirar. Ela só queria matar o infeliz e ele inventava de beijá-la daquele jeito? – Confia em mim? Eu só não quero clima ruim. – falou baixo, vibrando a voz no ombro dela e subindo de leve os beijinhos para o pescoço, deixando-a arrepiada com aquela palhaçada toda. – E hoje é domingo. – ele contestou sobre a monitoria.
- Sorry... – ela fez uma careta, mordendo de leve a boca. – Mas perdi o clima. – soltou o ar dos pulmões e suspirou de forma audível, voltando a se jogar na cama.
- Eu sou um babaca e eu sei disso. – ele cobriu o rosto com as mãos. – Eu odeio esconder as coisas do , eu odeio mentir para o meu melhor amigo. Mas porra, ! É complicado quando a gente ta ficando e não sabe no que isso vai dar.
- Então o certo é dar uma parada, até entender melhor o que tá acontecendo. – a garota suspirou, se apoiou na cama e beijou a boca do rapaz como despedida. – Até mais. – ela levantou se espreguiçando.
- , , sério. – o rapaz levantou também, deixando o lençol cair do corpo. – Não vai embora, vamos conversar. – segurou a mão dela, na tentativa de trazer a garota pra perto. – Eu prometo que vou dizer a ele. – ela arqueou a sobrancelha. – Prometo! – o garoto mirou a boca dela, como se não conseguisse sair do transe e mordeu o próprio lábio, a fazendo suspirar. sentiu a mão dele tomar vagarosamente parte do seu rosto e em um rápido movimento, se acomodar quase em sua nuca. Como aquele filho da puta conseguia fazer aquilo tão sorrateiramente? Ela suspirou de olhos fechados e sentiu a boca dele tomar a sua em um beijo calmo.
- Eu te odeio! – ela suspirou derrotada e o ouviu gargalhar, derrubando os dois na cama mais uma vez.

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Terça à Tarde

A garota calçou o Vans que graças aos céus, era igual ao do irmão e passou a mão no cabelo, bocejando pelo fim de semana de ressaca.
- Vai no ? – se largou ainda mais na cama, vendo-a afirmar. – Se ele perguntar da festa, eu fiquei com ! – o rapaz abriu um sorriso iluminado, que fez soltar um gritinho animado. Ela pulou no irmão, o abraçando com força.
- Socorro! Melhor notícia não poderia ser! – os dois riram e a moça beijou a bochecha do irmão. – Mais alguma coisa?
- Você vai ouvir e me dizer com quem ele ficou. – o gêmeo fechou os olhos, colocando o braço por cima do rosto. – E por mais que ele fuja, insista, sumiu na metade da festa. – ele parou por um momento. – Se bem que eu também sumi, mas volte com a informação.
- Tá, tá. – suspirou. – Estou indo, beijo! – a garota fez barulho de beijo e logo saiu do quarto do irmão. Tomando a porta da casa como rumo.
fez careta pelo sol que batia em seus ombros cobertos com uma camisa do irmão e suspirou. Só ela pra se meter em furada daquele jeito. Claro, não bastava ter dado pro cara no último fim de semana e ficar por isso mesmo. Ela tinha a mania horrorosa e o orgulho mais horroroso ainda, iria fazê-lo admitir que ela era melhor que ele, enquanto o verdadeiro estava em casa, no ar condicionado e vendo TV. A vida e as voltas que o mundo dava. O orgulho era um filho da puta mesmo.
A garota tinha melhorado sua imagem masculina, além de ter enfaixado os seios, mesmo que não desse muito resultado se ela apertasse a camisa no corpo. Ela tinha diminuído o tamanho da meia, assim não incomodava tanto. E o pior nem era isso, a pior coisa era usar calça jeans no meio do verão por que suas pernas estavam devidamente depiladas. A vaidade era uma pedra no sapato em uma hora daquelas. A única coisa que ainda estava salvando, era a sobrancelha por fazer e não dava tanto na cara que era a gêmea e não o gêmeo. cumprimentou algumas pessoas pelo campus que julgara ser conhecidos do irmão, já que gritavam pelo nome do rapaz e logo chegou ao dormitório de .
Ela bateu com força na porta, segurando o skate em uma das mãos e ajeitou o boné preferido do irmão na cabeça.
- ,TÁ MORTO?
- TÁ ABERTA! – ela ouviu o grito e entrou no pequeno apartamento que fazia parte de uma série deles que estavam por ali. – Estou me trocando, a gente já sai!
- OK! Vou beber água. – colocou o skate no chão e foi na direção da pequena cozinha tão conhecida por ela.
A garota abriu a geladeira, pegou uma garrafa de água e como em um clique, após pegar um copo de vidro. Lembrou sobre ter dito para não dar muita pinta com as atitudes, sem inventar muita frescura. Ela fez uma careta gigante ao olhar pra boca da garrafa dando sopa na sua frente. Era mesmo necessário meter a boca ali pra beber água? Não, não faria aquilo. Sim, os dois eram extremamente nojentos em vários aspectos e possivelmente, beber água na boca da garrafa estava fora de cogitação.
- Vai passar o resto da tarde comendo a garrafa com os olhos, ? – roubou a água da garota e aumentou ainda mais a careta pra ele.
- Educação mandou lembrança! – ela forçou o timbre do irmão, ao ver o amigo beber água dali mesmo.
- Sem frescura, ! – riu e colocou a garrafa seca na pia. – Bebe logo, a gente precisa ir. Ou fecham a pista e vamos ficar só chupando o dedo. – o rapaz bagunçou o próprio cabelo e ajeitou o boné na cabeça. – Milagre sua irmã não ter dado as caras, ela é uma exibida naquela pista.
- Porque ela consegue fazer muita coisa que você não. – rolou os olhos como o irmão e abriu a geladeira novamente, em busca da água. – Aliás, melhor que nós dois. O equilíbrio daquela doida é bem melhor que o nosso. – ela colocou a água em um copo e bebeu logo. – Infelizmente, ela é boa no skate. – mais uma careta se exteriorizou quando a garota largou o copo.
- Oh, e bota boa nisso. – a curta frase do , acompanhada de um sorriso maldoso, fez carregar a mão na possível raiva do irmão e dar um tapão nas costas do amigo. Mesmo que por dentro quisesse gritar com a declaração.
- Respeito é bom, filho da puta!
- Parei! – levantou as mãos, fazendo uma careta pelo tapa pesado. Mas ainda ria. – Ela é melhor que você sim. Mas mais do que eu? Eu já não concordo! – o rapaz abriu um sorriso debochado, empurrando pra fora da cozinha. Ele jogou o braço em torno da garota, como se abraçasse o amigo e os dois saíram do dormitório. Dando a , a missão de fazê-lo assumir que ela era melhor.

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Sexta à tarde

saiu do banheiro que fazia par com o quarto e passou a mão pelos cabelos bagunçados. Coçou o peito e achou estranho o jeito que o amigo estava jogado na cama, tentando vencer qualquer coisa no vídeo game portátil. Era esquisito, mas ele parecia bem mais com , do que com ele. Sem falar, que não era só aquilo que estava esquisito naquela amizade. Em poucos dias, o gêmeo tinha mudado em algumas coisas que estavam deixando o confuso. Durante as aulas, era o de sempre, o mesmo garoto que ele conhecia desde os cinco anos de idade, mas quando precisava encontrar o amigo fora da universidade, ou pra qualquer outra coisa, o garoto aparecia diferente. Com um coração mais aconchegante?
Não, não! Aquilo era loucura. só poderia estar bêbado de sono ainda.
- Dude, você não tá com calor? – o mais velho perguntou fazendo uma careta e o olhou, repetindo o gesto. – Todo empacotado desse jeito. Sério, você vai derreter.
- Estou bem! – riu como o irmão e se espreguiçou. – Você não tem um seminário amanhã? – a garota bocejou, vendo o rapaz fazer uma careta.
- O cacete de um debate. – rolou os olhos, mostrando o quanto estava enfadado e passou a mão pelo rosto. O rapaz puxou a cadeira da escrivaninha e sentou de forma largada. – disse que vinha me ajudar, mas...
- Acabei de chegar! – a morena fez sua entrada triunfal no quarto. Ela riu escorada a madeira da porta escancarada e ouviu as risadas. – Se você estivesse falando mal de mim, ... – ameaçou com o dedo em riste e beijou a bochecha do amigo. Ganhando um abraço em resposta.
A garota abriu um sorriso diferente para o suposto jogado na cama e rápido, deu alguns passinhos na intenção de cumprimentar o crush. Mas arregalou os olhos no meio do caminho ao perceber quem era. O que raios estava fazendo com a roupa do irmão? E no quarto de ? Quê?
Claro que era mais do que evidente que os dois se pegavam. Mas por que cargas d’água ela estava vestida de ?
A morena tomou fôlego pra soltar um grito esganiçado, mas em troca recebeu uma careta gigante em súplica. se mexia de toda forma, pedindo encarecida que ela não soltasse aquele grito, ou foderia todo o seu plano.
- ?! – o que era pra ser um cumprimento animado, saiu mais como uma dúvida sem tamanho. suspirou aliviada e passou a mão no rosto. Depois abriu os braços para a amiga, como geralmente o irmão fazia.
- Eu vou buscar alguma coisa pra comer. – levantou da cadeira como se arrastasse a coragem. – Por favor, não se peguem na minha cama. – o rapaz fez cara de nojo, ouvindo as risadas e o xingamento padrão, mais conhecido como “vai à merda”. Saindo do quarto logo em seguida.
- Gente, você é louca? – soltou um grito esganiçado, mas sem acreditar em como tinha ficado tão idêntica ao irmão.
- Talvez! – a garota se deixou escapulir entre as risadas e as duas se abraçaram rindo. – Eu achei que você fosse ferrar com meu disfarce.
- Claro que quando o me contou, eu realmente achei que era tudo zoeira sua. – a moça colocou a mão na boca, ainda surpresa com a coragem da amiga. – Menina do céu, o que você fez?
- Virei o ! – disse com o nariz empinado. – Eu quero que assuma que eu sou melhor que ele!
- Você vai confundir tanto a cabeça desse tapado, que vocês vão findar se pegando com você vestida de . – deu seu ultimato e as duas gargalharam com a ideia de fazer o rapaz passar vergonha. – Mas e como anda o plano?
- Melhor do que eu esperava. Daqui a pouco ele assume! – a gêmea piscou.
- Gente, você não presta! – a amiga riu.
- Pronta pra me ajudar? – chegou comendo algo que parecia um sanduíche e voltou a sentar na cadeira giratória.
- Prontíssima! – sentou na cama, cruzando as pernas em posição de índio. – Só termina de comer.
- Dude, cadê sua irmã? – fez uma careta. – Ela é boa demais com argumentos em público. Deve ter umas técnicas infalíveis. Aposto que não ia se opor a me ajudar, se eu implorasse. – o rapaz coçou a cabeça, deixando as duas na cama boquiabertas.
Como assim tinha assumido?
- Dude, ou você tá muito desesperado. Ou caiu na real que ela é muito melhor do que você. – imitou o timbre de , fazendo a egípcia, quando mais queria encher o melhor amigo do irmão de beijos.
bufou.
- É o desespero. Vão me ajudar ou não?
- Claro que sim! – riu, achando engraçada a postura de ele não querer assumir que gostava da gêmea. – Mas vai, respira. E a ensinou bastante coisa ao , ele te dá umas dicas. Não é?
- Claro! – a garota sentou de uma vez na cama, puxando a camisa do corpo pra não marcar os peitos. – Ela me deu uns toques bem importantes, eu te passo. – se ajeitou na cama, ainda mais disposta a ajudar o rapaz e o viu suspirar, sem entender o porquê daquela cara de morte.
passou as mãos pelos cabelos e suspirou um tanto frustrado. definitivamente não estava normal. E o pior nem era aquilo, o pior era o rapaz se sentir afetado demais com a mudança do amigo. Será que ele estava ficando louco?

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Sábado à Noite

saiu do banho mais confuso do que nunca. Desde quando ele reparava tanto em ? Era, no mínimo, esquisito o fato de ele ter começado a ver o amigo de uma forma bem diferente do que geralmente via. Sem falar que o mais espantoso era o fato de ele comparar aquilo a forma que via .
O rapaz sacudiu a cabeça e logo começou se vestir. Não tinha o menor cabimento ele estar gostando do gêmeo errado, realmente não tinha. Aquilo poderia ser apego emocional? Sim, só poderia ser apego emocional, não tinha outra alternativa.
rapidamente pegou o celular e enquanto vestia a camisa, ligou pra . De uma forma bem esquisita, ele sabia que precisava dela, por mais que não fosse falar a garota, metade do que estava sentindo. Ele só precisava de carinho e aconchego, só precisava de um jeito para se sentir seguro. Talvez, ela fosse sua forma de realmente ver o que estava acontecendo, se quem causava toda aquela confusão, era ela ou o irmão.
- Oi, ! – a animação veio assim que ela atendeu ao telefone.
- Oi! – ela riu baixo. – Aconteceu alguma coisa?
- Eu não estou muito legal. – o rapaz mordeu a boca e soltou o ar dos pulmões. – Eu só... queria conversar. Ando meio confuso com umas coisas.
- Quer vir aqui em casa? Ele saiu. – era o que esperava ouvir.
- Quero! – ele não esperou muito pra confirmar e logo arrastar as chaves do carro de cima da cama. – Em 15 minutos eu estou aí.
- Ok, te espero. Tchau, beijo!
- Beijo, !
O rapaz saiu rápido de casa, certificando apenas de ter trancado as portas do dormitório direito. E tão rápido quanto deixou sua rua no dormitório, ele chegou ao apartamento dos gêmeos, onde já era de casa. Tão íntimo, que entrou sem nem mesmo bater e logo chegou ao quarto da garota. respirou fundo ao ver seu aconchego tão perto, se jogando na cama dela sem qualquer vergonha, a vendo rir e negar levemente com a cabeça.
- O que houve, folgado? – riu, soltou o que fazia e deitou na cama junto com ele, abraçando como se ele fosse uma criança e precisasse de colo. Em resposta, sentiu seu corpo ser abraçado com força, pedindo socorro por algo.
- Preciso de carinho! – o fez uma manha gigante, recebendo um abraço apertado, juntamente com um cafuné calmo entre os cabelos.
- O que aconteceu? – ela mordeu a boca mais uma vez. – Você disse alguma coisa ao ? – beijou a cabeça dele, sentindo lhe abraçar ainda mais, quase enfiando o rosto em seu pescoço.
- Não. – ele negou sobre ter contado ao melhor amigo e os dois suspiraram. – Eu só acordei ruim. Acho que estou atribulado com a faculdade.
- Pode ser sim. Esses últimos períodos acabam com nosso emocional. – ela riu baixo, beijando mais uma vez a cabeça do rapaz que lhe apertava com tanta força, como se aquilo fosse fazer toda a sua angústia sumir. – Também ando duvidando se nasci pra isso. Estou dividida entre continuar com a faculdade, ou trancar e vender arte na praia. – os dois riram alto.
- Me chama que eu vou junto! – respirou fundo, sentindo o carinho lhe dar nocaute. – Só não mexo com nada artístico.
- Eu faço e você vende. também ajuda. – riu e sentiu o garoto mais relaxado em seus braços.
- Fechou. A também, ela mexe com as contas de Administração, quem sabe ajuda! – ele colocou mais um alicerce na ideia maluca de largar a faculdade.
- Fechamos! O quarteto fantástico! – a gêmea falou como se aquela fosse a ideia mais genial. – Mas sobre a confusão mental, é normal. Tivemos até sessão com o psicólogo lá no campus. – ela completou, começando um carinho com as pontas dos dedos, nas costas do rapaz.
E diferente do que ele achava, aquilo só o deixou mais confuso ainda na história toda. Era assustador imaginar que ele sempre fora louco por ela e pior ainda, pensar que parte daquele sentimento pudesse ser direcionado ao melhor amigo. Merda, !
- Acho que estou precisando de psicólogo. – os dois riram, quando tentou dar leveza ao assunto. – É só sobre assuntos estudantis?
- Tem a clínica estudantil. Se quiser, te marco uma consulta. – ofereceu, fazendo uma massagem ainda mais forte entre os cabelos dele. se aninhou ainda mais nela e suspirou contente. – E não é só para assuntos da faculdade, não. Mas geralmente é aí a pressão maior.
- Não precisa, não. Você já resolve. – ele sorriu engrandecendo as bochechas e deu um beijinho casto no pescoço dela. Gesto que fez o coração da garota pesar.
se sentia a pior pessoa do mundo, em ouvi-lo dizendo aquilo e estar na situação de enganar o garoto, se vestindo igual o irmão. Afinal, ela já tinha conseguido que assumisse o fato de a gêmea ser melhor do que ele. A garota suspirou, sentindo a culpa lhe arrebatar e mordeu a boca.
- Desculpa se eu já te fiz querer me matar nesses anos todos. – o pedido saiu baixo. Em um começo de desculpas que ela pretendia continuar, até contar do disfarce.
riu baixo, tendo a certeza que ela estava sendo apenas gentil por parte das brigas e respondeu:
- Tá desculpada. – ele respirou fundo, sentindo perfume dela lhe acalmar. – Eu também não fui nada fácil.
- Eu sabia! – disse no deboche, ouvindo o rapaz rir. – Você não vai pedir desculpas, é orgulhoso até nisso!
O garoto tomou fôlego e abriu um sorriso.
- Desculpa ter comido o seu juízo, quase que, diariamente nos últimos anos. Mas você sabe que tudo isso é amor! – piscou, deixando implícito todo o significado do amor que sentia. Era de amigo? Claro que era, mas tinha algo a mais no sentimento de longa data. O rapaz moveu o rosto e a beijou levemente, fazendo-a suspirar. voltou a mexer em seus cabelos, enquanto ele a olhava como se analisasse cada traço do rosto da garota.
- Tecnicamente, você sabe que o contrário é reciproco. – sorriu e o beijou na ponta do nariz.
- Eu sei. – disse baixinho e a beijou com carinho mais uma vez. O garoto tomou fôlego e continuou: – Eu sei que eu já devia ter contado ao , mas eu vou contar tá? Eu vou. Prometo! – a frase saiu sincera, fazendo a gêmea segurar o rosto dele e beijá-lo de uma forma mais intensa. O deixando totalmente bobo com o gesto.
Ela sabia que não ia ter coragem de contar ali o que estava acontecendo, mas no outro dia sim. No outro dia ela contaria a verdade a ele.
- Isso vai parecer estranho. – alertou antes de completar e pôs o corpo por cima do da garota, a fazendo rir de forma espontânea. – Mas caralho, eu nunca tinha reparado em como você e o são parecidos! E antes que você proteste, não é porque são gêmeos. Vocês são praticamente clones. – os dois riram alto e a garota cobriu o rosto com a mão.
- Nós não somos clones! – ela esganiçou, ainda as gargalhadas e o fez rir encantado. – E a gente nem é tão parecido assim!
- Fisicamente? Sinto muito, . Mas são iguais! – ele roubou um beijo e a fez rir, mas em puro desespero. Será possível que ele tinha descoberto e estava tirando com a cara dela?
- Nós somos muito diferentes! – a moça voltou a defender. – é quadrado. Eu tenho cintura! – ela fez um bico inconformado.
- Isso eu não reparei! – o rapaz soltou uma risada divertida. – Falo de fisionomia. – ele sorriu e a beijou de leve.
- Você falou fisicamente! – riu e tocou de leve a ponta do nariz dele. – E o Mr. , já viu os gêmeos com o mínimo de roupa possível.
- Não do mesmo jeito! – o esganiço do rapaz condenava todo o seu estado de confusão. Ele fez uma careta horrenda por não querer pensar em nada que assimilasse os gêmeos em relação aquilo. A pior coisa da semana toda, tinha sido o fato de ele ter reparado na bunda do amigo e querer morrer sufocado depois.
- Mas já viu! – gargalhou da careta dele. – E sabe que meu corpo é bem diferente do dele.
- Realmente. Muito diferente! – o rapaz soltou uma risada morta, ouvindo-a rir junto.
- Mas sim, nós somos quase a mesma pessoa. – a gêmea passou a mão no cabelo dele, prestando atenção no movimento que os fios faziam. – E depois que eu cortei o cabelo...
- Aí que ficou parecido mesmo. – abriu um sorriso grande e a beijou, fazendo a garota abraçar seu corpo com força.
Gesto que deixou o beijo mais intenso, à medida que o garoto encaixava mais o corpo ao dela. levantou uma das pernas, deixando o quadril dos dois mais colados ainda e sentiu o beijo se terminar com um leve selinho sugado no lábio inferior. O rapaz lhe deu um beijo no queixo e abriu um sorriso grato, enquanto acariciava o rosto dela.
- Obrigado. – o pedido saiu baixo, porém sincero.
- Pelo quê? – ela umedeceu os lábios, prendendo mais uma vez a atenção dele.
- Por ficar aqui comigo. – o sorriso satisfeito se alargava ainda mais no rosto do , enquanto a culpa só ficava maior no coração da gêmea .

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Segunda a tarde

estava sentado na cama da irmã, vendo a garota, mais uma vez, naquelas duas semanas, virar ele. Era tremendamente esquisito ver as proporções que aquilo tinha tomado e o mais impressionante, não ter notado, nas poucas horas que passava com ela, que não se tratava do gêmeo.
- Jura que ele não percebeu? O não é tão idiota assim e nós temos personalidades bem diferentes. – o rapaz de olhos claros perguntou bem confuso e a irmã fez careta.
- Na verdade, eu acho que não. Ele não deu qualquer indício que sabia que era eu. – os dois enrugaram o nariz quase do mesmo jeito. – E se ele estiver armando pra me pegar? Não, não. Quem vai hoje é você. – tirou o boné da cabeça e o colocou na do irmão.
- Tá, tanto faz! – riu alto. – Eu vou. A gente ia na loja de skate de novo hoje.
- Ele ficou arrastando asa pra gerente de lá. – rolou os olhos e tirou a camiseta do irmão que era estampada com várias fitas cassetes, ficando com uma camiseta de alças que estava por baixo.
- E você parece que tá com ciúme! – o rapaz piscou rindo e foi atingido por uma bola de meia que usava como simulador de pinto. – AI! – o grito saiu esganiçado, fazendo a garota rir alto ao ponto de se encolher.
- Porque eu teria ciúme do ? – ela rolou os olhos e sentou na cama cruzando as pernas, em uma postura bem oposta a do irmão.
- Porque ele gosta de você, gêmea. Por mais que vocês dois só faltem se comerem vivos. Vocês se gostam. – deu de ombros e beijou a cabeça da irmã.
- Nada a ver, . – ela rolou os olhos quando mais queria confirmar a conversa do irmão.
- E você gosta dele. Não nega. – o rapaz riu e beijou, mais uma vez, a cabeça da irmã. – Vou indo. Qualquer coisa te ligo.
- Tudo bem, gêmeo! – sorriu e se jogou pra trás na cama. – Amanhã eu faço o bugar e mando o vídeo.
- Espero ansiosamente por isso! – abriu um sorriso maldoso e os dois gargalharam.

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Manhã da Terça

-Hoje é a última vez que eu faço isso. – respirou fundo e sem precisar bater, entrou no apartamento/dormitório de . A garota estava realmente disposta a falar a verdade e dar boas gargalhadas com a cara de pateta que ele faria.
Ela atravessou o pequeno corredor que abrigava três quartos. Cômodos que dividia com mais dois rapazes, mas que raramente eles estavam em casa quando ela estava por lá. A gêmea respirou fundo mais uma vez e entrou no quarto do , o encontrando fazendo flexão de braços no chão, bem em frente a cama. Por que merda aquele homem tinha que ter ombros tão gostosos e largos? Céus, aquilo deveria ser crime! Será que era hora de ela gritar que era a garota e arrancar a roupa ali mesmo?
- Hey, dude! – o garoto cumprimentou com um sorriso, deixando ainda mais perdida.
- Hey. – ela respirou fundo, se dando conta de que não tinha mudado o timbre e tossiu.
- Tá doente? – perguntou rindo e suspendeu o corpo em prancha, dando continuidade a seus exercícios diários. rolou os olhos e se jogou na cama do rapaz, tirando os tênis dos pés.
- Puberdade. – ela zoou o irmão e os dois gargalharam. – Vai matar aula hoje? – a pergunta saiu com descaso, enquanto a moça rolava a conta do Instagram no celular.
- Nossa aula é à tarde, hoje. – o rapaz fez uma careta confusa e meneou a mão, mostrando que tanto fazia.
A garota cruzou as pernas, uma por cima da outra e fez uma careta ao ver o bolo de meia fora do lugar. Se tinha um treco esquisito em todo o disfarce era aquilo, uma bola de meia pra simular pinto inexistente. Sem mencionar o incrível ato de coçar o saco, coisa que ela não tinha feito nenhuma vez e preferia não prestar atenção pra ver se fazia, ou não. Não é como se eles fossem prestar atenção um no amiguinho do outro.
- O que foi, punheteiro? – o rapaz xingou e ficou indignada com o que ele tinha dito.
- Vai à puta que pariu, . – ela rolou os olhos bem enojada, ouvindo o rapaz gargalhar, mas ainda suspenso na prancha. Céus, quanto ele aguentava naquilo? – Enfim, tem pranchas novas lá na loja. – a moça voltou a mexer no celular.
- Eu vi no IG, mas não deu tempo de ir ainda. – o garoto fez uma careta que poderia ser pelo fato de não ter ido, ou pelo tempo do exercício. – Você foi?
- Eu queria ir ontem com a , mas não deu. – ela fez uma careta típica dela, não do irmão. Dando graças a Deus que o amigo estava mais preocupado em olhar pro chão, tentando segurar mais tempo, o que foi frustrado.
- Estou livre amanhã. – respirou fundo, jogado no chão. – O que você acha da gente ir junto? – ele sentou no chão, escorado nos braços pra trás, olhando pra garota desconfortável dentro da máscara do irmão.
- Amanhã depois que eu largar da loja. – se espreguiçou e tirou o boné da cabeça, ajeitando seu cabelo curtinho como geralmente costumava usar. Ela arregalou de leve os olhos e enfiou o boné na cabeça, escondendo o ato. – Mas ih... Só isso? – um sorriso debochado foi solto. – Você aguentava mais tempo!
- Aguento mais do que você! – o rapaz riu abertamente, devolvendo o deboche da garota.
- Duvido! – saltou, ajeitando a camisa no corpo, na intenção de não aparecer os peitos. – Você aguentou nem três minutos ai, . Coitada das garotas com quem você sai! – ela soltou de forma bem maldosa, se dando conta apenas quando tinha fechado a boca. De qualquer forma, não era algo tão ruim assim, era o jeito de ela saber se ele tinha contado sobre os dois ao seu irmão.
- Mas tá achando pouco, é? – ele abriu um sorriso pior em resposta. – Dude, garanto que ninguém reclamou até o momento. E não é o que a sua irmã diz!
abriu a boca incrédula com o que tinha acabado de ouvir. Não de um jeito negativo, mas era bem cara de pau da parte dele falar isso para um irmão, ainda mais quando era o melhor amigo dele. E ela, disposta a encarnar o irmão e prensar o amigo, soltou um grito esganiçado. Afinal, era aquilo que faria, não era?
- É O QUÊ, ?
arregalou os olhos pelo grito e quase caiu no chão, sentindo o coração ir na goela e voltar para o lugar.
- Caralho! Que droga de grito foi esse, ? – o rapaz ralhou, sentindo seu coração esmurrar o peito e se apavorou ainda mais ao ver a cara indignada do amigo. Percebendo que com raiva, ele parecia bem mais . Merda, ! A irmã dele era !
- Minha irmã, filho da puta?
- O quê? Não! – o grito esganiçado se espalhou pelo quarto, quando o mais velho soltou uma risada nervosa. – Não, não! Nada a ver sua irmã e eu! Foi uma brincadeira, uma droga de brincadeira escrota. – o rapaz parecia agoniado demais em negar toda a história e sentiu o peito pesar.
Droga, !
- Que cacete! Você tá saindo com ? – ela perguntou mais uma vez, na intenção de que ele soltasse a verdade. Em contrapartida, o garoto apenas negou com um aceno de cabeça, enquanto olhava pro chão do quarto.
- Não, ! Não estou! – coçou a cabeça, mal por estar mentindo, por estar escondendo do amigo. Sem saber exatamente de quem gostava mais. – Tenho nada com sua irmã não. – o rapaz respirou fundo, desviando o olhar do de , que estava tão nervosa quanto ele.
- E tá todo nervoso por quê? Tá escondendo alguma coisa? – a garota tentou mais uma vez, prendendo a respiração.
- Nada, eu não estou escondendo nada. – soltou o ar dos pulmões em um suspiro longo e cansado. O que bosta ele tinha feito?
mordeu a boca, bem decepcionada com que tinha acabado de acontecer. Sinceramente? Não tinha como ficar pior. Ela disposta a mostrar o que estava acontecendo e ele fazia uma droga daquela.
- Desculpa. – o pedido foi por estar escondendo tudo do amigo, mas saiu intencionado a brincadeira sem graça. – Na verdade eu estou com alguém sim!
- E não é a ? – ela sentou na cama com a coluna bem retinha, ainda esperançosa que ele abrisse o bico.
fez uma careta de desgosto, com ódio por estar mentindo. Mas se brincando, tinha agido daquele jeito, imagina se ele soubesse a verdade. O rapaz sabia que era egoísmo da sua parte, mas não queria perder nenhum dos gêmeos, principalmente estando tão confuso.
- Mas que insistência! Não é ela. – ele bufou. – É uma garota que eu conheci na Universidade outro dia. Alison é o nome dela. – desviou o olhar, inteiramente frustrado por estar mentindo e perceberia aquilo se não estivesse tão decepcionada.
A moça sentiu os olhos encherem e respirou fundo, controlando seu estado de decepção. Como ela gostava tanto de e ele fazia aquilo?
- Alison. – a garota repetiu já levantando da cama e afastando a camisa do corpo com certa violência.
- Isso. Alison. – soltou um resmungo bem baixo, ainda olhando pro chão do quarto. Por que ele estava sendo tão babaca aquele ponto? Não era mais fácil assumir que ele gostava da garota, que os dois já tinham transado e possivelmente estavam namorando?
- Ok, estou indo. – foi curta e sem rodeios.
- Me avisa quando largar na loja amanhã? – pediu desenhando no carpete que cobria o chão, sem querer olhar pra cara do melhor amigo. Qual era o problema dele, afinal de contas? Nunca tinha sido um empecilho falar que já tinha ou estava saindo com qualquer garota.
- Aviso. – foi tudo que ele ouviu antes de a porta ser batida com força. O rapaz respirou fundo e jogou o corpo pra trás no chão, decepcionado com a própria postura, sem saber que tinha mentido pra duas vezes.

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Tarde da Sexta

O garoto terminou de encher o pão com presunto, queijo e mais qualquer outro tempero que deixasse aquele sanduíche comível. fez uma careta enrugando o nariz pela mistureba do amigo e riu, comendo seu lanche com mais civilidade.
- ? – o rapaz chamou, olhando meio atravessado pra ela e recebeu um aceno, mostrando que ele podia continuar. – Quem é a sua amiga mais chegada? – ele soltou a pergunta e a amiga fez uma careta confusa.
- A , muito provavelmente. – riu e deu de ombros, não entendendo onde ele queria chegar com aquilo.
- Hm, ?
- Sim, a . – ela respondeu confusa com aquela pergunta dele. Por que diabos, estava tocando naquele assunto sem mais nem menos? Será que ele ia assumir que gostava da garota?
- E vocês são amigas, amigas muito amigas? – o rapaz enfiou quase o sanduiche todo na boca, querendo se matar por estar cogitando a ideia de contar aquilo a amiga. Em contrapartida, vincou as sobrancelhas bem confusa com aquele assunto. Onde ele queria chegar?
- Sim, . Nós somos muito amigas. – ela reforçou.
- Você não sente apego emocional. Sente? – a pergunta saiu apavorada da boca dele e só ficou ainda pior com a careta mais confusa.
- Nada, esquece! – bagunçou o cabelo, desconfortável demais com o rumo da conversa.
- Esqueço nada. Vai, desembucha. – abriu um sorriso maldoso pro amigo. – Tá apaixonado por ela?
- NÃO! – o esganiço saiu atravessado. – Eu estou confuso, muito confuso com a minha vida. Atordoado, na verdade. – ele suspirou e a amiga prendeu a risada.
- Atordoado com o quê? Vai, me conta!
- Não sei se devo contar. – outra careta tomou forma no rosto bonito do rapaz e lhe deu uma tapa na cabeça, quase gritando que ele não deveria era lhe deixar curiosa. – Ai! Você não acha que o tá esquisito?
- é esquisito! – a moça zoou e arrancou uma risada espontânea dele. – Mas só se for contigo, comigo ele tá o mesmo de sempre. – ela deu de ombros, começando a arrancar de , uma informação que a faria rir e muito. Ela não era boba e sabia bem que ele estava falando do gêmeo errado.
- Eu acho que estou ficando louco. – o rapaz coçou a cabeça, ficando pior do que o que já estava. Por que era tão complicado jogar aquilo em voz alta?
- , fala alguma coisa que faça sentido! – cutucou o rapaz e ele pareceu querer vomitar tudo que tinha enfiado na boca há pouco.
- Não tá fazendo sentido nem pra mim, droga! – ele vomitou as palavras mais rápido do que conseguiu segurá-las. – Eu conheço aquele filho da mãe desde que eu tinha 3 anos de idade! Não tá fazendo sentido nem pra mim!
- ? – ela chamou o amigo bem baixo, calma o bastante para assustá-lo com a pergunta que se seguiria. O rapaz apenas resmungou em resposta, com medo da sua própria resposta. – Você tá apaixonado pelo ?
Ele ao invés de gritar apavorado negando a todo custo, como ela esperava, apenas olhou em estado de pânico pra garota. mordeu a boca, prendendo a imensa vontade de rir da situação, além de segurar bem o impulso de contar tudo que estava acontecendo ali. Ele estava sendo um pateta nas mãos de .
- E-eu acho que sim. – foi tudo que o rapaz conseguiu verbalizar, enquanto a vontade de chorar só aumentava em seu peito. – Mas não é o mesmo ! – voltou a querer explicar a situação e querer justificar sua possível paixão no melhor amigo. – Ele é um quando tá junto e outro totalmente diferente quando ela não tá. EU NÃO SEI! Eu estou enlouquecendo! – aquela afirmação só confirmou todas as suspeitas de . Ele estava sim apaixonado, mas era por .
- Bom, isso não é problema algum. – a garota deixou sua voz mais firme que ela conseguia, mostrando que estava do lado dele.
O rapaz olhou-a ainda confuso com a resposta. Era sério aquilo? Mas não gostava de ?
- Eu sei? – ele engoliu em seco.
- Mas sério, . Não tem problema você gostar dele! – um tom óbvio foi usado na frase, o deixando ainda mais confuso com seus sentimentos. – Eu também já gostei. – ela soltou baixo, mesmo sabendo que o sentimento permanecia firme.
- Desculpa. – mordeu a boca, culpado por ter entrado no assunto, mas ciente de que só podia conversar aquilo com ela.
- PARA! – ela soltou um gritinho e sacudiu o amigo. – Eu dou a maior força, sério!
- Vai à merda! – o rapaz xingou e os dois gargalharam, o fazendo ficar menos preocupado com a situação.
- Mas eu dou! Vocês já são amigos, meio caminho andado. – piscou, fazendo o rapaz rir ainda mais. – Me conta o que tá rolando. O que mudou? – a estudante encostou o rosto na mão e respirou fundo.
- É complicado, não dá pra explicar. – ele mordeu a boca. – Não dá pra saber... Tem horas que dá um surto nele e o fica diferente, sei lá, mais doce (?). Outras eu não entendo é mais nada. O surtado tá desaparecendo e eu sentindo falta. – sentiu o estômago revirar em mencionar o que tinha sentido nos últimos dias e viu a amiga abrir um sorriso encantado.
- Posso dar um conselho?
- Claro. Fala aí... – ele acenou com a cabeça.
- Fala pra ele... Se abre! Expõe os sentimentos! – disse, sabendo que ganharia uma carranca e uma risada de deboche em troca. – Quando o outro aparecer, fala pra ele.
- Te fecha, ! – o garoto rolou os olhos e suspirou, sabendo que estava fadado a sofrer ainda mais dali pra frente.
- Teimoso! – ela também rolou os olhos.
- Me deixa! – o rapaz riu alto e voltou a enfiar o sanduíche na boca, de alguma forma estava mais aliviado por ter compartilhado o assunto com ela.
- Tudo bem! – a garota levantou as mãos em rendição. – Você quem sabe. Mas eu estou aqui, ok? Não esquece!
- Não, não esqueço! – riu baixo e abraçou a moça com força, agradecido pela conversa.

-x-x-x-
Domingo à Tarde

passou maionese no pão e fechou o queijo e o salame dentro. A garota respirou fundo, achando bom demais pra ser verdade, o silêncio que tinha se instalado na casa que ela dividia com o irmão. tinha passado o dia todo por lá e sido devidamente evitado por ela, mesmo que aquela não fosse lá uma tarefa muito fácil, principalmente quando o rapaz insistia tanto em falar com a gêmea . Ela sacudiu de leve o cabelo curtinho na cabeça e passou a mão pelo rosto, ajeitando as sobrancelhas bem delineada, o total oposto do que ocorrera nas últimas semanas. A garota tinha aproveitado toda a frustração causada por e se livrou de todos os vestígios xero vaidade que a fazia parecer com o irmão.
- Hey, ! – a voz animada de quem ela tanto estava evitando, soou por toda a cozinha, fazendo a garota fechar os olhos e se odiar por ter gostando tanto de ouvi-lo falar seu apelido outra vez.
- Hey. – ela devolveu o cumprimento, ainda que sem animação nenhuma e sentiu os lábios de , chocarem em sua bochecha. Era apenas um beijo inocente, mas que fez a moça sentir a pele arrepiar pelos braços, sem saber se dava um sorriso sem sal, ou esquivava.
- Que saudade, garota! Por onde você andou? – ele passou a mão pelo braço dela, com um sorriso bobo pelo arrepio que tinha causado.
- Tocando a minha vida. – ela deu de ombros, voltando à estaca zero mais uma vez na situação gato e rato. – Cadê o ?
- E tinha que sumir? – o rapaz fez um bico inconformado em uma atuação divertida. – E o foi outro que sumiu, disse que ia na casa das Kappa Kappa. Certeza foi atrás da .
- Tinha sim. – ela foi curta e grossa sobre sumir das vistas dele. – Sem tempo pra qualquer coisa. – recolheu sua comida em um prato, pronta pra se trancar no quarto e só sair de lá quando não encontrasse mais naquele apartamento. Mas no mesmo momento, ela parou de uma vez, olhou pra ele e mordeu a boca pronta pra destilar o veneno. – E você, fazendo o que por aqui ainda?
- Vim visitar os gêmeos. – o rapaz piscou e roubou-lhe mais um beijo na bochecha.
- Você tá no pé do gêmeo errado. – ela pegou o prato sem demora, na maior intenção de ser sim rude. Ele arregalou os olhos, assustado com o ataque sem sentido da garota, principalmente quando ele estava combinado ao fato de estar o evitando demais nos últimos dias. O que merda ele tinha feito?
- Legal. – o garoto soltou uma risada desesperada. – Eu estou bem confuso. Você sumiu por uma semana e quando volta, parece pronta pra me matar. Sério, o que eu te fiz?
- O que você fez? – ela soltou uma risada irônica e negou com um aceno de cabeça. – Você não disse nada ao meu irmão? – a garota sabia que não poderia cobrar qualquer coisa a ele, mas ela estava pouco ligando, queria mais era que soubesse a merda que tinha feito.
- Para o ? Não, eu acho que não. – ele coçou a cabeça, tentando realmente lembrar o que tinha dito de tão grave. inclinou a cabeça para o lado e estreitando ainda mais os olhos, tomou fôlego.
- Um nome pra você: Alison!
Foi o momento em que sentiu todo o sangue do seu rosto fugir. Como assim ela sabia daquela história? Como ela sabia da garota inventada? Merda, ! Tinha sido mais fácil admitir que estava saindo com a garota e não inventar um nome aleatório.
- C-como você sabe disso? – o garoto gaguejou, sentindo seu coração despencar. – O que ele te disse? – ele sentiu o estômago afundar ainda mais, como se estivesse em uma ressaca sem tamanho e enfiou os dedos nos cabelos. Como ele poderia ser tão burro?
- Você não está namorando? Eu achei que estivesse. – abriu um sorriso mergulhado no sarcasmo e o viu respirar fundo, prestes a chorar pela careta esboçada. – Então era por isso que você não queria contar ao , não é?
- Eu não estou namorando! – esganiçou a voz como se tivesse engolindo um rádio quebrado. – Não existe Alison nenhuma! Droga, eu menti! Eu só não soube como contar sobre a gente e aí acabei inventando uma tal de Alison. Eu não conheço nenhuma Alison, ! – a súplica na voz dele e os olhos pidões mostravam o quão apavorado ele estava.
- Você mentiu? Mentiu em o quê mais? – empurrou o prato na pia, possessa com a situação toda. Se ela não tivesse inventado de querer trollar o garoto, nada daquilo tinha acontecido.
- Só sobre isso, ! Eu juro! – sacudiu as mãos meio apavorado com tanta condenação e ela suspirou tão frustrada quanto ele. Sim, a gêmea queria acreditar no rapaz, mas por que era tão complicado quando ela também tinha errado?
- Sua cara não negava muita coisa e você estava muito esquisito! – ela despejou tudo em cima dele, o deixando ainda mais confuso.
- Mas... O quê?
- ERA EU, SEU IDIOTA! EU, A MERDA DO TEMPO TODO! – ela gritou saturada por tudo que tinha acontecido e principalmente ele não ter dado conta de nada. pigarreou preparando a garganta e continuou com o timbre do irmão: – Só sendo um idiota mesmo, para não saber que era eu. – a garota negou com um aceno, o vendo empalidecer com o choque.
- Que merda é essa? – o garoto deu um passo pra trás, não entendendo mais nada do que estava acontecendo ali.
- Eu disse que ia te fazer engolir tudo que você disse, mas acabei me fodendo! – a estudante esfregou o rosto, cheia de tanta história mal contada e soltou o ar dos pulmões, bem mais aliviada por ter soltado o que mais lhe maltratava nos últimos dias.
- Merda. Merda. Merda. Merda. – enfiou ainda mais os dedos entre os cabelos, os puxando com mais força. Então era por ela que ele estava apaixonado? Por que que a vida tinha que ser tão cruel assim e fazê-lo duvidar da própria sexualidade?
- Era pra ser uma brincadeira. Só pra te confundir e você assumir que sim, eu era bem melhor do que você! – suspirou frustrada. – Mas tomou proporções que eu não consegui controlar.
- Que droga, ! – o rapaz passou a mão pelos cabelos. – Você nem faz ideia do quanto isso tomou proporções gigantes! – o esganiço saiu acompanhado de uma risada. – Não existe Alison nenhuma, não tem nada disso. Acredita em mim. – ele chegou perto dela sorrateiramente, fazendo a garota suspirar confusa e morder a boca.
- Pra ser bem sincera, eu achei que você fosse sacar na primeira hora. – a moça soltou bem decepcionada com a capacidade mental dele de distinguir os gêmeos e o garoto riu. mordeu a boca de leve, aliviado com a verdade da história e devagarinho, colocou a mão por cima da mão dela, espalmada no mármore. – O que é tão engraçado? – mordeu a boca.
- Toda essa última semana. – o rapaz deu de ombros, soltando um riso anasalado. – E eu não acredito que você fez isso. – sem perceber, já estava tão próximo dela que era possível sentir o perfume dos cabelos da garota.
- Que eu vesti uma roupa do meu irmão, coloquei uma meia dentro da calça e fingia a horrorosa mania de coçar o saco? – ela fez uma careta horrenda em pensar naquilo, o vendo rir bem espontâneo. – Pois é, eu fiz.
- Isso também... – ele mordeu a boca, prendendo uma risada antes que tomasse um tapa. – Mas a pior parte não é essa.
- Enfaixar os peitos não foi exatamente a coisa mais agradável e deixar essa coisa horrorosa na minha cara, também não. – bufou fazendo a linha manhosa do que qualquer outra coisa e o viu morder a boca de leve. Ela suspirou com mais um arrepio que tomou seus braços, ao sentir a mão dele lhe fazer um carinho tão gostoso no braço.
- Imagino. Ainda mais vaidosa como você é. – ele mordeu de leve a boca, deixando o corpo ainda mais perto do dela.
- Mas, , a ideia deu tão certo que você nem imagina. – riu baixo, fazendo carinho no rosto dela, como se colocava o cabelo grande de alguém atrás da orelha. suspirou de olhos fechados. – Deu certo até demais.
- Nossa, deu tão certo. – o deboche da garota o fez rir divertido.
abriu um sorriso sorrateiro e mais vagarosamente, deslizou a mão pela cintura dela, abraçando a garota ainda mais colada a si. respirou fundo, sentindo o perfume tão gostoso que ele usava, tomar seu juízo e deixá-la atarantada. A estudante tentou se manter mais confortável com a proximidade, ou até afastá-lo, mas ao invés disso, só conseguiu se apoiar nos braços dele.
- Claro que deu, . – ele disse baixinho, a encarando. – Seu incrível plano me fez duvidar até de mim.
- Duvidar de você? – ela gargalhou. – Ah, conta outra!
- Eu pensei que eu era gay! – ele soltou um esganiçado, arregalando os olhos encantadores e fazendo gargalhar, enfiando o rosto no peito dele. O rapaz aproveitou o momento a abraçando com força. Um abraço carinhoso que a fez entender o teor da afirmação. Ele estava gostando dela?
- Ai cacete! – ela afastou dele de uma vez, com os olhos levemente arregalados.
- Pois é. – o rapaz riu meio morto.
- Ai, meu Deus, você estava doidinho no meu irmão, que na verdade era eu. – tapou a boca com a mão, o vendo abrir uma careta enorme de criança que tinha feito besteira. – Socorro, !
- Shiu, não joga na cara! – ele abriu um sorriso divertido, feliz por estar novamente reestabelecendo a comunicação com ela. – Sabe... Eu acho que não queria assumir pra mim mesmo o que estava acontecendo. – mordeu a parte interna da boca, ainda a olhando com todo o carinho e viu vincar as sobrancelhas. Ah sim, ela queria muito que ele falasse, dissesse com todas as letras. – Eu não queria assumir pra mim mesmo que eu gosto de você, sempre gostei. – o rapaz umedeceu os lábios. – Mas agora eu admito. – o sopro veio baixo. - Assumo também que senti muita a sua falta nesses últimos dias.
- Eu também senti a sua. – ela resmungou de olhos fechados, sentindo a mão dele fazer um carinho tão cuidadoso em seu rosto e perdeu de ver o sorriso mais do que iluminado do garoto.
sanou com a pequena distância entre os lábios dos dois e lhe deu um selinho demorado, fazendo a garota o abraça-lo com mais força.
- Agora... Sobre ser melhor do que eu, você vai ter que me provar. – ele voltou com um deboche engraçado que pertencia aos dois e deixava a relação até mais divertida. riu de forma irônica, sabendo que sim, as coisas estavam voltando a ser como eram e não tinha nada mais reconfortante que aquilo.
- Eu te fiz duvidar da sua sexualidade, isso já não é prova o suficiente? – a gêmea tão sarcástica quanto o irmão, arqueou uma das suas sobrancelhas recém feitas e o viu rir como se estivesse rendido.
segurou o rosto dela com uma das mãos e sem mais qualquer piadinha ou deboche, beijou a garota como há dias não fazia. Sentindo o beijo sanar boa parte da saudade acumulada no peito, o fazendo perceber que a melhor maneira de ter os gêmeos ao seu lado, era abrir o jogo com os dois. Afinal, quanto mais claro ele fosse, menor era a chance de perder um ou outro, justamente o que ele tinha se dado conta nos últimos dias.
- E não, não é prova o suficiente! – os dois riram, à medida que ele roubava alguns beijinhos. Ela suspirou aliviada, se deixando levar pela textura dos lábios dele.
- Você disse que tava apaixonado pelo ! – ela zoou rindo, mesmo ainda mole pelo jeito que a boca dele se chocava com seu rosto, dando leves beijinhos entre a mandíbula e a boca.
- Eu achei que era ele, mas era você. Entende, mulher! – os dois riram. – Agora, se isso é bom ou ruim, eu ainda não sei.
- Deve ter sido hilário. – ela abriu uma risada larga e espontânea, segurando os braços dele e o viu estreitar os olhos.
- Foi desesperador, ! – o rapaz esganiçou, a fazendo rir mais alto.
- Olha pelo lado bom, não era o . Eu sou a cara dele, mas não era ele! – a expressões dela mostrando que aquela era uma incrível e maravilhosa surpresa, o fez enrugar de leve o nariz.
- Eu não sei se isso é bom ou ruim ainda! – disse divertido e ganhou um tapa no ombro em repreensão. – Mas eu gostaria de descobrir. – ele piscou, arrancando um sorriso imenso da garota. O sorriso que ele mais gostava de ver, o sorriso que fazia seu coração bater forte e desritmado.
- Talvez você goste de ter dois s na sua vida! – ela piscou e ao rondar o pescoço dele com os braços em um abraço, lhe deu um beijinho.
- Eu tenho a impressão que sim. – mordeu a boca e ganhou um beijo mais do que apaixonado da garota, retribuindo exatamente da mesma maneira.
- FINALMENTE! – o grito aliviado do gêmeo , fez os dois separarem do beijo de uma vez, mas logo as risadas tomarem conta do cômodo. abraçou com força, sentindo a garota enfiar o rosto em seu peito e logo ele apoiou o queixo na cabeça dela, olhando pro amigo com um sorriso tão iluminado que quase fazia os dois brilharem. – Eu juro que estava quase prendendo os dois em algum lugar. Não aguentava mais esse mimimi. – voltou a insistir e ouviu mais algumas risadas, inclusive da irmã.
encostou a lateral do rosto no peito do rapaz e ao olhar para o irmão, com um sorriso imenso, percebeu que mais um casal tinha se resolvido ali. carregava um sorriso tão iluminado quanto o seu, além de segurar a mão de com força, os dedos entrelaçados e a alegria de quem tinha acabado de assumir namoro.





FIM!



Nota da autora: Olaaaa meninas! Tudo okay?
Sejam bem-vindas a mais um ficstape! Espero que tenham gostado dessa história afundada na comédia. Eu adorei escrever esses gêmeos capetas e que trollaram o pobre PP. Mas convenhamos que ele mereceu, não é mesmo?
Beijos e até a próxima! ;*




Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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