Capítulo Único
abriu a porta do boate com calma, ouvindo a música ensurdecedora do lado de dentro do estabelecimento. As luzes vermelhas, a fumaça por todo o canto, os homens engravatados, que tinham sempre um charuto na boca, um copo de uísque escocês na mão e um bolo de dinheiro no bolso do paletó. Muitos ali tinham família. Esposas, filhas, filhos, sobrinhas, afilhadas. Mas pouco se importavam, pois só queriam um pouco de diversão, assim como o escritor.
era um romântico nato. Convicto de que o amor é para todos que sabem aproveitar. Ele era novato na cidade quando tinha vindo pela primeira vez ali. Liam, seu melhor amigo, o trouxe sem mais delongas, para que ele conhecesse o lado bom de toda a noite parisiense.
Bom, ele não sabia que aquela garota também fazia parte da diversão. era dançarina principal. Poucos caras tinham a oportunidade de estar com ela numa noite e, bom, fora um daqueles sortudos. Gastou todo o dinheiro de seu aluguel e outras contas para poder pagar a garota para tê-la por uma noite. E ele teve. E, ele poderia confessar, aquela foi a melhor noite de sua vida.
Ele estava delirando. Via caminhar por aí com seu sorriso doce, roupas que não mostravam nem um pouco de seu corpo e, como sempre, o cabelo preso. Ela não parecia aquela que dançava e arrasava na noite, no pole dance, arrumando dinheiro o suficiente para manter três aluguéis de em uma só noite.
Ele se sentou no bar, distante o suficiente da garota, que dançava e mantinha a atenção, não somente de , mas também de homens ricos que estavam ali por uma diversão. Aquele cabaré era luxuoso demais para um cara pobre entrar, ao menos.
Ele pediu umas doses de tequila, atento aos movimentos de na barra de metal no meio do salão.
se levantou ao tomar a última, deixando o equivalente ao que bebeu, indo em direção ao centro do salão. Passou por homens ricos, com as barrigas tão grandes que poderiam ser confundidos com gestantes. Aquele pensamento o fez rir baixo, antes de esticar o bolo de dinheiro que havia em seu bolso.
– Não é o suficiente. – ela falou, sorrindo de lado. – Cresça e apareça, garoto...
– Eu só quero uma noite. – ele disse, dando de ombros. – Irei embora depois de amanhã. Voltarei para minha cidade e espero ter uma última noite boa.
– Está falando a verdade? – ela indagou, parando seus movimentos, perto de . Os olhos do rapaz correram todo seu corpo, parando em seus olhos, assentindo com a cabeça. – OK.
E ele comemorou internamente, segurando a mão de sua acompanhante daquela noite.
Depois de semanas, ele pôde finalmente fazer aquilo. Todas as noites, enquanto juntava dinheiro e fazia juras de amor silenciosas a , apenas a observava dançar de um canto escondido do estabelecimento. Ele queria apenas ter o prazer de vê-la fazendo o que mais amava, e aquilo era maravilhoso, comparado ao que ela fazia entre quatro paredes.
Eles chegaram no quarto reservado e, antes que ela pudesse abrir a porta, sentiu os lábios do rapaz em seu pescoço, atiçando fogo em algo que seria interessante ver apagar.
Ela abriu a porta e logo a beijou, batendo o pedaço de madeira, antigo o bastante, de qualquer maneira, jogando a garota na cama.
Os olhos e inocentes de se transformaram, e logo estavam possuído por um dos pecados capitais: luxúria. Ela sorriu enquanto ele retirava as meias e os sapatos que usava, colocando-os de qualquer jeito no chão do quarto.
“Por favor, que não esteja de cabeça para baixo, ou minha mãe me matará!”, era o que ele pensava, antes da garota beijá-lo e tudo ir para o espaço.
Ela retirou a gravata dele, jogando-a em cima do abajur ao lado da cama.
Aquele quarto em que se encontravam era totalmente diferente do que estavam habituados. Era luxuoso, com tons de dourado e vermelho, com espaço o suficiente para cinco pessoas. Ele mal podia jurar que aquele lugar era usado, exclusivamente, para o sexo. Mas, bom, quando era com ele e com , não se importava tanto.
– Você é tão calado. – ela falou, arrastando o sotaque francês que ele era literalmente louco. – Os homens normalmente gemem logo no início. Não sei se fingem ou se estão realmente a ponto de gozar.
– Isso é algo que eu realmente não gostaria de saber. – ele disse, arrancando uma risada da garota, algo que o fez sorrir. – Mas, tudo bem, eu só não quero ficar forçando algo.
– Espera, isso aqui está ruim? – ela indagou antes que ele pudesse beijá-la, afastando seus rostos. – É isso que está dizendo...
– . E não, não está ruim. – ele respondeu, sorrindo em seguida. – Isso está tão maravilhoso que eu poderia fazer por noites e noites, sem reclamar.
Aquilo fez sorrir, beijando o homem à sua frente. Ela sabia que ele não era tão estranho, o conhecia de algum lugar e, mesmo que ousasse se lembrar, era quase impossível.
– ... – ela gemeu, olhando nos olhos do rapaz. – Tem preservativo?
Ele concordou antes que pudesse tirar a peruca escura que ela usava, revelando seu cabelo e retirando o coque que estava ali.
– Você fica ainda mais linda assim. – ele falou.
Seus olhos brilhavam, e ele tinha certeza disso. Os olhos de não estavam tão diferentes, levando em consideração que ela havia sorrido antes de beijá-lo mais uma vez.
Aquela estava sendo a noite mais incrível para ambos. estava delirando a cada toque, beijo e gemido que vinha de , e ela estava na mesma. Nunca poderia imaginar que um homem tão bonito e gentil como aquele estivesse ali, na sua frente, a tratando da melhor forma possível. Por mais que fosse obrigação de todos, ela se sentia especial por estar com .
– Uau! – diz assim que se deitou ao lado da garota.
Suas respirações estavam afetadas, seus corpos, suados, e seus cabelos estavam úmidos. Ele a fitou, sentindo uma ponta de esperança acender em seu interior.
Como ele poderia gostar daquela moça, se se conhecem há semanas? E, pior, aquela era a segunda vez que eles tinham um contato maior.
Antes que ele pudesse beijá-la, ela empurrou seu rosto delicadamente, sorrindo de lado.
– Eu preciso ir. – ela sussurrou, olhando para seus pés.
Não, ela não queria ir. Havia algo que a prendia ali, com aquele rapaz, e ela não sabia o que era.
– Ainda não acabou a nossa noite. – ele falou, olhando no relógio. Não passava das três da manhã. – Fica aqui, comigo.
– Quer em outra posição? – ela indagou, olhando nos olhos dele por longos segundos.
– Eu só quero conversar. – ele respondeu, arrancando uma gargalhada alta da moça. – O quê?
– Nada, . Eu preciso realmente ir. – ela disse, colocando seu sutiã e fazendo se levantar, desesperado, segurando em sua cintura e puxando para perto dele.
– Vem comigo. – ele sussurrou, beijando-a nos lábios mais uma vez.
Do que ele estava falando?
– Do que você está falando? – ela perguntou.
– Ir embora comigo, . – ele replicou, fazendo a garota arregalar os olhos. – Eu estou gostando de você...
E ela arregalou ainda mais os olhos, ficando em silêncio por longos minutos. Não sabia o que dizer e nem queria. Nada mudaria o fato de que ele tinha proposto algo. Ele tinha proposto para que ela fugisse com ele. Aquilo poderia ser tudo, menos normal.
– Eu te conheço há quantos dias? – ela indagou, ficando de pé e retocando uma parte de sua maquiagem.
– O suficiente para saber que eu quero ficar com você. – ele falou, agarrando a sua cintura. – Eu te tiro dessa vida.
– E eu quero sair dela? – ela respondeu, empurrando-o para longe de seu corpo. – Não, você não me conhece. Você sabe meu nome?
– É ?! – ele disse, fazendo a garota rir. – O quê?
– Você não sabe NADA sobre mim. – ela falou. – E eu não quero sair daqui. Eu gosto de Paris, gosto do meu emprego, gosto da minha vida.
– Mas não ficaria bem eu estar em um relacionamento com uma...
– Prostituta?! – ela indagou, fazendo o rapaz assentir. – E qual o seu problema com isso?
– Nenhum, mas é que...
– , por favor, eu não vou. Você pode seguir sua vida, viver com sua família numa fazendinha do interior, mas eu vou ficar aqui. Eu não te pedi por isso, não pedi para sair nem nada. Isso aqui não é como um filme de romance em que eu peço para o mocinho me salvar. Eu me salvo. Eu não preciso de homem para isso. – ela disse, pegando seus saltos no chão.
Aquilo estava sendo doloroso para ele. Não tinha tanta chance e, em seu subconsciente, alguma voz dizia isso, mas gostava de arriscar. Eles poderiam ter uma linda família juntos.
– Poderemos ter um futuro...
– Eu não quero ter um futuro com alguém assim. Eu não vou parar a minha vida para cuidar da sua. Eu sinto muito. Na verdade, não sinto. Você é um tremendo idiota. – ela disse, jogando metade do dinheiro em cima dele e saindo do quarto em seguida.
E a chama da esperança em seu interior se apagou. As lembranças daquela noite maravilhosa, claro, em nome do amor, foram a única coisa que puderam permanecer em sua mente.
E ele logo foi embora, dando adeus àquela vida e àquela garota, que já estava nos palcos com outro homem fazendo o que ela sabia de cor e salteado: arrasar!
era um romântico nato. Convicto de que o amor é para todos que sabem aproveitar. Ele era novato na cidade quando tinha vindo pela primeira vez ali. Liam, seu melhor amigo, o trouxe sem mais delongas, para que ele conhecesse o lado bom de toda a noite parisiense.
Bom, ele não sabia que aquela garota também fazia parte da diversão. era dançarina principal. Poucos caras tinham a oportunidade de estar com ela numa noite e, bom, fora um daqueles sortudos. Gastou todo o dinheiro de seu aluguel e outras contas para poder pagar a garota para tê-la por uma noite. E ele teve. E, ele poderia confessar, aquela foi a melhor noite de sua vida.
Ele estava delirando. Via caminhar por aí com seu sorriso doce, roupas que não mostravam nem um pouco de seu corpo e, como sempre, o cabelo preso. Ela não parecia aquela que dançava e arrasava na noite, no pole dance, arrumando dinheiro o suficiente para manter três aluguéis de em uma só noite.
Ele se sentou no bar, distante o suficiente da garota, que dançava e mantinha a atenção, não somente de , mas também de homens ricos que estavam ali por uma diversão. Aquele cabaré era luxuoso demais para um cara pobre entrar, ao menos.
Ele pediu umas doses de tequila, atento aos movimentos de na barra de metal no meio do salão.
se levantou ao tomar a última, deixando o equivalente ao que bebeu, indo em direção ao centro do salão. Passou por homens ricos, com as barrigas tão grandes que poderiam ser confundidos com gestantes. Aquele pensamento o fez rir baixo, antes de esticar o bolo de dinheiro que havia em seu bolso.
– Não é o suficiente. – ela falou, sorrindo de lado. – Cresça e apareça, garoto...
– Eu só quero uma noite. – ele disse, dando de ombros. – Irei embora depois de amanhã. Voltarei para minha cidade e espero ter uma última noite boa.
– Está falando a verdade? – ela indagou, parando seus movimentos, perto de . Os olhos do rapaz correram todo seu corpo, parando em seus olhos, assentindo com a cabeça. – OK.
E ele comemorou internamente, segurando a mão de sua acompanhante daquela noite.
Depois de semanas, ele pôde finalmente fazer aquilo. Todas as noites, enquanto juntava dinheiro e fazia juras de amor silenciosas a , apenas a observava dançar de um canto escondido do estabelecimento. Ele queria apenas ter o prazer de vê-la fazendo o que mais amava, e aquilo era maravilhoso, comparado ao que ela fazia entre quatro paredes.
Eles chegaram no quarto reservado e, antes que ela pudesse abrir a porta, sentiu os lábios do rapaz em seu pescoço, atiçando fogo em algo que seria interessante ver apagar.
Ela abriu a porta e logo a beijou, batendo o pedaço de madeira, antigo o bastante, de qualquer maneira, jogando a garota na cama.
Os olhos e inocentes de se transformaram, e logo estavam possuído por um dos pecados capitais: luxúria. Ela sorriu enquanto ele retirava as meias e os sapatos que usava, colocando-os de qualquer jeito no chão do quarto.
“Por favor, que não esteja de cabeça para baixo, ou minha mãe me matará!”, era o que ele pensava, antes da garota beijá-lo e tudo ir para o espaço.
Ela retirou a gravata dele, jogando-a em cima do abajur ao lado da cama.
Aquele quarto em que se encontravam era totalmente diferente do que estavam habituados. Era luxuoso, com tons de dourado e vermelho, com espaço o suficiente para cinco pessoas. Ele mal podia jurar que aquele lugar era usado, exclusivamente, para o sexo. Mas, bom, quando era com ele e com , não se importava tanto.
– Você é tão calado. – ela falou, arrastando o sotaque francês que ele era literalmente louco. – Os homens normalmente gemem logo no início. Não sei se fingem ou se estão realmente a ponto de gozar.
– Isso é algo que eu realmente não gostaria de saber. – ele disse, arrancando uma risada da garota, algo que o fez sorrir. – Mas, tudo bem, eu só não quero ficar forçando algo.
– Espera, isso aqui está ruim? – ela indagou antes que ele pudesse beijá-la, afastando seus rostos. – É isso que está dizendo...
– . E não, não está ruim. – ele respondeu, sorrindo em seguida. – Isso está tão maravilhoso que eu poderia fazer por noites e noites, sem reclamar.
Aquilo fez sorrir, beijando o homem à sua frente. Ela sabia que ele não era tão estranho, o conhecia de algum lugar e, mesmo que ousasse se lembrar, era quase impossível.
– ... – ela gemeu, olhando nos olhos do rapaz. – Tem preservativo?
Ele concordou antes que pudesse tirar a peruca escura que ela usava, revelando seu cabelo e retirando o coque que estava ali.
– Você fica ainda mais linda assim. – ele falou.
Seus olhos brilhavam, e ele tinha certeza disso. Os olhos de não estavam tão diferentes, levando em consideração que ela havia sorrido antes de beijá-lo mais uma vez.
Aquela estava sendo a noite mais incrível para ambos. estava delirando a cada toque, beijo e gemido que vinha de , e ela estava na mesma. Nunca poderia imaginar que um homem tão bonito e gentil como aquele estivesse ali, na sua frente, a tratando da melhor forma possível. Por mais que fosse obrigação de todos, ela se sentia especial por estar com .
– Uau! – diz assim que se deitou ao lado da garota.
Suas respirações estavam afetadas, seus corpos, suados, e seus cabelos estavam úmidos. Ele a fitou, sentindo uma ponta de esperança acender em seu interior.
Como ele poderia gostar daquela moça, se se conhecem há semanas? E, pior, aquela era a segunda vez que eles tinham um contato maior.
Antes que ele pudesse beijá-la, ela empurrou seu rosto delicadamente, sorrindo de lado.
– Eu preciso ir. – ela sussurrou, olhando para seus pés.
Não, ela não queria ir. Havia algo que a prendia ali, com aquele rapaz, e ela não sabia o que era.
– Ainda não acabou a nossa noite. – ele falou, olhando no relógio. Não passava das três da manhã. – Fica aqui, comigo.
– Quer em outra posição? – ela indagou, olhando nos olhos dele por longos segundos.
– Eu só quero conversar. – ele respondeu, arrancando uma gargalhada alta da moça. – O quê?
– Nada, . Eu preciso realmente ir. – ela disse, colocando seu sutiã e fazendo se levantar, desesperado, segurando em sua cintura e puxando para perto dele.
– Vem comigo. – ele sussurrou, beijando-a nos lábios mais uma vez.
Do que ele estava falando?
– Do que você está falando? – ela perguntou.
– Ir embora comigo, . – ele replicou, fazendo a garota arregalar os olhos. – Eu estou gostando de você...
E ela arregalou ainda mais os olhos, ficando em silêncio por longos minutos. Não sabia o que dizer e nem queria. Nada mudaria o fato de que ele tinha proposto algo. Ele tinha proposto para que ela fugisse com ele. Aquilo poderia ser tudo, menos normal.
– Eu te conheço há quantos dias? – ela indagou, ficando de pé e retocando uma parte de sua maquiagem.
– O suficiente para saber que eu quero ficar com você. – ele falou, agarrando a sua cintura. – Eu te tiro dessa vida.
– E eu quero sair dela? – ela respondeu, empurrando-o para longe de seu corpo. – Não, você não me conhece. Você sabe meu nome?
– É ?! – ele disse, fazendo a garota rir. – O quê?
– Você não sabe NADA sobre mim. – ela falou. – E eu não quero sair daqui. Eu gosto de Paris, gosto do meu emprego, gosto da minha vida.
– Mas não ficaria bem eu estar em um relacionamento com uma...
– Prostituta?! – ela indagou, fazendo o rapaz assentir. – E qual o seu problema com isso?
– Nenhum, mas é que...
– , por favor, eu não vou. Você pode seguir sua vida, viver com sua família numa fazendinha do interior, mas eu vou ficar aqui. Eu não te pedi por isso, não pedi para sair nem nada. Isso aqui não é como um filme de romance em que eu peço para o mocinho me salvar. Eu me salvo. Eu não preciso de homem para isso. – ela disse, pegando seus saltos no chão.
Aquilo estava sendo doloroso para ele. Não tinha tanta chance e, em seu subconsciente, alguma voz dizia isso, mas gostava de arriscar. Eles poderiam ter uma linda família juntos.
– Poderemos ter um futuro...
– Eu não quero ter um futuro com alguém assim. Eu não vou parar a minha vida para cuidar da sua. Eu sinto muito. Na verdade, não sinto. Você é um tremendo idiota. – ela disse, jogando metade do dinheiro em cima dele e saindo do quarto em seguida.
E a chama da esperança em seu interior se apagou. As lembranças daquela noite maravilhosa, claro, em nome do amor, foram a única coisa que puderam permanecer em sua mente.
E ele logo foi embora, dando adeus àquela vida e àquela garota, que já estava nos palcos com outro homem fazendo o que ela sabia de cor e salteado: arrasar!