Prólogo
’s P.O.V.
Dizem que quando se ama alguém é preciso fazer essa pessoa se apaixonar novamente por você todos os dias.
Poucas pessoas do mundo sabem o real significado desta frase.
Eu, o sortudo que era, fazia parte desse grupo seleto de pessoas que conviviam diariamente com as sequelas da amnésia.
Tudo na vida é uma escolha. Sim, a situação está muito longe do ideal. Mas se era para passar por essa provação eu o faria com um sorriso no rosto.
A quem eu estaria enganando dizendo que eu não era o cara mais sortudo da face da terra por ser o companheiro de minha mulher?!
sempre fora minha melhor amiga e nos casamos relativamente cedo. Eu devia ser agradecido por isso, já que ao menos eu não lhe era um estranho sempre que ela acordava.
Os médicos haviam me dito que sua memória estava longe de salvação. Só um milagre poderia curá-la.
A improbabilidade de que voltássemos a viver nossas vidas como antes me atingiu com um baque perturbador. Com o trabalho puxado que tinha, em uma grande firma de advocacia, recomendaram a mim que ou a internasse, ou que a deixasse com sua família para ter uma vida mais pacata.
Cheguei a perguntar a ela, a mais atingida pela situação, sobre o que queria. Após explicar mais uma vez tudo sobre o acidente, até mesmo havia me mandado ir viver minha vida em paz.
Que ideia boba! Como se para mim houvesse alguma vida sem ela. Que concepção deturpada é essa, em que a sociedade incute nas pessoas a ideia de que viver pelo trabalho é algo legal?
Foi exatamente isso que pensei.
Dane-se.
Dei um basta em todas as horas que passava resolvendo problemas de pessoas que possuíam mais dinheiro do que eu poderia imaginar, mas pouquíssimo conteúdo. Perguntaram-me uma vez se eu não sentia falta do Direito ou de exercer minha profissão. Minha resposta foi simples: nem por um segundo.
Na realidade estou tão ocupado todos os dias vivendo, que não paro para pensar em minha vida antes do acidente.
Mas essa é a magia da .
Mesmo em sua doença, que eu preferia chamar de poder especial, ela ainda sim me tornava um homem melhor.
Com ela eu tinha tudo o que precisava. Ela me dera a vida e em troca, a cada dia meu dever era muito simples: fazê-la feliz.
Admito, dava trabalho.
Quando ela pedia para assistir o filme Simplesmente Acontece pelo vigésimo dia consecutivo meu coração chega doía. Porém, ter problemas e aceitar as preferências de seu parceiro fazia parte do pacote na vida de casado. E tudo valia à pena para estar com ela.
Dizem que quando se ama alguém é preciso fazer essa pessoa se apaixonar novamente por você todos os dias.
Poucas pessoas do mundo sabem o real significado desta frase.
Eu, o sortudo que era, fazia parte desse grupo seleto de pessoas que conviviam diariamente com as sequelas da amnésia.
Tudo na vida é uma escolha. Sim, a situação está muito longe do ideal. Mas se era para passar por essa provação eu o faria com um sorriso no rosto.
A quem eu estaria enganando dizendo que eu não era o cara mais sortudo da face da terra por ser o companheiro de minha mulher?!
sempre fora minha melhor amiga e nos casamos relativamente cedo. Eu devia ser agradecido por isso, já que ao menos eu não lhe era um estranho sempre que ela acordava.
Os médicos haviam me dito que sua memória estava longe de salvação. Só um milagre poderia curá-la.
A improbabilidade de que voltássemos a viver nossas vidas como antes me atingiu com um baque perturbador. Com o trabalho puxado que tinha, em uma grande firma de advocacia, recomendaram a mim que ou a internasse, ou que a deixasse com sua família para ter uma vida mais pacata.
Cheguei a perguntar a ela, a mais atingida pela situação, sobre o que queria. Após explicar mais uma vez tudo sobre o acidente, até mesmo havia me mandado ir viver minha vida em paz.
Que ideia boba! Como se para mim houvesse alguma vida sem ela. Que concepção deturpada é essa, em que a sociedade incute nas pessoas a ideia de que viver pelo trabalho é algo legal?
Foi exatamente isso que pensei.
Dane-se.
Dei um basta em todas as horas que passava resolvendo problemas de pessoas que possuíam mais dinheiro do que eu poderia imaginar, mas pouquíssimo conteúdo. Perguntaram-me uma vez se eu não sentia falta do Direito ou de exercer minha profissão. Minha resposta foi simples: nem por um segundo.
Na realidade estou tão ocupado todos os dias vivendo, que não paro para pensar em minha vida antes do acidente.
Mas essa é a magia da .
Mesmo em sua doença, que eu preferia chamar de poder especial, ela ainda sim me tornava um homem melhor.
Com ela eu tinha tudo o que precisava. Ela me dera a vida e em troca, a cada dia meu dever era muito simples: fazê-la feliz.
Admito, dava trabalho.
Quando ela pedia para assistir o filme Simplesmente Acontece pelo vigésimo dia consecutivo meu coração chega doía. Porém, ter problemas e aceitar as preferências de seu parceiro fazia parte do pacote na vida de casado. E tudo valia à pena para estar com ela.
Parte I
Acordei cedo e fui preparar um café na cama para minha esposa. Ela ainda não sabia, mas aquele era o dia de seu aniversário. O acidente em que adquirira seus poderes especiais ocorrera na ocasião do dia em que iríamos para nossa lua de mel.
sempre acordava acreditando que estávamos finalmente indo tirar férias na Tailândia, como sempre sonháramos. Casados após a formatura no colegial, e renegados por nossos pais por essa escolha, nunca tivemos condições de sair em lua de mel, muito menos tempo.
A faculdade se passou, com Direito para mim e Letras para ela. Tivemos de conciliar os estágios, a promoção dela, minha efetivação na firma e todos os empecilhos que vão surgindo para impedir que enxerguemos a dura realidade. Não sobra tempo para aproveitar a vida.
Carpe Diem pode parecer só mais uma expressão em latim criada para não ser entendida, mas os que decidem buscar sua real compreensão podem leva-la como filosofia de vida.
No meu caso, a vida escolheu por mim. Eu não seria mais um escravo pós-moderno, do tempo e do trabalho. Mas não são todos que têm a mesma sorte. Você teria coragem de largar tudo em busca de seus sonhos, de viver uma vida?
Abra os olhos. Palavras como conforto, rotina e estabilidade são criações capitalistas fictícias. Quando foi que você realmente sentiu-se seguro em seu emprego, ou ficou feliz com a repetição da velha e gasta rotina? Não é as pequenas surpresas que fazem tudo valer a pena?
Sempre digo que vive muito mais do que qualquer um que eu conheça. Ela leva um dia de cada vez e eu fui destinado a acompanha-la nessa missão. Depois você duvida que essa mulher seja a minha salvação.
Terminei de preparar os ovos mexidos e o suco de laranja, seu café da manhã preferido. Pus também, um pequeno pedaço de torta de chocolate com muita calda e uma velinha em cima para cantarmos os parabéns.
Fui até o quarto assobiando uma melodia que vinha martelando minha cabeça há dias. Abri a porta com uma das mãos, segurando a bandeja na outra e depositei-a no armarinho ao lado da cama. Ajoelhei-me ao lado da mulher mais linda que já havia posto os olhos e comecei a ronronar a melodia enquanto acariciava sua face.
— ? — Murmurou com um tom sonolento.
Sorri beijando sua testa e preparando-me mentalmente para mais um dia.
— Sim, meu amor, está na hora de acordar. Planejei um grande dia para nós hoje e logo logo você saberá o por que.
— Alguma ocasião especial? — Perguntou levantando a sobrancelha. — Quer dizer, além de nossa lua de mel...
Abri um sorriso acostumado com essa resposta. Nas primeiras vezes doera, mas agora eu decidira encarar os fatos: para estaríamos em uma lua de mel eterna. Não que eu estivesse reclamando desse detalhe.
— Querida. Primeiro preciso que você ouça isso aqui. — Sussurrei com seriedade antes de passar-lhe o gravador. — Estarei tomando banho. Vai comendo os ovos e bebendo o suco. Eu já te explico o bolo. — Beijei novamente sua testa e deixei-a lidar com o choque da forma que percebera ser a melhor. Sozinha.
Não era sempre que eu lhe pedia para ouvir a história de todo o acidente. Não valia a pena expô-la a todo o baque da notícia desnecessariamente. No futuro se tornaria necessário já que não estávamos ficando mais jovens e no momento em que ela se olhasse em um espelho, vendo seu cabelo branco e rugas, provavelmente pensaria estar maluca.
Porém, por agora eu preferia somente mostrar para ela a verdade em ocasiões especiais ou nas poucas vezes em que recebíamos visitas.
Ás vezes ela chorava, em outras me lançava olhares culpados como se eu fosse o lado perdedor daquela relação.
De qualquer forma, durante o dia ela acabava sempre percebendo que não só eu estava feliz, como ela também deveria estar. Meu maior medo era que decidisse me deixar, que me condenasse por ter largado todas as nossas raízes e me mudado com ela para viver sem nenhum suporte na Tailândia.
Felizmente até agora isso ainda não ocorrera.
Deixei as gotas d’água escorrerem por meu corpo, levando os vestígios de sabão que eu passara metodicamente e saí do box secando-me com a toalha e enrolando-a na cintura.
Coloquei meus shorts, pendurei a camiseta no ombro e inspirei fundo preparando-me para qual poderia estar me aguardando do outro lado da porta.
Não esperava encontrar a figura de minha mulher bem a minha frente, com o nariz vermelho e um sorriso largo. Um pouco como o coringa, mas sem a parte assustadora. Ok, talvez desse um pouco de medo.
Sorri de volta para ela com um olhar confuso esperando sua reação, que estranhamente sempre acabava por me surpreender, nem que fosse por detalhes.
— , você é o homem mais maluco... — Começou a dizer agarrando meu queixo e puxando-me para um selinho na periferia de meus lábios. — Mais maravilhoso... — Beijou o outro canto de minha boca. — e idiota que eu conheço!
-Que você se lembre, né meu amor. — Completei com meu humor ácido, de mau gosto para alguns, mas encantador para minha .
Confirmando meu pensamento ela deu um tapinha em meu ombro, falhando em segurar sua gargalhada.
-Você é mesmo um bobo. — Replicou balançando a cabeça negativamente em reprovação. — O que eu posso fazer com você? — Perguntou com um tom sedutor.
Cocei a nuca corando sem graça. Ela sabia exatamente como me desarmar. Eu nunca fui um cara que fazia o tipo azarador.
Na realidade sempre fui péssimo com essas coisas. só prestara atenção em mim, pois seu namorado da escola vivia enchendo meu saco porque eu usava óculos. Ela terminou com ele e tornou-se minha amiga na primeira vez em que percebeu o pobre coitado que ele realmente era. Quem é que precisa caçoar os outros para sentir-se bem?!
Imaginei que ele devia ter algum tipo de problema em casa para armazenar tanto ódio.
No início eu nutria raiva e era grosseiro com ele. Porém, nunca deixou de ser cordial.
No ensino médio ela me contou que assistira uma série que mudara sua forma de pensar sobre as pessoas. Uma personagem de SKAM sempre repetia para si mesma a frase: Todas as pessoas que você conhece estão enfrentando batalhas que você não sabe nada a respeito. Seja gentil. Sempre.
Ouvir isso sendo dito por , que eu constantemente admirara, só aumentou o quanto eu a venerava. Brincava que ela era um HOMO SAPIENS SAPIENS SAPIENS SAPIENS, pois estava sempre me ensinando coisas sobre a vida que eu nunca parara para pensar antes.
A mão sorrateira de minha mulher puxando a camisa ainda pendurada em meu ombro foi o suficiente para eu parar de divagar sobre o passado e fazer uma careta falsamente escandalizada com sua atitude.
Mas assim como ela viera ao planeta para me chocar, eu também tinha meus truques.
Abaixei agarrando sua cintura e jogando-a em meu ombro como um saco de batatas. Ela soltou uma exclamação surpresa e deu um tapinha em minha bunda a seu alcance. Caminhei até a cama e depositei-a sentada, gentilmente.
— A senhorita está muito levada hoje. Acho que não está merecendo seu presente e o bolo de aniversário que eu mesmo fiz... — Repliquei me gabando de meus dons culinários.
Sua boca se abriu em um “O” surpreso quando lhe entreguei o bolo com a vela recém-acesa.
— Parabéns, meu amor. Que venham mais anos a seu lado.
— É o meu aniversário? — Seus olhos encheram-se de lágrimas, emocionada. Assoprou a vela fechando os olhos e abriu um enorme sorriso para a quantidade exorbitante de brigadeiro escorrendo do jeito que ela gostava.
— Se estiver alimentando-me assim todos os dias eu vou te matar, !
— Pode deixar, querida, a gente sempre arruma uma forma de aliviar essa... Energia acumulada. — Repliquei com um olhar sugestivo.
riu mais focada em saborear o bolo, dando gemidos que só a comida era capaz de provocar. Acredite, eu já tentei de outras formas. Mas não tinha como competir com bolo de chocolate. Era uma batalha vencida.
Ajoelhei-me a seu lado enquanto a observava comer, muito satisfeita. Conversamos por alguns momentos sobre bobagens e sanei algumas de suas perguntas habituais sobre o que tinha acontecido desde seu acidente.
Assim que acabou de comer pedi para que se arrumasse e colocasse um biquíni enquanto lavava e guardava a louça. Senti mãos sobre meus olhos e virei dando um selinho em com um sorriso.
— Pronta, querida? — Perguntei ansioso.
— Sim! Pra onde vamos? — Disse, fazendo uma careta quando eu puxei uma venda de meu bolso e comecei a amarrar em sua face. — Eu não me lembro de gostar de surpresas, . Na verdade, me recordo como se fosse ontem ter te dito isso antes de você me revelar qual região da Tailândia iríamos ficar.
— Tecnicamente pra você foi mesmo ontem. — Dei uma risada recebendo um soco leve em meu peito. — O que foi?!
— Comporte-se! — Ralhou enquanto eu a guiava para o carro.
— Prometo que vai gostar, amor. Confia em mim? — Perguntei assumindo a direção e ligando o som para entretê-la durante o curto percurso.
— Confio, com a minha vida. — Respondeu, suspirando e começando a cantarolar Beautiful Girls do Sean Kingston. Eu chegara à conclusão que aquela música seria um hit eterno.
Trinta minutos passaram enquanto ouvia novamente o CD que eu lhe presenteara no aniversário do ano anterior, com algumas de suas canções preferidas e outras novas que eu sabia que acabaria amando.
Meus olhos centravam-se na estrada, vasculhando a mata ao lado da estrada pela entrada para a trilha que eu encontrara um dia por acaso.
Ao ler a pequena sinalização virei à esquerda e estacionei o carro em uma das vagas disponíveis. Peguei a mochila na traseira do Jipe e fui ajuda-la a sair do veículo.
— Chegamos?— Perguntou ela, descendo do carro e andando enquanto segurava em meu braço estendido.
— Quase! Agora preciso que tenha um pouco mais de cuidado ao andar.
— Isso é uma trilha? — Perguntou ao ouvir o crack de um galho se quebrando sob seus pés.
— Sim, amor. Prometo que não vai demorar. — Afirmei enquanto a guiava pela mata até a clareira.
— Esse som... É água? — Perguntou , franzindo o cenho. — Onde você me trouxe, ? É aqui que vai me matar e desovar meu corpo? — Brincou, com uma mão na cintura, enquanto eu a depositei sentada em uma pedra.
— Não se mova. — Supliquei dando um selinho em sua testa e montando o equipamento que trouxera na mochila.
— Pode tirar a venda. — Pedi assim que terminei a preparação.
sorriu retirando o pano de sua face e levando a mão à boca assim que o fez. Imaginei o que devia estar vendo. Eu de braços abertos ao lado de uma toalha de pique nique equipada de vários doces, salgados e vinho tinto.
A cachoeira ao fundo derramando-se em uma espécie de lago, rodeado por pedras lisas arredondadas onde eu já havia depositado nossas toalhas.
— ... — Começou balançando a cabeça em negativa.
Fiquei preocupado que alguma coisa estivesse errada, vendo que abaixou a cabeça em suas mãos chorando.
— Amor, me desculpe. Está tudo bem? O que eu fiz de errado? — Supliquei após correr até ela e apertá-la fortemente em meu peito.
Senti um empurrão em meu peito e congelei, paralisado. Porém uma risada suave tranquilizou meu coração. Ver com a face vermelha do choro, fungando e gargalhando de mim atingiu uma parte do meu ser que eu nem mesmo sabia que existia.
Doía amá-la tanto. A cada dia eu chegava à constatação que era eu que ia me apaixonando mais e mais por ela e não o contrário. Eu sempre acabava lhe entregando mais uma parte de meu coração.
— Você é mesmo um bobo. — Replicou puxando-me para um beijo. Tirou sua saída de praia afastando-se e fez o que menos esperava.
— Quem chegar por último é uma tartaruga! — Exclamou sorridente e saiu correndo em direção à lagoa.
Tirei minha camisa e corri atrás dela atingindo a superfície da agua em um salto bomba. Olhei a minha volta procurando-a para então receber um jato de água sendo espirrado em meu rosto.
— Isso não teve graça. — Reclamei com uma careta, recebendo mais uma onda de líquido em minha face.
— Mocinha, — Comecei, esfregando meus olhos com um tom na melhor imitação possível de caipira. — A senhorita está muito encrencada!
Nadei até , que deu um berro desesperado ao ser agarrada por mim e jogada do outro lado do lago. Ela surpreendeu-me esgueirando-se pelo fundo até mim, causando um pequeno grito afinado de minha parte que eu juro de pés juntos nunca ter acontecido até hoje.
— Tréguaa! — Gritamos ao mesmo tempo quando a guerra de água recomeçou.
Saímos do lago e eu sequei sua cabeça com uma das toalhas, com o maior cuidado para não embaraçar muito seu cabelo.
Assim que ambos estávamos secos e acomodados para o pique nique, devoramos quase tudo que eu trouxera, com os cumprimentos do chef da pequena lanchonete ao lado de nosso apartamento.
Ezequiel sempre se superava em seus pratos. Não costumava aceitar pedidos pré-ordenados, mas abrira uma exceção para mim e . O homem tinha um apreço muito grande por nós dois. Havíamos frequentado o Zeke’s Dinner muitas vezes desde que chegamos à Tailândia. tinha o prazer de todos os dias provar suas famosas costelinhas de porco como se fosse a primeira vez.
— Meu deus, essa foi a melhor refeição que já experimentei na vida! — Suspirou satisfeita enquanto recostava em meus braços olhando para o céu alaranjado e rosado com o entardecer.
— Bem, na verdade, acho que a do seu aniversário de 25 foi a minha preferida. Preciso experimentar aquele soufflé novamente, algum dia. — Disse pensativo.
— Não estrague esse momento para mim, Collins!
— Ah, me perdoe, Senhorita Collins. Erro meu. — Repliquei virando meu rosto para o seu.
Nossos narizes roçaram por uns segundos até que eu pedi que ela olhasse para o céu. Cheguei perto de seu ouvido, mordi de leve o lóbulo de sua orelha e sussurrei como se estivesse lhe cantando um segredo de Estado.
— Eu sei que sou difícil de lidar, às vezes não digo as melhores coisas ou sou sensível o suficiente para te oferecer palavras de conforto nessa bagunça toda. Mas querida, eu te amo. Não trocaria nossa vida por nada. Faria tudo por uma vida contigo e... Não quero que pense que sou ignorante quanto à dor que é para você de ter de ouvir sobre o acidente e sobre coisas que já aconteceram e não pode se lembrar. Eu sei que é difícil, mas... Não consigo ficar triste com a forma que nossa vida se desenrolou. Você aparenta estar sempre tão feliz... — Parei retomando a respiração. -Eu conto nos dedos aqueles que está mais para baixo.
— Amor. Eu também te amo. Você não precisa me dizer sempre por que sei por suas ações que cuida muito bem de mim. Não se engane. Não lembrar exatamente do que aconteceu, não significa que eu esqueço meus sentimentos. Está tudo aqui armazenado. Às vezes eu não sei bem o porquê, mas confio nos instintos que me dizem que todos os dias que já passamos juntos foram como hoje. Somos felizes, , nunca se sinta mal por sentir isso. Não importa o quanto o mundo e tenho certeza de que nossas famílias também, digam o quanto somos malucos, loucos. Mas o amor é assim louco e complicado e não poderia ter escolhido para mim um companheiro melhor do que você.
Nossas declarações foram seladas com um beijo que perdurou por tanto tempo que quando nos desgrudamos, já havia estrelas brilhando no céu. Encaminhamo-nos de volta para o carro em silêncio, caminhando tranquilamente de mãos dadas pela trilha.
— Meu Deus, olha só para esse céu! — Exclamou , com a cabeça recostada no encosto do banco, mirando a imensidão de pontinhos brilhantes acima de nós enquanto o vento soprava nossas faces.
O jipe percorria em alta velocidade a estrada quase deserta da planície ladeada por matas densas de floresta tropical. A brisa morna aliviava o calor decorrente das altas temperaturas do dia represadas na umidade do ar, doce e pesado de ser respirado.
Voltamos para casa e tomamos um banho juntos, aliviando toda a tensão reprimida durante o passeio. Deitamos na cama e como em muitas noites antes, ela me fez a pergunta de um bilhão de dólares:
— Como você faz isso? — Indagou ficando de frente para mim. — Quer dizer...
— Eu sei, querida. É engraçado na verdade. Você costuma perguntar isso a mim quase todas as noites, sendo que minha resposta é sempre a mesma.
— E qual é? — Encarou meus olhos, curiosa.
— ... Você que me ensinou a passar por isso tudo. Um dia de cada vez, é assim que levamos. Quando me deito eu não penso sobre ter de explicar tudo novamente amanhã ou como você encarará as notícias.
— Não?
— Não, querida. Eu penso que acordarei novamente a seu lado. Só isso que me importa. E cada dia a seu lado é um presente do universo que eu devo tentar retribuir de alguma forma nova e única.
— Você... Realmente não existe, .
— Todos os dias eu tento fazer serem diferentes e você sempre consegue me surpreender, . Só há uma frase que repito toda noite para você sem exceção antes de apagar de sono.
— E qual é?
— Obrigada por mais um dia. — Falei dando um selinho em seus lábios e aconchegando-me a seu lado.
— E que venham mais infinitos. — Completou, maravilhada e sem perceber, dando a mesma resposta de sempre, fazendo-me sorrir com alívio.
sempre acordava acreditando que estávamos finalmente indo tirar férias na Tailândia, como sempre sonháramos. Casados após a formatura no colegial, e renegados por nossos pais por essa escolha, nunca tivemos condições de sair em lua de mel, muito menos tempo.
A faculdade se passou, com Direito para mim e Letras para ela. Tivemos de conciliar os estágios, a promoção dela, minha efetivação na firma e todos os empecilhos que vão surgindo para impedir que enxerguemos a dura realidade. Não sobra tempo para aproveitar a vida.
Carpe Diem pode parecer só mais uma expressão em latim criada para não ser entendida, mas os que decidem buscar sua real compreensão podem leva-la como filosofia de vida.
No meu caso, a vida escolheu por mim. Eu não seria mais um escravo pós-moderno, do tempo e do trabalho. Mas não são todos que têm a mesma sorte. Você teria coragem de largar tudo em busca de seus sonhos, de viver uma vida?
Abra os olhos. Palavras como conforto, rotina e estabilidade são criações capitalistas fictícias. Quando foi que você realmente sentiu-se seguro em seu emprego, ou ficou feliz com a repetição da velha e gasta rotina? Não é as pequenas surpresas que fazem tudo valer a pena?
Sempre digo que vive muito mais do que qualquer um que eu conheça. Ela leva um dia de cada vez e eu fui destinado a acompanha-la nessa missão. Depois você duvida que essa mulher seja a minha salvação.
Terminei de preparar os ovos mexidos e o suco de laranja, seu café da manhã preferido. Pus também, um pequeno pedaço de torta de chocolate com muita calda e uma velinha em cima para cantarmos os parabéns.
Fui até o quarto assobiando uma melodia que vinha martelando minha cabeça há dias. Abri a porta com uma das mãos, segurando a bandeja na outra e depositei-a no armarinho ao lado da cama. Ajoelhei-me ao lado da mulher mais linda que já havia posto os olhos e comecei a ronronar a melodia enquanto acariciava sua face.
— ? — Murmurou com um tom sonolento.
Sorri beijando sua testa e preparando-me mentalmente para mais um dia.
— Sim, meu amor, está na hora de acordar. Planejei um grande dia para nós hoje e logo logo você saberá o por que.
— Alguma ocasião especial? — Perguntou levantando a sobrancelha. — Quer dizer, além de nossa lua de mel...
Abri um sorriso acostumado com essa resposta. Nas primeiras vezes doera, mas agora eu decidira encarar os fatos: para estaríamos em uma lua de mel eterna. Não que eu estivesse reclamando desse detalhe.
— Querida. Primeiro preciso que você ouça isso aqui. — Sussurrei com seriedade antes de passar-lhe o gravador. — Estarei tomando banho. Vai comendo os ovos e bebendo o suco. Eu já te explico o bolo. — Beijei novamente sua testa e deixei-a lidar com o choque da forma que percebera ser a melhor. Sozinha.
Não era sempre que eu lhe pedia para ouvir a história de todo o acidente. Não valia a pena expô-la a todo o baque da notícia desnecessariamente. No futuro se tornaria necessário já que não estávamos ficando mais jovens e no momento em que ela se olhasse em um espelho, vendo seu cabelo branco e rugas, provavelmente pensaria estar maluca.
Porém, por agora eu preferia somente mostrar para ela a verdade em ocasiões especiais ou nas poucas vezes em que recebíamos visitas.
Ás vezes ela chorava, em outras me lançava olhares culpados como se eu fosse o lado perdedor daquela relação.
De qualquer forma, durante o dia ela acabava sempre percebendo que não só eu estava feliz, como ela também deveria estar. Meu maior medo era que decidisse me deixar, que me condenasse por ter largado todas as nossas raízes e me mudado com ela para viver sem nenhum suporte na Tailândia.
Felizmente até agora isso ainda não ocorrera.
Deixei as gotas d’água escorrerem por meu corpo, levando os vestígios de sabão que eu passara metodicamente e saí do box secando-me com a toalha e enrolando-a na cintura.
Coloquei meus shorts, pendurei a camiseta no ombro e inspirei fundo preparando-me para qual poderia estar me aguardando do outro lado da porta.
Não esperava encontrar a figura de minha mulher bem a minha frente, com o nariz vermelho e um sorriso largo. Um pouco como o coringa, mas sem a parte assustadora. Ok, talvez desse um pouco de medo.
Sorri de volta para ela com um olhar confuso esperando sua reação, que estranhamente sempre acabava por me surpreender, nem que fosse por detalhes.
— , você é o homem mais maluco... — Começou a dizer agarrando meu queixo e puxando-me para um selinho na periferia de meus lábios. — Mais maravilhoso... — Beijou o outro canto de minha boca. — e idiota que eu conheço!
-Que você se lembre, né meu amor. — Completei com meu humor ácido, de mau gosto para alguns, mas encantador para minha .
Confirmando meu pensamento ela deu um tapinha em meu ombro, falhando em segurar sua gargalhada.
-Você é mesmo um bobo. — Replicou balançando a cabeça negativamente em reprovação. — O que eu posso fazer com você? — Perguntou com um tom sedutor.
Cocei a nuca corando sem graça. Ela sabia exatamente como me desarmar. Eu nunca fui um cara que fazia o tipo azarador.
Na realidade sempre fui péssimo com essas coisas. só prestara atenção em mim, pois seu namorado da escola vivia enchendo meu saco porque eu usava óculos. Ela terminou com ele e tornou-se minha amiga na primeira vez em que percebeu o pobre coitado que ele realmente era. Quem é que precisa caçoar os outros para sentir-se bem?!
Imaginei que ele devia ter algum tipo de problema em casa para armazenar tanto ódio.
No início eu nutria raiva e era grosseiro com ele. Porém, nunca deixou de ser cordial.
No ensino médio ela me contou que assistira uma série que mudara sua forma de pensar sobre as pessoas. Uma personagem de SKAM sempre repetia para si mesma a frase: Todas as pessoas que você conhece estão enfrentando batalhas que você não sabe nada a respeito. Seja gentil. Sempre.
Ouvir isso sendo dito por , que eu constantemente admirara, só aumentou o quanto eu a venerava. Brincava que ela era um HOMO SAPIENS SAPIENS SAPIENS SAPIENS, pois estava sempre me ensinando coisas sobre a vida que eu nunca parara para pensar antes.
A mão sorrateira de minha mulher puxando a camisa ainda pendurada em meu ombro foi o suficiente para eu parar de divagar sobre o passado e fazer uma careta falsamente escandalizada com sua atitude.
Mas assim como ela viera ao planeta para me chocar, eu também tinha meus truques.
Abaixei agarrando sua cintura e jogando-a em meu ombro como um saco de batatas. Ela soltou uma exclamação surpresa e deu um tapinha em minha bunda a seu alcance. Caminhei até a cama e depositei-a sentada, gentilmente.
— A senhorita está muito levada hoje. Acho que não está merecendo seu presente e o bolo de aniversário que eu mesmo fiz... — Repliquei me gabando de meus dons culinários.
Sua boca se abriu em um “O” surpreso quando lhe entreguei o bolo com a vela recém-acesa.
— Parabéns, meu amor. Que venham mais anos a seu lado.
— É o meu aniversário? — Seus olhos encheram-se de lágrimas, emocionada. Assoprou a vela fechando os olhos e abriu um enorme sorriso para a quantidade exorbitante de brigadeiro escorrendo do jeito que ela gostava.
— Se estiver alimentando-me assim todos os dias eu vou te matar, !
— Pode deixar, querida, a gente sempre arruma uma forma de aliviar essa... Energia acumulada. — Repliquei com um olhar sugestivo.
riu mais focada em saborear o bolo, dando gemidos que só a comida era capaz de provocar. Acredite, eu já tentei de outras formas. Mas não tinha como competir com bolo de chocolate. Era uma batalha vencida.
Ajoelhei-me a seu lado enquanto a observava comer, muito satisfeita. Conversamos por alguns momentos sobre bobagens e sanei algumas de suas perguntas habituais sobre o que tinha acontecido desde seu acidente.
Assim que acabou de comer pedi para que se arrumasse e colocasse um biquíni enquanto lavava e guardava a louça. Senti mãos sobre meus olhos e virei dando um selinho em com um sorriso.
— Pronta, querida? — Perguntei ansioso.
— Sim! Pra onde vamos? — Disse, fazendo uma careta quando eu puxei uma venda de meu bolso e comecei a amarrar em sua face. — Eu não me lembro de gostar de surpresas, . Na verdade, me recordo como se fosse ontem ter te dito isso antes de você me revelar qual região da Tailândia iríamos ficar.
— Tecnicamente pra você foi mesmo ontem. — Dei uma risada recebendo um soco leve em meu peito. — O que foi?!
— Comporte-se! — Ralhou enquanto eu a guiava para o carro.
— Prometo que vai gostar, amor. Confia em mim? — Perguntei assumindo a direção e ligando o som para entretê-la durante o curto percurso.
— Confio, com a minha vida. — Respondeu, suspirando e começando a cantarolar Beautiful Girls do Sean Kingston. Eu chegara à conclusão que aquela música seria um hit eterno.
Trinta minutos passaram enquanto ouvia novamente o CD que eu lhe presenteara no aniversário do ano anterior, com algumas de suas canções preferidas e outras novas que eu sabia que acabaria amando.
Meus olhos centravam-se na estrada, vasculhando a mata ao lado da estrada pela entrada para a trilha que eu encontrara um dia por acaso.
Ao ler a pequena sinalização virei à esquerda e estacionei o carro em uma das vagas disponíveis. Peguei a mochila na traseira do Jipe e fui ajuda-la a sair do veículo.
— Chegamos?— Perguntou ela, descendo do carro e andando enquanto segurava em meu braço estendido.
— Quase! Agora preciso que tenha um pouco mais de cuidado ao andar.
— Isso é uma trilha? — Perguntou ao ouvir o crack de um galho se quebrando sob seus pés.
— Sim, amor. Prometo que não vai demorar. — Afirmei enquanto a guiava pela mata até a clareira.
— Esse som... É água? — Perguntou , franzindo o cenho. — Onde você me trouxe, ? É aqui que vai me matar e desovar meu corpo? — Brincou, com uma mão na cintura, enquanto eu a depositei sentada em uma pedra.
— Não se mova. — Supliquei dando um selinho em sua testa e montando o equipamento que trouxera na mochila.
— Pode tirar a venda. — Pedi assim que terminei a preparação.
sorriu retirando o pano de sua face e levando a mão à boca assim que o fez. Imaginei o que devia estar vendo. Eu de braços abertos ao lado de uma toalha de pique nique equipada de vários doces, salgados e vinho tinto.
A cachoeira ao fundo derramando-se em uma espécie de lago, rodeado por pedras lisas arredondadas onde eu já havia depositado nossas toalhas.
— ... — Começou balançando a cabeça em negativa.
Fiquei preocupado que alguma coisa estivesse errada, vendo que abaixou a cabeça em suas mãos chorando.
— Amor, me desculpe. Está tudo bem? O que eu fiz de errado? — Supliquei após correr até ela e apertá-la fortemente em meu peito.
Senti um empurrão em meu peito e congelei, paralisado. Porém uma risada suave tranquilizou meu coração. Ver com a face vermelha do choro, fungando e gargalhando de mim atingiu uma parte do meu ser que eu nem mesmo sabia que existia.
Doía amá-la tanto. A cada dia eu chegava à constatação que era eu que ia me apaixonando mais e mais por ela e não o contrário. Eu sempre acabava lhe entregando mais uma parte de meu coração.
— Você é mesmo um bobo. — Replicou puxando-me para um beijo. Tirou sua saída de praia afastando-se e fez o que menos esperava.
— Quem chegar por último é uma tartaruga! — Exclamou sorridente e saiu correndo em direção à lagoa.
Tirei minha camisa e corri atrás dela atingindo a superfície da agua em um salto bomba. Olhei a minha volta procurando-a para então receber um jato de água sendo espirrado em meu rosto.
— Isso não teve graça. — Reclamei com uma careta, recebendo mais uma onda de líquido em minha face.
— Mocinha, — Comecei, esfregando meus olhos com um tom na melhor imitação possível de caipira. — A senhorita está muito encrencada!
Nadei até , que deu um berro desesperado ao ser agarrada por mim e jogada do outro lado do lago. Ela surpreendeu-me esgueirando-se pelo fundo até mim, causando um pequeno grito afinado de minha parte que eu juro de pés juntos nunca ter acontecido até hoje.
— Tréguaa! — Gritamos ao mesmo tempo quando a guerra de água recomeçou.
Saímos do lago e eu sequei sua cabeça com uma das toalhas, com o maior cuidado para não embaraçar muito seu cabelo.
Assim que ambos estávamos secos e acomodados para o pique nique, devoramos quase tudo que eu trouxera, com os cumprimentos do chef da pequena lanchonete ao lado de nosso apartamento.
Ezequiel sempre se superava em seus pratos. Não costumava aceitar pedidos pré-ordenados, mas abrira uma exceção para mim e . O homem tinha um apreço muito grande por nós dois. Havíamos frequentado o Zeke’s Dinner muitas vezes desde que chegamos à Tailândia. tinha o prazer de todos os dias provar suas famosas costelinhas de porco como se fosse a primeira vez.
— Meu deus, essa foi a melhor refeição que já experimentei na vida! — Suspirou satisfeita enquanto recostava em meus braços olhando para o céu alaranjado e rosado com o entardecer.
— Bem, na verdade, acho que a do seu aniversário de 25 foi a minha preferida. Preciso experimentar aquele soufflé novamente, algum dia. — Disse pensativo.
— Não estrague esse momento para mim, Collins!
— Ah, me perdoe, Senhorita Collins. Erro meu. — Repliquei virando meu rosto para o seu.
Nossos narizes roçaram por uns segundos até que eu pedi que ela olhasse para o céu. Cheguei perto de seu ouvido, mordi de leve o lóbulo de sua orelha e sussurrei como se estivesse lhe cantando um segredo de Estado.
— Eu sei que sou difícil de lidar, às vezes não digo as melhores coisas ou sou sensível o suficiente para te oferecer palavras de conforto nessa bagunça toda. Mas querida, eu te amo. Não trocaria nossa vida por nada. Faria tudo por uma vida contigo e... Não quero que pense que sou ignorante quanto à dor que é para você de ter de ouvir sobre o acidente e sobre coisas que já aconteceram e não pode se lembrar. Eu sei que é difícil, mas... Não consigo ficar triste com a forma que nossa vida se desenrolou. Você aparenta estar sempre tão feliz... — Parei retomando a respiração. -Eu conto nos dedos aqueles que está mais para baixo.
— Amor. Eu também te amo. Você não precisa me dizer sempre por que sei por suas ações que cuida muito bem de mim. Não se engane. Não lembrar exatamente do que aconteceu, não significa que eu esqueço meus sentimentos. Está tudo aqui armazenado. Às vezes eu não sei bem o porquê, mas confio nos instintos que me dizem que todos os dias que já passamos juntos foram como hoje. Somos felizes, , nunca se sinta mal por sentir isso. Não importa o quanto o mundo e tenho certeza de que nossas famílias também, digam o quanto somos malucos, loucos. Mas o amor é assim louco e complicado e não poderia ter escolhido para mim um companheiro melhor do que você.
Nossas declarações foram seladas com um beijo que perdurou por tanto tempo que quando nos desgrudamos, já havia estrelas brilhando no céu. Encaminhamo-nos de volta para o carro em silêncio, caminhando tranquilamente de mãos dadas pela trilha.
— Meu Deus, olha só para esse céu! — Exclamou , com a cabeça recostada no encosto do banco, mirando a imensidão de pontinhos brilhantes acima de nós enquanto o vento soprava nossas faces.
O jipe percorria em alta velocidade a estrada quase deserta da planície ladeada por matas densas de floresta tropical. A brisa morna aliviava o calor decorrente das altas temperaturas do dia represadas na umidade do ar, doce e pesado de ser respirado.
Voltamos para casa e tomamos um banho juntos, aliviando toda a tensão reprimida durante o passeio. Deitamos na cama e como em muitas noites antes, ela me fez a pergunta de um bilhão de dólares:
— Como você faz isso? — Indagou ficando de frente para mim. — Quer dizer...
— Eu sei, querida. É engraçado na verdade. Você costuma perguntar isso a mim quase todas as noites, sendo que minha resposta é sempre a mesma.
— E qual é? — Encarou meus olhos, curiosa.
— ... Você que me ensinou a passar por isso tudo. Um dia de cada vez, é assim que levamos. Quando me deito eu não penso sobre ter de explicar tudo novamente amanhã ou como você encarará as notícias.
— Não?
— Não, querida. Eu penso que acordarei novamente a seu lado. Só isso que me importa. E cada dia a seu lado é um presente do universo que eu devo tentar retribuir de alguma forma nova e única.
— Você... Realmente não existe, .
— Todos os dias eu tento fazer serem diferentes e você sempre consegue me surpreender, . Só há uma frase que repito toda noite para você sem exceção antes de apagar de sono.
— E qual é?
— Obrigada por mais um dia. — Falei dando um selinho em seus lábios e aconchegando-me a seu lado.
— E que venham mais infinitos. — Completou, maravilhada e sem perceber, dando a mesma resposta de sempre, fazendo-me sorrir com alívio.
Parte II
Acordei para o som aterrorizante de vidro se quebrando. Estendi minha mão ao outro lado da cama percebendo que já havia se levantado. Não consegui pensar antes de sair correndo em direção à cozinha com meu coração apertado.
— ? Amor? — Chamei com um tom de urgência.
— Aqui! — Berrou ela da sala de estar.
A visão de minha esposa agachada varrendo os cacos de vidro enquanto conversava tranquilamente com seus pais me fez parar para retomar o fôlego. Ela estava bem. Não era um dia ruim.
Muito pelo contrário. O humor de estava tão leve que saltitou até mim me dando um selinho assim que terminou de limpar a bagunça que fizera.
— Bom dia, !
— O que houve? — Indaguei olhando para o chão onde antes havia água derramada.
— Ah, aquilo? Nada demais, estou tão desastrada hoje!
— Seus pais estão aqui? — Sussurrei para ela, acenando com um sorriso forçado para os dois idosos sentados em nosso sofá.
— Sim... Também achei estranho virem para cá junto conosco em nossa lua de mel, mas eles disseram que ficariam só por hoje. — Respondeu dando de ombros e passando a mão por minha cintura.
Cumprimentei Jerry e Sally rapidamente sentando-me com em meu colo enquanto eu ouvia a conversa dos três, deixando que tomasse um tempo com seus pais.
Não pude deixar, porém de me irritar com a visita repentina. Foi por isso que quando minha adorável esposa desculpou-se e pediu licença para ir tomar uma ducha, eu tive uma conversa séria com eles.
— O que estão fazendo aqui. — Fechei uma carranca assim que ela saiu do cômodo.
— O que quer dizer com isso? — Perguntou Jerry com um tom ofendido.
— Viemos ver nossa filha, é claro! — Completou Sally. — E da última vez que chequei não precisamos de permissão para isso!
— Um aviso! Eu só pedi isso! Achei que tínhamos um trato.
— Minha filha não é uma transação comercial, muito menos um objeto de possessão, . — Replicou a mulher com a voz áspera.
— Eu nunca disse que era. Vocês têm todo o direito de vê-la. Eu só não quero que ela acabe se machucando por falta de planejamento.
— Planejamento? Que tipo de vida tem aqui com ela?
— Eu nunca pedi a aprovação de vocês, nem reclamei quando me amaldiçoaram e não deram apoio à ideia. Mas vocês aceitaram no fim, quando vieram visita-la pela primeira vez e hoje mesmo podem ver o quanto está mais feliz do que se ficasse em uma clínica até morrer. Então respeitem o único maldito pedido que eu fiz de mandarem um sinal de fumaça ou qualquer outra coisa para eu me preparar e a para essa visita.
Ambos suspiraram exasperados, me fazendo saber que aquela discussão não estava terminada. Porém, com a aproximação da dita cuja, teríamos que continua-la mais tarde. caminhou até mim, pronta para sair em seus shorts e regata e a bolsa à tira colo.
— O que temos para hoje, querido? — Perguntou ela docemente beijando a ponta de meu nariz.
— Eu tinha planejado algo mais agitado, mas podemos deixar para amanhã. Como seus pais vieram podemos ficar por aqui mesmo, visitar à praia local e comer no Zeke’s Dinner.
— Como você sabe disso tudo? — Questionou ela com os olhos arregalados.
Pelo canto do olho pude ver Jerry disfarçando uma risada por meu deslize.
— Ah, eu ouvi falar...
— Acabamos de chegar querido. — Disse rindo. — Não sei onde arruma tanta gente para conversar. — Continuou desconfiada.
— Tá bem. Você me pegou. — Repliquei levantando as mãos em rendição.
— . — Alertou Sally fazendo que não com sua cabeça.
— Não, Sally, eu tenho que falar.
— Eu não acho nesse... — Começou Jerry para logo depois ser cortado por mim.
— , sabe aquela viagem de trabalho que eu fiz ano passado?
— A da convenção em Connecticut? — Perguntou confusa.
— Sim, amor. Eu na verdade vim para cá por um final de semana e preparei todos os detalhes de nossa lua de mel.
Ela não conseguiu conter seu sorriso com minha resposta e abraçou-me apertado.
— Eu não tenho o melhor marido do mundo? — Indagou a seus pais, que responderam acenando com sorrisos amarelos.
***
Passamos o dia sem mais nenhum deslize. Minha esposa parecia mais feliz do que nunca e o dia com seus pais lhe fez muito bem. Somente houvera um momento de desconforto durante o jantar no Zeke’s.
Sally conversava com sua filha sobre o quanto estavam gostando da Tailândia e as diferenças de Nova York para lá. Eu me recordava de terem tido essa mesma conversa ao menos duas vezes antes, mas parecia que Sally nem se importava. A companhia era o que contava para aquela mãe saudosa.
Pudemos sentir como se nada tivesse mudado e por uns momentos, me permiti viver na ilusão. Jantar em família aproveitando o clima de tranquilidade e simplicidade, incomuns para a realidade que vivíamos. Mas o tempo de fingir acabou assim que mudou de assunto.
— Olha que fofo, , o bebê ali na mesa da janela. — Falou apontando com a outra mão em meu ombro.
— Sim, querida, muito bonito. — Respondi ligeiramente desviando o olhar de volta a meu prato.
— Quantos você quer ter, querido? Estou pensando em dois. Mas se você quiser mais eu gostaria de três.
Com sua frase parei o garfo no ar, a meio caminho de minha boca.
— Er... — Tive de pensar rápido, optando por uma piada, como sempre. — Quantos você escolher, meu amor. Não sou eu que vou virar uma bola e expelir uma pessoa de dentro de mim.
Todos à mesa gargalharam, aliviados com o contorno fácil. Ao mesmo tempo, fiquei pensativo. Se ela queria ter filhos, tudo ficaria mais complicado, mesmo que de uma forma positiva. Para decidir isso ela teria de estar a par de todos os acontecimentos. No dia seguinte tive a grande conversa com . Deixei-a saber de tudo, falei de nossa rotina na Tailândia e sanei suas dúvidas.
Nossa grande decisão foi difícil, mas necessária.
O veredicto: eu passaria por uma vasectomia. Foi doloroso para nós dois, mas não sentimos que tínhamos condições de cuidar de um bebê. Além disso, fazer o corpo de passar por uma situação tão brusca era inviável.
Imagina acordar com uma barriga de grávida, ou com os peitos inchados e um bebê a seu lado. Se explicar tudo a ela já era difícil, não seria a melhor opção, nem a mais responsável.
Por mais que tenha sido uma decisão vinda de nós dois, eu sabia que estava arrasada, pois sempre sonhara com todo o processo da gravidez. Mas nossa segunda decisão, seria a que manteria a nós dois felizes e sem arrependimentos por muitos anos a frente.
— ? Amor? — Chamei com um tom de urgência.
— Aqui! — Berrou ela da sala de estar.
A visão de minha esposa agachada varrendo os cacos de vidro enquanto conversava tranquilamente com seus pais me fez parar para retomar o fôlego. Ela estava bem. Não era um dia ruim.
Muito pelo contrário. O humor de estava tão leve que saltitou até mim me dando um selinho assim que terminou de limpar a bagunça que fizera.
— Bom dia, !
— O que houve? — Indaguei olhando para o chão onde antes havia água derramada.
— Ah, aquilo? Nada demais, estou tão desastrada hoje!
— Seus pais estão aqui? — Sussurrei para ela, acenando com um sorriso forçado para os dois idosos sentados em nosso sofá.
— Sim... Também achei estranho virem para cá junto conosco em nossa lua de mel, mas eles disseram que ficariam só por hoje. — Respondeu dando de ombros e passando a mão por minha cintura.
Cumprimentei Jerry e Sally rapidamente sentando-me com em meu colo enquanto eu ouvia a conversa dos três, deixando que tomasse um tempo com seus pais.
Não pude deixar, porém de me irritar com a visita repentina. Foi por isso que quando minha adorável esposa desculpou-se e pediu licença para ir tomar uma ducha, eu tive uma conversa séria com eles.
— O que estão fazendo aqui. — Fechei uma carranca assim que ela saiu do cômodo.
— O que quer dizer com isso? — Perguntou Jerry com um tom ofendido.
— Viemos ver nossa filha, é claro! — Completou Sally. — E da última vez que chequei não precisamos de permissão para isso!
— Um aviso! Eu só pedi isso! Achei que tínhamos um trato.
— Minha filha não é uma transação comercial, muito menos um objeto de possessão, . — Replicou a mulher com a voz áspera.
— Eu nunca disse que era. Vocês têm todo o direito de vê-la. Eu só não quero que ela acabe se machucando por falta de planejamento.
— Planejamento? Que tipo de vida tem aqui com ela?
— Eu nunca pedi a aprovação de vocês, nem reclamei quando me amaldiçoaram e não deram apoio à ideia. Mas vocês aceitaram no fim, quando vieram visita-la pela primeira vez e hoje mesmo podem ver o quanto está mais feliz do que se ficasse em uma clínica até morrer. Então respeitem o único maldito pedido que eu fiz de mandarem um sinal de fumaça ou qualquer outra coisa para eu me preparar e a para essa visita.
Ambos suspiraram exasperados, me fazendo saber que aquela discussão não estava terminada. Porém, com a aproximação da dita cuja, teríamos que continua-la mais tarde. caminhou até mim, pronta para sair em seus shorts e regata e a bolsa à tira colo.
— O que temos para hoje, querido? — Perguntou ela docemente beijando a ponta de meu nariz.
— Eu tinha planejado algo mais agitado, mas podemos deixar para amanhã. Como seus pais vieram podemos ficar por aqui mesmo, visitar à praia local e comer no Zeke’s Dinner.
— Como você sabe disso tudo? — Questionou ela com os olhos arregalados.
Pelo canto do olho pude ver Jerry disfarçando uma risada por meu deslize.
— Ah, eu ouvi falar...
— Acabamos de chegar querido. — Disse rindo. — Não sei onde arruma tanta gente para conversar. — Continuou desconfiada.
— Tá bem. Você me pegou. — Repliquei levantando as mãos em rendição.
— . — Alertou Sally fazendo que não com sua cabeça.
— Não, Sally, eu tenho que falar.
— Eu não acho nesse... — Começou Jerry para logo depois ser cortado por mim.
— , sabe aquela viagem de trabalho que eu fiz ano passado?
— A da convenção em Connecticut? — Perguntou confusa.
— Sim, amor. Eu na verdade vim para cá por um final de semana e preparei todos os detalhes de nossa lua de mel.
Ela não conseguiu conter seu sorriso com minha resposta e abraçou-me apertado.
— Eu não tenho o melhor marido do mundo? — Indagou a seus pais, que responderam acenando com sorrisos amarelos.
Passamos o dia sem mais nenhum deslize. Minha esposa parecia mais feliz do que nunca e o dia com seus pais lhe fez muito bem. Somente houvera um momento de desconforto durante o jantar no Zeke’s.
Sally conversava com sua filha sobre o quanto estavam gostando da Tailândia e as diferenças de Nova York para lá. Eu me recordava de terem tido essa mesma conversa ao menos duas vezes antes, mas parecia que Sally nem se importava. A companhia era o que contava para aquela mãe saudosa.
Pudemos sentir como se nada tivesse mudado e por uns momentos, me permiti viver na ilusão. Jantar em família aproveitando o clima de tranquilidade e simplicidade, incomuns para a realidade que vivíamos. Mas o tempo de fingir acabou assim que mudou de assunto.
— Olha que fofo, , o bebê ali na mesa da janela. — Falou apontando com a outra mão em meu ombro.
— Sim, querida, muito bonito. — Respondi ligeiramente desviando o olhar de volta a meu prato.
— Quantos você quer ter, querido? Estou pensando em dois. Mas se você quiser mais eu gostaria de três.
Com sua frase parei o garfo no ar, a meio caminho de minha boca.
— Er... — Tive de pensar rápido, optando por uma piada, como sempre. — Quantos você escolher, meu amor. Não sou eu que vou virar uma bola e expelir uma pessoa de dentro de mim.
Todos à mesa gargalharam, aliviados com o contorno fácil. Ao mesmo tempo, fiquei pensativo. Se ela queria ter filhos, tudo ficaria mais complicado, mesmo que de uma forma positiva. Para decidir isso ela teria de estar a par de todos os acontecimentos. No dia seguinte tive a grande conversa com . Deixei-a saber de tudo, falei de nossa rotina na Tailândia e sanei suas dúvidas.
Nossa grande decisão foi difícil, mas necessária.
O veredicto: eu passaria por uma vasectomia. Foi doloroso para nós dois, mas não sentimos que tínhamos condições de cuidar de um bebê. Além disso, fazer o corpo de passar por uma situação tão brusca era inviável.
Imagina acordar com uma barriga de grávida, ou com os peitos inchados e um bebê a seu lado. Se explicar tudo a ela já era difícil, não seria a melhor opção, nem a mais responsável.
Por mais que tenha sido uma decisão vinda de nós dois, eu sabia que estava arrasada, pois sempre sonhara com todo o processo da gravidez. Mas nossa segunda decisão, seria a que manteria a nós dois felizes e sem arrependimentos por muitos anos a frente.
ePÍLOGO
’s P.O.V.
Acordei com uma colisão em meu corpo de um objeto pesado. Assim que percebi que o objeto se movia, abri os olhos arregalados. Quando estes encontraram duas íris castanhas, quase douradas de uma criança, dei um pulo assustada.
— .toUpperCase())! — Berrei chamando meu marido, confusa.
Não obtendo resposta, voltei meu olhar ao da criança sentada a minha frente.
— Mamãe? — Perguntou a menininha esticando os braços e fechando as mãozinhas pedindo um abraço.
Cedi a seu olhar suplicante e apertei seu corpinho ao meu, com um sorriso.
— Querida, onde estão seus pais? — Indaguei tentando fazer sentido de alguma coisa daquela manhã.
— Papai no mercado, mamãe! — Replicou a menina que aparentava estar em seus seis aninhos.
— Qual o seu nome? O meu é .
— Sou a Hanna. — Falou sorrindo e virando a cabeça para o lado como que me avaliando.
— Querida, está com fome? — Perguntei ouvindo a barriguinha dela roncar. Assim que ela assentiu, desceu da cama estendendo sua mão para mim.
— Mamãe ouve! — Exclamou estendendo para mim um gravador que estava na cabeceira.
Estranhei, mas não titubeei em fazer o que me pedia enquanto andava até a cozinha procurando algo para a pobrezinha comer. Coloquei os fones e comecei a preparar um omelete.
“Querida , tenho muito a te dizer e pouco tempo para fazê-lo. Não se esqueça que eu te amo e se não estou aí contigo quando estiver ouvindo isso, Hanna estará. Meu amor, hoje não é o dia que você pensa que é. Faz mais de dois anos desde que viemos para a Tailândia, mas aqui aconteceu um acidente que quase a tirou de mim. Mas não, você lutou e voltou para mim, com o que eu gosto de chamar de poder especial. Os médicos chamam de um nome esquisito que basicamente é um tipo de amnésia. Todos os dias você acaba se esquecendo do anterior, desde o acidente. Eu sei que é muita informação para deglutir de uma vez só meu amor, mas vai ficar tudo bem. Eu não a deixaria por nada no mundo então, minha escolha foi bem simples. Nos mudamos para a Tailândia! Yay! Aqui eu ainda trabalho fazendo umas consultorias online e tenho uma loja de aluguel de instrumentos de mergulho, na praia aqui da frente. Nossa vida é bem tranquila e o custo de vida não é tão alto. Ah, só mais uma coisa, decidimos que adotaríamos uma criança devido às complicações que uma gravidez poderia trazer. Adotamos Hanna faz seis meses e ela é um docinho de criança. Ela está sempre com fome e vai tentar te enganar a dar-lhe sorvete de manhã, mas não deixe, estamos tentando reduzir os doces! Enfim, isso é a maioria do que precisa saber, o resto posso te responder quando estiver aí. Te amo!”
Terminei de ouvir o áudio com a boca escancarada em espanto. Eu era mãe. Pensei sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.
— Mamãe, tem sorvete? — Perguntou a vozinha afinada, bem no momento em que chegou berrando:
— Queridas, cheguei!
Soltei uma risada ao ver minha filha gritando por seu pai e correndo até ele. Foi aí que eu entendi como todos os dias passava por tudo aquilo. Era o amor de e agora de Hanna que me levavam dia após dia a descobrir novas aventuras. Aproveitava o momento, a circunstância, a vida. Com eles a meu lado, não haveria dia ruim, somente demoraria um pouco mais para me situar do que o de costume.
— , — Suspirou , chegando mais perto com Hanna em seu colo. — Quero que conheça nossa pequena, Hanna pestinha Collins.
— Muito prazer, senhorita pestinha! E não, sem sorvete a essa hora da manhã!
A criança fez um biquinho tão fofo de desgosto que nós a esmagamos em um abraço até que começasse a rir histericamente, pedindo espaço.
-Querida, lembra-se do que o papai pediu? Vai se arrumar que sairemos em vinte minutos. — A pestinha acenou e desceu do colo saltitando até seu quarto.
desviou o olhar para mim em expectativa.
— Você também mocinha! Não podemos nos atrasar.
— O que vamos fazer? — Questionei curiosa.
— É surpresa. — Replicou mordendo o lábio.
— Mas eu odeio surpresas! — Repliquei com uma voz fina e um biquinho parecido com o que minha filha fizera.
— Não odeia nada. — Replicou mordendo meu lábio inferior para desfazer o biquinho.
— Odeio sim! E tenho certeza que já te disse isso antes. — Respondi com um olhar afiado.
O cretino gargalhou até ficar sem ar com minha resposta e eu esperei de braços cruzados e batendo o pé, como a real criança que eu era.
Abençoado seja esse homem. Pensei divertida com todas as situações que ele devia passar com as duas mulheres teimosas em sua vida.
— Dessa surpresa você vai gostar, eu juro! — Respondeu com um olhar enigmático e beijando minha testa gentilmente.
Fiz um corpo mole, mas ele conseguiu arrastar-me para o quarto com sucesso, partindo para fazer o café da manhã.
Olhei para a penteadeira do quarto e me surpreendi com uma foto de nós dois levantando uma Hanna risonha e banguela pelo braço enquanto caminhávamos na praia.
Tudo vai ficar bem. Pensei, sorrindo. Eu sabia que os amaria novamente assim que se apresentassem todas as manhãs. Só precisava confiar que ambos dariam um jeito de trazer-me de volta.
Acordei com uma colisão em meu corpo de um objeto pesado. Assim que percebi que o objeto se movia, abri os olhos arregalados. Quando estes encontraram duas íris castanhas, quase douradas de uma criança, dei um pulo assustada.
— .toUpperCase())! — Berrei chamando meu marido, confusa.
Não obtendo resposta, voltei meu olhar ao da criança sentada a minha frente.
— Mamãe? — Perguntou a menininha esticando os braços e fechando as mãozinhas pedindo um abraço.
Cedi a seu olhar suplicante e apertei seu corpinho ao meu, com um sorriso.
— Querida, onde estão seus pais? — Indaguei tentando fazer sentido de alguma coisa daquela manhã.
— Papai no mercado, mamãe! — Replicou a menina que aparentava estar em seus seis aninhos.
— Qual o seu nome? O meu é .
— Sou a Hanna. — Falou sorrindo e virando a cabeça para o lado como que me avaliando.
— Querida, está com fome? — Perguntei ouvindo a barriguinha dela roncar. Assim que ela assentiu, desceu da cama estendendo sua mão para mim.
— Mamãe ouve! — Exclamou estendendo para mim um gravador que estava na cabeceira.
Estranhei, mas não titubeei em fazer o que me pedia enquanto andava até a cozinha procurando algo para a pobrezinha comer. Coloquei os fones e comecei a preparar um omelete.
“Querida , tenho muito a te dizer e pouco tempo para fazê-lo. Não se esqueça que eu te amo e se não estou aí contigo quando estiver ouvindo isso, Hanna estará. Meu amor, hoje não é o dia que você pensa que é. Faz mais de dois anos desde que viemos para a Tailândia, mas aqui aconteceu um acidente que quase a tirou de mim. Mas não, você lutou e voltou para mim, com o que eu gosto de chamar de poder especial. Os médicos chamam de um nome esquisito que basicamente é um tipo de amnésia. Todos os dias você acaba se esquecendo do anterior, desde o acidente. Eu sei que é muita informação para deglutir de uma vez só meu amor, mas vai ficar tudo bem. Eu não a deixaria por nada no mundo então, minha escolha foi bem simples. Nos mudamos para a Tailândia! Yay! Aqui eu ainda trabalho fazendo umas consultorias online e tenho uma loja de aluguel de instrumentos de mergulho, na praia aqui da frente. Nossa vida é bem tranquila e o custo de vida não é tão alto. Ah, só mais uma coisa, decidimos que adotaríamos uma criança devido às complicações que uma gravidez poderia trazer. Adotamos Hanna faz seis meses e ela é um docinho de criança. Ela está sempre com fome e vai tentar te enganar a dar-lhe sorvete de manhã, mas não deixe, estamos tentando reduzir os doces! Enfim, isso é a maioria do que precisa saber, o resto posso te responder quando estiver aí. Te amo!”
Terminei de ouvir o áudio com a boca escancarada em espanto. Eu era mãe. Pensei sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.
— Mamãe, tem sorvete? — Perguntou a vozinha afinada, bem no momento em que chegou berrando:
— Queridas, cheguei!
Soltei uma risada ao ver minha filha gritando por seu pai e correndo até ele. Foi aí que eu entendi como todos os dias passava por tudo aquilo. Era o amor de e agora de Hanna que me levavam dia após dia a descobrir novas aventuras. Aproveitava o momento, a circunstância, a vida. Com eles a meu lado, não haveria dia ruim, somente demoraria um pouco mais para me situar do que o de costume.
— , — Suspirou , chegando mais perto com Hanna em seu colo. — Quero que conheça nossa pequena, Hanna pestinha Collins.
— Muito prazer, senhorita pestinha! E não, sem sorvete a essa hora da manhã!
A criança fez um biquinho tão fofo de desgosto que nós a esmagamos em um abraço até que começasse a rir histericamente, pedindo espaço.
-Querida, lembra-se do que o papai pediu? Vai se arrumar que sairemos em vinte minutos. — A pestinha acenou e desceu do colo saltitando até seu quarto.
desviou o olhar para mim em expectativa.
— Você também mocinha! Não podemos nos atrasar.
— O que vamos fazer? — Questionei curiosa.
— É surpresa. — Replicou mordendo o lábio.
— Mas eu odeio surpresas! — Repliquei com uma voz fina e um biquinho parecido com o que minha filha fizera.
— Não odeia nada. — Replicou mordendo meu lábio inferior para desfazer o biquinho.
— Odeio sim! E tenho certeza que já te disse isso antes. — Respondi com um olhar afiado.
O cretino gargalhou até ficar sem ar com minha resposta e eu esperei de braços cruzados e batendo o pé, como a real criança que eu era.
Abençoado seja esse homem. Pensei divertida com todas as situações que ele devia passar com as duas mulheres teimosas em sua vida.
— Dessa surpresa você vai gostar, eu juro! — Respondeu com um olhar enigmático e beijando minha testa gentilmente.
Fiz um corpo mole, mas ele conseguiu arrastar-me para o quarto com sucesso, partindo para fazer o café da manhã.
Olhei para a penteadeira do quarto e me surpreendi com uma foto de nós dois levantando uma Hanna risonha e banguela pelo braço enquanto caminhávamos na praia.
Tudo vai ficar bem. Pensei, sorrindo. Eu sabia que os amaria novamente assim que se apresentassem todas as manhãs. Só precisava confiar que ambos dariam um jeito de trazer-me de volta.
fIM!
Nota da autora: Olá pessoal! Espero que tenham gostado do ficstape! Como essa música é bem amorzinho, tentei colocar o mais doce possível. Obrigada novamente por terem lido <3 ! Por favor, não se esqueçam de deixar seu comentário ali embaixo, seja surtando, elogiando ou fazendo uma crítica construtiva. Amarei ler seus feedbacks e reações. No mais, quem quiser, será super bem-vindo no grupo do Face ou do Whats!
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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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