I.
I've been sleeping with the lights on
Cause the darkness is surrounding you
This is my world, this is my choice
And you're the drug that gets me through


Sabe quando a sua vida está tão monótona e sem graça que você quer se jogar de cabeça em qualquer situação só pra sentir um pouco de emoção? Eu estava me sentindo assim. Péssima. Tudo era de cor preto e branco e eu já estava cansada de procurar por cores. Aos poucos, eu ia perdendo a fé em ser uma pessoa na vida, eu me sentia perdendo a minha religião, perdendo a minha essência, objetivos não existiam mais na minha agenda. Todo mundo tinha um sonho para lutar, eu não tinha nada. Eu não tinha nada, inclusive amor. As esperanças de que um dia eu amaria e seria recíproco foram arrancadas de dentro de mim. E devo acrescentar que, para uma pessoa que sempre adorou filmes e livros de romance, eu tinha chegado ao limite. Ao limite de lugar nenhum.
Foi porque eu me sentia assim que meus familiares e amigos insistiram na ideia de que eu precisava me distrair. “Faça uma faculdade”, eles diziam, “você vai conhecer pessoas novas, vai te fazer bem”. E eu automaticamente já me via parando um estranho no corredor, só para reclamar sobre como estava frio, e ele iria concordar comigo, iríamos rir juntos, iríamos conversar, iríamos virar amigos. No entanto, não ia ser tão fácil assim, eu não podia parar um estranho no corredor e reclamar do frio, porque provavelmente ele amaria o frio, já que todos ao meu redor parecem odiar o calor e eu sempre fui do contra. Eu iria ficar sem graça porque o contrariei e provavelmente voltaria à estaca zero.
Mas eu levei a sugestão para frente, procurei por cursos que combinavam comigo e, no fim, acabei escolhendo Direito. Na minha cabeça, seria legal colocar alguns bandidos na prisão. E, por sorte, eu não iria entrar sozinha: o meu amigo, inclusive da mesma vizinhança, também estava ingressando na universidade. Assim como eu, ele também fez uma pausa depois da escola. Ele ia fazer engenharia, entretanto.

Dizer que eu não estava nervosa para o meu dia seria mentira. A ansiedade me deixava louca e o fato de estudar à noite não ajudou muito. Porém, finalmente, o dia tinha chegado e eu estava realmente animada para estudar e focar nisso. Havia uma luz no fim do túnel para o quesito “ser alguém na vida”, e eu achava que isso era o suficiente para me manter distraída das minhas crises existenciais.
Encontrei com o Andrew em frente a minha casa, onde ele me esperava com o carro prateado dele. Ir de carona para a faculdade não ia ser ruim. Nossa conversa girou em torno de coisas do tipo “como foram as festas de final de ano” e sobre comida, porque comida é sempre a melhor coisa para se falar. O campus ficava um pouco longe de onde morávamos, então, se eu quisesse dormir, eu podia.
Andrew me deixou em frente ao meu prédio e eu dei uma última olhada no horário. A primeira aula era de sociologia e depois antropologia. Provavelmente as matérias com logia me perseguiriam por um tempo. Assim que entrei na sala, me sentei em um lugar não muito na frente e esperei que a aula começasse. A sala já estava quase cheia e analisei alguns rostos, imaginando se eu faria alguma amizade por aqui. Alguns já pareciam ser conhecidos, então peguei um bloquinho de papel na bolsa e comecei a desenhar, na tentativa falha de não parecer tão deslocada e de não demonstrar que eu me importava com o fato de não conhecer ninguém. Porque eu me importava, eu me sentia como uma garota estranha entrando em um lugar onde as pessoas se conhecem há anos.
- Você é a garota do Mark, acertei? – uma garota perguntou, ao se sentar do meu lado.
- Oi? – respond,i me perguntando se ela estava falando comigo mesmo. – Quem é Mark?
- Ops, errei. – Sorriu, exibindo seus dentes perfeitamente alinhados – Meu nome é Agnes. – completou.
- . – Sorri também, dando-lhe o meu nome. – E eu não faço ideia de quem seja Mark.
- Eu sei – ela falou, como se fosse normal perguntar coisas bizarras para desconhecidos. Eu não sabia se eu me sentia grata por isso. – Então, você escolheu Direito, História ou o quê?
- Direito – disse e logo acrescentei – e você?
- Também. – Ela acentuou o “e” transparecendo a sua animação. – Fico feliz por já ter conhecido alguém que faça o mesmo curso que eu.
- Também é o seu primeiro semestre?
- Aham.
Agnes respondeu e o professor entrou em sala, alegando que seu nome era Peter Miller e não Peter Milk. Eu fiquei sem entender a piada, mas já percebi que o professor era piadista. Bom. A aula não seria maçante dessa forma.
Como sempre, a primeira aula era para mostrar o calendário a ser seguido, junto com todas as outras coisas que professores mostram no primeiro dia de aula. Eu mal vi a hora passando e logo a aula já tinha terminado. No breve intervalo, a Agnes me contou sobre a sua vida, onde ela morava, falou sobre sua família e como ela queria seguir a carreira do pai, que era um ótimo juiz – palavras dela. Ela era bonita, tinha o cabelo alisado e parecia ter feito luzes recentemente. A sua pele era de uma cor chocolate bem clarinho, seus olhos eram castanhos bem escuros e era um pouco mais alta que eu. Fazer amizades fácil, eu já admirava essa qualidade dela.
- Bom, o intervalo é bem pequeno no turno da noite – falou, quando vimos que já estava na hora de procurar a sala para a próxima aula.
- Acho que eu vou gostar de estudar à noite – fiz referência ao turno de aulas ser menor, o que, com certeza, foi a minha preguiça falando mais alto.
- Claro que vai. Os gatos dessa cidade só estudam à noite, você vai ver. – Piscou para mim.
Eu nem tinha pensado em procurar por homens que me agradassem naquele lugar, agora só tinha um objetivo e eu ia me focar nele: estudar. Mas apenas sorri para ela. Aliás, olhar não mata ninguém. Não é como se, se eu admirasse um ou outro, a minha vida fosse ser influenciada por isso.
Encontramos um lugar aprazível para nos sentarmos na aula de antropologia. O professor já estava em sala, mas ainda não tinha começado a aula, e conversava com alguns alunos que pareciam ser de períodos mais à frente.
- Nessa turma tem bastante veterano – apontei.
- Sim, e consequentemente tem cada homem lindo! Olha aquele ali... – Eu olhei para o garoto que ela descreveu com todos os detalhes, alegando que não podíamos olhar ao mesmo tempo para ele.
- Todo seu. – concluí.
- Ainda bem, odeio concorrência. – disse, levantando-se.
- Pra onde você vai?
- Falar com ele, oras. – Deu uma risadinha, como se aquilo fosse óbvio. Deus, eu estava perdida, se continuasse andando com ela.
Meus olhos passearam mais um pouco pela sala, até pararem em um cara que me chamou a atenção. Fiquei segundos ou talvez minutos contemplando o quanto ele era bonito: a cor da sua pele parecia perfeita, o seu cabelo era perfeito, os seus olhos eram perfeitos, o seu sorriso era perfeito, até as piadinhas que ele contava eram perfeitas, e eu nem conseguia escutá-las direito. Eu nem percebi quando Agnes sentou-se novamente do meu lado.
- Ele tinha trancado a faculdade, por um tempo. Tá voltando agora.
- O quê? – exclamei, como se eu tivesse acabado de ser pega fazendo algo altamente ilegal: admirar aquele homem.
- Ele – indicou a pessoa que eu estava engolindo com os olhos, segundos atrás.
- Ah... – admiti e o professor iniciou a aula.
Todavia os meninos ali atrás não pareciam ter percebido isso.
- , estou atrapalhando alguma coisa? – o professor perguntou e todo mundo automaticamente olhou para o tal em silêncio.
- Não, senhor. – Então o seu nome é , pensei comigo mesma.
A aula seguiu do mesmo jeito que a anterior, logo deduzi que a primeira semana seria resumida em cronogramas e mais cronogramas. E entrar na faculdade nem era essa coisa toda que se vê em filmes e séries, não era nada fora do normal. Acho que eu cheguei a me iludir um pouco que seria mais excitante, no mínimo.
O professor finalizou a aula e mandei uma mensagem perguntando onde o Andrew estava, imediatamente ele respondeu que estava no estacionamento. Me despedi da Agnes pronunciando um “até amanhã” para ela, e caminhei para o estacionamento. Por um minuto eu achei que estava sendo perseguida, mas depois eu me dei conta que as pessoas andam para o estacionamento para ir embora e não para me estuprar ou seja lá o que perseguidores façam.
Finalmente encontrei o carro do Andrew e me surpreendi que magicamente o também estava lá, como ele chegou aqui primeiro? Bom, eu não sabia os atalhos daquele campus, era bem mais provável que ele sabia, já que é veterano.
- Oi. – falei para os dois. – Esperou muito? – perguntei para o Andrew.
- Não, eu cheguei aqui não tem nem 5 minutos. – respondeu abrindo a porta do motorista e o outro deu a volta para se sentar ao seu lado sem ao menos me lançar o olhar.
Abri a porta de trás já me conformando que o voltaria conosco e que ele iria sentado na frente, o que eu não fui avisada sobre, mas acho que o meu vizinho também não tem a obrigação de me informar para quem ele daria carona dado que o carro era dele.
Eu passei a viagem olhando para a janela, mas prestando atenção na conversa deles, por mais idiota que parecesse algumas vezes. Tipo a história do ter ido em uma balada no final de semana e lançado as cantadas mais ridículas e manjadas que eu já ouvi na vida, e ao mesmo tempo eu tinha certeza que se fosse comigo eu cederia, assim como a garota cedeu. Deus, eu mal conhecia o cara e já tinha certeza que ficaria com ele em uma balada diante de uma cantada cômica, eu não estava em meu estado normal.
Quando Andrew parou o carro em frente a minha casa para me deixar eu agradeci pela carona e me despedi deles, foi nesse momento que respondeu um tchau. Encontrei os seus olhos percebendo que a minha existência não era tão insignificante assim, balancei a cabeça e caminhei até a porta procurando pelas minhas chaves na bolsa. Eles esperaram até eu entrar em casa para sumirem de vista. E aquele foi o meu primeiro dia de aula, o dia em que eu conheci Agnes e .

No decorrer dos dias Agnes se tornou uma grande colega, uma ajudava a outra nos trabalhos, sempre sentávamos e íamos comer juntas, ela era uma ótima companhia para ir ao banheiro, o grande ritual das mulheres, nós éramos inseparáveis de acordo com a fala de nossos novos colegas da faculdade. Nós tínhamos as mesmas matérias nesse período, com exceção de história do direito, e essa era a única aula que eu podia me sentar perto do , pois ele só fazia duas matérias comigo.
. Ele se tornou um amigo pra mim em tão pouco tempo, eu descobri os seus gostos, eu sabia algumas qualidades e alguns defeitos que mesmo sendo defeitos eu continuava defendendo que eram qualidades, eu descobri que ele tocava violão, eu descobri que ele já teve uma banda anos atrás, eu descobri que o seu signo era o mesmo que o meu, eu descobri o número do seu celular, eu descobri onde ele morava, eu descobri que ele cantava a minha música favorita junto comigo, eu descobri que ele era mais perfeito do que eu pensava.
Não foi surpresa quando ele ficou no topo da lista dos motivos para eu continuar frequentando a faculdade. Ele não faltava nenhuma aula, então eu não faltava também. Ele era divertido, ele se importava, era carinhoso e sempre tinha uma resposta na ponta da língua. Ele tinha o dom de falar pelo menos um palavrão em cada frase que saia de sua boca, e até os palavrões eram bonitos. Eu tinha quase certeza que ele conseguia deixar as coisas menos monótonas pra mim, ele me fazia querer ser eu mesma, ele aos poucos me moldou para ser uma pessoa que eu sempre quis ser e não sabia, a minha mente se abriu sobre coisas que eu nunca me interessei em saber. A partir do momento que eu o conheci eu fui uma pessoa melhor, eu tinha certeza disso.

II.
Sick of waking up in darkness
When the sky is always painted blue
There's a method to my madness
It's clear that you don't have a clue


Você sabe que está se apaixonando quando: 1) você pensa nele 25 horas por dia, 2) você fica ansiosa quando sabe que vai vê-lo, 3) o coração chega a doer de tanto que bate rápido contra o seu peito quando está perto dele, 4) quando qualquer pessoa do sexo feminino fala com ele você pensa em mil maneiras de matá-la, olá ciúmes, 5) qualquer ato da parte dele que você conclua como rejeição te deixa triste nos próximos 3 dias (no mínimo), 6) você o vê em todos os lugares, inclusive acha caras parecidos na internet coincidentemente, 7) ele invade os seus sonhos e sem querer querendo você passa a imaginar uma relação além da friendzone. 7 é um número bom, só consigo pensar em 7 sinais agora. Eu sem dúvidas alguma estava me apaixonando e eu nem me dava o privilégio de negar isso, seria um pecado.
Algumas pessoas boas, quanto mais você as conhece, mais você sabe como ela sofreu e como isso a fez forte. Há algum tempo eu tinha percebido que faltava uma parte da história de que eu não sabia e ele não me contava, ou quem sabia fingia que não sabia. Ele sempre me contava sobre a sua infância, a sua adolescência e o presente, mas uma parte ficava em branco. Ele não me parecia uma pessoa que passou por maus bocados no início, porém aos meus olhos atentos eu percebia um momento ao outro de tristeza, de esforço para parecer bem, de vez em quando eu jurava ver seus olhos lacrimejando ou vermelhos. Aquilo me destruía, porque eu queria tomar a sua dor, eu queria que ele me contasse, no entanto eu não queria ser invasiva demais.
Bom, eu não queria ser invasiva até o dia que fomos a uma festa e eu acidentalmente bebi demais. Era fácil eu ficar bêbada, eu logo passava mal e para o meu azar e/ou sorte eu lembrava de tudo o que acontecia enquanto todos esqueciam. E nessa bela noite nós dois bebemos além da conta, o que resultou em nós dois falando altas merdas sentados no degrau da varanda da casa de alguém que eu não fazia ideia quem era, mas eu fui obrigada a acompanhar eles pelo Andrew.
- Eu acho que colocaram vodka demais na sua bebida, você não está raciocinando direito, . – gargalhou depois de alguma coisa sem noção que eu falei sobre o cachorro-quente da festa.
- Eu acho que você devia calar a boca, se ele colocou vodka demais é bom pra mim. – sorri.
- Acho que não, você não vai ter ninguém pra te ajudar se você vomitar.
- Não me lembre disso. – pedi e ele tomou mais um pouco de sua cerveja.
- . – chamei prestando atenção em um garoto que parecia muito bêbado olhando para a piscina. – Eu acho que ele vai pular.
- Eu acho que ele não quer entrar na piscina, tá bem frio. – falou como se aquilo fosse um segredo.
- Quer apostar? – ergui uma sobrancelha em desafio.
- Quero. – aceitou e ficamos observando o garoto em silêncio, de vez em quando ele narrava baixinho o que acontecia. – Ele vai cair na piscina... MEU DEUS... quase, desculpa não era pra gritar... - eu só sabia rir – ele está se afastando da piscina, acho que temos um vencedor. – e de repente o garoto voltou numa tentativa de andar em linha reta em volta da piscina, talvez tentando mostrar aos amigos que estava bem.
- Você vai perder. – alertei.
- Filho da puta, ele vai foder comigo.
Ficamos alguns segundos em expectativa, ele não deu nem 3 passos quando caiu na piscina e se levantou gritando.
- Filho da puta! Porra! – ele se virou para mim – Já aviso que se ele se afogar eu não vou salvar.
- Acho que nem precisa. – ri apontando para os amigos dele que o ajudavam a sair da água gelada. – Pobre garoto.
- Pobre? Você apostou contra ele, desgraçada.
- Obrigada.
- Então, que tipo de aposta eu perdi? – perguntou sentando-se ao meu lado novamente.
- O tipo de aposta que você me conta o que aconteceu ano passado. – droga, cadê o meu filtro? Pois é, o álcool mandou ele pra puta que pariu.
Sua feição mudou rapidamente, ele fechou a cara e eu pude ver que ele estava considerando me contar. Perguntei-me se eu já não estava bêbada demais para pensar que ele me contaria. Ele levantou e entrou dentro da casa me deixando sozinha, acho que meu radar não estava mesmo funcionando direito. Continuei sentada já sentindo uma tontura típica, estava na hora de ir embora. Fique mais um tempo esperando que a minha desorientação passasse e quase pensei que eu estava sonhando acordada quando ele voltou com meia garrafa de big Apple. Ele tinha tomado aquilo tudo sozinho, depois da quantidade de álcool que ele já tinha ingerido? Comecei a ficar preocupada se eu o mataria por ter tocado nesse assunto enquanto estávamos nessa situação.
- , você não tomou isso sozinho, tomou?
- Eu? – ele falou com a voz arrastada e ele nem precisava mais dizer nada. – Acho que preciso de mais um pouco disso pra contar sobre a minha namorada morta pra minha amiga.
- Nem pensar, me dá essa garrafa. – instantaneamente eu já estava me sentindo um pouco melhor e tirei a garrafa de sua mão. – Você está louco? Não quero te matar de overdose.
- Acho que eu estaria melhor morto. – ele riu, seu humor autodepreciativo era impressionante.
- Não diga isso! – eu o obriguei a se sentar e sentei ao seu lado, ele deitou no meu colo e começou a chorar. Deus, eu não estava pronta para isso. Maldita curiosidade. – ? Não chora por favor. – falei acariciando os seus cabelos e ele soluçava.
Deixei que ele chorasse e agradeci mentalmente por ninguém aparecer na varanda, imaginei que ele precisava deixar fluir um pouco. Eu não sei se ele vai se lembrar disso e se arrepender, mas a “namorada morta” ainda estava martelando na minha cabeça. Era realmente dolorido pensar que eu o obriguei a sentir tal sofrimento, eu gostaria muito de tirar isso dele, mas eu não sabia como.
- Eu preciso vomitar. – ele falou se levantando e se afastando para um canto do quintal, continuei parada no mesmo lugar porque só o barulho já me dava ânsias. Eu não era a melhor pessoa do mundo para ajudar uma pessoa que queria vomitar.
- Eu sinto muito. – disse quando ele voltou ao seu lugar, dei a ele a garrafa de água que eu tinha pegado na última vez que fui até a cozinha.
Não me odeie por isso amanhã, . Pedi silenciosamente.
- Sabe... – ele me olhou com os olhos inchados e vermelhos e eu quis abraçá-lo. – Nós passamos 2 anos maravilhosos juntos e no fim brigávamos o tempo inteiro, ela queria uma coisa, eu queria outra, mas exatamente no dia que eu ia colocar um fim nisso o universo decidiu dar um fim nela. – ele fez uma pausa, tomou mais um pouco da água e voltou a falar. – Eu liguei pra ela avisando que queria conversar e ela sabia que ia ser para terminar, ela disse que estava na estrada. Meu Deus, foi horrível.
Eu estava incapaz de fazer qualquer coisa além de ouvir.
- Eu ainda a amava, mas eu disse a ela que a odiava, ela disse que me odiava também e começou a chorar. Droga, ela tava dirigindo, assim que ela desligou o celular o acidente aconteceu.
- Não foi culpa sua, . – por fim eu consegui falar depois de algum tempo em silêncio. – Não foi. – falei o abraçando e ele retribuiu.
- Nós nunca vamos saber. – ele falou.
- Vai ficar tudo bem. – ficamos ali abraçados e eu nunca ia achar que um abraço seria o suficiente, mas era tudo o que eu podia oferecer.
Ele era tão forte e tinha um coração tão bom, eu o desejava tudo de melhor na sua vida. Isso foi tão injusto. Eu não sabia o que pensar.
Já tínhamos passado da hora de ir embora, então chamei um táxi, que não demorou muito pois o seu ponto era bem ali perto. Ajudei o a se levantar, entramos no carro com dificuldade e passei o seu endereço para o motorista, eu ia deixá-lo em casa primeiro. Ele se deitou no meu colo de novo e dessa vez para cochilar, eu acariciei pela segunda vez naquela noite os seus cabelos, eram tão macios.

O táxi parou em frente a sua casa e fiquei pensando o que eu faria agora, ele morava com a sua mãe e ela por um acaso estava viajando.
- Eu tenho que levá-lo para dentro, não tenho? – perguntei ao taxista que apenas se virou para mim e olhou a situação do homem deitando com a cabeça nas minhas pernas.
- Bem provável. – respondeu e eu assenti, acordei o da melhor forma que eu pude e quando ele levantou o rosto já amarrotado eu peguei o dinheiro no meu bolso para pagar a viagem.
- Obrigada. – falei para o cara e abri a porta do carro, puxando um sonolento comigo.
- Não precisava. – ele espreguiçou e eu o ajudei a andar até a porta, quase não aguentando o peso dele somado ao meu.
- Está bem claro que precisava sim, cadê as chaves? – perguntei, provavelmente ele não ia conseguir enfiar a chave na porta. Ele tirou o chaveiro do bolso e me entregou.
Abri a porta com um pouco de dificuldade, depois de tentar encaixar mais de 5 chaves na maçaneta e quando ela por fim abriu foi um alívio. estava dormindo em pé, eu tinha quase certeza.
- Vamos , onde fica o seu quarto?
- Hmmm. – ele riu. – Eu tô bêbado, , isso não é uma boa ideia.
- Como você ainda consegue ser pervertido? – perguntei acendendo a luz da sala de estar e o puxei pelo corredor, por sorte o seu quarto era o primeiro. – Obrigada, Deus.
Acendi a luz do seu quarto e ele apontou para a cama, mas eu o empurrei direto para o banheiro.
- Nem pensar, você vai tomar um banho.
Ótimo momento para eu dar uma de higiênica, mas ele precisava desse banho. Ele mesmo tirou os tênis me ajudando e começou a tirar as blusas de frio.
- Me diz que você consegue tomar um banho sozinho.
- Eu consigo tomar um banho sozinho, se você quer se juntar já é com você.
- Ok, vou esperar do lado de fora. – deixei o banheiro e encostei a porta.
Deitei em sua cama de casal esperando que ele terminasse o banho mas em algum momento eu acho que dormi. Abri os olhos e o quarto ainda estava escuro, eu estava coberta e o estava adormecido ao meu lado. Acho que dormi de novo porque agora a minha cabeça estava explodindo com a claridade do quarto.
- Bom dia. – escutei uma voz masculina assim que abri os olhos e foquei no sentado na beirada da cama.
- Bom dia. – sussurrei e espreguicei, eu estava tão dolorida. – Eu levei uma surra noite passada e não me lembro?
- Acho que não. – ele riu. – Olha, eu estava esperando você acordar para ir na padaria comprar alguma coisa para comer. Se quiser tomar um banho, fica a vontade. – concordei e ele deixou o quarto.
Fiquei enrolando um pouco na cama quando finalmente consegui me levantar para tomar um banho. A água quentinha caindo pelo meu corpo foi quase o momento mais feliz da minha vida. Eu evitava pensar em qualquer coisa sobre a noite passada, mas o ainda não me odiava, então supostamente não se lembrava do ocorrido. Terminei o meu banho e respirei fundo, talvez eu tenha passado a única noite que eu tive com o em toda a eternidade, dormindo. Ótimo. Sai do seu quarto e o encontrei na cozinha arrumando uma mesinha com o que ele tinha comprado, alguns pãozinhos, dois copos de café e tinha uma cartela de analgésico para a bendita dor de cabeça.
- Você não existe. – me sentei em uma cadeira, logo tomando um analgésico.
- Estou bem materializado na sua frente. – ele se senta também e ataca os pãozinhos. Como ele era sempre faminto, eu não duvido que ele só deixe um para mim.
Tomamos o café em silêncio até que eu me senti desconfortável com isso e resolvi acabar com a dúvida que estava me matando.
- Você lembra da noite passada?
- Lembro. – respondeu simplesmente.
- Tudo? – ele assentiu e eu continuei. – Você não me odeia agora?
- Não. Por que eu te odiaria?
- Não sei, porque eu te fiz passar por aquilo e realmente não era a minha intenção.
- Pode falar que você ficou curiosa por meses para saber disso, pelo menos você esperou e não procurou por boatos ridículos. – falou e ele não estava bravo, nem magoado, nem nada.
Meu deus, mulheres ficam preocupadas com cada coisa.
- Eu só queria me desculpar caso eu tenha sido pervertido demais. – ele sorriu brincando e ele não tinha ideia do efeito que causava em mim.
Se tivesse sido uma noite normal eu juro que se chegasse perto de sua cama não seria para dormir. Mas enterrei isso bem dentro de mim e sorri também. Estávamos bem.

III.
I've been waiting for an answer
Because I built this bed for two
I'm just waiting on your answer
I built this bed for me and you


Eu não sei se existe coisa mais prazerosa na vida do que entrar de férias. O meu segundo semestre já estava chegando no fim e eu agradecia a todos os deuses por mais um período de descanso. Mas antes disso, ainda existia uma coisa chamada “provas finais”, o inferno na terra. Agnes já tinha traçado todos os nossos planos de estudo para garantir que tudo seja um sucesso, inclusive proibiu a si mesma de se encontrar com o namorado durante a semana de provas. Aliás, ela estava namorando o garoto que conheceu no primeiro dia de aula, eu me perguntava porque eu não tinha essa sorte.
- Não consigo pensar em um motivo para ficar triste com as férias chegando. – Agnes falou depois que a última aula de sexta terminou.
- Nem eu. – concordei sorrindo, e no fundo eu tinha sim um motivo, mas eu não contaria para ela.
Eu guardava a minha paixão platônica comigo mesma, de vez em quando eu falava do para ela, mas não era nada demais. E eu não o veria com tanta frequência nas férias, estava aí o único ponto negativo.
- Tá um pouco cedo. Você já vai embora? – perguntou e eu concordei com a cabeça assim que deixamos o prédio.
- Talvez os meninos já estejam me esperando, eles sempre saem cedo. – falei me despedindo dela e fui em direção ao estacionamento.
Eles nem sempre saem cedo, me corrigi, porque eu cheguei no carro e nenhum dos dois estavam lá. Olhei ao redor procurando por qualquer um deles e só achei o vislumbre de uma pessoa perto da grade atrás do estacionamento. Deixei a minha bolsa em cima da mochila do que estava encostada na roda do carro e caminhei silenciosamente até lá me abraçando numa tentativa falha de me proteger do frio, então eu o reconheci, ele estava distraído olhando para as luzes da cidade através da grade.
- O que está fazendo aqui? – perguntei um pouco atrás dele e eu jurava que esperava um xingamento da parte dele por eu ter o assustado ou algo do tipo, mas ele não reagiu, continuou concentrado e eu imaginei que talvez ele não tenha me ouvido.
- Pensando. – respondeu, quando eu estava pronta para repetir a pergunta.
- Tá tudo bem? – deixei a preocupação preencher a minha voz e ele se virou para mim, mesmo diante da iluminação precária eu pude ver que seus olhos estavam frios, assim como a noite.
- Não.
Comecei a imaginar um milhão de coisas e uma era pior que a outra. Depois que tivemos aquela conversa alguns meses atrás, ele aparentou estar mais leve, ele sorria mais e se permitia também. Eu temia que algo terrível tivesse acontecido com ele de novo, me lancei em uma luta interna para decidir se eu perguntaria o por quê ou se eu deixaria que ele me contasse por vontade própria em algum momento.
- O que aconteceu? – uma terceira opção saiu em forma de voz.
- Eu não sei se consigo terminar o que comecei. – colocou as mãos dentro dos bolsos e encarou o chão.
- Do que você está falando? – as minhas próprias perguntas já estavam me irritando, mas eu estava curiosa para saber o que ele não conseguia terminar.
- Da faculdade. – e eu sem querer suspirei aliviada, não era algo tão terrível afinal. – Eu não consigo me concentrar, eu não sei mais o que fazer e eu só não consigo.
- , daqui a um ano você vai se formar. Você está tão perto do fim, você sabe que é capaz, é inteligente.
- Eu não sabia que realizar um sonho exigiria tanto de mim. – ele voltou a me encarar e eu mantive meus olhos nos seus, eram tão lindos.
- Se sonhos fossem fáceis de se realizar eles não valeriam a pena. – sorri. Eu sonho com você, . – Seu sonho é se formar em direito?
- Penal, eu ainda vou entrar no FBI.
- Você ainda está focado no seu objetivo, vai passar por isso. As provas finais são semana que vem, então eu acho bom você colocar nessa sua cabecinha que cada vez mais está perto do fim e que a sensação de se formar vai ser maravilhosa. – ele esboçou um sorriso tímido e se aproximou de mim ainda com as mãos no bolso. – Eu ainda me lembro do dia que me formei no ensino médio, eu acho que nunca senti tanto orgulho de mim mesma.
- Eu me orgulho de você. – falou e eu acho que o meu mundo parou, provavelmente a minha boca estava escancarada. - Você amadureceu tanto desde a primeira vez que eu te vi. Você é uma pessoa incrível, .
Eu não conseguia acreditar que ele percebeu todas as minhas mudanças, eu esperava do fundo do meu coração que ele saiba que ele foi o principal motivo para tudo isso, sem ele eu não sei onde eu estaria agora. Eu queria agradecê-lo, queria contar tudo para ele, mas ele estava se aproximando de mim e eu me abracei mais forte, não porque eu estava com frio e sim porque a sua aproximação me deixava arrepiada. De uma maneira positiva.
Ele tirou as suas mãos do bolso e as colocou na minha cintura, me puxando para ele e eu fui, ele me abraçou e eu o abracei também. Eu não sabia como ainda estava em pé, mas eu tinha certeza que ele estava me dando todo o apoio, as minhas pernas pareciam gelatina, eu parecia gelatina. Abraçá-lo era tão bom, nós raramente tínhamos nos abraçado antes, mas dessa vez era diferente. afundou a cabeça nos meus cabelos e no meu pescoço sentindo o meu cheiro.
- Você tá tão cheirosa. – sussurrou e eu senti as minhas pernas falharem de novo. Aquilo era surreal.
Ele sempre estava muito cheiroso, mas eu não conseguia falar nada, eu só sabia sentir o turbilhão de sensações que o mesmo estava me proporcionando. Esse provavelmente era o meu mais novo momento favorito com ele. Seu corpo começou a se afastar de mim e eu tentava me conformar que todos os momentos bons tinham validade, no entanto ele só se afastou para me observar, seus olhos corriam por todo o meu rosto e por um segundo eu pensei que ele queria me beijar. No outro segundo ele estava me beijando. Continuei com os meus olhos bem abertos tentando assimilar que aquilo era mesmo verdade, ele estava mesmo com os lábios grudados nos meus, ele também olhava para mim fisgando cada reação minha, mas depois que eu soube que ele não ia voltar atrás eu fechei os meus olhos. Permiti que o beijo se aprofundasse, eu sentia o seu gosto, a sua língua, eu o puxei para mais perto tentando acabar com todas as distancias que existiam entre nós.
O beijo durou até que nenhum de nós dois tivesse ar. Enquanto eu tentava respirar ele me apertou mais contra si e espalhou beijos, primeiro na minha testa, depois na minha bochecha e desceu para o meu pescoço, logo subindo e encontrando a minha boca novamente. Eu queria morrer beijando a sua boca, eu ia morrer feliz, muito feliz.
Ficamos vários minutos trocando apenas beijos, até que o quebrou aquele silêncio dizendo que tínhamos que ir embora. Eu não queria ir embora porque eu tinha medo do que aconteceria a seguir, ele se arrependeria disso? Fingiríamos que isso nunca aconteceu? Continuaríamos ficando? No fundo do meu coração eu queria que ele escolhesse a terceira alternativa. Mas o Andrew com certeza estava nos esperando. Caminhamos lado a lado de volta para onde estava o carro, ele segurou a minha mão e eu tinha esperanças que talvez ficássemos juntos.
- Vocês demoraram. – Andrew falou assim que chegamos no carro. – Coloquei as coisas de vocês dentro do carro.
- Obrigada. – minha voz saiu um pouco falha depois de tanto tempo sem falar nada e o sorriu soltando a minha mão.
Entramos no carro e eu presumi que Andrew nem percebeu algo a mais entre nós. Eles começaram uma conversa aleatória e eu definitivamente não queria acompanhar dessa vez, era muito mais prazeroso repetir beijos recentes na minha mente.
- ! – Andrew falou um pouco alto me acordando dos meus devaneios e eu pulei no banco.
- Que foi? – perguntei frustrada e o começou a rir.
- O pessoal tá combinando de ir no pub no sábado que vem, depois das provas finais, você quer ir? – olhei de um para o outro, e a minha resposta só dependia do , no entanto.
- Vocês vão? – perguntei para ambos para não parecer que eu só queria a resposta de um, afinal se o Andrew me chamou é porque ele vai.
- Aham. – respondeu o motorista e eu só queria a resposta do cara ao lado dele, então voltei meu olhar para ele.
- Eu vou. – disse sorrindo e então eu concordei com a cabeça.
- Vou pensar no caso de vocês.

O carro parou em frente a minha casa e eu desci, dizendo finalmente que eu iria com eles. Aliás, era uma comemoração ao fim do período. Despedi-me deles e piscou para mim. . Piscou. Para. Mim. Alguma coisa me dizia que se antes eu já achava que ele tinha arruinado a minha vida, agora então.
Eu mal tinha entrado em casa e o meu celular vibrou dentro da minha bolsa, era uma mensagem. tinha me mandado uma mensagem. Ele me mandava mensagens, mas era sempre para combinar alguma coisa, ou perguntar onde eu estava na faculdade, ou algo do tipo.
: Por que você estava sorrindo para a janela?
: O quê?
Claro, eu podia fingir que eu não sabia do que ele estava falando, mas eu sabia sim e eu não ia contar.
: Você passou o caminho quase todo olhando para a janela e sorrindo.
: E você passou o caminho me observando? Stalker.
: Por que você estava sorrindo, ?
: Porque sim.
: Meu nome agora é sim?
: Convencido.
Ele não respondeu mais, então eu decidi fazer as coisas que eu fazia antes de dormir. Depois que eu sai do banho e já tinha escovado meus dentes, deixei o meu celular na cabeceira de cama e fechei meus olhos tentando dormir. Mas por algum motivo eu senti a necessidade de respondê-lo.
: Porque eu estava pensando em você.
: Obrigado, agora terei uma boa noite de sono.
Eu não, você acabou de estragar a minha noite de sono. Não respondi mais porque eu queria que a sua mensagem fosse a última, e de fato eu não consegui dormir.

IV.
Could you see that I am yours?
So will you be my life support?
You're my life support
You're my life support


Finalmente as provas tinham acabado e já estava mais do que na hora de comemorar o fim de um ano de estudo. Assim que entrei no pub encontrei com o Andrew sentado em uma cadeira no canto com mais um amigo, fui até lá cumprimentá-los.
- Oi. – sorri e ambos acenaram pedindo para que eu me juntasse a eles.
Logo que sentei na cadeira varri o lugar com os olhos sentindo aquela familiar ansiedade de encontrar quem eu estava procurando, e eu o encontrei, conversando com alguma mulher perto do bar. Droga, ela era bonita. A conversa deles estava super animada e me esforcei para tentar assimilar qualquer coisa que saia da boca dele, porém eu era péssima em leitura labial.
- Fica tranquila, aquilo não vai passar de uma conversinha. – Andrew chamou a minha atenção, acho que passei tempo de mais observando aquela cena. – é muito educado pra dar um fora em qualquer uma logo de cara. – revirei os meu olhos pra educação dele, tinha mais é que cortar pela raiz.
- Bom, nós não estamos comprometidos, então ele pode ficar com quem ele quiser essa noite. – eu mesma não acreditava que eu tinha dito aquilo, meu amigo então, nem se fala.
- Conta outra, se você tivesse uma faca eu já estaria pensando de onde tirar dinheiro para pagar a sua fiança. – riu e eu concordei, ele me conhecia bem.
- Não tenho culpa. – levantei os braços me rendendo.
Fiquei jogando conversa fora com o Andrew enquanto o ainda estava perto do bar, e como eu não queria chegar perto, fiquei sem nenhuma bebida mesmo. Eu que já estava tão entretida com a conversa que mal percebi quando o agachou do meu lado e colocou um copo de White Russian na minha frente, uma das minhas bebidas favoritas só por causa do licor de café.
- Oi. – sorriu enquanto eu pegava o copo e sugava um pouco da bebida pelo canudinho.
- Hmm.
- Esse “hum” foi de “obrigado, ”?
- Mais ou menos. – respondi ainda tentando ignorar o cheiro do seu perfume e a vontade que eu tinha de pular no seu pescoço a qualquer instante.
- Eu não posso mais conversar com amigas minhas? – perguntou finalmente entendendo porquê eu estava agindo dessa maneira.
- Quem tá te proibindo? – arqueei uma sobrancelha olhando para os seus olhos pela primeira vez na noite. E naquele momento eu sabia que eu tinha perdido a batalha.
- Você fica linda... – me deu uma selinho rápido. – Com ciúmes. – outro selinho e ele se levantou para sentar no banco na minha frente. – Sempre quis dizer isso.
- Vocês são patéticos. – Andrew rolou os olhos e comentou alguma coisa sobre a nossa conversa anterior com o para incluí-lo.
As coisas com o estavam indo inacreditavelmente bem, mesmo com as dificuldades dele para estudar, ele se esforçou durante toda a semana, e sempre no final de cada dia ficávamos juntos. Eu tinha quase certeza que ele combinou alguma coisa com o Andrew, porque o individuo sempre se atrasava, o que resultava em amassos em quase todos os esconderijos existentes naquela faculdade. sempre me surpreendia, e nós ainda não tínhamos conversado sobre o que éramos e o que estávamos fazendo, eu meio que temia por esse momento.
Depois que eu terminei a minha bebida e ia pedir outra, me impediu. Ele curiosamente não estava bebendo também.
- Você acha que esse drink foi o suficiente para ficar feliz essa noite? – perguntou e concordei sem entender muita coisa. – Então vamos dançar.
Eu mal tinha me levantado da cadeira quando ele segurou a minha mão e me puxou para a pista de dança, ele definitivamente não estava no seu estado normal.
- ? – chamei assim que começou a tocar uma versão de All of me, e eu agradecia por não sermos os únicos na pista.
- Diga. – falou me puxando para os seus braços e eu abracei o seu pescoço.
- Por que você não está bebendo? Essa noite é para comemorarmos. – falei perto do seu ouvido.
- Porque existem outras maneiras de comemorar e eu quero estar sóbrio.
- Que outras maneiras?
- Surpresa. – sussurrou no meu ouvido e toda a minha pele se arrepiou.
A música nem tinha chegado na metade quando os seus lábios encontraram o caminho para o meu pescoço e permaneceram lá me tentando até o fim da música, esse homem era a pura perdição. Quando as músicas mais animadas começaram e a pista começou a lotar eu me soltei dele, começamos a dançar no ritmo e eu gargalhava da sua falta de jeito. Era tão divertido dançar com ele, e ele era tão sexy quando fechava os olhos e mordia a boca fazendo algum movimento com o quadril. Eu não queria perder aquilo por nada, e eu ainda estava rindo quando ele agarrou a minha cintura e me beijou com tanta força que eu nem tive tempo de raciocinar. A sua língua travava uma luta com a minha, a sua mão estava em todos os lugares e eu tinha certeza que aquela cena estava indecente até para maiores de idade.
Quando finalmente paramos para respirar estava tão quente quanto o inferno, eu procurei por algum canto por ali e o puxei pela camisa. Assim que chegamos perto da parede ele me prensou contra a parede e voltou a me beijar com urgência, logo eu senti a urgência em outro lugar, e ela estava bem entre suas pernas, roçando em mim. Eu nem tentei conter o suspiro que saiu pela minha boca, ele desceu o seu beijo para o meu pescoço e eu sabia que precisávamos achar algum outro lugar.
- ... – minha voz mal saiu da minha boca, mas foi o suficiente para ele parar e me olhar. – Precisamos sair daqui.
- Eu vou te levar para casa. – respondeu se recompondo e eu estava confusa sobre o que eu tinha ouvido. Nós estávamos quase nos comendo no meio de um pub e ele quer me levar para casa?
- Como? – franzi a testa e ele esboçou um sorriso de lado.
- Para a minha casa. – ele colocou as mãos na parede atrás de mim e falou baixinho no meu ouvido. – Eu queria te comer aqui nessa parede, mas acho que você gosta de privacidade. – senti a minha orelha queimar junto com o meu rosto e eu não tinha dúvidas que era melhor sair logo dali.
- Então eu acho melhor sairmos daqui o mais rápido possível, eu não sei se a minha calcinha vai aguentar. – provoquei e ele abriu um sorriso enorme, segurou a minha mão e deixamos o pub sem avisar ninguém.

A porta tinha batido atrás de nós e o não perdeu tempo em levantar a minha blusa, estava tudo escuro ao nosso redor, mas ele não morava sozinho.
- Não tem ninguém em casa? – perguntei baixinho como se estivéssemos fazendo algo escondido.
- Não. – ele respondeu depois que jogou a minha blusa em algum lugar da sala. – Só eu e você. – puxou as minhas pernas para a sua cintura e me carregou até o seu quarto.
Assim que eu me deitei na sua cama ele me beijou devagar, tirando suspiros da minha boca enquanto a sua mão explorava o meu torço agora descoberto. Ele desabotoou o meu sutiã e parou de me beijar apenas para retirar a peça, eu encontrei a barra de sua camisa e comecei a puxar para cima, retirando aquele pedaço de tecido do seu corpo. Deus, como ele era gostoso, e assim como eu ele parecia maravilhado em observar os meus peitos.
- . – ele ajoelhou na cama e colocou uma perna no chão para se sustentar enquanto abria o fecho da minha calça. – Você é tão linda. – disse enquanto puxava o jeans do meu corpo, no final tirando a sapatilha dos meus pés. Eu queria rir porque o deus grego estava bem na minha frente, infelizmente ainda com as calças.
- Não gaste as suas palavras para me elogiar, . – ele tirou os tênis e as meias e eu me adiantei admirando a cena. – Aproveita e tira a calça.
sorriu se levantando da cama e tirou a calça, logo subindo novamente em cima de mim e me deu um beijo rápido puxando o meu lábio com os dentes. Foi inevitável não me contorcer.
- A minha atenção é toda sua, não precisa se contorcer. – falou no meu ouvido.
Ele distribuiu beijos entre a minha bochecha e o meu pescoço, descendo até que a sua boca encontrou o meu seio e enquanto ele sugava eu sentia a sua mão na minha calcinha, puxando ela pro lado e o seu dedo brincava ali embaixo. Arfei quando ele enfiou um dedo lá e manteve o ritmo, me deixando louca no mesmo momento que os seus lábios voltavam para os meus.
- Eu preciso... – murmurou sem ar e eu apertava os meus dedos nas suas costas. Ele tirou o dedo de dentro de mim e chupou, logo se esticando em cima de mim para alcançar a cabeceira, onde ele tirou uma camisinha e me entregou. Abri a embalagem para ele enquanto ele tirava a minha calcinha e se livrava da sua cueca, eu não sabia se focava para abrir o plástico ou olhava para o volume duro que cutucava as minhas pernas. – Preciso disso. – completou pegando a camisinha e colocando em si.
se posicionou em cima de mim e me penetrou fundo, eu mal tive tempo para me acostumar com aquilo quando ele saiu e entrou de novo, doía, mas doía de um jeito muito bom. E para melhorar ele permaneceu duro, rápido, forte, e eu não tinha mais coordenação dos gemidos que deixavam a minha boca. Entrelacei as minhas pernas na sua cintura e eu não me importava mais de fincar as unhas nas suas costas, ele gemia roucamente e eu falava sem nem perceber o quanto ele era gostoso.
Depois de só Deus sabe quanto tempo, eu sentia que não ia aguentar mais, e quando aquela sensação de explodir e flutuar ao mesmo tomou conta de mim, também não demorou muito para ir pro mesmo caminho. Seu corpo relaxou em cima do meu e ele se jogou para o lado, me puxando para si e beijando a minha testa.
- ? – perguntou depois de um tempo e eu resmunguei um “hum” para ele saber que eu estava escutando. – Depois do acidente eu pensei que nunca superaria, eu tranquei a faculdade, parei de sair, eu quase não respondia os meus amigos... – confessava enquanto eu fazia círculos em seu peito com o dedo prestando atenção. – Eu acho que conheci a tal depressão que muita gente falava e eu sempre pensava que nunca ia acontecer comigo. – riu em um deboche a si mesmo. - E aconteceu. Não desejo isso para ninguém.
- Se você não quiser não precisa me contar, . – falei quebrando o silêncio que se apossou do quarto.
- Não, eu quero te contar. A dor era devastadora, assim como a culpa. Mas depois de várias sessões quase inúteis com o psicólogo eu percebi que eu precisava voltar a viver, ela não ia querer que eu ficasse preso no mesmo lugar para sempre. – dei um beijo em seu pescoço o incentivando a continuar, ele parecia calmo de qualquer forma. – Então eu tentei retomar as amizades, comecei a beber muito sempre que podia, tentei o máximo parecer feliz para que as pessoas parassem de me olhar com cara de pena, e caminhando nessa mesma linha eu me vi voltando para a faculdade. Era tudo no piloto automático e mal percebi quando estava fazendo as coisas por mim, não por ela como eu pensava no início. Aliás, ela morreu, é a minha vida e não a dela, por mais que pareça insensível, eu precisava deixar apenas as memórias boas na minha mente e não deixar que aquilo me consumisse.
Ele terminou de falar e eu não sabia que estava chorando até que uma lágrima escorreu pelo meu rosto, senti a sua mão quente secando a minha bochecha e levantando o meu queixo para que pudesse olhar nos meus olhos.
- Obrigada, . Você foi a primeira pessoa com quem eu quis estar em todo esse tempo, mas eu demorei a perceber isso. Obrigada por estar comigo quando eu precisei, por ser uma pessoa que eu podia contar a qualquer momento. – cada palavra sua penetrava na minha mente e se aquilo era um sonho, eu juro que eu não queria acordar.
- Todo esse tempo? – perguntei baixinho ainda tentando segurar as lágrimas.
- Desde o momento que você saiu do carro no primeiro dia de aula. – sorriu. – Eu sabia desde aquele dia que não seríamos amigos, seríamos mais do que isso. – sussurrou como se a sua declaração fosse um segredo.
- Droga. – soltei todas as lágrimas que eu segurava. – Você é tão bom quanto eu para guardar sentimentos.
- Acho que sempre estivemos no mesmo jogo. – ele me apertou contra si novamente fazendo um carinho nos meus braços, e eu me sentia envergonhada por estar me desmanchando em seus braços e encharcando o seu peito.
- Você tem sido uma âncora pra mim, . – confessei depois que consegui me acalmar. – Eu estava com a minha vida parada e eu finalmente pude ir pra frente porque você me incentivava, mesmo inconscientemente. Sei que parece bobeira falando assim, mas eu aprecio muito a pessoa que você é.
Ele tirou o braço onde eu estava apoiada e ficou por cima de mim novamente, encarando fundo os meus olhos.
- Se tem alguém que merece todos os créditos aqui é você! Eu sei que sou um cara estragado, mas eu quero muito ficar com você, por favor, fica comigo? – perguntou e eu abri um sorriso maior que o meu rosto, balançando a cabeça. Sim. É claro que sim.
Palavras não precisavam mais ser ditas quando os seus lábios encontraram os meus, apenas para recomeçar o que tínhamos começado poucas horas antes. Amor, era tudo que fazíamos e respirávamos.


Fim



Nota da autora: Hellooo! Pensei que eu nunca ia terminar de escrever e bem, eu terminei. Muito obrigada a você que leu essa belezinha inteira, espero que tenha gostado. Escrever essa ficstape foi realmente um desafio que eu aceitei sem nem pestanejar porque Sam Smith é Sam Smith, né!? E eu particularmente sou apaixonada por esse amor de pessoa e esse álbum maravilhoso. Enfim, a história é um pouquinho pessoal e diferente de tudo que eu já escrevi antes, então não se esqueçam de deixar um recadinho haha. Beijinhos e até a próxima! (12/06/2015)




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