08. O Nosso Santo Bateu

Capítulo Único

20/02/2018 (Terça-feira)


- Olá, eu sou . Prefiro que me chamem de . Tenho 21 anos e decidi frequentar essas sessões de terapia em grupo por recomendação psicológica.
As pessoas começaram a se apresentar e uma especial me chamou atenção. Também era impossível uma beleza como aquela passar despercebida. Esperei ansioso para que ela se apresentasse e deixasse de ser uma garota misteriosa.
- Minha vez. Sou a , mas prefiro . Tenho 20 anos e decidi participar de terapia em grupo porque estou saindo de uma fase muito difícil da depressão e decidi começar a socializar novamente. Peço desculpas se em algum momento eu me afastar, não disser nada ou falar demais. Estou me readaptando com a realidade que é estar em volta de muitas pessoas.
. . Me surpreendi ao ver que tão nova ela já estava em um estágio tão avançado da depressão. Primeiro ponto em comum que tínhamos seria a depressão. Eu poderia falar com ela sobre isso? Com certeza iria!
O assunto da sessão de hoje era medo. Do que eu tinha medo? Do que ela tinha medo? Do que você tem medo? Foram perguntas feitas pelo nosso orientador. A conversa fluiu bem e estava me sentindo bem ali, sempre que podia olhava pra e ela estava sorrindo, estava se sentindo tão bem quanto eu ali. Mesmo sem conhecê-la, estava feliz por ela. A terapia foi encerrada e na hora da saída me esbarrei com no corredor.
- Meu Deus, me desculpe. Está tudo bem? - Perguntei.
- Estou bem. Você é da terapia em grupo, não é?
- Sim. Sou o .
- Você prefere . - Ela disse sorrindo, prestou atenção no que disse durante as apresentações.
- E você é a . - Ela sorriu e lá estávamos nós dois mantendo um contato visual mais longo do que nós dois poderíamos imaginar. O telefone dela tocou e ela se despediu apressadamente.
Assim que cheguei em casa recebi uma notificação no Instagram, “@_ segui você.”. Ela era rápida. Segui de volta e ela me mandou uma mensagem.
“Muito rápido? Se foi, sorry.”
“Admito que não esperava, mas gostei.”
“Fiquei pensando que como temos a mesma doença (Muito direta? Talvez) poderíamos trocar tantas coisas…”
“Pensei o mesmo. O que acha de um café depois da terapia?”
“Adoraria.”
Foi rápido? Muito provável que sim! Eu estava gostando? Sem dúvidas!

13/03/2018 (Terça-feira)


Sentamos juntos na terapia e interagimos muito mais que antes. Em apenas dois dias a gente conseguiu compartilhar muitas experiências com a depressão e ainda iríamos tomar um café juntos. O tempo passou rápido e já estávamos a caminho do café.
- Tenho uma proposta diferente pra você. - Comecei a conversa. - Vamos falar só de nós hoje, sem a depressão, sem sofrer, só a e o . O que acha?
- É uma boa ideia. - Ela disse sorrindo e eu abri a porta da cafeteria para que entrássemos.
Era um lugar simples, porém aconchegante. Uma decoração um tanto vintage, adorou o lugar, disse que com certeza voltaria ali só pelo ambiente ser agradável aos seus olhos.
- Sentamos e pedimos um café. Agora me fala de você. Quem é a ?
- A é estudante de gastronomia, mora com os pais, tem um blog e ama gatos. E quem é o ?
- O é formado em publicidade, mora com o melhor amigo, adora jogar vôlei e não tem pets, mas quer. Vamos fazer um ping-pong, eu digo uma palavra e você diz a primeira coisa que vier a sua mente como resposta.
- Meu Deus, não sei se consigo pensar rápido assim, mas começa.
- Comida?
- Pizza.
- Cor?
- Azul.
- Praia ou piscina?
- Praia.
- Séries ou filmes?
- Filmes.
- Você é melhor do que imagina. - Eu ri.
- Agora minha vez de perguntar. - Ela disse e eu concordei. - Uma cor?
- Branco.
- Um país?
- Bélgica.
- Alguém?
- Você. - Falei muito rápido e ela imediatamente ficou envergonhada.
O silêncio reinou por alguns minutos e eu fiquei pensando se fiz errado em ter dito o que disse. Não queria me sentir culpado, mas ela estava desconfortável.
- Queria dizer que não fiquei desconfortável com o que disse. - Ela quebrou o silêncio. - Só fiquei surpresa, se você tivesse feito essa pergunta pra mim, a resposta teria sido a mesma. Você é uma das poucas pessoas que eu permiti que se aproximasse de verdade e eu fico feliz por ter você por perto.
Eu apenas sorri, um sorriso diferente. Ela se sentia bem perto de mim. Ela estava feliz. Se ela estava feliz, eu também estava.
Depois da nossa conversa eu a acompanhei até sua casa e em seguida fui caminhando até a minha que, por incrível que pareça, não era distante dela. Eu me sentia diferente depois esse suposto encontro. Se ela me permitiu a aproximação, farei de tudo para mantê-la feliz. Estava disposto a fazê-la sorrir quantas vezes eu conseguisse. Ela era tão especial. Decidi convidá-la para ir ao cinema no fim de semana e ela prontamente aceitou. Seria cedo para tentar conquistá-la? Eu sabia que a resposta era sim. Mas estávamos nos dando bem, bem demais.

17/03/2018 (Sábado)


O dia do cinema chegou e eu estava mais empolgado que o normal. Nate, meu melhor amigo disse que eu estava indo rápido demais. Eu sabia que estava, mas não conseguia ir devagar. Ela chegou e mudou meus planos. Não imaginei que fosse encontrar alguém especial fazendo terapia em grupo, mas ali estava ela, me lembro como se fosse hoje. Ela estava sentada quase de frente a mim, usava um vestido azul, tinha um capote cinza amarrado na cintura e um tênis All Star branco. Ela me confidenciou que usa óculos, mas que prefere sair de lente pra ter mais liberdade em usar óculos escuros, ela adora.
Decidimos nos encontrar no shopping e no caminho passei na floricultura e pedi a atendente que pegasse uma única rosa branca, ela já me confessou serem suas favoritas. Não quero assustá-la, então nada de buquê.
Ela estava sentada na praça de alimentação com copo grande de milk shake e seu celular em mãos.
- Uma flor para você. - Cheguei sorrindo.
- Rosas brancas. Ponto pra você, .
- Fiz o dever de casa direito, haha.
- E qual é o filme de hoje? - Acho que esqueci desse detalhe. Não fazia ideia do que a gente poderia assistir, então fiquei calado e esperei uma resposta dela. - Eu quero muito assistir Pantera Negra, tudo bem pra você?
- Tudo ótimo, vou comprar os ingressos.
Comprei os ingressos e faltavam pouco menos de uma hora para a sessão começar, então fomos dar uma volta pelo shopping. Depois de muitos dias eu a vi tímida novamente, não sabia o motivo, ela sorria, brincava, mas ainda estava reservada.
- Está tudo bem? - Questionei.
- Está. - Ela foi bem curta. - Quer dizer, não… Eu não sei.
- Quer conversar sobre isso ou…?
- Eu preciso muito falar uma coisa. Tô com medo de parecer rápido demais, mas eu não consigo mais esconder. - Fiquei confuso, mas a deixei prosseguir. - Antes de chegar em um estágio grave da depressão eu tive um namorado, ele foi o meu primeiro amor. Ficamos dois anos juntos e muita coisa mudou. Não quero entrar em detalhes, mas indo direto ao término, foi uma experiência nada agradável e que eu não gostaria de viver novamente. Só que você apareceu, rápido, igual a mim, simpático, bonito, paciente, divertido e eu não consigo evitar mais. Você chegou do nada e mudou meus planos, me fez caminhar pra frente, depois de um tempo parada, graças a você eu já sei pra onde ir. Graças a você eu voltei a sorrir, eu voltei a me divertir. Graças a você eu voltei pra vida.
- Calma , é muita informação pra processar. Eu não esperava ouvir nada disso hoje, eu esperava dizer tudo isso hoje, mas você me deixou sem palavras, isso é algo quase impossível de acontecer. Olha, eu nem sei mais o que dizer, em tão pouco tempo a gente se apegou, se gostou. Eu sempre disse a mim mesmo que queria alguém que somasse, que me completasse, aí você apareceu.
- Nosso santo bateu! - Dissemos juntos. Aquilo soou um tanto inesperado, mas sorrimos automaticamente.
Estamos caminhando muito rápido. Eu não estava acompanhando tanta evolução, mas foi o que ela mesmo disse, chegamos do nada na vida um do outro e agora estamos aqui, juntos. Depois do filme a deixei em casa e o primeiro beijo finalmente aconteceu. Eu não sabia o que aquele beijo estaria dando início, mas eu estava feliz e ela também.
A cada dia que passava nos aproximamos mais, era nítido ver como estávamos cada dia melhor. Nosso orientador da terapia dizia que formávamos um belo casal, a gente sempre concordava. Todos os dias nos falando por mensagem, um de nós sempre dizia “Nosso santo bateu”, ela, amante de filmes que era, fez referência ao filme A Culpa é Das Estrelas.
“Talvez ‘Nosso santo bateu’ venha ser o nosso ‘Okay’ hahaha.”
“Nosso santo bateu.”




FIM!



Nota da autora: Alô alô gente bonita. A história de hoje é só amor, espero que você tenha curtido a leitura, foi super especial escrever essa história e como eu sempre digo, não consigo não fazer um final feliz para os nossos personagens principais tão amados. XOXO, Iana





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