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Finalizada Em: 01/08/2018

Capítulo Único

O problema de ter amigos idiotas é que muitas vezes nós acabávamos na diretoria por alguma bagunça feita sem querer, mas desta vez nós nos superamos, não bastava ter que cumprir nossa detenção, nós ainda fizemos questão de tumultuar até o nosso castigo e agora aqui estamos sendo observados de perto pelo inspetor mais chato do colégio, enquanto arrumamos pilhas e mais pilhas de livros na biblioteca.
– Só assim pra você ficar tanto tempo na biblioteca – Disse empurrando John de leve, um dos meus melhores amigos e o maior causador daquela confusão.
– Silêncio! – O inspetor passou por nós e fez uma cara séria, nós apenas esperamos ele se afastar e rimos discretamente.
– Vamos terminar logo isso! – John pegou mais uma pilha de livros e foi devolvê-los as suas prateleiras, fiz o mesmo mas quando estava quase terminando o inspetor me deu mais livros.
– Esses são do outro lado, mantenha o silêncio, Sr. – Assenti e fui para o outro lado, bem longe do meu amigo.
– Sacanagem, viu.... – Comecei a procurar as prateleiras certas, mal acreditando que estava quase chegando ao fim.
Só faltavam dois livros, o mais fininho deles me chamou a atenção por causa de um pedaço de papel saindo dele, não resisti e o puxei por completo. Era um desenho muito impressionante do rosto de uma senhora, que parecia muito real, eu só sabia que não era uma foto porque estava segurando o sulfite em minhas mãos.
– Caralho..... – Os olhos eram a coisa mais espantosa daquele desenho, vi por entre as prateleiras o inspetor vindo na minha direção e quase que por reflexo, dobrei o desenho e o guardei no bolso do meu moletom.
– Terminou, Sr. ? – O olhar mais do que impaciente dele, me fez guardar o último livro em qualquer lugar e assentir, peguei minha mochila e encontrei com John no corredor, me esperando.
– Vamos? Não aguento mais ficar aqui!

Talvez eu estivesse ficando obcecado demais por aquele desenho, vasculhei todos os cantos daquela folha para tentar descobrir quem tinha feito mas era aquele rosto e só. No dia seguinte, minha melhor amiga Lanna chegou toda afobada na primeira aula, sentou à minha frente e virou o rosto apenas para dizer “Preciso da sua ajuda”.
No intervalo, ela reapareceu e já foi me puxando pela mão até a biblioteca, com muita pressa, sem nem me deixar entender o que estava acontecendo.
, você ajudou aqui ontem né?! – Lanna perguntou enquanto amarrava o cabelo, parecia até que entraria em alguma batalha que eu desconhecia.
– Forçado, mas ajudei né, fazer o quê. – Cruzei os braços e a incentivei com o olhar a continuar, mas seus olhos foram para alguém atrás de mim e Lanna sorriu constrangida.
– Achou, Lanna? – Uma garota de cabelos compridos amarrados em um rabo de cabelo, feição preocupada, mas, ainda assim, muito suave, quase angelical e de olhos marcantes, tão marcantes quanto os do desenho de ontem à noite.
– Achou o quê? – Não resisti e quando me dei conta já estava me metendo na conversa delas, a garota desviou seu olhar confuso para mim e Lanna sorriu antes de cumprimentá-la com um beijo no rosto e um sorriso sincero.
– Ainda não, amiga! Mas nós vamos encontrar! Era isso que eu ia pedir pro agora.... – Minha cara de dúvida deveria estar a coisa mais óbvia do mundo, Lanna pigarreou e disse se direcionando a mim desta vez.
– Você por acaso não guardou, ou viu onde foi guardado um livro mais fininho que foi devolvido ontem? Tem algo dentro dele que é muito importante, mas eu não sei onde procurar nessa biblioteca imensa – Lanna me olhou suplicante e apontou para a biblioteca bem atrás dela, e eu resolvi arriscar, eu me lembrava do livro onde eu havia encontrado o desenho, talvez pudesse ser o que elas buscavam.
– Por acaso, o que vocês estão procurando é um desenho? – Disse e as duas se entreolharam, e eu vi aquela garota desconhecida sorrir de verdade, pela primeira vez, enquanto Lanna parecia ter tirado um ônibus das costas.
– SIM! SIM! SIM! – Lanna começou a me dar tapinhas nos braços e eu ri me afastando daquela felícia maluca – Cadê ele?
– Saí daqui garota! – Massageei meu braço e as duas ficaram me olhando cheias de expectativas – Tá lá em casa!
– O QUÊ?! POR QUÊ? – Lanna colocou as mãos na cintura e me olhou cerrando os olhos – ! Você não fez nada com ele né?!
– Calma! Eu só achei muito bem-feito e levei pra casa, sabia que se alguém achasse ia fazer alguma idiotice com ele de qualquer forma....
– Ai meu Deus! Eu preciso dele até o fim da aula! – A garota lamentou olhando para Lanna. As duas começaram a conversar entre elas e eu me meti mais uma vez, recebendo o olhar irritado delas.
– Eu sei que ninguém pediu, nem perguntou mas se você quiser, a gente pode ir buscar agora....
A garota me olhou espantada e deu um leve passo para trás, enquanto Lanna sorria abertamente.
– ISSO! Finalmente, ! – Lanna veio me dar um beijo no rosto e se virou pra amiga dela novamente – Façam isso, eu não posso ir porque eu tenho prova nas últimas aulas, o que acha ? Ela pegou nas mãos da tal e sorriu esperando por sua resposta.
– Não vai te atrapalhar? – Ela me olhou em dúvida e eu sorri tentando passar confiança, afinal, eu também tinha culpa nessa confusão toda.
– Não, eu ‘tô mais do que acostumado a dar umas escapadas, mas se você quiser ir mesmo, precisamos fugir agora! – Olhei para o portão que eu costumava usar ‘pra sair mais cedo da escola e a inspetora estava saindo naquele momento para colocar todos para dentro das salas, aquele era o momento certo.
– O.k.! Seja o que Deus quiser! – Deixei a garota passar na minha frente e fomos até o portão que dava acesso ao estacionamento.

, é seu nome? – Perguntei assim que saímos de perto da escola, quando podíamos respirar aliviados.
– Não, na verdade, me chamo , mas prefiro que me chame de ! – Ela sorriu e me olhou de lado, esperando que eu me apresentasse.
– Me chamo , mas prefiro , é só quando estão muito bravos comigo – Ri e a vi fazer o mesmo discretamente – Sei que está meio tarde pra isso, mas você já estudava com a gente?
– Não! – Ela riu e se virou para me olhar – Eu morava no interior e agora eu voltei a morar com os meus pais aqui na Carolina do Norte.
– Faz muito sentido, ainda mais que você estava com a Lanna, ela já teria falado sobre você em algum momento.
– Lanna quem me ajudou nesse início de escola nova, único porém foi ela ter quase perdido o desenho.
Gargalhei em apenas saber dessa história que tinha a cara da Lanna, vai ajudar e ainda faz umas cagadas no meio.
– Ela é meio doidinha mas uma das melhores pessoas que eu conheço.
Parei o carro em frente ao meu portão e me olhou surpresa, me acompanhando até a sala de estar, peguei o desenho que eu havia guardado na minha gaveta e desci ao seu encontro, esperando que aquilo fosse mesmo o que ela estava procurando.
– Prontinho, é esse? – Os olhos dela se iluminaram e ela sorriu para mim.
– Obrigada por ter guardado, e....
– Por não ter feito nada por cima né – Eu disse rindo e ela riu concordando com a cabeça – Eu imaginei que fosse isso que vocês estivessem pensando de mim! Sou tão artista, vocês realmente não sabem valorizar a minha arte – Fingi indignação e riu, ficando levemente vermelha de vergonha.
– Quer tomar alguma coisa antes de voltarmos? Um suco, uma água….
– Aceito uma água.
– Desculpa se eu estiver parecendo um intrometido, mas quem é a pessoa do desenho?
Ela ficou me olhando por alguns segundos antes de responder.
– É a minha avó.... – sorriu pegando o desenho de cima da mesinha e o guardando em uma pasta, que de relance eu pude ver, tinha vários outros desenhos – É um presente pro meu avô! Você está salvando o dia hoje, obrigada, mais uma vez!
– Você que fez?! – Minha voz saiu mais surpresa do que o necessário e me olhou de um jeito engraçado antes de concordar – Ficou muito bonito, parece até real!
– Obrigada – Ela agradeceu ficando envergonhada.

Antes que resolvesse ficar mais fechada ainda, sugeri voltarmos para o colégio, no meio do caminho liguei o rádio e começou a tocar meu CD do McFly e percebi me olhando de lado, surpresa.
– Você gosta deles?
– Sim, muito, mas até hoje só a Lanna parecia gostar deles naquele colégio.
Eu gargalhei antes de responder.
– Todos os CDs que ela tem deles, foram roubados de mim – Balancei a cabeça enquanto ria, seu telefone tocou e ela parou de sorrir quase que imediatamente.
– Oi, amor! Você vem me buscar? A festa é amanhã! – Ela falava baixo, mas, ainda assim, eu conseguia ouvir tudo, mesmo sem querer. – Você vai me deixar na mão justo agora, se você tivesse avisado antes, eu me virava... O.k., até, Tchau Alex!
suspirou e guardou seu celular na bolsa, visivelmente decepcionada, ela me olhou assim que chegamos em frente ao colégio e sorriu triste.
– Obrigada por tudo!

Eu não a vi por alguns dias, mas Lanna deixou escapar que estava visitando os avós por isso precisava guardar o material da aula pra ela, quando retornou Lanna e ela não se desgrudaram, o que fez com que várias vezes nos encontrássemos no corredor, mas sem nunca conversar realmente. Até ela ter que mudar de horário e cair na minha turma de literatura, sentada bem ao meu lado.
– Oi! – Sussurrei assim que ela sentou ao meu lado, alguns minutos depois da aula ter começado, ficou vermelha pelo olhar da professora na nossa direção.
– Já conheceu a cidade? Lanna já te levou até o parque.... – Continuei com o tom baixo e senti se aproximando pra ouvir melhor e também cheguei mais perto.
– Ainda não, na realidade não conheci nada.
– Se você quiser, nós sempre estamos indo pra lá, vem também! – Peguei meu livro e fingi que estava lendo quando a professora começou a vir na nossa direção, abri outro livro de qualquer jeito e empurrei na direção de .
– Lanna me disse sobre uns filmes, tarde da pipoca ou alguma coisa assim – Eu fingia ler e ela escrever, enquanto nossa conversa continuava no tom mais baixo possível.
– Isso mesmo, nós vamos na casa da Lanna hoje, aparece por lá….
– Mas eu não vou atrapalhar?
– Não, imagina! – Disse num tom um pouco alto demais e a professora me olhou com a testa franzida, me mandando calar a boca – Na realidade, pra mim é muito melhor, acho que entre a Lanna e o John está rolando alguma coisa, assim você me faz companhia – Dei uma piscadinha pra ela e a vi rir sem graça mas concordar com a cabeça.
– Vou tentar ir, o.k?! – Ela me olhou de lado e eu ri juntando as mãos e agradecendo aos céus, a fazendo rir e balançar a cabeça me reprovando.

Eu adorava nossas sessões de cinema, nós jogávamos um colchão na sala, pegávamos cobertores e muita, muita comida, mas a melhor parte ainda eram os filmes, principalmente os de terror e suspense. Desta vez, Lanna nos fez prometer que depois do filme nós assistiríamos uma comédia romântica, porque segundo ela: “Não sou obrigada a morrer de pavor o tempo todo, quero uma alegria no meio disso tudo”.
Começamos com os de terror, como não apareceu, todos os gritos ficaram por conta da Lanna, que não viu quase nada do filme ficando escondida pelas cobertas e se “protegendo” no abraço do John. Já eram umas seis da tarde, e era hora do filme que Lanna ia escolher, fui pegar mais pipoca na cozinha e quando voltei Lanna estava atendendo a porta, tinha acabado de chegar e era impossível não reparar na sua cara de cansada, suas olheiras escuras e seu jeito ainda tão tímido perto de nós.
– Olha quem chegou! Na melhor parte, diga-se de passagem! – Lanna abraçou pelos ombros e a trouxe para mais perto.
– Que bom que você conseguiu vir! – Sorri e ofereci pipoca, vendo um olhar preocupado em Lanna mas sabia que era melhor ninguém falar nada – Vamos começar essa tortura de uma vez! – Dei a volta e me joguei no colchão vendo John pular de susto.
– Ai, garoto! – Lanna jogou uma almofada na minha cabeça e começou a rir – Eu aguentei esses bichos feios a tarde toda! Vai ver romance, sim!
Lanna colocou no nosso meio, e as duas ficaram uns dez minutos escolhendo entre as infinitas comédias românticas da Netflix e por fim, escolheram '‘E Se Fosse Verdade’' com o Mark Ruffalo e a Reese Witherspoon, depois de uns vinte minutos ouvi uns sons muito suspeitos, dei uma espiada e vi John e Lanna se beijando bem do nosso lado! Olhei para que viu o mesmo que eu e ri, puxando outro cobertor para nós, já que aquele eles estavam usando de “esconderijo”.
No meio do filme, percebi que tinha dormido em meu ombro, passei meu braço para tentar ajeitá-la e senti ela se virar e me abraçar pela cintura. Parei, totalmente estático quase sem respirar e a observei, ela continuou dormindo e só então eu voltei a minha posição inicial.
Nós todos dormimos ali mesmo na sala, de madrugada acordei e desta vez, eu abracei , e mesmo sem saber porque não me deu vontade de desfazer aquele abraço, como se pudesse escondê-la ali, eu não acabaria com aquele momento, mesmo sabendo que assim que o dia amanhecesse talvez ela nem quisesse muito papo, aquilo já era bom, já era o suficiente.

aos pouquinhos deixava a gente se aproximar, toda aula de literatura eu puxava algum assunto, Lanna sempre a chamava pra sair com a gente, mas raramente ela falava sobre sua família ou sobre seu namorado, a convidamos pra festa do último ano que seria em uma semana, mas disse que não podia ir, que tinha compromisso de família. Lanna e John finalmente se assumiram e eu era o único solteiro do grupo, mas eu preferia assim.

Quando finalmente o dia da festa chegou, eu teria que chegar um pouco mais tarde e John me avisou que a festa estava cheia, mas não imaginei que estivesse tanto assim, já faziam uns dez minutos que eu estava procurando por John ou Lanna mas estava impossível de achar qualquer pessoa ali, tentei ligar para eles mas não adiantou, peguei uma cerveja e fiquei perto de alguns colegas da minha turma de matemática, eles já estavam mais alterados que o normal então tudo era razão para rir e beber mais ainda, não foi a toa que risadinhas foi a coisa que eu mais ouvi assim que Michelle veio até mim, ela fazia alguma aula comigo e estava especialmente linda naquela noite, de vez em quando nós ficávamos e era isso que um mais gostava no outro, não tinha pressão, não tinha problema.
– Finalmente te encontrei.... – Ela me deu um beijo no canto da boca e sorriu, me olhando cheia de segundas intenções.
– Acabei de chegar, minha linda – Coloquei uma mecha de seu cabelo para trás e ela riu antes de pegar minha cerveja e tomar um gole.
– Vamos para outro lugar – Ela apontou com a cabeça para os garotos que prestavam muita atenção na nossa conversa e me puxou pela mão até um canto mais afastado e escuro daquela casa abarrotada de gente.
A puxei pela cintura e Michelle riu antes que juntasse nossas bocas em um beijo cheio de vontade e malícia, em pouco tempo eu a prendia entre meus braços e sentia ela mordeu meu lábio inferior me provocando, suas mãos entraram dentro da minha camiseta e ela riu ao me ouvir suspirar pelo contato de sua mão gelada em minha barriga. Desci meus beijos para seu pescoço e senti ela bagunçando com muita vontade meu cabelo, puxando vez ou outra. Já nem sabia a quanto tempo nós estávamos ali nos nossos amassos, mas sei que só parei porque eu ouvi a voz meio embriagada e brava de Lanna um pouco distante, mas praticamente berrando meu nome.
! Cadê você? Anda! Aparece! – Olhei para Michelle e pela cara de mau humor dela, não era imaginação, Lanna realmente estava me chamando.
! – Olhei para trás e Lanna estava atrapalhando outro casal, puxando o cara pelo braço e recebendo um olhar mortal da garota que estava com ele.
– Já volto! – Dei um beijo rápido em Michelle que apenas cruzou os braços rolando os olhos em seguida, passei a mão no cabelo mas sabia que já não adiantaria de nada, mas foda-se.
– Que foi, garota?! – Peguei Lanna pela mão e ela me olhou num misto de brava com aliviada, me dando um tapa antes de falar qualquer coisa.
– Você fica aí se amassando com os outros e eu precisando da sua ajuda! Fiquei até sóbria, que horror! – Lanna colocou as duas mãos no rosto e eu a olhei sem entender absolutamente nada. – Me ajuda, eu acho que a tá aqui, já procurei mas não encontrei, e ‘tô com medo que ela exagere ou faça alguma besteira....
– Por que você acha isso? – Perguntei olhando ao redor mas só conseguia ver as luzes e algumas sombras dançando.
– Tenta ouvir isso – Lanna me entregou seu celular, era uma mensagem de voz da .
“Lanna, você ainda está na festa?! Eu preciso beber, preciso tirar essa coisa ruim de mim, amiga eu tô indo.... Me espera!”
O tom de voz dela estava diferente da sua calma habitual, e o fato dela dizer que precisava beber já era bem preocupante, não gostei de saber que talvez ela estivesse sozinha ali naquela multidão.
– Vamos procurá-la, eu vou pra perto do bar e da cozinha, você vai pra perto da pista de dança, quem achar avisa o outro, o.k?! – Lanna assentiu e foi para o lado oposto ao meu, fui para perto do balcão onde estavam fazendo os drinks e olhei tudo ao meu redor sem nem sombra de , fui para perto da cozinha e vi duas meninas rindo e cochichando, apontando para um dos cantos onde tinham vários casais, e pelo mau pressentimento que eu senti, talvez estivesse bem ali.
Tentei identificar as pessoas, tentei ver sem atrapalhar nenhum casal mas estava quase impossível, quando estava quase desistindo eu a ouvi, com a voz fraca e embaralhada, eu sabia que era ela! Um cara beijava seu pescoço e estava escondida naquele canto escuro, com os olhos fechados firmemente.
– Não, eu não quero! – Ela o empurrou e abriu os olhos, eu tive certeza que era ela e não pensei duas vezes antes de puxar aquele cara, e o jogar para o mais longe possível.
– Ela já disse que não, caralho! – Minha vontade era socá-lo com todas as minhas forças mas meu instinto me fez ir até primeiro, ela se apoiou em mim de tal forma que nós quase caímos, passei meus braços por sua cintura e tentei olhar em seus olhos. Seu olhar vago, seu corpo mole, e do nada ela me abraça forte, passando seus braços pela minha cintura e escondendo seu rosto em meu pescoço, eu ouvi ela começar a chorar muito, a abracei de volta e passei uma das mãos em seu cabelo, tentando acalmá-la. – Vai ficar tudo bem, ! Vem comigo – Ergui seu rosto e sequei algumas lágrimas, me ofereci como apoio para ela e nós saímos pelos fundos da casa.
Mandei uma mensagem para Lanna e avisei que nós iríamos pra casa dela, que eu ficaria com a por todo o tempo até ela chegar.
Mal chegamos a casa da Lanna, correu para o banheiro e não queria me deixar ajudar, fiquei do lado de fora até ela terminar seu banho frio, dei a ela um remédio que poderia ajudar a passar um pouco da ressaca e nós decidimos ficar na sala, como no dia do cinema, jogamos o colchão na sala e peguei algumas mantas, coloquei um filme qualquer na TV e nos primeiros cinco minutos tudo que se ouvia era apenas a fala dos personagens.
– Eu ia te ligar – A voz dela saiu rouca e baixa, e seus olhos voltaram a marejar – Mas eu não tive coragem....
– O que você queria me falar? Você pode me falar o que quiser , sou seu amigo!
– Eu queria falar com alguém sobre o Alex, ele terminou comigo hoje e.… – A voz dela embargada, suas mãos se enroscando no cobertor, ela enfrentando sua timidez para estar se expondo e eu só queria abraçá-la – Eu não sei o que fazer, ele era tudo que me restava, mas parece que eu não fui o suficiente.... – Ela caiu no choro, tão dolorido que eu não fazia ideia do que dizer para consolá-la, então fiz a única coisa que me veio à cabeça, puxei para mais perto, e a escondi em meu abraço sentindo ela chorar ainda mais quando fiz isso. Eu a aninhava como se aquilo pudesse tirar toda aquela dor e fazê-la voltar a sorrir.
, você é mais do que suficiente, você é incrível, nunca duvide disso! – Disse em seu ouvido e ela negou com a cabeça. – Você ainda vai ver o que nós vemos em você, chore o tanto que precisar mas saiba.... – Ergui seu rosto vermelho devido ao choro e a olhei no fundo dos olhos – Tudo vai ficar bem, ! Te prometo! – Me aproximei e beijei sua testa, a aninhando novamente em meu abraço.
Odiei ver daquela maneira, não gostei de vê-la duvidando de si mesma por causa de um cara que não se fazia presente, enquanto ela caia no sono deitada no meu ombro, eu jurei que cuidaria para que ninguém ferisse , ela merecia mais, e agora eu sabia que ela precisava ainda mais de nós.

Voltamos ao colégio, e Lanna se juntou a mim na missão de ajudar a superar, ela entrou de fato para o nosso círculo de amigos, com direito a levar bronca da mãe de Lanna junto com a gente e tudo. Aos poucos, ela ia cedendo um pouco mais de espaço, e era muito bom conhecê-la melhor.
– Cadê você, garoto? Nós estamos atrás de você por todo o colégio, e.... – Lanna me ligou no meio da manhã e eu pude ouvir uma risadinha ao fundo da ligação, que eu desconfiava saber de quem era.
– Nós, quem? – Minha voz saiu meio anasalada quase me fazendo rir no meio da ligação, eu odiava com todas as minhas forças ficar com gripe, e com a voz desse jeito.
– Eu e a , né! Que voz é essa?
– Eu tô podre…. – Nem consegui terminar a frase e acabei espirrando, ouvindo Lanna reclamar do outro lado da linha.
– Eca!
– Eu tenho prova na sexta, pode me passar a matéria....
– O.k! Passo aí deixar o caderno, não me faça ficar esmurrando a porta sem me atender – Ouvi novamente a mesma risada de antes e agora eu não tinha mais dúvida.
– Tá bom, mala! Diz pra vir junto! Até depois! – Eu sabia que Lanna começaria a me zoar então desliguei antes que aquilo acontecesse.

Algumas horas depois lá estavam os três, Lanna, e John me encarando na soleira da porta, só então eu percebi que eu estava realmente com febre, cheio de casacos, enrolado em um cobertor enquanto eles estavam apenas com camisetas, tranquilos e sem nenhuma gripe no corpo.
– E, aí cara?! Tá melhorando? – John me deu um tapinha no ombro, Lanna e me deram um beijinho rosto e se espalharam pela sala.
– Tô péssimo, mas vou dar um jeito – Fechei a porta e ouvi minha própria voz sair fanha.
– Sua mãe vai aparecer com uma injeção daquelas.... – Lanna me jogou uma almofada e eu dei o dedo do meio, sabendo que ela estava certa, era isso que acontecia por minha mãe ser enfermeira.
– Essas são as matérias que a gente conseguiu – John tirou um caderno da mochila e me entregou.
– Mas a professora de literatura quer atestado, mesmo assim – me entregou uma folha de um trabalho que nós tínhamos que fazer juntos e eu assenti, vendo ela me olhar preocupada. – Você tá bem, mesmo? – perguntou quando Lanna e John se afastaram indo direto pra cozinha.
– ‘Tô tomando muito remédio, então vou melhorar – Dei uma piscadinha pra ela que riu irônica assim que eu voltei a espirrar.
John voltou da cozinha comendo uma maçã, Lanna falando ao celular e tentando me explicar o que nós teríamos de fazer no trabalho da semana que vem.
– Tá tudo aí, ! Eu tenho que ir ajudar minha mãe, o.k?! – Lanna veio me dar um beijo no rosto e John também decidiu ir com ela, se despediu e pegou sua mochila.
, você vem? – Olhei pra ela e neguei com a cabeça, esperando que ela entendesse.
– Não, vou depois que terminar isso aqui! – ergueu nosso trabalho de literatura e os dois deram de ombros, saindo logo em seguida.

almoçou comigo e a tarde, depois de um tempo tentando fazer aquele bendito trabalho, nós decidimos fazer pipoca e assistir a um filme. reclamou de dor de cabeça e enquanto ela terminava de fazer a pipoca fui fuçar nos remédios da minha mãe e encontrei o remédio certo.
– Minha mãe provavelmente vai ficar furiosa comigo por ter bagunçado as coisas dela, mas acho que isso serve – Entreguei o remédio e me olhou de um jeito estranho, tomou o remédio e continuou a mexer na panela.
– Pelo menos, sua mãe se importa.... – deixou escapar, sua voz saiu tão baixinha que eu quase pensei que era coisa da minha cabeça.
– O que houve? – Me aproximei e perguntei baixinho, sem saber se ela queria mesmo falar sobre isso – Só se você quiser falar, né….
– Desde que eu voltei a morar com os meus pais, o que já era bem estranho, tá bem ruim…. – parou de mexer a panela e me olhou, em seus olhos eu via uma tristeza que eu nunca tinha visto antes, ou que talvez ela escondesse muito bem.
– Você morava com quem antes?
– Eu morava em um colégio interno e os finais de semana eu ficava com os meus avós – Nessa hora parecia estar perdida em pensamentos e seus olhos se encheram de lágrimas de repente, quando me dei conta já estava mais perto dela, secando seu rosto enquanto ela sorria sem graça. – Desculpa.... – Ela secou o rosto e olhou para cima como se estivesse se obrigando a parar de sentir seja lá o que fosse.
– Você não precisa pedir desculpa, na realidade, eu queria saber como foi a festa dos seus avós, você nunca me contou.... – Tentei puxar um assunto um pouco mais leve e acho que funcionou porque começou a sorrir antes de me olhar desconfiada e responder.
– Foi ótima, meu avô amou o desenho que eu fiz pra ele e eu pude aproveitar mais um final de semana com eles! – Ela me entregou uma bacia com pipoca e pegou outra pra si.
– Falando em desenho…. – Nós nos sentamos de volta no sofá e fez uma careta, já imaginando o que eu ia falar – Você não pretende participar do concurso cultural do colégio? É um bom prêmio e acho que você deve ter vários desenhos pra mostrar – Ela apenas negou com a cabeça ficando levemente envergonhada.
– Eu nunca mostrei meus desenhos pra ninguém! Na realidade, faz muito, muito tempo que eu não desenho nada – disse bem baixinho e eu a olhei boquiaberto.
– Como assim? Você tem talento de sobra – Joguei uma pipoca nela que riu e deu de ombros – , é sério, volta a desenhar.... – Peguei na mão dela que primeiro ficou olhando para as nossas mãos e depois olhou nos meus olhos.
– Vou tentar!
– Essa é a minha garota! – Ri e joguei outra pipoca nela que me olhou levemente indignada, ficamos mais de meia hora decidindo que filme nós iriamos ver, pegou algum besteirol qualquer e depois de tomar o remédio de gripe, eu simplesmente capotei, acordei no início da noite com minha mãe me chacoalhando e dizendo que a sala estava uma bagunça.
Olhei ao redor, e a única coisa que encontrei foi um bilhete de :
"Foi uma ótima tarde, mesmo você babando no sofá todo o tempo.
Melhoras!
Até mais, "
E o mais impressionante era ela ter feito uma mini caricatura minha, babando no sofá, mesmo ela me zoando, aquele desenho tão pequeno já era um bom começo.

No dia seguinte, aproveitei que já estava muito melhor da gripe e chamei pra terminar nosso trabalho de literatura, assim que abri a porta eu percebi que algo estava errado.
– Hey, olha quem veio! Tudo bem? – Não consegui disfarçar totalmente minha preocupação, os olhos dela estavam levemente vermelhos e seu sorriso, mesmo ela tentando disfarçá-lo, estava triste.
– Tudo, tudo bem – disse baixo e mais parecia uma autoafirmação do que de fato uma resposta para mim – E você? Tá melhor mesmo?
– ‘Tô uns 80%, vem cá – Pisquei e a puxei comigo até o sofá – Pra melhorar mais, você podia me contar o porquê desse olho vermelho.... O que houve? Posso te ajudar em alguma coisa, ?
– A não ser que você possa reconstruir aquela bagunça de família, infelizmente você não pode fazer nada – Pela mágoa em sua voz eu sabia que era algo mais sério, que a machucava de verdade, e eu só queria que ela ficasse bem.
– Nem te ouvir…. – Falei mais baixo e me olhou tão profundamente, me senti congelar no lugar, sabendo que aquilo não era algo que fazia com frequência, sabendo que se ela se abrisse, era uma prova importante de confiança.
– Você sempre faz isso – sorriu triste e eu me aproximei, achando impossível ficar longe – E me dá até medo de acreditar….
– Acreditar em mim? – Perguntei sério, quase indignado.
– Acreditar que você se importa, !
, eu me importo com você, não tenha dúvidas disso – Me virei de frente para ela e disse baixo, sabendo que ela podia me ouvir perfeitamente: “Me importo até demais!”.
ficou me olhando por infinitos segundos e eu só queria saber o que se passava pela sua mente, será que ela conseguia entender que eu não falava da boca pra fora, que eu realmente queria saber se estava bem ou não, que não dava mais pra não pensar nela com a gente, era única e tão especial. Quando me dei conta, nós dois já nos aproximávamos ainda mais, tinha um olhar tão intenso, tão verdadeiro que quando eu toquei seu rosto tive certeza que ela sabia de cada um dos meus pensamentos, ela sabia o quanto eu queria aquilo, e eu sentia o quanto ela também queria.
Coloquei uma das mãos em sua nuca e a trouxe para perto, juntando nossas bocas, sentindo um arrepio assim que nossas línguas se tocaram, me puxava pela camiseta, nosso beijo continuou intenso, nenhum dos dois parecia querer parar, nenhum dos dois fez questão até que estivéssemos quase sem fôlego, fui parando o beijo e distribui alguns beijinhos pelo rosto de que riu e escondeu o rosto na curva do meu pescoço, me deixando abraçá-la e a manter por perto.
Não sabia exatamente porque aquele sentimento de proteção se apossou de mim, mas durante todo nosso dia juntos eu só queria fazer com que se sentisse confortável ao meu lado, sem nenhuma cobrança, apenas aproveitar enquanto assim ela quisesse.
Estava abraçado a no sofá, terminando de assistir a um programa qualquer na TV quando ainda naquela posição, ela começou a falar sobre sua família, se virou levemente para me olhar e começou:
– Meus pais não gostam de arte, nunca gostaram, mas quando eles me matricularam na minha antiga escola, a casa mais perto era a dos meus avós, e nossos finais de semana eram baseados em desenhar. Meu avô me ensinou a amar isso, e a tentar mostrar o que eu sinto através dos meus desenhos…..
tinha um sorriso singelo no rosto, me olhou, respirou fundo e continuou a me contar um pouco mais sobre sua vida.
– Nos mudamos por causa dos negócios, eu vim pra Carolina do Norte no pacote porque era conveniente que eu saísse de lá, e pelo novo colégio ser “melhor”. Mas tudo só tem piorado de lá pra cá, e não tem nada que eu quisesse mais do que ter meus avós por perto.
Senti se encolher nos meus braços e apertei mais meu abraço, ela deitou sua cabeça em meu ombro e continuou, pelo seu tom de voz dava para sentir que aquela era a parte realmente mais complicada.
– Eu não consigo…. Nossas conversas são apenas para discutir, eu evito em mil por cento qualquer conflito porque já não faz sentido, sabe….
Beijei o topo de sua cabeça e suspirou antes de finalizar com o que me parecia ser o que mais doía nela.
“Mas de qualquer forma, eles não se importam mesmo!”.

, você quer jantar? – Abri a porta do meu quarto e me deparei com deitada, vestindo meu moletom e dormindo tão tranquilamente que fiquei com dó de acordá-la, a cobri e quando estava saindo do quarto eu a ouvi falar meu nome, bem baixinho. Me aproximei e percebi que estava sonhando, com seu semblante calmo, tão em paz, eu a deixei descansar.

Mais tarde voltei ao quarto e me deitei ao seu lado, no dia seguinte eu voltaria para a escola junto de , então eu precisava dormir, mas não conseguia me desligar de tudo que me contou a tarde, de como ela sofria pela maneira como seus pais a tratavam, como ela se sentia sozinha sem seus avós por perto e como sem perceber, eu gostava muito mais dela por saber que mesmo com tudo isso, não se deixou endurecer, ela era doce. Simplesmente por ser.
Passei a ponta dos dedos sobre sua testa, na esperança de desfazer aquela ruguinha de preocupação, talvez ela estivesse tendo um pesadelo ou algo assim, mas acabou acordando, me olhou devagar enquanto eu me virava para ficar de frente para ela.
– Acho que eu devia ir pra casa.... – Ela sussurrou e eu balancei a cabeça negando.
– Tenho certeza que você deveria ficar aqui mesmo! – Apertei de leve a ponta de seu nariz e sorriu e ficou me olhando.
– Não deveria te falar isso, mas sempre que eu penso em você antes de dormir eu durmo melhor. As poucas vezes em que eu realmente consegui dormir, foram perto de você – confessou com a voz ainda rouca de sono, quase como se ainda estivesse sonolenta.
– Por que não deveria? – Me aproximei mais dela e passei minhas mãos por sua cintura vendo sorrir sem graça.
– Pra você não ficar se achando.... – Fiz cócegas nela que começou a rir tentando me afastar, quando paramos me olhava de uma maneira indecifrável, cheia de tristeza em seu olhar, ela disse muito, muito baixo – Eu não tenho muito a oferecer , é quase nada.
– Shhhh.... – Eu a puxei para mim e senti me abraçar apertado – , você É muita coisa sim, e eu vou te lembrar disso quantas vezes forem necessárias – Beijei o topo de sua cabeça e o quarto caiu em um silêncio profundo, eu senti a respiração de em meu pescoço, senti ela relaxando aos poucos e voltar a dormir como antes, como se agora estivesse tudo bem.

Fui acordado pela minha mãe me chacoalhando com muita força, me olhando tão de perto que eu quase bati minha cabeça na dela na hora de sentar na cama, sem entender nada, e sem encontrar por ali.
! O que é isto? – Minha mãe segurava um vidro de remédio quase vazio e me olhava muito brava e preocupada, me deixando confuso.
– O que aconteceu? Cadê a ? – Cocei meus olhos e minha mãe sentou na cama, me olhando minuciosamente.
– Que remédio é esse? Você não está tomando essas coisas? Está? – Olhei pro rosto da minha mãe e só vi preocupação ali, pedi pra ver o vidro e não gostei de entender do que se tratava, eram calmantes muito fortes, controlados e que estavam em posse de , aquele ali era o nome da mãe dela no vidro.
– Não! É da mãe da minha amiga, eu não sabia que isso estava aqui....
.... – Minha mãe me olhou nos olhos antes de me deixar ficar com o vidro de remédio e dizer – Eu confio em você, não me decepcione.

Perguntei novamente sobre e minha mãe me disse que ela levantou muito cedo, falou com alguém no telefone e saiu quase fugida daqui, sem deixar nenhum recado. O que só fez aumentar minha preocupação por saber que talvez ela estivesse brigando com os pais naquele exato momento. Levei aquele bendito vidro comigo pra escola, precisava falar com mais do nunca, precisava tirar aquela sombra que estava me perseguindo desde quando eu levantei, eu precisava saber que ela estava bem.
Assim que cheguei ao colégio comecei a procurar por ou até mesmo Lanna mas não vi nenhuma das duas, a sensação estranha não passava e quando fui surpreendido por Michelle me abraçado pelas costas por um segundo eu pensei que fosse , e eu desejava que realmente fosse ela ali.
– Quanto tempo, ! Tá melhor, gatinho?! – Michelle sorria e passava a mão pelos meus ombros, tentando causar qualquer sensação prazerosa mas sem nenhum sucesso, eu estava preocupado demais pra me importar.
– Oi, Michelle! ‘Tô bem melhor, você por acaso viu a Lanna? Ou a ?
Michelle revirou os olhos e se aproximou ainda mais de mim, me deixando encurralado entre ela e a parede.
– Não vi, nem quero ver.... Aquelas duas sem graças! – A encarei sério e ela sorriu como se não fosse nada demais, Olhei ao nosso redor na esperança de ver alguma das duas e só então me dei conta que Michelle estava muito perto, segurei seus braços antes que ela me abraçasse pelos ombros – Podemos nos encontrar no intervalo? Pra matar a saudade – Ela sussurrou em meu ouvido e eu vi Lanna me fuzilando com os olhos no fim do corredor.
– Não vai dar! – Me afastei deixando uma Michelle furiosa pra trás e fui em direção a uma Lanna ainda mais brava, querendo me matar antes mesmo que eu chegasse até ela.
! Seu idiota! – Lanna me deu um tapa no braço assim que parei na sua frente, de braços cruzados ela me encarava.
– Cadê a ? Eu preciso falar com ela!
– Você fica com ela, a menina vem se arrastando pra escola porque quer te encontrar e quando chega dá de cara com você e com aquela sua peguete! Olha, francamente!
, está aqui? – Tentei achá-la no meio dos alunos mas não vi ninguém – Espera.... Por que se arrastando? – Parei o monólogo que Lanna fazia sobre mim e a fiz se concentrar na minha pergunta.
– Sinceramente eu não sei, mas a cara dela não era das melhores, tentei fazer ela conversar comigo mas não rolou, a única coisa que ela me disse foi que vocês ficaram e ela precisava conversar com você!
– Lanna, pra onde ela foi?
– Ela saiu daqui como um furacão, e duvido muito que tenha sido pra aula....
Me sentia o mais idiota de todos por fazer exatamente o que mais temia, por deixá-la pensando que eu só estava brincando com ela, não era isso, nunca foi só isso. – Tá bom, o que eu perdi? Porque você está uma pilha de nervos, cacete! – Só então me toquei das mãos de Lanna em meus ombros e o quanto eu estava tenso.
– Você sabe onde a mora?
– Sei!
– Então vamos, no caminho eu te explico!

Saímos do colégio pelos fundos e eu fui explicando tudo que eu sabia sobre , desde as constantes brigas com seus pais, o fato de estar separada dos avós, o fim de seu namoro, não poder desenhar e até mesmo a nossa amizade com ela. Foi o mundo que eu pude conhecer nos últimos dias e agora, eu simplesmente não podia deixá-la sozinha. Não até ter certeza que estava bem.
– E o que mais me preocupa é o fato dela ter esse comprimido em casa.... – Joguei o vidro de remédio no colo de Lanna que leu o nome, e pesquisou na internet a bula daquele negócio, só então entendeu o porquê de tudo aquilo.
– Ai meu Deus, ! Corre!
Lanna ligou para , mas não teve resposta, quando chegamos a casa parecia não ter ninguém ali, mas, ainda assim, eu queria conferir se ela não estava em casa, Lanna sabia que a porta dos fundos nunca era devidamente trancada e nós entramos por ali, tudo muito quieto, uma casa muito silenciosa.
, não tem ninguém....
– Shhhh...– No andar de cima eu ouvi um som muito baixinho, era música, e quanto mais eu chegava perto e o aperto no meu peito aumentava eu tinha certeza que aquele era o quarto de .
Eu mal via os degraus da escada, minhas mãos estavam geladas e eu apenas me lançava até aquela bendita porta. Trancada.
1ª batida – , abre a porta!
2ª batida – Pelo amor de Deus, abre essa porta!
3ª batida, escutei um barulho muito fraco lá dentro e percebi que Lanna já estava ao meu lado, dei dois passos pra trás e usei toda a minha força pra arrombar a porta, meu coração vacila e aperta ao vê-la ali, caída e pálida.
Corri até ela e a peguei em meus braços, pulso fraco, inconsciente e um vidro de remédio ao seu lado, vazio. Porra! Não, não, não e não! Isso não podia acontecer!
– CHAMA A AMBULÂNCIA! Corre Lanna! – Minha voz falhou, as lágrimas queriam fugir mas eu não ia deixar, eu não perderia . Não dessa maneira.
– Fica comigo! , eu preciso de você! – Colei minha boca em seu ouvido e não conseguia dizer outra coisa, ou não conseguia pensar em mais nada a não ser mantê-la comigo, viva. – Fica.... Por favor!!! – Tudo doía, meu coração parecia ter desaprendido a bater direito, minhas mãos suavam, e eu queria chorar muito mas só o fiz quando Lanna trouxe até mim um bilhete, tão simples e doloroso que arrancou todas as lágrimas que eu segurava.

"Desculpem, mamãe e papai, mas desta vez eu não serei perfeita!
Eu não vou a lugar nenhum, eu não quero mais tentar e simplesmente não conseguir....
Com Amor
"

Eu ouvia o barulho das sirenes e meu coração voltou a ficar ansioso, eles precisavam salvá-la, eles precisavam levá-la para um hospital rápido.
A levaram ao hospital mas eu ainda não conseguia respirar direito, eu ainda sentia um medo descomunal sobre mim, eu sabia que precisava saber que ela ficaria bem pra ficar bem também.
.... – Estava com o olhar vidrado no chão do hospital, pensando em quanto eu era imbecil por ter deixado tanto tempo passar, por não ter estado mais presente por ela, Lanna juntou sua mão a minha e só então eu percebi que algumas lágrimas escaparam dos meus olhos, as sequei rapidamente e Lanna me olhou cheia de compaixão. – Eles disseram que ela vai ficar bem, nós a ajudamos muito por termos sido rápidos....
– Eu….
– Encontrei isso no quarto dela hoje mais cedo, acho que você sabe quem é esse carinha – Lanna me deu um beijo no rosto e me entregou uma folha dobrada se afastando logo em seguida, abri e me vi ali, desenhado perfeitamente, como o primeiro desenho de que eu vi na vida, ela me desenhou enquanto eu dormia no dia em que ficou até mais tarde me fazendo companhia quando eu fiquei doente. voltou a desenhar, e eu estava ali, visto pelos seus olhos tão carinhosos, no canto da folha ela escreveu ‘My Home’ e desenhou um coração ao lado, e eu comecei a entendê-la ainda mais naquele momento.
Quando finalmente liberaram minha entrada para ver , tive de segurar as lágrimas antes de entrar no quarto, quando finalmente a vi, meu coração parecia que sairia dançando no meu peito, ela parecia dormir, me aproximei e peguei em sua mão, sentir ela apertando minha mão de volta trouxe o alívio que eu precisava, só assim eu podia acreditar.
– Eu fiquei com tanto…. – Minha voz falhou e só naquele momento eu senti o seu olhar sobre mim – Tanto medo de perder você, !
– Eu não estava aguentando mais, ! Eles queriam me mandar de volta, e eu não conseguia mais fazer parar de doer…. – Ela soluçava e seu choro doía em mim, eu não queria vê-la sofrer daquela maneira, eu só queria fazê-la ficar bem – Eu cansei de tentar, só doía, nada melhorava, nem mesmo os remédios da minha mãe faziam efeito, eu não conseguia mais nem dormir….
Deixei ela chorar por vários minutos, a abracei e senti ela se escondendo em meus braços, quando se acalmou, parecia que tinha percebido algo e se afastou um pouco para me olhar constrangida e envergonhada, balancei minha cabeça reprovando qualquer pensamento daquele tipo.
Beijei sua testa, as mãos que eu segurava e por fim, cheguei mais perto e lhe dei um selinho, vendo fechar os olhos assim como eu, fiquei ali por alguns segundos, deixei minha testa colada a dela e sentindo que meu medo ia se transformando em lágrimas, com toda a força que juntei para tentar falar, eu disse: “Não faz mais isso comigo não….”.
me encarava séria, como se estivesse tentando saber se tudo aquilo era verdade mesmo, e naquele momento eu decidi ser o mais sincero possível, não podia, nem queria guardar nada daquilo para mim.
, você não tem noção do quanto eu me importo contigo, o quanto tentar imaginar minha vida sem você só me mostrou o quão sem graça seria, e o quanto eu não quero isso pra mim de maneira nenhuma, só precisa se lembrar que eu estarei aqui pra você em todas as situações, pra te lembrar de todas as coisas incríveis que você é capaz..…
Os olhos dela já transbordavam as lágrimas que ela vinha tentando segurar, entrelacei nossas mãos e sorri para , me aproximando e distribuindo vários beijos pelo seu rosto até ela rir levemente.
– Sei que esperou um tempão mas agora não pense que será fácil se livrar de nós…. – me olhou de lado e eu ri chegando ainda mais perto – Principalmente de mim!
Eu só precisava que ela soubesse disso, eu estava ali para ela e sempre estaria, enquanto ela me quisesse ao seu lado.




Fim.



Nota da autora: Oiee, tudo bem?!
Nem acredito que consegui fazer essa fic, estava morrendo de medo mas espero que vocês tenham gostado, de verdade. Tentei dar o meu máximo, sempre quis fazer um ficstape do McFly e tô super ansiosa pra saber o que vocês acharam da história! Se puderem, comentem ;D Vou amar saber a opinião de vocês!
Qualquer coisa, tô sempre por aqui: @just_aliine
Miiil Beijooos, até a próxima!





Outras Fanfics:

Better With You – One Direction/Finalizada
07. This – Ficstape Ed Sheeran/Finalizada
06. Risk It All – Ficstape The Vamps/Finalizada
Um Ser Só – Luan Santana/Finalizada
21. Home To Mama – Ficstape Justin Bieber/Finalizada
07. Happier – Ficstape Ed Sheeran/Finalizada
12. Quisiera Ser – Ficstape RBD/Finalizada
12. O Que Eu Tava Falando – Ficstape Jorge e Mateus/Finalizada
Tudo Que Você Quiser – Luan Santana/Em Andamento

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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