Aquele parecia o mais perfeito cenário de todo o mundo. As flores traziam um aroma especial; as velas criavam um clima romântico e acolhedor, a música trazia a melodia necessária para que tudo fosse o mais perfeito possível. Mas nada era mais encantador e majestoso do que a mulher ao meu lado. A minha mulher. Aquela que eu tinha recebido o prazer de chamar de esposa há, aproximadamente, quarenta minutos. Ela sorria como se aquele fosse o dia mais feliz de toda a sua vida. Talvez fosse, eu não posso afirmar, mas o meu era, com toda a certeza. Ela era a minha visão do paraíso naquele instante. Era como um verdadeiro anjo, flutuando pelo salão, com aquele vestido esvoaçante ganhando formas conforme ela andava, cumprimentando os convidados. Seus olhos se viraram em minha direção, seus lábios se repuxaram num sorriso gigantesco e eu pensei comigo mesmo que aquela poderia ser, facilmente, a imagem mais linda que eu já tinha visto na vida.
“You look so wonderful in your dress
I love your hair like that
The way it falls on the side of your neck
Down your shoulders and back”
Minha mão tremia um pouco e era possível que a minha voz saísse embargada, mas, ainda assim, peguei o microfone para dizer algumas palavras. Parei em sua frente e ela deu uma rápida piscadela, como se me encorajasse. Chamei a atenção de todos e a música passou a soar bem baixinho pelo salão.
- Queria agradecer a presença de todos em meu nome e em nome da minha esposa. Ainda é estranho dizer isso, estranho e maravilhoso. Às vezes eu sinto como se eu estivesse me preparado para esse momento por toda a minha vida, como se eu soubesse que o meu destino era ser seu marido, até mesmo antes de te conhecer, porque não consigo imaginar que seja possível amar tanto assim uma pessoa. – falei e ela estendeu uma de suas mãos, mordendo o lábio inferior, como faz quando quer segurar o choro. Aceitei seu convite e segurei a sua mão sem hesitar, da mesma forma que fiz na primeira vez que a vi. – Acho que eu sabia o que o futuro me reservava quando segurei sua mão no corredor da faculdade, mesmo sem nunca ter te visto na vida. E não sei se eu já tinha te falado, mas eu senti como se o meu coração tivesse dado uma cambalhota dentro do meu peito. Talvez fossem aquelas famosas borboletas. Ou não, tanto faz. O que importa é que eu sabia, sempre soube que era você.
Eu estava parado no corredor da faculdade. Era meu primeiro dia de aula e eu estava completamente perdido. Tentava encontrar a secretaria, mas era meio em vão, já que eu não achava nenhuma informação e também não tinha ninguém pelos corredores para que eu perguntasse, o que era estranho. Onde estava todo mundo? Um pouco mais ao fundo, enxerguei uma pessoa correndo, quase que desesperadamente. Quando ela se aproximou, vi que era uma menina e que ela não aparentava estar com medo ou algo assim, ela estava até mesmo sorrindo. Parando na minha frente, ainda sem fôlego, seu sorriso aumentou e ela estendeu a mão na minha direção, como um convite:
- Vem comigo.
Nos cinco segundos que sucederam seu gesto, eu não consegui pensar em nada, apenas segurei sua mão e senti que ela me puxou, continuando sua corrida enlouquecida. Não fazia ideia para onde ela estava me levando, nem sabia o nome dela, mas depois que ela entrelaçou nossos dedos enquanto corríamos, eu cheguei à conclusão que nada disso importava. Eu estava absurdamente encantado por uma menina que não conhecia, mas que tinha um belo sorriso. Talvez fosse um bom começo.
“We are surrounded by all of these lies
And people who talk too much
You've got that kind of look in your eyes
As if no one knows anything but us”
“Agradeço todos os dias por ter segurado sua mão naquele momento, mesmo que tenha significado entrar na pior brincadeira que já participei. Tudo bem que era um dos trotes da faculdade, mas eu nunca mais consegui beber suco de melão e você sabe como eu gosto de melão”. – continuei, vendo-a balançar a cabeça, negando, como se quisesse desmentir o fato de que sempre foi e sempre será uma pessoa altamente impulsiva, algo que eu realmente admiro nela. – Você é uma pessoa incrível, meu amor. Incrivelmente louca, espirituosa e desprendida, nunca se deixou ser reprimida por nenhum tipo de medo, sempre encarou todas as questões de frente, desde aquelas duras e complexas, como mudar de curso na faculdade quando faltavam poucos semestres para concluir a anterior, ou tomar a iniciativa de expor os seus sentimentos. Faz com que tudo pareça fácil, leve. Como se viver fosse simples como respirar e que não precisássemos de nada mais do que isso. É como você sempre diz:
- Os sentimentos foram feitos para serem livres, pra que eu os guardarei dentro de mim? – ela perguntou, deixando a cabeça tombar para o lado, enquanto me encarava com aqueles grandes, belos e expressivos olhos azuis. Era como um mar, gigante e profundo. Eu poderia mergulhar neles e viver para sempre nela, junto a ela, por mais bobo e infantil que pudesse parecer. – Então eu te digo duas coisas. – ela continuou, chamando minha atenção. – Primeiro: caso tenha algo para me falar, fale logo, não espere o tempo passar, porque quando você piscar os olhos, tudo pode ter mudado. – ela deu uma pausa, pegando um pouco do sorvete e fazendo uma careta de felicidade, enquanto sentia o sabor do mesmo se espalhar pela sua boca. – E segundo: eu te amo. – falou, como se fosse a coisa mais simples, fácil e certa do mundo. Fiquei petrificado, sem reação, sem saber o que falar. Ela continuava lá, me encarando e sorrindo, como se não tivesse nenhuma preocupação no mundo. Seus olhos brilhavam e eu sentia como se estivesse sendo puxado para eles, puxado pela maré do oceano dos seus olhos. E eu não tinha mais escapatória, estava preso, encharcado, me afogando nela. Se essa fosse a minha morte, seria a mais bela.
“You look so beautiful in this light
Your silhouette over me
The way it brings out the blue in your eyes
Is the tenerife sea”
“Por isso quero que você saiba que eu já te amava muito antes daquele dia. Muito antes daquela tarde de sol. Muito antes daquele sorvete de flocos derretido. Eu te amei no primeiro dia, depois do primeiro toque e mais ainda depois do primeiro beijo. E, novamente, prometo te amar até o fim dos meus dias.” – Vi que seus olhos se encheram de lágrimas e que ela mordeu o lábio inferior, tentando controlar o choro que parecia iminente. – E se me permite repetir o gesto que deu início a tudo isso... – falei, oferecendo minha mão para que ela pegasse. Seus dedos finos tocaram a palma, fazendo um pequeno carinho antes de se entrelaçarem aos meus. Levei sua mão perto de meus lábios, depositando dois beijos: um em sua mão e outro na fina aliança que ela agora carregava em seu dedo. Puxando-a para perto, encostei meus lábios em sua testa e a guiei para o meio da pista de dança.
Girando seu corpo, fiz com que ela ficasse de frente para mim, deixando nossos corpos juntos. Seus olhos ficaram presos aos meus e eu rezei a Deus para que eles nunca perdessem aquele brilho. A luz do ambiente fazia com que eles brilhassem mais do que o normal, talvez fossem as lágrimas, a emoção ou fosse apenas uma reação a minha presença. Eu gostaria muito que fosse a última opção, porque queria muito que aqueles olhos brilhassem daquela forma apenas para e por mim. Um pouco egoísta, eu sei. Um pouco egoísta e muito apaixonado. E mais uma vez, como tantas outras antes, fui puxado para dentro da correnteza dos seus olhos azuis, meu oceano, minha imensidão particular. Minha menina que olhava de uma forma que eu me sentia a pessoa mais sortuda do mundo inteiro, tudo isso apenas por tê-la em minha vida e por ter o prazer de lhe chamar de minha. Às vezes acho que todo esse sentimento que me engole por inteiro vai me levar a loucura. Mas a loucura de amor não é a melhor que existe?
“And all of the voices surrounding us here
They just fade out as you take a breath
Just say the word and I will disappear
Into the wilderness”
Enquanto tinha seu corpo junto ao meu, senti como se tudo ao nosso redor desaparecesse. Estávamos só nós dois naquela pista de dança, naquele salão ou até mesmo no mundo. Sua cabeça agora descansava em meu peito, junto ao meu coração. Torci para que ela o ouvisse descompassado, mesmo com o barulho da música. Essa era minha reação a sua presença e nunca mudou. Era como se eu me apaixonasse todos os dias pela mesma mulher. O mesmo acelerar do coração, o mesmo suor nas mãos, a mesma sensação de desconhecido e o anseio pelas novas descobertas. Todo dia ela era uma nova pessoa. Todo dia eu me via completamente apaixonado mais uma vez. Enlouquecidamente apaixonado. Enquanto a música parecia acabar, ela levantou os olhos e me encarou mais uma vez. Enxerguei seu olhar como um farol, iluminando tudo e todos, mostrando o meu caminho até em casa.
Nós estávamos deitados na grama, nos fundos da casa dela. A noite estava quente e o céu limpo, tornando possível que nós enxergássemos a quantidade de estrelas que nossos olhos permitissem. O silêncio perdurava, mas não parecíamos nos importar com isso. Nossas mãos estavam entrelaçadas e ela utilizava a mão livre para contar quantas estrelas conseguia enxergar. E já tinha perdido as contas umas dez vezes, mas ela não ligava, apenas começava tudo de novo. Virei o corpo, ficando de frente para ela e passei a observá-la, tão fascinado quanto ela se mostrava ao olhar as estrelas. Seria muito clichê se eu lhe dissesse que ela era a minha estrela. A mais linda e brilhante da minha constelação? Percebendo que eu estava a encará-la, repetiu o gesto e passou a me olhar, da mesma forma que observava as estrelas um pouco antes.
“Lumière, darling
Lumière over me”
- Cansou das estrelas? – perguntou, virando o corpo para que ficássemos frente a frente.
- Encontrei algo melhor para admirar. – pisquei um olho e ela fechou os seus, balançando a cabeça.
- Bobo. – murmurou, suspirando fundo em seguida.
- Sabia que eu nunca tinha sido tão feliz desde que aceitei segurar sua mão, seis anos atrás? – seus lábios se repuxaram num sorriso e seu rosto ficou um pouco mais vermelho que o normal. – Por isso eu tenho duas coisas para falar. – imitei o que ela tinha me dito há muito tempo. – Primeiro: após observar as estrelas e depois olhar para você, tive a certeza que você brilha mais do que todas elas juntas. E melhor, você está aqui perto de mim e não a anos luz de distância. Está aqui, brilhando mais que tudo e iluminando a minha vida, sem nem se esforçar para isso. – parei, respirando fundo e pegando algo em meu bolso. Um presente que eu havia comprado há um tempo e estava esperando o momento certo para lhe dar. – E segundo: quer se casar comigo e iluminar a minha vida para sempre?
- Eu te amo. – seus lábios se moveram, sem que nenhum som fosse emitido. Como se essa confissão fosse um segredo que devesse ser mantido a sete chaves. Seu rosto se aproximou do seu e um beijo suave se iniciou. Segurei seu corpo perto do meu de forma que se eu pudesse, não a deixaria mais sair. A música acabou, mas eu a mantive perto de mim, próxima ao meu coração. Lugar onde ela pertencia e sempre estaria. Eu não precisava de muita coisa no mundo para ser feliz. Eu só precisava dela.
“Should this be the last thing I see
I want you to know it's enough for me
'Cause all that you are is all that I'll ever need
I'm so in love, so in love
So in love, so in love”
Fim
Nota da autora: Fanfic dedicada à primeira Miss Linda de Doer do meu grupo. Pra você, Lê, minha leitora linda e maravilhosa. Tumblr ||@_thaat || ask.fm || Fics da That
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