CAPÍTULO: [Único]









Capítulo Único


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- Isso não vai dar certo! – Falava em voz alta enquanto percorria a casa atrás do . – , cadê você? Tinha que sumir logo agora?
- Mãe, o que tá acontecendo? – Sophie perguntou.
- Cadê o seu pai, Soph? – Perguntei sem realmente esperar pela resposta. Tinham tantas pessoas passando por mim que se não aparecesse nos próximos 15 segundos, eu iria explodir!
Continuei andando em busca do meu querido marido.
7... 8... 9...
Onde ele se enfiou?
12... 13... 14...
- Chamou, carinho?
- Onde você se meteu? – Choraminguei enquanto me jogava em seus braços. Afundei meu rosto em seu pescoço e apertei meus braços ao redor da sua cintura.
- O que tá acontecendo? Conta pra mim. – Ele disse de maneira tranquila, a única pessoa que realmente sabe o que dizer e como dizer nesses momentos.
- Tá tudo errado! – Eu sei que estava parecendo uma criança chorando porque tiraram o doce da sua boca, mas eu estava em uma crise de meia-idade, dá licença.
- O que tá errado? – O filho da mãe riu.
- Para de rir. – Pedi, manhosa. – Colocaram azeitona na comida! E eu fui bem clara que queria isso bem longe dessa casa, ! Também trouxeram as flores erradas, os gêmeos estão brigando e... – suspirei. – Meu vestido não está pronto! – me apertou mais em seus braços.
- Pai, a mamãe tá bem? – Haley perguntou enquanto passava apressadamente com um vaso, com flores, nas mãos.
- Ela vai ficar. – disse tranquilamente, como se o mundo não estivesse desabando. Suspirei e ele me levou em direção ao nosso quarto.
Nos deitamos em nossa cama e me abraçou forte quando apoiei minha cabeça sobre seu peito.
- Carinho. – Ele disse após algum tempo. – Nós ainda temos tempo. Falta uma semana para a renovação dos nossos votos.
- Mas...
- Fica calma, ok? Eu vou dar um jeito em tudo. – Levantei minha cabeça para encará-lo.
- Sem azeitonas? – gargalhou.
- Juro que vou tirar todas dessa casa. Mas agora vamos por partes. – Ele pegou seu celular no bolso. Buscou algum número na sua agenda e em poucos segundos já estava conversando com alguém da floricultura. – Minha esposa foi bem específica. Ela quer tulipas vermelhas, se essas flores não chegarem aqui até o fim da tarde, eu vou procurar um lugar que consiga. Ah, e não deixem de levar as outras daqui, por favor. Tenham um bom dia!
- Você é o melhor. – Beijei seu peito e me aconcheguei ainda mais a ele. beijou minha testa.
- Vamos atrás dos gêmeos.
Descemos de mãos dadas atrás dos gêmeos brigões. Os dois estavam na sala de jogos, discutindo mais uma vez por causa de algum jogo.
- Brian e Anthony. – Bastou dizer seus nomes que ambos pararam de falar na mesma hora. – Vocês não notaram que a mãe de vocês está estressada com a organização da festa? Será que podem fazer o favor de cooperarem? Se eu ouvir qualquer farpa entre vocês, não entrarão nessa sala até essa festa passar. Fui claro? – Os gêmeos se entreolharam e vieram em nossa direção.
- Desculpa, mamãe. – Disseram juntos. Os abracei fortemente.
- Vamos manter a paz, tudo bem? Esse monte de gente tá me deixando louca! – Brian chegou perto de e sussurrou:
- Foram as azeitonas, certo? – apenas assentiu, rindo.
- Eu ouvi isso. – Disse e revirei os olhos.
- Calma, mamãe. Vai ficar tudo bem! Sei que esse seu lado escritora, que gosta de ficar no silêncio e na paz, está sendo atacado, mas logo, logo acaba! – Tony me abraçou mais apertado e saiu com seu irmão, como se nada tivesse acontecido. Dei de ombros e seguimos para a cozinha.
- Gerrard, meu chefe preferido. O que eu falei sobre as azeitonas, amigo? A moça aqui chora só de ouvir falar!
- ! – Ralhei com , que pareceu nem me ouvir. Bufei.
- Mas, senhor , elas dão todo um sabor...
- Eu te entendo, Gerrard, mas elas estão fora de todo e qualquer prato. Na verdade, fora de toda essa casa. – disse e piscou para mim. – Estamos entendidos? Faremos uma outra prova da comida mais tarde. Sem azeitonas. Tudo bem? – Com pesar, o chefe balançou a cabeça, assentindo. Revirei meus olhos mais uma vez, não sei a graça que as pessoas veem nelas.
- Sinto muito interferir nos seus pratos, mas...
- Eu entendi, senhora . Eu que peço desculpas.
- Ótimo! Agora que resolvemos aqui, vamos até o ateliê.
- Já disse que te amo hoje? – riu e me deu um breve selinho.
- Não, mas posso cobrar isso mais tarde. – Piscou e seguimos em direção ao seu carro.
Com uma música qualquer ao fundo, e eu seguimos em direção ao ateliê onde meu vestido já deveria estar pronto. Toda essa agitação estava me deixando ainda mais nervosa para a festa. Nós estávamos completando Bodas de Pérola, 30 anos de casados, mas ainda conseguia ouvir meus pais dizendo que era loucura eu casar com 19 anos.

- Mas, filha, vocês são tão jovens. Pra que apressar as coisas?
- , você tá grávida? – Meu pai logo gritou, desesperado com a possibilidade.
- Não, claro que não! Eu não estou entendendo vocês, sério. Nós namoramos faz três anos já, o que tem de errado em querermos constituir uma família logo? O que são números perante o amor que sinto por ele? – Falei, apontando para , que apenas assistia a tudo, calado.
- Filha, desligue o modo sonhadora e coloque seus pés no chão. Vocês irão viver de quê? Nós adoramos o , você sabe disso, mas nem trabalho vocês tem! Tudo bem que a banda dele está começando a ser reconhecida na cidade, mas até poder sustentar vocês é um sonho bem distante! – Quanto mais minha mãe falava, mais eu queria correr dali. Bufei, irritada com esse discurso que não fazia o mínimo sentido para mim.
- Mãe, eu entendo sua preocupação, mas... – Antes que pudesse concluir, , que estava mudo, tomou a palavra.
- Senhora , eu amo a sua filha. Não vou dizer que vai ser fácil, mas nós nada podemos dizer se não tentarmos. Eu nunca deixaria a passar necessidade de algo, nem que tenha que trabalhar dia e noite pra que ela tenha tudo do bom e do melhor. Nós vamos encontrar uma saída, o casamento é algo que aconteceria de qualquer maneira. Sinceramente, não tem motivo para adiar o inevitável. – apertou minha mão e ficamos encarando meus pais, ambos perdidos em pensamento.
Após minutos incontáveis, minha mãe suspirou e assentiu. Meu pai ainda a olhava, receoso. Seus ombros cederam e a decisão, enfim, estava tomada. Muito em breve, eu me tornaria a senhora .


, abrindo a porta do carro para eu descer, me despertou de meus devaneios.
- Deixa que eu resolvo tudo. – Ele me deu um breve beijo na testa e fomos conversar com a recepcionista.
- Senhor e senhora , no que posso ajudá-los?
- Oi, bom dia! O que preciso é algo bem simples: quero o vestido da minha esposa que era para estar pronto faz três dias. – disse com um sorriso leve nos lábios enquanto o sorriso da mulher a nossa frente murchava.
- Senhor, acontece que...
- Acontece que nossa festa é em uma semana e esse vestido foi encomendado há meses. E pago também.
- Sim, mas a...
- Onde está a responsável? – pediu. Confesso que esse sorriso me assustava mais do que quando ele realmente aparentava estar bravo.
- Ela está bastante ocupada no momento, se os senhores...
- Eu vou esperar por dez minutos que ela venha aqui me dar uma justificativa plausível para esse vestido ainda não estar pronto. Se ela não aparecer, eu quero meu dinheiro de volta, porque eu irei procurar outra pessoa que cumpra os prazos. Por favor, diga isso a ela. Ah, também diga que minhas recomendações não serão feitas. – pegou minha mão e fomos nos sentar na recepção. Menos de cinco minutos depois, Stella Vansthort veio nos encontrar. Meu marido era bom nisso!
- Senhor e senhora , peço desculpas por todo esse atraso. – e eu nos levantamos.
- Tudo bem, senhorita Vansthort, mas preciso de datas certas dessa vez, a festa está chegando.
- Eu entendo perfeitamente bem, senhor. Garanto que o vestido ficará pronto amanhã de manhã, sem falta. Senhora , pode vir às 10h?
- Claro, estarei aqui.
- Ótimo, amanhã estaremos aqui. Bom dia, senhorita Vansthort. – Meu marido disse e saímos do ateliê. – Acho que alguém não irá dormir essa noite, e nem será por uma causa... Você sabe.
- ! Você só pensa nisso! – Dei um tapa leve em seu braço.
- Claro, como não pensar tendo a mulher mais linda do mundo ao meu lado? Tenho 52 anos, mas fogo de 20! – Eu ri. Ele me abraçou, me beijando longamente. Seus braços me envolveram e uma de suas mãos foi para minha nuca, fazendo um carinho ali. Entre suspiros, tivemos que interromper nosso momento, pois cliques logo foram ouvidos. – Posso nem beijar minha mulher em paz que já tem pessoas tirando fotos.
- Melhor irmos pra casa. – assentiu. Abriu a porta do carro para mim e logo já estávamos em movimento. – Obrigada. – Disse, apenas.
- Pelo quê? – Ele parecia confuso.
- Por cuidar de tudo, sei que, mesmo com 49 anos, posso ter uns ataques bem infantis. – Ri um pouco. pegou minha mão e a levou até os lábios.
- Não são infantis. E eu prometi sempre cuidar de você, esqueceu? Te conheço melhor que você mesma, carinho. – Ele piscou e sorriu em minha direção.
- Eu amo você. – Disse olhando em seus olhos, quando paramos em um sinal vermelho. me deu um selinho.
- Eu também amo você, ainda mais que no início, se é que isso é possível. – Ficamos nos olhando com sorrisos bobos nos lábios, até que fomos interrompidos por buzinas atrás de nós.

Quando chegamos, já era quase a hora do almoço. Nossos filhos, todos os seis, estavam reunidos na sala de jantar, nos esperando.
- Até que enfim! – Willian, o mais velho, disse.
- Que bonitinho, todos nos esperando sentadinhos! – e eu fomos passando por nossos filhos e os cumprimentando.
- E o vestido, mamãe? – Ashley e Sophie perguntaram, receosas.
- Irei provar amanhã de manhã! – Disse animada.
- Ai, que ótimo! Ainda bem que tudo se resolveu. – Haley entrou na conversa.
- As azeitonas já foram todas embora, mamãe! – Brian disse. Todos riram.
- Então já podemos comer! – Segui em direção a minha cadeira, ao lado da do . – Muito obrigada. – Disse em seu ouvido e dei um leve beijo em seu pescoço. Uma de suas mãos vieram para a minha perna, debaixo da mesa. – As crianças, . – Falei baixinho, para que apenas ele ouvisse.
- Eles estão acostumados com os pais que tem. – Ele falou rindo, enquanto subia a mão para lugares nada apropriados para o momento. Cruzei minhas pernas e o ouvi bufar ao meu lado. Willian nos encarou e começou a rir.
- Meu Deus, 30 anos de casados e parecem que acabaram de se pegar pela primeira vez! – Os outros não entenderam de início, mas assim que olharam para a cara fechada do , logo souberam do que se tratava.
- Cadê a comida? Não sei como não sou traumatizada com a vida. – Sophie brincou.
- HA-HA, muito engraçado vocês.
A comida começou a ser servida e uma conversa agradável se iniciou. Eu adorava o fato de ter uma família grande, adorava ainda mais quando todos estavam reunidos. Willian, Haley e Ashley já tinham saído de casa. Willian se formou em administração e trabalhava na empresa com o pai. Ele e a noiva moram juntos há alguns meses. Hales e Ash moravam em Cambridge, ambas estavam na faculdade, cursando literatura e moda, respectivamente.
Soph e os gêmeos ainda moravam conosco. Mas Sophie já estava no último ano da escola e no ano seguinte iria morar com as irmãs. Meu coração se apertava só de imaginar mais um de meus filhos saindo de casa.
- Hey, fica assim não. – percebeu meu momento de reflexão. – Eles sempre voltam. E a gente sempre pode pegar o carro pra ir visitá-las!
- Como você... – Ele riu.
- Seu olhar perdido enquanto as observa. Sei exatamente no que está pensando, mas vai ficar tudo bem. Nós somos unidos demais pra que elas nunca voltem, elas sentem falta. Oportunidades não irão faltar aqui em Londres. – disse e me deu um breve beijo na bochecha.
- Espero que esteja certo. – Suspirei.

~*~


- Acorda, bela adormecida. – distribuía beijos pelo meu rosto, enquanto eu fazia manha para acordar.
- Uhm, só mais cinco minutos. – Abracei ainda mais meu travesseiro, mas não resisti e abri meus olhos ao som de sua risada.
- Deus, eu sou um filho da puta sortudo. – Eu ri, já me sentando sobre a cama. – Seu café da manhã, carinho. – Tirando os dias em que estava em turnê e eu não podia acompanhá-lo, sempre me trazia o café na cama, sempre.
- Às vezes eu acho que você não existe, sabia? – disse enquanto tomava meu suco de laranja. esperava ansiosamente para que eu terminasse.
- Achei que não fosse terminar esse gole nunca! – Falou, afobado, e me beijou. Ele dizia que não tinha necessidade para esse tipo de coisa, mas o hálito matinal de ninguém é dos mais agradáveis. Por que perder o encanto se podia tomar meu suco antes? 30 anos e ele ainda não se conformou!
- Mãe, mãe, mãe! – Sophie entrou correndo no quarto. Ri de seu entusiasmo.
- Oi pra você também, minha princesa. – disse , irônico.
- Oi, papai. – Soph respondeu sem nem olhar para o pai, que apenas revirou os olhos. – Mãe, a senhorita Stella está lá embaixo com seu vestido! Mãe, é tão lindo! – Minha filha batia palmas enquanto dizia, sua animação era contagiante!
- Mas como ela está lá embaixo? A prova está marcada para às 10h!
- Ela disse que queria compensar o atraso, algo do tipo.
- Mãe, seu vestido... Ah, Sophie já deve ter dito. – disse Haley, sendo acompanhada por Ashley e Angelline, noiva de William.
- Ok, fui excluído. – disse todo murcho. – Vocês não vão me deixar...
- Óbvio que não, papai! Ainda pergunta? – Ashley rolou os olhos. Angelline ria, mas pude notar seu olhar sobre minha bandeja.
- Oi, minha querida, acho que os ânimos estão bastante animados por aqui.
- Oi, ! – Ela veio em minha direção e me deu um beijo. – Acho que agora descobri o motivo de tantos cafés da manhã que recebo na cama.
- Papai faz isso desde sempre. – Haley disse e pude notar um brilho em seus olhos.
- A gente precisa cuidar bem do que é nosso, certo? – Meu marido disse e me deu um beijo na testa, já seguindo para a porta. – Bom, vou me retirar antes que as mulheres da minha vida me expulsem. Vocês irão alugar sua mãe pelo resto da manhã, né? – Todas assentiram, suspirou. Mandei-lhe um beijo no ar.
- Nos vemos no almoço.
- Ah, pode ter certeza disso.

- Senhora , bom dia! Peço desculpas se me precipitei vindo até aqui, mas senti que era o mínimo que podia fazer.
- Não se preocupe, senhorita Stella, e pode me chamar de , por favor. – Seguimos para o cômodo onde as meninas e Stella tinham preparado tudo para a prova do vestido.
Assim que pus meus olhos sobre ele, minha respiração chegou a falhar. Era... maravilhoso, por falta de uma palavra melhor. Fui em sua direção, completamente hipnotizada. Levei minhas mãos até o vestido, encantada com cada pequena parte dele.
- E então? O que achou? – Stella parecia nervosa, ansiosa, tudo ao mesmo tempo!
- É perfeito! – Pude ouvir seu suspiro de alívio com minhas palavras.
- Não sabe o quanto estou feliz por ouvir isso, senho... . Confesso que com todas as descrições dadas e a modelo ajudaram bastante. Seis filhos e ainda em forma, é impressionante! – Todas riram, eu apenas continuei olhando, encantada, para meu vestido.
- Espero que esses genes tenham vindo pra mim! – Ashley brincou.
- Sua boba, vocês são ainda mais lindas! Eu estou uns quilinhos acima do peso, mas é...
- Que papai não a ouça dizendo isso! A senhora está maravilhosa! – Haley disse. Apenas dei de ombros.
- Bom, vamos fazer logo essa prova porque eu estou que não aguento mais esperar!

- Tem certeza que não quer ficar para o almoço, Stella?
- Muito obrigada pelo convite, mas ainda tenho muito trabalho pela frente. Fico feliz que tenha gostado do vestido, a senhora ficou realmente maravilhosa nele!
- Eu que agradeço, ele é realmente lindo. – Nos despedimos e minhas filhas e eu seguimos para o almoço.
- Papai, o senhor não vai acreditar quando vir a mamãe no vestido. Ela ficou ma-ra-vi-lho-sa!
- Uhm, como você conseguiu ficar ainda mais perfeita? – disse já ao meu lado. Deixou um beijo longo no meu pescoço enquanto uma de suas mãos descia pelas minhas costas. Passei meus braços por seu pescoço, aproximando nossos corpos.
- Nós ainda estamos aqui, caso não tenham notado... – Willian, como sempre, precisou implicar. – nem se deu ao trabalho de olhar em sua direção, apenas me apertou ainda mais junto a si e me beijou. Pude ouvir as risadas dos meus filhos, mas logo desliguei para aproveitar todo o carinho e amor que meu marido estava me dando.
- Só fica melhor. – encerrou o beijo, distribuindo outros por todo meu rosto. Nos viramos para nossos filhos e eles estavam nos ignorando. Rimos.

~*~


Acordei e levei minha mão para o lugar ao meu lado na cama, porém este estava vazio. Um pedaço de papel estava sobre o travesseiro de .

“Precisei sair rapidinho, mas logo, logo estarei de volta pra você. Do seu... .”


Suspirei e me sentei na cama. Amanhã seria o grande dia! Já me preparava para levantar, quando notei a bandeja sobre o criado mudo ao meu lado. Sorri.

“Achou mesmo que esqueceria de alimentar minha esposa?”


Terminei minha refeição com um sorriso nos lábios. não existia!
Me troquei e desci em busca dos meus filhos. A semana tinha sido corrida, mas já estava mal acostumada com a presença de todos eles na casa. O primeiro que encontrei foi Brian.
- Bom dia, meu amor – fui em sua direção e lhe dei um beijo na bochecha.
- Oi, mamãe! – Uma ideia logo me surgiu. Não deveria, mas foi mais forte do que eu.
- Você sabe onde seu pai está? – Perguntei como quem não quer nada, toda inocente. Brian desviou o olhar. OH-OH. Eu sabia que estava aprontando alguma coisa.
- Anthony, já vou! – Brian gritou o irmão e saiu disparado em sua direção. Cerrei os olhos para eles. Tony olhou por sobre os ombros; de início, sem entender, mas logo seguiu o irmão para qualquer lugar longe de mim. Notei que encontraram Ashley pelo caminho, ela estava vindo em minha direção, mas logo seguiu com os irmãos. Odeio quando me escondem o que está acontecendo. E eles nem conseguem disfarçar!
Resolvi deixar para lá... Por enquanto.
Segui para o jardim, estava louca para ver como tinha ficado o altar e todo o resto.
As flores, os bancos, o tapete, os enfeites... Tudo estava maravilhoso! Olhava encantada para cada detalhe, até que senti uma mão no meu braço.
- Ficou lindo não é, mamãe? – Haley perguntou.
- Ficou perfeito. – Falei e suspirei em seguida, feliz.
- Não, não, nem adianta me olhar. Os meninos já me avisaram! A senhora sabe que papai é o marido dos sonhos, ele com certeza está preparando algo para amanhã ser ainda mais mágico. – Haley falava com um brilho nos olhos. Minha filha já tinha 23 anos, mas nunca esteve em um relacionamento sério. Ela tinha seus rolos, mas nunca ficou realmente apaixonada. Acho que meu relacionamento com pode ter subido um pouco suas expectativas e com isso suas exigências; ou talvez seu gosto por literatura a faça esperar pelo príncipe encantado, que eu nem posso dizer que não existe porque meu marido, definitivamente, merece esse título. O que eu não consigo entender é onde esses caras estão com a cabeça! Hales é tão linda, tão inteligente... – Também não comece com isso novamente, mamãe. – Ela sorriu docemente para mim.
- Eu sei, eu sei. Tudo irá acontecer na hora certa. Eu já sei. Só porque conheci seu pai cedo, isso não tem que se repetir com você. Mas esse brilho nos seus olhos, me preocupo que, no futuro, possa acabar se decepcionando por esperar demais das outras pessoas, meu bem.
- Pode ficar tranquila, mamãe. A senhora me ensinou bem, esqueceu? Tenho a maior sonhadora de todos os tempos ao meu lado. Só que ela também me ensinou a ter o pé no chão, não se lembra? – Eu ri. – Vai ficar tudo bem. Eu estou focada na minha faculdade, e nunca fico sozinha, realmente.
- Eu definitivamente não precisava ouvir isso. – Senti dois braços pela minha cintura e logo o perfume de invadiu minhas narinas. Apoiei minha cabeça sobre seu ombro enquanto me banhava em todo aquele carinho.
- Isso que dá chegar de fininho, papai. E eu já vou nessa! – Sorri e já estava prestes a dizer algo quando Haley virou para nós. – Sim, mamãe, a conversa não acabou.
- Será que toda essa família tem o poder de ler mentes? – Perguntei, sem realmente esperar por uma resposta.
- Somos muito unidos, já te falei isso. – brincava com o lóbulo da minha orelha, passando seu nariz por todo o meu pescoço. Riu quando me sentiu arrepiar.
- Senti sua falta quando acordei.
- Sei bem o quão manhosa você fica. – Mordi minha língua para não falar nada do sumiço dele. Hales estava certa, não tinha motivo para me preocupar e acabar estragando a surpresa.
Virei-me para e passei meus braços sobre seus ombros. Levei meus lábios até seu pescoço, depositando leves beijos por ali. Meu marido desceu suas mãos até o fim das minhas costas, mas devagar, me causando arrepios pelo caminho.
- Menino malvado, estamos no meio de todo mundo. – Sussurrei em seu ouvido.
- Ninguém está prestando atenção em nós, realmente. – Ele rebateu.
Continuei com meus beijos, chegando perigosamente perto de seus lábios. Desviei quando ele avançou, não tinha brincado o suficiente. Ele bufou. Suas mãos me apertaram ainda mais junto a si. Meu coração estava acelerado. Tantos anos, mas a tensão permanecia a mesma. Mordi seu queixo levemente. Isso foi demais para ele aguentar, uma de suas mãos subiu para minha nuca, me forçando a encará-lo.
- Chega. – Foi tudo que ouvi antes que juntasse nossos lábios, sedento. Seus braços não aliviaram a pressão sobre meu corpo, era tanta necessidade por proximidade que nossas mentes não conseguiam controlar nossos movimentos para que nossos braços relaxassem. – Eu acho... – tentava dizer com a respiração falha. – ...que temos alguns bons minutos antes do almoço ainda.
- Uhm... Acho que temos.
- Fico feliz que concorde. – foi nos guiando para nosso quarto, sem reparar muito bem nas pessoas que passavam por nós. Não que a gente realmente se importasse.
trancou a porta do quarto e me jogou sobre a cama.
- Com pressa? – Perguntei enquanto ele já estava sobre mim.
- Você me deixa louco, mulher! – Depois disso, nada dissemos, apenas sentimos.

- Eu poderia ficar nessa cama pelo resto do dia. – dizia enquanto eu me aconchegava ainda mais a ele.
- Eu também. – Disse e beijei seu peito. – Mas preciso ter certeza de que está tudo pronto pra amanhã. – bufou.
- Ok, ok. Mas antes de te alugarem, vamos tomar banho!
- Vamos? – Perguntei sugestivamente.
- Com certeza.

~*~


- Lá vem os pombinhos! – Disse Ashley, enquanto todos riam. Notei Angelline com a cabeça apoiada sobre o ombro de Will, um sorriso pairava em seus lábios enquanto nos observava descendo as escadas de mãos dadas.
- Nós tivemos que isolar o perímetro, porque passaram pela gente com tanta pressa que proibimos qualquer pessoa de subir, o trauma poderia ser irreparável.
- Seu pai pode estar velho, mas não está morto, meu filho. – disse e piscou para o filho. Angelline deu um tapa em Willian, ao mesmo tempo que também sentiu o meu. Willian por provocar, por responder demais. Esses meus meninos! – Ai, carinho, como se eles não soubesse o que a gente estava fazendo no quarto! – Minha cara espantada fez com que meu marido e meus filhos rissem ainda mais!
- Pelo amor de Deus, só para de falar. – Disse e escondi meu rosto em seu pescoço.
- Ainda não se acostumou? – Apenas balancei a cabeça, negando. – Ainda temos tempo!
- ! – Meu marido me deu um beijo na testa.
- Vamos comer!
- Não se assuste, Angelline. Eles parecem adolescentes assim mesmo. – Sophie disse para a cunhada. Ela apenas riu, tendo o mesmo ar sonhador que Haley... E eu, confesso. Sorri para elas. Will olhou para noiva e pude ver traços da forma como olhava para mim.
- A gente implica, amor, mas todos nós sonhamos em ser tão felizes como eles. – Suspirei com a fala de meu filho e apoiei minha cabeça no ombro de . Ele passou o braço por meus ombros, me aproximando dele.
- Feliz?
- Como nunca sonhei ser em toda minha vida.

Já era noite e a ansiedade estava tomando conta de mim. Tudo já estava preparado para o dia seguinte. A festa ocorreria no período da manhã, mas sem hora para acabar. Todos os nossos amigos e parentes já tinham confirmado presença, alguns fotógrafos e jornalistas mais chegados foram chamados, tudo já tinha sido providenciado.
Eu estava olhando o local da festa pela janela enquanto meus filhos e conversavam animadamente sobre algo que não conseguia prestar atenção. O movimento na casa já tinha cessado, tinha um dedo nisso, com certeza.
- Vai dar tudo certo amanhã, mamãe. – Hales se aproximou de mim, parando ao meu lado e também admirando a decoração da festa.
- Sabe bem a mãe ansiosa que tem. – Haley chegou para mais perto, como se quisesse compartilhar um segredo apenas comigo.
- Eu andei pensando no que disse mais cedo. – Ela suspirou. – O papai não facilita para os outros rapazes. – Eu ri.
- Às vezes penso que é de propósito. – Brinquei, tentando amenizar o clima pesado que acabou se instalando.
- O jeito que ele te olha é tão... Intenso, como se a senhora fosse a única mulher no mundo, a mais perfeita de todas. Entenda, não estou dizendo que não é, muito pelo contrário, a senhora facilita em nada a vida dos moças também, mas... Ai, não sei me explicar.
- Ele me olha como se nada mais existisse além de mim.
- Sim, é tão, eu não sei, até quem está de fora sente. Angelline é uma que sente ainda mais que nós, porque é ela que sente um peso de ser comparada com a mãe perfeita do Will.
- Mas isso tem nada a ver, minha filha, ela é tão maravilhosa do jeitinho dela, com todas as suas particularidades.
- Vocês realmente se perdem um no outro. – A olhei, confusa. – Mamãe, nós somos tão felizes e admiramos tanto vocês que todos os nossos relacionamentos já carregam certo peso. E nem é algo que nós colocamos, mas os outros sentem isso só de olhar pra vocês dois! – Ela ria do meu espanto.
- Mas...
- Não é algo que vocês façam, nem estou te culpando por isso, muito longe disso. Só estou tentando te fazer entender minhas conclusões da nossa conversa mais cedo. O fato é que eu entendi sua preocupação, confesso que está em um caminho bem certo... – Hales falava olhando diretamente para a janela, com os olhos cerrados. – Eu só penso que já esperei tanto tempo... Eu sei que alguém como o papai é impossível. – Nós rimos.
- Meu Deus, estamos estragando o relacionamento dos nossos filhos!
- NÃO! Não é isso... – Haley gritou, mas logo abaixou o tom quando notou os olhares dos outros sobre nós. Eu sabia que não era, mas eu precisava que ela mesma admitisse o que estava acontecendo para que a vida dela realmente seguisse. – Ai, a senhora já sabe exatamente o que é. – Sorri para ela, que ficou cabisbaixa.
- Hales. – A abracei. – Você mesma fala que a idade não é importante.
- Eu sei, mamãe, mas... – ela não sabia muito bem por onde prosseguir. – Como alguém com 23 anos, que estuda literatura, que tem os romances e todas essas histórias quase que como oxigênio, pode ainda não ter vivido um amor? Eu sonho todos os dias antes de dormir com alguém que goste de mim com todas as minhas manias e esquisitices. – Uma lágrima caiu. já estava prestes a se levantar para saber o que estava acontecendo, balancei a cabeça, era melhor ele ficar fora disso.
- Você é tão parecida comigo, minha princesa. – Haley levantou a cabeça rapidamente, me olhando espantada.
- Nunca, mamãe. Olha pra mim!
- Hey, hey, hey! De onde foi que saiu toda essa baixa autoestima? Haley, olha pra mim. – Levantei seu rosto para que nossos olhares se encontrassem. – Você é linda e especial exatamente do jeito que você é. Sua maneira de enxergar o mundo, seus sonhos, cada pequeno detalhe te faz essa pessoa incrível e maravilhosa que você é. Quando eu era mais jovem, muitos me mandavam parar de sonhar e colocar meus pés no chão. Viviam dizendo para eu largar meu lado escritora sonhadora e enxergar a realidade. Mas nem sempre tem que ser assim. Existe uma forma de conciliar os dois, eu faço isso desde que aprendi a falar! – Ela sorriu. – Eu também tenho minhas manias, muitas esquisitices – sorri para ela. -, mas seu pai aceitou tudo isso, e você vai encontrar alguém que aceite as suas também.
- Eu não vou ficar com qualquer um só por causa disso, mamãe.
- Eu sei, meu bem, você tem que pensar no que é melhor pra você, só não pode ter medo de se arriscar e não notar o que pode estar bem debaixo do seu nariz.
- Mamãe, minha vida não é um dos seus livros que essa é a deixa pra um amigo aparecer aqui e se declarar pra mim.
- Hey, não sou tão previsível assim. – Nós rimos e senti a tensão diminuir.
- Obrigada, mamãe, a senhora é a melhor!
- Ok, eu não aguento mais ficar só olhando. O que minhas duas mulheres lindas estão cochichando? Em quem eu tenho que bater? - chegou nos abraçando. Hales riu.
- Em ninguém, papai, pode ficar tranquilo. – a deu um beijo na testa.
- Três filhas lindas, inteligentes e especiais, meu coração não aguenta a ideia desse bando de homem em cima. – Nós rimos e Haley seguiu para onde seus irmãos estavam.
- Ela vai ficar bem, carinho. – Falei em seu ouvindo, enquanto ele me envolvia em seus braços.
- Não gosto de vê-la chorando, nenhum deles, na verdade. Mas eu vejo tanto de você nela.
- Eu falei a mesma coisa! – Sorrimos, cúmplices. e eu nos unimos aos nossos filhos, encerrando a noite ao som de muitas risadas.

~*~


Acordei na manhã seguinte com som de vozes na porta do meu quarto.
- Papai, o senhor não pode entrar aqui hoje! – Sophie falava com o pai como se isso fosse a coisa mais óbvia do mundo.
- Mas é claro que eu posso entrar! Vai deixar sua mãe com fome? – rebateu.
- Nós levamos a bandeja e falamos que foi o senhor quem mandou! – Foi a vez de Ashley tentar convencer a não entrar no quarto.
- As duas tratem de me dar licença, e isso é uma ordem. Eu vou entrar, entregar o café da manhã pra mãe de vocês, vou beijá-la intensamente e posso até sair depois. Mas eu vou entrar! Vocês acham que não sei que essa é minha única oportunidade? Depois disso só no altar, e ainda faltam horas! Movam-se! – Eu apenas conseguia rir ao imaginar a cena que estava acontecendo do lado de fora.
entrou no quarto com a bandeja e as meninas estavam logo atrás dele.
- Não fiquem com essas carinhas, meus amores, daqui a pouco ele irá sair.
- Até você, ? – colocou a bandeja na minha frente. Sorri para ele e peguei meu copo de suco. cumpriu sua promessa e me beijou intensamente, acariciando minha bochecha logo após encerrar o beijo. – Como você está?
- Nervosa, ansiosa... – Ele riu.
- Vai dar tudo certo. Você será a noiva mais linda de todos os tempos! – disse e eu o beijei, em um agradecimento silencioso. – Agora é melhor eu sair antes que essas monstrinhas aqui resolvam me expulsar. – Ele deu um beijo na minha testa e seguiu em direção a porta. – Te espero no altar.
- Eu estarei de branco! – Sorrimos e meu marido saiu.
- Mamãe, temos tanta coisa pra fazer hoje! O pessoal que irá fazer nossos cabelos e maquiagem já chegaram! Vai ser tudo tão lindo! – Sophie falava e pulava, sua animação era visível.
- Vai, sim, meu amor.

~*~

Eu estava, finalmente, pronta. Após muitas horas e muitas pessoas me arrumando, eu estava pronta para a renovação dos meus votos. Minhas filhas e Angelline estavam a minha frente, todas também devidamente arrumadas.
- E então? Como estou? – Perguntei, precisando de alguma confirmação que eu estava, no mínimo, apresentável para sair dali. Meus nervos estavam à flor da pele.
- Mamãe...
- ...
- Falem logo! – Eu já estava rindo de tão nervosa que estava.
- Você está maravilhosa, não consigo achar uma palavra melhor. vai descer daquele altar e vir correndo até você porque não vai aguentar ficar mais tanto tempo longe! – Angelline falou rapidamente, minhas filhas ainda estavam mudas, apenas me encarando com sorrisos nos lábios. Respirei fundo.
- Obrigada, minha querida, todas vocês estão lindas! – Antes que eu começasse a chorar, Charlotte, a representante da família, entrou no quarto feito um furacão.
- Pronto, gente, está tudo... – Ela ia dizendo, até que parou assim que seus olhos pousaram sobre mim. – Meu Deus do céu!
- Nós sabemos, ela está perfeita né? – Sophie pareceu encontrar a voz.
- vai descer aquele altar correndo, ok, preciso ir na frente pra impedi-lo disso! Anotado. – Ela virou-se para mim. – Você está linda, .
- Obrigada, Lottie.
- Ok, voltando. Já está tudo pronto! já está no altar e já tirou quase todo mundo do sério querendo saber onde você estava. Falou que isso não é casamento pra noiva atrasar tanto assim, e quando fui falar que ainda faltavam alguns minutos, ele quase jogou o relógio longe! – Lottie contava e ria só de lembrar da cena.
- Melhor a gente ir então.
- Mamãe já estava perdendo a paciência também, Lottie! – Ashley falou. – Não sei como esses dois aguentavam quando papai estava em turnê.
- A gente não aguentava. – Rimos. – Sempre dávamos um jeito de nos vermos.
- Vamos logo porque a mamãe está prestes a chorar.
- William já deve estar chegando para entrar com você, . – Mal terminou a fala e Will bateu à porta.
- Licença. Mamãe, é melhor a gente... Uau! – Todos riram da sua expressão. – A senhora está deslumbrante. Papai vai...
- Ele não vai porque já anotei aqui que preciso prendê-lo no altar! – Charlotte interrompeu.
- Como eu estava dizendo, é melhor a gente ir porque o papai vai vir aqui a qualquer momento. E isso é sério. – Respirei fundo novamente e peguei a mão do meu filho, que gentilmente me guiava para fora do quarto.
Minhas filhas e Angelline passaram a nossa frente porque elas seriam minhas damas. Os gêmeos esperavam já no jardim e tiveram a mesma reação de Will ao me ver.
- Por isso a Lottie passou correndo para falar com o papai. – Brian disse, fazendo todos rirmos.
- Eu estou nervosa. – Sussurrei para Will.
- Segundo o tio Nick, papai tá mais nervoso que no dia do casamento de vocês.
- Isso é pra me acalmar? – Willian riu.
- Relaxa, mamãe. Vai ser tudo tão mágico quanto da primeira vez e vocês terão muitos e muitos anos pela frente ainda. – Dei um beijo em sua bochecha e seguimos o caminho para o altar. A marcha nupcial começou a tocar e meus filhos começaram a caminhar sobre o tapete vermelho. Assim que Will e eu nos posicionamos no início do caminho que me levaria até , meu coração disparou e eu podia jurar que, a qualquer momento, ele sairia do meu peito.
Assim que meus olhos encontraram os do , minha respiração chegou a falhar. Ele estava tão lindo vestindo um smoking branco que quem queria sair correndo era eu.
- Devagar, mamãe. – Will falou baixinho e sem tirar o sorriso do rosto. Forcei meus pés a desacelerarem, mas estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Quando poucos passos me separavam do meu marido, desceu do altar e veio na minha direção. – Até que ele aguentou bastante. – Willian disse ao me entregar para o seu pai.
- Você está... Meu Deus, mulher, eu nem consigo achar palavras pra te elogiar direito! – me deu um beijo na testa e seguimos para o altar. Ao nos posicionarmos na frente do juiz, pegou uma de minhas mãos e entrelaçou nossos dedos.
- Estamos aqui reunidos para a renovação dos votos de casamento de e . Há 30 anos, neste mesmo dia, esse casal subia ao altar. Quando chegaram a mim informando que um jovem casal queria marcar a data do casamento, nunca imaginei que seriam assim tão jovens. , com apenas 19 anos, tinha tanta convicção daquela decisão que seu olhar logo mandou todas as minhas dúvidas para longe. Quando olhei para , confesso, esperando um rapaz assustado, que estava sendo forçado pela família da noiva a assumir a mãe e uma criança que estava crescendo dentro dela, em nenhum momento esperei encontrar tanto amor, um olhar tão intenso que nunca encontrei em outro homem. Foi naquele momento que percebi que não havia criança alguma, não havia família forçando nada. Havia apenas um casal extremamente apaixonado que, por obra do destino, encontrou o amor bem cedo. – Lágrimas já caíam dos meus olhos e me abraçou de lado. Eu sabia que não resistiria por muito tempo. – Muitos falaram que o casamento acabaria em poucos anos. Alguns apostaram que nem chegariam a um ano. Mas olha só onde estamos 30 anos depois. Eu sabia desde o primeiro momento que olhei para vocês que ficariam juntos para sempre. Claro que teriam seus momentos de divergências, as lutas acontecem para todos, mas eu sabia que nada seria capaz de separá-los. – Eu tentava a todo custo parar de chorar, mas Peter não estava facilitando meu trabalho. Ele foi o juiz que nos casou 30 anos atrás e nunca imaginaria que conseguiria trazê-lo para nossa renovação dos votos.
“É com muita honra e muito prazer que eu estou aqui novamente presenciando esse casal prometer, agora também na frente dos seus filhos, amar um ao outro eternamente. Fiquem de frente um para o outro. – e eu nos encaramos, seus olhos também estavam marejados. – , seus votos.”
- , meu amor. – Respirei fundo para conseguir proferir as próximas palavras. Olhei para o céu, tentando conter as lágrimas. – Confesso que eu não fazia ideia de por onde começar. Muitos se enganam se acham que escritores tem tanta facilidade assim de escrever, ainda mais em situações como essa. Resolvi pesquisar no dicionário o significado da palavra amor. Dentre tantas definições, escolhi uma que gostaria de compartilhar. “Amor: Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa.”* Fiquei refletindo por um bom tempo sobre ela até chegar a uma conclusão concreta a respeito. Eu tentava associar essas poucas palavras ao imenso amor que eu sinto por você, amor que só fez aumentar em todos esses anos desde o dia em que nos conhecemos. Meu erro estava justamente ali, não é possível fazer associação porque nenhuma palavra por si só é capaz de expressar tudo que eu sinto cada vez que eu te vejo, que eu te toco. Nada nem ninguém é capaz de compreender a quantidade de sensações que percorrem meu corpo apenas quando vejo que está vindo em minha direção.
“Chega a ser insano o quão forte é tudo que sinto por você. Então eu descartei a palavra amor por alguns momentos. Depois disso, eu fiquei realmente perdida. Se não é amor, o que é isso tudo? – apertou minha mão, tinha um sorriso tão lindos nos lábios que quase me fez perder a linha de raciocínio. – Você sabe da minha paixão pelas palavras e eu estava inquieta por não encontrar alguma que se encaixasse perfeitamente no momento. Foram dias de frustração. – Eu ri, sendo acompanhada por todos os meus amigos e familiares, eles me conheciam bem demais. – A cada dia que passava eu apenas sentia algo crescendo dentro de mim. Cada gesto seu me fazia me apaixonar ainda mais por você e eu me sentia impotente por não conseguir expressar tudo o que sentia da mesma forma. Eu sempre fui reservada, com medo de expor meus sentimentos. Mas quando você surgiu no meu mundo, virando tudo de ponta cabeça e pintando tudo de vermelho, algo dentro de mim mudou. Você preencheu cada espaço de mim e eu nunca conseguirei te agradecer o suficiente.
Foi então que, em uma noite dessas, quando você estava cercado pelos nossos filhos, eu tive um estalo. Quando eu olhei pra você, sorrindo por qualquer coisa que estava acontecendo entre vocês, que eu trouxe a palavra amor novamente para esse momento. Porque foi ali que eu pude compreender que aquele significado não é o único e completo, pude, enfim, entender que amor é muito mais do que aquelas poucas palavras podem dizer. Amor é algo que a gente constrói, que alimentamos dentro de nós a cada dia, que fortalecemos com os pequenos gestos. Eu conclui, , que o amor se aplica, sim, a nós, mas não como uma simples definição, mas como algo muito maior que cresce a cada dia. E eu amo você, meu Deus, eu amo tanto você. – Suspirei, limpando as lágrimas que ainda caíam pelo meu rosto. – E eu sei que vou te amar para todo o sempre.”
- , é a sua vez. – Peter disse após alguns instantes. Eu ainda não tinha me recuperado completamente, ao que parece, nem o . Ele pegou o microfone e suspirou.
- Eu sabia que isso iria acontecer. Aí fica a dica: se algum dia se casarem com uma escritora, sempre faça seus votos antes, porque nada que disser depois será tão bom. – Todos riram. Eu apenas balançava a cabeça em negação. voltou seu olhar para mim. – Mas eu tinha que tentar, certo? – deu um beijo na minha testa e se afastou. Eu fiquei estática, apenas aguardando para saber o que ele tinha preparado. Olhei ao redor e todos estavam com a mesma feição que eu. Notei que os amigos do meu marido e companheiros da sua antiga banda tinham sumido. Logo um alerta disparou dentro de mim e meu coração já voltava a acelerar. – Não sou bom em falar, então, conversando com os caras, eu percebi que podia fazer meus votos um pouquinho diferente. – deixou o microfone nas mãos de Lottie e sentou no piano que eu não tinha notado que estava ali. Ajeitou o outro microfone que já estava preparado em um pedestal e voltou a falar. – Contei para os caras e eles logo aceitaram me ajudar. Como se eles realmente tivessem escolha. O ponto aqui é: carinho, eu não sou tão bom com as palavras como você, então eu vou me expressar da maneira que eu sei, ok?
Eu respirei fundo quando tocou a primeira nota.

Coloque a música para tocar.

Some people laugh
Algumas pessoas riem
Some people cry
Algumas pessoas choram
Some people live
Algumas pessoas vivem
Some people die
Algumas pessoas morrem

Some people run
Algumas pessoas correm
Right into the fire
Direto para o fogo
Some people hide
Algumas pessoas escondem
Their every desire
Cada um dos seus desejos

But we are the lovers
Mas nós somos os amantes
If you don't believe me
Se você não acredita em mim
Then just look into my eyes
Então olhe dentro dos meus olhos
'Cause the heart never lies
Porque o coração nunca mente



Já não era possível enxergar direito. Cada palavra que saía da boca do meu marido me atingia bem em cheio. Ele estava muito enganado sobre não ser bom com as palavras. Meu coração estava tão acelerado, que eu podia ver o momento que ele sairia do meu peito.
As cortinas se abriram e toda a banda estava ali. Eu mal podia acreditar que após tantos anos a banda estava reunida e cantando novamente!

Some people fight
Algumas pessoas lutam
Some people fall
Algumas pessoas caem
Others pretend
Outras fingem
They don't care at all
Que não se importam com nada

If you want to fight
Se você quer lutar
I'll stand right beside you
Eu ficarei bem ao seu lado
The day that you fall
No dia que você cair
I'll be right behind you
Eu estarei bem atrás de você

To pick up the pieces
Para recolher os pedaços
If you don't believe me
Se você não acredita em mim
Just look into my eyes
Apenas olhe dentro dos meus olhos
'Cause the heart never lies
Porque o coração nunca mente


Neste momento, levantou do piano e seguiu em minha direção. Eu estava me segurando na minha posição porque não confiava nas minhas pernas para dar qualquer passo. Eu tremia, completamente encantada com a música que havia escrito para os seus votos. Eu duvidava que existisse outra mulher na Terra mais feliz e mais amada do que eu naquele momento.
chegou a minha frente e segurou minha mão. Limpou algumas lágrimas que escorriam pelo meu rosto e continuou cantando.

Another year over
Outro ano se passou
And we're still together
E nós ainda estamos juntos
It's not always easy
Não é sempre fácil
But I'm here forever
Mas eu estarei aqui para sempre

Yeah we are the lovers
Sim, nós somos os amantes
I know you believe me
Eu sei que você acredita em mim
When you look into my eyes
Quando você olha dentro dos meus olhos
Because the heart never lies
Porque o coração nunca mente


Assim que cantou a última palavra, me joguei em seus braços. Mesmo surpreso, ele me segurou firmemente, me prendendo em seu abraço e nos aproximando o máximo possível. Eu chorava incontrolavelmente enquanto todos os convidados batiam palmas e gritavam após a apresentação.
- Eu juro que nunca quis te fazer chorar. – disse baixinho no meu ouvido, para mais ninguém ouvir.
- Você... Você... – Ele riu da minha falha tentativa de dizer algo. – Isso foi tão lindo, . Obrigada. Achei que nunca conseguiria ser mais feliz do que já sou, mas você me provou que eu estava errada. Não há ninguém mais feliz e amada do que eu neste momento.
- Eu amo tanto você, . Tanto. Eu nunca vou ser capaz de expressar tudo que eu sinto por você porque é tudo intenso demais, grande demais pra qualquer palavra conseguir dizer tudo. E você está enganada quanto ao feliz, porque essa pessoa sou eu. Mas quanto a ser amada, é a mais pura verdade. Porque ninguém ama outra pessoa mais do que eu amo você. – falava e distribuía beijos pelo meu rosto. Antes que eu pudesse respondê-lo, Peter estava acalmando nossos convidados e nos chamando para o altar novamente. Assim que todos estavam em silêncio, a cerimônia continuou.
- E eu achando que já tinha visto de tudo durante esses anos. Esses foram os votos mais lindos que eu já ouvi em toda a minha vida, e foram muitos, acreditem. Bom, vamos dar prosseguimento.
Uma nova música começou e todos os meus filhos estavam vindo em nossa direção, carregando as novas alianças que mandou fazer. As meninas estavam com os rostos inchados e os olhos vermelhos devido ao choro. Os meninos estavam em uma situação um pouco melhor, mas não podiam negar estar emocionados. Eu já estava mais calma, mas algumas lágrimas ainda insistiam em cair. Quando chegaram a nós, desceu para pegar as alianças e recebeu um abraço coletivo de todos os nossos filhos. Nunca ficaria de fora dessa, então desci do altar e fui ao encontro deles.
Após o abraço, e eu voltamos para o altar e respirei fundo ao trocarmos alianças novamente.
- Pode beijar a noiva. – Assim que Peter terminou de dizer, já estava com seus lábios sobre os meus em um beijo intenso. Estávamos envolvidos em nosso mundo, esquecendo de todos ao nosso redor. Após alguns instantes, os gritos e as palmas nos trouxeram de volta para a nossa realidade. Saímos em direção a nossa festa, com nossos filhos, amigos e parentes.

~*~


- Papai, mamãe, é a hora da dança! – Sophie falava animadamente no palco.
Meu marido e eu já tínhamos cumprimentado nossos convidados e tirado uma série de fotos com todos. me segurou pela mão e nos guiou até o centro do salão improvisado. Suas mãos passaram pela minha cintura, enquanto eu levava meus braços em volta do seu pescoço. Assim que a música começou, apoiei minha cabeça sobre seu peito, ouvindo a batida calma do seu coração.
- Você estava errado. – Falei baixinho. me fez encará-lo, confuso. Eu ri. – Em algumas coisas, na verdade.
- Em que eu estava errado, posso saber? – Ele perguntou, já rindo.
- A primeira delas é que você é muito bom com as palavras. – Ele riu e me deu um beijo no canto dos lábios.
- A primeira é? Tem tantas assim?
- Não tantas, mas uma é imprescindível que eu corrija.
- Ah é? Qual? – Ele disse com uma sobrancelha arqueada.
- Eu não sou a pessoa mais amada. Eu conheço uma exceção. – aproximou nossos narizes, nossas bocas a poucos centímetros.
- Acho que teremos que concordar em discordar. – Ele disse, sorrindo.
- Ou apenas aceitar que nos amamos tanto, que somos as duas pessoas mais amadas em todo o mundo. – Sorri ao terminar minha brilhante conclusão.
- Posso concordar com isso. – e eu nos encaramos, com sorrisos bobos nos lábios.
- Eu também, porque, segundo uma pessoa que eu conheço, o coração nunca mente.



Fim



Nota da autora: Oi, pessoas lindas! Espero que tenham gostado da fanfic! A fiz com muito carinho <3
Eu gostaria de deixar três curiosidades sobre essa shortfic para vocês:
1. A parte de odiar azeitona é culpa minha. Me desculpe se você gosta, mas eu realmente não suporto.
2. A inspiração do café da manhã na cama é do pai de um amigo meu. Os pais deles estão casados há uns bons anos, mas ele ainda faz isso para a esposa. Me diz se não é lindo? Eu precisava compartilhar!
3. Por que seis filhos? Uma tia da minha amiga tem seis filhos, não da forma como coloquei aqui, mas são seis e eu achei isso demais! hahaha

É isso, muito obrigada a todo mundo que leu! Vocês são uns amores! Espero não ter decepcionado!
Larys
xx

Escrevi um especial de Ano Novo! O que acha de passar mais um tempinho com essa família? Confira aqui: The Heart Never Lies - Ano Novo - /fobs/t/thnlanonovo.html (Especial All Stars 2015)
Espero que gostem!

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