Capítulo Único
As ruas estavam em polvorosa. Devido ao colapso da Monarquia, o povo (grupos radicais, camponeses) orquestravam ataques para derrubar o governo. Todos estavam inconformados com a incompetência do rei Frances IX e sua indiferença para com os mais pobres. Os aristocratas permaneciam com seus privilégios enquanto o povo passava fome e pagava impostos cada vez mais caros, para sustentar os luxos da classe mais alta.
cresceu com esse sentimento de mudança. Ela queria que a situação mudasse para sua família e seu país. Enquanto ela crescia e se transformava em uma mulher batalhadora, os primeiros motins contra o rei começaram a aparecer. Nesse tempo surgiu um grupo político radical, liderado por um jovem chamado . O grupo se chamava La Libération e seu objetivo era derrubar a monarquia e instaurar a democracia, com direitos e deveres iguais para todos.
Em represália aos recentes ataques ao seu governo, o rei decretou que todo e qualquer rebelde preso fosse imediatamente guilhotinado, achando que assim instauraria medo e ordem pelo país. Entretanto, esta decisão surtiu o efeito contrário, mais e mais povos se rebelavam contra a tirania e seus mandos e desmandos. Por muitas vezes, Frances IX era chamado de inconsequente e mimado, pois todos que ousassem não obedecer suas ordens, eram punidos.
Diante disso, guiada por seus ideais e um desejo de modificação da situação atual do seu amado país, decide se juntar a La Libération, decidida a dar um basta ao (des)governo de Frances. Porém, participar do grupo não foi tão fácil quanto ela imaginava. Havia um sentimento de cautela em relação aos outros membros, alguns achavam que ela poderia ser uma espiã infiltrada pelo rei, outros não a queriam ali pelo simples fato de ser mulher. sabia que nada daquilo era verdade, afinal, conhecia desde criança e sabia o quanto ela poderia ser essencial para aquele grupo. Era esperta e bastante inteligente, podendo ajudá-lo com o grande plano.
****
Duas semanas se passaram sem nenhum ataque ou protesto. Frances estava incomodado, tinha certeza que havia um motivo maior para tudo isso. Seus aliados garantiam que o cessar de rebeliões se deu ao fato das medidas protetivas e ao medo de ir para a guilhotina.
- Majestade! Não há motivos para tanto alarde. As novas leis estão funcionando muito bem e serviu como alerta a quem quer que estava decidido a por fim ao seu governo. - Lorde Jacques tentava acalmar Frances.
- Jacques, não seja tolo. Tenho absoluta certeza que eles apenas deram uma pausa e estão orquestrando algo.
- Meu senho...
- Não quero ouvir mais nada de você! Nem serve para me dar bons conselhos. Vá para casa, cuide da sua família. Mas antes, quero que ordene que três soldados me protejam dia e noite dentro desse castelo.
- Sim, Majestade. Irei providenciar. Com a sua licença. - Jacques cumprimenta e se retira da sala em que conversava com Frances.
Frances tinha razão em duvidar dos revolucionários. As novas leis apenas alimentaram o desejo de mudança que corria em suas veias. Nas últimas duas semanas, mais e mais reuniões ocorriam para que tudo acontecesse corretamente no dia D. era a peça principal para o ataque. Todos os componentes do La Libération estavam eufóricos, o grande dia se aproximava e enfim, o povo ficaria livre da tirania.
Depois da última reunião, todos combinaram de festejar. Talvez, muitos deles não sobrevivessem ao ataque, mas havia o pensamento de coletividade acima de tudo. Eles se tornariam heróis e seus nomes seriam lembrados para sempre. E eles iriam comemorar aquela noite como se fosse a última.
No meio de toda aquela algazarra regada a bebida e música, estava em um canto, apenas observando e sorria com as histórias contadas por seus colegas de grupo.
- .... Eu corri para longe daquela mulher maluca, que estava decidida a arrancar as minhas bolas - disse o carinha franzino, conhecido como Saca-Rolhas.
- !
- Sim, ?!
- Estás gostando da festa? Não é um ambiente que a vejo com frequência - sorriu.
- Sim! Seus amigos são bem loucos, mas engraçados. Estou adorando ouvir suas histórias - uma explosão de risadas foi ouvida ao fundo como se todo o resto da horda participasse da conversa.
- É.… amanhã teremos um dia cheio - franziu o cenho - talvez o nosso último.
- ...
- Sempre gostei de você, . Da sua audácia, inteligência, delicadeza, beleza e sagacidade. Só não queria morrer sem poder te dizer essas palavras.
- , eu...
- Não precisa me dizer nada, eu sempre soube que seu coração pertence a outra pessoa, mesmo que ele não mereça.
- , muito obrigada pelas palavras e sua confiança em mim. E me desculpe, por não te amar da mesma forma que você me ama.
- Pare de falar bobagens, . Meu respeito e minha admiração por você não vai diminuir só porque meu sentimento não tem reciprocidade. Você é importante para mim. Mas acima de tudo, você é importante para esse bando. E esse plano só vai dar certo porque você é a peça principal.
- Você não existe, . - o abraça.
- Agora ande, você precisa dormir - dá dois tapinhas em suas costas - Aliás, todos precisamos.
****
's POV
O grande dia havia chegado.
Todos estavam eufóricos, e eu absolutamente nervosa. Tudo dependia de mim e um passo em falso, tudo desmoronaria. Acordamos bem cedo, comemos em silêncio, repassamos cada passo do plano. Todos já estavam a postos. Faltava eu.
O primeiro passo do plano: entrar no palácio. Como eu tinha meus métodos, logo fui a escolhida a fazê-lo. Mesmo com a segurança redobrada, ainda era muito fácil para uma mulher adentrar no castelo, bastava seduzir algum dos guardas. Aquele dia, haveria um evento especial para Frances com a presença de todos os seus aliados, momento perfeito para executar o plano.
Dias antes eu havia conseguido roubar um vestido luxuoso para usar no tal evento. Me arrumei como uma bela dama da corte e me dirigi ao palácio, já estava tudo combinado com um dos guardas para que eu entrasse facilmente. Escondi minha adaga por baixo do vestido e rezei para que tudo terminasse como planejado. Já dentro do castelo, fiquei aguardando o sinal de . Alguns de seus homens estavam disfarçados de empregados do castelo e assim que desse o sinal, seria a minha vez de agir.
O segundo passo do plano: ser notada por Frances. Frances era conhecido por ser um governante autoritário, mas a sua fama de mulherengo o precedia. E aí seria a minha deixa. Eu deveria ser notada por ele, fingir ser seduzida e segui-lo até seu quarto. O ato final do plano aconteceria ali: eu mataria Frances IX.
Tudo ocorria bem no evento. Exceto que Frances ainda não tinha me notado. E nada do sinal de . Eu precisava chamar sua atenção de qualquer forma, se não o plano estaria arruinado. Esperei pelo momento em que todos estivessem distraídos e me aproximei, chamando-o sua atenção.
- Majestade! - me curvei sendo a mais educada e delicada possível.
- , ao seu dispor.
- O prazer é todo meu, minha cara. Diga-me, a senhorita me daria a honra da próxima dança?
- Eu ficaria totalmente lisonjeada.
Dançamos e conversamos a noite toda. Ele já estava completamente no papo. Até que notei a presença de . Aquele era o sinal.
- Sabe, majestade! Estou me sentindo um pouco cansada. Acho que está na hora de me retirar. Adorei a sua festa, tentarei participar mais vezes.
- Mas já, ?! Nem estamos na metade dos festejos.
- Sim, majestade! Eu moro muito longe daqui e receio que não possa sair tão tarde. As estradas podem ser perigosas, considerando tudo que vem acontecendo no reino.
- Imagine se um rei como eu e da minha índole, deixaria uma dama sair sozinha pelas estradas. - sorriu ladino - Você pode ficar em um dos meus aposentos, sem problema.
- Não mesmo, não acho justo.
- Sem mais! Eu sou seu rei e estou mandando.
- Tudo bem, vossa majestade! Se o senhor insiste.
O grande momento chegou! me observava de longe, não tinha mais para onde correr, aquela era a minha chance e eu não poderia cometer erros. Frances me encaminhou a um dos muitos quartos que havia no castelo, eu estava tremendo. Se aquilo acontecesse em outra ocasião, eu com certeza iria parar para admirar a arquitetura do lugar, com certeza é de tirar o fôlego.
- Sabe , eu nunca tinha visto uma mulher com a sua beleza antes - aproximou calmamente.
- É mesmo, Majestade?
- Sim, você tem uma beleza pura e inigualável, tenho a leve impressão que muitos homens caem a seus pés.
- Sinto informar, senhor, que nunca fui cortejada dessa forma antes. Estou deveras lisonjeada.
- Sua afirmação só mostra o quanto os homens são tolos - se aproximou ainda mais, fixando o olhar em minha boca - porque é simplesmente impossível não se interessar por você - e me beijou.
Deixei que aquele beijo acontecesse, tudo fazia parte do plano - inclusive o nojo que eu sentia com aqueles lábios cobrindo os meus - afastei-me sorrateiramente, eu precisava pegar minha adaga e cravá-la em seu coração. Novamente tomou-me e seus braços e avançou sobre mim.
Dessa vez eu estava preparada.
Empurrei a adaga bem no meio de seu coração.
Mais de uma vez.
Sangue espirrou para todos os lados.
Tentou dizer suas últimas palavras, mas já era tarde demais.
O rei está morto!
- Vida longa ao rei, Frances IX! - me retirei com um sorriso no rosto.
cresceu com esse sentimento de mudança. Ela queria que a situação mudasse para sua família e seu país. Enquanto ela crescia e se transformava em uma mulher batalhadora, os primeiros motins contra o rei começaram a aparecer. Nesse tempo surgiu um grupo político radical, liderado por um jovem chamado . O grupo se chamava La Libération e seu objetivo era derrubar a monarquia e instaurar a democracia, com direitos e deveres iguais para todos.
Em represália aos recentes ataques ao seu governo, o rei decretou que todo e qualquer rebelde preso fosse imediatamente guilhotinado, achando que assim instauraria medo e ordem pelo país. Entretanto, esta decisão surtiu o efeito contrário, mais e mais povos se rebelavam contra a tirania e seus mandos e desmandos. Por muitas vezes, Frances IX era chamado de inconsequente e mimado, pois todos que ousassem não obedecer suas ordens, eram punidos.
Diante disso, guiada por seus ideais e um desejo de modificação da situação atual do seu amado país, decide se juntar a La Libération, decidida a dar um basta ao (des)governo de Frances. Porém, participar do grupo não foi tão fácil quanto ela imaginava. Havia um sentimento de cautela em relação aos outros membros, alguns achavam que ela poderia ser uma espiã infiltrada pelo rei, outros não a queriam ali pelo simples fato de ser mulher. sabia que nada daquilo era verdade, afinal, conhecia desde criança e sabia o quanto ela poderia ser essencial para aquele grupo. Era esperta e bastante inteligente, podendo ajudá-lo com o grande plano.
Duas semanas se passaram sem nenhum ataque ou protesto. Frances estava incomodado, tinha certeza que havia um motivo maior para tudo isso. Seus aliados garantiam que o cessar de rebeliões se deu ao fato das medidas protetivas e ao medo de ir para a guilhotina.
- Majestade! Não há motivos para tanto alarde. As novas leis estão funcionando muito bem e serviu como alerta a quem quer que estava decidido a por fim ao seu governo. - Lorde Jacques tentava acalmar Frances.
- Jacques, não seja tolo. Tenho absoluta certeza que eles apenas deram uma pausa e estão orquestrando algo.
- Meu senho...
- Não quero ouvir mais nada de você! Nem serve para me dar bons conselhos. Vá para casa, cuide da sua família. Mas antes, quero que ordene que três soldados me protejam dia e noite dentro desse castelo.
- Sim, Majestade. Irei providenciar. Com a sua licença. - Jacques cumprimenta e se retira da sala em que conversava com Frances.
Frances tinha razão em duvidar dos revolucionários. As novas leis apenas alimentaram o desejo de mudança que corria em suas veias. Nas últimas duas semanas, mais e mais reuniões ocorriam para que tudo acontecesse corretamente no dia D. era a peça principal para o ataque. Todos os componentes do La Libération estavam eufóricos, o grande dia se aproximava e enfim, o povo ficaria livre da tirania.
Depois da última reunião, todos combinaram de festejar. Talvez, muitos deles não sobrevivessem ao ataque, mas havia o pensamento de coletividade acima de tudo. Eles se tornariam heróis e seus nomes seriam lembrados para sempre. E eles iriam comemorar aquela noite como se fosse a última.
No meio de toda aquela algazarra regada a bebida e música, estava em um canto, apenas observando e sorria com as histórias contadas por seus colegas de grupo.
- .... Eu corri para longe daquela mulher maluca, que estava decidida a arrancar as minhas bolas - disse o carinha franzino, conhecido como Saca-Rolhas.
- !
- Sim, ?!
- Estás gostando da festa? Não é um ambiente que a vejo com frequência - sorriu.
- Sim! Seus amigos são bem loucos, mas engraçados. Estou adorando ouvir suas histórias - uma explosão de risadas foi ouvida ao fundo como se todo o resto da horda participasse da conversa.
- É.… amanhã teremos um dia cheio - franziu o cenho - talvez o nosso último.
- ...
- Sempre gostei de você, . Da sua audácia, inteligência, delicadeza, beleza e sagacidade. Só não queria morrer sem poder te dizer essas palavras.
- , eu...
- Não precisa me dizer nada, eu sempre soube que seu coração pertence a outra pessoa, mesmo que ele não mereça.
- , muito obrigada pelas palavras e sua confiança em mim. E me desculpe, por não te amar da mesma forma que você me ama.
- Pare de falar bobagens, . Meu respeito e minha admiração por você não vai diminuir só porque meu sentimento não tem reciprocidade. Você é importante para mim. Mas acima de tudo, você é importante para esse bando. E esse plano só vai dar certo porque você é a peça principal.
- Você não existe, . - o abraça.
- Agora ande, você precisa dormir - dá dois tapinhas em suas costas - Aliás, todos precisamos.
's POV
O grande dia havia chegado.
Todos estavam eufóricos, e eu absolutamente nervosa. Tudo dependia de mim e um passo em falso, tudo desmoronaria. Acordamos bem cedo, comemos em silêncio, repassamos cada passo do plano. Todos já estavam a postos. Faltava eu.
O primeiro passo do plano: entrar no palácio. Como eu tinha meus métodos, logo fui a escolhida a fazê-lo. Mesmo com a segurança redobrada, ainda era muito fácil para uma mulher adentrar no castelo, bastava seduzir algum dos guardas. Aquele dia, haveria um evento especial para Frances com a presença de todos os seus aliados, momento perfeito para executar o plano.
Dias antes eu havia conseguido roubar um vestido luxuoso para usar no tal evento. Me arrumei como uma bela dama da corte e me dirigi ao palácio, já estava tudo combinado com um dos guardas para que eu entrasse facilmente. Escondi minha adaga por baixo do vestido e rezei para que tudo terminasse como planejado. Já dentro do castelo, fiquei aguardando o sinal de . Alguns de seus homens estavam disfarçados de empregados do castelo e assim que desse o sinal, seria a minha vez de agir.
O segundo passo do plano: ser notada por Frances. Frances era conhecido por ser um governante autoritário, mas a sua fama de mulherengo o precedia. E aí seria a minha deixa. Eu deveria ser notada por ele, fingir ser seduzida e segui-lo até seu quarto. O ato final do plano aconteceria ali: eu mataria Frances IX.
Tudo ocorria bem no evento. Exceto que Frances ainda não tinha me notado. E nada do sinal de . Eu precisava chamar sua atenção de qualquer forma, se não o plano estaria arruinado. Esperei pelo momento em que todos estivessem distraídos e me aproximei, chamando-o sua atenção.
- Majestade! - me curvei sendo a mais educada e delicada possível.
- , ao seu dispor.
- O prazer é todo meu, minha cara. Diga-me, a senhorita me daria a honra da próxima dança?
- Eu ficaria totalmente lisonjeada.
Dançamos e conversamos a noite toda. Ele já estava completamente no papo. Até que notei a presença de . Aquele era o sinal.
- Sabe, majestade! Estou me sentindo um pouco cansada. Acho que está na hora de me retirar. Adorei a sua festa, tentarei participar mais vezes.
- Mas já, ?! Nem estamos na metade dos festejos.
- Sim, majestade! Eu moro muito longe daqui e receio que não possa sair tão tarde. As estradas podem ser perigosas, considerando tudo que vem acontecendo no reino.
- Imagine se um rei como eu e da minha índole, deixaria uma dama sair sozinha pelas estradas. - sorriu ladino - Você pode ficar em um dos meus aposentos, sem problema.
- Não mesmo, não acho justo.
- Sem mais! Eu sou seu rei e estou mandando.
- Tudo bem, vossa majestade! Se o senhor insiste.
O grande momento chegou! me observava de longe, não tinha mais para onde correr, aquela era a minha chance e eu não poderia cometer erros. Frances me encaminhou a um dos muitos quartos que havia no castelo, eu estava tremendo. Se aquilo acontecesse em outra ocasião, eu com certeza iria parar para admirar a arquitetura do lugar, com certeza é de tirar o fôlego.
- Sabe , eu nunca tinha visto uma mulher com a sua beleza antes - aproximou calmamente.
- É mesmo, Majestade?
- Sim, você tem uma beleza pura e inigualável, tenho a leve impressão que muitos homens caem a seus pés.
- Sinto informar, senhor, que nunca fui cortejada dessa forma antes. Estou deveras lisonjeada.
- Sua afirmação só mostra o quanto os homens são tolos - se aproximou ainda mais, fixando o olhar em minha boca - porque é simplesmente impossível não se interessar por você - e me beijou.
Deixei que aquele beijo acontecesse, tudo fazia parte do plano - inclusive o nojo que eu sentia com aqueles lábios cobrindo os meus - afastei-me sorrateiramente, eu precisava pegar minha adaga e cravá-la em seu coração. Novamente tomou-me e seus braços e avançou sobre mim.
Dessa vez eu estava preparada.
Empurrei a adaga bem no meio de seu coração.
Mais de uma vez.
Sangue espirrou para todos os lados.
Tentou dizer suas últimas palavras, mas já era tarde demais.
O rei está morto!
- Vida longa ao rei, Frances IX! - me retirei com um sorriso no rosto.