Uma conexão diferente toda noite. Nas ruas, buscando momentos loucos. Então chegava em casa sozinha e sentava, pois não há nada que possa fazer. Haviam apenas retratos pendurados nas sombras, deixados ali. Era assim que imaginava que ela estaria naquele momento, depois de tê-la conhecido como conheceu. Como provavelmente ninguém havia conhecido. Ninguém ouviu uma só palavra do que ela disse como ele tinha ouvido. Eles deveriam ter visto em seus olhos o que estava passando pela sua cabeça. Tudo o que ela queria era encontrar o amor, e sabia disso, pois sentia a mesma coisa.

~

– Você sabe que ficar olhando tudo sobre a vida dela não vai fazer diferença nenhuma, não sabe? – Ricardo disse, fazendo com que fechasse o notebook assustado.
– Porra, cara. Você me assustou.
– Cara, eu tô falando sério. Você tem que resolver isso aí.
– Não tem nada para resolver. – Retrucou. – Eu fiquei com a garota, nós não tentamos e é isso.
– Você sabe que não é bem assim.
– As duas vagabundas já estão discutindo? Às oito da manhã? – A voz de Hannah se fez presente, atraindo a atenção dos dois homens.
– Ninguém me respeita nesse ambiente de trabalho mesmo. – murmurou, fingindo estar ofendido com os amigos.
– , até parece que não está acostumado. Agora, me diga, o que aconteceu?
– Hytes aconteceu. – Ricardo respondeu.
– De novo? – Ela perguntou.
– Ainda. – O amigo disse, fazendo com que ela revirasse os olhos.
– ! – Ela o repreendeu. – Você tem que resolver isso.
– Eu acabei de dizer a mesma coisa! – Ricardo exclamou.
– Vocês não entendem. Meu Deus! – respondeu, começando a ficar irritado. – Eu a conheci, saímos e foi legal, só isso.
– E você se apaixonou. – Hannah completou e ele concordou, balançando a cabeça.
– Mas não imaginava que ela era famosa. Não imaginava que estivesse aqui passando férias e que, um mês depois, acabaria.
– Você sabe que não foi bem assim. – A moça murmurou.
– Tá, eu não falei sobre os meus sentimentos. E me arrependo mais do que posso expressar para vocês. Só que já foi. Passou.
– Está claro que não passou. – Ricardo declarou. – Você precisa tentar.
– Tentar como? Eu não faço ideia do que fazer. Ela é praticamente uma fugitiva. Não sei nem por onde começar a procurar.
– Ah, então há um interesse. – Hannah bateu palmas, animada.
– Você sabe que sempre houve.
– Então temos que fazer isso acontecer. – A moça informou, com mil ideias na cabeça.

~

Para , ter conhecido havia sido a melhor coisa que poderia lhe ter acontecido. Estava num período meio estranho da vida. Naquela semana em que a conheceu, havia voltado a morar com os pais depois de uma briga com o dono do apartamento alugado em que morava. Não esperava que aquilo fosse acontecer, ter que voltar para a casa dos pais com 29 anos tinha o deixado extremamente deprimido e questionando o rumo que a sua vida estava tomando.
Quando resolveu ir num show cover do Green Day num bar duvidoso com Hannah e Ricardo, era única e exclusivamente para se distrair. Estava um pouco gripado e estar há dois dias vivendo na sala dos pais o deixava mais para baixo ainda. Antes do show, passaram num bar para encontrar uns amigos de Ricardo, e foi ali que a viu pela primeira vez.
Seus cabelos cor de rosa brilhavam em meio a toda aquela multidão comum. Foi a primeira a ajudar com a situação da mesa, que não comportava todos os presentes. Chamou o garçom e solicitou outra. Ajudou na organização e no transporte dos móveis enquanto ele estava totalmente embasbacado. Nunca a tinha visto por ali ou por qualquer outro lugar, mesmo que seu rosto não lhe fosse estranho. Chegou a perguntar para Hannah se a conhecia, porém a moça também nunca a tinha visto, só sabia que era uma prima de algum dos amigos de Ricardo.
Ele não conseguia manter sua cabeça concentrada em nenhuma conversa, a única coisa que ele conseguia notar era cada nuance dela. A camisa preta transparente, a calça preta plissada que parecia uma saia, as botas country surradas, a maquiagem dourada... Nenhuma combinação, porém perfeita.
Havia trabalhado tantos anos fotografando modelos e nenhuma era como ela. Sua aura, sua energia, seus cosmos, tudo era positivo. Era como se tudo estivesse alinhado para estar ali. Assim como ele.
Mais tarde, no show, quando conversaram, teve a certeza de que sua vida jamais seria a mesma depois de conhecê-la. E estava certo, afinal.
Trocaram números de telefone.
Foram 15 dias trocando sms's.
Conversa sobre arte, política, música, teatro. Conversas. Textos longos e profundos. Despidos de alma.
gostava de ligações. Passavam horas e horas em chamadas. Era a melhor parte do dia dele, a mais esperada.
01 de abril, encontraram-se no flat em que ela estava hospedada. Levou cerveja e passaram horas conversando antes de se beijarem. Era o encaixe perfeito, e pôde ter certeza de que ela também sentiu aquilo. Não tinha como não sentir.
Transaram por horas, na carne, no astral, na alma. A garotinha do papai aprendeu rápido todas aquelas coisas que ela não podia dizer e nem fazer. Acabou que tiveram que pedir um delivery com pílula do dia seguinte no primeiro encontro.
Seria cômico se não fosse sério.
saiu querendo voltar. Com vontade de fechar a porta, ficar para dentro e não sair nunca mais. Tinha certeza de que era ali que ele queria ficar. Foi aí que ele começou a escrever o turbilhão que estava sentindo.

~

– Meu deus, . Você precisa mandar isso pra ela.
– São só alguns pensamentos que escrevi assim que saí da casa dela. Estava emocionado. Na real, é capaz de ela nem se lembrar de mim, na verdade.
– Cale essa boca! Ela vai lembrar sim. Se você não mandar, eu vou mandar. – Hannah ameaçou.
respirou fundo e sabia que, no fundo, ele queria mandar. E que a sua amiga realmente mandaria caso ele não o fizesse.
– E faríamos isso como? – Ele perguntou.
– Do melhor jeito possível: uma carta!


💌


Caí. Voei. Do nada, te encontrei.
À primeira vista, no bar.
Boulevard of a Broken Dreams tocando.
I walk a lonely road the only one that I have ever known.
Cabelo rosa. Litrão na mão. Você não parece ser daqui. Nossos amigos estão rindo de algo que você disse e eu só consigo prestar atenção em como seus olhos ficam mais puxadinhos quando sorri.
Eu, você e meu melhor amigo, agora longe do grupo.
Conversas. Vem e vai. Talvez você o queira? Green Day alto e eu, alto. Alto e entorpecido por você.
Vejo você aí fora, nas ruas, buscando momentos loucos. Eu estou louco. Acho que louco por você.
Sozinhos.
Cerveja e gin. Fumódromo. Sentados no chão. Me mostra seus textos. Me fala sobre você. Política? Gatos? Arte? Mapa astral? Peixes? Libra?
Sim!
Me aproximei. Olhei, você olhou pra mim!
O beijo.
A rua onde você mora. Sexto andar. 602. Meus livros de arte.
Um toque de segredo em seus olhos.
Sexto andar. Voar. O mais alto possível.
Olhar. O mais intenso possível.
Pegar. Cabelo, pescoço. Intenso.
Estar. Inteiro. Completamente inteiro!
Dormir? Quase nada. Eu vejo o dia nascer.
Observar sua tatuagem de universo e me perder completamente no seu. Como você é quente! Sol. Luz que desenha seu rosto.
Amo anos 80, mas porque você me fez amar. Assim como eu amo suas inúmeras personalidades. Cada nuance sua!


💌


– Chegou um envelope lá em casa com o seu nome. – Foi o que Hannah anunciou assim que o rapaz adentrou ao escritório.
– Envelope?
– Sim, eu não abri. Está aí, em cima do seu computador.
Ele imediatamente se direcionou ao computador, observando o envelope. O papel era todo branco, exceto por um único e pequeno desenho na ponta cor de rosa. Um pequeno Saturno. O sorriso foi imediato. Aquilo não poderia estar acontecendo. Ele não acreditava que poderia estar acontecendo. E estava. Seu coração acelerou e sua respiração começou a ficar ofegante. Teve que sentar para abrir o envelope.
As mãos de tremiam e o sorriso que brotou em seu rosto, minutos antes, não conseguia se fechar.
– O que tem de bom nesse papel que você não para de sorrir, ? – A amiga perguntou, tão animada quanto.
– O ingresso para o show.

Nota da autora: "Agradeço pela oportunidade de ter participado desse ficstape maravilhoso.
Essa história foi baseada em fatos reais e espero do fundo do meu coração que tenham gostado.
Beijos."

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.